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Sistemas processuais:
1) Sistema inquisitório ou inquisitivo: as funções de acusar, defender e julgar estão concentradas em uma só
pessoa, o juiz inquisidor. O grande problema é a interferência na imparcialidade do juiz; o processo é sigiloso; não
há contraditório, ficando o acusado como mero objeto de investigação. A tortura era, então, o meio de prova mais
usual.
2) Sistema acusatório: separação entre os órgãos de defesa, acusação e julgamento, criando-se um processo de
partes, liberdade de defesa e igualdade de posição entre as partes (o acusado é sujeito de direitos); vigência do
contraditório.
3) Sistema misto: há uma 1ª fase inquisitiva presidida por um juiz e uma 2ª fase acusatória, respeitando-se o
devido processo legal.
O Brasil adota o sistema acusatório (art. 129, inciso I da CF):
Porém, há resquícios deste juiz inquisidor, por exemplo: art. 3º da Lei nº. 9.034/95 ( Art. 3º Nas hipóteses do inciso III
do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada
pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça. (Vide Adin nº 1.570-2 de 11.11.2004, que declara a
inconstitucionalidade do Art. 3º no que se refere aos dados "Fiscais" e "Eleitorais") ), assim, atenta contra o sistema acusatório.
Contra este artigo foi proposta ADI nº. 1570-2 em relação a quebra do sigilo de dados bancários e financeiros o
STF entendeu que o artigo 3º teria sido revogado pela LC 105/01 (autorização judicial) no que toca o sigilo de
dados eleitorais e fiscais o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º.
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE.
HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAÇÃO IMPLÍCITA. AÇÃO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUÇÃO". REALIZAÇÃO DE
DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE. COMPETÊNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.
IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNÇÕES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO
MINISTÉRIO PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Superveniência da Lei Complementar 105/01. Revogação
da disciplina contida na legislação antecedente em relação aos sigilos bancário e financeiro na apuração das ações praticadas por
organizações criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso a dados, documentos e informações
bancárias e financeiras. 2. Busca e apreensão de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo
magistrado. Comprometimento do princípio da imparcialidade e conseqüente violação ao devido processo legal. 3. Funções de investigador
e inquisidor. Atribuições conferidas ao Ministério Público e às Polícias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e
§ 4o). A realização de inquérito é função que a Constituição reserva à polícia. Precedentes. Ação julgada procedente, em parte.
Outro exemplo é o art. 156, inciso I do CPP, com redação determinada pela Lei nº. 11.690/08 (atuação de ofício
pelo juiz), mesmo antes da ação penal (questão de concurso). Remete ao juiz inquisidor, o que provavelmente será
tema de ADI (posição do LFG e do Rogério Sanches).
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
INQUÉRITO POLICIAL
Conceito:
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Procedimento administrativo inquisitório e preparatório consistente em um conjunto de diligências realizadas
pela polícia investigativa para a apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a
fim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Termo Circunstanciado de Ocorrência: utilizado para infrações de menor potencial ofensivo, infração penal com
pena máxima igual ou superior a dois anos, cumulada ou não com pena de multa, submetida ou não a procedimento
especial e multa qualquer que seja a pena.
Natureza jurídica:
Trata-se de procedimento administrativo e não ato de jurisdição.
As irregularidades no inquérito não afetam a Ação Penal e sim o ato praticado. Por isso, eventuais vícios não
afetam a Ação Penal a que deu origem.
Para se instaurar um processo criminal é necessário um mínimo de elementos quanto a autoria e a materialidade
– justa causa (condição da ação penal).
Polícia Judiciária: é a polícia que auxilia o Poder Judiciário, no cumprimento de ordem (ex.: busca e
apreensão, cumprimento de mandado de prisão etc). art. 4° do CPP.
Polícia investigativa: é a polícia quando atua na apuração de infrações penais e de sua autoria.
Está no art. 144, § 1º, incisos I e IV da CF:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
No Brasil, para saber quem pode presidir um inquérito policial passa pelos critérios de competência:
1) Se for da Justiça Militar estadual: preside o encarregado/oficial pela própria PM;
2) Se for da Justiça Militar da União: é pelas forças armadas;
3) Se for da Justiça Federal/Eleitoral: pela Policia Federal;
4) Se for da Justiça Estadual: em regra, pela polícia civil, mas a polícia federal também pode realizar algumas
investigações (art. 144, CF e lei nº. 10.446/02).
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Características:
É uma peça:
1) Escrita; (evolução da informática - art. 405, 1° do CPP – doutrina vem entendendo aplicável também para o
inquérito) ;
2) Instrumental (instrumento utilizado, em regra, pelo Estado para colher elementos de informação quanto à
autoria e materialidade da infração penal);
3) Dispensável (o titular da Ação Penal pode dispensar o inquérito se contar com elementos autônomos – art. 27 -
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-
lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. e 39, § 5º - O órgão do
Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Os dois do CPP) – Ex.: CPI, COAF (lavagem de dinheiro),
investigação feita pelo Ministério Público.
4) Sigilosa (art. 20 do CPP - A autoridade policial assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade. – todavia, tem acesso, o juiz, o promotor, quanto ao advogado, o STF diz que o art. 5º, LXIII,
da CF (LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado), assim o advogado tem acesso ás informações já introduzidas nos autos do inquérito e, não, em
relação às diligências em andamento art. 7º, XIV ( examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de
flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; ) da Lei
nº. 8906/94 – EOAB, mesmo sem procuração.
O advogado tem acesso as informações já introduzidas no inquérito, mas não em relação as diligências em
andamento. Ver Súmula Vinculante de n° 14. Se a autoridade policial nega esta informação ao advogado cabe
tecnicamente reclamação ante a existência e sumula vinculante, porém ante a demora, sendo pragmaticamente
caberá mandado de segurança quando impetrado pelo próprio advogado. Para o STF sempre que puder resultar,
ainda que de modo potencial, prejuízo à liberdade de locomoção, será cabível o HC, porém terá que ser impetrado
em nome do investigado.
QUESTÃO DE CONCURSO: Supremo entende que mesmo no caso de sigilo bancário determinado com
irregularidade/ilegalidade pode ser combatido via HC, visto que poderá (potencialmente) ser preso devido a esta
determinação.
OBS: se nos autos de inquérito houve quebra do sigilo de dados, quanto à tais informações, só terá acesso o
advogado com procuração nos autos – neste sentido HC 82.354 e HC 90.232 do STF)
EMENTA: I. Habeas corpus: cabimento: cerceamento de defesa no inquérito policial. 1. O cerceamento da atuação permitida à defesa do
indiciado no inquérito policial poderá refletir-se em prejuízo de sua defesa no processo e, em tese, redundar em condenação a pena
privativa de liberdade ou na mensuração desta: a circunstância é bastante para admitir-se o habeas corpus a fim de fazer respeitar as
prerrogativas da defesa e, indiretamente, obviar prejuízo que, do cerceamento delas, possa advir indevidamente à liberdade de locomoção
do paciente. 2. Não importa que, neste caso, a impetração se dirija contra decisões que denegaram mandado de segurança requerido, com a
mesma pretensão, não em favor do paciente, mas dos seus advogados constituídos: o mesmo constrangimento ao exercício da defesa pode
substantivar violação à prerrogativa profissional do advogado - como tal, questionável mediante mandado de segurança - e ameaça, posto
que mediata, à liberdade do indiciado - por isso legitimado a figurar como paciente no habeas corpus voltado a fazer cessar a restrição à
atividade dos seus defensores. II. Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito
policial. 1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque
não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa; existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no
curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. 2. Do plexo de
direitos dos quais é titular o indiciado - interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e
instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94,
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art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do que previu em hipóteses assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a
irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das
investigações, de modo a fazer impertinente o apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constituído
esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando
solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto
do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já
introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L. 9296,
atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios
legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à
eficácia do procedimento investigatório. 5. Habeas corpus deferido para que aos advogados constituídos pelo paciente se faculte a consulta
aos autos do inquérito policial, antes da data designada para a sua inquirição.
EMENTA: I. Habeas corpus: inviabilidade: incidência da Súmula 691 ("Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas
corpus" impetrado contra decisão do Relator que, em "habeas corpus" requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar"). II. Inquérito
policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inquérito policial. 1. Inaplicabilidade da garantia
constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum,
ainda que na esfera administrativa; existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o
de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. 2. Do plexo de direitos dos quais é titular o indiciado
- interessado primário no procedimento administrativo do inquérito policial -, é corolário e instrumento a prerrogativa do advogado de
acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7º, XIV), da qual - ao contrário do que
previu em hipóteses assemelhadas - não se excluíram os inquéritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em
favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigações, de modo a fazer impertinente o
apelo ao princípio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado
(CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não
lhe poderá prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declarações. 4. O
direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação
e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras
diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo
indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório. 5. Habeas corpus de
ofício deferido, para que aos advogados constituídos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inquérito policial e a obtenção de
cópias pertinentes, com as ressalvas mencionadas.
O advogado com procuração pode impetrar HC se a autoridade negar o acesso? O art. 5º, LXVIII ( conceder-se-á
"habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder) ou será LXIX (conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público )?
Pode HC, mas o mais correto seria MS. Para o STF
sempre que houver constrangimento à liberdade de locomoção, mesmo que potencial, será cabível o uso de HC.
Ex: quebra ilegal de sigilo bancário; negativa de acesso do advogado ao inquérito policial;
5) Inquisitiva: (não há o contraditório nem a ampla defesa) – art. 107, CPP ( Não se poderá opor suspeição às
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. ). OBS: auto de
prisão em flagrante – art. 302, § 1º do CPP – acesso ao advogado. Esta é a posição majoritária, porém
documentado os atos o advogado terá contraditório e possibilidade de ampla defesa.
6) Informativo: pois visa à colheita de elementos de informação quanto a autoria e materialidade para que o
titular da Ação Penal possa ingressar em juízo.
Diferença entre elementos de informação e prova: o primeiro é aqueles colhidos na fase investigatória sem a
participação das partes, ou seja, não há contraditório e ampla defesa. Prestam-se para a fundamentação das medidas
cautelares e também para a estruturação de uma acusação. O segundo tem seu regime jurídico ligado ao
contraditório judicial, são aquelas produzidas com a participação do acusador e do acusado e mediante a direta e
constante supervisão do julgador. – Ver art. 155 do CPP.
Os elementos de informação prestam-se para a formação da opinio delicti e também para a fundamentação dos
pedidos de medidas cautelares.
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OBS: com a Lei nº. 11.719/08 adota-se o princípio da identidade física do juiz – art. 399,§ 2º do CPP - § 2o O juiz
que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).).
As provas antecipadas, cautelares e não repetíveis podem ser utilizadas como prova. Provas antecipadas ocorrem
quando evidenciado o perigo real e concreto de perecimento do objeto probatório (ex: exame necroscópico).
Cautelares (interceptação telefônica). Não repetíveis (rompimento de obstáculo). Em relação a essas provas o
contraditório é diferido (adiado para a fase judicial).
Elementos informativos isoladamente considerados não podem fundamentar uma condenação, porém não devem
ser desprezados pelo juiz, podendo se somar a prova produzida em juízo para formar sua convicção (STF RE
287.658 e RE AGR 425.734)
Vide art. 155, CPP - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) (com redação dada pela Lei nº. 11.690/08): não se forma
prova no inquérito, porque esta necessariamente passa pelo contraditório. A expressão “exclusivamente”: no
Senado Federal houve emenda tentando retirar esta palavra. Essa emenda, no entanto, não foi acolhida pela
Câmara. Duas posições: a primeira (Rogério Sanches) os elementos colhidos na investigação isoladamente
considerados não são aptos para fundamentar uma condenação. No entanto, não devem ser totalmente ignorados
podendo-se agregar a prova produzida em juízo, isto, pode servir como mais um elemento na formação da
convicção do julgador. A segunda posição (Auri Lopes Jr.) ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas, os demais elementos informativos colhidos na investigação não poderão servir como elemento para
uma condenação sob pena de ofensa ao contraditório e a ampla defesa.
7) Indisponível (delegado não pode arquivar inquérito policial – art. 17 do CPP - Art. 17. A autoridade policial não
poderá mandar arquivar autos de inquérito.);
8) Temporário (o CPP fixa um prazo que é importante para o réu preso). O prazo para conclusão do inquérito
policial pode ser prorrogado. Em se tratando de investigado preso, caso haja um excesso abusivo, estará
caracterizado constrangimento à liberdade de locomoção, autorizando o relaxamento da prisão. Em se tratando de
investigado solto o prazo pode ser prorrogado (art. 10, § 1° do CPP), sendo que a lei não diz por quanto tempo,
porém o STJ analisando um caso em concreto, cujo inquérito tramitava em sete anos, invocou a garantia da
razoável duração do processo, sendo que neste caso específico foi determinado o trancamento do inquérito.
1) Pode ser instaurado de ofício: quando a autoridade policial toma conhecimento direto e pessoal da infração
penal. Inicia-se com a portaria (imediata);
2) Mediante requisição do juiz ou do MP: (mediata) – observar que se o juiz verificar da analise dos autos a
existência de indícios de crime não deverá requisitar diretamente ao delegado a instauração do inquérito policial,
mas deverá dar vista dos autos ao Ministério Público para análise para garantir o sistema acusatório. A requisição é
obrigatória para o delegado? (MP – há obrigatoriedade; DP – não existe hierarquia entre promotor e delegado de
policia e quando o delegado atende a requisição, age em virtude do principio da obrigatoriedade da ação penal
pública).
5) Noticia oferecida por qualquer do povo: “delatio criminis”. É possível a “delatio criminis inqualificada”
anônima? Sim é possível, porém o STF, HC 84.827 entendeu que não é possível a instauração de procedimento
criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima. Antes de instaurar o inquérito policial deve a
autoridade policial verificar a procedência das informações. Ver também o julgando do STJ HC64096
ANONIMATO - NOTÍCIA DE PRÁTICA CRIMINOSA - PERSECUÇÃO CRIMINAL - IMPROPRIEDADE. Não serve à persecução criminal
notícia de prática criminosa sem identificação da autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver
parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a implemente.
Autoridade coatora para fins de habeas corpus: no caso de requisição do MP a autoridade coatora é o promotor, em
todas as demais formas a autoridade coatora será o delegado. HC impetrado contra promotor do DFT será julgado
pelo TRF da 1° região, visto que o MP do DFT faz parte do MP da União.
Notitia criminis não se confunde coma delatio criminis – delatio criminis é uma espécie de notitia criminis
caracterizada pela comunicação a autoridade policial feita por terceiro.
Identificação criminal:
É a identificação fotográfica e identificação datiloscópica. Art. 5º, LVIII ( o civilmente identificado não será submetido a
da CF.
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei )
A IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL NÃO CONSTITUI CONSTRANGIMENTO ILEGAL, AINDA QUE O INDICIADO JÁ TENHA SIDO
IDENTIFICADO CIVILMENTE.
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Antes da Constituição de 1988 esta identificação era obrigatória.
Após a Constituição de 1988 foi restringida, tornou-se exceção – art. 5°, LVIII da CF.
PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DOS CIVILMENTE IDENTIFICADOS. ART. 3º,
CAPUT E INCISOS, DA LEI Nº 10.054/2000. REVOGAÇÃO DO ART. 5º DA LEI Nº 9.034/95. O art. 3º, caput e incisos, da Lei nº
10.054/2000, enumerou, de forma incisiva, os casos nos quais o civilmente identificado deve, necessariamente, sujeitar-se à identificação
criminal, não constando, entre eles, a hipótese em que o acusado se envolve com a ação praticada por organizações criminosas. Com efeito,
restou revogado o preceito contido no art. 5º da Lei nº 9.034/95, o qual exige que a identificação criminal de pessoas envolvidas com o
crime organizado seja realizada independentemente da existência de identificação civil. Recurso provido.
1°) Preservação do local do crime – visa resguardar os vestígios deixados pelo crime para que possam ser objeto
de investigação do crime. Número de peritos: se for oficial apenas um, se não oficial deverá ser dois.
2°) Auto de apreensão: apreender os instrumentos que tiverem relação com o crime, após serem liberados pelos
peritos;
3°) Colher as todas as provas (desde que não sejam ilícitas/ilegítimas);
4°) Ouvir o ofendido/vítima – Pode ser conduzida coercitivamente? É possível a condução coercitiva, mas não
se pode obrigar a vítima a se submeter o exame pericial.
- Interrogatório judicial: último ato da instrução; fases: questionamentos sobre a vida do autor, fatos e
reperguntas; direito de entrevista prévia com o defensor art. 185 do CPP; obrigatória a presença de advogado.
- interrogatório policial: não é obrigatória a presença do advogada; não há contraditória e ampla defesa
(não há reperguntas).
6°) Reconhecimento de pessoas e acareações: esta protegido pelo direito ao silêncio? O investigado não é
obrigado a praticar nenhum comportamento ativo que possa incriminá-lo. O reconhecimento não envolve
comportamento ativo, assim ele é obrigado a submeter-se. Já na reconstituição por demandar comportamento ativo
não é obrigado a se submeter.
7°) Corpo de deito e outras periciais;
OBS: súmula vinculante nº 11 – restrição ao uso de algemas. Importância do auto de resistência (“justificada a
excepcionalidade por escrito), nulidade da prisão (ilegalidade da prisão porque nulidade só no processo). Sem
dúvida é destinada para o Tribunal do Júri, mas causará sérias repercuções na atividade policial.
“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”
Indiciamento:
É para atribuir a alguém autoria de uma infração penal.
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A) Pressupostos/requsitos: prova da existência do crime e indícios de autoria.
B) Indiciamento direto: é quando o indiciado está presente.
C) Indiciamento indireto: é quando o indiciado está ausente.
D) Atribuição: ato privativo da autoridade policial.
Quem não pode ser indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada, à exceção:
A) Art. 41 da Lei nº. 8.625/93 (LOMP): membros do Ministério Público e da Magistratura. Observando-se sempre
o parágrafo único deste dispositivo.
OBS.: se surgirem notícias de que há envolvimento de promotor ou magistrado, os autos têm que ser remetidos
imediatamente ao tribunal competente.
B) Indiciamento de pessoas com foro de prerrogativa de função: Na questão de ordem o STF, no Inquérito 2.411 e
Pet 3825, disse que nos casos de competência por prerrogativa de função a atividade de supervisão judicial deve
ser desempenhada durante toda a tramitação, a autoridade policial depende, portanto, de autorização prévia do
Ministro relator para instaurar o inquérito e também para fazer o indiciamento.
Prevaleceu o seguinte entendimento: Pessoas com foro por prerrogativa de função não podem ser indiciadas sem
prévia autorização do relator do caso (desembargador/ministro). Até mesmo a instauração depende de autorização.
EMENTA: Questão de Ordem em Inquérito. 1. Trata-se de questão de ordem suscitada pela defesa de Senador da República, em sede de
inquérito originário promovido pelo Ministério Público Federal (MPF), para que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) defina a
legitimidade, ou não, da instauração do inquérito e do indiciamento realizado diretamente pela Polícia Federal (PF). 2. Apuração do
envolvimento do parlamentar quanto à ocorrência das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada "Operação
Sanguessuga". 3. Antes da intimação para prestar depoimento sobre os fatos objeto deste inquérito, o Senador foi previamente indiciado
por ato da autoridade policial encarregada do cumprimento da diligência. 4. Considerações doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema
da instauração de inquéritos em geral e dos inquéritos originários de competência do STF: i) a jurisprudência do STF é pacífica no sentido
de que, nos inquéritos policiais em geral, não cabe a juiz ou a Tribunal investigar, de ofício, o titular de prerrogativa de foro; ii) qualquer
pessoa que, na condição exclusiva de cidadão, apresente "notitia criminis", diretamente a este Tribunal é parte manifestamente ilegítima
para a formulação de pedido de recebimento de denúncia para a apuração de crimes de ação penal pública incondicionada. Precedentes:
INQ no 149/DF, Rel. Min. Rafael Mayer, Pleno, DJ 27.10.1983; INQ (AgR) no 1.793/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, maioria, DJ
14.6.2002; PET - AgR - ED no 1.104/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 23.5.2003; PET no 1.954/DF, Rel. Min. Maurício Corrêa,
Pleno, maioria, DJ 1º.8.2003; PET (AgR) no 2.805/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ 27.2.2004; PET no 3.248/DF, Rel. Min.
Ellen Gracie, decisão monocrática, DJ 23.11.2004; INQ no 2.285/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, DJ 13.3.2006 e PET
(AgR) no 2.998/MG, 2ª Turma, unânime, DJ 6.11.2006; iii) diferenças entre a regra geral, o inquérito policial disciplinado no Código de
Processo Penal e o inquérito originário de competência do STF regido pelo art. 102, I, b, da CF e pelo RI/STF. A prerrogativa de foro é
uma garantia voltada não exatamente para os interesses do titulares de cargos relevantes, mas, sobretudo, para a própria regularidade das
instituições. Se a Constituição estabelece que os agentes políticos respondem, por crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), não há
razão constitucional plausível para que as atividades diretamente relacionadas à supervisão judicial (abertura de procedimento
investigatório) sejam retiradas do controle judicial do STF. A iniciativa do procedimento investigatório deve ser confiada ao MPF contando
com a supervisão do Ministro-Relator do STF. 5. A Polícia Federal não está autorizada a abrir de ofício inquérito policial para apurar a
conduta de parlamentares federais ou do próprio Presidente da República (no caso do STF). No exercício de competência penal originária
do STF (CF, art. 102, I, "b" c/c Lei nº 8.038/1990, art. 2º e RI/STF, arts. 230 a 234), a atividade de supervisão judicial deve ser
constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação das investigações desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o
eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo dominus litis. 6. Questão de ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de
indiciamento promovido pela autoridade policial em face do parlamentar investigado.
Aula 12/08/2009
Quarta-feira
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso
III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)
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Esse artigo foi recepcionado pela CF/88? Para a maioria da doutrina não, pois o art. 21 não foi recepcionado
pela CF/88, com fundamento no art. 136, § 3°, IV da CF, no estado de defesa que é um estado de exceção é vedada
a incomunicabilidade, o que dizer no estado normal de direito. Esta é a posição majoritária.
Deve-se distinguir réu preso de réu solto. Para o preso o prazo é de 10 dias e para o solto o prazo é de 30 dias.
O prazo para conclusão do inquérito estado o réu solto pode ser prorrogado por várias vezes. É prazo processual
(dia do início não é computado). Não confundir com prisão, porque este prazo é penal. O descumprimento do prazo
do réu solto é prazo impróprio, pois sua inobservância não causa prejuízo. No caso do réu preso, se restar
caracterizado um excesso abusivo, não justificado pelas circunstâncias do delito ou pela pluralidade de réus, é caso
de relaxamento da prisão por excesso de prazo, a prisão se torna ilegal, sem prejuízo da continuidade das
investigações.
Nas leis especiais:
A) CPPM: 20 dias réu preso; 40 dias réu solto;
B) Justiça Federal: 15 dias réu preso; 30 dias réu solto (podendo ser duplicado, conforme a Lei 5.010);
C) Lei 11.343/06 (art. 51): 30 dias réu preso; 90 dias réu solto (também pode ser duplicados);
D) Lei da economia popular: 10 dias para réu preso e réu solto.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para
ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
O relatório é peça obrigatória ou dispensável? É dispensável, tendo em vista que o próprio inquérito é
dispensável.
Concluído o Inquérito Policial, ele deve ser remetido ao Poder Judiciário (art. 10, § 1º, CPP).
No entanto, em alguns Estados, como no Paraná, Bahia, Ceará, por força de portarias dos Tribunais de Justiça
os inquéritos são remetidos diretamente ao Ministério Público, são as chamadas Centrais de Inquéritos. Existe no
Congresso Nacional projeto de lei para alterar o CPP neste sentido.
COMPETÊNCIA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL VERSUS MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL.
Compete ao Supremo a solução de conflito de atribuições a envolver o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual.
CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES - MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL VERSUS MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL -
ROUBO E DESCAMINHO. Define-se o conflito considerado o crime de que cuida o processo. A circunstância de, no roubo, tratar-se de
mercadoria alvo de contrabando não desloca a atribuição, para denunciar, do Ministério Público Estadual para o Federal.
EMENTAS: 1. COMPETÊNCIA. Atribuições do Ministério Público. Conflito negativo entre MP de dois Estados. Caracterização.
Magistrados que se limitaram a remeter os autos a outro juízo a requerimento dos representantes do Ministério Público. Inexistência de
decisões jurisdicionais. Oposição que se resolve em conflito entre órgãos de Estados diversos. Feito da competência do Supremo Tribunal
Federal. Conflito conhecido. Precedentes. Inteligência e aplicação do art. 102, I, "f", da CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal dirimir
conflito negativo de atribuição entre representantes do Ministério Público de Estados diversos. 2. COMPETÊNCIA CRIMINAL. Atribuições
do Ministério Público. Ação penal. Formação de opinio delicti e apresentação de eventual denúncia. Delito teórico de receptação que,
instantâneo, se consumou em órgão de trânsito do Estado de São Paulo. Matéria de atribuição do respectivo Ministério Público estadual.
Conflito negativo de atribuição decidido nesse sentido. É da atribuição do Ministério Público do Estado em que, como crime instantâneo, se
consumou teórica receptação, emitir a respeito opinio delicti, promovendo, ou não, ação penal.
Requisição de diligência:
Caso o juiz indefira o pedido de remessa dos autos à autoridade policial, poderá o promotor:
1) Ingressar com correição parcial;
2) Requisitar diretamente à autoridade policial a realização das diligências.
Conflito de competência:
Pode ser positivo ou negativo (art. 114 do CPP). Observar que não se trata de conflito de jurisdição, visto que a
mesma é una, tecnicamente deve-se dizer conflito de competência.
a) Positivo: dois ou mais juízes entendem que são competentes para as causas.
b) Negativo: dois ou mais juízes consideram-se incompetentes para o julgamento da causa.
Ao decidir um conflito de competência, nada impede que o Tribunal remeta os autos a um terceiro juízo não
envolvido no conflito.
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a) TJ/SP x Juiz Estadual de SP = não existe conflito de competência, visto que o TJ é órgão hierarquicamente
superior ao outro em conflito.
b) Juiz Estadual/SP x Juiz Federal/SP = STJ ( TJ/SP e TRF/SP) – Cuidado!!! Pelo art. 109, § 3° da CF existe
a possibilidade de o juiz estadual exercer competência federal delegada, se assim fosse neste caso ele
estaria vinculado ao TRF da mesma região (3°), assim, seria do TRF da 3° região o julgamento.
c) Juiz Federal S/P x STM = STF (sempre que houver Tribunal superior envolvido a competência e do STF).
Conflito de atribuição:
A) Atipicidade da Conduta(ex: militar colando em prova). Cola eletrônica não é crime (não é estelionato, nem
falsidade). Princípio da Insignificância. (É cabível nos casos de crime contra a Administração Pública? Para alguns
não cabe, porque está em jogo a moralidade. O STF em 2006 disse que é cabível a aplicação do princípio da
insignificância).
B) Excludente de ilicitude (na dúvida o promotor deve denunciar – neste primeiro momento prevalece o princípio
in dubio pro societate);
C) Excludente de culpabilidade (no caso do art. 26, caput, CPP - A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto
de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial – inimputabilidade deve ser
oferecida denúncia com pedido de absolvição imprópria);
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D) Causa extintiva da punibilidade (morte do agente). Se a certidão de óbito for falsa o STF diz que é uma decisão
juridicamente inexistente, podendo reabri-lo.
E) Ausência de elementos de informação quanto a autoria e a materialidade da infração para a propositura de uma
ação penal.
O arquivamento do inquérito policial pode fazer coisa julgada formal ou material, a depender do fundamento.
