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LORENA OCAMPOS

Juíza TJDFT
Professora de processo penal e de legislação extravagante
@prof.lorenaocampos
1 - Sobre a investigação preliminar e os meios de obtenção de provas e/ou elementos de convicção
cabíveis em sede processual penal, assinale a alternativa correta, de acordo com a lei.

O inquérito policial é instrumento indispensável para a dedução da ação penal, sendo a investigação
prerrogativa exclusiva da polícia judiciária.
2 - Sobre a investigação preliminar e os meios de obtenção de provas e/ou elementos de convicção
cabíveis em sede processual penal, assinale a alternativa correta, de acordo com a lei.

A denúncia anônima, por si só, não pode autorizar a abertura de inquérito policial ou a tomada de
medidas cautelares invasivas.
FORMAS DE INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL
Notitia criminis direta, A autoridade policial toma conhecimento de um fato delituoso por meio de suas
espontânea ou de cognição atividades rotineiras.
imediata Exemplo doutrinário: Autoridade policial toma conhecimento da prática de um
crime por meio da imprensa.
Notitia criminis indireta, A autoridade policial toma conhecimento da prática da infração penal pela
provoca ou de cognição mediata provocação de terceiros, como por requisição de membro do MP ou da
magistratura, requerimento da vítima ou por notícia de qualquer do povo.
Notitia criminis forçada ou de A autoridade policial toma conhecimento do fato pela apresentação do
cognição coercitiva indivíduo preso em flagrante (arts. 8º e 304 – auto de prisão em flagrante).
Notitia criminis apócrifa ou É a denúncia anônima (STF – Info 819).
inqualificada
Delatio Criminis simples Quando qualquer pessoa do povo comunica ao delegado a ocorrência de uma
infração penal em que caiba ação penal pública.
Delatio Criminis postulatória É a representação do ofendido ou seu representante legal, manifestação pela
qual a vítima ou seu representante legal autorizam o Estado a instaurar o
inquérito.
DENÚNCIA ANÔNIMA

As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si só, a propositura de ação penal
ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação,
como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de
informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder
Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1)
Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo
confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se
inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de
prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra
os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.

STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
3 - Acerca dos sistemas de investigação criminal e do inquérito policial, julgue os próximos itens.

O direito do defensor, no interesse do representado, de ter acesso amplo aos elementos de prova que
digam respeito ao exercício do direito de defesa abrange diligências ainda em andamento e elementos
ainda não documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária.
Súmula Vinculante 14:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
4 - O inquérito policial é um processo administrativo presidido pela autoridade policial, apuratório e
informativo, cujo prazo,
a) em caso de crime comum, investigado no âmbito federal, será de 10 dias se o indiciado estiver preso
e 30 dias se estiver solto, prorrogáveis por igual período pelo juiz, ouvido o Ministério Público, por
pedido da autoridade policial.
b) em caso de crime comum, investigado no âmbito estadual, será de 15 dias se o indiciado estiver
preso e 30 dias se estiver solto, prorrogáveis por igual período pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
por pedido da autoridade policial.
c) em caso de crime contra a economia popular, será de 15 dias, em qualquer hipótese, mediante
requisição da autoridade policial ao juízo competente.
d) em caso de crime de responsabilidade, será de 10 dias se o indiciado estiver preso e 30 dias se
estiver solto, prorrogáveis por igual período mediante requisição da autoridade policial.
e) em caso de tráfico de drogas, será de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias quando solto,
prorrogáveis por igual período pelo juiz, ouvido o Ministério Público, por pedido da autoridade
policial.
PRAZO DE CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL
Tipo de inquérito Investigado Preso Investigado Solto
Justiça comum estadual 10 dias, prorrogáveis 15 dias *** 30 dias, prorrogáveis
(art. 10, CPP)
Justiça comum federal 15 dias, prorrogáveis uma vez 30 dias, prorrogáveis
(art. 66, Lei nº 5010/1996 e art. por + 15 (15 + 15)
10, CPP)
Lei de Drogas 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias
(art. 51, Lei 11.343/2006)
Inquérito policial militar 20 dias 40 dias + 20 dias
(art. 20, CPPM)
Crimes contra economia popular
e saúde pública 10 dias (preso ou solto - improrrogáveis)
(art. 10, Lei 1.521/1951)
Prisão temporária em crimes
hediondos e equiparados 30 dias + 30 dias (investigado preso)
(art. 2º, § 4º, Lei 8.072/1990)
5 - Em relação ao processo penal brasileiro, julgue o item seguinte.

