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Leonardo dos Santos Arpini


Direito Penal – Dos crimes contra a dignidade sexual. Aula 03

Aula 03 – Dos crimes


contra a dignidade sexual.
Direito Penal e Processual Penal para
Inspetor e Escrivão da PC CE
Prof. Leonardo dos Santos Arpini
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Direito Penal – Dos crimes contra a dignidade sexual. Aula 03

Sumário
SUMÁRIO 2

DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. 4

INTRODUÇÃO. 4

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 6

ESTUPRO – ART. 213, CP. 6


Estupro qualificado (art. 213, §§1º e 2º, CP). 11
Violação sexual mediante fraude (art. 215, CP). 13
Importunação sexual (art. 215-A, CP). 17
Assédio sexual (art. 216-A, CP). 19

DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL 25

Registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B, CP). 25

DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS 28

Estupro de vulnerável (art. 217-A, do CP). 28


Corrupção de menores (art. 218, CP). 34
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A, CP). 36
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável
(art. 218-B, do CP). 38
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia (art. 218-
C, CP). 44

DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE


EXPLORAÇÃO SEXUAL 49

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual. 49


Casa de prostituição. 50
Rufianismo. 51
Promoção de migração ilegal. 52

DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR 54

Ato obsceno 54
Escrito ou objeto obsceno. 54

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (ART. 226 E 234-A, DO CP). 55

HEDIONDEZ DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. 59

AÇÃO PENAL 63

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 69

LISTA DE QUESTÕES 91

GABARITO 101

RESUMO DIRECIONADO 102

ESTUPRO (ART. 213, CP). 102

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ESTUPRO QUALIFICADO (ART. 213, §§1º E 2º, CP). 103

VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE (ART. 215, CP). 103

IMPORTUNAÇÃO SEXUAL (ART. 215-A, CP). 104

ASSÉDIO SEXUAL (ART. 216-A, CP). 104

REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL (ART. 216-B, CP). 105

ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A, CP). 106

CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 218, CP). 107

FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU


ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (ART. 218-B, DO CP). 108

DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU


PORNOGRAFIA (ART. 218-C, CP). 109

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA. 110

HEDIONDEZ. 110

AÇÃO PENAL. 111

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DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL.


INTRODUÇÃO.
Meu amigo(a), dando início ao nosso encontro sobre os crimes contra a dignidade sexual, será necessário
estabelecermos algumas premissas introdutórias para, logo em seguida, avançarmos em nosso estudo.
Inicialmente, quero que você saiba que o Título VI do Código Penal (com a nova redação dada pela Lei n.º
12.015/09, de 7 de agosto de 2009) passou a prever os chamados “Crimes contra a dignidade sexual”,
modificando, dessa forma, a redação anterior do referido título, que previa os “crimes contra os costumes”.

À época da modificação legislativa, a expressão “crimes contra os costumes” já não refletia a realidade dos
bens jurídicos protegidos pelas infrações penais que estavam elencadas no Título VI do Código Penal. O ponto
central da proteção não era mais a maneira como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a
sociedade do século XXI, mas a proteção da sua dignidade sexual.

“Professor, teríamos como conceituar a dignidade sexual?”


Cabe-nos, nesse primeiro momento, tratarmos a dignidade sexual como uma espécie do gênero
dignidade da pessoa humana. E, para tanto, quero deixar a definição de Ingo Sarlet1 acerca da dignidade da
pessoa humana:

“a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humana que o faz merecedor do mesmo respeito e
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos”.

Desse modo, as modificações ocorridas na sociedade trouxeram novas e graves preocupações.


A Lei 12.015/09 é oriunda da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) criada através do
requerimento nº02/20032 para investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e
adolescentes no Brasil. No ano de 2004, encerrada a CPMI, verificou-se inúmeros relatos acerca da exploração
sexual no Brasil, ocasião em que, o projeto de Lei nº 253/2004, que passou por algumas modificações, veio a se
converter na Lei 12.015/09, que alterou substancialmente o Título VI do CP.

O Título VI é organizado da seguinte forma:

1
SARLET, Ingo Wolfang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais.
2
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/84599/RF200401.pdf?sequence=5

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Capítulo I – Dos Crimes contra a Liberdade Sexual (arts. 213 a 216-A). Entre esses
artigos se encontram os crimes de estupro, violação sexual mediante fraude,
importunação sexual, assédio sexual.

Capítulo I-A – Da Exposição da Intimidade Sexual (art. 216-B). O artigo 216-B trata
do registro não autorizado da intimidade sexual.

Capítulo II – Dos Crimes Sexuais contra Vulnerável (arts. 217 a 218-B). Aqui
encontram-se localizados os crimes de estupro de vulnerável, corrupção (sexual)
de menores, satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente,
favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável, divulgação de cena de estupro de vulnerável, e de
sexo ou pornografia.
Capítulo V – Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para fim de Prostituição ou outra
Forma de Exploração Sexual (arts. 227 a 232). Aqui constam os crimes de mediação
para servir a lascívia de outrem, favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual, casa de prostituição, rufianismo, promoção de migração ilegal.
Capítulo VI – Do Ultraje Público ao Pudor (arts. 233 e 234). Estão inseridos neste
capítulo o crime de ato obsceno e escrito ou objeto obsceno.

Capítulo VII – Disposições gerais (arts. 234-A a 234-C). Aqui constam as causas de
aumento de pena (art. 234-A), segredo de justiça (art. 234-B) e conceito de
exploração sexual (art. 234-C).

A título de curiosidade, meu amigo(a), a entrada em vigor da Lei n.º 12.015/09 acabou por fundir as
figuras do estupro e atentado violento ao puder em um único crime (princípio da continuidade normativo-típica),
que está registrado sob a rubrica de estupro (art. 213, CP). Ainda, fora criado o crime de estupro de vulneráveis
(art. 217-A, CP).

Feitos esses breves comentários acerca da evolução da dignidade sexual no ordenamento jurídico
brasileiro e, também, o impacto legislativo no Título VI, do CP, podemos dar início ao estudo dos crimes em
espécie.

Redobre sua atenção e venha comigo!

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Dos crimes contra a liberdade sexual


Estupro – art. 213, CP

Seja muito bem-vindo, caríssimo(a)! A partir de agora iniciaremos o estudo de um dos crimes mais
importantes do ordenamento jurídico brasileiro e, tenha certeza de que, dominá-lo é a garantia de pontos
valiosos em sua prova.

