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Direito Penal e

Processual Militar
CHOA/2023

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (APF)


Objetivos

Aperfeiçoar Capacitar Aplicar


Relembrar Apresentar novas Promover
aprendizados de concepções segurança nas
polícia judiciária, teóricas e práticas ações que
no que tange ao referente ao envolvem prisão
em flagrante e
Auto de Prisão em instituto do Auto de melhorar a técnica
Flagrante. Presidente em de elaboração do
Flagrante. auto.
1. Atribuições de Polícia Judiciária

2. Conceito e Fundamento APF

3. Classificação
NOÇÕES
PRELIMINARES 4. Sujeitos do flagrante

5. A voz de Prisão

6. Crimes em APF e Responsabilização


Atribuições de Polícia
Judiciária
 Código de Processo Penal Militar –
art. 7º e art. 8º;
 Constituição do Estado do Amapá
(forma indireta) – art. 88;
 Lei Complementar nº 084/2014 –
inciso I, art. 3º;
 Constituição Federal (indireta) –
art. 144.
Atribuições de Polícia Judiciária

Código de Processo Penal


Militar:
Art. 243. Qualquer pessoa
poderá e os militares
deverão prender quem fôr
insubmisso ou desertor, ou
seja encontrado em
flagrante delito.
 INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA Nº
001, DE 27 DE AGOSTO DE 2014
 SEJUSP/AP, PM/AP, PC/AP, BM/AP, IAPEN
Atribuições de e POLITEC.

Polícia Judiciária
Art. 5º. As atribuições legais do Superior
Militar
e do Delegado de Polícia, definidas na

No serviço que é o Constituição Federal e na legislação


extravagante, para a apuração de

responsável? infrações penais comuns e militares,


implicam ao fiel acatamento das
decisões proferidas no curso de uma
situação flagrancial, sujeitando a todos
os servidores, em caso de
descumprimento, à responsabilização
civil,
penal e administrativa.
Caso concreto
Em uma confraternização para comemorar promoções de vários bombeiros,
foi escolhido como local o quartel da capital, para que os militares de
serviço pudessem participar. Os militares foram autorizados a fazer uso de
bebida alcoólica, com exceção aos militares que estavam de serviço.
Ainda com uso de bebida, nenhum militar ficou embriagado. Estavam
presente o Subcomandante (Major), um oficial de outra unidade mais
antigo, oficiais intermediários, subalternos e praças de todas as graduações.
Em dado momento dois militares começas a desferir socos um contra o
outro, fato presenciado por todos. O Subcomandante ao perceber intervém
apartando os militares. Da agressão não resultou lesão. Após separado a
briga, o subcomandante, que não era amigo dos envolvidos, achou melhor
manda-los para casa. Posteriormente, resolveu comunicar a Corregedoria,
que ao tomar conhecimento determinou a instauração de Inquérito Policial
Militar.
Prisão em Flagrante
CONCEITO E FUNDAMENTO
CONCEITO
Flagrante vem do latim flagrans, flagrantis, do verbo flagrare, que
significa queimar, ardente, que está em chamas, brilhando,
incandescente.

No sentido jurídico, é o delito no


momento de seu cometimento, no
Essa certeza visual da prática do instante em que o sujeito percorre os
crime gera a obrigação para os elementos objetivos (descritivos e
órgãos públicos, e a faculdade normativos) e subjetivos do tipo penal. É
o delito patente, visível, irrecusável do
para os particulares, de evitar a ponto de vista de sua ocorrência. A
continuidade da ação delitiva, prisão em flagrante delito dá-se no
podendo, para tanto, deter o autor momento em que o indivíduo é
(Aury Lopes Jr., 2022). surpreendido no cometimento da
infração penal, sendo ela tentada ou
consumada (Paulo Rangel, 2023).
A prisão em flagrante
é uma prisão Existência de dois elementos
provisória e cautelar, imprescindíveis: a atualidade e
que visa deter o visibilidade.
sujeito que praticou
um delito, para
assegurar o caráter
probatório do crime,
bem como para
manter a ordem pressupostos:
social diante deste 1. fumus commissi delicti (fumaça do
atentado. cometimento do delito)
2. periculum libertatis, (perigo gerado
pelo estado de liberdade)
Constituição Federal de
Fundamento 1988, art. 5.º, LXI:
Legal: Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de
Código de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei.
Processo Penal
Militar – art.
243 ao art. 253.  A prisão em flagrante delito é um ato
administrativo, como deixa entrever art. 243 -
CPPM, uma medida cautelar de natureza
processual que dispensa ordem escrita e é
prevista expressamente pela Constituição
Federal (art. 5º - LXI).
Classificação (art. 244, CPPM)

Flagrante Próprio ou Real


(Propriamente Dito)

