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Advocacia Costa

Previlato
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA
FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE GUAÍRA, ESTADO DO PARANÁ

MÉRCIO BARROS, brasileiro, casado, motorista de


caminhão, filho de Natalina Fernandes Barros e José Barros, nascido aos 11/05/1980,
natural de Icaraíma/PR, portador da cédula de identidade RG nº 8.554.123-6/SSP/PR,
inscrito no CPF/MF sob o nº 051.665.728-54, residente e domiciliado na Rua Marfim,
nº 1214, Conjunto Habitacional Ouro Branco, no município de Umuarama, estado do
Paraná, atualmente recolhido na Cadeia Pública da Delegacia de Polícia Civil e
Guaíra/PR, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, através de sua
advogada ao final assinada, Flávia Costa de Queiroz, inscrita na OAB/PR sob o nº
184.335, com escritório profissional situado na Rua Inajá, nº 3836, Centro, em
Umuarama-PR, com endereço eletrônico advprevilato@hotmail.com, com fundamento
nos artigos 310 e 350, do Código de Processo Penal e Resolução 213/2015 do Conselho
Nacional de Justiça, requerer:

LIBERDADE PROVISÓRIA

Para que possa aguardar em liberdade toda a tramitação processual, pelos fatos e
motivos de direitos a seguir:

1- DOS FATOS
Na data de 15.05.2019, às 17h30min, o Requerente foi preso em
flagrante pela Polícia Federal de Guaíra. Segundo o Inquérito Policial, o Requerente
estaria transportando 300 (trezentas) caixas de cigarros da marca Eight, oriundas do
Paraguai, em um caminhão Mercedez Bens, ano 2000, Placas AWW-3030, culminando
na prática do crime de contrabando.

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O Requerente foi levado à Delegacia de Polícia Federal, e na
ocasião foi lavrado o auto de prisão em flagrante. Após foi encaminhado ao setor de
carceragem da Cadeia pública de Guaíra/PR, onde encontra-se até a data de hoje,
aguardando a realização de audiência de custódia.
Foi encaminhado o auto de prisão em flagrante para o juiz que o
recebeu. Todavia, até o presente momento não houve apreciação pelo Juízo do fato.

2- DO DIREITO
2.1- INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS PARA A PRISÃO PREVENTIVA
Para a decretação da prisão preventiva, os artigos 312 e 313,
CPP, exige alguns requisitos para que a conversão da prisão em flagrante em restritiva
de liberdade, seja: a garantia da ordem pública, da ordem econômica, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. Dispõem os citados
artigos:

Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria. Parágrafo único.  A prisão preventiva também poderá ser
decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º)”

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não

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fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

Nos fundamentos do artigo 313, pode-se observar que o ato


praticado pelo Requerente não se encaixa nos requisitos mencionados. Logo, não há
pressupostos para a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.

Os fundamentos do 312, expressam que o juiz só pode decretar a


prisão preventiva, nos casos de o Requerente estando solto, venha trazer risco à Ordem
Pública, requisitos que o Requerente não possui para decretação de sua prisão
preventiva.

Diante disso, é cabível a concessão de liberdade ao Requerente.

2.2- DA CONDUTA DO ACUSADO


Cumpre ressaltar Excelência, antes de qualquer coisa, e acima de tudo, que o
Requerente é pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a qualquer
processo crime.
Cabe também salientar MM. Juiz, que o Acusado jamais teve participação em
qualquer tipo de delito, visto que é PRIMÁRIO, conforme consta nos autos; possui
BONS ANTECEDENTES, sendo que sempre foi pessoa honesta e voltada para o
trabalho; também possui PROFISSÃO DEFINIDA, trabalhando como motorista de
caminhão, sendo que trabalhava na Empresa Pioneira na Cidade de Umuarama/PR;
ainda, possui RESIDÊNCIA FIXA, não havendo assim, motivos para a manutenção da
Prisão em Flagrante, porquanto o Acusado possui os requisitos legais para responder o
processo em liberdade.
 Assim, o Autor possui ocupação lícita e preenche os requisitos do parágrafo
único do art. 310 do Código de Processo Penal.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
fundamentadamente:

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,


que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de

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1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a
todos os atos processual

Destarte Excelência, com a devida venia, não se apresenta como


medida justa o encarceramento de pessoa cuja conduta sempre pautou na honestidade e
no trabalho.                                         
Os Tribunais têm firmado posição favorável ao ora pleiteado,
senão vejamos:
“173834 – LIBERADE PROVISÓRIA – FURTO QUALIFICADO –
ACUSADO PRIMÁRIO COM BONS ANTECEDENTES –
Inexistência de qualquer dos requisitos motivadores da prisão
preventiva. Concessão. Possibilidade. É possível a concessão da
liberdade provisória ao acusado por furto qualificado, primário com
bons antecedentes quando não for preenchido nenhum dos requisitos
dispostos no art. 312 do CPP, sendo insuficientes para manutenção do
encarceramento os indícios ou provas da existência do crime e de sua
autoria.” (TACRIMSP – HC 374256/8 – 5ª C. – Rel. Juiz Luís
Ganzerla – DOESP 08.01.2001) JCPP. 312
“001620 – HABEAS CORPUS – FURTO QUALIFICADO –
PRISÃO EM FLAGRANTE – PEDIDO DE LIBERDADE
PROVISÓRIA MEDIANTE O PAGAMENTO DE FIANÇA –
POSSIBILIDADE – ORDEM CONCEDIDA – 1 – A prisão do
paciente não se enquadra em nenhuma das hipóteses elencadas no art.
323 do CPP, bem como não registra antecedentes criminais, razão por
que é de se conceder a liberdade provisória mediante pagamento de
fiança. 2 – O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de
que, “uma vez satisfeitos os pressupostos legais, a prestação de fiança
é direito do réu e não faculdade do juiz.” (TJAC – HC 03.000082-3 –
(2.383) – C. Crim. – Rel. Des. Feliciano Vasconcelos – J. 21.02.203)
JCPP. 323

