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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inquérito Policial

O Inquérito Policial é um procedimento administrativo e pré-processual que tem por


objetivo realizar diligências a fim de constatar materialidade ou descobrir a autoria de fato
criminoso. Assim, o IP tem algumas características peculiares, que são elas:
- Sigiloso
- Escrito
- Indisponível (o delegado não pode arquivar o IP depois de instaurado)
- Discricionário
- Oficial
- Inquisitivo
- Dispensável
- Administrativo
- Oficioso

Instauração do Inquérito Policial

Noticia Criminis - é o meio pelo qual a Autoridade Policial toma conhecimento dos fatos.
- imediata: quando há requerimento do MP
- mediata: quando a Autoridade Policial toma conhecimento por sua rotina
- coercitivo: flagrante delito

Delatio Criminis - quando é solicitado por algum do povo


- Simples - representante do povo
- postulatória - feita pela vítima
- qualificada - denúncia anônima

● A denúncia Anônima por si só não pode ser motivo suficiente de instauração de


Inquérito Policial. É necessário que a Autoridade Policial verifique a procedência e
depois instaure inquérito

Instauração por:

Ação penal pública incondicionada

- Requisição do MP (portanto, obrigatória a instauração) (essa requisição pode ser


recusada, caso a autoridade policial não perceba elementos fáticos necessários para
a instauração ou a requisição por expressamente ilegal)
- Ex Oficcio (sem provocação)
- Auto de prisão em flagrante
- Requerimento do ofendido (portanto, não obrigatório a instauração pelo Delegado)
(requisitos: narração dos fatos, caracterização dos indivíduos e nomear 4
- testemunhas) (caso seja indeferido o requerimento, cabe recurso ao chefe de
polícia).

!!!!Pela letra da lei seca, o juiz também pode requisitar a instauração de IP.
Entretanto, é consenso da doutrina que o Juiz não pode participar desta fase pré
processual, solicitando diligências para a investigação. Art 3-A, lei 13.964, o juiz está
vedado de participar da parte da investigação do processo. Assim, por lógica, também não
poderá solicitar instauração de inquérito.

Ação penal pública condicionada

- Representação da vítima (prazo decadencial de 6 meses) (caso esta seja menor


de idade, a representação deverá ser feita por um representante legal) (caso o
próprio representante legal seja o autor do fato, será nomeado curador pelo
Ministério Público) (por conta disso, caso ninguém faça a representação, o prazo
decadencial para a vítima menor de 18 só começará a contar a partir do momento
em que esta completar a maioridade.
- Requisição do MP (também depende de representação da vítima)
- Flagrante delito (no flagrante delito, a vítima tem 24 horas para representar. Caso
isso não aconteça, o autor dos fatos será solto. Entretanto, isso não exclui o prazo
decadencial de 6 meses, podendo a vítima representar após isso)

O IP também poderá ser instaurado mediante requisição do Ministro da Justiça.


Entretanto, para casos mais específicos:
- Crime contra brasileiro cometido por estrangeiro fora do país
- Crimes contra a honra cometidos contra o presidente da república

Ação privada
- representação da vítima ou de quem legalmente a representa. Caso esta esteja
morta, poderá ser feito por cônjuge, descendentes, ascendentes ou irmãos.

Caso o IP tenha a intenção de investigar indivíduo com foro privilegiado, ex.


Deputado Federal, a Autoridade Policial deve solicitar autorização para o Tribunal. Há dois
entendimentos quanto a isso:

- STJ: não precisa pedir


- STF: precisa pedir

TRAMITAÇÃO DO IP

Diligências investigatórias a serem realizadas pelo Delegado: art. 6° do CPP

- Dirigir-se ao local do crime e providenciar para que não sejam feitas alterações no
local dos fatos que dificulte o trabalho da perícia
- colher todas as provas
- apreender os objetos relacionados ao crime após a liberação dos peritos
- ouvir o indiciado
- ouvir o ofendido
- fazer o reconhecimento de pessoas e coisas, realizar a acareação
- fazer a identificação criminal ( “teste do piano” passou a ser exceção. Só é feita caso
o indiciado não seja civilmente identificado ou possua irregularidades na sua
identificação civil. Via de regra, caso o indiciado seja civilmente identificado, não se
procede à identificação criminal
- verificar existência de crianças, filhos, sob responsabilidade do indiciado,
procedendo para que sejam tomadas as devidas providências que amparem estas
crianças
- averiguar a vida pregressa do indiciado e os elementos subjetivos do crime
- o delegado não pode recusar o corpo delito em crimes que deixem vestígios
corporais
- a vítima pode requerer diligências, mas o delegado não é obrigado a cumpri-las
- A presença de defesa técnica no interrogatório é de faculdade do indiciado, cabendo
ao delegado a obrigação de deixar o suposto autor dos fatos ciente desse direito.
- O delegado pode realizar a simulação ou reconstituição dos fatos desde que não
atentem contra a moralidade ou ordem pública

_______________________________________________________REVISÃO SEMANAL

DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

Para fins de investigação, o MP ou a Autoridade Policial poderão solicitar dados


cadastrais das vítimas ou suspeitos para os Órgãos Públicos ou Privados para os seguintes
crimes:
- Tráfico de pessoas
- Extorsão mediante sequestro
- Extorsão mediante restrição de liberdade
- Facilitação de envio de criança ou adolescente para o exterior
- Sequestro ou cárcere privado
- Redução de condição à análoga à de escravo

