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Inquérito Policial

iniciado mediante
Auto de Prisão em
Flagrante
Processo Penal I – 5º Período
2022/1
Prof.ª Juliana Bianchini
DO INQUÉRITO – AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

• O IP pode ser instaurado mediante Portaria, lavrada pela Autoridade


Policial, ou iniciado em razão da lavratura de Auto de Prisão em Flagrante.
• Sujeito ativo: qualquer pessoa;
• Sujeito passivo: qualquer pessoa
⮚ Imunidades parlamentares (art. 53, da CF):
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
[...]
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.
Artigo 5º, XLII a XLIV, da CF/88 (racismo, tortura, tráfico de entorpecentes, terrorismo, ação de grupos armados
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, crimes hediondos – Lei 8.072/90)
Prosseguindo com as exceções, tem-se:
⮚ Condutor veículo que socorre a vítima prontamente (art. 301, do CTB);
⮚ Crime de menor potencial ofensivo (art. 69, p. único, da Lei nº
9.099/95) – atenção: crimes de violência doméstica;
⮚ Presidente da República (somente será possível em caso de crime
inafiançável – art. 86, §3º, da CF);
⮚ Membros do Judiciário e MP (salvo crime inafiançável – art. 33, II, da
LOMN, e art. 40, III, da LOMP);
⮚ Advogados (salvo por motivo de exercício da profissão e em caso de
crime inafiançável – art. 7º, §3º, do Estatuto da OAB).
O auto de prisão em flagrante é uma peça lavrada na presença da
Autoridade Policial. Nela, constará dia, local, hora, comparecimento do
condutor, de testemunhas e do conduzido (não havendo testemunhas
presenciais, ao menos duas que hajam assistido à apresentação do
conduzido à Autoridade Policial). Após a Autoridade Policial estar
convencida da legalidade da prisão em flagrante, será ouvido o condutor,
em peça distinta, entregando-lhe um recibo da apresentação do preso, e
também, em peças distintas, ouvirá eventuais testemunhas, bem com o
conduzido, lavrando o respectivo laudo.
CAPÍTULO IX, TÍTULO II - DA PRISÃO EM FLAGRANTE – Código de Processo
Penal

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes


deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até
24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído
ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.
• Flagrante próprio ou real (incisos I e II – “está” ou “acaba”):

⮚ Agente é surpreendido praticando a ação ou quando acaba de


cometê-la;
⮚ Análise de excludente de antijuricidade é feita a posteriori (ex:
legítima defesa);
⮚ Absoluta imediaticidade entre a prática/fim da prática e a prisão;
Flagrante impróprio ou quase-flagrante (inciso III – “logo após”):

⮚ Agente é perseguido logo após a prática do fato pela autoridade, pelo


ofendido, ou por qualquer pessoa, em razão da situação que faça presumir
ser ele o autor do delito;
⮚ Relação de imediaticidade não absoluta – perseguição iniciada em um
tempo bem próximo da infração;
Mesmo dia do crime – doutrina de ISHIDA (Ishida, V. K. Processo Penal, 6ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador:
JusPodivm, 2018, p. 329).;

⮚ Perseguição desordenada, sem saber quem é o autor: não caracteriza –


perseguição deve ser contínua;
• Flagrante presumido ou ficto (inciso IV- “logo depois”)
⮚ Agente encontrado “logo depois”, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele o autor da infração (necessária
localização de objetos);
⮚ Ex: (ISHIDA - 6ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: JusPodivm, 2018, p. 330)
- Cerca de quatro horas depois: determinado relaxamento;
- Homicida encontrado 13 horas depois dos fatos, de posse da arma
utilizada no crime e do carro da vítima: admitido;
- Anoitecer do dia seguinte – prisão efetuada na residência do autor:
determinado relaxamento;
- Dois dias depois: não admitido.
⮚ Não existe imediaticidade visual da infração penal;
⮚ Não há limite preciso de tempo: prazo de 24 horas não é estabelecido em
lei, mas é usado costumeiramente na interpretação jurisprudencial.
Flagrante próprio (art. 302, I e II) Acontecendo ou acaba de
acontecer

Flagrante impróprio (art. 302, III) O agente é perseguido logo após

Flagrante presumido (art. 302, IV) O agente é encontrado logo depois


com instrumento, arma, objetos e
papéis que façam presumir ser o
autor da infração
• Flagrante preparado: súmula 145, do STF:

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação.