OBS.: Cuidado!!! Julgado de marco de 2009, o STF entendeu que o arquivamento com base em excludente de
ilicitude só faz coisa julgada formal, vez que surgindo novas provas a denúncia pode ser oferecida.
Causa extintiva da punibilidade não mais pode ser reaberto o inquérito policial. Para o STF como a decisão de
baseou em fato juridicamente inexistente, nada impede que o acusado seja novamente processado.
Por outro lado, o arquivamento com base na ausência de provas só faz coisa julgada formal.
Provas novas:
Qual a diferença entre novas provas e provas novas? Nenhuma. Prova nova é aquela substancialmente
inovadora, ou seja, aquela capaz de produzir uma alteração no contexto probatório dentro do qual foi deferido o
arquivamento (Ex.: nova testemunha que nada sabe se limitando a repetir o que foi dito pelas outras testemunhas
não é prova nova).
Surgindo provas novas pode-se dar início à ação penal. A súmula 524, do STF ( arquivado o inquérito policial, por
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. ) diz que quando
houver prova nova pode propor a ação. O que significa dizer que é possível o desarquivamento (basta a notícia de
prova nova, porque a prova mesmo deve ser produzida já dentro do inquérito reaberto). Atenção, embora a súmula
se refira a despacho, trata-se de uma decisão.
Para que seja feito o desarquivamento do inquérito policial é necessário a existência de notícia de prova nova
informada pelo Delegado e a pedido do Promotor. (HC 80560 e HC 84.156, STF).
EMENTA: Inquérito policial: decisão que defere o arquivamento: quando faz coisa julgada. A eficácia preclusiva da decisão que defere o
arquivamento do inquérito policial, a pedido do Ministério Público, é similar à daquela que rejeita a denúncia e, como a última, se
determina em função dos seus motivos determinantes, impedindo " se fundada na atipicidade do fato " a propositura ulterior da ação penal,
ainda quando a denúncia se pretenda alicerçada em novos elementos de prova. Recebido o inquérito " ou, na espécie, o Termo
Circunstanciado de Ocorrência " tem sempre o Promotor a alternativa de requisitar o prosseguimento das investigações, se entende que
delas possa resultar a apuração de elementos que dêem configuração típica ao fato (C.Pr.Penal, art. 16; L. 9.099/95, art. 77, § 2º). Mas,
ainda que os entenda insuficientes para a denúncia e opte pelo pedido de arquivamento, acolhido pelo Juiz, o desarquivamento será
possível nos termos do art. 18 da lei processual. O contrário sucede se o Promotor e o Juiz acordam em que o fato está suficientemente
apurado, mas não constitui crime. Aí " a exemplo do que sucede com a rejeição da denúncia, na hipótese do art. 43, I, C.Pr.Penal " a
decisão de arquivamento do inquérito é definitiva e inibe que sobre o mesmo episódio se venha a instaurar ação penal, não importa que
outros elementos de prova venham a surgir posteriormente ou que erros de fato ou de direito hajam induzido ao juízo de atipicidade.
E M E N T A: INQUÉRITO POLICIAL - ARQUIVAMENTO ORDENADO POR MAGISTRADO COMPETENTE, A PEDIDO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, POR AUSÊNCIA DE TIPICIDADE PENAL DO FATO SOB APURAÇÃO - REABERTURA DA INVESTIGAÇÃO
POLICIAL - IMPOSSIBILIDADE EM TAL HIPÓTESE - EFICÁCIA PRECLUSIVA DA DECISÃO JUDICIAL QUE DETERMINA O
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL, POR ATIPICIDADE DO FATO - PEDIDO DE "HABEAS CORPUS" DEFERIDO. - Não
se revela cabível a reabertura das investigações penais, quando o arquivamento do respectivo inquérito policial tenha sido determinado por
magistrado competente, a pedido do Ministério Público, em virtude da atipicidade penal do fato sob apuração, hipótese em que a decisão
judicial - porque definitiva - revestir-se-á de eficácia preclusiva e obstativa de ulterior instauração da "persecutio criminis", mesmo que a
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peça acusatória busque apoiar-se em novos elementos probatórios. Inaplicabilidade, em tal situação, do art. 18 do CPP e da Súmula
524/STF. Doutrina. Precedentes.
Arquivamento por falta de provas é uma decisão tomada com base na cláusula “rebus sic stantibus”, (mantido
o contexto fático a decisão permanecerá da forma que está), ou seja, modificado o panorama probatório é possível
o desarquivamento do inquérito policial.
Procedimento de arquivamento:
1) Arquivamento na Justiça Estadual: deve ser pedido pelo Ministério Público e o juiz determina. Se o juiz pedir
alguma diligência estará atentando contra o sistema acusatório, cabendo correição parcial. OBS: Lei nº. 11.690, art.
156, I do CPP – PROVA OBJETIVA).
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
O juiz concordando com o pedido de arquivamento, o fará por sentença e o mesmo será arquivado.
Se o juiz não concorde com pedido de arquivamento, aplica o art. 28, do CPP ( Art. 28. Se o órgão do Ministério
Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender), remetendo os autos à PGJ (Aplica-se o princípio da devolução). Neste momento
o juiz também exerce uma função anômola de fiscalização do princípio da obrigatoriedade da ação penal.
A) Oferecer denúncia;
B) Requisitar diligências;
C) Designar outro órgão do Ministério Público para oferecer a denúncia. Se pudesse obrigar o promotor que
requereu o arquivamento a denunciar estaria ferindo a independência funcional. Porém o outro promotor é
obrigado ao oferecimento por agir por delegação, ou seja é a longa manus do PGJ; Lembrar da expressão
“promotor do 28”.
D) Insistir no arquivamento (neste caso, o juiz é obrigado a acatar).
Princípio da devolução: ocorre no caso do art. 28 quando o juiz devolve a apreciação do caso ao Chefe do
Ministério Público, ao qual compete a decisão final sobre o oferecimento ou não da denúncia.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender
2) Arquivamento na Justiça Federal/Justiça Militar da União e Justiça do Distrito Federal: ambos fazem parte
do MPU (MPF, MPM, MPDFT) – não havendo concordância do juiz, a remessa será determinada à Câmara de
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Coordenação e Revisão do MPF, sendo sua decisão opinativa, visto que após os autos serão remetidos ao PGR a
quem compete a decisão final. (art. 62, da LC 75/93). Arquivamento na Justiça Militar da União: discordando o
juiz, remete a Câmara de Coordenação e Revisão do MPM, que opina e encaminha para a Procuradoria Geral.
Assim, como na JF. Caso o juiz auditor concorde com o pedido do MPM, assim mesmo, faz remessa dos autos ao
Juiz Auditor Corregedor, caso ele concorde com o arquivamento estará arquivado. Se este discordar pode fazer
uma representação ao STM. Se o STM concordar com o arquivamento será arquivado. Porém se der provimento ao
recurso não concordando com o arquivamento, remete-se os autos à Câmara de Coordenação e Revisão do MPM,
que opina e encaminha ao Procurador Geral a quem compete a decisão final sobre o assunto.
3) Arquivamento na Justiça Eleitoral: caso o juiz eleitoral não concorde com o pedido de arquivamento, fará a
remessa dos autos ao Procurador Regional Eleitoral, que é um Procurador Regional da República atuando perante o
TRE (Lei nº. 4.737/65 – art. 357).
Se a decisão de arquivamento se der por parte do PGJ ou do PGR (nas hipóteses de atribuição originária ou
quando se tratar de insistência de arquivamento) não será necessário submeter esta decisão ao respectivo Tribunal.
Será uma decisão administrativa, não precisão submeter ao crivo do STF ou STJ - (art. 28, CPP). Ver Inquérito
2054 e HC 64.564 do STF).
OBS: se a decisão de arquivamento é do Procurador Geral de Justiça cabe pedido de revisão ao Colégio de
Procuradores mediante requerimento do interessado (art. 12, XI da Lei nº. 8.625/93 – Lei Orgânica do Ministério
Público) – órgão estruturado no âmbito do Ministério Público Estadual.
Arquivamento implícito:
Ocorre quando o titular da ação penal deixa de incluir na denúncia algum fato investigado (arquivamento
implícito objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento implícito subjetivo), sem expressa manifestação ou
justificativa deste procedimento. Não se admite arquivamento implícito pela doutrina e pela jurisprudência,
cabendo ao juiz devolver os autos ao Ministério Público para que este se manifeste de maneira expressa e
fundamentada, sob pena de aplicação do art. 28, CPP.
Arquivamento indireto:
Ocorre quando o juiz diante do não oferecimento de denúncia por parte do Ministério Público, fundado em
razoes de incompetência, recebe esta manifestação como sendo um pedido de arquivamento, aplicando, por
analogia, o art. 28 do CPP, cabendo a decisão final do Procurador Geral.
Em regra, a decisão de arquivamento é irrecorrível, não sendo cabível Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
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Trancamento do inquérito policial é uma medida de natureza excepcional, somente sendo possível nas
seguintes hipóteses:
a) Quando estiver extinta a punibilidade;
b) Quando ficar evidenciada a atipicidade formal ou material da conduta;
c) Quando não houver quaisquer indícios iniciais acerca da materialidade e autoria do delito – justa
causa (STF HC 89.398).
Fundamentos contrários:
A) Atenta contra o sistema acusatório – cria um desequilíbrio entre acusação e defesa;
B) MP é dotado do poder de requisição – assim cabe a ele requisitar diligencias ou requisitar a instauração de
inquérito policial, porém, o MP não pode presidir um inquérito policial. A presidência do inquérito é atribuição
exclusiva da polícia judiciária.
C) Falta de previsão legal e instrumentos aptos para a investigação.
A) Doutrina/teoria dos poderes implícitos (McCullouch x Maryland – 1819 – surgimento na Suprema Corte Norte
Americana): ao conceder uma atividade fim a determinado órgão ou instituição a CF teria implícita e
simultaneamente concedido todos os meios necessários para que tal objetivo fosse atingido. CF, art. 129, I – MP
como titular da ação penal. Informativo do STF 538, HC 91661 de marco de 2009 – acolheu esta teoria.
B) Polícia judiciária não se confunde com polícia investigativa: somente a polícia judiciária é exclusiva da policia
civil e polícia federal. Constituem a polícia investigativa polícia, COAF, CPI e MP.
C) Procedimento investigatório criminal: (regulado pelo CNMP – resolução n° 13) é um instrumento de natureza
administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido por um membro do Ministério Público, com atribuição
criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, fornecendo elemento
para o oferecimento ou não de denúncia.
Há três possibilidades: na conclusão pode haver uma denúncia e também um arquivamento, Também pode se
cogitar de uma declinação de competência.
Este arquivamento também estaria sujeito a controle?
R.: Coso o órgão do MP conclua pelo arquivamento, sua promoção será submetida ao juízo competente na
forma do art. 28 do CPP, ou ao órgão superior interno – sistema de freios e contrapesos.
No STJ a questão é pacífica a favor da investigação do Ministério Público (súmula 234). O STF (inquérito
1968) famoso caso do deputado Remi 30. O Min. Marco Aurélio é contra. Mas foram a favor Joaquim Barbosa,
Eros Grau e Carlos Britto. Hoje a questão é objeto de discussão no HC 84.548.
No RE 464.893, o STF entendeu como válido o recebimento de denúncia amparada por elementos colhidos em
inquérito civil presidido pelo MP (RE HC 91.661).
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AÇÃO PENAL
Conceito:
É o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto. Com a ocorrência de um crime
nascerá para o Estado o persecutio criminis, ou seja, o direito/dever de submeter o autor dos fatos ao processo pena
para que seja aplicada a pena. A persecutio criminis se divide em duas fases distintas, quais seja, em fase
investigatória (pré-processual) e a fase judicial.
Características:
São cinco:
A) Direito público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Daí porque melhor
dizer ação penal de iniciativa privada e oferecer denúncia “em relação a” e não “contra”.
B) Direito subjetivo: primeiro porque é um direito que tem titular e segundo porque o titular tem o direito de exigir
do Estado à prestação jurisdicional;
C) Direito autônomo: não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;
D) Direito abstrato: independe da procedência ou improcedência do pedido.
E) Direito específico: o direito de ação deve estar relacionado a um caso concreto, não podendo ser utilizado para
discutir, por exemplo, teses doutrinários.
Condições da ação:
São necessárias para o exercício regular da ação. Elas subdividem-se em genéricas e específicas. As genéricas
são as que estão presentes em toda e qualquer ação penal e as específicas são apenas para algumas, também
recebem o nome de condição de procedibilidade (tem doutrinador, porém que utiliza esta expressão como sendo
sinônimo das condições específicas). Ex. de condições específicas a representação, a requisição etc.
1- Condições genéricas da ação penal podem ser utilizada por uma doutrina conservadora e por uma doutrina
moderna. Pela doutrina moderna existiria uma teoria geral do processo comum ao processo civil e processo penal.
São elementos integrantes das condições genéricas da ação penal para a doutrina conservadora.
A) Possibilidade jurídica do pedido: o pedido formulado deve se referir a uma providência admitida pelo direito
objetivo. Ex: denuncia oferecida contra menor de 18 anos. Se o juiz perceber que esta diante da impossibilidade do
pedido quando do oferecimento da denúncia ele rejeita a denúncia com fulcro no art. 395 do CPP. Pacelli diz que
se utiliza do CPC, se durante o curso do processo o juiz percebe a ausência de uma das condições da ação deve
extinguir o processo sem resolução de mérito, aplicando-se por analogia o art. 267, VI, do CPC.
B) Legitimidade para agir (legitimatio ad causam): é a pertinência subjetiva da ação. No pólo ativo figura o MP na
ação Penal Pública e o ofendido ou seu representante legal na Ação Penal de iniciativa privada. No pólo passivo,
figura o provável autor do fato delituoso maior de dezoito anos. Ex: crime contra a honra praticada em sede
propaganda eleitoral – Ação Penal Pública – candidato oferece queixa-crime. Todo crime eleitoral é crime de Ação
Penal Publica Incondicionada, se for oferecida queixa-crime pelo ofendido, deve ser reconhecida a ausência de
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“legitimatio ad causam”, visto que a ação obrigatoriamente será encabeçada pelo Ministério Público. Testemunha
denunciada como autor dos fatos, homônimos etc – ilegitimidade passiva.
OBS.: Parte da doutrina entende ser possível a aplicação subsidiária do art. 267, VI do CPC, com a conseqüente
extinção do processo sem julgamento do mérito. Deve ser utilizado no caso de ausência de qualquer das condições
da ação somente percebido quando a denuncia já houver sido recebida.
Cuidado com a legitimidade ordinária com legitimidade extraordinária. Legitimação ordinária é quando alguém
postula em nome próprio a defesa de interesse próprio (esta é a regra). Extraordinária é quando alguém postula em
nome próprio a defesa de interesse alheio. É excepcional e quando autorizada em lei (art. 6º, CPC - Art. 6º - Ninguém
poderá pleitear em nome próprio direito alheio, salvo quando autorizado por lei).
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a
ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do
dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do
inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Legitimidade ativa concorrente no processo penal. É possível? É quando mais de uma parte está autorizada a
agir; quem ajuizar primeiro afasta a legitimidade do outro. Exemplo: crime contra a honra de servidor público em
razão de suas funções, de acordo com a súmula 714 do STF é Ação Penal Privada ou Pública condicionada à
representação. Outro exemplo é a Ação Penal Privada Subsidiária da pública, depois do decurso do prazo do
Ministério Público para oferecer denúncia. Porque tanto o Ministério Público pode como o ofendido. Outro
exemplo, nos casos de sucessão processual o direito de ação é transmitido ao cônjuge, ascendente, descendente e
irmão (e para muitos, também, o companheiro) – art. 31 do CPP.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na
ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão
Súmula 714: Inq.1939 – a partir deste julgado passa-se a entender que a prevista na súmula é alternativa, visto
que para o STF, uma fez oferecida a representação estaria preclusa a instauração de ação privada. Portanto, temos o
seguinte quadro: 1) Se a atuação do MP depende de representação, enquanto esta não for oferecida, o MP não está
autorizado a agir. Cabe ao ofendido, portanto, escolher entre a ação privada ou pelo oferecimento da representação.
Assim, se o servidor representou o MP pediu arquivamento não poderá oferecer queixa-crime.
C) Interesse de agir: de acordo com a doutrina existe um trinômio, qual seja a necessidade + adequação + utilidade.
Quando a necessidade no processo penal é presumida, pois não há pena sem processo (exceção: Juizados).
Adequação é irrelevante para o processo penal, pois não há diferentes espécies de ações penais condenatórias.
Utilidade consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Exemplos:
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1) Prescrição hipotética/virtual: ocorre quando antecipadamente vislumbrasse futura prescrição. Constitui carência
de ação por falta de interesse de agir utilidade. Essa prescrição não é admitida pelos tribunais em virtude da
ausência de previsão legal (STF, RHC 86.950). No entanto, como Ministério Público deve-se pleitear o
arquivamento dos autos ou extinção do processo em virtude da ausência de interesse de agir. Qual a utilidade de se
levar a diante processo penal fadado à prescrição? Porém não pode o MP pedir a extinção da punibilidade, visto
que não há previsão legal para tanto.
2) Perdão judicial: no homicídio culposo (art. 121, § 5º, CP).
D) Justa causa: (Afrânio Silva Jardim trata sobre o tema) é um lastro probatório mínimo indispensável para
instauração de um processo penal. Decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes
materiais contra a ordem tributária. Qual a natureza jurídica? (Lei nº. 9.430/96 – art. 83, na ADI 1571 entendeu o
STF que a decisão final do procedimento administrativo não é condição de procedibilidade. Para o STF, o art. 83,
tem como destinatário os agentes fiscais, prevendo o momento em que deverão encaminhar ao MP notícia-crime
pela prática de crime contra a ordem tributária. Prevalece que essa decisão final tem natureza de condição objetiva
de punibilidade (STJ, HC 54.248 e RHC 90.532, STF).
Condição de procedibilidade é diferente de condição objetiva de punibilidade. A primeira está relacionada ao
direito processual penal (são condições exigidas para o regular exercício do direito de ação, podendo ser genérica
ou específica). Sua ausência provoca a anulação do processo e não a absolvição do agente. Uma vez sanado o vício
processual, nada impede a renovação do feito. A segunda está localizada no fato punível, relacionada ao direito
material, situa-se entre o preceito primário e secundário da norma penal incriminadora, condicionando a existência
da pretensão punitiva do Estado. Sua ausência produz a absolvição do agente dotada a sentença de mérito dos
atributos da coisa julgada formal e material.
Enquanto não houver decisão definitiva do processo administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a
ordem tributária, não haverá justa causa para a ação penal (extremamente importante o julgado do HC 81.611,
STF).
A doutrina mais moderna diz que são condições da ação (se desvincula do processo civil), extraídas do
revogado art. 43 do CPP:
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento
anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento
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4) sentença declaratória da falência nos crimes falimentares (art. 180 – era condição de procedibilidade com a Lei
11.101/05 é agora, com a nova Lei de falência é considerada uma condição objetiva de punibilidade);
5) condição de militar no crime de deserção.
Qual a diferença da condição de procedibilidade para uma condição de prosseguibilidade?
Na primeira o processo ainda não teve início e para que a Ação Penal possa ser oferecida é necessário o
implemento de uma condição. A segunda significa que o processo já está em andamento e para que possa
prosseguir é indispensável o implemento de uma condição.
Antes da Lei 9.099/95 o crime de lesão corporal leve era ação penal publica incondicionada, sendo que a partir
desta lei, por conta do art. 88, os crimes de lesão corporal leve e culposa passaram a ser crimes de ação penal
pública condicionada à representação. Qual a natureza jurídica da representação? R.: Para os processos que já
estavam em andamento, a representação seria uma condição de prosseguibilidade (art. 91 da Lei 9.099/95); para os
processos que ainda não tinha tido início, a representação seria uma condição de procedibilidade.
Novidade: Lei que alterou os crimes sexuais – antes o estupro praticado com violência real pela súmula do STF era
ação penal publica incondicionada e pela nova lei é ação penal publica condicionada à representação.
Realizada de acordo com a titularidade. Assim, trabalha-se com Ação Penal Pública e Ação Penal Privada.
A) Ação penal publica incondicionada: A incondicionada, o Ministério Público não está sujeito a qualquer
condição.
B) Ação penal pública condicionada: A condicionada o Ministério Público fica sujeito ao implemento de
condições. A Ação Penal Pública, de acordo com LFG estaria no art. 2º, § 2º do Decreto Lei 201/67. Para muitos
este dispositivo não teria sido recepcionado pela CF, porque atenta contra a autonomia do Ministério Público
Estadual e porque transfere à Justiça Federal matéria que não lesa interesse da União.
Outro exemplo, art. 357, §§ 3º (se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra ele
a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal ) e 4º (ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o
juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá denúncia ) do Código
Eleitoral. Se um promotor estadual agindo por delegação em crimes eleitorais não oferece denúncia permanecendo
inerte, pode o MPF oferecer denúncia subsidiária.
C) Ação penal pública subsidiária da pública: 1) Decreto-lei 201/67, art. 2°, § 2°. Este dispositivo não foi
recepcionado pela CF, pois atenta contra a autonomia do MP dos estados. 2) Caso o promotor estadual agindo por
delegação em crimes eleitorais, permaneça inerte, deve o procurador regional eleitoral oferecer denúncia
subsidiária (sai do MPE e vai para o MPF).
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A) Ação penal exclusivamente privada: é possível a sucessão processual.
B) Ação penal privada personalíssima: nela não há sucessão processual. Nesta ação a morte da vítima exclui a
punibilidade, pois o direito de ação penal não é transmissível aos sucessores. Atualmente somente é o caso do art.
236 do CP, qual seja, induzimento a erro essencial para casamento.
C) Ação penal privada subsidiária da pública: somente á cabível em face na inércia do Ministério Público.
Na personalíssima ocorrendo a morte do ofendido não haverá sucessão processual (art. 31 do CPP - Art. 31. No
caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). Ex: art. 236, § ú do CP(Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de
requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo
legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir
na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência
resulta lesão corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação do
ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo
Exceções:
A) Quem comete crime contra a honra durante a propaganda eleitoral, são crimes eleitorais e, conseqüentemente, a
ação penal é pública incondicionada.
B) Crime contra a honra do Presidente ou Chefe de Estado ou Governo estrangeiro, a ação penal pública é
condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
C) Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções propiter officium – súmula 714, STF (é
concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à apresentação do ofendido, para a ação
penal por crime contra a honra do servidor público em razão do exercício de suas funções ) – pode ser ação penal de iniciativa
privada ou pública condicionada à representação.
D) Injúria real é a ofensa a dignidade e ao decoro mediante vias de fato. Se praticado mediante vias de fato (art.
140, § 2 º, CP), a ação penal é de iniciativa privada; se praticada mediante lesão corporal é ação penal pública: se
for de natureza leve é condicionada à representação (art. 88, Lei 9.099/95); se grave ou gravíssima é pública
incondicionada (RHC 19.166, STF).
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OBS.: Racismo não pode ser confundido com injúria racial: o primeiro significa uma oposição indistinta a toda
uma raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. No racismo a ação penal é pública incondicionada (STJ
RHC 191666).
Embriaguez ao volante:
Prevista no art. 306 do CTB.
Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue dependência: (Redação
dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.
Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de
caracterização do crime tipificado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Art. 291 do CTB – revogado o parágrafo único, os delitos de embiagues ao volante e de participação em
competição não autorizada seriam crimes de ação penal publica condicionada à representação. Mas quem
ofereceria representação, já que são crimes de perigo, não havendo vítima determinada? A doutrina sempre criticou
o referido parágrafo único do art. 291. Hoje com a revogação do mesmo, (com redação dada pela Lei nº.
11.305/08), corrigiu-se aquele problema, tratando-se, portanto de crime de ação penal pública incondicionada.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e
do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que
couber.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei n o 9.099, de 26 de setembro de
1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de
2008)
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em
manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). (Incluído pela
Lei nº 11.705, de 2008)
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
O art. 306 tornou-se crime de perigo abstrato (antes era de perigo concreto).
Crimes ambientais:
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OBS.: Súmula 348 STJ – compete ao STJ julgar conflito de competência entre Juizado Especial Federal e Justiça
Federal, por não haver hierarquia entre eles. Atenção para a decisão do RE 590.409. Para o STF compete ao
respectivo TRF dirimir eventuais conflitos de competência entre um juiz federal e um juiz do Juizado Especial
Federal, quando ambos estiverem sujeitos ao mesmo Tribunal.
OBS.: Para o STF aplicava-se, neste caso, o art. 101 do CP, razão pela qual a ação penal de iniciativa pública seria
extensiva ao crime complexo. A crítica sobre este entendimento é que o crime de estupro não é crime complexo.
Para o STF, mesmo que desta violência real resultasse lesão corporal leve, a ação penal continuaria sendo de
natureza pública incondicionada.
OBS.: Os processos em andamento necessitaram de representação quando foram proposta quando a ação era
pública incondicionada?
R.: 1° corrente: Ao contrario da Lei dos Juizados, a lei dos crimes sexuais não trouxe dispositivo expresso quanto a
necessidade de oferecimento da representação nos processos em andamento – “tempus regit actum”. 2° corrente:
trata-se de norma de direito processual material, pois a partir do momento em que é necessária a representação, esta
exigência produz efeitos no direito de liberdade do agente. A final de contas, não oferecida a representação no
prazo decadencial de 06 meses, dar-se-a a extinção da punibilidade. Portanto, em relação aos processos que já
estavam em andamento, a representação funcionaria como uma condição de prosseguibilidade.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de
lesões corporais leves e lesões culposas.
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O art. 16 diz que a ação é penal pública condicionada a representação da ofendida. De acordo com esta corrente
o art. 16 seria aplicável aos crimes de ação penal publica condicionada a representação, diversos da lesão corporal
leve. No caso de estupro aplicaria o art. 16.
Inicialmente para o STJ o crime de lesão corporal leve com violência domestica ou familiar conta a mulher,
seria ação penal pública incondicionada - HC 96.992, posteriormente, todavia, a sexta turma do STJ passou a
entender que ta delito seria de ação penal pública condicionada a representação, por força do art. 16, o que, em
tese, possibilitaria a reconciliação do casal –STF HC 106.805.
STJ diz que violência domestica pode se configurar contra namorada, dependendo do caso concreto,
anteriormente não aceitava.
Alguns doutrinadores dizem que existe a ação penal popular no Brasil, sendo que existiriam duas hipóteses
(Ada P. Grinouver):
A) HC que pode ser impetrado por qualquer pessoa (não é ação penal, mas ação libertária);
B) Faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia por crime de responsabilidade contra determinados agentes
políticos (notitia criminis e não denúncia) – Lei 1.079/50 e Decreto-lei 201/67.
Porém, esta tese doutrinária não é aceita pela doutrina majoritária.
Ocorre quando as circunstâncias aplicadas ao caso concreto fazem variar a modalidade de ação penal a ser
ajuizada, tal como se dá nos crimes sexuais ou contra a honra.
Em crimes contra o patrimônio irá se verificar a ação penal secundária no art. 182 do CP. Somente se procede
mediante representação – patrimônio, cônjuge, irmão tio sobrinho com quem o agente habita. Não se aplica nos
casos do art. 183 do CP.
1º corrente: ocorre nas hipóteses de litisconsórcio ativo entre o MP (no crime de ação penal pública) e o
querelante (no crime de ação penal privada) – Nestor Távora.
2º corrente: para o prof. Tourinho Filho a ação penal adesiva é o que se dá no direito Alemão: em crimes de
ação penal privada, diz a lei que o MP pode promover a ação penal, desde que visualize um interesse público,
hipótese em que o ofendido poderá intervir no processo como assistente.