Assim, como já de praxe em todas as nossas aulas, meu amigo(a), vamos nos familiarizando com a letra
da Lei, pois ela é o ponto principal da sua prova e, também da sua aprovação.

Então, dessa forma, vamos analisar o artigo 213 do Código Penal e façamos uma leitura atenciosa.

Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou
maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 2 Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Leitura feita, doutor(a), vamos desmembrar o tipo penal em análise para nosso estudo.

O primeiro ponto no qual devemos concentrar nossa atenção é aquele que diz respeito ao bem jurídico
tutelado. Por bem jurídico tutelado, entenda, meu caro, é o objeto de proteção da norma penal. Dessa forma,
no caso do estupro, o artigo 213 do Código Penal, visa proteger a dignidade sexual da vítima.

A lei 12.015/09 que veio alterar o Título VI do Código Penal, trouxe uma nova roupagem ao vocábulo
estupro e ato libidinoso.

Vejamos os conceitos na tabela abaixo.

ESTUPRO

CONJUNÇÃO CARNAL ATO LIBIDINOSO

É o coito vaginal, ou seja, a introdução do pênis na Qualquer outro ato diverso da conjunção carnal,
vagina da vítima, em caso de estupro praticado por como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, carícias nas
homem contra mulher partes intimas e etc.

Agora que já sabemos quais as formas pelas quais pode se dar o crime de estupro, vejamos quem pode
ser autor dessa pratica delitiva.

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Inicialmente, meu caro estudante, é interessante que você saiba que antes da Lei 12.015/09 o sujeito
ativo do crime somente poderia ser homem e o sujeito passivo só poderia ser mulher. Entretanto, por conta
da mudança legislativa operada pela lei anteriormente mencionada, hoje o crime de estupro é comum,
podendo ter como autor tanto homem como mulher.

Veja como foi operada a alteração legislativa.

Estupro antes da Lei 12.015/09 Estupro após a Lei 12.015/09

Conduta Constranger Constranger

Sujeito passivo Somente Mulher Qualquer pessoa (salvo os


vulneráveis).

Natureza do ato libidinoso Conjunção carnal Conjunção carnal e qualquer


outro ato libidinoso

Penal Reclusão, 6 a 10 anos Reclusão 6 a 10 anos

Ocorrendo lesão grave Reclusão 8 a 12 anos Reclusão 8 a 12 anos

Se resultar morte Reclusão 12 a 25 anos Reclusão 12 a 30 anos.

“Poderia nos dar um exemplo, professor?”


Mas é claro! Suponha que Austin, munido de uma arma de fogo, aponta o artefato em direção a cabeça
de sua esposa Houston e a obriga a manter relações sexuais contra a sua vontade. Nesse caso, praticada a
conjunção carnal, estará consumado o crime de estupro. Ainda, também estará consumado o crime, caso o
Austin obrigue sua companheira a praticar nele sexo oral, por exemplo (que se enquadra na classificação de
“outro ato libidinoso”).

“Mas professor, ela é companheira de Austin. Mesmo assim resta configurado o crime de estupro?”
Sim, meu amigo(a), independentemente da vítima ser ou não companheira do criminoso, restará
configurado o estupro, pois o crime protege a dignidade sexual da vítima, independente da condição de
companheira. Então, guarde bem essa informação!

Você também deve ficar atendo a outra questão importantíssima e recente acerca do crime de estupro.

Ao lermos a redação do caput do art. 213, do CP, nos deparamos com as seguintes expressões:
constranger alguém, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso.
Essa conjunção alternativa “ou” significa que, se em um mesmo contexto fático o agente criminoso
tivesse coito vagínico com a vítima e, logo em seguida, praticasse com ela outro ato libidinoso (por exemplo,
sexo anal), responderia por crime único e sua pluralidade de condutas seria considerada na dosimetria da pena
para exacerbar a reprimenda criminal (art. 59, do CP).
Pensemos no exemplo anterior: imagine que Austin, logo após consumar o coito vaginal, obriga sua
companheira a praticar sexo anal. Pois bem, nesse caso, estaríamos diante de um crime único.

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Então, desse modo, estaríamos diante de um crime de tipo misto alternativo ou de conteúdo
múltiplo/variado.
Veja como isso estava sendo cobrando em concurso:

De acordo com o ordenamento jurídico e o posicionamento dos tribunais superiores sobre os crimes contra a
dignidade sexual,

A) a prática de passar as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, não pode
ser tipificado como crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal), haja vista que não houve a
conjunção carnal.

B) o estupro (art. 213 do Código Penal), com redação dada pela Lei n° 12.015/2009, é tipo penal misto
alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra
uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do Código Penal.

C) a conduta consistente em manter casa para fins libidinosos é suficiente para a caracterização do crime
tipificado no art. 229 do Código Penal, sendo desnecessário, para a configuração do delito, que haja exploração
sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a mercancia carnal.
D) somente no crime de estupro, praticado mediante violência real, é que a ação penal é pública
incondicionada. Nas demais modalidades de violência, trata-se de crime de ação penal condicionada a
representação.

E) segundo a legislação brasileira, o estupro coletivo é aquele praticado mediante concurso de três ou mais
pessoas.

Resolução: certo, caríssimo! Prestemos atenção no que nos diz a alternativa “B”. Veja que, conforme
mencionei a você anteriormente, o criminoso que, no mesmo contexto fático, sob a mesma vítima, mantém
com ela, por exemplo, coito vaginal e sexo anal, comete apenas um crime de estupro.

Gabarito: Letra B.

Pois é, meu amigo(a), entretanto, tudo isso que acabei de ensinar a vocês foi modificado no ano de 2018
pelo STF no julgamento do HC 100.181/RS.

Dessa forma, meu amigo(a), preste bem atenção: ATUALMENTE, se no mesmo contexto fático o
criminoso manter coito vaginal com a vítima e, logo em seguida, praticar qualquer outro ato libidinoso,

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como, por exemplo, sexo anal RESPONDERÁ POR DOIS ESTUPROS EM CONCURSO MATERIAL3, e não
mais por crime único.
Agora está na hora de testarmos nosso aprendizado! Dessa forma, vejamos como essa matéria vem
caindo em concurso:

Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Aquele que constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso, comete

A) estupro.

B) atentado violento ao pudor.

C) violência sexual forçada.

D) assédio sexual.

E) satisfação de lascívia.

Resolução: aposto que você já acertou essa, não é mesmo? Veja, meu amigo(a), sempre reforço aqui o nosso
compromisso com a leitura da letra seca da lei. Ao analisarmos o enunciado da questão, podemos notar que ela
é a transcrição integral do artigo 213, do Código Penal.