Flagrante Impróprio ou
Quase-Flagrante

Flagrante Presumido ou
Ficto
Outros Tipos de Flagrantes

FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO: trata-se de um arremedo de flagrante,


ocorrendo quando um agente provocador induz ou instiga alguém a cometer uma
infração penal, somente para assim poder prendê-la. Trata-se de crime impossível,
pois inviável a sua consumação. Ao mesmo tempo em que o provocador leva o
provocado ao cometimento do delito, age em sentido oposto para evitar o resultado.
Estando totalmente na mão do provocador, não há viabilidade para a constituição do
crime. Disciplina o tema a Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal: “Não há crime
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
Ex.: policial disfarçado, com inúmeros outros igualmente camuflados, exibe relógio de
alto valor na via pública, aguardando alguém para assaltá-lo. Apontada a arma para
a pessoa atuando como isca, os demais policiais prendem o agente. Inexiste crime,
pois impossível sua consumação.
Outros Tipos de Flagrantes

Flagrante esperado: essa é uma Flagrante forjado: trata-se de um


hipótese viável de autorizar a prisão flagrante totalmente artificial, pois
em flagrante e a constituição válida integralmente composto por terceiros. É
do crime. Não há agente fato atípico, tendo em vista que a
provocador, mas simplesmente pessoa presa jamais pensou ou agiu
chega à polícia a notícia de que para compor qualquer trecho da
um crime será, em breve, cometido. infração penal. Imagine-se a hipótese
Deslocando agentes para o local, de alguém colocar no veículo de outrem
aguarda-se a sua ocorrência, que certa porção de entorpecente, para,
pode ou não se dar da forma como abordando-o depois, dar-lhe voz de
a notícia foi transmitida. prisão em flagrante por transportar ou
trazer consigo a droga.
Existe tempo certo para
caracterização do
flagrante?
Condutor: é a pessoa Presidente: responsável
(autoridade ou não) pela condução das
que deu voz de prisão formalidades e
ao agente do fato garantias do devido
criminoso. processo legal.

Quem são os sujeitos


da prisão em
flagrante?

Testemunhas: pessoas
que presenciaram o Indiciado: Que
fato delituoso ou que cometeu o crime ou
presenciou o momento suposto crime.
da prisão.
ART. 249: QUANDO O FATO
FOR PRATICADO EM
Presidente e o PRESENÇA DA AUTORIDADE,
OU CONTRA ELA, NO
condutor EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES,
podem ser os DEVERÁ ELA PRÓPRIA PRENDER
E AUTUAR EM FLAGRANTE O
mesmo? INFRATOR, MENCIONANDO AS
CIRCUNSTÂNCIAS.
Comandante de
OBM pode ser
presidente de APF de
militar que não esteja
sob seu comando?
Autoridade

O art. 245, “caput”, do CPPM , expressa a autoridade competente para lavrar


o Auto de Prisão em Flagrante sendo os seguintes:

o Comandante, Chefe, Diretor, basta que o crime militar tenha ocorrido


dentro do órgão militar ou policial militar sob sua responsabilidade; ou que o
preso seja seu subordinado; ou que tenha expedido ato administrativo
militar desrespeitado;

- o Oficial de serviço, de dia ou de quarto na unidade militar ou policial militar.


A voz de
Prisão
Ordem verbal de autoridade
ou investido de autoridade
determinando a prisão de
alguém, indicando a
Conceito motivação e garantido a
cientificação do direito de
nãos constituir provas contra
si, inclusive de permanecer
em silêncio.
A inobservância
dos elementos
da voz de prisão
invalida a
lavratura do
auto?
QUALQUER MILITAR OU CIVIL
PODE DAR A VOZ DE PRISÃO,
NO ENTANTO, O CONDUTOR
PRECISA SER MAIS ANTIGO OU
SUPERIOR DO PRESO.
Crimes em espécies
Violência contra superior

• Art. 157. Praticar violência contra


DA superior:
VIOLÊNCIA • Pena - detenção, de três meses a dois
anos.
CONTRA
SUPERIOR OU Violência contra militar de
serviço
MILITAR DE
• Art. 158. Praticar violência contra
SERVIÇO oficial de dia, de serviço, ou de
quarto, ou contra sentinela, vigia ou
plantão:
• Pena - reclusão, de três a oito anos.
Desrespeito a superior
• Art. 160. Desrespeitar superior
diante de outro militar:
• Pena - detenção, de três meses a
DESRESPEITO A um ano, se o fato não constitui
SUPERIOR E A crime mais grave.
SÍMBOLO
NACIONAL OU Despojamento desprezível
A FARDA • Art. 162. Despojar-se de uniforme,
condecoração militar, insígnia ou
distintivo, por menosprêzo ou
vilipêndio:
• Pena - detenção, de seis meses a
um ano.
USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU ABUSO
DE AUTORIDADE

Violência contra inferior

• Art. 175. Praticar violência contra inferior:


• Pena - detenção, de três meses a um ano.

Ofensa aviltante a inferior

• Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência


que, por natureza ou pelo meio empregado, se
considere aviltante:
• Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Qual conduta tomar?