Princípios:
Será feito um quadro comparativo entre a ação penal pública e a ação penal de iniciativa privada.
Ação Penal Pública Ação Penal Privada
1) Inércia da jurisdição: “Ne procedat iudex ex oficio”: com a doção do sistema acusatório ao juiz não é dado
iniciar o processo de ofício. Não foi recepcionado pela CF o processo judicialiforme (início da autoridade por
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portaria do juiz – usado nas hipóteses de contravenções penais, crimes culposos de lesão corporal/homicídios). A.
rt. 26 do CPP não foi recepcionado pela CF/88 quando fala do processo judicialiforme. A ação penal pública é
privativa do Ministério Público (art. 129, I do CF).
2) “Ne bis in idem”: ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. Ex: agente absolvida como
autor de homicídio pode ser processado novamente pela participação no homicídio. Art. 8°, 4, do Decreto 678/92
(Pacto de São José da Costa Rica).
Ex: agente processado e julgado na Justiça Estadual por crime militar, resultando sua absolvição ou extinção da
punibilidade pelo cumprimento da condenação em transação penal – não pode ser processado novamente pela
Justiça Militar, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem.
Decisão absolutória ou que declara extinta a punibilidade mesmo que proferida com vício de incompetência (juízo
incompetente em razão da matéria) é capaz de transitar em julgado e produzir os seus efeitos, é decisão dotada
nulidade, porém se não for declarada, ela produz todos seus efeitos, dentre eles o de impedir que a pessoa seja
novamente processada perante a justiça competente em relação à mesma imputação. (HC 86. 606, STF)
3) Princípio da intranscendência: a ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito.
4) Princípio da obrigatoriedade ou legalidade 4) Princípio da oportunidade ou conveniência:
processual: presentes as condições da ação e havendo mediante critério de oportunidade ou conveniência, o
justa causa o MP é obrigado a oferecer denúncia. ofendido ou seu representante legal podem optar pelo
Exceções: oferecimento ou não da queixa-crime. Aplica-se este
princípio antes do início do processo. Deixa-se de
Transação penal (art. 76, Lei nº. 9.099/95 – princípio
exercer esse direito de três formas:
da obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade
regrada) cabível em todas as contravenções penais e Decurso de prazo (decadência);
crimes cujas penas máximas não sejam superiores a 2
Renúncia ao direito de queixa-crime (expressa ou
anos cumulada ou não com multa, sujeitos ou não a
tácita);
procedimento especial (desacato);
Arquivamento do inquérito policial.
Acordo de leniência nos crimes contra a ordem
econômica financeira (Le nº. 8.884/94), acordo de
doçura ou brandura: trata-se de espécie de
delação/colaboração premiada em crimes contra a
ordem econômico-financeira (art. 35-B/C da Lei
8.884/94);
Termo de ajustamento de conduta nos crimes
ambientais: a celebração do TAC não funciona como
impeditivo ao oferecimento de denúncia na hipótese de
reiteração de atividade ilícita (informativo 516 – HC
92.921, STF);
Parcelamento de débito tributário: art. 9º da Lei nº.
10.684/03). Para o STF o benefício de extinção da
punibilidade pelo pagamento só se aplica ao crimes
contra a ordem tributária, não se aplicando aos crimes
contra o patrimônio.
5) Princípio da Indisponibilidade: existem duas 5) Princípio da disponibilidade: desdobramento do
regras: se o MP é obrigado a oferecer denúncia, não princípio oportunidade ou conveniência, ela diz que da
pode dispor da ação penal pública nem desistir do a ação penal de iniciativa privada é dispensável. Pode-
recurso que haja interposto (art. 42 e 576, CPP). se dispor da ação penal privada até o trânsito em
Exceção: suspensão condicional do processo (art. 89, da julgado da sentença.
Lei nº. 9.099/95) cabível para crimes cuja pena mínima Formas de disponibilidade da ação penal privada:
seja igual ou inferior a 1 ano (em qualquer processo).
Para o STF, mesmo que a pena mínima seja superior a Perdão do ofendido – depende de aceitação -
1 ano será cabível a suspensão quando a pena de multa (diferente do judicial);
estiver cominada alternativamente (art. 5º, Lei nº.
Perempção (perda do direito de prosseguir no
8.137/90 – venda casada).
exercício da ação privada diante da desídia do
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querelante, com a conseqüente extinção da
punibilidade);
Desistência do processo em crimes de ação penal
privada contra a honra (depende da aceitação da parte
contrária).
6) Princípio da divisibilidade/indivisibilidade: 6) Princípio da Indivisibilidade: o processo de um
existem duas correntes: o STF diz que vige na Ação obriga ao processo de todos (art. 48, CPP - Art. 48. A
Penal Pública o princípio da divisibilidade – o MP pode queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
denunciar alguns co-réus, sem prejuízo do de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade ).
prosseguimento das investigações em relação aos - Se conceder a renuncia em favor de um dos co-
demais. A segunda corrente (LFG e Capez) diz que autores, estende-se aos demais.
princípio da indivisibilidade, pois havendo elemento de
informação o MP deve oferecer denúncia contra todos - Perdão concedido a um dos querelados também se
os investigados. estende aos demais, porém desde que haja aceitação.
- O fiscal deste princípio será o Ministério Público. O
MP não pode aditar a queixa-crime para incluir co-réu
porque não tem legitimidade para tanto; deve pedir a
intimação do querelante para que adite a queixa-crime,
sob pena de a renúncia concedida a um estender aos
demais.
Representação do Ofendido:
A) Conceito: é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse na
preocupação na persecução penal do fato. Em relação à representação, vige o princípio da autonomia da vontade da
vítima.
B) Natureza jurídica: em regra, a representação funciona como condição específica objetiva de procedibilidade (em
relação aos processos que ainda não iniciaram).
OBS.: Condição de prosseguibilidade dos processos em andamento (art. 91 da Lei 9.099/95).
C) A quem é dirigida: art. 39, CPP. Não há necessidade de formalismo na representação (ex: BO, exame de corpo
de delito em crimes sexuais). Pode ser dirigia ao juiz, MP ou a autoridade policial.
OBS.: Não há necessidade de formalismo na representação; se percebe em algum ato a vítima demonstrou
interesse em representar (persecução penal), cumprida tal condição.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração,
escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal
ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver
sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-
lo-á à autoridade que o for.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda
a inquérito.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a
promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias
D) Prazo: assim como a queixa-crime, a representação tem prazo decadencial de 6 meses. É o prazo que se aplica a
queixa-crime. O dia do início é computado. Ex: 10/03/08 – 6 meses – 09/09/08 ) à 0:00 hs. Prazo penal – dia do
início é levado em consideração.
E) Legitimidade para oferecimento de representação/queixa-crime:
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1) Pessoa maior de 18 anos (por meio de advogado);
2) Vítima com menos de 18 anos (quem propõe é seu representante legal – qualquer pessoa que seja responsável
pelo menor – 1ª corrente (Pacelli/LFG) a decadência para o representante legal acarreta a extinção da punibilidade,
mesmo que o menor tenha completado 18 anos. A 2ª correte (Nucci/Capez) cuidando-se de incapaz o prazo não
flui para ele enquanto não cessar a incapacidade, pois não se fala em decadência de um direito que não pode ser
exercido. O STF adotou a segunda corrente. Se houver colidencia de interesse, deve ser nomeado curador especial.
3) Menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental, caso não tenha representante legal ou haja colisão
de interesses – nomeia-se curador especial (art. 33 do CPP - Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou
mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de
queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o
processo penal). O curador pode oferecer, fazendo juízo de oportunidade e conveniência, não é obrigada a oferecer.
4) Vítima com 17 anos casada (emancipada): duas possibilidades: nomeação de curador especial ou aguarda-se
completar 18 anos;
5) Morte do ofendido: ocorre a sucessão processual, exercendo o direito o cônjuge, ascendente, descendente e
irmão + companheiro (CF). Essa ordem é preferencial. Prevalece a vontade de quem interesse na persecução penal.
O prazo decadencial do sucessor começa a contar a partir do momento de morte: se tomou conhecimento do autor
do crime na mesma data em que a última, tem direito ao prazo restante; se não tinha ciência da autoria do crime,
seu prazo é contado a partir do momento em que adquirir este conhecimento.
F) Retratação da representação: é possível até o oferecimento da denúncia (art. 25, CPP - Art. 25. A representação será
irretratável, depois de oferecida a denúncia). OBS: cuidado com a Lei Maria da Penha, no art. 16 ( Art. 16. Nas ações penais
públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. ) não se trata de
denúncia, mas de retratação até o recebimento da denúncia. Lei nº. 11.340/06: onde se diz “renúncia” leia-se
retratação. A retratação na LMP é possível até o recebimento da denúncia.
G) Retratação da retratação da representação: representa, retrata-se e retrata-se novamente, representando. A
maioria da doutrina e da jurisprudência entende que sim, desde que ocorra antes da decadência (seis meses). Trata-
se de nova representação.
H) Eficácia objetiva da representação: o Ministério Público não fica adstrito a representação da vítima em relação
as pessoas por ela declinadas, porém fica adstrito ao crime mencionado, não podendo estender aos demais. A
representação feita contra apenas um dos co-autores, estende-se aos demais. Por outro lado, feita a representação
em relação a um fato delituoso não se estende a outros delitos (STJ, HC 57.200).
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de
consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é
facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados
à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; (procon)
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 2° (Vetado).
§ 3° (Vetado)
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º, sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia,
qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública , observado o prazo
decadencial de 6 meses.
1) Prazo: prazo decadencial de seis meses, contados a partir do momento em que ficar caracterizada a inércia do
MP (mas não gera a extinção da punibilidade, o MP pode oferecer denúncia dentro do prazo prescricional). Forma
de contagem: dia 06/04 (vista do inquérito ao MP) – 15 dias (prazo processual) – dia 21/04 (feriado) – 22/04
(último dia) – 23/04 (surge o direito de propor APP Subsidiária da Pública) – 6 meses (prazo penal) – 22/10
(decadência imprópria, não gera a extinção da punibilidade, visto que o crime é de ação penal pública) – MP pode
oferecer.
2) Poderes do MP: a) repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva (mesmo que ela esteja em perfeitas
condições); b) aditar a queixa, tanto nos aspectos formais como materiais; c) se o querelante for negligente o MP
reassume o pólo passivo da ação (ação penal indireta – art. 29, CPP - Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência
do querelante, retomar a ação como parte principal).
Peça acusatória:
A) Requisitos: (art. 41 do CPP).
1) Exposição do fato criminoso com todas as circunstâncias: consiste na narrativa do fato delituoso com todas as
circunstâncias do caso concreto. Em sede de crime culposo deve o MP dizer em que consistiu a imprudência,
negligência ou imperícia. Se a denuncia não expõe o fato criminoso ela inviabiliza o exercício do direito de defesa.
A narrativa defeituoso vai produzir a inépcia da peça acusatória. Para a jurisprudência a inépcia deve ser argüida
até o momento da sentença. Se não foi argüido até este momento ocorrerá a preclusão, visto que presume-se que
foi possível exercer o direito de defesa.
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Diferença entre os elementos essenciais com os elementos acidentais: Os essenciais são aqueles elementos que
deve estar presente em toda e qualquer peça acusatória, pois é necessário para identificar o fato típico praticado
pelo agente. A conseqüência da denúncia sem os elementos essenciais gerará uma nulidade absoluta. Elementos
acidentais são aqueles ligados as circunstâncias de tempo ou espaço, cuja ausência nem sempre afeta o exercício do
direito de defesa. A conseqüência da denúncia sem estes elementos é a nulidade relativa. Obs.: pode ser oferecida a
denuncia sem data precisa ou local preciso, se estes dados não puderem ser mesurados.
Quando se fala em exposição, fala-se em imputação (atribuir a alguém a prática de uma infração penal). Se a
denúncia não narra o fato com todas as suas circunstâncias, ela é inepta porque viola o princípio da ampla defesa
(criptoimputação: é a atribuição de determinado fato delituoso a determinada pessoa caracterizada por grave
deficiência na narrativa do fato delituoso – denuncia mal feita – inviabiliza o direito de defesa). Essa inépcia deve
ser argüida até a sentença sob pena de preclusão (por ausência de prejuízo).
Denúncia genérica: posição antiga do STF – entendia ser apta a denúncia que não individualizava a conduta de
cada indiciado; bastando a indicação de que os acusados fossem, de algum modo, responsáveis pela condução da
sociedade comercial. Hoje quando se trata de crime societário a denúncia não pode ser genérica devendo
estabelecer o vínculo do administrador ao ato ilícito que lhe está sendo imputado (STF, HC 80.549 e HC 85.327) –
Ex. art. 337-A do CPB. Duas correntes: 1) posição favorável: em se tratando de crimes societários (usa a protecao
da pessoa jurídica), não há inépcia da peça acusatória pela ausência de indicação individualizada da conduta de
cada indiciado, sendo suficiente que os acusados sejam de algum modo responsáveis pela condução da sociedade –
HC 92.921 STF – entendimento nos dois sentidos (STJ); 2) corrente contrária: quando se trata de crimes societários
a denúncia não pode ser genérica: se a denúncia não descreve a conduta individualizada de casa agente, deve ser
tida como inepta (STF, HC 80.549 e HC 85.327). Para prova objetiva colocar que não cabe denúncia genérica.
Elementos necessários/essenciais e elementos acidentais: elementos essenciais são aqueles necessários para a
identificar a conduta com o fato típico, a ausência deste elemento causa prejuízo evidente à defesa e, portanto,
nulidade absoluta. Elementos acidentais são elementos ligados a circunstâncias de tempo e espaço, os quais nem
sempre prejudicam cuja ausência nem sempre prejudica a ampla defesa, logo representam nulidade relativa.
Eugênio Pacceli: diferença entre acusação geral e acusação genérica: a acusação geral ocorre quando o órgão
da acusação imputa a todos os acusados o mesmo fato delituoso, independentemente das funções por eles exercidas
na empresa. Neste caso de acusação geral não há inépcia, visto que todos conseguirão se defender. A acusação
genérica ocorre quando a acusação imputa vários fatos típicos, imputando-os genericamente a todos os integrantes
da sociedade. A denúncia genérica ocasiona dificuldade de defesa, visto que não se sabe de qual dos fatos se
deveria defender. Neste caso a denúncia é genérica.
2) Identificação do acusado: cabe denúncia contra pessoa incerta? É a pessoa fisicamente certa sobre a qual não se
sabe dados pessoais/identificação (art. 41, CPP - Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas). Em tese, é possível.
OBS.: Apesar do art. 41 do CPP estar em pleno vigor, deve se ficar atento a revogação do art. 363, II do CPP, o
qual possibilitava a citação por edital da pessoa incerta.
3) Classificação do crime: não é requisito obrigatório. No processo penal o que importa é a imputação (fatos) e o
acusado se defende dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação especificada.
“Emendatio libelli”: não há alteração em relação ao fato delituoso. Limita-se o juiz a modificar a classificação
formulada na denúncia ou queixa. Ex: furto qualificado por fraude (fato) – denuncia por 171 – a sentença condena
por furto qualificado; Roubo com violência presumida denunciada como furto. A congruência é referente a
narrativa e não com a classificação dada à conduta. O momento para o juiz aplicar a emendatio libeli, prevalece na
doutrina que não pode ser feita no início do processo, mas somente no momento da prolação da sentença. Uma
segunda corrente sustenta que não é possível que o acusado seja privado do exercício de direitos quando a
classificação formulada for claramente excessiva (denominado princípio da correção do excesso). Ex. O crime é de
uso e o promotor denuncia por tráfico, implicando em diversos prejuízos ao réu.
OBS.: Violência imprópria: art. 157, caput, última parte que não se confunde com o roubo impróprio do parágrafo
único.
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“Mutatio libelli”: (art. 384, CPP) ocorre quando o fato delituoso que se restou comprovado durante a instrução
processual é diverso daquele narrado na peça acusatória. Na verdade surge durante o processo prova de elementar
ou circunstância não contida na peça acusatória, devendo, então, o MP aditar a peça acusatória, com posterior
oitiva da defesa. Ex: MP denúncia alguém pelo delito de furto. Todavia, durante a instrução, surge uma prova de
uma elementar não contida na denúncia (violência), não pode o juiz condenar o acusado pelo crime de roubo
imediatamente, sob pena de violação à ampla defesa, sistema acusatório e ao princípio da correlação entre acusação
e sentença. Deve, portanto, dar vista ao MP para que possa aditar a peça acusatória, abrindo-se em seguida prazo
para a defesa se manifestar.
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos
autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no
prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes,
designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates
e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença,
adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
4) Rol de testemunhas: não é requisito obrigatório, alguns crimes dispensam prova testemunhal (crimes contra a
ordem tributária). Se necessário, se não oferecer ocorre a preclusão, mas pode invocar o princípio da verdade real,
para ouvir como testemunha do juízo. Qual o número de testemunha? No procedimento comum ordinário (crimes
cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos): 8 testemunhas para a acusação por fato delituoso; no
procedimento comum sumário (crimes cuja pena máxima seja inferior a 4 anos, mas superior a 2 anos): 5
testemunhas, distribuídas da mesma forma; no procedimento comum sumaríssimo (contravenções e crimes cuja
pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa sujeita ou não a procedimento especial –
infração de pequeno potencial ofensivo): 3 testemunhas, distribuídas da mesma forma (há doutrina que entende que
seria 05).
O juiz pode indeferir testemunhas da defesa? R.: Ao juiz não é dado indeferir a oitiva de testemunhas valendo-se
de um prognóstico quanto a relevância de seu depoimento.
5) Em vernáculo: na língua portuguesa;
6) Assinatura: da denúncia pelo promotor.
OBS.: A ausência de assinatura na denúncia será considerada mera irregularidade caso a cota apresentada pelo
promotor esteja assinada.
B) Prazo:
1) Preso: 5 dias (também no CPPM);
2) Solto: 15 dias (também no CPPM);
3) Lei de drogas: 10 dias;
4) Código Eleitoral: 10 dias;
5) Abuso de autoridade: 48 horas;
6) Crime contra a economia popular: 02 dias;
7) Lei de imprensa: 10 (dias) – não tem mais validade ante a decisão do STF.
Há entendimento na doutrina que este artigo não foi recepcionado ante a garantia constitucional da irredutibilidade
de subsídio.
3) Caso o excesso seja abusivo a prisão deve ser relaxada , sem prejuízo da continuidade do processo.
D) Conexão: entre crimes de ação penal pública e ação penal privada, forma litisconsórcio ativo entre MP e
querelante.
E) Denúncia alternativa: ocorre quando vários fatos são imputados de maneira alternativa ao agente (Afrânio Silva
Jardim). Pode ser originária ou superveniente.
1) Originária ocorre quando a alternatividade esta contida na própria peça acusatória (Ex.: na
denúncia é imputado furto ou receptação) – não é admitida pela doutrina, por violar o princípio da
ampla defesa.
2) Superveniente ocorre nas hipóteses de “mutatio libelli”, quando o MP adita a peça acusatória. Em
outras palavras, na originária imputam-se dois fatos alternativos na própria denúncia; e
superveniente é o caso de “mutatio libelli”. Sempre prevaleceu o entendimento de que, havendo
aditamento por conta da mutatio libelli, seria possível a condenação do agente tanto pela
imputação originária, quanto pela imputação superveniente.
OBS: Com a nova redação do art. 384, § 4º, CPP (atenção!!! - § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3
(três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).) inserido pela lei nº. 11.719/08, já há doutrinadores dizendo que havendo o aditamento, o juiz estará
vinculado ao mesmo, não mais podendo, condenar o acusado pela imputação originária. Põe-se um fim à
imputação alternativa superveniente.
F) Procuração na queixa: art. 44, CPP, deve ser com poderes especiais (evitar que o advogado responda
posteriormente por denunciação caluniosa), com o nome do querelado (no art. 44 fala querelante, porém leia
querelado) e fazer menção do fato delituoso (para a jurisprudência basta citar o dispositivo legal). Procuração
defeituosa: prevalece na jurisprudência o entendimento de que a correção do vício pode ser sanada a qualquer
momento, mediante a ratificacao dos atos processuais. Há, no entanto, entendimento de que é possível a correção
somente no prazo decadencial. Porém a primeira posição é a adotada pelo STF, HC 84.397.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal
De acordo com a jurisprudência, não precisa ser fundamentado (evita o prejulgamento). Nesta fase o juiz deve
analisar a regularidade da peça acusatória; se estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação;
presença de justa causa.
O momento do recebimento da peça acusatória? R.: Deve a peça acusatória ser recebida logo após seu
oferecimento, salvo se houver previsão legal de defesa preliminar. Ex.: Lei de drogas, Jesp Criminal (art. 81 da Lei
9.099/95), crimes funcionais afiançáveis (art. 514 do CPP); lei de imprensa; competência originária dos tribunais;
lei de improbidade administrativa (tem natureza cível).
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OBS.: Quando houver defesa preliminar, o recebimento da peça acusatória tem que ser fundamentado.
Está previsto no art. 396, CPP.
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e
ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
2008).
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou
do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Procedimento antes da Lei nº. 11.719/08: oferecimento; recebimento da denúncia; citação; interrogatório; defesa
prévia; testemunha de acusação; testemunha de defesa; diligencias; alegações finais e sentença.
Procedimento após a Lei nº. 11.719/08: oferecimento; recebimento (para a maioria – art. 396, CPP); citação;
resposta inicial (não é defesa prévia e nem preliminar); absolvição sumária; audiência uma de instrução e
julgamento, ....
O recebimento da peça acusatória é uma decisão sucinta: “presente as condições da ação penal e dos
pressupostos processuais, havendo justa causa, recebo a denúncia”. Senão acaba fazendo um pré-julgamento.
Cabe recurso contra o recebimento da denúncia? Em regra não. Na lei de imprensa tem recurso (RESE) e no
caso de competência originária dos TJ pode ajuizar agravo.
A) Inépcia da peça acusatória: não observância dos requisitos obrigatórios - art. 41, CPP;
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas
B) Quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da Ação Penal: pressupostos de existência
– demanda veiculada pela peça acusatória, exercício da jurisdição (competência e imparcialidade do juízo),
existência de partes que possam estar em juízo; pressupostos de validade – dizem respeito a inexistência de
litispendência, coisa julgada ou outros vícios processuais.
C) Quando não houver/faltar justa causa para o exercício da Ação Penal: muitos autores dizem que é uma condição
“sui generis” e não condição da ação (art. 395, CPP).
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
A rejeição da peça acusatória faz coisa julgada formal, isto é, removido o defeito, nova peça acusatória pode ser
oferecida. Recursos cabíveis: RESE (em regras); na lei de imprensa e Juizados é apelação (Lei 9.099/95, art. 82) e
nas originárias do TJ é agravo.
Absolvição sumária:
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Do procedimento comum. Ocorre quando:
1) existência manifesta de causa excludente da ilicitude;
2) existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade (medida de segurança);
3) quando o fato narrado não constitui crime;
4) quando estiver extinta a punibilidade;
Haverá coisa julgada formal e material.
Renúncia:
A renúncia decorre do princípio da disponibilidade ou oportunidade da ação penal privada.
Renúncia é um ato unilateral do ofendido ou de seu representante legal abrindo mão do direito de promover a
ação penal privada com a conseqüente extinção da punibilidade.
Características:
a) ato unilateral;
b) não exige aceitação;
c) dispensa da concordância da parte contrária;
d) ocorre antes do início da ação penal.
Como regra, é cabível na ação penal privada.Cabe renúncia em ação penal pública? Em regra, não cabe renúncia
em aça penal pública. Porém o art. 74 da Lei nº. 9099/95 – a composição civil dos danos acarreta a renúncia ao
direito de representação.
Art. 74. A composição dos danos civis reduzia a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser
executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Recebimento de indenização significa renúncia ao direito de queixa? O recebimento de indenização pela vítima
não importa em renúncia ao direito de queixa (art. 104, § ú, do CP - Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Importa renúncia tácita
ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ) – cuidado com a composição dos danos
civis (Lei 9.099/95, art. 74, p.u.), porque esta sim é uma exceção, importando renúncia ao direito de queixa.
Pelo princípio da indivisibilidade renúncia concedida a um dos co-autores estende-se aos demais.
Renúncia não admite retratação.
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Atenção, até antes da Lei 12.015/09 apesar dos incisos VII e VIII do art. 107 do CPB terem sido revogados
(casamento com a vítima), o casamento da vítima com o ofendido era considerado renuncia, assim extinguia a
punibilidade, por ser ação penal privada. Agora sendo, como regra, ação penal pública condicionada isso não mais
acontece.
Perdão do ofendido:
Não confundir perdão do ofendido com perdão judicial que é concedido pelo juiz, ao final do processo, nas
hipóteses previstas em lei (art. 121, § 5º, CP - § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei
nº 6.416, de 24.5.1977)). Ex: pai que se esqueceu do filho dentro do veículo.
Perdão do ofendido é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o
andamento do processo, perdoando seu ofensor, com a conseqüente extinção da punibilidade caso o perdão seja
aceito.
Características:
a) só cabe na ação penal exclusivamente privada ou na personalíssima;
b) perdão ocorre após o início da ação penal até o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 106, § 2º, CP);
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pelo princípio da indivisibilidade se estende aos demais co-autores que, no entanto, podem recusá-lo (art. 51,
CPP).
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita,
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade
O silêncio do querelado significa aceitação? R.: Sim. O silêncio do querelado significa aceitação.
Perdão concedido por uma das vítimas não afetam o direito das demais.
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Perempção:
Assim como a renúncia e o perdão, também é uma causa extintiva da punibilidade.
Perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal exclusivamente privada ou
personalíssima em virtude da negligência do querelante (sanção ao querelante preguiçoso).
Não cabe perempção na ação penal privada subsidiária da pública, porque se o querelante é negligente o MP
reassume a titularidade (ação penal indireta).
Qual a diferença de perempção e decadência? Na perempção o processo está em andamento, já houve início.
Decadência é a perda do direito de ação penal privada ou de representação pelo seu não exercício no prazo legal.
PEREMPÇÃO DECADÊNCIA
Perda do direito de prosseguir na ação penal Perda do direito de dar início à ação penal
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
a) inciso I – precisa intimar o querelante? Há doutrina que entende que sim (Pacelli), porém há doutrina que
entende ser sanção automática.
b) inciso II: o juiz penal precisa intimar os sucessores? Essa sanção é automática, ou seja, não é necessária a
intimação dos sucessores, inviável localizar o CADI.
c) inciso III: se o querelante não estiver presente na audiência de conciliação no rito dos crimes contra a honra, não
significa perempção, mas tão-somente que não quer conciliar. O pedido de condenação precisa ser expresso? Não,
este pedido não precisa ser expresso. A ausência do advogado do querelante a sessão de julgamento do Júri
(possível no caso de ação penal privada subsidiária da pública e litisconsórcio ativo entre o MP no crime de ação
penal pública e o querelante no crime de ação penal privada)? R.: Na na hipótese de ação penal privada subsidiária
da pública, o MP reassume a titularidade no pólo ativo; na hipótese de litisconsórcio ativo entre crime de ação
penal pública e privada a ausência do querelante importa em perempção para o crime de ação penal privada.
IV – pode ser, p. ex., nos crimes contra a honra.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
1. Autotutela:
Caracteriza-se pelo emprego da força bruta para a satisfação de interesses.
Em regra a autotutela caracteriza o crime de exercício arbitrário das próprias razoes.
Porém, a título excepcional, o Estado permite a autotutela, ante o reconhecimento que não pode estar presente
em todos os lugares em todos os momentos. Ex.: prisão em flagrante, legítima defesa e estado de necessidade.
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2. Autocomposição:
É a busca pelo consenso, que pode ocorrer de três formas: renúncia (autor abre mão do seu interesse),
submissão (réu se sujeita a vontade do autor) e transação (concessões mútuas).