Gabarito: Letra A.

Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE

Considerando a jurisprudência do STF e do STJ sobre os princípios informativos do direito penal e da teoria
geral da pena, assinale a opção correta.
A) Se a natureza e a quantidade da droga apreendida repercutirem na fixação da pena, não poderá esse mesmo
parâmetro ser usado para definir o regime inicial de cumprimento dessa pena.

3
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um
dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem
compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

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B) A irretroatividade da lei penal mais gravosa é sempre aplicável, inclusive nos crimes permanentes e nas
hipóteses de continuidade delitiva.

C) Devido ao fato de o crime de lavagem de capitais ser de caráter acessório, a participação do agente no crime
antecedente é indispensável à configuração daquele crime.

D) A prática sequenciada de atos libidinosos e conjunção carnal contra a mesma pessoa, dentro do mesmo
contexto fático, configura crime único.

Resolução: então, caríssimo, a partir de tudo que expomos até o momento, podemos verificar que, a questão
da banca CESPE/CEBRASPE de 2017, cobrava o entendimento antigo acerca do crime de estupro ser de tipo
misto alternativo, ou seja, aquele que praticasse, no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima,
conjunção carnal e ato libidinoso diverso da conjunção carnal, responderia por crime único. Entretanto, tal
entendimento não mais se aplica para o crime de estupro.

Gabarito: Letra D.

Resolvida a questão e com a convicção de que estamos aptos a avançar no estudo, quero falar com você
a respeito da conduta do agente criminoso.
Pois bem, por conduta, estamos diante de toda ação ou omissão dirigida a uma finalidade.

Dessa forma, o artigo 213 do Código Penal pune a conduta de libidinagem violenta, em que a vítima é
coagida, obrigada, forçada a ter conjunção carnal ou praticar ou permitir que com ela se pratique outro ato
libidinoso.

Conforme apresentando na tabela anterior, a expressão “outro ato libidinoso” é bastante ampla e deve
ser analisada sob cautela.
Já como meio executório para a prática do estupro, o tipo penal não nos deixa dúvida: será praticado
mediante violência ou grave ameaça.
Vejamos o que significa cada uma delas.

MEIO EXECUTÓRIO

VIOLÊNCIA GRAVE AMEAÇA

A violência deve ser material/real, ou seja, que haja Ocorre através da violência moral, justa ou injusta,
o empego de força física capaz de impossibilitar a colocando a vítima em uma situação que não vê
reação da vítima outra alternativa a não ser ceder ao ato sexual.

Outra informação importante para o seu concurso é a de que, para a maioria dos estudiosos do Direito
Penal, não há a necessidade de contato físico entre o autor e a vítima.

Imagine, meu amigo(a), a situação em que Austin, com o emprego da mesma arma de fogo e com o fim
de satisfazer a sua lascívia, direciona o artefato bélico para a sua companheira Houston e, sob ameaças de
morte, a ordena para se despir e iniciar um ato de masturbação.

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Fique sabendo, também, doutor(a), que o crime de estupro só pode ser praticado mediante dolo, não
havendo punição desse crime pela forma culposa.
E, caminhando para o final do estudo da nossa primeira figura típica, você deve ter em mente que o crime
se consuma no momento em que o agente criminoso logra êxito no ato de libidinagem, sendo perfeitamente
possível a tentativa.

Vejamos a figura da tentativa:

Voltemos ao exemplo de Austin e Houston. Imagine que a vítima após ter o revolver apontado para sua
cabeça, imediatamente empurra o seu companheiro e empreende fuga do local. Diante dessa situação, meu
caro, é possível verificarmos que não houve consumação do delito de estupro por circunstâncias alheias à
vontade de Austin, qual seja: o empurrão e a fuga por parte de Houston.

Compreendido? Aposto que sim!


Então, a partir de agora vamos analisar as figuras qualificadas do crime de estupro!

Venha comigo!!

Estupro qualificado (art. 213, §§1º e 2º, CP).


Pronto para iniciarmos o estudo das figuras qualificadas do crime de estupro?
Vejamos como o Código Penal disciplinou esse conteúdo.

Vamos ler juntos o artigo 213, §§1º e 2º, do CP.

Estupro
Art. 213 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
§1º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de
14 anos.
Pena: reclusão de 8 a 12 anos.
§2º - Se da conduta resulta morte
Pena: reclusão de 12 a 30 anos.

Feita a nossa breve leitura, perceba que em ambos os parágrafos as penas previstas são maiores que as
apresentadas no caput do art. 213, do CP, razão pela qual, estamos diante de uma qualificadora.

Vamos ver como está sua memorização!


Quando estudamos juntos o crime de homicídio em nossa aula 00, apresentei para você os conceitos de
qualificadoras e de causas de aumento de pena.

Pois bem, você se lembra?!

Caso você não lembre, caríssimo, memorize o quadro abaixo.

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Responsável por
alterar o preceito
secundário do
QUALIFICADORA crime (PENA) para
patamares
superiores ao do
caput.

Agora que já verificamos o que é uma qualificadora, vamos analisar as especificamente previstas para o
crime de estupro.
O §1º do art. 213, do CP, diz que o crime de estupro será qualificado, punido com pena de reclusão de
8 a 12 anos, caso resulte lesão corporal de natureza grave ou a vítima seja menor de 18 anos e maior de 14.

Vamos a um exemplo?!

Imaginemos a situação em que Austin, munido de uma arma de fogo, direciona o artefato para a cabeça
de Houston para obrigá-la a manter coito vaginal com ele. Durante o ato de libidinagem, de forma culposa,
Austin acaba derrubando Houston. A ofendida ao ser submetida ao exame de corpo de delito e conjunção
carnal, verifica-se que além do sêmen constante em sua vagina (que atesta a materialidade do crime de
estupro), restou, também, com o braço quebrado.

Dessa forma, os peritos informam Houston que ela deverá retornar ao instituto geral de perícias no prazo
de 30 dias, para averiguar a gravidade da lesão.

Passados 31 dias da ocorrência da lesão, Houston retorna ao IGP e lá os peritos atestam que ela ficou
impossibilitada para as atividades habituais por prazo superior a 30 dias (art. 129, §1º, I, CP).

Desse modo, podemos verificar que Austin cometeu um estupro qualificado pois, ao derrubar Houston,
culposamente, resultando na quebra do braço da companheira, fez com que ela ficasse incapacitada para as
atividades habituais por mais de 30 dias (amoldando-se ao art. 129, §1º, I, do CP – que dispõe sobre as lesões de
natureza grave).
Por outro lado, esse mesmo §1, diz ser qualificado o estupro quando praticado contra pessoa menor de
18 anos e maior de 14.