• Ocorre quando uma pessoa (pode ser policial ou terceiro), induz,


ardilosamente ou insidiosamente, o agente à prática de um ato criminoso
(ISHIDA);
• “Diz-se que há flagrante preparado quando são tomadas providências para que
a pessoa que vai praticar o crime não perceba que está sendo vigiada”
(TOURINHO FILHO, p. 679).
Ex.: funcionário que comete furtos
• CUIDADO: é diferente de flagrante esperado, no qual não há provocação, nem
indução do agente policial ou de qualquer outra pessoa: “O policial promove
diligências para a prisão, apenas atividade de alerta e não de investigação. Por
consequência, existe o crime e o flagrante é válido” (TOURINHO FILHO, p. 331)
Flagrante diferido/protelado – ação controlada:

• Permite que o policial não aja precipitadamente, conferindo-lhe poderes para


procrastinar a ação repressiva, mantidos os responsáveis sob observação à espera de
uma oportunidade “mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento
de informações” (TOURINHO FILHO, p. 680);
• Lei 12.850/13:
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
obtenção de informações. (...)
Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento
da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a
cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou
destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto,
objeto, instrumento ou proveito do crime.
• Flagrante forjado/fabricado:

• Não há crime: polícia ou particulares criam provas de uma crime inexistente.


Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência.

Ex.: Sequestro e
cárcere privado
(art. 148, do CP)
Questões procedimentais do APF

Art. 301 a 310 do CPP


Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá,
desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso.
Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas
assinaturas, lavrando, a autoridade, ao final, o auto.
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade
mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de
prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na
presença deste.
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a
existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada
pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão


comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de
culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor
e os das testemunhas.
• Audiência de custódia
⮚ O “Projeto Audiência de Custódia” teve sua execução iniciada em
24.02.15;
⮚ Contempla a obrigatoriedade de apresentação policial de toda
pessoa presa em flagrante, em 24 (vinte e quatro) horas, ao Juízo
Criminal, para realização da denominada audiência de custódia, com
presença do Juiz de Direito, do membro do Ministério Público e do
Advogado constituído ou nomeado;
⮚ Finalidade específica de análise quanto à regularidade ou não da
prisão em flagrante, e à necessidade ou não de manutenção da
prisão cautelar, havendo, neste sentido, possibilidade de decisões
judiciais imediatas de relaxamento da prisão em flagrante, de
concessão de liberdade provisória com ou sem fiança, de aplicação
de medidas cautelares diversas da prisão, de conversão em prisão
preventiva, dentre outras.
Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a
exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um
prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.

• Fundamentos:
⮚ Art. 7º, item 5, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
de San José da Costa Rica), em vigor no Brasil desde 1992;

⮚ Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 347.

STF determina realização de


audiências de custódia e
descontingenciamento do Fundo
Penitenciário
• Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução nº. 213, de 15 de
dezembro de 2015, regulamentou a apresentação de toda pessoa presa à
autoridade judicial no prazo de 24 horas.
Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente
da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24
horas da comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida
sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão.
§ 1º A comunicação da prisão em flagrante à autoridade judicial, que se dará por
meio do encaminhamento do auto de prisão em flagrante, de acordo com as rotinas
previstas em cada Estado da Federação, não supre a apresentação pessoal
determinada no caput.
Prisão preventiva (resumo)
- garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal;
- ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado
- poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas
por força de outras medidas cautelares;

• nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos;
• tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado;
• violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou
pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
• dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos
suficientes para esclarecê-la.

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