É uma realidade em relação às infrações de menor potencial ofensivo (art. 98, I, CF).
3. Jurisdição:
É uma das funções do Estado, exercida precipuamente pelo Poder Judiciário, mediante a qual este se substitui
aos titulares dos interesses em conflito para aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
Um dos escopos da jurisdição é a pacificação social.
Deve ser compreendido como o direito que toda pessoa acusada da prática de um delito tem de saber,
previamente, por qual juiz será julgada. Visa impedir o julgamento da causa por juiz ou tribunal cuja competência
não esteja previamente a pratica do fato delituoso definida na CF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente
Art. 8°, n° 01 na Convenção Americana de Direitos Humanos. – também trata sobre o princípio do juiz natural.
No ordenamento brasileiro somente se considera juiz natural o órgão judiciário cujo poder de julgar derive de
fontes constitucionais. Juiz natural = Juiz constitucional
Tribunal de exceção ou juízo de exceção é um tribunal ou juízo criado depois do crime especificamente para
julgá-lo. Ex: Tribunal de Nuremberg.
Justiça Militar e Eleitoral, isto é, justiças especializadas, não configuram não configuram tribunais de exceção,
porque elas já estão previstas pela legislação.
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Lei posterior pode modificar a competência? Ex: crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil –
antigamente era a Justiça Militar, mas depois de da Lei nº. 9.299/1996 passou a ser competente o Tribunal do Júri.
Os processos que estavam na 1ª instância foram encaminhados para o Tribunal do Júri, porque a lei tem aplicação
imediata. Assim, lei que altera competência tem aplicação imediata (art. 2º, CPP - Art. 2o A lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior – princípio da aplicação imediata –
“tempus regium actum”), aos processos em andamento na 1ª instância. Não viola o princípio do juiz natural porque
o Tribunal do Júri já existia e não foi criado para julgar estes delitos.
Para a doutrina, lei que altera a competência somente poderia ser aplicada aos crimes cometidos após a sua
vigência (Ada P. Grinouver e Tourinho Filho), porém para a jurisprudência, lei que altera a competência tem
aplicação imediata aos processos em andamento, salvo se já houvesse sentença relativa ao mérito, hipótese em que
o processo deveria seguir na jurisdição em que ela foi prolatada. Aplica-se o art. 2° do CPP. STF HC 76.510.
Outro exemplo: tráfico internacional de drogas em Município que não seja sede de Vara Federal. O tráfico
internacional é um crime de competência da Justiça Federal (art. 70, § ú, da Lei nº. 11.343/06 – art. 70. O processo e o
julgamento dos crimes previstos nos art. 33 a 37 desta lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão julgados e processados na vara federal da
circunscrição respectiva.). Pelo art. 27 da Lei nº. 6368/73 ( Art. 27. O processo e o julgamento do crime de tráfico com o exterior
caberão a justiça estadual com a interveniência do Ministério Público respectivo, se o lugar em que tiver sido praticado, for município que
não seja sede de vara da Justiça Federal, com recurso para o Tribunal Federal de Recursos ), o agente era julgado pela Justiça
Estadual com recurso para o TRF. Porém, agora, pelo art. 70, § ú, da lei nº. 11.343/06 será julgado na Vara Federal
da circunscrição respectiva.
De acordo com a antiga Lei de Drogas (art. 27 da Lei 6.368/76), caso não houvesse Vara Federal no Município
o tráfico de drogas internacional seria julgado pela Justiça Estadual, com recurso para o respectivo TRF. Atenção
para o art. 70, § único da Lei 11.343/06, visto que ele trouxe uma mudança completa sobre o assunto. Agora
mesmo que não haja Vara Federal na cidade deverá ser julgado na subseção da Vara Federal que aquele município
pertence.
OBS IMPORTANTE: art. 4º da Lei nº. 11.689/08 (09/08/08) extinguiu o protesto por novo Júri. Ex: crime de
homicídio no dia 20/03/06 – lei nova (09/08/08) – julgamento em 14/05/09 (condenado à pena de 25 anos). Lei que
extingue um recurso é lei processual? Existem duas correntes? 1ª diz que essa norma seria norma processual
material (é uma norma que, apesar de inserida num dispositivo processual, atinge o ius libertatis do agente,
aplicando-se o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa), portanto, para esta corrente se o crime foi
praticado até a entrada em vigor da Lei nº 11.689/08, será cabível o protesto por novo Júri (LFG, Rogério
Sanches); a 2ª corrente entende que essa norma é genuinamente processual, aplicando-se o princípio da aplicação
imediata, a lei que se aplica aos recursos é a Lei vigente quando a decisão foi proferida. Logo, se o julgamento se
deu a partir do dia 09/08/08, não será cabível protesto por novo Júri (Guilherme Nucci).
Convocação de Juízes para substituir desembargadores: não ofende o princípio do juiz natural, pois o órgão
competente será o Tribunal e não o relator.
- Existe previsão legal: art. 118 da LC 35/79 (estadual) e art. 4° da Lei 9.788/99 (federal).
- Inicialmente entendeu o STJ que o julgamento não poderia ser feito por uma turma ou câmara composta
majoritariamente por juízes convocados – HC 98.796. Posteriormente entendeu a terceira sessão do STJ que é
perfeitamente válido o julgamento feito por turma formada por maioria de juizes convocados – HC 136.590.
- Esta convocação será considerada válida, mas desde que não seja feita por meio de sistema de voluntariado.
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Criação de Varas Especializadas para o julgamento do crime de lavagem de capitais: em 2003 o CJF
editou a resolução nº. 13 determinado que os TRF’s criassem Varas Especializadas no combate à lavagem de
capitais. Essas Varas foram criadas por meio de resoluções e provimentos que também determinaram que os
processos em andamento em outras Varas fossem a elas remetidos. Essas especializações de Varas no âmbito da
justiça federal tem expressa previsão legal (art. 12 da Lei 5.010/66). Como houve alteração da competência em
razão da matéria, nada impede a remessa dos processos em andamento, nas demais varas, à Vara especializada.
Para o STJ não há falar em violação ao princípio do juiz natural. A uma, porque não houve criação de tribunal de
exceção; a duas, porque não se pode falar em perpetuação de jurisdição quando se dá uma alteração da
competência em razão da matéria (STJ, CC 57838). Art. 87 do CPC ( Art. 87. Determina-se a competência no momento em
que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia) – exceção ao princípio da perpetuatio. Para
o STF apesar da ilegalidade da resolução 314 do CJF, pois o Conselho da Justiça Federal somente possui
atribuições administrativas, permanecem válidas as resoluções dos TRF’s (STF, HC 88660).
Competência:
É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional pode aplicar o direito.
Espécies:
a) em razão da matéria (ratione materia): fixada de acordo com a natureza do crime. Ex.: crimes militares, federais,
eleitorais.
b) em razão da pessoa (ratione persone/funcionae): fixada em razão de prerrogativa de função.
c) em razão do território (ratione locii): em regra fixada em razao do delito ou pelo local do domicílio do acusado.
d) funcional: fixada conforme a função que cada órgão jurisdicional exerce no processo. Subdivide-se em:
- por fase do processo: de acordo com a fase em que o processo estiver um órgão jurisdicional diferente exercerá a
competência. Ex: procedimento bifásico do Tribunal do Júri.
- por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões a serem decidias
no processo. Ex: no Tribunal do Júri os jurados decidem matéria referente a existência do crime e autoria, enquanto
o juiz presidente é responsável pela fixação da pena.
- por grau de jurisdição: é a chamada competência recursal.
Alguns autores ainda dividem em competência horizontal (por fase do processo e por objeto do juízo) e vertical
(por grau de jurisdição).
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Competência em razão da matéria, em razão da pessoa Competência territorial, competência por distribuição e
e funcional. por prevenção
Ex: entre 94/95 foi o fato delituoso e em 98 ocorre o RD (art. 171, § 3, CP) na Justiça Federal, em 04 é prolatada a
sentença condenatória e em 07 TRF julga apelação. A competência para julgar este delito não é da Justiça Federal
(súmula 107 do STJ – compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das
guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal ). Perceba que neste caso o
lesionado é o cliente do banco e não o INSS. Assim, neste caso, foi violado o princípio do juiz natural, cuja
conseqüência é a nulidade absoluta. Todos os atos decisórios são nulos, anulando as causas interruptivas de
prescrição, ou seja, ocorreu a prescrição.
Guia de Fixação de Competência
Deve-se passar por ele sempre quando se estiver na dúvida quanto à competência.
A) Competência de jurisdição: qual é a justiça competente?
B) Competência originária: o acusado tem foro por prerrogativa de função?
C) Competência de foro ou territorial: qual é a Comarca competente?
Ex.: informativo 519 STF: cidadão liga do Rio de Janeiro para uma senhora em Santos constrangendo (extorsão
mediante seqüestro). De quem seria a competência territorial, Rio de Janeiro ou Santos? Em regra, em processo
penal é no local da consumação da infração, onde a vítima foi constrangida (Santos).
D) Competência de juízo: qual é a vara competente?
E) Competência interna ou de juiz: qual é o juiz competente?
Ex.: geralmente há um juiz titular e um substituto.
F) Competência recursal: para onde vai o recurso (qual o órgão recursal competente)?
Justiças Competentes:
Pode-se dividir a Justiça em especial e comum:
A) Justiça especial: dentre a Justiça especial há:
- Justiça Militar;
- Justiça Eleitoral;
- Justiça do Trabalho;
- Justiça Política ou Extraordinária (Senado).*
B) Justiça comum: subdivide-se em:
- Justiça Federal;
- Justiça Estadual (competência residual).
Justiça Militar:
Questões:
Num quartel da PM, um civil em concurso com um soldado estupram uma mulher. De quem é competência? Há
separação de processos. Na justiça civil Justiça comum Estadual; na militar para Justiça militar.
Soldado do exercito abandona seu posto de serviço e com um fuzil; que portava pratica delito de roubo contra
uma padaria. De quem é competência? Com a revogação do art. 9º, II, f pela Lei n. 9.299/96, crime praticado por
militar fora do serviço com arma da corporação é da competência da Justiça Comum. Nesse exemplo, o crime de
roubo seria julgado pela justiça estadual, enquanto que o crime de abandono de posto seria julgado pela JMU (HC
90279).
Crime militar praticado por PM em outra unidade da federação. De quem é competência? Súmula 78 STJ:
78. Compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade
federativa.
Ex.: crime praticado por PM de São Paulo que integra Força Nacional de Segurança do Rio de Janeiro (são
policiais de várias corporações). Cuidado: não confundir Força Nacional contra Força Federal, a competência é da
Justiça Estadual conforma a súmula 78 STJ.
Ex.: crime de abuso de autoridade, crime ambiental ou de tortura praticado por militar em serviço. Esses 3
crimes NÃO são crimes militares, estão previstos em legislações especiais. Portanto, são da competência da Justiça
Comum.
Abuso de autoridade em concurso com lesão corporal leve praticado por militar em serviço. Ex.: velhinha ladra:
há dois crimes: abuso e lesão. A lesão corporal é crime militar sendo julgada pela JM; porém o abuso de autoridade
é crime comum, que será julgado pela Justiça Comum. Haverá a separação de processos. Súmula 90 STJ:
90. Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à (Justiça) Comum pela prática
do crime comum simultâneo àquele.
Súmula 53 STJ:
53. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.
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47. Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar contra civil, com emprego de arma pertencente à corporação,
mesmo não estando em serviço.
Ex.: crime de homicídio doloso praticado por militar contra civil a competência é do Tribunal do Júri. O STM
ainda resiste a isso porque entende que se é militar em serviço matando civil deve ser julgado pela JM, mas o art.
9º, parágrafo único, da Lei n. 9.299/96 alterou isso:
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça
comum.
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL MILITAR. PROCESSUAL PENAL MILITAR. CRIME DOLOSO PRATICADO POR
CIVIL CONTRA A VIDA DE MILITAR DA AERONÁUTICA EM SERVIÇO: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR PARA
PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL: ART. 9º, INC. III, ALÍNEA D, DO CÓDIGO PENAL MILITAR:
CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de ser constitucional o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de militar em serviço pela justiça castrense, sem a submissão
destes crimes ao Tribunal do Júri, nos termos do o art. 9º, inc. III, "d", do Código Penal Militar. 2. Habeas corpus denegado.
Desclassificação pelo Júri: se os jurados desclassificam a imputação (que não é crime doloso, e sim crime
culposo), de quem é a competência? Se é um crime culposo praticado por militar contra civil é crime militar, tem
que ser remetido para JM. Então, se os jurados desclassificam uma imputação de homicídio doloso praticado por
militar contra civil para homicídio culposo, a competência será da JM e não do Juiz Presidente.
Erro na execução: por exemplo, militar em serviço tenta atirar um outro militar, mas por erro na execução,
atinjo um civil fora do quartel. Cuidado: não se considera o erro na execução, ou seja, a vítima virtual. Na
competência não se considera critério de caráter subjetivo, o que interessa é quem morreu. Ex.: militar, com a
intenção de matar outro militar, desfere um tiro que, por erro na execução atinge um civil. Nesse caso, para fins de
competência não se leva em consideração a vítima virtual, razão pela qual cabe ao Tribunal de Júri processar e
julgar o delito (STJ, CC 27.368).
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS MILITAR E COMUM ESTADUAL. CRIME CONTRA A VIDA PRATICADO POR MILITAR.
VÍTIMA PRETENDIDA: MILITAR. SITUAÇÃO: VÍTIMA CIVIL. ABERRATIO ICTUS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM.
Ainda que tenha ocorrido a aberratio ictus, o militar, na intenção de cometer o crime contra colega da corporação, outro militar, na
verdade, acabou praticando-o contra uma vítima civil, tal fato não afasta a competência do juízo comum.
Conflito conhecido, declarando-se a competência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o suscitado.
(CC 27368/SP, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/10/2000, DJ 27/11/2000 p. 123)
Justiça Eleitoral:
Compete a ela processar e julgar os crimes eleitorais e conexos.
Questões:
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Crime eleitoral conexo a homicídio doloso. De quem é a competência? Há separação de processos. O crime
eleitoral é julgado pela Justiça eleitoral, ao passo que o delito de homicídio será julgado pelo Tribunal do Júri.
Crime praticado contra juiz eleitoral: cuidado: isso não é crime eleitoral. Nesse caso, a competência é da JF,
como é funcionário público federal.
Justiça do Trabalho:
Art. 114, IV da CRFB/88:
Com a EC 45, hoje, a JT tem uma competência criminal: julgar HC quando o ato examinado envolver matéria
sujeita a sua jurisdição.
Ex.: passei num concurso para juiz do trabalho. Quem processa e julga eventual HC impetrado contra ele? Só
julga quando envolver matéria sujeita a sua jurisdição, aqui não tem relação com a JT.
Ex. prisão do depositário infiel decretado por juiz do trabalho. Hoje essa prisão civil já está começando a cair.
A JT pode julgar um crime, por exemplo, contra a organização do trabalho? O STF entende que não há essa
competência. Para o STF, a JT não tem competência criminal genérica para processar e julgar delitos contra a
organização do trabalho (ADI 3684).
2 - ADI-MC 3684 / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a):
Min. CEZAR PELUSO Julgamento: 01/02/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-
08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00030 EMENT VOL-02283-03 PP-00495 LEXSTF v. 29, n. 344, 2007, p. 69-86Parte(s) REQTE.(S) :
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA REQDO.(A/S) : CONGRESSO NACIONAL
EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica.
Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de
inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos
pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais.
Atenção para a Lei 12.037 de 01 de outubro de 2009. O art. 3° revoga a Lei 10.054/xx sobre a identificação
criminal. Foi excluído o antigo rol de crimes que possibilitava a identificação criminal. Passando o art. 3º da
mencionada lei a prever as situações e não mais crimes. Ver art. 7° - retirada dos autos da identificação fotográfica.
A Lei 12.033/09 – traz novidade no sentido de que a injúria racial é pública condicionada a representação.
Justiça Federal:
As atribuições de polícia investigativa da polícia federal é diferente da competência criminal da justiça federal,
sendo a primeira mais ampla. Tudo o que é de competência da Justiça Federal é investigado pela polícia federal,
porém nem todo crime investigado pela policia federal será de competência da Justiça Federal. Ex.: roubo de
cargas, clonagem de cartões. Ver Lei 10.446/02.
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Tendo em vista que a CF/88 é conhecida por Constituição Cidadã o objetivo do inciso IV foi romper com o
período anterior (ditadura) em que esses crimes eram julgados pela Justiça Militar.
Crimes políticos são aqueles definidos na Lei n. 7.170/83 quando praticados com motivação política. (STJ
CC21625 e STF RC 1468)O art. 30 da mencionada lei não foi recepcionada pela CF.
Contra a sentença de juiz federal em crime político o recurso correto não é o de apelação, mas sim o Recurso
Ordinário Constitucional- ROC (art. 102, II, b – competência do STF).
B) Crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, autarquias federais e empresas
públicas federais:
Quando a CF menciona a União, deve ser entendido como a administração pública direta. Autarquias federais,
ex.: INSS, INCRA, BACEN, CVM, IBAMA, DENIT. Empresas públicas federais, ex.: BNDS, CEF, EBCT,
CASA DA MOEDA DO BRASIL.
Questões:
Crime praticado por meio da internet contra correntista da CEF. Pessoa que tem acesso aos dados do correntista
da CEF (conta São Paulo) passa a efetuar pagamento com débito na conta corrente, estando o réu na BA. O crime
mencionado é o de furto qualificado pela fraude, tendo como vitima a instituição financeira e o prejudicado o
correntista. A competência é da justiça federal, visto que a vítima é uma empresa pública. Consuma-se o delito de
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furto no local em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, ou seja, no exemplo dado, no local
onde mantida a conta corrente da qual foram subtraídos os valores STJ CC 67343).
Roubo contra casa lotérica: casas lotéricas são pessoas jurídicas de direito privado permissionárias de serviço
público federal, o que não atrai a competência da justiça federal.
Crimes contra os correios: Cuidado! Se o crime for praticado em detrimento de uma franquia dos correios,
competência da justiça estadual; se cometido contra a própria EBCT é de competência da justiça federal.
Crime praticado contra a CEF: é empresa pública, então, a competência é da JF;
INSS: é autarquia. É competência da JF.
Sociedade de Economia Mista (BB, Banco da Amazônia, Petrobras), a competência é da Justiça Estadual. O
mesmo raciocínio é utilizado para as concessionárias e permissionárias do serviço público. Ex. Crime de dano
contra telefone público pertencente à Telefônica. Súmula 42 STJ:
42. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento.
OBS.: O delito de concussão: exigir vantagem indevida – crime de concussão praticado por médico em hospital
privado credenciado ao SUS – jurisprudência entende que é da JE.
EBCT: funcionam por meio de franquia: tem que distinguir se é contra franquia ou contra própria EBCT. Se a
exploração for direta pela própria EBCT, a competência será da JF; porém, se o crime for praticado em detrimento
de franquia, a competência é da JE (STJ, HC 39.200).
HABEAS CORPUS. ROUBO PRATICADO EM AGÊNCIA DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT.
EXPLORAÇÃO DIRETA PELA EMPRESA PÚBLICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
1. Esta Corte Superior tem posição definida quanto à competência para processar e julgar crimes praticados contra agências Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT), fundando-se suas decisões na constatação da exploração direta da atividade pelo ente da
administração indireta federal - caso em que a competência seria da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso IV, da Constituição
Federal - ou se objeto de franquia, isto é, a exploração do serviço por particulares - quando então se verificaria a competência da Justiça
Estadual;
2. Ordem concedida para declarar nulo todo o processo perante a Justiça Estadual paulista, desde o recebimento da denúncia, com a
conseqüente remessa dos autos para a 3ª Vara Criminal Federal da Comarca de São Paulo, onde, noticia a impetração, houve apuração
inicial dos fatos.
Crime praticado contra fundação pública federal: é considerada espécie do gênero autarquia, logo, a
competência é da JF. EX.: Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Crime contra Conselho de fiscalização profissional: inicialmente eram entendidas como espécie de autarquia
federal, porém com o advento da Lei 9.649/98 determinava estas entidades ter personalidade de direito privado.
Houve grande discussão referente esta lei, visto se tratar de entidades que exercem o poder de policia de
fiscalização delegado do Estado o que não poderia ser feito por entidades privadas. Assim, na Adi 1.717 e a Lei
10.683/03, em seu art. 59, pacificou a matéria dizendo se tratar de espécie de autarquia federal. Porém caso o crime
seja cometido em face da um profissional ligado a este conselho o crime é de competência da justiça estadual.
Federal somente se for contra a própria entidade.
5 – CC 61121/SP
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO CONTRA MÉDICOS. UTILIZAÇÃO DE DADOS
CONSTANTE DE SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA PARA A FRAUDE. INTERESSE
GENÉRICO E REFLEXO DA AUTARQUIA FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. O bem jurídico tutelado no crime de estelionato é a inviolabilidade do patrimônio e o sujeito passivo é a pessoa enganada e que sofre o
prejuízo patrimonial, nada impedindo que haja dois sujeitos passivos: um que é enganado e outro que sofre o prejuízo patrimonial.
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2. Na hipótese de médicos serem enganados e lesados utilizando-se de dados constantes de sítio eletrônico mantido pelo Conselho Regional
de Medicina, o seu interesse na identificação e punição dos estelionatários seria genérico e reflexo, pois calcado na representação dos
interesses dos médicos, enquanto entidade de classe, ou na segurança de que os dados por ela disponibilizados não sejam utilizados por
meliantes na prática de infrações penais.
3. Verificado que a autarquia federal não foi ludibriada nem sofreu prejuízos, pois enganados foram os médicos que acreditaram nas
promessas fraudulentas e lesadas foram essas mesmas pessoas, resta afastada a competência da Justiça Federal.
4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito do Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária de São
Paulo – DIPO, ora suscitado.
(CC 61121/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/06/2007, DJ 06/08/2007 p. 463).
Crime praticado contra a OAB – ADI 3.026 o STF acabou reconhecendo a natureza ímpar da OAB, serviço
publico independente. Para fins criminais, considera-se como sendo autarquia, assim de competência da JF. Ex.:
falsificação de carteira da OAB.
208. Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão
federal.
209. Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal
OBS.: De modo a justificar a competência da JF o interesse deve ser particular, específico e direto; caso o interesse
seja meramente genérico a competência será da justiça estadual.
Ex.:
C) Contrabando ou descaminho (art. 334 CP): Iludir...descaminho: trazer mercadoria sem nota fiscal.
Art. 334. Importar ou exportar mercadoria proibida (contrabando, por exemplo: máquina de caça-níquel)ou iludir, no todo ou em parte, o
pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: (descaminho, por exemplo: mercadorias
sem nota fiscal)
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
Vai para JF, mas qual a seção judiciária competente, do local da entrada ou da apreensão do produto?
Teoricamente, deveria ser do local da entrada. A seção judiciária para processar e julgar o delito de contrabando ou
descaminho é a do local da apreensão do produto. Súmula 151 STJ:
151. A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do
lugar da apreensão dos bens.
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Apreensão de CDs pirateados. Caso não seja provada a origem estrangeira da mercadoria, estará apenas
caracterizado apenas o crime de violação de direito autoral, cuja competência é da JE.
D) Crime de moeda falsa – JF. Cuidado com a falsificação grosseira que não configura crime de moeda falsa, mas
crime de estelionato. Moeda falsa é aquela que não é capaz de enganar o homem médio. Ver Súmula 73 do STJ.
Rádio pirata (delito de desenvolvimento clandestino de telecomunicações), que está previsto no art. 183 da
Lei n. 9.472/97:
O art. 1° do ED instituiu o Sinarm que funciona na Polícia Federal. Os crimes previstos no ED possuem como
bem jurídico a incolumidade pública, assim, em regra, a competência para processar e julgar estes delitos é da JE,
visto que não são cometidos contra o Sinarm (União).
Mesmo em se tratando de arma de fogo de uso restrito das forças armadas ou de origem estrangeira a
competência continua sendo da JE (STJ CC28251).
OBS.: Pessoa pega na rua portando arma furtada do exército – porte: JE e a receptação Justiça Militar da União.
OBS.: Pessoa pega na rua portando arma furtada da PM – porte JE e receptação JE, visto que o civil não pode
responder perante a JME.
OBS.: Pessoa pega na rua portando arma furtada de Delegado Federal ao Policial Federal – porte a principio JE, só
que há conexão entre JE e JF, permanecendo o ultimo e a receptação JF.
Crime de falso testemunho na JT – Sumula 165 do STJ - JF; Crime de desacato contra juiz estadual no exercício da
função de juiz eleitoral - JF.
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Crime praticado por ou contra funcionário público federal quando o delito estiver relacionado ao exercício da
função (propter oficium): competência da JF porque há interesse da União. Súmula 147 STJ:
147. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o
exercício da função.
J) Crime cometido por funcionário público federal - tem que haver nexo funcional - JF
- Tráfico de influência – art. 332 do CP: será de competência da JF sempre que o funcionário público objeto da
suposta influência for federal.
- Abuso de autoridade (não é crime militar) – JF funcionário público federal por ato em razão de suas funções. Ex.:
militares que leram moradores de favela para facção rival.
l) Tribunal do Júri Federal: Ex.: crimes praticados por ou contra funcionário público federal em razão de suas
funções; crime de homicídio doloso for cometido a bordo de navio ou aeronave.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...)
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
Sempre que o crime for praticado dentro de bens da União ou que a União ou UBAMA tenha interesse será de
competência federal.
Ex.:
1) Extração ilegal de recursos minerais – JF. Crime de extração ilegal de recursos minerais, que está
previsto no art. 21 da Lei n. 7.805/89, os recursos minerais são bens da União, então, a
competência é da JF (art. 20, IX, CRFB/88).
2) Pesca de camarão no mar territorial em período de defeso – JF
3) Crime ambiental praticado no Rio Real (que faz a divisa entre os Estados da Bahia e de Sergipe):
rio que faz divisa entre dois Estados, pertence à União, logo o crime ambiental ali praticado, é
crime de competência da JF. O mesmo vale para o Rio Iguaçu. STF RE454.740.
4) Crime de cativeiro de animais da fauna exótica, sem nenhuma marcação ou comprovação de
origem – JF. Compete ao IBAMA conceder autorização de ingresso e posse de animais exóticos no
País.
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5) Crimes ambientais relacionados com organismos geneticamente modificados. Ex. cultivo de soja
transgênicas em desacordo com a legislação vigente. STJ CC entendeu que é de competência da
JF, porque compete a União o controle e manejo destes elementos geneticamente modificados.
6) Crime ambiental praticado no Pantanal Matogrossense, na Mata Atlântica, na floresta amazônica:
regra da JE, visto que são bens nacionais e não da União. O crime se tornará federal quando
praticado dentro de um bem da União, por exemplo, praticado em terras indígenas. Por isso é
importante conjugar o processo penal com o art. 20 da CRFB/88, que diz quais são os bens da
União:
Cuidado: floresta amazônica é um bem que pertence a toda nação brasileira, e não a União. O crime é de
competência da JE. Art. 225, §4º da CRFB/88:
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto
ao uso dos recursos naturais.
Fiscalização exercida pelo IBAMA: o fato do IBAMA ser responsável pela fiscalização, por si só, não atrai a
competência da JF.
02/11/2009
Segunda-feira
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CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. FURTO E RECEPTAÇÃO. BENS TOMBADOS POR ESTADOMEMBRO. BARRAS DE
TRILHO DA FERROVIA PERUS PIRAPORA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. Se os bens foram tombados por Estado-membro, em regra, possuem somente relevância regional, não ensejando a competência da
Justiça Federal.
