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INSTITUTO NACIONAL DE

ESTUDOS JUDICIÁRIOS
IX CURSO REGULAR DE FORMAÇÃO INICIAL DE MAGISTRADOS

MANHÃ

MAIO. 2022
Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal
AULA N.º 1

A INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA

Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal


INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
1. A INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA:
1. Notas Introdutórias
2. Noção
3. Âmbito
4. Formalismos e limites
5. Direcção
6. Exercício
7. Finalidade

2. INÍCIO DA INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA:


1. A Notícia do crime
1. Formas de obtenção e tratamento
2. Conteúdo

3. AS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS NA FASE DE INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. SUA ACTUAÇÃO


1. Ministério Público
2. Juiz das Garantias

4. AS AUTORIDADES DE POLÍCIA CRIMINAL. SUA ACTUAÇÃO


1. Serviço de Investigação Criminal

5. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E INSTRUÇÃO PROCESSUAL


Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal
INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
❖ CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA (CRA)

❖ CÓDIGO PENAL ANGOLANO (CPA)

❖ CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ANGOLANO (CPPA)

❖ LEI ORGÂNICA DO PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO (LOPGR E DO


MºPº)

❖ REGULAMENTO ORGÂNICO DO SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (ROSIC)

❖ LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL PENAL AVULSA/EXTRAVAGANTE (Ex: Lei n.º 3/99, de 06 de


Agosto - Lei sobre o Tráfico e Consumo de Estupefacientes, Substâncias Psicotrópicas e
precursores)
Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal
INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOTAS INTRODUTÓRIAS
O Direito Penal numa perspectiva dinâmica:
Direito Processual Penal, Direito Adjectivo, Direito Formal;
Autonomiza o processo e operacionaliza o direito
substantivo.
❖ Uma viagem pelos Mistérios do crime e da sua
descoberta;
❖ Um caminho que “parece” que se conhece à partida,
mas que se bifurca em muitas direcções;
❖ Um caminho que se sabe como começa, mas não se
sabe como termina.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOÇÃO

❑ Uma fase processual

❑ Processo: origem etimológica na expressão latina procedere,


caminhar para frente,

❑ O que é um processo?

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOÇÃO

É uma das fases do processo-crime, a primeira do


processo penal, obrigatória no processo comum,
ligada ao seu surgimento e marcha inicial que, sob
direcção do MºPº, visa investigar a eventual prática
de um crime, determinar os seus agentes e a
responsabilidade de cada um deles, mediante a
recolha de provas com vista a uma decisão. Essa
fase processual tem início por despacho do MºPº e o
seu término, também por despacho do MºPº.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOÇÃO

Denominação da fase processual (opção de cada legislador):


❑ Instrução Preparatória/corpo de delito (Angola);
❑ Instrução (Cabo-Verde e Moçambique);
❑ Inquérito Policial (Brasil);
❑ Inquérito (Guiné-Bissau, Portugal, RAEMacau, Timor-Leste);

Vide comparativamente:
❑ art.ºs 158º ss do CPP de 1929 (Revogado);
❑ art.ºs 10º e 12ºss do DL n.º 35 007, de 13 de Outubro de 1945
(Revogado);
❑ art.º 302º ss do CPPA.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA (ART.º S
302º A 327º DO CPPA) . ÂMBITO
ART.º 302º N.º 1 DO CPPA

1. Realizar diligências - seguir o rasto de, procurar para descobrir algo… PRODUÇÃO
DA PROVA. Ex: art.ºs 145º e 311º do CPPA

2. Apurar se foi ou não praticada uma infracção penal - reconstrução jurídica do


facto… QUALIFICAÇÃO JURÍDICA, art.ºs 1º e 147ss do CPA

3. Caso tenha sido praticada, descobrir os seus agentes – quem praticou o crime…
AUTORIA (moral ou material); CUMPLICIDADE ou COMPARTICIPAÇÃO, art.ºs 24º a 26º do
CPA

4. Determinar a respectiva responsabilidade penal - penas ou medidas de segurança a


aplicar; SANÇÕES, 39ºss do CPA
Garantir a realização da justiça mediante a descoberta da verdade material.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA

ÂMBITO DA INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA: ART.º 302º N.º 1 DO CPPA