O delegado de polícia pode requisitar, sem necessidade de autorização judicial, dados e informações
cadastrais de suspeito da prática de crime de extorsão mediante sequestro.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do
Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de
radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial,
conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e
duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
6 - Acerca do inquérito policial, assinale a opção correta.
a) As diligências requeridas pelo ofendido no curso do inquérito policial deverão ser realizadas pela
autoridade policial.
b) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, não acompanharão os
autos do inquérito.
c) Nos crimes de ação privada, a lei permite que autoridade policial instaure inquérito policial ainda
que não haja o requerimento ofendido.
d) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito não é cabível recurso.
e) Nos crimes em que a ação pública depender de representação o inquérito não poderá sem ela ser
iniciado.
7 - Quanto ao inquérito policial e à ação penal, julgue o item a seguir.

O arquivamento do inquérito policial por atipicidade da conduta faz coisa julgada formal, o que
permite a reabertura de investigações pela autoridade policial em determinadas situações.
Fundamento do arquivamento Espécie de coisa julgada Pode desarquivar?
Ausência de pressupostos Coisa julgada formal Sim
processuais ou de condições da
ação
Falta de justa causa Coisa julgada formal Sim
Atipicidade do fato Coisa julgada formal e material Não
Excludente de ilicitude Divergência STJ x STF Divergência STJ x STF
Excludente de culpabilidade Coisa julgada formal e material Em regra, não
(exceto inimputabilidade) (exceto inimputabilidade)

Excludente de punibilidade Coisa julgada formal e material Em regra, não


(exceto no caso de certidão de (exceto no caso de certidão de
óbito falsa) óbito falsa)
8 - No que se refere ao inquérito policial, assinale a opção correta.
a) O inquérito policial é nulo se não observar os princípios do contraditório e da ampla defesa.
b) A característica pública das investigações auxilia na apuração dos fatos e na identificação dos
culpados.
c) O delegado pode arquivar o inquérito quando verificar que o fato criminoso não ocorreu.
d) O inquérito policial é um processo administrativo com valor probatório pleno.
e) O inquérito é procedimento dispensável quando o titular da ação penal tiver informações
suficientes para propor a ação.
9 - Tendo em conta as disposições do Código de Processo Penal, a respeito do inquérito policial,
assinale a alternativa correta.
a) Instaurado o Inquérito Policial, tanto o investigado quanto a vítima poderão requerer diligências,
que deverão ser realizadas pela Autoridade Policial.
b) Nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, a Autoridade Policial poderá requisitar diretamente
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicação que disponibilizem os meios técnicos
adequados que permitam a localização da vítima.
c) A Autoridade Policial não pode determinar o arquivamento do Inquérito Policial, sendo certo que
uma vez arquivado, somente poderá iniciar novas pesquisas se houver notícias de provas novas.
d) Instaurado o inquérito policial, a Autoridade Policial poderá requisitar de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada dados e informações cadastrais da vítima e de
suspeitos, independentemente do crime investigado.
e) Sempre que tomar conhecimento de fato criminoso, a Autoridade Policial determinará, de ofício, a
instauração de inquérito policial, restando, no entanto, a continuidade da investigação condicionada
à manifestação da vítima, em se tratando de crime de ação penal privada.

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