2. Competência da Justiça Comum Estadual.
(CC 56102/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2006, DJ 23/10/2006 p. 256)
Competência para o delito de uso de passaporte falso: a competência é do juízo federal do local em que o
passaporte foi apresentado. Súmula 200 STJ:
200. O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se
consumou.
Falsificação de documentos: cuidado para não confundir o delito de falsificação com o delito de uso. Em
relação ao delito de falsificação, a competência será determinada pelo ente responsável pela emissão do
documento. Em relação ao crime de uso de documento falso, desde que não praticado pelo próprio autor da
falsificação, a competência será determinada pela pessoa prejudicada pelo uso do documento.
Assim, se deve constatar quem é responsável pela prática do delito.
Ex.: falsificação de carteira nacional de habilitação → JE (expedida pelo Detran, que é órgão estadual).
Ex.: falsificação de CPF → JF (emitido pela SRF) (STJ, HC 44.701).
CRIMINAL. HC. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO. CONEXÃO COM O CRIME DE ROUBO PRATICADO CONTRA A
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. NÃO-OCORRÊNCIA. FALSIFICAÇÃO DE CPF. EXPEDIÇÃO PELA SECRETARIA DA RECEITA
FEDERAL. ÓRGÃO DO MINISTÉRIO DA FAZENDA PERTENCENTE À ESTRUTURA DA UNIÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. DECLARAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA DO PROCESSO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
ESTATAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO AGENTE. ORDEM CONCEDIDA. Paciente condenado pela prática de crime de
falsificação de documento público, em razão de ter falsificado carteira de identidade e CPF, os quais, posteriormente, foram apresentados à
autoridade policial que lavrava auto de prisão em flagrante pela prática de crime de roubo contra a Caixa Econômica Federal. Alegação
de ocorrência de conexão entre o crime de falsidade de documento público e o crime de roubo praticado contra a Caixa Econômica
Federal, bem como de incompetência absoluta da Justiça estadual para julgar crime de falsidade de documento de CPF, cuja expedição é
feita pela Receita Federal. Não há que se falar em conexão, porquanto a falsificação de documento público já teria ocorrido quando,
posteriormente, o paciente apresentou os documentos falsos à autoridade policial. O documento de CPF é expedido pela Secretaria da
Receita Federal, órgão do Ministério da Fazenda, pertencente à estrutura da União Federal, configurando-se, pois, a hipótese prevista no
art. 109, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, a atrair a competência da Justiça Federal para o julgamento do processo. Tendo a
ação penal relativa ao delito de falsificação de documento de CPF sido julgada pela Justiça estadual, evidencia-se a nulidade processual,
decorrente da incompetência absoluta do Juízo processante, passível de ser declarada a qualquer tempo e em qualquer grau jurisdicional.
Precedente. Declarada a referida nulidade absoluta, imperioso se faz reconhecer, no presente caso, a ocorrência da extinção da
punibilidade do paciente, em razão da prescrição da pretensão punitiva estatal. Ordem concedida para declarar a nulidade do processo,
por incompetência absoluta do Juízo estadual, bem como a extinção da punibilidade do paciente, pela ocorrência da prescrição da
pretensão punitiva estatal, com a expedição de alvará de soltura em seu favor, se por outro motivo não estiver preso, estendendo-se, de
ofício, ao co-réu ADILSON NUNES DOS SANTOS, por se encontrar em situação processual idêntica à do paciente.
No caso do uso do documento se, por exemplo, o sujeito pega uma carteira de identidade e vai obter um
empréstimo junto a uma instituição bancária, analisa-se a instituição bancária prejudicada, sendo a competência da
JE. Isso desde que não seja o autor da falsificação, porque o uso pelo próprio autor da falsificação é mero
exaurimento.
Questão de concurso: cidadão é denunciado pelo crime de falsificação de Carteira da OAB e pelo delito de
estelionato contra uma instituição bancária qualquer. Onde ele será julgado? No âmbito penal, entende-se que a
OAB é uma autarquia, seria então de competência da JF, mas o crime de estelionato seria de competência da JE. O
que se faz? Havendo crimes conexos federais e estaduais prevalece a competência da JF. Súmula 122 STJ:
122. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando
a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal.
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17. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Logo, o estelionato (crime fim) absorve o crime meio. Então, o juiz acaba reconhecendo que a falsificação da
carteira da OAB foi meio para a realização do estelionato. Então, sobrou para o Juiz Federal somente o estelionato,
que é crime de competência da JE. Cuidado com a regra do art. 81 do CPP:
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou
tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará
competente em relação aos demais processos.
A competência é determinada no momento da propositura da ação, então, pouco importa que o crime
desapareça depois. (STJ, RHC 18.329).
Súmulas importantes:
- Súmula 31 TFR:
31. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de crime de falsificação ou de uso de certificado de conclusão de curso de 1º e 2º
graus, desde que não se refira a estabelecimento federal de ensino ou a falsidade não seja de assinatura de funcionário federal.
- Súmula 62 STJ:
62. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à
empresa privada,( desde que não ocorra prejuízo ao INSS).
Cuidado: o crime de falsificação de carteira de trabalho é de competência da JF; porém se imaginar crime de
falsa anotação na carteira de trabalho, a competência é da JE.
Se ocorrer prejuízo ao INSS, a competência é da JF.
- Súmula 104 STJ:
104. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento
particular de ensino.
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73. A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Sempre que se falar em falsificação é importante que ela tenha capacidade para enganar.
A falsificação mesmo grosseira às vezes engana alguém: é crime de estelionato, não é crime impossível pela
ineficácia absoluta do meio. Porém, como a falsificação era grosseira o crime não vai para JF, e sim para JE. Ex:
passar nota grosseiramente falsificada passada a comerciante do interior.
- Súmula 165 STJ:
165. Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.
JT só julga HC quando a matéria questionada estiver sujeita a sua jurisdição, nos demais casos, a competência é
da JF, porque é uma Justiça da União.
- Falsificação de carteira de habilitação de arrais amador (pilotar barco): quem emite esse documento é a Marinha
do Brasil. O STJ tem posicionamento segundo o qual se o crime atenta contra a Marinha, a competência é a JMU
(STJ, CC 41.960).
O STF tem um julgado recente, HC 90.451, entendendo que a competência seria da JF.
COMPETÊNCIA - JUSTIÇA MILITAR VERSUS JUSTIÇA FEDERAL STRICTO SENSU - CRIME DE FALSO - CARTEIRA DE
HABILITAÇÃO NAVAL DE NATUREZA CIVIL. A competência para julgar processo penal a envolver a falsificação de carteira de
habilitação naval de natureza civil é da Justiça Federal, sendo titular da ação o Ministério Público Federal.
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De acordo com o inciso V, não basta estar previsto, além disso, deve ter tido a sua execução iniciado no Brasil e
terminado fora, ou vice-versa.
Esse inciso V, para que a competência seja da JF, tem que conjugar 2 requisitos:
1) Crime previsto em tratado ou convenção internacional;
2) Internacionalidade territorial do resultado relativamente à conduta delituosa (o crime começou do Brasil e
terminou fora, ou vice-versa).
Ex.: tráfico internacional de drogas.
Cuidado: para que se possa considerar a substância entorpecente internacional, ela deverá ser considerada
entorpecente no país de origem e no Brasil.
Ex.: o lança-perfume não é considerado droga da Argentina.
Ex.: maconha na Holanda.
Tráfico internacional de drogas praticado em avião da FAB: a Constituição ressalva a competência da JM (por
exemplo, incisos I e IX), mas esse inciso não ressalva a competência da JM, assim, o STF entende que a
competência é da JF. Então, como o art. 109, V, da Constituição não ressalva a competência da JM, entendeu o
STF que a competência seria da JF. (STF, CC 7.087).
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA FEDERAL MILITAR DE PRIMEIRA INSTÂNCIA E JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA
INSTÂNCIA - AFASTAMENTO. Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual divergi, na companhia do Ministro Ilmar
Galvão, estando ausente, na ocasião, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, compete ao Superior Tribunal de Justiça, e não ao
Supremo Tribunal Federal, dirimir o conflito, enquanto não envolvido o Superior Tribunal Militar. CONFLITO DE COMPETÊNCIA -
JUSTIÇA FEDERAL MILITAR VERSUS JUSTIÇA FEDERAL - ENVOLVIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR -
AFASTAMENTO. A competência para dirimir o conflito é do Supremo Tribunal Federal, ante o fato de, em curso as ações penais
alicerçadas nos mesmos dados, o Superior Tribunal Militar haver conhecido e indeferido habeas corpus, versando sobre a custódia,
impetrado contra ato do Juízo da Circunscrição Militar. COMPETÊNCIA - TRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES -
CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE - DECRETO LEGISLATIVO Nº 5/64 - ÁREA, VEÍCULO E AGENTE MILITARES. A ressalva
constitucional da competência da Jurisdição Especializada Militar - incisos IV e IX - não se faz presente no inciso V do artigo 109 da
Constituição Federal. Cuidando-se de crime previsto em tratado ou convenção internacional, iniciada a execução no Brasil e o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente, a competência é da Justiça Federal estrito senso.
Crime de transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior: crime da JF, porque está previsto em
tratado ou convenção internacional e possui os requisitos da internacionalidade. Art. 231 CP:
Art. 231. Promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que venha exercer a prostituição ou a saída de
pessoa para exercê-la no estrangeiro:
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa.
Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de
computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Traficante manda fechar uma rua da favela (art. 197, II do CP): a jurisprudência entende que para que a
competência seja federal, ele tem que lesar toda uma coletividade, e não apenas uma localidade determinada. Tem
que lesar os direitos dos trabalhadores coletivamente. Súmula 115 TFR:
115. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização
geral do trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente.
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
o empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Cuidado: até pouco tempo era crime da JE, porém, os Tribunais acabaram alterando esse entendimento: hoje,
prevalece que é da competência da JF (STF, RE 398.041 e STJ, Resp 909.340).
RECURSO ESPECIAL. ART. 149 DO CÓDIGO PENAL. DELITO CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. ART. 109, INCISO VI,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPROVADA.
1. O acórdão recorrido diverge do atual posicionamento do Superior Tribunal de Justiça que se firmou no sentido de que o crime de
redução a condição análoga à de escravo por se enquadrar na categoria de delitos contra a organização do trabalho é de competência da
Justiça Federal, nos termos do art. 109, inciso VI, da Constituição Federal.
2. Recurso especial conhecido e provido.
Esses crimes somente serão da competência da JF nos casos determinados por lei.
Lei n. 7.492/86 (Lei do “colarinho branco”), no art. 26, determina que a competência é federal:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta Lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Súmula 4978
COMPETE À JUSTIÇA DOS ESTADOS, EM AMBAS AS INSTÂNCIAS, O PROCESSO E O JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A
ECONOMIA POPULAR.
COMPETÊNCIA - JUSTIÇA FEDERAL VERSUS JUSTIÇA COMUM - DROGA - TRANSPORTE AÉREO - APREENSÃO NO SOLO. O fato
de a droga haver sido transportada por via aérea não ocasiona, por si só, a competência da Justiça Federal. Prevalece, sob tal ângulo, o
local em que apreendida.
O avião precisa estar sobrevoando ou pode estar pousado? Pouco importa que a aeronave esteja pousada.
Roubo de valores transportados por aeronave:
Traficantes são presos no saguão de um aeroporto: se a prisão não foi feita a bordo da aeronave, a competência
é da JE.
Acidente da Gol com o jato Legacy: prevaleceu que a competência é da JF, por e fundamentos:
1) Em tese, o delito teria sido cometido a bordo de aeronave;
2) Trata-se de crime de atentado à segurança do transporte aéreo. Logo, atinge interesse da União.
Art. 261 do CP:
STJ, CC 72.283:
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. MEDIDA CAUTELAR INOMINADA. CRIME COMETIDO A BORDO DE AERONAVE.
INFRAÇÃO PENAL PRATICADA EM DETRIMENTO DE BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL (ART. 109, IX, E IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
1. Em se tratando de crime em tese praticado a bordo de aeronave ou em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, a competência
é da Justiça Federal, por força de comando constitucional.
2. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo Federal de Sinop/MT, o suscitante.
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H) Crime cometido contra índios:
Em regra, crime cometido por ou contra índio é da competência da JE.
Súmula 140 STJ:
140. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure autor ou vítima.
O crime vai para na JF quando esse delito envolver direitos indígenas, daí a competência será da JF. Art. 231 da
CRFB/88:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as
terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Delito de genocídio contra índios: é um crime que atenta contra direitos indígenas, logo, a competência é de JF
(Súmula 140 STJ). Mas é preciso lembrar que dentro da JF, quem julga o crime é um Juiz Singular Federal.
O erro comum é achar que para praticar o genocídio tenha que matar, mas esse não é o único meio de praticar o
genocídio. Pode, por exemplo, dar um anticoncepcional para não existir mais nascimentos na tribo. Lei 2.889/56,
art. 1º:
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
Será punido:
com as penas do artigo 121, § 2º do Código Penal, no caso da letra a;
com as penas do artigo 129, § 2º, no caso da letra b;
com as penas do artigo 270, no caso da letra c;
com as penas do artigo 125, no caso da letra d;
com as penas do artigo 148, no caso da letra e.
Mas se matar o índio? O genocídio absorve os homicídios (incide o princípio da consunção)? Não absorve,
responde por todos os crimes. Nesse caso, os homicídios são julgados por um Tribunal do Júri Federal, e esses
homicídios exercem força atrativa ao crime de genocídio.
Em regra, o crime de genocídio contra índios é da competência de um Juiz Singular Federal, pois não se trata de
crime doloso contra a vida, mas sim de delito que tutela a existência de grupo racial, étnico, nacional ou religioso.
Todavia, se o delito de genocídio for praticado mediante morte de membros do grupo, responde o agente pelos
crimes de homicídio (em continuidade delitiva) em concurso formal impróprio com o delito de genocídio. Nesse
caso, os delitos de homicídio serão julgados por um Tribunal do Júri Federal, que exercerá força atrativa em
relação ao crime conexo de genocídio. (STF, RE 351.487)
1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal da existência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a
que pertence a pessoa ou pessoas imediatamente lesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime contra a diversidade
humana como tal. Consumação mediante ações que, lesivas à vida, integridade física, liberdade de locomoção e a outros bens jurídicos
individuais, constituem modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, e do art. 2º da Convenção contra o Genocídio,
ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delito de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou
transindividual, figurado na existência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também ser
ofensivas a bens jurídicos individuais, como o direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade de locomoção etc.. 2. CONCURSO
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DE CRIMES. Genocídio. Crime unitário. Delito praticado mediante execução de doze homicídios como crime continuado. Concurso
aparente de normas. Não caracterização. Caso de concurso formal. Penas cumulativas. Ações criminosas resultantes de desígnios
autônomos. Submissão teórica ao art. 70, caput, segunda parte, do Código Penal. Condenação dos réus apenas pelo delito de genocídio.
Recurso exclusivo da defesa. Impossibilidade de reformatio in peius. Não podem os réus, que cometeram, em concurso formal, na execução
do delito de genocídio, doze homicídios, receber a pena destes além da pena daquele, no âmbito de recurso exclusivo da defesa. 3.
COMPETÊNCIA CRIMINAL. Ação penal. Conexão. Concurso formal entre genocídio e homicídios dolosos agravados. Feito da
competência da Justiça Federal. Julgamento cometido, em tese, ao tribunal do júri. Inteligência do art. 5º, XXXVIII, da CF, e art. 78, I, cc.
art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal. Condenação exclusiva pelo delito de genocídio, no juízo federal monocrático. Recurso exclusivo
da defesa. Improvimento. Compete ao tribunal do júri da Justiça Federal julgar os delitos de genocídio e de homicídio ou homicídios
dolosos que constituíram modalidade de sua execução.
I) Execução penal:
Cidadão condenado pela JF, recolhido em prisão estadual, qual será o juízo das execuções? Prevalece que a
natureza do presídio determina o Juízo das Execuções. Súmula 192 STJ:
192. Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou
Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
Cuidado: antigamente não existia presídio federal, agora já existe o contrário da Súmula. Neste caso, como o
presídio é federal, a competência é da JF.
a) Requisitos:
1) Crime praticado com grave violação aos direitos humanos;
2) Risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
Brasil seja signatário, em virtude da negligência do Estado-membro em proceder a persecução penal.
Não tem relação com a eficiência ou ineficiência da JE, tem relação com a aceitação à submissão à Corte
Internacional de Direitos Humanos. (STJ, IDC 01)
CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO. (VÍTIMA IRMÃ DOROTHY STANG).
CRIME PRATICADO COM GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA –
IDC. INÉPCIA DA PEÇA INAUGURAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA. PRELIMINARES REJEITADAS.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E À AUTONOMIA DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. RISCO DE DESCUMPRIMENTO DE TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELO BRASIL SOBRE A
MATÉRIA NÃO CONFIGURADO NA HIPÓTESE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO.
1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da vítima e/ou da repercussão do fato no cenário nacional ou
internacional, representa grave violação ao maior e mais importante de todos os direitos do ser humano, que é o direito à vida, previsto no
art. 4º, nº 1, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário por força do Decreto nº 678, de 6/11/1992,
razão por que não há falar em inépcia da peça Inaugural.
2. Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil que o constituinte derivado tenha optado por não definir
o rol dos crimes que passariam para a competência da Justiça Federal, sob pena de restringir os casos de incidência do dispositivo (CF,
art. 109, § 5º), afastando-o de sua finalidade precípua, que é assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais firmados pelo Brasil sobre a matéria, examinando-se cada situação de fato, suas circunstâncias e peculiaridades
detidamente, motivo pelo qual não há falar em norma de eficácia limitada. Ademais, não é próprio de texto constitucional tais definições.
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3. Aparente incompatibilidade do IDC, criado pela Emenda Constitucional nº 45/2004, com qualquer outro princípio constitucional ou com
a sistemática processual em vigor deve ser resolvida aplicando-se os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
4. Na espécie, as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na apuração dos fatos que resultaram na morte da missionária norte-
americana Dorothy Stang, com o objetivo de punir os responsáveis, refletindo a intenção de o Estado do Pará dar resposta eficiente à
violação do maior e mais importante dos direitos humanos, o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a
Justiça Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do processo criminal e atrasar o seu desfecho,
utilizando-se o instrumento criado pela aludida norma em desfavor de seu fim, que é combater a impunidade dos crimes praticados com
grave violação de direitos humanos.
5. O deslocamento de competência – em que a existência de crime praticado com grave violação aos direitos humanos é pressuposto de
admissibilidade do pedido – deve atender ao princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido
estrito), compreendido na demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de condições reais do Estado-membro, por suas
instituições, em proceder à devida persecução penal. No caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que se acolha o
incidente.
6. Pedido indeferido, sem prejuízo do disposto no art. 1º, inc. III, da Lei nº 10.446, de 8/5/2002.
122. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando
a regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal.
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles
por crimes comuns e de responsabilidade.
AÇÃO PENAL. QUESTÕES DE ORDEM. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA IMPUTADO A PARLAMENTAR FEDERAL.
COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL VERSUS COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. NORMA
CONSTITUCIONAL ESPECIAL. PREVALÊNCIA. RENÚNCIA AO MANDATO. ABUSO DE DIREITO. NÃO RECONHECIMENTO.
EXTINÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STF PARA JULGAMENTO. REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. 1. O réu, na
qualidade de detentor do mandato de parlamentar federal, detém prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal, onde deve ser
julgado pela imputação da prática de crime doloso contra a vida. 2. A norma contida no art. 5º, XXXVIII, da Constituição da República,
que garante a instituição do júri, cede diante do disposto no art. 102, I, b, da Lei Maior, definidor da competência do Supremo Tribunal
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Federal, dada a especialidade deste último. Os crimes dolosos contra a vida estão abarcados pelo conceito de crimes comuns. Precedentes
da Corte. 3. A renúncia do réu produz plenos efeitos no plano processual, o que implica a declinação da competência do Supremo Tribunal
Federal para o juízo criminal de primeiro grau. Ausente o abuso de direito que os votos vencidos vislumbraram no ato. 4. Autos
encaminhados ao juízo atualmente competente.
3) crime cometido durante o exercício funcional: súmula 394 do STF (cometido o crime durante o exercício prevalece a
competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele
exercício), que foi cancelada em 25/08/99; o STF alterou seu entendimento, passando a dizer que a prerrogativa é em
razão da função.
Lei nº 10.628/02 alterou o art. 84 do CPP:
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles
por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)
§ 1o (Vide ADIN nº 2797)
§ 2o (Vide ADIN nº 2797)
Esse §1º ressuscita a súmula de 394 do STF. E o §2º inova trazendo o foro por prerrogativa de função para a
ação de improbidade administrativa (que possui natureza civil), sendo que esta competência somente existe em
razão de ações criminais e não cível.
Contudo, ambos foram alvos da ADI 2797, pelo qual o STF declarou a inconstitucionalidade dos dois
parágrafos, pois não é dado ao legislador ordinário fazer uma interpretação autêntica da CF. A publicação desta
ADI se deu em 19/12/06.
Portanto, cessado o exercício da função cessa o foro por prerrogativa de função.
4) crime cometido após o exercício funcional: não tem direito a foro com prerrogativa de função (súmula 451 do
STF – a competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessão definitiva do exercício
funcional).
5) pouco importa o local da infração: membros do MPU que atuam na primeira instância são julgados pelo
respectivo TRF (art. 108, CF - Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os
juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade,
e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral ), salvo nos crimes eleitorais.
OBS: Crime cometido por Procurador-Regional da República: atua perante o TRF, julgado pelo STJ.
6) acusado com foro por prerrogativa de função não tem direito ao duplo grau de jurisdição: a ser entendido como a
possibilidade de um reexame integral da sentença de primeiro grau e que esse reexame seja confiado a órgão
diverso do que a proferiu. Todavia, na hipótese de promotor de justiça julgado pelo TJ, nada impede a interposição
dos denominados recursos extraordinários (RHC 79785, STF).
7) foro por prerrogativa de função e homicídio doloso: se o foro por prerrogativa de função estiver estabelecido
exclusivamente na Constituição Estadual, não prevalece sobre a competência constitucional do Tribunal do Júri.
Súmula 721 do STF (a competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusivamente pela CE).
Deputado Estadual tem foro por prerrogativa de função? Tem, julgado no TJ, mas onde está previsto? Duas
correntes:
1ª corrente (Eugênio Pacelli de Oliveira): o deputado estadual tem foro previsto na CF, porque por paralelismo com
o deputado federal e art. 27, § 1º, CF ( § 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
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desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.).
2ª corrente (Nucci e Auri Lopes Junior): deputado estadual só tem foro se previsto na CE. Segundo o professor,
para concurso esta é a melhor opção.
OBS: STF, HC 69325 – crime cometido em co-autoria com titular de foro por prerrogativa de função: súmula 704
do STF – mesmo nas hipóteses de conexão e continência é possível a separação dos processos – art. 80, CPP:
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o
juiz reputar conveniente a separação.
Hipóteses de co-autoria:
A regra é que se praticado um crime por particular em co-autoria com titular de foro por prerrogativa de função
sejam, ambos, julgados pela tribunal de maior hierarquia (Sumula 704 do STF).
Porém há exceção quando o crime for doloso contra a vida, visto que o que determina a aglutinação do processo
é a continência, prevista em lei ordinária, qual seja, art. 77, I do CPP. Deputado será julgado pelo STF enquanto o
particular será julgado pelo Tribunal do Júri (previsão constitucional). Atenção! Existe uma crítica doutrinária no
sentido de que a sumula 704 do STF não garante o duplo grau de jurisdição àquele que não possui foro por
prerrogativa de função. O duplo grau de jurisdição está previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos e a
regra da continência esta prevista em lei ordinária, qual seja, CPP.
A reunião de processos previstos na Sumula 704 não é obrigatória. Segundo o professor, o ideal é que haja a
separação dos processos visando a celeridade e efetividade da prestação jurisdicional.
Desembargador pratica crime em co-autoria com promotor de justiça: o STF entendeu que prevalece o Tribunal
de maior hierarquia – súmula 704 do STF (HC 91437), mesmo cada um possuindo foro por prerrogativa de função.
- procedimento a ser observado no caso de foro por prerrogativa: é um procedimento especial da lei nº. 8038/90:
a) é designado um desembargador ou um ministro relator para acompanhar e presidir as investigações (art. 2º);
b) existe defesa preliminar (é aquela que se dá entes do oferecimento e do recebimento da peça acusatória, tendo
como objetivo o de evitar a instauração de lides temerárias) – art. 4º.
c) é possível o julgamento antecipado da lide quando o tribunal entender que independentemente de outras provas
já é possível reconhecer a improcedência da acusação (art. 6º) – hoje a absolvição sumária (art. 397, CPP) que foi
inserida pela nova lei, tem sido chamada por alguns doutrinadores de julgamento antecipado da lide.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado
quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
9) exceção da verdade: procedimento incidental previsto em crimes contra a honra por meio do qual o querelado
objetiva comprovar a veracidade de sua imputação. Se for oposta exceção da verdade, e admitida pelo juiz de
primeira instância, compete ao Tribunal respectivo seu julgamento, quando o querelante for titular de foro por
prerrogativa de função (art. 85, CPP). Quando o querelante possuir foro por prerrogativa de função, ao respectivo
tribunal caberá o julgamento da exceção da verdade oposta em relação ao crime de calúnia, cabendo sua admissão
e instrução ao juiz de primeira instância. Segundo o STF este procedimento somente se aplica ao crime de calúnia e
para a difamação, somente se a conduta caracterizar contravenção penal. Este mesmo procedimento aplica-se aos
pedidos de explicações (art. 144 do CP) – casos de afirmações dúbias.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade.
CUIDADO!! A admissão e instrução da exceção da verdade serão feitas na primeira instância, cabendo ao
respectivo tribunal única e exclusivamente o seu julgamento.
Casuísticas:
1) Membros do CNJ e CNMP: em relação aos crimes de responsabilidade serão julgados pelo Senado (art. 52, II da
CF). O constituinte quando da EC/45 não tratou da competência para julgar os membros destes Conselhos quando
se tratar de crime comum. Os cidadãos e os advogados que compõe o CNJ (art. 103-A da CF), não possuem foro
por prerrogativa de função.
2) Membros do MP e da Magistratura: membros do MP estadual são julgados pelo respectivo TJ, salvo em relação
a crimes eleitorais quando serão julgados pelo TER. Atenção! Regra também usada para os procuradores de justiça
(promotores em segundo grau). Vide art. 96, III da CF. Membros do MPU que atuam na primeira instância são
julgados pelo respectivo TRF, salvo em relação a crimes eleitorais (serão julgados pelo TER). O promotor do
MPDFT é julgado pelo TRF que é o da primeira região. Já o juiz do DF é julgado pelo TJDFT. Membros do MPU
que atuam perante tribunais são julgados pelos STJ, inclusive em relação a crimes eleitorais. Os juízes estaduais
são julgados por seu TJ, salve em relação a crimes eleitorais. Juízes da União (Federais, Trabalho e União) serão
julgados pelo respectivo TRF.
3) suplente de Senador: não tem foro; tem mera expectativa de ter foro, ou seja, só quando assumir (Inq. 2453).
4) deputado federal licenciado: não tem direito a foro por prerrogativa de função.
5) juiz aposentado compulsoriamente em processo administrativo: não tem foro por prerrogativa de função (STF,
HC 89677).
6) juiz de primeiro grau convocado para atuar como desembargador: será julgado pelo TJ (STJ, HC 86218).
7) TSE: no art. 22, d, do Código Eleitoral – a maioria da doutrina entende que este artigo não foi recepcionado pela
CF. Os ministros do TSE serão julgados pelo STF.