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (Dec. Pres. n.º 179/17, de 09 de Agosto,


que aprova o Regulamento Orgânico do SIC)

INSTRUÇÃO PROCESSUAL (Produção da prova. CPPA)


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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. FORMALISMOS E LIMITES
A INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA TEM FORMALISMOS E LIMITES:
➢ Impostos pela CRA, art.ºs 60º, 63º a 68º
➢ Impostos pela Lei Processual Penal. Ex: art.º 146º do CPPA
❑ Deve ser realizada em observância das formalidades
constitucionais e processuais legalmente impostas;
❑ Deve estar assente nas garantias do processo penal;
❑ Deve estar assente no integral respeito dos direitos e liberdades
fundamentais de todas as pessoas envolvidas no processo;
❑ Deve ser controlada por princípios de direito como:
❖ Busca da verdade;
❖ Presunção de inocência;
❖ Isenção, imparcialidade e objectividade
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. DIRECÇÃO

Art.º 186.º da CRA


Ao Ministério Público compete representar o Estado, defender a legalidade
democrática e os interesses que a lei determinar, promover o processo penal e exercer
a acção penal, nos termos da lei, nomeadamente:
f) DIRIGIR A FASE PREPARATÓRIA DOS PROCESSOS PENAIS, sem prejuízo da fiscalização
das garantias fundamentais dos cidadãos por magistrado judicial, nos termos da lei.

Art.º 36º da LOPGR e do MP


Compete especialmente ao Ministério Público:
c) DIRIGIR A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A INSTRUÇÃO PROCESSUAL, ainda que
realizadas por outras entidades

Art.º 48º do CPPA


2. Compete em especial ao Ministério Público:
b) DIRIGIR E REALIZAR A INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. DIRECÇÃO
Art.º 309º do CPPA
1. A DIRECÇÃO DA INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA É ATRIBUÍDA AO MºPº, titular da acção
penal, coadjuvado nos termos do art.º 55º, pelos órgãos de polícia criminal.
2. Os OPC instruem os correspondentes processos SOB DIRECÇÃO DO MºPº.
3. O MºPº pode, por iniciativa própria realizar diligências complementares de prova,
quando entender necessário ou conveniente e avocar qualquer processo em curso
em curso nos OPC.

Art.º 1º do ROSIC
1. O SIC é o órgão executivo do MININT (…) que constitui o corpo superior de polícia
criminal e judiciária ao qual compete (…) investigar indícios de crimes, (…),
REALIZAR A INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA DOS PROCESSOS-CRIME DA SUA
COMPETÊNCIA (…)
3. A actuação do SIC, em matéria de instrução processual, está SUJEITA À
FISCALIZAÇÃO
Elizete DO
Paulo, Magistrada do MºPº, MºPº
Formadora nos
do INEJ, termos
Jurisdição Criminal da lei.
INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. DIRECÇÃO
Art.º 312º n.º 3 do CPPA
3. Salvo o disposto nas alíneas c), e), g), i) e j) o MºPº pode, POR DESPACHO DE
NATUREZA GENÉRICA, DELEGAR NAS AUTORIDADES DE POLÍCIA CRIMINAL a realização
dos actos de instrução preparatória.
ATT: AO TIPO DE DESPACHO DE DELEGAÇÃO
ATT: À QUEM SE DELEGA
ATT: À AMPLITUDE DA DELEGAÇÃO
ATT: AOS ACTOS DE EXCLUSIVA COMPETÊNCIA DO MºPº NÃO RESSALVADOS NO N.º 3
Art.º 313º do CPPA
1. Durante a fase de instrução preparatória, cabe ao juiz de garantias do tribunal
territorialmente competente: …
Art.º 314º do CPPA
Compete ainda ao magistrado judicial competente, durante a fase de instrução
preparatória, autorizar: …
ATT: À QUALIDADE DO JUIZ. DE GARANTIAS OU DE INSTRUÇÃO?
ATT: AO PRATICAR, AO AUTORIZAR, AO ORDENAR ASSUME A DIRECÇÃO DA INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA? VIDE
ART.º 315º DO CPPA.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. DIRECÇÃO
É mais do que:
❖ Ordenar diligências;
❖ Fiscalizar o cumprimento das diligências ordenadas;
❖ Delegar e confiar integralmente à polícia.

