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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JUAREZ DA SILVA, já qualificado nos autos do processo n.º


0000000000000000 em epígrafe, vem por seu advogado infra-assinado, à presença de Vossa
Excelência, não se conformando com o acórdão de fls. 000, que denegou Habeas Corpus com
pedido de relaxamento de prisão, com fundamento nos artigos 102, II, e 105, II,, da
Constituição Federal, combinado com os arts. 30 e 32 da Lei 8.038/1990, interpor

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

ao colendo Superior Tribunal de Justiça.

Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento do


recurso, ora interposto, com as anexas razões, pede deferimento.

Goiânia, 11 de Fevereiro de 2020.

X
Dr. Sebastião Alberto
OAB GO - xxxxx
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO-CONSTITUCIONAL

Paciente: Juarez da Silva.

HC n. XXXXXXXXXXXXXXX.

Origem: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Processo n. XXXXXXXXXXXXXX.

Colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

Douta Turma,

Excelentíssimos Ministros,

Impõe-se a reforma do acórdão denegou Habeas Corpus com pedido


de relaxamento de prisão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiá contra Juarez
da Silva. (paciente), pelas razões que se seguem:

I – Dos Fatos

No dia 4 de fevereiro de 2020, o recorrente, em uma briga no “Bar da


Tonha”, disparou dois tiros contra Manoel Bezerra, causando sua morte. Dois dias depois, no
dia 6 de fevereiro, o recorrente apresentou-se espontaneamente ao delegado plantonista, que o
prendeu em flagrante e representou pela decretação da prisão preventiva sob o argumento de
ser conveniente para a instrução criminal, sem, contudo, explicar especificamente como a
soltura do indiciado poderia atrapalhar a instrução criminal ou como sua prisão poderia
ajudar.

Na audiência de custódia, o juiz da 1ª Vara do Júri da Comarca de


Goiânia/GO não relaxou a prisão e ainda converteu a prisão em flagrante em preventiva,
conforme a representação da autoridade policial. Da decisão, impetrou habeas corpus ao
Tribunal de Justiça do Estado, alegando ser caso da relaxamento de prisão e ausência de
fundamentação idônea para a decretação da prisão preventiva, mas o Tribunal denegou a
ordem por entender correta a decisão do juiz.

II – Do Direito

Se partimos da premissa de que a ciência penal é a ciência do dolo,


deve-se analisar o caso concreto de maneira correta e realmente justa, é notório que embora o
recorrente se diz culpado, possuindo então o dolo de matar no momento da briga, o recorrente
apresentou também o dolo de se submeter as determinações da justiça, isso se mostra de
maneira indelével quando o recorrente se entrega espontaneamente a justiça, estando assim
refutada por completo a prisão em flagrante conforme segue.

Se a alguém se apresenta espontaneamente, não se pode dizer que ela


foi perseguida, nem tampouco encontrada. Assim, por via de regra, não se demonstramos
pressupostos do art. 302, III e IV, do CPP.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

O conceito de perseguição é dado pela própria lei:

Art. 290.
§ 1º. Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois
o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha
passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o
procure, for no seu encalço.
Apresentando-se espontaneamente, não se pode dizer que foi perseguido. Inferência que se
faz por motivos óbvios.

A segunda injustiça que se visa dirimir é justamente a decretação da


prisão preventiva, urge destacar o que reza o artigo 312 do Código de Processo Penal em
vigência, in verbis:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo Único.
A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4o).
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4o).
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

Pasme excelência, embora estivesse notório o equívoco do delegado


ao decretar a prisão em flagrante do recorrente, visto que, tal prisão já foi refutada
anteriormente sob o edge da lei, houve ainda um segundo equívoco cometido pelo Tribunal de
Justiça do Estado de Goiás, uma vez que ao arrepio da lei ele decreta a prisão preventiva sem
se ater aos dizeres legais do artigo 312 supracitados, repare excelência que o recorrente não se
encaixa em um único requisito para a decretação da prisão preventiva, logo, temos aqui uma
vítima de um processo inquisitivo, abusivo e maculado, que desrespeita o Estado Democrático
de Direito assim como o devido processo legal.

A jurisprudência a seguir evidencia justamente um ROC que modifica


a sentença de piso justamente por não seguir os dizeres legais do artigo 312 do CPP.
III – Do Pedido

Isto posto, demonstrado a arbitrariedade cometida pelo Tribunal de Justiça do Estado de


Goiás, requer-se seja o presente recurso conhecido e provido, para tornar sem efeito a decisão
que denegou Habeas Corpus com pedido de relaxamento de prisão.

Nesses Termos, Peço o Deferimento.

Goiânia, 11 de Fevereiro de 2020.

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