8) prefeitos municipais: de acordo com o art. 29, X, CF são julgados pelo TJ:
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Crimes comuns, inclusive doloso contra a vida é competência do TJ e não do Tribunal do Júri. Se praticar crime
federal é julgado pelo TRF; se praticar crime eleitoral é julgado pelo TER; se praticar crime de responsabilidade
será julgado pela Câmara Municipal. Vide Súmula 702 do STF; se praticar crime militar federal será julgado pelo
STM.
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9) vereador: em alguns Estados eles possuem (PI e RJ). Na maioria, portanto, não tem foro por prerrogativa.
10) súmula 396, STF: casos de exceção da verdade – que continua a ser julgada pelo TJ mesmo que o prefeito não
seja reeleito. Perdeu sua validade diante do cancelamento da sumula 394, STF.
Competência territorial:
M) e se o local da consumação da infração não for conhecido? Crime de roubo próprio de violência imprópria em
ônibus em movimento. Se determina pelo local do domicílio do acusado.
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência (violência imprópria):
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N) nos casos de exclusiva ação privada o querelante pode escolher entre o local da consumação e o local do
domicílio do réu (foro de eleição).
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando
conhecido o lugar da infração.
O) Crime a distancia ou espaço máximo: a ação ou omissão ocorre no território nacional e o resultado no
estrangeiro, ou vice-versa. Ex.: Crimes ocorridos na fronteira. Quanto a competência territorial – art. 70, § 1° e 2º
do CPP.
P) Falso testemunho em carta precatória: A competência para julgamento é do Juízo Deprecado. Quem a princípio
analisa esta situação da falsidade é o Juízo Deprecante.
Conexão e continência:
Não são regras de fixação, mas, sim, de alteração da competência.
Efeitos:
1) processo e julgamento único (celeridade e economia processual);
2) um juízo exercerá força atrativa em relação ao outro.
PROVAS
1. Terminologia da prova:
1.1- Conceito:
Conceito de prova sob 3 prismas:
1) Como atividade probatória: ato ou complexo de atos que tendem a formar a convicção da entidade decidente
sobre a existência ou não de uma situação fática. São todas as atividades para tentar formar a convicção do
magistrado. As partes tem direito à prova (rigth to evidence). O direito a prova é um desdobramento lógico do
direito de acao, razão pela qual o mandado de segurança é o remédio a ser utilizado pela parte na hipótese de
indeferimento da produção de determinada prova.
2) Como resultado: consiste na convicção da entidade decidente quanto à existência ou não de uma situação fática,
formada no processo. Ao final do processo, ter-se-á a prova como resultado, ou seja, se conseguiu ou não formar a
convicção do magistrado.
3) Como meio: são os instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de uma situação
fática.
Destinatário da prova:
Todos aqueles que devem formar sua convicção no processo penal. É a chamada entidade decidente (juiz ou
tribunal). Como o MP é titular da ação penal pública, pode se dizer que na fase pré-processual as provas também
tem como finalidade formar a convicção do MP (posicionamento para quem irá fazer prova para o MP), para os
demais concursos não adotar este posicionamento.
A prova é aquela produzida em contraditório, colhida na fase processual. No inquérito são apenas produzidos
elementos informativos.
Sujeitos da prova:
Pessoas responsáveis pela produção da prova.
Fonte de prova:
1) Tudo aquilo que indica algum fato ou afirmação que necessita de prova (onde vai ser buscado). A peça
acusatória é o melhor exemplo de fonte de prova. (professor reputa o entendimento mais acertado).
2) São as pessoas ou coisas das quais se podem conseguir as provas.
Meios de prova:
São os instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de uma situação fática.
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No processo penal vige o princípio da liberdade das provas (numerus apertus) e não da taxatividade das provas
(numerus clausus), porém não se pode admitir provas ilícitas e as provas imorais. No processo penal podem ser
utilizados quaisquer meios de prova, ainda que não especificados na lei, desde que não sejam ilegais,
inconstitucionais ou imorais (gravação de conversa de advogado orientando cliente).
Provas nominadas:
São aquelas previstas no CPP e na legislação especial (interceptação telefônica).
Provas inominadas:
São aquelas não previstas no CPP.
Prova típica:
É uma prova que possui procedimento probatório específico. Ex.: prova testemunhal que é nominada e típica.
Prova atípica:
É aquela que não possui procedimento probatório específico. Ex.: reconstituição do crime, art. 7°, que é prova
nominada, mas atípica.
Prova anômola:
É aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhes são próprios, com características de outra prova típica.
Ou seja, há meio de prova expressamente previsto para a colheita da prova. Entretanto, ignora-se este meio de
prova típica, valendo-se de outro meio de prova. Ex. prova que deveria ser testemunhal é substituída pela juntada
de declarações.
Esta prova anômola consiste em uma deformação do sistema, não devendo ser aceita, ao contrário da prova
atípica, que é admitida no processo penal.
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Os meios de prova referem-se a uma atividade endoprocessual, que se desenvolve perante o juiz com a presença
das partes. Caracterizam-se pelo contraditório e a ampla defesa.
Os meios de investigação são certos procedimentos, em geral, extraprocessuais regulados pela lei e tem como
objetivo a busca de provas materiais. Podem ser produzidos por funcionários distintos do juiz. Tem como uma das
características a surpresa.
A busca e apreensão é colocada no CPP como meio de prova, porém ela é na verdade uma meio de
investigação, ou seja, de obtenção de provas.
Objeto da prova:
Chamado thema probandum – são os fatos que interessam a solução da causa.
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Prova direta:
É aquela que recai diretamente sobre a afirmação feita no processo.
Prova indireta:
Provada a existência de um fato, chega-se a conclusão acerca da existência de outro, por meio de indução ou
raciocínio lógico. Ex. testemunha não viu o crime ser competido, mas vê o acusado com vestígios de ter praticado
o crime. Este é o conceito de indício.
Indício:
Pode ser usada em dois sentidos. Ora como sinônimo de prova indireta e ora como sinônimo de prova
semiplena.
a) Prova indireta – art. 239 do CPP- indícios contundentes autorizam um decreto condenatório (ex. caso Nardoni).
b) Prova semiplena: significado geralmente não citado pela doutrina. É aquela com menor valor persuasivo (ex.
significado da palavra “indício” no art. 312 do CPP).
Prova emprestada:
É utilização da prova em processo distinto daquele em que foi produzida.
Ingressa no outro processo pela via documental (extração de cópias), mas tem o mesmo valor da prova testemunha,
ou seja, apesar do transporte ser feito pela forma documental, seu valor é o mesmo da prova originalmente
produzida.
É possível a utilização da intercepção telefônica em processo administrativo ou cível/ou crimes punidos com
detenção? R.: Em que pese a lei da interceptação prever apenas a hipótese de ser utilizada em processos criminais,
e de crimes punidos com reclusão, tribunais tem se manifestado que seria possível como prova emprestada.
Aula dia 02/12/2009
Quarta-feira
a) Princípio da presunção de inocência: é mencionado desde a obra de Beccaria. Ele passa a constar das
principais declarações de direitos humanos, como a Convenção Americana de Direitos Humanos – art. 8°, § 2°. É
inocente enquanto não for legalmente comprovada a sua culpa, daí conclui-se que para a CADH seria possível
entender que a presunção de inocência seria extensiva ao julgamento de recurso por um tribunal de apelação. A CF
em seu art. 5°, LVII prevê a presunção de não-culpabilidade até o trânsito em julgado. Porém, para o STF apesar
dos recursos extraordinários não serem dotados de efeito suspensivo (art. 637 do CPP e art. 27, § 2º da Lei
8.038/90), em virtude do princípio de presunção da não-culpabilidade, o indivíduo não poderá ser recolhido à
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prisão enquanto não se der o trânsito em julgado de sentença condenatória, salvo se a prisão tiver natureza cautelar.
Do princípio da presunção de inocência derivam duas regras fundamentais:
1) Regra probatória ou de Juízo: aquele que acusa (parte acusatória) tem o ônus de comprovar a prática da
infração penal pelo acusado, sendo que em caso de dúvida deve o juiz absolver o acusado. Esta regra
probatória consagra o jargão in dúbio pro reo. Atenção! Como a revisão criminal tem como pressuposto
o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, caso subsista a dúvida, deve o
tribunal julgar improcedente o pedido, visto que o princípio da presunção da inocência é aplicado até o
trânsito em julgado da sentença, assim o princípio utilizado na revisão criminal é o in dubio contra
reum.
2) Regra de tratamento: durante as investigações e o processo penal o acusado deve ser tratado como
inocente. A prisão durante o processo viola o princípio da presunção da inocência? R.: O princípio da
presunção de inocência não é incompatível com prisões cautelares, desde que estas não percam seu
Carter excepcional, sua qualidade de instrumento para assegurar a eficácia do processo e que se mostrem
necessárias no caso concreto.
b) Princípio da busca da verdade pelo juiz: alguns doutrinadores preferem a terminologia princípio da verdade
real ou material, sendo este diametralmente oposto ao princípio da verdade formal, sendo este último aplicado de
forma clássica no processo civil. No processo penal em virtude da liberdade de locomoção em disputa, cabe ao juiz
a busca da verdade durante o curso do processo, devendo fazê-lo de maneira complementar, subsidiário. O que não
se pode admitir é que o juiz substitua as partes na produção das provas, juiz inquisidor. Vide art. 212 do CPP.
c) Princípio do contraditório: Ciência bilateral que visa contrariar afirmações através da produção de provas –
art. 479 do CPP.
Pode ser exibido vídeos no Plenário do Júri? R.: Vídeos podem ser exibidos aos jurados desde que juntados com
três dias úteis de antecedência, dando-se ciência à parte contrária.
d) Principio do nemo tenetur se detegere: o acusado não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Sua
origem está ligado à defesa técnica. O direito ao silêncio é um desdobramento deste princípio. Está previsto na
CADH, art. 8°, § 2°, g. São desdobramentos deste princípio:
1) Direito ao silêncio: está previsto expressamente no art. 5°, LXIII da CF, sendo a expressão usada “o preso”.
Quem é o titular do direito ao silêncio? R.: Titular do direito ao silêncio não é somente quem está preso, mas
qualquer pessoa sobre a qual recaiam suspeitas da prática de um ilícito criminal.
- Testemunha: enquanto ouvida como testemunha tem a obrigação de dizer a verdade sob pena de responder
por falso testemunho, porém, se das respostas da testemunha puder resultar auto-incriminacao, passa a ter direito
ao silêncio.
- Abrangência do direito ao silêncio:
Direito de ficar calado.
Tolera-se a mentira (no Brasil não há crime de perjúrio) – sendo tolerada a mentira defensiva, ex. contar a
história de um álibi qualquer. Se o acusado imputar a alguém a prática de um delito falsamente (mentira
agressiva), responde pelo crime de denunciação caluniosa. Vide art. 186 do CPP. O art. 198, em sua parte
final, não foi recepcionado pela CF.
- Tribunal do Júri: Com a Lei 11.689/08 o julgamento poderá ser realizado mesmo sem a presença do acusado,
ainda que em relação a crime inafiançável. Caso o acusado opte por fazer uso do direito ao silencio, isso não
pode ser usado como argumento de autoridade para convencer os jurados (art. 478 do CPP).
- Informação quanto ao direito ao silêncio: (art. 5°, LXIII da CF) – para o STF gravacoes feitas pela imprensa
ou de conversa informal do preso com policiais, sem a advertência formal e expressa quanto ao direito ao
silencio, torna ilícita a prova que contra si produza o acusado (STF – HC 80.949). Em que consiste o aviso de
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Miranda? R.: Surge em um precedente da Suprema Corte Norte Americana “Miranda v. Arizona” de 1966,
neste julgado foi criado a regra do Miranda Rigths/Warnings. Nenhuma validade pode ser dada as declarações
feitas pela pessoa à polícia, sem que antes tenha sido informada de: 1) Tem o direito de não responder; 2) Tudo
o que dizer pode ser usado contra ela; 3) Tem direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. Este
aviso não é aplicado no Brasil, porém o julgado do STF acima mencionado tem origem no Aviso de Miranda.
a) Reconstituição do crime: estão protegidos pelo nemo tenetur, visto que o comportamento é ativo. Assim, o
acusado não é obrigado a participar da reconstituição.
b) Fornecimento de material para exame grafotécnico: estão protegidos pelo nemo tenetur, visto que o
comportamento é ativo. Assim, o acusado não é obrigado fornecer material para exame grafotécnico, sendo
que também pode escrever de maneira diferente.
c) Reconhecimento de pessoas: não há nenhum comportamento ativo por parte do acusado/investigado,
portanto o reconhecimento não está acobertado pelo princípio do nemo tenetur se detegere.
- Não é possivel a condução coercitiva do acusado para interrogatório, ante o direito ao silêncio, salvo quando
haja necessidade de reconhecimento do réu.
3) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora que envolva o seu corpo humano.
- Diferença entre provas invasivas e não invasivas. As provas invasivas é aquela que envolve o corpo humano e
implica na utilização ou extração de alguma parte dele – depende do consentimento do acusado. A prova não
invasiva consiste numa inspeção ou verificação corporal, não implicando na extração de nenhuma parte do
corpo humano – não depende do consentimento do acusado. Conclui-se que as provas invasivas estão
protegidas pelo princípio do nemo tenetur.
Cuidado para não confundir o crime do art. 306 do CTB com a infração administrativa do art. 277, § 3º do mesmo
diploma legal. Para uma primeira corrente o principio do nemo tenetur somente se aplica no processo penal, razão
pela qual o art. 277, § 3° é plenamente válido. Para a segunda corrente, por sua vez, diz que o princípio também se
aplica no âmbito administrativo, razão pela qual o art. 277, §3° é incompatível com a CADH (professor é adepto da
primeira corrente).
OBS.: Fio de cabelo: uma coisa é a produção forcada de prova invasiva, o que não é permitido (arrancar o fio de
cabelo); outra coisa é aquela prova produzida voluntária ou involuntariamente para outra finalidade, a qual é
permitida (cabelo encontrado caído no chao).
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OBS.: O lixo dentro de casa está protegido pela inviolabilidade de domicílio, perdendo esta protecao quando
descartado na rua.
- Caso Glória Trevi (Reclamação 2040) – placenta descartada pode ser usada para realização de exame de DNA.
e) Princípio da proporcionalidade
e.1- Da adequação – a medida imposta deve ser idônea para atingir o fim proposto (relação de meio e fim).
e.2- Da necessidade – entre as medida idôneas a atingir o fim proposto, deve-se adorar a menos gravosa.
e.3- Da proporcionalidade em sentido estrito – entre os valores em conflito, deve o juiz dar preponderância aquele
de maior relevância.
- Pode se utilizar do principio da proporcionalidade e admitir provas ilícitas no processo? R.: Em favor do acusado
não há duvida alguma, se conseguir com tal prova provar a sua inocência. Parte da doutrina também admite provas
ilícitas para salvaguardar a sociedade de organizações criminosas (a favor da sociedade). Para o STF, contudo, não
é possível.
Artigo 155:
O artigo tinha a seguinte redação:
Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008) (antigo artigo 155).
A) Sistema da certeza moral ou da íntima convicção do juiz: permite que o magistrado avalie a prova com ampla
liberdade, decidindo ao final de acordo com a sua livre convicção, não precisando fundamentá-la.
Como não é obrigado a fundamentar, esse é o problema.
No ordenamento jurídico brasileiro esse sistema vigora em relação ao Tribunal do Júri, porque lá vigora o sigilo
das votações, havendo, hoje, inclusive, o terceiro quesito: “o jurado absolve o acusado?” O jurado não precisa
fundamentar.
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B) Sistema da verdade legal ou tarifado/tarifário de provas: o legislador atribui um determinado valor a cada prova,
cabendo ao juiz simplesmente obedecer ao mandamento legal.
Por meio de sistema, o juiz seria simplesmente um matemático.
Esse sistema traz uma certeza, mas diante de um caso concreto seria um absurdo.
Esse sistema não é adotado no Brasil, mas existe alguma exceção, em que há um sistema tarifado de provas?
Exemplos de aplicação excepcional desse sistema:
a) Infração que deixa vestígios: é indispensável o exame de corpo de delito (não se quer nenhum outro tipo prova);
b) Quanto ao estado das pessoas deverão ser observadas as restrições estabelecidas na lei civil, por exemplo,
comprova-se idade com certidão de nascimento.
C) Sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional do juiz: o juiz tem ampla liberdade na
valoração das provas (todas as provas têm valor relativo), mas deve fundamentar seu convencimento.
É esse o sistema adotado pelo CPP no art. 155 CPP:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008) (antigo artigo 155).
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu
defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).(...)
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Juiz que acompanhou a instrução deverá proferir a sentença, salvo exceções legais.
Cuidado: há provas colhidas sem o contraditório imediato, mas que será colhido depois. São as provas:
cautelares, não repetíveis e antecipadas. Nelas há um contraditório diferido.
Tudo isso, agora, está no CPP:
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Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
- Provas cautelares: são aquelas em que existe um risco de desaparecimento em razão do decurso do tempo, nas
quais o contraditório será diferido. Ex.: busca e apreensão, interceptação telefônica. Não se pode deixar para
decretar essas medidas no final do processo.
- Provas não-repetíveis: são aquelas que não podem ser produzidas no curso do processo, em relação às quais o
contraditório será diferido. Ex.: exame cadavérico, exame de corpo de delito de um local de um homicídio.
- Provas antecipadas: alguns doutrinadores vêm citando as 3 como se fossem expressões sinônimas, mas outros
trazem conceito próprio para elas: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante a
autoridade judicial, antes do seu momento processual oportuno, e até mesmo antes do processo, em razão da sua
urgência e relevância.
Cuidado: nessa prova o contraditório NÃO é diferido, aqui o contraditório é real.
Ex.: testemunha que está na iminência de morrer (depoimento ad perpetaum rei memorium). Art. 255 CPP:
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. OFENSA AO ART. 5º, INCISOS LIV E LV. INVIABILIDADE DO
REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA STF Nº 279. OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INQUÉRITO.
CONFIRMAÇÃO EM JUÍZO DOS TESTEMUNHOS PRESTADOS NA FASE INQUISITORIAL. 1. A suposta ofensa aos princípios do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa passa, necessariamente, pelo prévio reexame de fatos e provas, tarefa que
encontra óbice na Súmula STF nº 279. 2. Inviável o processamento do extraordinário para debater matéria infraconstitucional, sob o
argumento de violação ao disposto nos incisos LIV e LV do art. 5º da Constituição. 3. Ao contrário do que alegado pelos ora agravantes, o
conjunto probatório que ensejou a condenação dos recorrentes não vem embasado apenas nas declarações prestadas em sede policial,
tendo suporte, também, em outras provas colhidas na fase judicial. Confirmação em juízo dos testemunhos prestados na fase inquisitorial. 4.
Os elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando complementam outros
indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo. 5. Agravo regimental improvido. (REAgr 425.734)
EMENTA: I. Habeas corpus: falta de justa causa: inteligência. 1. A previsão legal de cabimento de habeas corpus quando não houver
"justa causa" para a coação alcança tanto a instauração de processo penal, quanto, com maior razão, a condenação, sob pena de
contrariar a Constituição. 2. Padece de falta de justa causa a condenação que se funde exclusivamente em elementos informativos do
inquérito policial. II. Garantia do contraditório: inteligência. Ofende a garantia constitucional do contraditório fundar-se a condenação
exclusivamente em testemunhos prestados no inquérito policial, sob o pretexto de não se haver provado, em juízo, que tivessem sido obtidos
mediante coação. (RE 287.658)
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Só para exemplificar, basta verificar o inquérito do caso Nardoni, onde estavam presentes os advogados dos
réus, o que é cada vez mais comum.
74. Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil.
Artigo 156:
Na redação antiga:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir sentença,
determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Na nova redação:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) NOVIDADE!!!.
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) (mera repetição).
Ônus da prova:
A) Conceito: é o encargo que tem a parte de provar a veracidade do fato alegado.
Não há o dever de provar, há somente um encargo.
B) Ônus da prova objetivo ≠ Ônus da prova subjetivo (espécies):
1) Objetivo: é entendido como uma regra de julgamento → se ao final do processo houver dúvida deve o juiz
absolver o acusado (princípio do in dubio pro reo).
2) Subjetivo: é entendido como o encargo que recai sobre as partes na busca pela formação da convicção do
julgador.
C) Ônus da acusação: o que o MP tem que provar:
1) Existência de fato penalmente ilícito;
2) Autoria;
3) Relação de causalidade;
4) Elemento subjetivo: dolo ou culpa.
Ex.: Renato é um atirador de elite da PF; pega um revólver e dá cinco disparos em direção a um sujeito que
sobrevive, porque só foi atingido na orelha, pelo o que responde? Tentativa de homicídio ou lesão corporal? O
dolo deve ser provado ou é presumido? Alguns autores dizem que é presumido, mas isso viola o princípio da
presunção de inocência. Então, como se pode provar o dolo? O dolo deve ser demonstrado a partir dos elementos
objetivos do caso concreto.
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Ex.: dono de loja de veículos em uma cidade beira-mar. Um sujeito chega e compra vários veículos em
dinheiro. O dono da loja tem a obrigação de comunicar operações suspeitas (caso do Bacen), mas prefere não saber
a origem do dinheiro.
Teoria da cegueira deliberada: recentemente foi utilizada no caso do Bacen. Ele ocorre nos casos em que o
sujeito prefere evitar o conhecimento. Se o agente deliberadamente evita o conhecimento quanto à origem ilícita
dos bens, responde a título de dolo eventual pelo crime de lavagem de capitais.
Se pensar no crime como conduta típica, ilícita e culpável; alguns doutrinadores dizem que diante do princípio
da presunção de inocência, o MP tem que provar tudo: tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
Mas qual é a teoria adotada relacionando tipicidade e ilicitude? É a teoria da ratio cognoscendi ou da
indiciariedade, adotada pelo CP. Assim se o fato é típico, presume-se que é ilícito (“onde há fumaça – tipicidade –,
provavelmente, mas nem sempre, haverá fogo – ilicitude”). Então, cabe ao MP somente provar a tipicidade, o
restante vem por conseqüência.
D) Ônus da defesa: a defesa deve provar:
a) Fatos extintivos do direito de punir, tais como prescrição e decadência;
b) Fatos impeditivos, tais como causas excludentes da culpabilidade;
c) Fatos modificativos, tais como excludente da ilicitude.
A defesa tem que provar uma legítima defesa com absoluta certeza ou não?
Cuidado: se ao final do processo houver dúvida quando à presença de causa excludente da ilicitude ou da
culpabilidade, deve o juiz absolver o acusado.
Então, a certeza é importante na hora da condenação.
Art. 386, VI CPP:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (...)
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código
Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
Juiz Inquisidor:
A) Sistema inquisitorial X Sistema acusatório:
1) Sistema inquisitório (características): extrema concentração de poder nas mãos do órgão julgador; o acusado é
mero objeto de investigação; não há separação entre as funções de acusar, defender e julgar.
2) Sistema acusatório (características): separação entre as funções de acusar, defender e julgar, criando-se um
processo de partes; o acusado é sujeito de direitos; o Poder Judiciário tem a função de garante das regras do jogo.
Adotado pela Constituição no art. 129, I:
Cuidado com o art. 3º da Lei 9.034/95: ele permitia que o juiz pessoalmente realizasse diligências. Esse art. 3º
foi alvo da ADI 1570.
Art. 3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei,
a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz,(juiz inquisidor) adotado o mais rigoroso segredo de justiça. (Vide Adin nº 1.570-2 de
11.11.2004, que declara a inconstitucionalidade do Art. 3º no que se refere aos dados "Fiscais" e "Eleitorais").
Decisão do STF: em relação aos sigilos bancário e financeiro, o STF entendeu que o art. 3º teria sido revogado
pelo advento da LC 105/01 (que passou a dispor sobre o sigilo). Por outro lado, em relação aos sigilos fiscal e
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eleitoral, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º por violação ao princípio da imparcialidade e ao sistema
acusatório.
Não dá para admitir que o juiz, antes do processo, produza provas.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
Esse dispositivo está sendo duramente criticado pela doutrina. O problema é permitir que o juiz, antes do início
da ação, produza provas de ofício.
Para muitos, esse inciso, ressuscitou a figura do juiz inquisidor.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) (mera repetição).
Vige no processo penal o princípio da verdade real, cabendo ao juiz, de maneira supletiva determinar
diligências de ofício durante o processo para sanar dúvida relevante.
Aqui o bem jurídico que está em disputa é importante, o juiz não pode ser um mero expectador.
Durante o processo é possível, então, uma iniciativa probatória por parte do juiz, que não se confunde de modo
algum com uma iniciativa acusatória (Pacelli). A iniciativa probatória é aquela que se dá no curso do processo; já a
iniciativa acusatória se dá antes do início do processo.
Artigo 157:
Na redação antiga:
Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova.
Na nova redação:
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
§1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
§2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
§3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes
acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
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Prova Ilegal: (gênero)
A prova é ilegal toda vez que sua obtenção caracteriza violação de normas legais ou de princípios gerais do
ordenamento, de natureza processual ou material.
Esse é o gênero do qual são espécies a prova ilícita e a prova ilegítima.
E alguns doutrinadores trazem a prova ilícita e ilegítima simultaneamente.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
A lei acabou complicando: o legislador conceituou a prova ilícita como aquela obtida em violação a normas
constitucionais ou legais. Mas ele não especificou se essa norma é de direito processual ou material.
A lei não restringiu, então, pode colocar como legais, tanto normas processuais quanto materiais. O legislador
acabou mudando tudo o que a doutrina falava.
Agora, se é esse o conceito dado pelo legislador no art. 157 CPP, a prova ilegítima não é mais caso de nulidade,
ela também deve ser objeto de desentranhamento, já que agora é também espécie de prova ilícita (LFG).
Quando o art. 157 CPP fala em violação a normas constitucionais ou legais, não diferencia se a norma é
material ou processual. Portanto, qualquer violação ao devido processo legal conduz à ilicitude da prova, que deve
ser objeto de desentranhamento.
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Fruits of the poisonous tree (teoria dos frutos da árvore envenenada): tem origem nos EUA, nos casos
Silverthorne Lumber Co VS US e Nardone VS US.
É o meio probatório que não obstante produzido validamente em momento posterior, encontra-se afetado pelo
vício da ilicitude originária, que a ele se transmite contaminando-o por efeito de repercussão causal.
Ex.: todas as interceptações telefônicas antes de 96 eram tidas como inválidas.