É efectivamente assumir as rédeas da:


❑ Estratégia da investigação criminal em curso;
❑ Instrução processual em curso;
❑ Condução da recolha de provas (ordenando, realizando, dirigindo,
acompanhando, monitorando e fiscalizando a realização das
diligências em curso)
E porque “cada arte tem o seu artista”…
O MºPº respeita a autonomia técnica e tática dos seus coadjutores
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. FINALIDADES

Art.º 302º do CPPA, in fine

Investigada a notícia do crime, com base nos pertinentes elementos de prova


recolhidos:

FORMULAR UMA ACUSAÇÃO

ou

ARQUIVAR O PROCESSO
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. INÍCIO
Notícia do crime/Notitia criminis (objecto da instrução preparatória)
Da prática de um eventual crime, de uma infracção criminal, passível de pena
ou de medida de segurança;
Art.º 302º n.º 2 do CPPA in fine
“… a notícia de uma infracção penal dá sempre lugar à abertura da instrução
Preparatória”
PERANTE A NOTÍCIA DO CRIME, O MINISTÉRIO PÚBLICO:
❑ Promove Julgamento em Processo Sumário? Dispensa a IP, art.º
302º n.º 2 do CPPA;
❑ Promove julgamento em Processo Abreviado? Pode dispensar
a IP, art.º 446º do CPPA;
❑ Ordena a abertura da Instrução Preparatória.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. INÍCIO
Notícia do crime/Notitia criminis (objecto da instrução preparatória)
❑ Instauração do Processo-Crime;
❑ Início da recolha da prova indiciária que confirme ou desminta
o noticiado;
❑ Indícios básicos, prova muito precária,
❑ Assente, formada, enformada e controlada pela lei e por
princípios de direito;
❑ Assente num mero juízo de suspeita;
❑ Pode ficar por um único processo ou dar origem a vários
processos (conexão de infracções penais).

Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal


INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
TRATAMENTO DA NOTÍCIA DO CRIME: art.º 302º n.º 2 do CPPA.
- Notícia de crimes de natureza pública - dão sempre lugar à abertura de instrução
preparatória art.º 302º n.º 2 do CPPA. Legitimidade do MºPº, art.º 49º do CPPA
- Notícia de crimes de natureza semi-pública – só dá origem à instrução preparatória
caso haja queixa; (denúncia feita pelo ofendido ou denúncia feita por pessoa com
legitimidade); apresentada dentro do prazo legal e o queixoso manifeste de modo
expresso a vontade de instauração do procedimento criminal contra o agente da
infracção, art.º s 50º; 302º n.º 2; 305º n.º 4 e 306º n.º 3 do CPPA. Queixa mais vontade
expressa de procedimento criminal ou há Ilegitimidade do MºPº.
- Notícia de crimes de natureza particular - só dá origem à instrução preparatória caso
haja queixa; (denúncia feita pelo ofendido ou denúncia feita por pessoa com
legitimidade); apresentada dentro do prazo legal ; o queixoso manifeste de modo
expresso a vontade de instauração do procedimento criminal contra o agente da
infracção e, obrigatoriamente, se constitua assistente nos autos para efeitos de
dedução de acusação particular, art.º s 51º; 302º n.º 2; 305º n.º 4, 306º n.º 3 e 307.º n.º 6
do CPPA. Queixa, mais vontade expressa de procedimento criminal, mais constituição
de assistente, mais acusação particular ou há Ilegitimidade do MºPº.
E NO CASO DE CONCURSO DE INFRACÇÕES PENAIS?
Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal
INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOTÍCIA DO CRIME
OBTENÇÃO E TRATAMENTO (Promoção do processo penal)
art.ºs 49º e 303ºss do CPPA
(Formal e oficialmente pelo detentor da acção penal)
❑ Directamente por conhecimento oficioso, Ex: conhecimento
directo, factos participados ao próprio, em serviços do MºPº ou
obtido pela mídia; redes sociais; etc. O QUE FAZER? O MºPº levanta
ou manda levantar AUTO DE NOTÍCIA. Art.º 304º n.º 1 do CPPA
❑ Por intermédio dos órgãos de polícia, Ex: no caso de crimes
participados em esquadras ou serviços de piquete. O QUE FAZER?
O órgão de polícia levanta ou manda levantar AUTO DE NOTÍCIA.
Art.º 304º n.º 1 do CPPA, MAS-ATT, OBRIGATÓRIO OBSERVAR O art.º
308º n.º 2 do CPPA (remeter ao MºPº no prazo de 10 dias)
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOTÍCIA DO CRIME

