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RESUMO – FURTO

• Bem jurídico: posse legítima e o patrimônio

• Objeto material: coisa alheia móvel.


o Res nullius (coisas que nunca tiveram dono) ou res derelicta (coisas abandonadas) não configuram
crime.
o Res commune omnium (coisa de uso de todos, comum), será furto se haver valor econômico.
o Res desperdicta (coisa perdida) = apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II).

• Sujeito ativo: crime comum/geral, pode ser qualquer pessoa


o Proprietário subtrair coisa comum, comete crime bipróprio de menor infração (art. 156, CP)
▪ Ação Pública Condicionada à Representação
o Credor subtrai coisa sua de devedor, visando ressarcir-se
▪ Comete crime do Artigo 246 do CP → Exercício Arbitrário das Próprias Razões
o Funcionário Público subtrai ou concorre (valendo-se dessa qualidade)
▪ Comete crime de Peculato-Furto (Art. 312, §1 do CP)
▪ Terceiro, sabia da condição (peculato-furto), não sabia da condição (furto)

• Sujeito passivo: crime comum/geral, pessoa proprietário ou possuidor legítimo.

• Núcleo do tipo: subtrair, é a inversão da posse da coisa alheia móvel.

• Elemento subjetivo: dolo (animus furandi). Reclama elemento subjetivo especial de agir > ânimo de
assenhoreamento definitivo da coisa (animus rem sibi habendi).
o Não se admite a modalidade culposa.
o Não reclama uma finalidade lucrativa (animus lucrandi), é irrelevante a intenção de lucro.
o Erro de Tipo (Art. 20, caput do CP), pega o objeto pensando que era o seu.
o Furto de Uso (não tipificado, é fato atípico), há a ausência do ânimo de assenhoreamento definitivo
da coisa
▪ Requisitos → Ser coisa infungível (coisa não consumível), intervalo razoável, uso
momentâneo e restituição integral da coisa

• Furto famélico: Não há crime em face da exclusão da ilicitude (natureza jurídica) pelo estado de
necessidade.
o Requisitos cumulativos:
▪ Fato seja praticado para mitigar a fome;
• Há jurisprudência no sentido de permitir remédios
▪ Comportamento lesivo seja inevitável;
▪ Coisa subtraída tenha aptidão para contornar diretamente a emergência;
▪ Recursos do agente sejam insuficientes ou ter impossibilidade de trabalhar
• Furto e Princípio da Insignificância:
o Natureza Jurídica → Excludente de Tipicidade (não há crime).
o Requisitos objetivos (STF)
▪ Mínima ofensividade da conduta do agente;
▪ Ausência/nenhuma de periculosidade social da ação;
▪ Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e
▪ Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
o Furto Qualificado → Não se aplica (STJ).
▪ Exceção para a qualificadora> Art. 155, §6 do CP – semovente domesticável de produção
o Furto Majorado → Segundo o STJ e o STF (Info. 973), aplica-se ao furto majorado.

• Teorias acerca da consumação dos crimes de furto e roubo:


o Furto é crime instantâneo: Momento é determinado, sem continuidade delitiva.
o Teoria da concretatio: o crime se consumava no instante em que o agente tocasse a coisa.
o Teoria da apprehensio: o furto se consuma quando segura (apoderamento) a coisa.
o Teoria da amotio (adotada): sustenta que o furto se consuma com a inversão da posse do bem,
sendo irrelevante a posse mansa e pacífica da coisa.
o Teoria da ablatio: não basta a apreensão da coisa, sendo necessário o transporte a outro lugar.
o Teoria da illactio: a coisa deve ser levada para o local desejado e seguro pelo agente

• Tentativa: É possível em todas as modalidades de furto: simples, privilegiado e qualificado.