Então, suponha que Austin tenha uma “queda” pela estagiária do seu escritório, que ele sabe ter 17 anos.
Certo dia, Austin entra na sala de sua estagiária e a indaga com uma proposta indecorosa, convidando-a para
fazer sexo. A vítima imediatamente recusa e, ato contínuo, Austin, valendo-se de sua superioridade física,
imobiliza a vítima, retira sua roupa e dá início ao coito vagínico.

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Veja, meu amigo(a), nesse caso, é evidente que estamos diante de um estupro qualificado pela idade da
vítima, pois Austin tinha amplo conhecimento de que sua estagiária contava com 17 anos de idade na data
do fato.

QUERO QUE VOCÊ FIQUE ATENTO À SEGUINTE PECULIARIDADE!

Se Austin, por exemplo, fosse apenas colega de trabalho da vítima e não tivesse conhecimento da idade
que esta possuía, não poderemos falar em estupro qualificado.

“É serio isso professor?”

Seríssimo, doutor(a)! A qualificadora só incidirá caso o criminoso tenha conhecimento acerca da idade
da vítima. Por outro lado, se a circunstância for desconhecida do agente, imputarmos a ele o estupro
qualificado, estaríamos diante do Direito Penal Objetivo, o que é completamente vedado pelo ordenamento
jurídico. O direito penal objetivo é quando imputamos determinada conduta a um agente criminoso sem levar
em consideração o elemento subjetivo necessário para a figura criminosa (dolo ou culpa).

“Professor, uma dúvida: Por que a vítima não pode ser menor de 14 anos?”

Boa pergunta! Vejo que você está concentradíssimo no nosso estudo. Nesse caso, meu caro(a), se houver
um estupro com uma vítima menor de 14 anos, estaremos diante da figura do artigo 217-A do CP, que traz o estupro
de vulnerável, a qual será amplamente estudada adiante. Mas, desde já, guarde essa informação que acabamos
de analisar.

Caminhando para o final do estudo da figura do estupro, ainda nos resta verificarmos a redação do §2º.
Para tanto, o Código Penal qualifica o estupro caso dele resulte a morte.
Outra informação que você deve ter em mente é que, em que pese a divergência de pensamento entre
os estudiosos do direito penal acerca do resultado agravador (lesão corporal grave ou morte), prevalece o
entendimento entre os estudiosos e, também nos Tribunais Superiores, que o resultado agravador só pode ser à
título de culpa (por força do artigo 19 do Código Penal, que disciplina o crime preterdoloso). Pois, havendo
dolo do agente em lesionar ou matar a vítima, o criminoso responderia por estupro em concurso material com
lesão corporal grave ou, também, por homicídio doloso em concurso material com o estupro.

A última informação que você precisa gravar é que o estupro, conforme o artigo 1º, inciso V, da Lei
8.072/90, é crime hediondo, tanto em sua forma tentada ou consumada.

Passaremos, então, a analisar mais uma figura típica do Título VI do Código Penal.

Não saia daí!

Violação sexual mediante fraude (art. 215, CP).


Seja muito bem-vindo, meu(a) querido(a) estudante, ao nosso estudo sobre a violação sexual mediante
fraude.

Então, como de costume, caríssimo(a), vejamos o que dispõe o artigo 215 do Código Penal.

Violação sexual mediante fraude

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Art. 215 – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Pena – Reclusão, de 2 a 6 anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também a
multa.

Feita a nossa leitura compartilhada, passaremos a tecer nossos comentários acerca do crime de violação
sexual mediante fraude.

Inicialmente, meu amigo(a), assim como no crime de estupro que estudamos anteriormente, o crime em
análise também visa proteger a dignidade sexual da vítima, ou seja, o bem juridicamente tutelado pelo art.
215 do CP é a dignidade sexual da vítima lesada através da fraude do agente.

O crime também é um crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Tenho a certeza
de que, ao final do nosso estudo compartilhado, você terá retido todas essas classificações e, ao deparar-se
com as figuras típicas, certamente conseguirá desmembrá-la mentalmente.

Pois bem, a violência sexual incrimina o estelionato sexual (nas palavras de Nelson Hungria), ou seja, meu
caro(a), quando o criminoso não utilizada qualquer tipo de violência ou ameaça contra a vítima para satisfazer
sua lascívia (através da conjunção carnal ou outro ato libidinoso) , mas “apenas” emprega uma fraude ou outro
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.

O exemplo que bem ilustra o tipo penal em análise, é de autoria do penalista Luiz Regis Prado, vejamos:

“Tome-se como exemplo a mulher que, num baile de máscara, no decorrer da festividade, após
separar –se momentaneamente do marido, dirige-se a outra pessoa, pensando tratar-se do
cônjuge e, objetivando agradá-lo, convida-o para irem ao motel, sendo que a terceira pessoa,
aproveitando-se da situação, não só aceita o convite, como sugere que o ato sexual seja realizado
também de máscara e na penumbra” (Comentários ao Código Penal, vol. 03, 2ª ed. São Paulo,
RT. 2003, p.277).

Agora, ATENÇÃO, meu amigo(a)!

A fraude utilizada pelo agente não pode ser capaz de anular por completo a capacidade de resistência
da vítima, pois, caso ocorra tal fato, estaremos diante do delito de estupro de vulnerável (art. 217-A, do
CP).

Imagine que Austin ministra um tipo de narcótico na bebida de sua esposa Houston, no intuito de manter
relações sexuais de forma fraudulenta com a vítima. Entretanto, por conta do narcótico ministrado a vítima
entre em sono profundo, impossibilitando qualquer tipo de resistência e, dessa forma, Austin consuma o ato
sexual. Ora, nesse caso, por conta da total incapacidade de resistência da vítima (resultante do narcótico) ela é

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considerada vulnerável, razão pela qual, Austin responderá pelo crime de estupro de vulnerável e não de
violação sexual mediante fraude.
Conhecimento adquirido, vejamos, então como nos saímos diante de um teste!

Segundo o Código Penal, para caracterizar o crime de violência sexual mediante fraude, previsto em seu art.
215, o sujeito passivo pode ser tanto o homem quanto a mulher; não se exige que a vítima seja honesta, sob o
ponto de vista da moral sexual, muito menos se admite questionamento sobre a sua idade.