OBTENÇÃO E TRATAMENTO (Promoção do processo penal)


art.ºs 49º e 303ºss do CPPA
(Formal e oficialmente pelo detentor da acção penal)
❑ Por Denúncia, Ex: de um funcionário público ou de uma
cidadã. O QUE FAZER? A denúncia é obrigatória ou
facultativa? Art.ºs 305º ou 306º, respectivamente, do CPPA

❑ Por Queixa, Ex: do ofendido. O QUE FAZER? Art.ºs 305º n.º 4


e 306º n.º 3 do CPPA

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA. NOTÍCIA DO CRIME
OBTENÇÃO E TRATAMENTO

DENÚNCIA OBRIGATÓRIA: art.º 305º do CPPA


❑ Autoridades policiais: das infracções penais que presenciarem
ou das infracções de que tomarem conhecimento, n.º 1.
OU??????
❑ Agentes de polícia: das infracções penais que presenciarem ou
das infracções de que tomarem conhecimento, n.º 1. OU??????
❑ Funcionários Públicos: das infracções penais de que tomarem
conhecimento no exercício das suas funções, n.º 2. OU??????
ATT: DENÚNCIA OBRIGATÓRIA DE CRIMES DE NATUREZA PARTICULAR E SEMI-PÚBLICA

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
OBTENÇÃO E TRATAMENTO DA NOTÍCIA DO CRIME

DENÚNCIA FACULTATIVA: art.º 306º do CPPA


Qualquer pessoa pode denunciar:
❑ Ao MºPº; n.º 1
❑ Ao órgão de Polícia; n.º 1
❑ A outras entidades, n.º 2
ATT: DENÚNCIA FACULTATIVA DE CRIMES PARTICULARES E SEMI-PÚBLICOS (306º n.º 3 do CPPA)

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
OBTENÇÃO E TRATAMENTO DA NOTÍCIA DO CRIME

