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A ideia de que tudo que é direito é moral nem sempre é verdadeira. O Direito
pode tutelar o que é amoral (o que não é moral nem imoral), como a legislação
de trânsito, cuja alteração não afetaria a moralidade, e até mesmo o que é imoral
(o que vai contra a moral), como, por exemplo, a divisão do lucro em valores
idênticos entre os sócios, por mais diligente que seja um e ocioso o outro. Por
maior que seja o desejo e o esforço para que o direito tutele só aquilo que é
"lícito moral", sempre haverá resíduos imorais no Direito.
Em relação ao Direito, pode-se dizer que suas regras só são seguidas, na maioria
das vezes, porque por trás delas existe uma pena pelo seu não cumprimento, ou
seja, só são cumpridas porque são cogentes. Esta é a principal distinção entre o
direito e a moral: a sua coercibilidade. É possível ou não obedecer a uma norma
de direito bem como à uma norma moral, mas o não cumprimento da segunda
resultará em uma condenação moral, consequência abstrata, e não uma
consequência objetiva, concreta. Isto significa que a moral é incoercível e o
direito é coercível, tendo a pessoa a faculdade de obedecê-los segundo as
conseqüências que sofrerá. Daí dizer que o direito e a moral são diferentes, mas
de alguma forma estão juntos.
O direito natural, por sua vez, diz respeito à ordem pública e social como um
todo, independente de normas materiais, pois emana da moral, da ética e da
consciência de um povo, refletindo no direito positivo, considerando que o
legislador deve levar em conta o valor social da norma, pois sua finalidade é
torná-la obrigatória a todos, mas principalmente àqueles que não respeitam o
que é moralmente correto se não houver uma consequência séria que os
obriguem a fazê-lo.
Uma possível distinção estabelece que o direito público se refere aos interesses
do Estado e o direito privado aos interesses particulares. Então relações de
direito público seriam aquelas em que o Estado é parte e relações de direito
privado aquelas que ocorrem somente entre particulares. Esta afirmação é
correta, mas incompleta.
Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil (art. 2º, Código
Civil), ou seja, toda pessoa tem personalidade.
Quando o Código diz que a lei põe a salvo os direitos do nascituro (aquele que
tem vida intrauterina, que vai nascer), garante também a ele direitos, pois desde
a sua concepção a lei não lhe confere personalidade, mas o ordenamento
jurídico lhe preserva direitos e interesses futuros, partindo do princípio de que
nascerá com vida. O Código Penal garante-lhe o direito à vida ao tipificar como
crime o aborto (arts. 124 a 126), considerando que nascerá vivo. O Código Civil
garante ao nascituro, no caso de falecimento do pai, estando a mulher grávida,
um curador para cuidar de seus interesses que possam divergir dos de sua
genitora (art. 1.779, do Código Civil). Além disso, o Estatuto da Criança e do
Adolescente admite o reconhecimento pelos pais se nascido fora do casamento,
e antes do nascimento (art. 27 e § único).