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Inquérito Policial

(art. 4º - art. 23 do
CPP)

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Inquérito Policial
• Art. 4º: polícia judiciária encarregada da investigação (já tratamos);
• Art. 5º: formas de iniciação do IP;
• O inquérito policial tem sua origem na notitia criminis ou mesmo na atividade de ofício dos órgãos
encarregados da segurança pública (polícia preventiva ou ostensiva, p. ex.);
• Pode ser iniciado (1) de ofício pela autoridade policial, (2) por meio de requisição do MP, (3)
requerimento do ofendido nas ações públicas incondicionadas, (4) representação do ofendido nos
crimes de ação pública condicionada, (5) requerimento do ofendido nas ações privadas, ou (6) por
comunicação de qualquer pessoa do povo.
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• (1) de ofício pela autoridade policial (delegado de polícia):
• Flagrante;
• Informação reservada;
• Por meio da voz pública;
• Notoriedade do fato;
• Excetuando-se o flagrante, são raros os casos de self-starter da
polícia, que em geral só atua mediante invocação (Figueiredo Dias e
Costa Andrade).
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• (2) Requisição do MP:
• Se o próprio MP tomar conhecimento da existência do delito, deverá exercer a
ação penal no prazo legal, requisitar a instauração do IP ou ordenar o
arquivamento (art. 28 do CPP);
• Lembrando que o MP também pode investigar, dando início ao PIC;
• A requisição por parte do MP é uma modalidade de notícia-crime qualificada,
tendo em vista a especial condição do sujeito ativo;
• Recebendo a requisição, a autoridade policial deverá imediatamente instaurar
o inquérito policial e praticar as diligências necessárias e as eventualmente
determinadas pelo MP;
• Se outro órgão jurisdicional tiver conhecimento da prática de um crime, deve
dar conhecimento ao MP (dominus litis). O julgador NÃO PODE instaurar IP,
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• (3) requerimento do ofendido nas ações públicas incondicionadas:
• É uma notícia-crime qualificada, pois exige uma especial condição do sujeito (ser o
ofendido) e requer que a autoridade policial diligencie no sentido de apurar o fato
aparentemente punível;
• Nos casos de inércia dos órgãos oficiais (autoridade policial e MP) cabe à vítima atuar:
requerendo a abertura de IP ou exercendo a ação penal privada subsidiária da pública
(art. 5º, LIX, da CB c/c art. 29 do CPP);
• O requerimento deverá ser feito por escrito e firmado pela vítima ou seu representante
legal, até porque a falsa comunicação ou imputação contida no requerimento poderá
configurar o delito do art. 340 ou do art. 339 do CP;
• A vítima também pode: requerer diligências no curso do inquérito (art. 14), facilitar o
acesso/entrega de documentos, informações, etc., habilitar-se como assistente de
acusação na ação penal.
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• (4) representação do ofendido nos crimes de ação pública
condicionada:
• Nesses casos, a representação do ofendido é condição de
procedibilidade da ação penal;
• A vítima, ao mesmo tempo que dá notícia de ter sido ofendida por
um delito, demonstra a intenção de que o Estado inicie a perseguição;
• Sem a representação da vítima, na teoria, não deveria sequer ser
instaurado o IP;
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• Condições da representação criminal:
• Sujeito: vítima ou seu representante legal (cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão). A representação poderá, ainda, ser prestada através de procurador
(advogado) com poderes especiais;
• Objeto: os objetos da representação são o fato noticiado e a respectiva autorização
para que o Estado proceda contra o suposto autor (não precisa a vítima conhecer a
autoria);
• Lugar: poderá ser oferecida ao juiz, ao órgão do MP ou à autoridade policial;
• Tempo: prazo decadencial de 06 meses, contados a partir da data em que o
ofendido vier a saber quem é o autor do delito (art. 38 CPP). É prazo MATERIAL e
não PROCESSUAL, não pode ser interrompido ou suspenso;
• Forma: a representação é facultativa, cabendo ao ofendido valorar a oportunidade e
a conveniência da persecução penal, podendo inclusive preferir a impunidade do
agressor à difamação e humilhação gerada pela publicidade do fato no curso do
processo. Pode ser oferecida de forma escrita ou oral.
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• (5) requerimento do ofendido nas ações privadas:
• Nos casos em que o ofendido não possuir o mínimo de prova necessário para
justificar o exercício da ação penal (queixa-crime), o CPP permite recorrer à
estrutura estatal investigatória por meio do requerimento de abertura do
inquérito policial;
• Não existe uma forma rígida, mas deverá ser escrito, dirigido à autoridade policial
competente (razão da matéria e lugar) e firmado pelo próprio ofendido, seu
representante legal (arts. 31 e 33) ou por procurador com poderes especiais.