( ) Certo

( ) Errado

Resolução: analisando o enunciado da questão através de todo o exposto até o momento, é possível
verificarmos que, a idade da vítima é um elemento essencial a ser observado pois, mesmo que a conduta inicial
do agente seja o estelionato sexual, se a vítima for menor de 14 anos e o agente tiver conhecimento da situação,
o crime será de estupro de vulnerável e não violação sexual mediante fraude.

Gabarito: ERRADO.

Na lista negra do crime organizado do Rio de Janeiro, esperava-se que Caio fosse assassinado a qualquer
momento. Por essa razão, recolhia-se cedo diariamente.

Felisbela, sua esposa, sofria intensamente com a possibilidade de Caio ser morto pelos criminosos. Tanto que
ficou apavorada ao distinguir, naquela noite de 02 de agosto de 2011, um vulto que crescia, passo firme, em
direção à sua casa. Nem refletiu a temerosa mulher, desesperadamente convencida de que aquele homem,
chapéu sobre os olhos, uma capa preta, enorme, a cobrir-lhe o corpo e a carabina 44 nas mãos, seria o algoz de
seu consorte. Correu ao seu encontro, e disse-lhe: “Meu marido, não! Deixe-o em paz! Prometa que não o
matará! Faça de mim o que quiser!" – Dizia isto agarrando-se ao homem, num abraço convulso, abandonando-
se a ele, que ali mesmo com ele praticou o coito anal, sem ritos, sem cerimônia. Após referido ato libidinoso, o
estranho arranjou-se, fitou Felisbela bem nos olhos e, com acanhados agradecimentos, deixou-lhe a carabina,
então desmuniciada, que Caio lhe havia emprestado para caçar.

O crime (se houve) praticado pelo homem da capa preta em face de Felisbela foi:
A) estupro de vulnerável por impossibilidade de resistência da vítima;

B) violação sexual mediante fraude;


C) estupro;

D) atentado violento ao pudor mediante fraude;

E) nenhum, diante da atipicidade do fato.

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Resolução: através da situação fática apresentada no enunciado da questão, comparando-a com o exemplo do
Professor Luiz Régis Prado, que analisamos anteriormente, verificamos que a conduta praticada pelo homem
da capa preta se amolda a violação sexual mediante fraude, visto que fraudulentamente o homem da capa
aproveitou-se da situação em que a vítima achou que este fosse o matador de seu marido e, dessa forma,
manteve com ela sexo anal (ato libidinoso diverso da conjunção carnal).

Gabarito: Letra B.

Dando continuidade ao estudo da figura típica em análise, é importantíssimo você saber que a violação
sexual somente pode ser praticada de forma dolosa, ou seja, o elemento subjetivo do agente é o dolo.
Também, caso o crime cometido pelo agente tenha o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa (parágrafo único).
O crime também é considerado plurissubssistente, ou seja, sua conduta pode ser fracionada, razão pela
qual, a consumação corre com a prática do ato de libidinagem, sendo perfeitamente possível a tentativa.

Antes de encerramos, vejamos mais uma questão de concurso acerca do tema.

Madame Pink, recém-casada, procura o médico ginecologista para realizar exames preventivos de rotina.
Antes de iniciar o exame, o médico pede que a paciente se dispa. Logo após ela se deitar na maca ginecológica,
acaricia sua vagina e nela introduz seu dedo.

Nesse caso, o médico respondera por


a) Estupro de vulnerável

b) Estupro

c) Assédio sexual
d) Violação sexual mediante fraude.

Resolução: analisando a situação ora narrada, é possível verificar que o médico, de forma fraudulenta, a
pretexto de realizar um exame clínico vaginal, acaba por introduzir o dedo na vagina da vítima, razão pela qual,
a conduta se amolda perfeitamente ao crime de violação sexual mediante fraude.

Gabarito: Letra D.

Vejamos o quadro resumo que preparei abaixo:

ART. 215 (REDAÇÃO ANTERIOR ART. 216 (REVOGADO PELA LEI ART. 215 (ATUALMENTE)
A LEI Nº. 12.15/09) Nº 12.015/09)

Ter conjunção carnal, com pessoa Induzir alguém, mediante fraude, Ter conjunção carnal ou praticar
do sexo feminino, mediante a praticar ou submeter-se à outro ato libidinoso com alguém,
fraude mediante fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre

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prática de ato libidinoso diverso manifestação de vontade da


da conjunção carnal vítima.

Desse modo, meu(a) querido(a) colega, encerramos o estudo de mais um crime em nossa aula de crimes
contra a dignidade sexual, porém, ainda temos um longo e prazeroso caminho pela frente.

Venha comigo, pois a partir de agora passaremos a analisar o crime de importunação sexual!

Importunação sexual (art. 215-A, CP).


Seja muito bem-vindo, doutor(a), a partir de agora vamos analisar o crime de importunação sexual,
previsto no artigo 215-A do Código Penal e, para tanto, façamos juntos a leitura do artigo mencionado.

Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei
nº 13.718, de 2018)

Feita a leitura, quero apresentar a vocês a história por trás do artigo 215-A, do CP.

Você certamente deve ter ouvido falar dos milhares de casos na cidade de São Paulo/SP, em que pessoas
no interior do transporte público, eram vítimas de ejaculadores. Assim, o criminoso se masturbava e, logo em
seguida, ejaculava na vítima.
Pois bem, quando da ocorrência das tais condutas, o Código Penal não possuía nenhum crime que
incriminasse a referida conduta, sendo que, a única forma de repressão para esse fato era o art.61 da Lei de
Contravenções Penais.

Desse modo, por conta da necessidade de reprimenda mais severa para o referido fato, o legislador editou a
Lei nº 13.718/18, que criou o artigo 215-A do CP e, por conseguinte, revogou o art. 61 da Lei de Contravenções
Penais.

Estabelecida nossa primeira premissa acerca do referido fato, vamos à análise pormenorizada do crime
em tela.

Inicialmente, devemos ter em mente que, o artigo 215-A do CP, por estar inserido no Título VI do Código
Penal, tem por finalidade proteger a dignidade sexual da vítima.

O verbo nuclear do artigo 215-A descreve a conduta de praticar (no sentido de concretizar, realizar, fazer).
A conduta delituosa deve ser cometida contra alguém sem o seu consentimento, pois, havendo
consentimento da vítima, não há que se falar em crime contra a dignidade sexual.

Também, caríssimo, é irrelevante o local onde a conduta é cometida, seja público ou privado. A infração
estará configurada em ambas as situações.

Ainda, trata-se de um crime comum.


