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Disciplina: Direito Processual Penal para a PCSP

Tema: Prisão em flagrante

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PRISÃO EM FLAGRANTE

Trata-se de medida cautelar e processual, restritiva da liberdade, consistindo em


prisão de quem é surpreendido no cometimento ou logo após o cometimento de crime ou
contravenção penal.

Justamente por pressupor a prática de crime e a ciência imediata do agente público


ou cidadão comum, a prisão em flagrante independe de ordem escrita do juiz competente.

Na tabela abaixo, destacaremos as espécies de prisão em flagrante previstas no CPP


com a respectiva fundamentação legal:

Prisão em flagrante
Espécie Conceito
Flagrante próprio O agente é surpreendido no cometimento da infração penal
ou assim que acaba de cometê-la (art. 302, I e II, do CPP).
Flagrante impróprio O agente “é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
(ou quase flagrante) ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração” (art. 302, III, do CPP).
Flagrante presumido O agente “é encontrado, logo depois, com instrumentos,
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração” (art. 302, IV, do CPP).

ATENÇÃO: Há outras espécies de prisão em flagrante criadas pela doutrina e


com grande incidência em concurso. Por esse motivo, abaixo será abordada cada espécie em
separado com a respectiva conclusão.

Flagrante preparado ou provocado (crime de ensaio, delito de experiência ou


delito putativo por obra do agente provocador): nesta modalidade, a ação policial consiste em
criar cenário criminoso induzindo o agente à prática de delito com o objetivo de prendê-lo em
flagrante. A polícia, nesta modalidade, interfere no processo causal, maculando a própria
voluntariedade do agente. Ou seja, a polícia cria toda a situação e cenário e, em ato contínuo,
impede a consumação do delito com a voz de prisão em flagrante.

Exemplo: agente policial, passando-se por usuário de entorpecente, insiste para


adquirir drogas de suspeito. Marca dia e horário para a aquisição da substância. No momento
da mercancia, surpreende o sujeito que venderia a droga, dando-lhe voz de prisão em flagrante.
Note que se não fosse a interferência da polícia no caso em tela o comércio não teria ocorrido.

Consequência: a jurisprudência é pacífica no sentido de se tratar de crime


impossível, ou seja, fato atípico. Vale citar o verbete da Súmula nº 145 do Supremo Tribunal
Federal:

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“Súmula nº 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela


polícia torna impossível a sua consumação”.

Ainda assim, no exemplo acima mencionado, e com base no artigo 303 do CPP, bem
como no entendimento jurisprudencial, o flagrante seria devido, não pela venda da droga (essa
sim seria hipótese de crime impossível), mas pela natureza de crime permanente do delito de
tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/06. O delito destacado no exemplo possui
diversos verbos, dentre os quais “transportar, trazer consigo, guardar”, dentre outros. Sendo
assim, em que pese o crime impossível em relação ao verbo “vender”, nos demais verbos acima
mencionados seria perfeitamente possível a prisão em flagrante, já que antes mesmo da
preparação do agente policial o criminoso já se encontrava em situação de flagrante delito.

Nesse sentido, vale destacar que crime permanente é aquele cuja consumação se
protrai no tempo. O momento da execução se confunde com o momento da consumação do
delito, e, portanto, enquanto o agente estiver executando o crime, haverá consumação.

Segundo o artigo 303 do CPP, enquanto perdurar a permanência, haverá a


possibilidade de prisão em flagrante, já que haverá a consumação do crime se protraindo no
tempo (o que, como já estudamos, autoriza a prisão em flagrante.

A título de exemplo, imagine a hipótese de o agente praticar o delito de extorsão


mediante sequestro (art. 159 do CP). Sendo delito formal, a consumação ocorre a partir da
privação da liberdade da vítima, independentemente da obtenção de qualquer vantagem.
Imagine que a vítima ficou privada de sua liberdade por 10 (dez) dias. Durante todo esse período
haverá a permanência do delito, ou seja, 10 dias de consumação contínua do crime, autorizando,
por conseguinte, a prisão em flagrante a qualquer momento em que a vítima estiver privada da
liberdade.

Flagrante esperado: a diferença entre esta modalidade e a anterior, é que nesta


não há interferência da polícia no cenário do crime. Não há qualquer forma de indução da polícia
sobre o suposto criminoso.

Aqui, há mera expectativa da polícia, munida de informações da prática de infração


penal, aguardando apenas a sua efetiva realização para que efetue a prisão em flagrante.

Exemplo: polícia fazendo campana por horas após ter a ciência por meio de
investigações da prática de crime em data e horário previamente marcados.

Consequência: ante a ausência de interferência da polícia sobre o agente


criminoso, o flagrante será perfeitamente válido, devendo ser realizado no primeiro momento
possível, sem a possibilidade de retardamento.

Flagrante retardado ou prorrogado: sempre que a polícia entender que caso


retarde o momento do flagrante poderá alcançar outros agentes criminosos, poderá postergar
o momento da prisão em flagrante, desde que autorizados pela autoridade judiciária.

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Tal modalidade foi introduzida pela Lei do Crime Organizado e também é prevista
na Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006), sendo possível tal espécie de flagrantes nos crimes
previstos nas mencionadas leis.

Exige como requisitos a prévia oitiva do Ministério Público, bem como autorização
judicial.

QUESTÕES COBRADAS NA PCSP SOBRE O TEMA

1. (PC/SP – INVESTIGADOR – VUNESP – 2014) Um estabelecimento comercial foi roubado,


sendo subtraídos vários objetos de valor. A viatura de um Investigador de Polícia, que passava
pelo local, foi acionada por populares que presenciaram o roubo e relataram o ocorrido. Após
algumas horas, durante o trabalho de investigação policial, em diligência nas proximidades do
local do fato, o investigador surpreende um cidadão com a arma do crime e com vários objetos
roubados, sendo este ainda reconhecido pelas vítimas. Diante dessa situação, assinale a
alternativa correta.
a) Não é possível a prisão em flagrante, pois o criminoso não foi surpreendido no momento
e no local da prática do crime.
b) É possível a prisão em flagrante, porém apenas por determinação do juiz competente.
c) O cidadão somente poderá ser preso preventivamente pela autoridade policial ou
judiciária, não se admitindo a prisão em flagrante.
d) Há possibilidade de prisão em flagrante em razão de o cidadão ter sido encontrado, logo
depois, com a arma e objetos que faziam presumir ser ele autor da infração.
e) O investigador deverá acionar a Polícia Militar, pois somente esta poderá efetuar a prisão
em flagrante.

2. (PC/SP – INVESTIGADOR – VUNESP – 2013) Considera-se em flagrante delito.


a) o agente que é surpreendido com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração, em qualquer momento da investigação.
b) o agente que é investigado pela prática da infração penal no momento em que a
autoridade policial consegue reunir as provas de ter sido ele o autor do crime.
c) o agente das infrações permanentes, enquanto não cessar a permanência.
d) o agente que foge após a prática da infração penal enquanto não for capturado.
e) o agente que é surpreendido na fase dos atos preparatórios da infração penal.

Prova ORAL investigador e escrivão de 2019:


 O que é flagrante presumido?
 O que é flagrante facultativo?
 O que é flagrante próprio?
 O que é flagrante impróprio?
 O que é flagrante preparado?
 Como se dá o flagrante esperado?

GABARITO:

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D C

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Diego Luiz Victório Pureza


Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal
Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos.
Pós-graduado em Ciências Criminai.
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior
Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos.
Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.

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