• Se indeferida a abertura do IP pela autoridade policial, aplica-se o § 2º do art. 5º,
cabendo “recurso” para o chefe de polícia;
• Não existe um prazo definido para formular o requerimento, mas sim para o
exercício da ação penal (prazo material/decadencial de 06 meses).
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• Retratação da representação:
• A retratação é possível até antes do oferecimento da denúncia (art.
25 do CPP);
• Disposição especial: Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) – a
retratação pode ser feita até antes do recebimento da denúncia (art.
16).
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• Atenção!
• Com a Lei n. 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Estaduais) são
consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa;
• Com isso, diminuiu sensivelmente a incidência de inquérito policial
em crimes dessa natureza, posto que, nesses casos, não haverá
inquérito policial, mas mero termo circunstanciado.
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• (6) por comunicação de qualquer pessoa do povo:
• É a típica notícia-crime, em que qualquer pessoa, sem um interesse jurídico específico, comunica à
autoridade policial a ocorrência de um fato aparentemente punível;
• O IP somente poderá formalmente ser instaurado se for um delito de ação penal de iniciativa pública
e a autoridade policial verificar a procedência das informações;
• A notícia-crime é facultativa, pois aos cidadãos assiste uma faculdade, e não uma obrigação de
denunciarem a prática de um delito que tenham presenciado ou que sabem ter ocorrido.
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• Exemplos de notícia-crime obrigatória:
• Art. 66 da Lei n. 3.688/41: constitui a contravenção de omissão de
comunicação de crime o ato de deixar de comunicar à autoridade
competente crime de ação penal de iniciativa pública incondicionada
de que teve conhecimento no exercício de função pública;
• Inciso II do mesmo dispositivo prevê a punição de quem teve
conhecimento, no exercício da medicina ou de outra profissão
sanitária, de um crime de ação penal pública incondicionada e cuja
comunicação não exponha o cliente a procedimento penal.
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• Problemas em relação à comunicação do crime:
• Quando falsa, a comunicação poderá adequar-se à conduta descrita no
art. 340 do CP - aquele que der causa à instauração do inquérito policial
por meio de uma falsa comunicação de crime ou contravenção. Exige o
tipo penal que o agente atue dolosamente, com plena consciência da
falsidade que comete.
• Quando, para além de comunicar falsamente o crime, imputa-o a uma
pessoa determinada, o delito será o de denunciação caluniosa (art. 339
do CP), exigindo o tipo penal a presença do dolo, pois deve imputar a
conduta a uma pessoa determinada e que sabe ser inocente.
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• E a denúncia anônima? Pode subsidiar a instauração do IP?
• Não! O entendimento majoritário é no sentido de que um inquérito
policial não pode ser iniciado exclusivamente com base em uma
denúncia anônima;
• Mas, isso não significa que essa comunicação não possa originar
outras investigações;
• Em outras palavras: não autoriza a instauração imediata de um IP, mas
permite à polícia realizar diligências que confirmem a materialidade e
a autoria do fato narrado anonimamente.
Atos de investigação/desenvolvimento
• Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
• I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos
peritos criminais;
• II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
• III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
• IV - ouvir o ofendido;
• V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro,
devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; (assegurar o direito
de acompanhamento por adv, direito ao silêncio, etc.);
• VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; (art. 226 e 229 do CPP);
• VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
• VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes;
• IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica,
sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter;
• X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (importante para decidir sobre
prisão cautelar);
• Art. 7º. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Estrutura do IP
• Lugar: o critério para definir a competência (atribuição policial) faz-se
em razão da matéria ou pelo critério territorial. Em razão da matéria,
deve-se considerar que a polícia judiciária é exercida pela polícia federal
(art. 144, § 1º da CF) e pela polícia civil (residual, o que não for da JF e
da JM). Em razão do território, é a mesma para o processo penal;
• Tempo: dias hábeis para realizar os atos (art. 212 do CPC) e duração
razoável da investigação;
• Forma: facultativo para o MP, mas obrigatório para a polícia; escrito;
sigiloso (externamente) e acessível (total ou parcialmente para o
defensor, ainda que sem procuração, art. 7º do EOAB e Súmula
Vinculante 14 do STF).