• Furto praticado durante o repouso noturno: Causa de aumento de pena de 1/3.


o Intervalo entre o recolhimento para o descanso e o despertar (18h à 04:59, regra).
▪ A vítima não necessariamente precisa estar dormindo ou repousando.
▪ Não coincide necessariamente com a noite ou ausência de luz.
o Deve ser analisado os costumes e hábitos da coletividade do local, pode haver exceções.
o Possibilidade do Furto Qualificado-Majorado
▪ STF: É permitido, não há incompatibilidade. (Informativo 554)
▪ STJ: Não é possível, viola o Princípio da Proporcionalidade. (Tema 1.087)

• Furto privilegiado:
o Direito subjetivo do réu. (juiz é obrigado a aplicar)
▪ Primário (sem condenação transitada em julgado); e
• Não exige bons antecedentes (pode influenciar na escolha da substituição).
• Pode ter sido condenado por Contravenção.
▪ Pequeno valor a coisa furtada (aquela que não excede o montante de 1 salário mínimo).
• Não é necessário a reparação do dano ou a restituição da coisa (STJ).
• Furto em Continuidade Delitiva: Será pela soma do valor total dos delitos (STJ).
o Efeitos:
▪ Substitui a pena de reclusão pela de detenção; ou
▪ Diminui de um (1/3) a dois (2/3) terços; ou
▪ Pena de Multa (de forma exclusiva, restrita)
o Furto qualificado-privilegiado (híbrido):
▪ Primariedade do agente, Pequeno valor da coisa e Qualificadora for de ordem objetiva
(Súmula 511 do STJ).
▪ Única exceção = Qualificado do Abuso de Confiança (é de natureza subjetiva)

• Cláusula de equiparação:
o STF/2011 (Atípico): Sinal de TV a cabo não é energia, não se equiparando a coisa móvel.
o STJ (Típico): Sinal de TV é uma forma de energia, equiparando-se à coisa móvel (Nucci).
• Furto Qualificado
o É possível a acumulação de qualificados (primeira, qualifica, as demais, circunst. agravantes)
o Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (art. 155, §4, I)
▪ Segundo o STJ, é necessária a comprovação por prova pericial.
o Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; (art. 155, §4, II)
▪ Abuso de Confiança
• Utiliza (se aproveita) a confiança depositada como ferramenta, reduzir a vigilância
• O dolo é antecedente à posse da coisa
• Apropriação Indébita
o Dolo é superveniente, vítima transmite o objeto, há posse desvigiada
o Agente trai a confiança e decide não restituir a coisa
▪ Mediante Fraude
• Há entrega da coisa de forma espontânea (espera restituição da coisa), há
manobra enganosa (falsa percepção)
• Estelionato
o Fraude é elementar, é usado para enganar a vítima (não espera restituir o
objeto)
o A posse é bilateral, ou seja, vítima transmite de forma espontânea
o Antecede a posse da coisa, é a causa para ludibriar a entrega da coisa
▪ Escalada → Uso de via anormal, há um esforço incomum do agente
• É recomendado a perícia
▪ Destreza → Habilidade especial do agente
• Vítima não percebe o furto, o objeto está junto ao seu corpo
• Vítima percebe? Tentativa de furto, furto simples
• Terceiro percebe? Furto Qualificada Mediante Destreza
o Com emprego de chave falsa; (art. 155, §4, III)
o Mediante concurso de duas ou mais pessoas; (art. 155, §4, IV)
▪ Concurso formal de crimes
• Corrupção de Menores (Art. 244-B do ECA).
• Associação Criminosa (Art. 288 do CP).
▪ A absolvição de uma não exclui a qualificadora do outro.
o Furto com o emprego de explosivo ou análogo que causa perigo comum; (art. 155, §4-A)
▪ É a única qualificadora que é crime hediondo
o Furto mediante dispositivo eletrônico ou informático; (art. 155, §4-B) (tipo de fraude)
▪ Causas de aumento de pena
• Utilização de servidor mantido fora do território nacional (art. 155, §4-C, inc. I)
o Aumento de 1/3 a 2/3, há maior dificuldade de identificação do agente
• Praticado contra idoso ou vulnerável (art. 155, §4-C, inc. II)
o Aumento de 1/3 ao dobro, maior vulnerabilidade da vítima
o Furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
(art. 155, §5)
▪ Requisitos cumulativos → Veículo a motor e finalidade (dolo) + efetiva transposição
▪ Contrato Exclusivo → Furto Qualificado, art. 155, §5 (antes e sabia), Receptação, art. 180,
caput (depois e sabia), atípico (não tinha conhecimento da origem ilícita do bem)
o Furto de semovente domesticável de produção; (art. 155, §6)
▪ A pena a ser aplicada, como regra, é a maior pena, ou seja, a do §6 será deixada de lado
▪ Proteger a ordem tributária e a saúde pública, além do patrimônio
o Subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (art. 155, §7)
▪ A substância explosiva é o material foco do delito
▪ Não será considerado crime hediondo.

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