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Fulano de tal, já qualificado nos autos, vem por meio de seu Advogado (a) (procuração anexa),
apresentar
com fundamento no artigo 5º, LVII, da Constituição Federal e artigos 312 e 314 do Código de
Processo Penal nos seguintes termos:
1. DOS FATOS
Fulano de tal, foi flagrado dentro de uma cafeteria aplicando um suposto golpe por meio de seu
computador pessoal que conseguia invadir outros dispositivos informáticos e fazer com que as mais
variadas vítimas depositassem quantias em seu nome, achando que algum parente ou amigo estava
solicitando.
A investigação partiu por parte da Polícia Civil, que estava atrás do agente há bastante tempo, pois,
várias pessoas estavam caindo no citado golpe do PIX. O golpe era feito pela invasão de um
dispositivo informático e após o agente se passar pela suposta pessoa que estava conversando com
a vítima, muitas vezes parente ou amigo necessitado de uma quantia para pagamento de alguma
conta, ela fazia o depósito, conforme solicitado. A Polícia Civil monitorou o agente e antes que
aplicasse novamente o suposto golpe, foi preso em flagrante, obtendo todas as informações que
estavam dentro de seu computador pessoal.
Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma
legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua
realização, bem como os pressupostos e requisitos do art. 312, CPP, não foram devidamente
preenchidos. A qual foi negada e o Fulano de Tal ainda encontra-se preso preventivamente na
cidade de BELO HORIZONTE/MG, já tendo passado um período de recolhimento cautelar de 365 dias
sem qualquer denúncia criminal por parte do Ministério Público, tendo sido o feito distribuído para o
juiz da 1a Vara Criminal da Capital.
2. DOS FUNDAMENTOS
Segundo o artigo 310, § 1º do CPP, o preso deve ser encaminhado ao juiz no prazo de 24 horas para
que este avalie a legalidade da prisão em flagrante que fora realizada. No caso do Fulano de Tal, este
só foi encaminhado dois meses em total descompasso com a lei. Diante disso, nota-se que a
ilegalidade da prisão está evidente, pois o tempo que o preso aguardou para ser levado à presença
do juiz, devendo sua prisão ser relaxada.
O artigo 312 do CPP dispõe a respeito dos pressupostos e requisitos da prisão preventiva, onde a
prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova
da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado. Ou seja, traz os motivos necessários para fundamentação da prisão preventiva, pois além
de ser necessária a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, o magistrado ao
decretá-la deverá motivar-se em um dos seus requisitos, sob pena de ilegalidade da prisão.
Em todas as hipóteses se faz necessário a comprovação dos fatos e no presente caso o Magistrado
não observou os requisitos do presente artigo para aplicar a prisão preventiva e se baseou em meras
conjecturas de que o acusado pelo simples fato de ter sido acusado de outros supostos golpes não
se enquadra nos requisitos do artigo 312, CPP. Sendo assim, é completamente improcedente a
decretação da prisão preventiva baseada em meras conjecturas sobre o poder aquisitivo do réu.
Art. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
De acordo com CPP, é determinado ao juiz a revisão da prisão preventiva decretada após o prazo de
90 dias para ver a necessidade ou não de sua manutenção, sob pena de tornar a prisão ilegal.
Ressalta-se que, o réu encontra-se encarcerado há 365 dias e não foi realizada nenhuma revisão, o
que torna a prisão ilegal e é caso de soltura do preso.
O Código de Processo Penal, estabeleceu-se que a prisão cautelar é a ultima ratio, ou seja, antes de
decretar o encarceramento do indivíduo, o magistrado deve analisar a possibilidade de decretar
medidas cautelares diversas da prisão, caso sejam eficazes para proteger o bem jurídico tutelado e a
aplicação do devido processo legal, tais medidas cautelares encontram-se dispostas no art. 319, CPP,
nesses termos:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco
de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Sendo assim, o magistrado antes de decretar a prisão preventiva deveria ter analisado a
possibilidade decretar alguma medida cautelar, algo que não foi observado no presente caso, pois o
mesmo não se importou em analisar nenhum outro meio e apenas decretou a prisão preventiva,
baseado em meras conjecturas. Dessa forma, se faz necessário a analise da aplicação de alguma
medida cautelar no lugar da prisão preventiva.
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, respeitosamente, requer a revogação da prisão preventiva, haja vista que:
a) Não foram preenchidos, à saciedade, os requisitos do art. 312, CPP, uma vez que não se
demonstrou com elementos concretos a presença da garantia da ordem pública ou qualquer outro
elemento autorizador;
b) Não cumpriu o mandamento legal do art. 316 do CPP, inexistindo razão para o seu
descumprimento, uma vez que trata de imposição legislativa;
c) Requer, caso não seja revogada a prisão preventiva, pelo princípio da eventualidade, a aplicação
das medidas cautelares diversas da prisão, conforme prudente arbítrio de Vossa Excelência, na
forma do art. 319, CPP;
c) Requer, ainda, a imediata expedição de alvará ́ de soltura em nome do acusado, para que ele
possa, em liberdade, defender-se no curso da ação penal, comprometendo-se a comparecer a todos
os atos processuais,
ADVOGADA
OAB XXXX