Vias de fato é
considerando
crime militar?
Deserção
• Art. 187. Ausentar-se o militar, sem
licença, da unidade em que serve, ou
do lugar em que deve permanecer, por
mais de oito dias:
• Pena - detenção, de seis meses a dois
CRIMES anos; se oficial, a pena é agravada.
CONTRA O
Omissão de oficial
SERVIÇO
• Art. 194. Deixar o oficial de proceder
contra desertor, sabendo, ou devendo
saber encontrar-se entre os seus
comandados:
• Pena - detenção, de seis meses a um
ano.
Abandono de posto
• Art. 195. Abandonar, sem ordem superior,
o pôsto ou lugar de serviço que lhe tenha
sido designado, ou o serviço que lhe
cumpria, antes de terminá-lo:
CRIMES • Pena - detenção, de três meses a um
ano.
CONTRA O
SERVIÇO Descumprimento de missão
• Art. 196. Deixar o militar de desempenhar
a missão que lhe foi confiada:
• Pena - detenção, de seis meses a dois
anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Dormir em serviço
• Art. 203. Dormir o militar, quando em
serviço, como oficial de quarto ou de
ronda, ou em situação equivalente, ou,
não sendo oficial, em serviço de sentinela,
vigia, plantão às máquinas, ao leme, de
CRIMES ronda ou em qualquer serviço de natureza
semelhante:
CONTRA O • Pena – detenção, de três meses a um ano.
SERVIÇO Embriaguez em serviço
• Art. 202. Embriagar-se o militar, quando
em serviço, ou apresentar-se embriagado
para prestá-lo:
• Pena - detenção, de seis meses a dois
anos.
Maus tratos
• Art. 213. Expor a perigo a vida ou
saúde, em lugar sujeito à
administração militar ou no exercício
de função militar, de pessoa sob sua
DA autoridade, guarda ou vigilância, para
PERICLITAÇÃO o fim de educação, instrução,
tratamento ou custódia, quer
DA VIDA OU DA privando-a de alimentação ou
SAÚDE cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalhos excessivos ou
inadequados, quer abusando de
meios de correção ou disciplina:
• Pena - detenção, de dois meses a um
ano.
Desafio para duelo

CRIMES • Art. 224. Desafiar outro militar para


CONTRA A duelo ou aceitar-lhe o desafio,
embora o duelo não se realize:
LIBERDADE • Pena - detenção, até três meses, se
o fato não constitui crime mais
grave.
Apropriação indébita simples

• Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia


móvel, de que tem a posse ou
detenção:
APROPRIAÇÃO • Pena - reclusão, até seis anos.
INDÉBITA Apropriação de coisa havida
acidentalmente
• Art. 249. Apropriar-se alguém de
coisa alheia vinda ao seu poder por
êrro, caso fortuito ou fôrça da
natureza:
• Pena - detenção, até um ano.
Desacato a superior
• Art. 298. Desacatar superior,
ofendendo-lhe a dignidade ou o
decôro, ou procurando deprimir-
lhe a autoridade:
CRIMES CONTRA •Pena - reclusão, até quatro anos,
A ADMINISTRAÇÃO se o fato não constitui crime mais
MILITAR grave.
Desobediência
• Art. 301. Desobedecer a ordem
legal de autoridade militar:
•Pena - detenção, até seis meses.
CRIMES CONTRA O DEVER
FUNCIONAL

Art. 319. Retardar ou deixar de


praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra
Prevaricação expressa disposição de lei,
para satisfazer interêsse ou
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de seis
meses a dois anos.
Caso concreto
Em uma confraternização para comemorar promoções de vários bombeiros,
foi escolhido como local o quartel da capital, para que os militares de
serviço pudessem participar. Os militares foram autorizados a fazer uso de
bebida alcoólica, com exceção aos militares que estavam de serviço.
Ainda com uso de bebida, nenhum militar ficou embriagado. Estavam
presente o Subcomandante (Major), um oficial de outra unidade mais
antigo, oficiais intermediários, subalternos e praças de todas as graduações.
Em dado momento dois militares começas a desferir socos um contra o
outro, fato presenciado por todos. O Subcomandante ao perceber intervém
apartando os militares. Da agressão não resultou lesão. Após separado a
briga, o subcomandante, que não era amigo dos envolvidos, achou melhor
manda-los para casa. Posteriormente, resolveu comunicar a Corregedoria,
que ao tomar conhecimento determinou a instauração de Inquérito Policial
Militar.
Responsabilização
Responsabilização por Omissão

Crime Militar Transgressão Disciplinar


Responsabilização por abuso

Lei de Abuso de Autoridade


(Lei nº 13869/2019).
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à
autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária
ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o
local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a
nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar
o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com
seu advogado: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o
investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou
defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu
lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de
interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa,
assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças
relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parte 2:
- Emementos do
APF;
- Procedimentos
Práticos .
1. Instauração e atos 6. Relaxamento da 7. Comunicação a
iniciais prisão Autoridade Judicial

2. Sujeitos do 5. Procedimentos
Flagrante (Condutor, Complementares:
Testemunhas, Recolhimento a 8. Relatório ELABORAÇÃO
Indiciado e
Presidente)
prisão e demais
diligências
DO AUTO PRIÃO
EM FLAGRANTE

9. Remessa do auto
de prisão em
3. Lavratura do APF 4. Direitos do preso
flagrante à
autoridade judicial

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