Valor probatório do IP
• Lembrar que o IP é um procedimento de natureza administrativa,
secreto, não contraditório e sem exercício de defesa;
• Tem como ÚNICO objetivo reconstruir o fato e individualizar a
conduta dos possíveis autores, permitindo assim o exercício e a
admissão da ação penal;
• No plano probatório, o valor exaure-se com a admissão da denúncia;
• Importante inovação do art. 3º-C, § 3º, inserido no CPP com a Lei
Anticrime (suspenso pelo Fux);
• O IP somente gera atos de investigação e não atos de prova.
Atos de investigação
• a) não se referem a uma afirmação, mas a uma hipótese;
• b) estão a serviço da investigação preliminar e para o cumprimento de seus objetivos;
• c) servem para formar um juízo de probabilidade, e não de certeza;
• d) não exigem estrita observância da publicidade, contradição e imediação, pois podem ser
restringidas;
• e) servem para a formação da opinio delicti do acusador;
• f) não estão destinados à sentença, mas a demonstrar a probabilidade do fumus commissi
delicti para justificar o processo (recebimento da ação penal) ou o não processo
(arquivamento);
• g) também servem de fundamento para decisões interlocutórias de imputação (indiciamento)
e adoção de medidas cautelares pessoais, reais ou outras restrições de caráter provisional;
• h) podem ser praticados pelo Ministério Público ou pela Polícia Judiciária.
Provas irrepetíveis
• A maior parte das provas pode ser produzida judicialmente, “repetidas” da fase pré-
processual para a processual. Isso significa dizer que as “provas” (que são na verdade atos de
investigação) produzidas no IP que são repetíveis não podem ser usadas no processo penal;
• Algumas, contudo, são irrepetíveis ou não renováveis pela sua própria natureza (podem
perecer ou tornarem-se imprestáveis), a exemplo das prova técnicas (perícias, p. ex.). Nesses
casos, serão aproveitadas na ação penal desde que colhidas sob o crivo – pelo menos – do
contraditório e da ampla defesa;
• Dentro das provas irrepetíveis, existem aquelas colhidas em sede de antecipação de prova
(art. 225 do CPP). A decisão acerca da produção antecipada (ou não) cabe ao juiz. Se houver
o deferimento, será a prova colhida diante do julgador. Exemplo: prova testemunhal que
pode perecer se aguardar o processo penal;
• Requisitos para o incidente de antecipação de provas: relevância e imprescindibilidade do
seu conteúdo para a sentença, impossibilidade de repetição na fase processual e autorização
e produção judicial.
O Indiciamento
• Lei nº 12.830/2013, art. 2º, § 6º;
• O indiciamento deve resultar do encontro de indícios convergentes que apontam para certa
pessoa, ou determinadas pessoas, supostamente autora(s) da infração penal;
• Pressupõe um grau mais elevado de certeza da autoria que a situação de suspeito;
• O indiciamento é um ato posterior ao estado de suspeito e está baseado em um juízo de
probabilidade, e não de mera possibilidade;
• o Delegado de Polícia possui o encargo legal de fundamentar de forma coerente o ato de
indiciamento, mostrando as provas e circunstâncias que apontam para a comprovação da
materialidade e da provável autoria.
O Indiciamento
• O indiciamento constitui uma carga para o sujeito passivo, mas
também marca o nascimento de direitos, entre eles o de defesa;
• O sujeito só deixará o estado de “indiciado” quando houver decisão
de arquivamento do inquérito policial, a pedido do Ministério Público,
ou quando houver o recebimento da denúncia, momento em que
passará a ser chamado de “denunciado”, “acusado” ou “réu”;
O Indiciamento
• E qual o momento do indiciamento?
• O CPP é omisso nesse ponto, não dispõe especificamente sobre o momento e a
forma do indiciamento;
• É comum observar nos inquéritos um “despacho de indiciamento” elaborado pelo
delegado de polícia, no qual há um relatório dos atos de investigação angariados
com os indícios de autoria e materialidade delitiva. Ao fim, há o indiciamento;
• Nem sempre é assim. Há muitos casos em que o indiciamento é feito no próprio
interrogatório policial ou numa simples ficha de qualificação do investigado. Prática
extremamente danosa para o direito de defesa do indiciado, pois dificulta o
conhecimento dos indícios colhidos e considerados pela autoridade policial;
• Deve-se tomar cuidado também com intimações para oitiva na qualidade de
testemunha. Às vezes, o sujeito – que já é considerado o principal suspeito – é
intimado como testemunha e sai da delegacia indiciado.