“Já sei, professor! Aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa!”.

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Isso mesmo! Eu tinha certeza que, conforme íamos repetindo as expressões, você gravaria todas elas em
sua memória.
Apenas fique atento ao fato de que, conforme o artigo 234-A, inciso IV, in fine, do CP4, se a vítima for
pessoa idosa (com idade igual ou superior a 60 anos, conforme o conceito estabelecido pelo Estatuto do Idoso)
ou pessoa com deficiência, a pena será aumentada de um a dois terços (causa de aumento).

Agora eu pergunto a você: “Qual é o elemento subjetivo do crime?”

“Ahh professor, essa é tranquila! Lendo atentamente a figura do artigo 215-A, nos parece evidente que o
crime de importunação sexual só pode ser praticado mediante dolo. Não há que se falar em figura culposa!”.

Perfeito, meu caro(a) colega! Acertou em cheio!

Porém, o dolo do agente não pode ser genérico, mas sim específico, ou seja, o dolo do agente deve ser
voltado especificamente para a satisfação da lascívia própria ou alheia.
Agora que já estamos munidos com bastante conteúdo acerca do crime em análise, vejamos como os
concursos estão cobrando essa recente alteração legislativa.

Assinale a alternativa correta.

A) O crime de importunação sexual, com elemento subjetivo específico, foi criado pela Lei n° 13.718/2018, que
revogou expressamente o artigo 61 do Decreto-Lei n° 3.688/41, Lei das Contravenções Penais.

B) O crime de importunação sexual, tipificado pela Lei n° 13.718/2018, exige que a conduta seja praticada em
lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
C) A Lei n° 13.718/2018 tipificou o crime de importunação sexual, com dolo genérico e expressa subsidiariedade
ao crime de estupro de vulnerável.

D) O crime de importunação sexual, assim como o crime de estupro, é crime de ação penal pública condicionada
à representação da pessoa contra a qual o ato foi praticado.

E) A importunação sexual é crime contra a liberdade sexual, tal qual o crime de ato obsceno.

Resolução: através de tudo que estudamos até o momento acerca do crime de importunação sexual, é possível
extrairmos informações suficientes para solucionar a questão em tela.

a) o crime do artigo 215-A revogou expressamente o art. 61 da LCP.

b) o local onde ocorre a prática criminosa é indiferente, seja público ou privado.

4
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe
ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência

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c) conforme visualizamos anteriormente, o dolo para o crime de importunação sexual é específico para
satisfação da lascívia do agente.

d) conforme visualizamos ao longo da aula, todos os crimes contra a dignidade sexual tornaram-se crimes de
ação penal pública incondicionada.

e) o crime de ato obsceno é tratado como crime contra o ultraje público ao pudor.

Gabarito: Letra A

Resta-nos, agora, apenas definirmos o momento consumativo do crime. Portanto, a realização do ato
libidinoso contra o terceiro, sem a sua anuência, é suficiente para a consumação do crime, pouco importando
que o ato proporcione algum tipo de prazer sexual ao criminoso. Ainda dentro do assunto da consumação, o
crime em tela é plurissubssistente.

“Certo, professor! Os crimes plurisubssistente são aqueles em que a conduta do agente pode ser fracionada e
consequentemente é admitida a tentativa”.

Correto, meu amigo(a), é isso mesmo!

Desse modo, encerramos por aqui o estudo de mais um crime contra a dignidade sexual.

Então, de forma a resumir o crime ora estudado, fiquemos com a imagem abaixo.

Já no próximo tópico, analisaremos o crime de assédio sexual, previsto no artigo 216-A, do CP.

Assédio sexual (art. 216-A, CP).


Dando as boas-vindas, meu(a) caro(a) estudante, apresento a vocês, a partir da leitura que faremos logo
abaixo, o crime de assédio sexual, previsto no artigo 216-A do Código Penal.

Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

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Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício
de emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
o
§ 2 A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)

Feita a nossa clássica leitura do texto legal, vamos analisar ponto a ponto a figura do crime de assédio
sexual.

Assim como todos os crimes estudados até o momento, o valor protegido pela norma penal, ou seja, a
objetividade jurídica (bem juridicamente tutelado) é a liberdade sexual do indivíduo de sua autodeterminação.
Dessa forma, estamos diante de um crime pluriofensivo.

“E o que seria um crime pluriofensivo, professor?”

Crime pluriofensivo, caríssimo, é aquele que tutela mais de um bem jurídico em sua definição legal,
sendo o caso, por exemplo, do assédio sexual, em que o art. 216-A protege a dignidade sexual do indivíduo e a
liberdade de exercício do trabalho.

ART. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL

CRIME PLURIOFENSIVO

Dignidade sexual Liberdade de exercício do trabalho.

Pois bem, superada a análise do bem jurídico tutelado pelo artigo 216-A, passemos ao estudo do nosso
verbo nuclear.

Verificando a redação do tipo penal em análise, podemos notar que o legislador resolveu incriminar a
conduta do agente que constrange a vítima, causando um desconforto para a sexualidade da vítima, através
de uma proposta indecorosa ou, até mesmo, chantagiosa.

Não quero que você confunda o verbo constranger empregado no artigo 213 do CP (que trata do estupro),
com o constranger do art. 216-A (assédio sexual).

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Vejamos:

CONSTRANGER

Art.213, CP Art. 216-A, CP

Com emprego de violência Através de proposta


ou grave ameaça indecorosa

Compreendido?! Certo! Então, vamos adiante!


Diferentemente do que ocorre com as outras figuras típicas que estudamos anteriormente, o crime do
artigo 216-A, do CP, é um crime bipróprio pois, só poderá ser praticado pelo agente que ostente a condição de
superior hierárquico ou com ascendência laboral ou funcional em relação à vítima. E, ainda, o sujeito passivo
somente poderá ser o empregado ou funcionário que tenha relação de inferioridade ou obediência na relação
profissional, seja ela pública ou privada.

Há uma discussão no meio doutrinário dos penalistas acerca da possibilidade ou não da ocorrência do
crime no que diz respeito a relação aluno – professor.
Para a maioria dos penalistas, não há que se falar na ocorrência do crime de assédio sexual na relação
professor-aluno. Entretanto, meu caro, eu discordo da maioria dos penalistas e sustento que há evidente
relação de hierarquia entre professor-aluno capaz de caracterizar o crime em tela.