QUEIXA: 305º n.º 4 do CPPA


Denúncia de um crime semi-público ou particular feita
obrigatoriamente pelo ofendido ou por quem tiver
legitimidade (está no art.º da denúncia obrigatória), 305º
n.º 4 do CPPA
Denúncia de um crime semi-público ou particular feita
pelo ofendido ou por quem tiver legitimidade (está no
art.º da denúncia facultativa), 306º n.º 3 do CPPA
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
Quem pode ser titular do direito de queixa? Art.º 124º do CPA
❑ O ofendido;
❑ O cônjuge ou afim marital sobrevivo;
❑ Os irmãos e os descendentes do ofendido;
❑ O MºPº;
❑ …
OBS: Atenção aos casos em que o ofendido seja menor de 16 anos
ou não possua discernimento (incapazes, interditos, …);
Quem pode constituir-se assistente? Art.ºs 58º e 59º do CPPA
❑ O ofendido;
❑ O cônjuge ou afim marital sobrevivo;
❑ Os irmãos e os descendentes do ofendido;
❑ O representante legal do ofendido menor de 16 anos;
❑ …
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
FORMA E CONTEÚDO DA NOTÍCIA DO CRIME
Crimes presenciados ou de que se tenha conhecimento por
autoridade judiciária ou por órgão de polícia: AUTO DE
NOTÍCIA, art.º 304º n.ºs 1, 2 e 3 do CPPA
Crimes denunciados verbalmente: art.º 307º n.ºs 1, 2, 4 do
CPPA, a denúncia deve ser assinada pelo denunciante –
regra. Se não quiser ou não puder assinar?
Crimes denunciados por escrito: art.º 307º n.º 3, 4 do CPPA
Denúncia anónima: art.º 307º n.ºs 7 e 8 do CPPA, aceitam-se desde
que feitas de modo verbal, ou seja, o denunciante deverá estar
identificado, deve ser por factos criminosos, com indícios, a partir
dos quais se possa trabalhar num processo.
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
AS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS EM INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
• O que são autoridades judiciárias?
• Quais são as autoridades judiciárias referenciadas no nosso ordenamento
jurídico?
Autoridade Judiciária, art.º 304º n.º 1 do CPPA
• MºPº: art.º 48º do CPPA, cujos actos de instrução preparatória de sua
competência estão descritos no art.º 312º do CPPA. ATT: pode delegar a
realização de alguns dos actos legalmente admissível às autoridades de
polícia criminal, vide art.º 312º n.º 3 do CPPA
• Juiz das garantias: art.º 12º a) do CPPA, cujos actos de instrução
preparatória de sua competência estão descritos nos art.ºs 313º e 314º do
CPPA. ATT: alguns actos pratica ele próprio (313º do CPPA); outros actos
autoriza a sua prática (314º do CPPA) mediante requisição do MºPº ou da
autoridade de polícia criminal (art.º 315º do CPPA).
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
AS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS # DE AUTORIDADES DE POLÍCIA CRIMINAL (art.º
315º do CPPA que nos remete para o art.º 6º do ROSIC
1. Director-Geral
2. Directores Gerais- Adjuntos
3. Directores dos Órgãos • Laboratório Central de Criminalística;
Executivos Centrais: • Medicina Legal;
• INTERPOL;
• Das Operações.
• De Combate aos Crimes: Contra as Pessoas/ Contra o Património/ ao
Crime Organizado/ aos Crimes Financeiros e Fiscais/ aos Crimes
Económicos e Contra a Saúde Pública/ ao Narcotráfico/ ao Tráfico Ilícito
de Pedras, Metais Preciosos e Contra o Ambiente/ aos Crimes Informáticos.
• De Inteligência Criminal;
• De Investigação de Acidentes;
• De Atendimento ao Menor em Conflito com a Lei;
• Da Unidade de Investigação Tecnológica).
4. Directores Provinciais
5. Chefes Municipais
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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
AUTORIDADES DE POLÍCIA CRIMINAL DIFEREM DE:
• Órgãos de polícia: art.ºs 303º, 304º n.º 1 do CPPA
• Órgãos de polícia criminal: art.ºs 308º, 309º do CPPA
• Autoridades policiais, art.º 305º do CPPA

“Não basta saber direito para se ser investigador criminal, ainda


que não se possa ser investigador criminal sem se saber Direito”.
José Braz, Assessor de Investigação Criminal da Polícia Judiciária
Portuguesa

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (SERVIÇO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL/POLÍCIA CRIMINAL)
- Actividade instrumental;
- Directamente auxiliar da administração da justiça penal;
- Assente numa estratégia própria e assente em ciências específicas;
• Criminalística;
• Medicina legal;
• Psicologia e Psiquiatria judiciária ou forense;
• Toxicologia, Biologia, Física, Química forense;
• Balística;
• Documentologia;
• Contabilidade e informática;
• Economia e Gestão;
• Tecnologia, electrónica, fotografia, vídeo,
• …
- Envolvendo a polícia técnica e a polícia científica;
- Adoptando os procedimentos legalmente exigíveis à produção e suporte da cadeia de
custódia da prova

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INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA
TPC
OBS: Para serem feitos em duas páginas, no máximo;
OBS: Para serem entregues na aula do dia seguinte;
OBS: Auditores de A a D - n.º 2; de E a I – n.º 1; de J a N – n.º 4 e de O a S – n.º 3, de T a Z - n.º 5
1. Quais são as formas de processo penal angolano, sua consagração
legal, especificidades e quais dispensam a Instrução Preparatória?
2. Investigação Criminal e instrução preparatória são expressões
sinónimas? Fundamente
3. Ser detentor da acção penal é ter a direcção da instrução
preparatória?
4. De acordo com a natureza tripartida dos crimes, qual a diferença
entre eles quanto a instauração e prosseguimento do procedimento
criminal?
5. O que é uma queixa? Todas as queixas despoletam a fase processual
da instrução preparatória?
Elizete Paulo, Magistrada do MºPº, Formadora do INEJ, Jurisdição Criminal
INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA

MUITO OBRIGADA PELA ATENÇÃO

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