Essa teoria é adotada no Brasil? Leading case: HC 69.912 e RHC 90.376:
PROVA ILICITA: ESCUTA TELEFONICA MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL: AFIRMAÇÃO PELA MAIORIA DA EXIGÊNCIA DE
LEI, ATÉ AGORA NÃO EDITADA, PARA QUE, "NAS HIPÓTESES E NA FORMA" POR ELA ESTABELECIDAS, POSSA O JUIZ, NOS
TERMOS DO ART. 5., XII, DA CONSTITUIÇÃO, AUTORIZAR A INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEFONICA PARA FINS DE
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL; NÃO OBSTANTE, INDEFERIMENTO INICIAL DO HABEAS CORPUS PELA SOMA DOS VOTOS, NO
TOTAL DE SEIS, QUE, OU RECUSARAM A TESE DA CONTAMINAÇÃO DAS PROVAS DECORRENTES DA ESCUTA TELEFONICA,
INDEVIDAMENTE AUTORIZADA, OU ENTENDERAM SER IMPOSSIVEL, NA VIA PROCESSUAL DO HABEAS CORPUS, VERIFICAR
A EXISTÊNCIA DE PROVAS LIVRES DA CONTAMINAÇÃO E SUFICIENTES A SUSTENTAR A CONDENAÇÃO QUESTIONADA;
NULIDADE DA PRIMEIRA DECISÃO, DADA A PARTICIPAÇÃO DECISIVA, NO JULGAMENTO, DE MINISTRO IMPEDIDO (MS
21.750, 24.11.93, VELLOSO); CONSEQUENTE RENOVAÇÃO DO JULGAMENTO, NO QUAL SE DEFERIU A ORDEM PELA
PREVALENCIA DOS CINCO VOTOS VENCIDOS NO ANTERIOR, NO SENTIDO DE QUE A ILICITUDE DA INTERCEPTAÇÃO
TELEFONICA - A FALTA DE LEI QUE, NOS TERMOS CONSTITUCIONAIS, VENHA A DISCIPLINA-LA E VIABILIZA-LA -
CONTAMINOU, NO CASO, AS DEMAIS PROVAS, TODAS ORIUNDAS, DIRETA OU INDIRETAMENTE, DAS INFORMAÇÕES
OBTIDAS NA ESCUTA (FRUITS OF THE POISONOUS TREE), NAS QUAIS SE FUNDOU A CONDENAÇÃO DO PACIENTE. (HC
69.912)
PROVA PENAL - BANIMENTO CONSTITUCIONAL DAS PROVAS ILÍCITAS (CF, ART. 5º, LVI) - ILICITUDE (ORIGINÁRIA E POR
DERIVAÇÃO) - INADMISSIBILDADE - BUSCA E APREENSÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS REALIZADA, SEM MANDADO
JUDICIAL, EM QUARTO DE HOTEL AINDA OCUPADO - IMPOSSIBLIDADE - QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DESSE ESPAÇO
PRIVADO (QUARTO DE HOTEL, DESDE QUE OCUPADO) COMO "CASA", PARA EFEITO DA TUTELA CONSTITUCIONAL DA
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - GARANTIA QUE TRADUZ LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DO ESTADO EM TEMA
DE PERSECUÇÃO PENAL, MESMO EM SUA FASE PRÉ-PROCESSUAL - CONCEITO DE "CASA" PARA EFEITO DA PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL (CF, ART. 5º, XI E CP, ART. 150, § 4º, II) - AMPLITUDE DESSA NOÇÃO CONCEITUAL, QUE TAMBÉM
COMPREENDE OS APOSENTOS DE HABITAÇÃO COLETIVA (COMO, POR EXEMPLO, OS QUARTOS DE HOTEL, PENSÃO, MOTEL
E HOSPEDARIA, DESDE QUE OCUPADOS): NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE MANDADO JUDICIAL (CF, ART. 5º, XI).
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE PROVA OBTIDA COM TRANSGRESSÃO À GARANTIA DA
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR - PROVA ILÍCITA - INIDONEIDADE JURÍDICA - RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. BUSCA E
APREENSÃO EM APOSENTOS OCUPADOS DE HABITAÇÃO COLETIVA (COMO QUARTOS DE HOTEL) - SUBSUNÇÃO DESSE
ESPAÇO PRIVADO, DESDE QUE OCUPADO, AO CONCEITO DE "CASA" - CONSEQÜENTE NECESSIDADE, EM TAL HIPÓTESE,
DE MANDADO JUDICIAL, RESSALVADAS AS EXCEÇÕES PREVISTAS NO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. - Para os fins da
proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da República, o conceito normativo de "casa" revela-se abrangente e, por
estender-se a qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende, observada essa específica
limitação espacial, os quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. - Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente
previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito ("invito domino"),
ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em aposento ocupado de habitação coletiva, sob pena de a prova resultante dessa
diligência de busca e apreensão reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude originária. Doutrina. Precedentes (STF).
ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO EM JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE
PODER) - INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DA TRANSGRESSÃO ESTATAL AO REGIME CONSTITUCIONAL
DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. - A ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder perante a qual se
instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia
constitucional do "due process of law", que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções
concretizadoras no plano do nosso sistema de direito positivo. - A Constituição da República, em norma revestida de conteúdo vedatório
(CF, art. 5º, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade fundada em bases democráticas (CF, art. 1º),
qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso mesmo,
quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material (ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em
conseqüência, no ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula autoritária do "male captum, bene
retentum". Doutrina. Precedentes. A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE
POISONOUS TREE"): A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. - Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com
base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado
probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subseqüente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem
derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova originariamente ilícita - ou daquela afetada pelo
vício da ilicitude por derivação - representa um dos meios mais expressivos destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of
law" e a tornar mais intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que preserva os direitos e prerrogativas
que assistem a qualquer acusado em sede processual penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos
"frutos da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não obstante produzidos,
validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite,
contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder
Público, em razão de anterior transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que desrespeitaram a garantia
constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os
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elementos probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso em razão da prova originariamente ilícita, obtida como
resultado da transgressão, por agentes estatais, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do
ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto,
o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de
prova - que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação
causal -, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária. - A
QUESTÃO DA FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN INDEPENDENT SOURCE") E A SUA DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA
ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA - PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - JURISPRUDÊNCIA COMPARADA (A
EXPERIÊNCIA DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS "SILVERTHORNE LUMBER CO. V. UNITED STATES (1920); SEGURA V.
UNITED STATES (1984); NIX V. WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)", v.g.. (RHC 90.376)
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova ilícita por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras (teoria da fonte independente), ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente
das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente (teoria da descoberta inevitável) aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
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C) teoria ou exceção do nexo causal atenuado: tem origem no direito norte-americano, cujo precedente foi Wonh
Sun v. USA (purged taint). Ocorre quando um ato posterior totalmente independente retira a ilicitude originária. O
nexo causal entre a prova primária e secundária é atenuado não em razão da circunstância da prova secundária
possuir existência independente daquela, mas sim em virtude do espaço temporal decorrido entre uma e outra, bem
como as circunstâncias intervenientes no conjunto probatório.
No precedente citado, ocorreu a prisão ilegal de um indivíduo que confessa a autoria do delito e delata mais
outro agente (provas ilícitas por derivação). Ocorre que este terceiro após um longo período confessa a prática do
delito. Por isso, entendeu-se que a confissão posterior teria o condão de afastar a ilicitude.
Não há precedentes do STF sobre esta teoria. Porém alguns autores estão apontando a presença desta teoria no
art. 157, § 1º do CPP:
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova ilícita por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras (teoria da fonte independente + teoria do nexo causal atenuado), ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Isso porque, passaria a não haver nexo causal entre a ilicitude e a derivada.
D) exceção da boa-fé: caso se demonstre que o agente responsável pela obtenção da prova ilícita agiu de boa-fé,
não será considerada ilícita a prova por ele obtida, ou seja, será considerada lícita (good faith exception).
Ex: Renato é um tenente da PM, fazendo ronda com um PM que acabou de ingressar e é designado para realizar
uma diligência que é viciada, mas agiu de boa-fé.
Esta teoria não é admitida no direito brasileiro, porque lá no EUA esta teoria existe para dissuadir a autoridade
policial, mas no Brasil não é admitida para proteger direitos fundamentais.
Existe uma teoria parecida com esta que é adotada pelo Brasil.
E) teoria do encontro fortuito de provas: aplica-se esta teoria nas hipóteses em que a autoridade policial ,
cumprindo uma diligência policial, casualmente encontra provas que não estão na linha de desdobramento normal
da investigação.
Segunda a lei 9296/96 em seu art. 2º não serão admitidas a realização de interceptação telefônica em
determinados casos arrolados em seus incisos, sendo que uma das hipóteses é crime punido com detenção (ameaça,
por exemplo). Mas se no curso de uma interceptação autorizada descobre-se elementos capaz de incriminar o
sujeito por crime punido com detenção.
Ex: no curso de interceptação telefônica legalmente autorizada para apurar crime punido com reclusão
supostamente praticado por Tício, são colhidos elementos de prova relativos a crime praticado por Mévio. Nesta
hipótese tais elementos são válidos, funcionando como notitia criminis para a apuração do referido delito.
Questão de concurso: busca e apreensão em escritório de advocacia – presentes indícios de autoria e
materialidade da prática de crime por advogado, cabe a expedição de mandado de busca e apreensão, especifico e
pormenorizado, a ser cumprido na presença de represente da OAB, sendo vedada a utilização de documentos
pertencentes a clientes do advogado que não estejam sendo investigados como seus partícipes ou co-autores (art.
7º, § 6º, da lei 8906/94, com redação dada pela lei nº. 11.777/08).
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3) proporcionalidade em sentido estrito: entre os valores em conflito deve o juiz dar preponderância àquele de
maior valor.
A adoção do princípio da proporcionalidade:
a) pro reo: prova ilícita em favor do réu é admitida pelo STF. Ex: Renato é acusado de praticar crime de forma
injusta, mas de forma clandestina ele grava um telefonema, que pode ser utilizada como prova. Ada Peligrini diz
que este acusado que produz prova ilícita age em legítima defesa, razão pela qual a ilicitude seria afastada.
b) pro societate: o STF ainda não admite (HC 80949). Mas alguns doutrinadores admitem, por exemplo, violação
de correspondência de presos, para descobrir plano de fuga (Prof. Antônio Fernandes). Porém outros doutrinadores
dizem que este direito não é absoluto.
Terminologia da prova:
A) finalidade da prova: formar a convicção do juiz.
B) destinatário da prova: todos aqueles que devem formar sua convicção (entidade dissidente).
C) sujeitos da prova: são as pessoas responsáveis pela produção da prova (vítima, testemunha, etc).
D) fonte de prova: é tudo aquilo que indica algum fato ou afirmação que necessita ser provado. A denúncia é um
exemplo.
E) forma da prova: é o modo pelo qual a prova é produzida, quais sejam: oral (testemunha), material (corpo de
delito) e documental.
F) meios de prova: instrumentos aptos a formar a convicção da entidade dissidente.
Em processo penal vige o princípio da taxatividade ou liberdade das provas? Vige o princípio da liberdade das
provas.
No processo penal podem ser utilizados quaisquer meios de prova, ainda que não especificados na lei, desde
que não sejam inconstitucionais, ilegais ou imorais. Existem provas nominadas ou típicas que são as previstas em
lei. E as que não estão previstas em lei que são as denominadas provas atípicas ou inominadas.
Não confundir meio de prova com meio de obtenção de prova. Os meios de prova referem-se a uma atividade
que ocorre dentro do processo, com a participação do juiz e com a observância do contraditório. Meios de obtenção
de prova são procedimentos que em regra ocorrem fora do processo, com o objetivo de conseguir provas materiais,
podendo ser realizados por outros funcionários que não o juiz (ex: busca e apreensão).
G) prova direta: é aquela que recai diretamente sobre a afirmação feita no processo.
H) prova indireta: (indício) é a circunstância conhecida e provada que tendo relação com um fato, autoriza por
indução concluir-se a existência de outro. Ex: gato e rato (raticídio).
Indício não se confunde com suspeita. O indício tem como base um critério objetivo enquanto que a suspeita é
resultado de pura intuição, que pode gerar desconfiança, mas também conduzir a um equívoco. Jurisprudência
entende que desde que haja um conjunto veemente de indícios é possível a condenação. O que não ocorre com as
suspeitas.
Indício tem também outro significado. A doutrina diz que também pode ser entendido como o elemento de
prova de menor valor persuasivo (prova semi-plena). Ex: art. 312 e art. 413 do CPP.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação
dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I) elemento de prova: são os dados objetivos que confirmam ou negam uma afirmativa a respeito de um fato que
interessa a causa.
J) objeto de prova: são as afirmações que devem ser provadas.
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L) presunção legal: é uma conclusão firmada pela própria lei. Existem duas espécies: absoluta (iuris et iure – não
admite prova em contrário. Ex: inimputabilidade do menor de 18 anos) e relativa (iuris tantum – há uma inversão
do ônus da prova. Ex: presunção nos crimes sexuais. Mas isso não é pacífico. HC 73672 do STF e HC 81268).
A) previsão: muitos dizem que se encontra na CF, quando ela prevê o direito ao silêncio, mas este princípio vai
muito, além disso. Está previsto na CADH (decreto 678/92), art. 8º, § 2º, g.
Uma das decorrências deste princípio é o direito ao silêncio previsto no art. 5º, LXII, da CF.
Cuidado: qualquer pessoa que seja objeto de imputação é titular deste direito. Ex: o preso, o suspeito, a
testemunha (OBS: se das perguntas formuladas a testemunha puder resultar auto-incriminação, está ela protegida
pelo direito ao silêncio).
Art. 198 do CPP:
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
PROVA EM ESPÉCIES
Prova pericial:
A) conceito de perito: perito é a pessoa que possui uma formação cultural especializada e que traz os seus
conhecimentos ao processo, auxiliando o juiz e as partes na descoberta ou na valoração de elementos de prova. É
um sujeito de provas.
Pode ser:
1) perito oficial: são funcionários públicos de carreira cuja função consiste em realizar perícias determinadas pela
autoridade policial ou pelo juiz da causa. Art. 6º do CPP:
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
Em regra, as pericias na fase policial são determinadas pela autoridade policial, porém apenas o juiz pode
determinar o exame de insanidade mental (art. 149, § 1º do CPP - § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do
inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente ).
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação
dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela
Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008)
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§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de
mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
C) corpo de delito: é o conjunto de vestígios materiais ou sensíveis deixados pela infração penal.
Trabalha-se com a materialidade da infração penal.
D) obrigatoriedade do exame de corpo de delito: deve-se diferenciar os crimes que deixam vestígios dos que não
deixam:
1) crimes não transeuntes (delicta factus permanentis): são as infrações penais que deixam vestígios, em relação as
quais o exame de corpo de delito é obrigatório/indispensável.
2) crimes transeuntes (delicta facti transeuntis): são as infrações penais que não deixam vestígios, em relação as
quais não é necessária a realização de corpo de delito ou, ainda, seria impossível.
O art. 158 do CPP trata da obrigatoriedade:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a
falta.
E) exame de corpo de delito direto: o exame é feito pelos peritos diretamente sobre o objeto da prova.
F) exame de corpo de delito indireto: existem duas correntes. Para a primeira, seria a prova testemunhal ou
documental. Para uma segunda corrente, seria realmente um exame pericial.
A primeira corrente diz que quando desaparecerem os vestígios deixados pela infração penal, a prova
testemunhal ou documental poderá suprir a ausência do exame direto.
A segunda corrente entende que se trata de exame pericial feito por peritos a partir de depoimento de
testemunhas e/ou da analise de documentos. É uma corrente minoritária. Observe-se que é um exame, porém não é
feito diretamente sobre o corpo de delito.
Questão de concurso: venda de produto fora do prazo de validade. O que ocorre com o Mercado que vendeu? Lei
nº. 8137/90 – art. 7º, inciso IX. Para o STF em relação a este crime, é indispensável a realização de perícia que
ateste a imprestabilidade de mercadorias ao consumo (HC 90779).
Ex: ausência de apreensão da arma e roubo majorado– art. 157, § 2º, I do CP: em regra a incidência da causa de
aumento de pena do art. 157, § 2º, I depende da apreensão da arma, a fim de que seja realizada a perícia atestando
sua potencialidade lesiva. Todavia, nos casos em que não há apreensão, mas a vítima e demais testemunhas
afirmam de forma coerente que houve disparo com a arma de fogo, entende o STJ que esse exame de corpo de
delito indireto é capaz de suprir a ausência da apreensão da arma (STJ, HC 89518).
G) assistente técnico: é uma novidade, porque era exclusivo do processo civil. É pessoa dotada de conhecimentos
técnicos, científicos ou artísticos que traz ao processo informações especializadas relacionadas ao objeto da perícia.
Diferença com o perito:
1) o assistente é auxiliar das partes e o perito é auxiliar do juiz (dever de imparcialidade, sujeito as causas de
impedimento ou suspeição).
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2) O perito - sendo oficial ou não - é considerado, no exercício de suas funções, funcionário público (art. 327 do
CP). Assim, se realizar uma perícia falsa responde pelo art. 342 do CP (falsa perícia).
3) o assistente é parcial. Por isso, eventuais falsidades cometidas pelo assistente não caracterizam o crime de falsa
perícia podendo a depender da hipótese tipificar o crime de falsidade ideológica.
Diante do teor dos § 4º, 5º e 6º do art. 159 do CPP, a intervenção do assistente somente é possível em juízo e
após a conclusão dos exames feitos pelos peritos, ou seja, não se admite a intervenção do assistente na fase de
investigação:
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos
oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão
oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
I) oferecimento da peça acusatória e exame pericial: em regra o exame pericial não é condição de procedibilidade
da ação penal, ou seja, pode ser juntado ao longo do processo. Exceções: lei de drogas – laudo de constatação é
indispensável – art. 50, § 1º; violação de direitos autorais – art. 525 do CPP ( No caso de haver o crime deixado vestígio, a
queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito ).
J) juizados especiais criminais: vige o princípio da economia processual, razão pela qual o rigor do CPP é
mitigado. Art. 77, § 1º da Lei nº. 9.099/95.
L) sistemas de apreciação do laudo pericial: o juiz fica vinculado ao laudo pericial?
1) sistema vinculatório: o juiz fica vinculado ao laudo pericial.
2) sistema liberatório: o juiz pode aceitar ou rejeitar o laudo, inclusive, com determinação de nova perícia.
Art. 182 do CPP:
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
M) falta ou ausência do exame de corpo de delito: caso não haja exame de corpo de delito direto ou indireto nos
autos, sendo ainda possível fazê-lo, o processo estará maculado de uma nulidade absoluta (art. 564, III, b do CPP -
A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: b) o exame do corpo de delito nos crimes que
deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167). No entanto, caso ao final do processo não haja a comprovação do
corpo de delito, deve o juiz prolatar sentença absolutória por ausência de comprovação da materialidade.
N) exame pericial complementar: especialmente no caso de lesão corporal grave, para o caso de incapacidade para
as ocupações habituais por mais de 30 dias. Não é possível fazer prognóstico (ou seja, não pode prever que vai
acontecer), deve se sujeitar a novo exame.
Estes 30 dias contam-se de acordo com o art. 10 do CP (conta o dia do início).
A ausência do exame complementar pode ser suprida por prova testemunhal.
Interrogatório do acusado:
A) conceito: é um ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita.
B) natureza jurídica: prevalece o entendimento de que o interrogatório é meio de defesa, podendo ser meio de
prova caso haja a confissão do acusado.
C) ampla defesa: art. 5ª, LV da CF ( LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes ).
1) defesa técnica: realizada por advogado. A defesa técnica é irrenunciável (art. 261 do CPP - Art. 261. Nenhum
acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor ). Súmula 523 do STF (defesa deficiente). Ao
acusado pertence o direito de constituir seu defensor somente diante de sua inércia é possível a nomeação de
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defensor dativo pelo juízo. Quando houver colidência de teses defensivas entre os acusados não poderão ser
defendidos pelo mesmo defensor.
2) autodefesa: feita pelo próprio acusado no processo penal. É renunciável, se o acusado não quiser pode renunciar.
Ela se manifesta em três momentos distintos:
a) direito de audiência: o acusado tem o direito de ser ouvido pelo juiz, manifestando-se por meio do interrogatório.
De modo a se preservar a autodefesa, citação por edital só é possível, após esgotados os meios de localização do
acusado. Súmula 351 do STF (cuidado, porque não pode restringir ao estado da federação).
b) direito de presença: é o direito que o acusado tem de, ao lado de seu defensor, acompanhar os atos da instrução
processual.
c) capacidade postulatória autônoma: ex: impetrar HC, interpor recursos, provocar incidentes da execução.
D) momento da realização do interrogatório:
E) condução coercitiva: art. 260 do CPP (Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou
qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença ). Grande parte da
doutrina entende que este artigo não foi recepcionado pela CRFB de 88, em virtude do direito ao silêncio, salvo na
hipótese de reconhecimento pessoal.
F) foro competente: o acusado deve ser ouvido perante o juiz da causa. Alguns autores estavam dizendo que em
razão do princípio da identidade física do juiz não seria interrogatório por carta precatória. Porém, este
posicionamento é equivocado.
A adoção do princípio da identidade física do juiz não impede a realização do interrogatório por carta
precatória.
G) características do interrogatório:
1) trata-se de um ato personalíssimo. Exceção apontada por alguns doutrinadores é a pessoa jurídica em crimes
ambientais, em que se interroga o seu representante legal;
2) é um ato privativo do juiz. Art. 212 do CPP (Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha,
não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)). Este artigo se aplicaria ao interrogatório? Não, aplica-se o sistema
presidencialista. Não esquecer que o sistema do cross examination somente se aplica a oitiva do ofendido e de
testemunhas;
3) é um ato contraditório. As partes tem direitos a reperguntas – art. 188 do CPP ( Art. 188. Após proceder ao
interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender
pertinente e relevante. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003 ). prevalece que o MP pergunta primeiro, mas há quem
entenda que é a defesa.
Qual advogado que faz pergunta quando houver dois réus com dois advogados? Assiste ao co-réu o direito de
formular reperguntas aos demais acusados, sobretudo nas hipóteses em que houver delação premiada (HC 94016,
STF).
4) é um ato assistido tecnicamente. Dois aspectos: obrigatoriedade da presença de advogado e entrevista previa e
reservada do acusado com seu defensor. Art. 185 do CPP ( Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade
judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada
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pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) § 2o Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de entrevista reservada do acusado
com seu defensor. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)).
6) é um ato oral. Art. 192 do CPP (Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; (Redação
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como
intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)).
7) é um ato individual. Um acusado não presencia o interrogatório do outro. Art. 191 do CPP ( Art. 191. Havendo mais
de um acusado, serão interrogados separadamente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).
Qual é a conseqüência da ausência do membro do MP? Para a jurisprudência do STJ a ausência do MP é causa
de mera nulidade relativa, razão pela qual deve ser comprovado o prejuízo (STJ, HC 47318).
H) interrogatório por videoconferência: art. 217 do CPP (), com sua nova redação, autoriza somente em relação a
testemunha e ao ofendido. Não existe lei federal sobre o assunto, mas em São Paulo este procedimento está
regulamentado pela lei nº. 11......
O art. 217 do CPP autoriza a videoconferência para a oitiva de testemunhas e do ofendido. Quanto ao
interrogatório, não existe lei federal dispondo sobre o assunto. No julgamento do HC 90900, entendeu o STF que a
lei 11.819/05 do Estado de SP teria invadido a competência privativa da União para legislar sobre direito
processual, razão pela qual seria inconstitucional. Apesar de a decisão ter sido proferida em HC, como houve a
análise em tese da constitucionalidade da lei paulista pelo Plenário do STF, tal decisão tem eficácia erga omnes
(abstrativização do controle difuso de constitucionalidade). Para o STF não haveria inconstitucionalidade material
em eventual lei federal que venha a dispor sobre o assunto.
SUJEITOS DO PROCESSO
Juiz:
A) causas de impedimento: uma das garantias mais importantes é a imparcialidade do juiz. Mas o que acontece se
um juiz impedido profere decisão no processo? A posição que prevalece na doutrina é a de que a consequencia da
inobservância das causas de impedimento é equivalente a inexistente do ato jurídico processual, pois é quase como
se proferido por um não-juiz (Tourinho Filho).
Art. 564 do CPC:
Normalmente as causas de impedimento estão ligadas a dados objetivos (marido e mulher) e as causas de
suspeição estão ligadas a dados subjetivos (amigo de infância).
As causas de impedimento referem-se a vínculos objetivos do juiz com o processo, independentemente do seu
animo subjetivo, sendo encontradas em regra dentro do processo.
Hipóteses de impedimento:
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Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que (causas de impedimento):
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
diretamente interessado no feito.
Participação na causa de cônjuge ou parente como advogado, MP, autoridade policial ou auxiliar da justiça.
Quando o juiz tiver atuado em função diversa da jurisdicional.
Quando o juiz tiver atuado no processo em instância diversa, desde que tenha proferido decisão sobre questão
de direito ou de fato.
OBS: nada impede que o juiz atue em processos diferentes contra o mesmo acusado.
Quando o juiz ou seu parente for parte ou tenha interesse direito no feito.
Essas hipóteses de impedimento, segundo o STF, são taxativas.
B) causas de incompatibilidade: existem duas posições:
1ª corrente: são causas que prejudicam a imparcialidade do juiz, mas que não estão elencadas entre as hipóteses
de impedimento ou suspeição (Pacielle). Ex: juiz assaltado que deve julgar caso semelhante.
2ª corrente: há incompatibilidade nos juízos coletivos não podem funcionar no mesmo processo juízes que
sejam parentes entre si (Denílson Feitosa Pacheco). Alguns autores apontam o art. 253:
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
C) causas de suspeição: as causas de suspeição referem-se ao ânimo subjetivo do juiz quanto às partes. Em regra,
são encontras externamente ao processo.
Conseqüências: é causa de nulidade absoluta (art. 564, I do CPP).
Hipóteses de suspeição:
Amizade intima ou inimizade capital com qualquer das partes. Se a inimizade ou amizade for com o advogado?
Doutrina minoritária sustenta que a amizade ou inimizade entre juiz e promotor ou entre juiz e advogado não é
causa de suspeição.
Quando o juiz ou seu parente estiver respondendo a processo por fato análogo, havendo controvérsia sobre seu
caráter criminoso.
Quando o juiz ou seu parente sustentar demanda ou responder a processo que tenha que ser julgado por
qualquer das partes.
Quando o juiz possuir interesse financeiro ou quando tiver aconselhado qualquer das partes.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes (causas de suspeição):
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles (das partes);
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante
legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
A ação penal que admite a assistência é a ação penal condenatória para a maioria da doutrina.
Admite-se a intervenção do assistente em HC? Em regra, não se admite a intervenção do assistente em ações
penais não condenatórias, como HC e MS.
Para os Tribunais quando do julgamento do HC puder resultar o trancamento da ação penal, há interesse de agir
por parte do assistente.
E o Poder Público pode ser assistente? Prevalece o entendimento de que é possível a intervenção do poder
público como assistente do MP. Ex: art. 80 e 82, III da Lei 8078/90; art. 26, § ú da lei 7492/86; art. 2º, § 1º do
Decreto-lei 201/67.
Não há assistente durante o inquérito policial e durante a execução da pena.
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar.
Co-réu pode ser assistente? Não. O co-réu no mesmo processo não pode intervir como assistente do MP.
Recurso cabível contra o indeferimento da habilitação do assistente: não há recurso específico contra essa
decisão, porém admite-se a impetração de MS.
Poderes do assistente: dois enfoques:
Arrolar testemunhas: apesar do momento processual para o oferecimento do rol de testemunhas ser o do
oferecimento da denúncia, doutrina e jurisprudência admitem que o assistente arrole testemunhas, desde que dentro
do número máximo permitido.
Interposição de recursos: o assistente pode interpor RESE (contra a decisão que julga extinta a punibilidade) e
apelação (da impronuncia; e das hipóteses de absolvição). Pode o assistente apelar pedido o agravamento da pena?
Existem duas correntes: 1ª) o interesse do assistente limita-se a obtenção de uma sentença condenatória para
satisfazer os prejuízos sofridos (minoritária e ultrapassada); 2ª) o assistente tem interesse na justa aplicação da lei,
razão pela qual pode recorrer contra sentença condenatória pedindo o aumento da pena (Ada Pelegrini –
majoritária). O assistente pode interpor uma carta-testemunhavel? Em desdobramento as hipóteses nas quais o
assistente pode interpor RESE e apelação, poderá também utilizar-se dos demais recursos, até mesmo os
denominados recursos extraordinários.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, (aditar o libelo) e os articulados,
participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e
XXIV do art. 581.
§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério
Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente,
poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
Para que seja admitido recurso por parte do assistente, deve ter ocorrido inércia do MP. O prazo será de 5 dias
quando o assistente já estiver habilitado ou de 15 dias caso não esteja habilitado. Em ambas as hipóteses esses
prazo só começa a fluir após o decurso do prazo do MP (Súmula 448, do STF – O PRAZO PARA O ASSISTENTE
RECORRER SUPLETIVAMENTE COMEÇA A CORRER IMEDIATAMENTE APÓS O DECURSO DO PRAZO DA ACUSAÇÃO ).