Junto comigo, está o professor André Estefam5, que leciona no seguinte sentido:

“Discute-se se o professor pode ser autor do crime, quando constrange aluno a obter favores ou
vantagens sexuais (por exemplo, condicionando a aprovação no curso ou a boa avaliação à prática
de contatos sexuais). Em nosso sentir, é possível a subsunção do ato à figura típica, há vista que
o professor, em razão do emprego, cargo ou função que ocupa, detém ascendência sobre o corpo
discente (sem esse requisito, o fato será penalmente atípico)” (ESTEFAM, p.756).

E, junto conosco, está a jurisprudência do STJ, que entende haver relação de hierarquia entre professor-
aluno capaz de gerar o crime do art. 216-A, do CP, vejamos:

5
ESTEFAM, André. Direito penal, volume 2: parte especial (arts. 121 a 234-B) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2019.

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RECURSO ESPECIAL. ASSÉDIO SEXUAL. ART. 216-A, § 2º, DO CP. SÚMULA N. 7 DO STJ. NÃO
APLICAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA. HARMONIA COM DEMAIS PROVAS. RELAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO. INCIDÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1.
Não se aplica o enunciado sumular n. 7 do STJ nas hipóteses em que os fatos são devidamente
delineados no voto condutor do acórdão recorrido e sobre eles não há controvérsia. Na espécie, o
debate se resume à aplicação jurídica do art. 216-A, § 2º, do CP aos casos de assédio sexual
por parte de professor contra aluna. 2. O depoimento de vítima de crime sexual não se
caracteriza como frágil, para comprovação do fato típico, porquanto, de acordo com a
jurisprudência deste Tribunal Superior, a palavra da ofendida, nos delitos sexuais, comumente
praticados às ocultas, possui especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais
provas que instruem o feito, situação que ocorreu nos autos. 3. Insere-se no tipo penal de assédio
sexual a conduta de professor que, em ambiente de sala de aula, aproxima-se de aluna e,
com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, toca partes de seu corpo (barriga e
seios), por ser propósito do legislador penal punir aquele que se prevalece de sua autoridade moral
e intelectual - dado que o docente naturalmente suscita reverência e vulnerabilidade e, não raro,
alcança autoridade paternal - para auferir a vantagem de natureza sexual, pois o vínculo de
confiança e admiração criado entre aluno e mestre implica inegável superioridade, capaz de
alterar o ânimo da pessoa constrangida. 4. É patente a aludida "ascendência", em virtude da
"função" desempenhada pelo recorrente - também elemento normativo do tipo -, devido à
atribuição que tem o professor de interferir diretamente na avaliação e no desempenho
acadêmico do discente, contexto que lhe gera, inclusive, o receio da reprovação. Logo, a
"ascendência" constante do tipo penal objeto deste recurso não deve se limitar à ideia de
relação empregatícia entre as partes. Interpretação teleológica que se dá ao texto legal. 5.
Recurso especial conhecido e não provido. (REsp 1759135/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
13/08/2019, DJe 01/10/2019) (grifos nosso).

Dessa forma, meu amigo(a), fique absolutamente tranquilo em responder qualquer questão no seu
concurso acerca da ocorrência do assédio sexual em sala de aula.
Vejamos, então, como o crime vem sendo cobrado em concurso:

Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

A conduta de constranger alguém com o intuito de obter favorecimento sexual, sendo o agente superior
hierárquico, corresponde ao delito de

A) estupro.

B) ameaça.

C) assédio sexual.

D) constrangimento ilegal.

E) estupro de vulnerável.

Resolução: veja, meu amigo(a), como é de suma importância conhecer o texto legal do Código Penal. Assim,
verificando o enunciado da questão, podemos afirmar categoricamente que o delito é o de assédio sexual.

Gabarito: Letra C.

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Sobre os crimes contra a dignidade sexual, marque a alternativa correta:

A) O crime de assédio sexual (art. 216-A, CP) é crime cujo conteúdo típico exige uma relação de hierarquia entre
o agente e a vítima, tal qual aquela existente entre aluno e professor.
B) A violação sexual mediante fraude (art. 215, CP) é crime formal, vez que para sua configuração basta o
emprego da fraude, capaz de afastar a resistência da vítima, independentemente da efetiva conjunção carnal.

C) No crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), caso o agente se valha de violência ou grave ameaça
contra a vítima para ter conjunção carnal, responderá pelo crime de estupro, nos termos do art. 213 do CP.

D) A configuração do crime descrito no art. 218-B do CP (Favorecimento da prostituição ou outra forma de


exploração sexual de vulnerável) se configura quando a pessoa induzida passa a se dedicar com habitualidade
ao comércio carnal.

Resolução: perceba, caríssimo, que a questão ora analisada é do ano de 2016. Dessa forma, à época do
questionamento, o entendimento era de que não haveria relação de hierarquia entre professor-aluno.
Entretanto, analisando a questão à luz dos nossos ensinamentos até aqui e, também, da jurisprudência
consolidada de 2019, do STJ, é plenamente possível o assédio sexual entre professor e aluno. Razão pela qual,
o gabarito, à época, era letra “D”, crime no qual analisaremos mais adiante na nossa aula. Hoje, a questão
careceria de resposta.

Gabarito à epoca: Letra D.

Para tanto, o crime de assédio sexual somente prevê a modalidade dolosa, razão pela qual, o elemento
subjetivo é o dolo, não havendo que se falar em figura culposa.

Então, para que haja a consumação do crime, é dispensável que a vítima se submeta ao ato sexual
desejado pelo agente criminoso, razão pela qual, o crime é formal, bastando para a consumação, apenas a
proposta indecorosa por parte do assediador.
Encerrando o estudo de mais uma figura criminosa, nos resta analisar a causa de aumento de pena do
§2º do art. 216-A, do CP.

Dessa forma, o crime de assédio sexual terá sua pena elevada em até 1/3 quando a vítima for menor de
18 anos. Fique atento, meu(a) caro(a) e não se esqueça que, caso o crime seja praticado contra menor de 14
anos, não estaremos diante do crime de assédio sexual e sim, do crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, do
CP).
Vamos testar nosso conhecimento antes de avançarmos?! Vamos lá!

O constrangimento com intuito de obter favorecimento sexual que caracteriza o crime de assédio sexual (art.
216-A, do CP).
a) não pode ter como vítima o homem.

b) é qualificado se praticado pelo pai contra vítima menor de 14 anos.

c) absorve eventual violência de natureza leve utilizada em seu consentimento.

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d) pressupõe a condição de superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo


ou função.

e) é indiferente a consentimento da vítima para caracterização do crime.