No caso do crime de tráfico de pessoas, o MP ou Delegado poderão solicitar o


sinal (meios técnicos que permitam a localização da vítima ou suspeito), que deverão ser
entregues imediatamente. O IP deverá ser instaurado em até 72 horas a contar do registro
do B.O
- Não será concedido acesso ao conteúdo desta comunicação, salvo em caso de
autorização judicial
- O prazo que será concedido este sinal é de 30 dias, prorrogável por mais 30.
Inquérito que investigue Agente de Segurança Pública

- O pacote anti crime previu alguns benefícios e garantias ao agente de segurança


pública que esteja sendo investigado por uso de força letal
- O mesmo artigo cabe também aos militares das forças armadas que sejam
empregados em operações de GLO.
- Dentre essas garantias, ressalta-se
- O direito do indiciado de constituir um defensor do início ao fim das
investigações (nada de novo por aqui, todos já tinham esse direito)
- O investigado será citado da abertura do inquérito desde a sua
instauração (aqui é novidade)
- Caso um defensor não seja indicado pelo indiciado no prazo de 48
horas, a instituição a que o investigado pertence deverá escolher um
advogado para o caso
- A preferência será dada à Defensoria Pública (havia sido vetado pelo
Presidente da República, pois a DP é responsável por fazer a defesa
dos Necessitados, entretanto o veto foi derrubado pelo Congresso)
- Caso não haja DP por perto na região, a instituição ficará responsável
por constituir defensor que não seja integrante da Adm Pública e arcará
com os seus honorários.

Resumindo, este dispositivo tem a intenção de tornar obrigatório a presença de defensor


em casos envolvendo o uso de força letal por agentes de segurança pública.

O interrogatório Criminal é diferente do Judicial.

- Judicial: é obrigatória a presença de defensor


- Criminal: duas correntes. Uma afirma que a presença do defensor torna-se
indispensável. A segunda afirma que o Delegado precisa apenas notificar o indiciado
de que tem direito de ser interrogado sob a presença de um advogado.

Incomunicabilidade do Preso

- há um dispositivo que prevê que o preso poderá, mediante despacho do juiz a


requerimento da AP ou do MP, ficar incomunicável por 72 horas
- Segundo grande parte da doutrina, a CF não aceita esta condição pois prevê que o
preso terá direito a se comunicar com a família e o advogado; diz que nem
mesmo em estado de defesa a incomunicabilidade será aceita.

Indiciamento

- É o ato de apontar indivíduos como prováveis autores da infração penal


- Ato exclusivo da Autoridade Policial
CONCLUSÃO DO IP

O IP deverá ser concluído em:

- 10 dias, no caso de indivíduo preso.


- 30 dias, no caso de indivíduo solto, mediante ou não pagamento de fiança

Caso o IP não seja concluído, a AP irá remeter os autos para o Juiz e solicitará prorrogação
do prazo

Indiciado solto: poderá ser prorrogado sucessivas vezes

Indiciado preso: há um dispositivo do pacote anti crime que prevê que o ip poderá ser
prorrogado uma vez por 15 dias, se não forem concluídas as investigações, a prisão será
relaxada (eficácia suspensa pelo STF)

____________________________________________________REVISÃO SEMANAL

ARQUIVAMENTO DO IP

Ocorre por solicitação da AP, solicitação do MP e ordem do Juiz.

Arquivamento implícito: hipótese considerada pela doutrina quando MP denuncia apenas


partes do IP, seja referente a alguns fatos ou alguns investigados. STF diz que não há
Arquivamento Implícito.

Arquivamento Indireto: ocorre quando o MP alega incompetência de Juiz e o Juiz,


julgando-se competente, entende que este foi uma solicitação indireta de arquivamento do
IP

Trancamento do IP: o juiz pode solicitar o trancamento do IP caso este esteja investigando
fato atípico e, a requerimento do investigado constrangido, possa ser arquivado

Coisa Julgada: O IP arquivado, em regra, não corresponde à coisa julgada material, pois o
caso pode ser reaberto com novas provas

Exceções
- extinção de punibilidade - caso o atestado de óbito do agente morto seja
falso, pode ser reaberto
- Arquivamento em razão do reconhecimento de excludente de ilicitude e de
culpabilidade (STF entende que pode reabrir)
- Arquivamento pela atipicidade do fato
____________________________________________________REVISÃO SEMANAL
VALOR PROBANTE DOS ELEMENTOS COLHIDOS NO INQUÉRITO POLICIAL

- Sistema de livre convencimento motivado ou persuasão racional. Juiz decide


- Juiz não pode fundamentar a decisão condenatória apenas em provas colhidas no
IP

PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MP

- MP tem poderes investigatórios


- Teoria dos poderes implícitos
- PIC - Procedimento administrativo investigatório criminal

____________________________________________________REVISÃO SEMANAL

PROVAS

Art 155, livre convencimento motivado da prova (juiz decide)

Sistema de prova tarifada (não aplicado) (pesos das provas)

Sistema de íntima convicção - não é adotado como regra - Exceção - tribunal do júri

Brasil - é possível a utilização de meios de prova atípicos

Crime de homicídio - corpo delito (prova), fato (materialidade do crime) (objeto da prova)

Fatos que não precisam de provas:

- Fatos evidentes
- Fatos notórios
- Presunções legais
- Fatos inúteis

Classificação das provas

Quanto ao objeto

- diretas
- indiretas
Quanto ao valor

- plenas
- não-plenas

Quanto ao sujeito

- reais
- pessoais

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