PRISÃO
Conceito:
Prisão é a privação da liberdade de locomoção em virtude do recolhimento da pessoa humana ao cárcere.
Espécies de prisão:
A) prisão extrapenal:
Prisão civil: a CF prevê em duas hipóteses (devedor de alimentos e depositário infiel). No entanto, com a
CADH, em seu art. 7, § 7º, trata da prisão civil limitando-a a uma única hipótese, qual seja, a do devedor de
alimentos. Atenção para o RE 466.343 e HC 87.585, onde o STF passou a entender que como os tratados
internacionais de direitos humanos tem status normativo supra legal, tornando inaplicável a legislação em sentido
contrário, restaram derrogadas portanto as normas legais que versam sobre a custódia do depositário infiel.
Também foi cancelada a súmula 619 do STF.
Prisão administrativa: para alguns doutrinadores ela continua existindo, desde que decretada por uma autoridade
judiciária. Ex: prisão do estrangeiro para fins de extradição ou expulsão. Já para uma segunda corrente diz que se
essa prisão é decretada por uma autoridade judiciária, não se trata de prisão administrativa, mas sim de uma prisão
com fins administrativos. No estado de defesa e no estado de sítio, a prisão pode ser decretada por uma autoridade
administrativa.
OBS: prisão do falido: a antiga lei de falências trazia uma hipótese de prisão civil do falido (art. 35, § ú do
Decreto-lei 7.661/45), a qual não foi recepcionada pela CF/88 (súmula 280 do STJ). A nova lei de falências deixa
de prever uma prisão civil ou administrativa do falido, passando a tratá-la como hipótese de prisão preventiva (art.
99, VII da Lei 11.101/05). Para o professor Paulo Rangel não é possível que a prisão preventiva seja decretada no
juízo falimentar, mas sim pelo juízo criminal.
Prisão disciplinar: é prevista para transgressão militar ou de crimes propriamente militares (art. 5º, LXI da CF),
visa à preservação da hierarquia e da disciplina. Ela independe de prévia autorização judicial.
B) prisão penal (pena): é aquela que resulta de sentença condenatória com transito em julgado que impôs pena
privativa de liberdade (Art. 5º, LXVII da CF).
C) prisão cautelar (provisória ou processual): é a prisão decretada antes do transito em julgado de sentença penal
condenatória com o objetivo de assegurar a eficácia das investigações ou do processo criminal. Trata-se de medida
de natureza excepcional que não pode ser utilizada como cumprimento antecipado da pena, nem tampouco para dar
satisfação a opinião publica ou a mídia.
Princípios:
1) princípio da presunção de inocência ou não-culpabilidade: dele derivam duas regras fundamentais: regra
probatória e regra de tratamento. A regra probatória consiste na incumbência do acusador de demonstrar a
culpabilidade do acusado, devendo este ser absolvido na hipótese de dúvida.
A regra de tratamento consiste na impossibilidade de qualquer antecipação de juízo condenatório, ou seja, a
regra é responder o processo em liberdade, a exceção é estar preso.
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A prisão cautelar não viola o princípio da presunção de inocência, desde que não perca seu caráter excepcional,
sua qualidade de instrumento para a eficácia do processo e se mostre necessária à luz do caso concreto.
2) princípio da obrigatoriedade de fundamentação da prisão cautelar pela autoridade judiciária competente: art. 5º,
LXVI da CF – toda espécie de prisão de natureza cautelar está submetida a apreciação do Poder Judiciário, seja
previamente (prisão preventiva e temporária), seja pela necessidade de imediata convalidação da prisão em
flagrante.
OBS: prisão ex lege o que é? Ela está de acordo com a CF? é uma prisão imposta por força de lei, que resulta da
negativa do legislador em conceder liberdade provisória com ou sem fiança àquele que foi preso em flagrante. Ex:
art. 44 da lei de drogas. Essa prisão ex lege retira do Poder Judiciário a possibilidade de analisar a necessidade da
prisão cautelar no caso concreto.
3) princípio da proporcionalidade/princípio da proibição do excesso: nenhuma restrição a direitos pode ocorrer sem
que este ato estatal seja razoável, ou seja, adequado (adequação), necessário (necessidade) e proporcional aos fins a
que se destina (proporcionalidade em sentido estrito).
Adequação: a restrição imposta pelo ato estatal deve ser apta ou idônea a atingir o fim proposto.
Necessidade: entre as medidas aptas a atingir o fim proposto, deve o juiz optar pela menos gravosa (intervenção
mínima). Desdobramentos:
f) bipolaridade do sistema cautelar brasileiro: no processo penal brasileiro, o juiz tem duas opções de
medidas cautelares de natureza pessoal: 1) ou o acusado permanece preso cautelarmente durante o
processo; 2) ou, caso tenha sido preso em flagrante, recebe o benefício da liberdade provisória
ficando sujeito ao cumprimento de certas condições.
g) Outras medidas cautelares típicas de natureza pessoal em leis especiais: medidas protetivas de
urgência previstas na Lei Maria da Penha; suspensão cautelar da carteira de habilitação (art. 294 do
CTB).
h) Poder geral de cautela: possibilita a adoção de medidas cautelares inominadas a fim de se evitar
situação de perigo que possa comprometer a eficácia do processo principal (art. 798 do CPC). No
processo penal, uma 1ª corrente (Antonio Magalhães Gomes Filho) diz que se tratando de
limitação da liberdade, é indispensável expressa previsão legal. Posição do STF: de modo a evitar
uma medida mais gravosa (prisão cautelar), é possível a aplicação subsidiária do poder geral de
cautela no processo penal (HC 94147).
i) Projeto de Lei 4208/01: visa a criação de medidas cautelares de natureza pessoal substitutivas ou
alternativas a prisão cautelar.
Proporcionalidade em sentido estrito: entre os valores em conflito deve o magistrado fazer um juízo de
ponderação, devendo preponderar aquele de maior relevância.
Pressupostos de uma medida cautelar:
1) fumus boni iuris / fumus comissi delicti: consiste na plausibilidade do direito de punir, constada por meio de
elementos informativos que confirmem a prova da materialidade e indícios de autoria.
2) periculum libertatis: consiste no perigo concreto que a permanência do sujeito em liberdade acarreta para a
investigação criminal, o processo penal, a efetividade do direito penal ou a segurança social. São eles: garantia da
ordem pública, garantia da ordem econômica, garantia de aplicação da lei penal e conveniência da instrução
criminal.
Prisão em flagrante;
Prisão preventiva;
Prisão temporária;
Prisão decorrente de pronúncia:
Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível:
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Momento da prisão:
Inviolabilidade domiciliar: na hipótese de flagrante delito (durante o dia e durante a noite). Na hipótese de
mandado de prisão (só pode ser cumprido durante o dia). No Código eleitoral há também uma limitação
importante: desde 5 dias antes até 48 horas depois da eleição, nenhum eleitor poderá ser preso, salvo em flagrante
delito, sentença condenatória por crime inafiançável com transito em julgado ou por desrespeito a salvo-conduto;
candidatos 15 dias antes das eleições.
Uso de algemas:
O uso de algemas é medida de natureza excepcional, somente sendo admitido nas seguintes hipóteses:
1) para prevenir, impedir ou dificultar a fuga do preso;
2) para evitar a agressão do preso contra os próprios policial, contra terceiros ou contra si mesmo.
Art. 474, § 3º do CPP (cuidado com sua nova redação):
Assim, com esta súmula é necessário um auto de utilização de algemas, porém não há lei que determine isso. O
STF acabou legislando sobre o assunto.
Prisão especial:
Art. 295 do CPP:
Prisão especial somente se aplica ás hipóteses de prisão cautelar. Cuidado com o art. 84, § 2º da LEP – pois
funcionários da justiça criminal mesmo após o transito em julgado deverão permanecer separados dos demais
presos.
Art. 1º da lei 5256/67:
Não havendo estabelecimento específico para o preso especial este será recolhido em cela distinta do mesmo
estabelecimento. Se houver uma única cela, cabe a prisão domiciliar.
Preso especial tem direito a progressão de regime? Sim, súmula 717 do STF.
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A) prisão em flagrante:
Conceito: (flagrare – ardendo) é uma medida de auto defesa social, caracterizada pela privação da liberdade de
locomoção do agente surpreendido em situação de flagrância, que independe de prévia autorização judicial.
Funções:
1) evitar a fuga do infrator;
2) auxiliar na colheita de provas;
3) impedir a consumação ou o exaurimento do delito
Fases da prisão em flagrante:
1) captura: momento sobre a utilização das algemas;
2) condução coercitiva;
3) lavratura do auto de prisão em flagrante delito;
4) recolhimento ao cárcere;
Nestes quatro primeiros momentos é um procedimento administrativo.
5) comunicação e remessa do APF a autoridade judiciária, no prazo de 24 horas. Recebido, o juiz pode:
a) verificada a ilegalidade da prisão em flagrante, esta deve ser objeto de relaxamento.
b) se a prisão for legal, deve o juiz analisar o cabimento de liberdade provisória com ou sem fiança.
6) art. 306, § 1º do CPP (inovação do ano de 2007) – caso o autuado não possua advogado, cópia do APF a
Defensoria Pública, em 24 horas. Caso não haja Defensoria Pública na comarca deve o juiz nomear imediatamente
defensor dativo.
A inobservância das formalidades legais no momento da lavratura do APF torna a prisão ilegal, devendo ser
objeto de relaxamento, o que, no entanto, não impede a decretação da prisão preventiva desde que presentes seus
pressupostos legais.
Porte de drogas para consumo pessoal – art. 48, § 2º da lei de drogas – não se impõe prisão em flagrante, ou
seja, não se lavrará o APF.
Nas hipóteses de infrações de menor potencial ofensivo, porte de drogas para consumo pessoal ou acidente de
trânsito quando o autor presta socorro à vítima, é possível a captura e a condução coercitiva, a ser seguida da
lavratura do termo circunstanciado nas duas primeiras hipóteses.
Sujeitos do flagrante:
1) sujeito ativo (art. 301 do CPP):
a) flagrante facultativo realizado por qualquer do povo;
b) flagrante obrigatório ou coercitivo realizado pela autoridade policial.
2) sujeito passivo: em regra qualquer pessoa pode ser presa em flagrante. Exceções:
a) Presidente da República (não está sujeito a nenhuma hipótese de prisão de cautelar). É extensivo a
Governadores? Há duas correntes: 1ª) citada pelo professor Paulo Rangel sustenta que essa imunidade não pode ser
estendida a Governadores – (ADI 1.026 – STF); 2ª) o STJ sustenta que pelo princípio da simetria os Governadores
também teriam esta imunidade (HC 2.271) – Tourinho Filho.
b) Imunidade diplomática. Agentes consulares tem essa imunidade limitada aos crimes funcionais.
c) magistrados e membros do MP: em relação ao flagrante só se o crime for inafiançável. Podem ser presos
preventiva e temporariamente.
d) Senadores, Deputados Federais, Estaduais ou Distritais. Estão sujeitos a uma única hipótese de prisão
cautelar: flagrante por crime inafiançável. Vereadores não gozam desta imunidade.
e) por motivo do exercício da profissão advogado somente pode ser preso em flagrante de crime inafiançável,
assegurada a presença de representante da OAB.
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Espécies de flagrante:
1) próprio/perfeito/real/verdadeiro:
Art. 317. A apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei a
autoriza.
A apresentação espontânea do agente impede a prisão em flagrante, mas não a prisão preventiva, desde que
presentes os seus pressupostos legais.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
B) Autoridade competente:
É a do local em que se deu a captura do agente.
Em regra, é a autoridade policial quem lavra o APF, mas isso não significa que outras autoridades
administrativas não possam fazê-lo, como os agentes florestais e o poder de polícia da Câmara e do Senado
(Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas
suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do
inquérito.).
C) Condutor e testemunhas:
Precisa o condutor ter presenciado a prática do delito? Não.
Quantas testemunhas são ouvidas por ocasião lavratura do APF? Duas. Mas, cuidado! A doutrina entende que o
condutor pode ser uma dessas testemunhas, desde que tenha presenciado a prática do delito. Se não houver duas
testemunhas que presenciaram o fato delituoso, deve-se providenciar duas testemunhas que tenham presenciado a
entrega do preso à autoridade policial.
D) Advogado/curador:
Não é exigida a presença de advogado no momento da lavratura do APF.
OBS: a nova lei de videoconferência exige a presença de advogado, no presídio e na sala de audiência.
Para o menor de 21 anos, não é necessária a presença de curador. Todavia, nas hipóteses do silvícola não
adaptado e daqueles que sofrem de perturbações mentais, é necessária a presença de curador.
E) Relaxamento da prisão em flagrante pela autoridade policial:
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É possível quando não resultar fundada suspeita contra o conduzido ou em hipóteses de manifesta atipicidade
formal.
OBS: LFG entende que numa hipótese de insignificância, o delegado poderia deixar de lavrar o APF, lavrando o
termo circunstanciado e não prendendo o indivíduo. Não é essa posição que prevalece.
OBS: e no caso de legítima defesa, o indivíduo será preso em flagrante? Art. 310, CPP:
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do
Código Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a
todos os atos do processo, sob pena de revogação.
Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer
das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312). (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Repare que, pela redação do artigo, quando o juiz for verificar se o agente estava em legítima defesa, ele já
estará preso. Portanto, no caso de legítima defesa (e as outras condições do art. 19), o indivíduo será preso em
flagrante.
F) Nota de culpa:
É o documento que informa ao preso os responsáveis e o motivo de sua prisão. Art. 5º, LXIV, CF:
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
Prisão Preventiva:
Arts. 311 e 312, CPP:
Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 5.349,
de 3.11.1967)
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação
dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
A) Prisão preventiva no IP: apesar da existência da prisão temporária, a prisão preventiva ainda pode ser decretada
durante o IP, para delitos que não comportem temporária.
O IP é uma peça indispensável para a decretação da prisão preventiva? Não. Lembre-se que é possível decretar
a prisão preventiva com base em uma investigação preliminar diversa do IP.
B) durante a instrução criminal: a prisão preventiva também pode ser decretada durante a instrução criminal.
E depois de encerrada a instrução criminal, é possível a prisão preventiva? A lei fala em prisão preventiva
durante a instrução criminal, o que poderia levar a crer que ela só pode ser decretada até a fase do interrogatório e
diligências. Todavia, é óbvio que a prisão preventiva pode ser decretada em momento posterior. Art. 387, §u, CPP:
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra
medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Assim, é possível a decretação da prisão preventiva mesmo após o encerramento da instrução criminal.
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Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação
dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias. Aqui, indício significa prova indireta.
Será que “indício” do art. 312 tem o significado de indício previsto no art. 239, CPP? Não. Lembre-se que
indício tem dois significados, de forma que, no art. 312, indício significa prova semi-plena.
2) Periculum libertatis: possui 4 pressupostos:
Garantia da ordem pública: se o acusado permanecer em liberdade, dados concretos demonstram que voltará a
delinqüir. Nesse momento, não é feito um juízo de culpabilidade, mas sim, de periculosidade.
Pergunta-se: a primariedade e os bons antecedentes impedem a prisão preventiva? Não.
Pergunta-se: o clamor social provocado pelo delito autoria a prisão preventiva? Duas correntes:
1ª corrente: a permanência do suspeito em liberdade criaria um sentimento de descrédito e de impunidade.
2ª corrente: a prisão cautelar não pode jamais ser utilizada com fins de prevenção geral, positiva ou negativa. É a
posição predominante na jurisprudência (HC 80.719).
Risco de linchamento autoriza a prisão preventiva? Não.
Garantia da ordem econômica:
Foi introduzida no CPP pela Lei 8.884/04 (lei antitruste).
Garantia da ordem econômica funciona como simples repetição do requisito da garantia da ordem pública, porém,
relacionado a crimes contra a ordem econômica. Exemplo de crimes contra a ordem econômica:
- Lei 1.521/51 (crimes contra a economia popular);
- Lei 7.134/83 (aplicação ilegal de créditos);
- Lei 7.492/86;
- Lei 8.078/90;
- Lei 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária)
- Lei 8.176/91
- Lei 9.279/96
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- Lei 9.613/98 (lei de lavagem de capitais)
Interessante destacar o art. 30, Lei 7.492/86:
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a
prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada
(VETADO).
Para os tribunais, a magnitude da lesão causada nos crimes contra o sistema financeiro não autoriza, por si só, a
decretação da prisão preventiva. Esta depende também de um dos pressupostos do art. 312.
Garantia de aplicação da lei penal: dados concretos demonstram que o acusado pretende fugir do distrito da
culpa, inviabilizando a futura execução da pena.
E a pessoa que foge para evitar o flagrante? É possível decretar a preventiva com base neste fundamento? Os
tribunais entendem que não. Para os tribunais, uma ausência momentânea, seja para evitar a configuração do estado
de flagrância, seja para questionar a legalidade de uma prisão decretada anteriormente, não autoriza, por si só, a
decretação da prisão preventiva.
E o estrangeiro? Se ele residir no Brasil, é possível deixá-lo em liberdade. Contudo, se ele não tem residência
fixa no país, é necessário prendê-lo com base na garantia de aplicação da lei penal. OBS: no TRF da 4ª Região, tem
sido dada posição em sentido contrário. O STF tem algumas decisões entendendo que, mesmo que o estrangeiro
não tenha domicílio em nosso país, se houver acordo de assistência judiciária entre o Brasil e o país de origem, sua
prisão preventiva não seria necessária. (STF – HC 91.690).
Conveniência da instrução criminal: visa impedir que o agente traga algum prejuízo à produção das provas. Uma
vez encerrada a instrução criminal, a prisão preventiva decretada com base nesse pressuposto deve ser revogada.
Art. 366, CPP:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de 2008) Não se trata
de prisão preventiva obrigatória.
Súmula 21, STJ - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.
Súmula 52, STJ - Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.
OBS: para os tribunais, mesmo após a pronúncia ou o encerramento da instrução criminal, é possível a
caracterização do excesso de prazo.
1º) IP – 10 dias.
* Na JF, o prazo pode chegar a 30 dias.
* Prisão temporária – pode chegar até 60 dias (hediondos).
2º) Denúncia – 5 dias (prazo de oferecimento).
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3º) Recebimento da peça acusatória – 5 dias.
4º) Resposta à acusação – 10 dias.
* Se o advogado não apresentar a resposta, ela deverá ser apresentada pelo defensor dativo, que tem o prazo de 10
dias.
5º) Análise de possível absolvição sumária – 5 dias.
6º) Audiência uma de instrução e julgamento – 60 dias.
* No procedimento sumário, esse prazo é de 30 dias.
* Em virtude da complexidade do caso, ou, se houver diligências, as partes vão ter prazo para alegações escritas –
5 + 5 dias. Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 dias para sentenciar.
No procedimento comum ordinário esse prazo varia, portanto, entre 95 e 125 dias.
OBS: atenção para a súmula 64, STJ – Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa.
OBS: esse prazo não tem caráter absoluto, podendo ser dilatado em virtude da complexidade da causa e/ou
pluralidade de réus. Para os tribunais, haverá excesso nas seguintes hipóteses:
a) quando a mora processual for resultado da inércia do PJ.
b) quando a mora for causada por diligências suscitadas exclusivamente pela acusação.
c) quando a mora for incompatível com o princípio da razoabilidade, atentando contra a garantia da razoável
duração do processo.
Uma vez relaxada a prisão por excesso de prazo, não pode o juiz decretá-la novamente, salvo diante de motivo
superveniente. Esse relaxamento por excesso de prazo é possível em relação a todo e qualquer delito, hediondo ou
não.
Súmula 697, STF - A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual
por excesso de prazo.
F) Cabimento da Prisão Preventiva: só é cabível em relação a crimes dolosos. Não cabe prisão preventiva em
crimes culposos e contravenções penais.
Cuidado para não confundir com a prisão em flagrante, que é cabível em crimes culposos.
Art. 313, CPP:
Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos:
(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
I - punidos com reclusão; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não
indicar elementos para esclarecê-la; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso (reincidência específica), em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas
protetivas de urgência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) A decretação da prisão preventiva nessa hipótese do art. 313, IV, também
fica condicionada a demonstração da presença de um dos pressupostos.
G) Fundamentação da decisão que Decreta Prisão Preventiva: não basta citar um dos pressupostos, devendo o juiz
demonstrar sua presença a partir de dados concretos.
Pergunta-se: se o juiz, tendo decretado a prisão preventiva sem fundamentar e o acusado entrar com HC, pode o
relator complementar a decisão do juiz; ou, caso o relator peça que o juiz preste informações, ele pode
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complementar sua própria sentença por ocasião da prestação de informações? Não se admite que o tribunal possa
suprir eventual deficiência de fundamentação do juiz de 1ª instancia, ao apreciar o HC, ou que a autoridade coatora
complemente sua decisão omissa ao prestar informações em HC.
O que é fundamentação per relationem? É quando o magistrado adota a representação da autoridade policial ou
o requerimento do MP como fundamento da sua decisão. OBS: alguns doutrinadores (Antonio Magalhães Gomes
Filho) se manifestam contrariamente a essa fundamentação por ser contrária à lei. No STJ há julgados favoráveis a
essa fundamentação per relationem.
H) Revogação da Prisão Preventiva: a decisão que decreta a prisão preventiva é baseada na cláusula rebus sic
stantibus; assim, essa decisão depende da manutenção de seus pressupostos fáticos. Se o pressuposto da prisão
preventiva desaparece, a prisão preventiva deverá ser revogada. Da mesma forma, se, antes não havia fundamento
para a preventiva e depois aparecer, ela deverá ser decretada. Art. 316, CPP:
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)
I) Recursos: hipóteses:
- Decretação da prisão preventiva: não cabe recurso, mas cabe HC.
- Indeferimento: cabe RESE.
- Revogação: art. 581, V, CPP:
Assim, da revogação da preventiva, cabe RESE. Mas, cuidado! Como esse RESE não é dotado de efeito
suspensivo, deve o MP impetrar MS para consegui-lo. OBS: o STJ não concorda com isso, entendendo que, se o
RESE não é dotado de efeito suspensivo, não é possível consegui-lo através de MS.
Prisão Temporária:
Está prevista na legislação especial: Lei 7.960/89.
A) Origem da Lei da Prisão Temporária: tem origem na MP 111/89. Mas, MP não pode versar sobre direito
processual. Todavia, essa vedação só surgiu com a EC 32. Diante disso, é constitucional a lei da prisão temporária?
1ª corrente (Michel Temer, Paulo Rangel, etc.): a lei é inconstitucional por vício de iniciativa. Não é o
entendimento do STF.
2ª corrente: ao julgar medida cautelar numa ADI, o STF declarou que a lei é constitucional.
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III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado
nos seguintes crimes:
OBS: em regra, inciso não se comunica com inciso. Mas, o inciso III deverá estar sempre presente, seja combinado com o inciso I, seja
combinado com o inciso II.
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
C) Cabimento (ART. 1º, III): cuidado! Não esqueça que, além dos crimes previstos no inciso III, também cabe
prisão temporária para os crimes hediondos e equiparados (ex.: falsificação de remédio, terrorismo, etc.).
Art. 2º, §4º, Lei 8.072/90:
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de
30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério
Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Repare que a lei não fala na figura do querelante; diante disso, cabe prisão temporária em ação penal privada? É
possível a decretação da prisão temporária em crimes de ação penal privada.
E) Prazo: o prazo é de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de necessidade e, em caso de crimes
hediondos e equiparados, o prazo é de 30 dias, também prorrogáveis.
Pergunta-se: esse prazo é obrigatório para o juiz? Esse prazo é o limite máximo, de forma que o juiz pode
decretar um prazo menor.
Delegado pode revogar prisão temporária? É necessário alvará de soltura? Somente a autoridade judiciária pode
revogar a prisão temporária. Uma vez decorrido esse prazo, o preso deverá ser colocado em liberdade, sem a
necessidade de alvará de soltura, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
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3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade
anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão (preventiva) ou imposição de
quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra
medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (...)
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva;
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
A) Recolhimento à Prisão para Apelar: estava previsto no revogado art. 594, CPP.
Ao julgar o HC 88.420, o STF entendeu que a CIDH assegura a todo e qualquer acusado o duplo grau de
jurisdição, independentemente de seu recolhimento à prisão.
Súmula 347, STJ - O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra
medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
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Liberdade Provisória:
A) conceito: instituto processual que substitui a prisão em flagrante caso o agente preencha certos requisitos,
ficando o mesmo sujeito ao cumprimento de certas condições.
B) relaxamento da prisão:
Relaxamento Liberdade provisória
Prisão ilegal. Prisão legal.
É possível em qualquer espécie de prisão. É medida de contracautela exclusiva da prisão em
flagrante.
Não fica sujeito ao cumprimento de condições. Fica sujeito ao cumprimento de decisões.
C) espécies:
1) Quanto à fiança:
a) Com fiança (juiz): a autoridade policial pode conceder fiança em crimes com prisão simples e detenção.
Infrações que não admitem liberdade provisória com fiança:
Arts. 323 e 324:
Racismo.
Ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o estado democrático.
Crimes hediondos e equiparados.
Art. 7º, Lei 9.034/95:
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Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na
organização criminosa.
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz
decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
2) Sem fiança:
Hipóteses em que o acusado livra-se solto. Art. 321, CPP.
Art. 321. Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto, independentemente de fiança:
I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena privativa de liberdade;
II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a três meses.
OBS: parte da doutrina entende que o art. 321 não seria uma espécie de liberdade provisória, porque o acusado não
fica sujeito ao cumprimento de condições.
Nas hipóteses de descriminantes.
De acordo com a lei, antes de concedê-la, deve o juiz ouvir o MP.
Art. 310, caput, CPP:
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do
Código Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a
todos os atos do processo, sob pena de revogação.
Parece absurdo, mas, repare que, quando a pessoa paga fiança, ela se submete a mais condições do que quando
não paga.
Cuidado! A doutrina entende que, por analogia, o art. 310, caput, também se aplica nas hipóteses de excludentes
da culpabilidade, salvo em se tratando de inimputável.
Quando o juiz verificar a inexistência de hipótese que autorize a prisão preventiva.
OBS: o roubo admite liberdade provisória sem fiança? Art. 310, §u, CPP:
Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer
das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312). (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
OBS: liberdade provisória sem fiança, somente o juiz pode conceder, salvo na hipótese do art. 321, na qual, o
delegado poderá conceder.
2) Quanto à possibilidade de concessão:
a) Obrigatória: na qual, o juiz, obrigatoriamente tem que colocar o acusado em liberdade. Em quais hipóteses ela
será obrigatória?
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- Quando o acusado livra-se solto (art. 321, CPP);
- Art. 69, §u, Lei 9.099/95;
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de
a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de
13.5.2002))
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente
encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e
providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
b) Proibida:
- Art. 31, Lei 7.492/86.
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à
prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
- Art. 2º, II, Lei 8.072/90: em virtude das alterações trazidas pela lei 11.464/07, crimes hediondos admitem, em
tese, a liberdade provisória sem fiança do art. 310, §u, CPP.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na
organização criminosa.
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença condenatória, o juiz
decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
- Arts. 14, §u, 15, §u e 21, Lei 10.826/03 foram declarados inconstitucionais pelo STF na ADI 3.112.
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Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3112-1)
- Art. 44, Lei 11.343/06: veda a concessão de liberdade provisória com e sem fiança. Para o STF, o art. 44, Lei de
drogas é norma especial em relação ao art. 2º, II, Lei 8.072/90 – vide HC 93.302.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia
e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena,
vedada sua concessão ao reincidente específico.
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