Conclusão do IP
• O IP será finalizado por meio de um relatório (art. 10, §§ 1º e 2º), no qual o delegado de polícia fará uma exposição do que
foi investigado, remetendo-o à justiça para ser distribuído. Acompanharão o IP os instrumentos utilizados para cometer o
delito e todos os demais objetos que possam servir para a instrução definitiva (processual) e o julgamento;
• No relatório, não é necessário que a autoridade policial tipifique o delito apontado, mas, se o fizer, essa classificação legal
não vincula o MP. Nem mesmo as conclusões da autoridade policial vinculam o MP, que poderá denunciar ou pedir o
arquivamento ainda que em sentido completamente contrário ao que apontou o delegado;
• Recebendo o IP, o promotor poderá: oferecer a denúncia (art. 46 do CPP); determinar o arquivamento; solicitar diligências
ou realizar diligências. Em NENHUMA hipótese pode o delegado de polícia arquivar o IP;
• Na existência do juiz das garantias: o IP é remetido para esse juízo que abrirá vista ao MP.
Arquivamento do IP
• Arquivamento do IP: art. 28 do CPP;
• Sistemática ANTIGA, antes da alteração pela Lei Anticrime (o novo art.
28 está SUSPENSO por decisão do Fux):
• Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças
de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia,
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá
no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
Arquivamento do IP
• Nessa sistemática o MP não arquiva, solicita o arquivamento para o
juiz que poderá concordar com o pedido do MP e então arquivar o
inquérito (controle é judicial), ou divergir do entendimento do MP e
determinar a remessa para o procurador-geral do MP, que poderá
(inclusive através de outro promotor designado) insistir no
arquivamento (e então não restará ao juiz outra opção senão
arquivar) ou oferecer denúncia (que voltará para aquele mesmo juiz
julgar);
• Crítica: atentado ao sistema acusatório, pois o juiz, de forma
inquisitória, discorda do arquivamento e “tenta” uma acusação.
Arquivamento do IP
• Novo art. 28 alterado pela Lei Anticrime, mas SUSPENSO:
• Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o
órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a
instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
• § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de
30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
• § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
Arquivamento do IP
• Como será a nova sistemática:
• O arquivamento somente será ordenado pelo Ministério Público nos termos do art.
28 do CPP, com a possibilidade de recurso da vítima e a necessidade de reexame
pelo órgão superior encarregado do MP;
• Não depende, portanto, de decisão judicial. Muito mais de acordo com o sistema
acusatório;
• Apesar do arquivamento não ser judicial, o MP deve fundamentar a sua decisão;
• Se a vítima determinada discordar do arquivamento, terá o prazo de 30 dias para
recorrer para outro órgão dentro do próprio MP;
• Ainda que não haja recurso da vítima, o membro do MP que arquivou deve enviar
os autos para a homologação do arquivamento, numa espécie de reexame
necessário do próprio órgão.
Arquivamento do IP
• Não há trânsito em julgado da decisão de arquivamento do MP, mas
há estabilidade. Não pode outro membro do MP, desrespeitando a
decisão, oferecer uma denúncia por exemplo;
• Mas pode a autoridade policial continuar investigando a fim de obter
NOVOS indícios e reabrir a investigação (art. 18 do CPP). Um IP nunca
pode ser reaberto, depois de arquivado, com os mesmos indícios.
Arquivamento do IP
• Na doutrina há quem sustente o arquivamento implícito, como
Afrânio Jardim: ocorre quando o MP deixar de incluir na denúncia
algum fato ou indiciado, sem expressa fundamentação. Haverá, para
esse fato ou indiciado, o arquivamento implícito.
• A matéria é extremamente relevante na medida em que, operado o
arquivamento tácito ou implícito, não caberá aditamento ou nova
denúncia em relação àquele fato ou autor, salvo se existirem novas
provas;
• Matéria controvertida e não muito aceita pelos tribunais, inclusive
pelo STF.
Acordo de Não Persecução Penal
• Art. 28-A do CPP inseriu o ANPP: Não sendo caso de arquivamento e tendo o
investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente;
• Espaço negocial dentro do processo penal (extremamente criticável);
• É considerado um “benefício”, assim como a transação penal, a suspensão
condicional do processo e a colaboração premiada;
• O acusado pode aceitar ou não (caso em que o processo seguirá);
• Se aceito e cumprido integralmente, o juiz deverá declarar a extinção da
punibilidade (não consta como antecedente criminal, não pode ser utilizado para
fins de reincidência, somente para obstar novo benefício no prazo de 05 anos);
• Em caso de rescisão por não cumprimento, deverá o MP oferecer denúncia e o feito
prosseguirá sua tramitação.

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