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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Restrições cautelares

Versão Condensada
Sumário
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1.  Prisão em flagrante������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3

1.1 Modalidades������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 3

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1. Prisão em flagrante

1.1 Modalidades

No que tange ao tema de modalidades de flagrante, é preciso bifurcar o entendimento acerca da previsão. O art. 302
do CPP estabelece algumas hipóteses de flagrante, mas não todas que podem ser cobradas. Por isso, é preciso com-
preender um posicionamento legal e outro doutrinário.

FLAGRANTES DO CPP (Art. 302)

• Flagrante facultativo: realizado por qualquer um do povo.

• Flagrante obrigatório: realizado por quem tem o poder-dever de agir, diga-se, pela polícia.

• Flagrante próprio: Este tipo de flagrante também é conhecido como perfeito, real ou verdadeiro. Está previsto no
Art. 302, I e II, do CPP e se caracteriza pela certeza visual do crime. É aquele em que o indivíduo:

ͫ está cometendo;

ͫ acaba de cometer o delito;

ͫ Ainda se encontra no local do crime.

• Flagrante impróprio: O flagrante impróprio é também conhecido como imperfeito, irreal ou quase-flagrante. Está
previsto no Art. 302, III, do CPP. Para caracterizar o flagrante impróprio, é preciso:

ͫ Perseguição → Deve ser ininterrupta (não importa o prazo, nem mesmo o de 24h). Segundo o CPP (art. 250 e
290), há duas situações em que estará caracterizada a perseguição:

ͫ a) quando se avistar o indivíduo e se iniciar a perseguição, mesmo que o tenha perdido de vista posteriormente;

ͫ b) quando se descobre que o indivíduo acaba de passar numa ou noutra direção e se segue em seu encalço,
pouco importando o conhecimento de quem quer que seja.

Havendo situação de fuga, e o agente entrar em residência (própria ou alheia), será conduzido o procedimento previsto
no art. 293 do CPP:

Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa,
o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor
convocará DUAS TESTEMUNHAS e, sendo dia, ENTRARÁ À FORÇA NA CASA, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará GUARDAR TODAS AS SAÍDAS,
tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.

Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença da autori-
dade, para que se proceda contra ele como for de direito.

Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

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ͫ Logo após o cometimento do delito: “logo após” é o lapso temporal entre o acionamento da polícia, seu compa-
recimento ao local do delito e colheita de elementos necessários para que se dê início à perseguição;

ͫ Situação que faça presumir a autoria.

• Flagrante presumido: o flagrante presumido é também conhecido como ficto ou assimilado. Está previsto no Art.
302, IV, do CPP. Não é necessário haver perseguição, bastando que o indivíduo seja encontrado com instrumentos
que façam concluir ser ele o autor do crime. Além disto, deve-se atentar ao fato de a lei usar a expressão “logo
depois”, ao invés de “logo após”, que caracteriza do flagrante impróprio.

ESPÉCIES DE FLAGRANTE DA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA

• Flagrante esperado: nesse caso, a autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito para
efetuar a prisão em flagrante. Importa frisar que não há induzimento nem agente provocador. Assim, o flagrante
esperado é perfeitamente legal.

• Flagrante prorrogado, retardado ou diferido: trata-se da famosa ação controlada. Consiste no retardamento da
intervenção policial, que se deve dar no momento mais oportuno do ponto de vista da colheita de provas, obtenção
de informações e efetivação de prisões.

Ex. clássico: deixar de prender a “mula” para também poder prender os traficantes maiores, em momento posterior.

Atualmente, a previsão da AÇÃO CONTROLADA está na Lei das Organizações Criminosas, a atual Lei 12.850/13, que
dispõe:

Art. 8° Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por
organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida
legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.

§ 1° O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente COMUNICADO ao juiz competente


que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

§ 2° A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a ope-
ração a ser efetuada.

§ 3° Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.

§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.

Art. 9° Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou admi-
nistrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itine-
rário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou
proveito do crime.

Outra lei que admite o flagrante postergado é a lei 11.343/06, a famosa lei de drogas, a qual dispõe:

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos
previstos em lei, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos
investigatórios:

I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;

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II - a NÃO-ATUAÇÃO policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior
número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos
o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

ATENÇÃO! Há, aqui, uma questão recorrente em concursos públicos: na Lei das Organizações Criminosas, não
existe autorização judicial para a ação controlada. O que é exigido das autoridades é apenas a COMUNICAÇÃO
ao Juiz competente, que não irá autorizar a ação, mas, se for o caso, estabelecer seus limites. É importante
memorizar essa informação!

• Flagrante forjado: esse tipo de flagrante é também é conhecido como urdido ou maquinado. Ocorre quando auto-
ridades policiais ou particulares criam provas de um crime inexistente, a fim de legitimar uma prisão em flagrante.

Ex.: a patroa com orgulho ferido que coloca suas joias na bolsa da bela empregada e a acusa de furto.

• Flagrante preparado: também é conhecido como flagrante provocado, crime de ensaio e delito putativo por obra
do agente provocador. Possui dois requisitos:

ͫ Indução à prática do delito: quem induz a pessoa à prática do delito é chamado de agente provocador e pode
ser tanto um particular quanto um policial;

ͫ Adoção de precauções para que o delito não seja consumado, o que torna o crime impossível, razão pela qual
a prisão é ilegal. Nesta seara, é importante lembrar o conteúdo da Súmula 145 do STF:

“Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.

ATENÇÃO! O flagrante PREPARADO e FORJADO são tipos ILEGAIS de flagrante!

• Flagrante cataléptico: previsto na doutrina de Thiago Sifferman e Rilmo Braga, essa modalidade consiste em
hipótese ilícita de flagrante, tendo em vista que acontece quando um funcionário público, ao prender alguém em
flagrante, exige vantagem indevida.

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