Neste mesmo sentido, diz o insigne JULIO FABBRINI


MIRABETE, in CÓDIGO DE PROCESSO PENAL INTERPRETADO, 8ª edição, pág.
670:
“Como, em princípio, ninguém  dever ser recolhido à prisão senão
após a sentença condenatória transitada em julgado, procura-se
estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento
regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício  de
sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as
hipóteses de absoluta necessidade.” Destaquei.

E ainda:
“É possível a concessão de liberdade provisória ao agente primário, com
profissão definida e residência fixa, por não estarem presentes os

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pressupostos ensejadores da manutenção da custódia cautelar.”
(RJDTACRIM 40/321).

E mais:
“Se a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal não
correm perigo deve a liberdade provisória ser concedida a acusado preso em
flagrante, nos termos do art. 310, parágrafo único, do CPP. A gravidade do
crime que lhe é imputado, desvinculada de razões sérias e fundadas,
devidamente especificadas, não justifica sua custódia provisória” (RT
562/329)

Desta forma ínclito Julgador, a  concessão de LIBERDADE


PROVISÓRIA ao Acusado é medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não
havendo, por conseguinte, razões para a manutenção da reclusão do mesmo.
Aliás MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei, que na
hipótese da prisão preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública; da ordem
econômica; por conveniência da instrução criminal; ou ainda,  para assegurar a
aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas,
estão plenamente garantidas.
Fica assim, evidente assim o direito do Requerente em ter
decretada a sua liberdade provisória nos termos do artigo, 310, parágrafo único, 312 e
313 do CPP.
3- DA DISPENSA DA FIANÇA
O delito que está sendo imputado ao Requerente é afiançável
nos termos doa artigo 325, II, CPP. Todavia o Requerente não possui condições
econômicas financeiras para pagar a fiança pois possui renda de R$ 1.200,00 (um mil e
duzentos reais) mensais e tem três filhos menores para prover o sustento e sua esposa
recebe apenas auxílio doença no valor de um s.m., para arcarem com despesas de
aluguel, água, energia e mercado.
Dispõe o artigo 350, “caput”, do CPP que:
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a
situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade
provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328
deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso.

Ora Excelência, com a devida vênia, a pobreza não pode ser


motivo para que o Requerente permaneça preso, tendo em vista o único embaraço para
sua soltura ser o pagamento da fiança.
Desta forma, deve ser concedida a liberdade provisória
dispensando o Requerente do valor a qualquer título de fiança.

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4- REQUERIMENTO:
Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência em, após
ouvido representante do Ministério Público Federal, julgar procedente o presente
pedido para a concessão da liberdade provisória do Requerente com base no artigo 321,
do CPP, e suspensão de qualquer pagamento a título de fiança nos termos do artigo 350,
do CPP e expedindo-se o competente alvará de soltura.
Requer, também, a concessão da assistência gratuita, conforme
declaração anexa, nos termos da lei 1.060/50.
Compromete-se o Requerente a comparecer a todos os atos
processuais assinando termo para tanto.

Termos em que, pede o deferimento.


Umuarama, 17 de maio de 2019.

___________________________________
Flávia Costa de Queiroz
OAB/PR 184.335
ROL DE DOCUMENTOS:
1- Procuração;
2- Cópia do auto de prisão em flagrante;
3- Cópia dos documentos pessoais;
4- Certidão de casamento;
5- Certidão de nascimento dos filhos;
6- Declaração de idoneidade;
7- Contrato de locação;
8- Comprovante de residência;
9- Documento do auxílio doença da esposa;
10- Declaração de pobreza;
11- Certidões negativas de antecedentes criminais.

Assim, requer-se a Vossa Excelência, que seja concedida ao Requerente a


liberdade provisória com ou sem fiança, haja vista que o mesmo é pessoa idônea da
sociedade não havendo motivos para manter-se em custódia.
                               CONCLUSÕES

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Isto posto, tem a presente o objetivo de suplicar a V. Exa., em razão dos
motivos supra transcritos, que conceda ao Acusado a LIBERDADE PROVISÓRIA
COM ou SEM FIANÇA, respondendo o processo em liberdade, conforme preceitua a
legislação processual penal, e demais normas, pois, assim, V. Exa. estará promovendo a
mais lídima
JUSTIÇA!
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Navegantes (SC), 20 de janeiro de 2006.
CYNARA BEATRIZ DE OLIVEIRA MESQUITA
                               OAB/SC – 20.824

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