Resolução:

a) pelo contrário, meu amigo(a)! O crime de assédio sexual é um crime comum, ou seja, poderá ter como vítima
e, também, como autor, qualquer pessoa.

b) nesse caso, caso a vítima seja menor de 14 anos, o crime não será o de estupro de vulnerável, do artigo 217-
A, do CP.

c) o crime de assédio sexual não prevê violência ou grave ameaça como meio executório, razão pela qual, caso
haja o emprego de tal meio, haverá concurso de crimes entre o art. 216-A e o crime referente a extensão das
lesões praticadas na vítima.

d) o assédio sexual pressupõe a condição de superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao exercício de


emprego, cargo ou função.

e) pelo contrário, meu amigo(a)! O dissenso (discordância) da vítima é essencial para todos os crimes contra a
dignidade sexual.

Gabarito: Letra D.

Dessa forma, fechamos o estudo completo do crime de assédio sexual.

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Da exposição da intimidade sexual


Registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B, CP).
Salve, meu amigo(a), dando seguimento ao nosso estudo, chegou o momento de analisarmos o artigo
216-B do Código Penal. Um crime novo para o ordenamento jurídico, pois, foi através da Lei 13.772/19 que o
referido tipo penal passou a integrar o nosso ordenamento jurídico.

Vamos direto para nossa leitura da letra da lei:

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: (Incluído pela
Lei nº 13.772, de 2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

Feita a nossa leitura obrigatória, a primeira informação que devemos ter em mente é que se trata de uma
novatio legis incriminadora.

“Certo, professor, eu lembro desse conceito! Estudamos juntos na aula 01, que você tratou sobre aplicação da
Lei Penal!”.

Exatamente, meu caro(a)! Agora, vamos ver se a memória guardou o conceito de novatio legis
incriminadora. Você se lembra?

“Mas é claro, Arpini! A novatio legis incriminadora é a nova lei penal que cria um crime, e só será aplicada
para os crimes praticados a partir da sua entrada em vigor, sem possibilidade de retroagir!”.
PERFEITO, meu amigo(a)! Vejo que você está firme nos seus estudos em Direito Penal!

Estabelecida nossa primeira premissa, abro essa parte do nosso estudo falando a vocês sobre o bem
juridicamente tutelado pela norma penal em análise.

Desse modo, o legislador, ao editar a Lei nº 13.772/19, resolveu proteger, com a confecção do artigo 216-
B, a dignidade sexual de maneira ampla e a intimidade sexual das pessoas de modo específico.

Vejamos, então, a partir de agora, os verbos nucleares presentes no crime em análise.


O primeiro deles é “produzir”, o qual está intimamente ligado ao objeto material “conteúdo com cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso”.

“Professor, o que é o objeto material do crime?”

Meu amigo(a), entende-se por objeto material toda a coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta do
agente criminoso.

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Direito Penal – Dos crimes contra a dignidade sexual. Aula 03

Saiba, também, que essa produção é de forma livre, a qual engloba qualquer ação com finalidade de
elaborar a gravação da referida cena ou do ato.
Também, é punível, a conduta de fotografar, a cena ou o ato sexual libidinoso. Dessa forma, doutor(a),
pouco importa a forma pela qual se deu o registro fotográfico, seja ela analógica ou, até mesmo, digital.

Outra forma de praticar o crime do art. 216-B, do CP, é quando o agente filma ou registra o ato ou a cena
da intimidade sexual.

Todas essas ações devem ter a seguinte finalidade, nas palavras do Professor André Estefam.

“As ações devem ter como alvo cena de nudez, ou seja, a que retrate pessoas desnudas ou ato
sexual ou libidinoso (vale dizer, de caráter lúbrico, lascivo), de caráter íntimo e privado. O “caráter
íntimo” diz respeito à natureza da conduta capturada ilicitamente, a qual deve ser praticada na
esfera da intimidade dos envolvidos. Esta, ainda, deve ser “privada, o que diz respeito ao ambiente
em que é praticada. Se o ato for realizado em local público, aberto ao público ou exposto ao
público, sua filmagem, fotografia etc. não se encaixa no tipo penal” (ESTEFAM, André, p.759).

Ainda, o crime de registro não autorizado da intimidade sexual, exige que o referido registo tenha
sido sem a autorização dos envolvidos, sendo necessário, para tanto, que, em casos de autorização para a
exibição, essa deve se dar por todos os envolvidos. Havendo recusa por parte de um integrante, e ocorrido o
registro, haverá o crime em análise.
Quanto ao elemento subjetivo, meu amigo(a), o crime só pode ser praticado de forma dolosa.

Também, é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

Suponha que Austin, passe a registrar as cenas de sexo entre e ele e sua esposa Houston sem a
autorização desta. Desse modo, é evidente estarmos diante da figura do art. 216-B, do CP.

Quanto ao momento consumativo, o registro não autorizado da intimidade sexual se consuma com a
produção, filmagem, registro ou fotografia do ato ou da cena com o conteúdo relativo a intimidade sexual.
Dessa forma, não é necessário que o registo não autorizado seja visualizado por terceiros. Entretanto, havendo
a visualização, o crime será o do art. 218-C, do CP, que passaremos a analisar mais adiante. Portanto, o crime
do art.216-B é um crime de mera conduta.

“Crime de mera conduta, professor? Eu sei que já estudamos o crime material e o crime formal, mas o que
seria o crime de mera conduta?”

Caríssimo, o crime de mera conduta é aquele no qual o legislador previu apenas a conduta, sem
mencionar qualquer resultado, para que, possamos assim, diferenciá-lo do crime material (em que são
necessárias a conduta e a realização do resultado) e do formal (que prevê conduta e resultado, consumando-se
antecipadamente com a realização da conduta).

CRIME MATERIAL CRIME FORMAL CRIME DE MERA CONDUTA

Conduta + Resultado. Conduta + Resultado Conduta.

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É necessária a ocorrência de Basta a ocorrência da conduta, Basta apenas a ocorrência da


ambos para a tendo em vista que se trata de conduta, sem a previsão da
consumação/existência do crime crime de consumação antecipada. ocorrência de qualquer resultado.

Avançando para o final do estudo, o parágrafo único nos traz uma figura de equiparação, ou seja, irá ser
punido com as penas do caput, do art. 216-B, do CP, o agente que realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio
ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso.
Certo, meu amigo(a), encerramos o estudo de mais um crime em espécie e, antes de avançarmos, deixo
abaixo uma imagem corriqueira (infelizmente) em grandes centros urbanos que é capaz de resumir o que
acabamos de estudar até o momento sobre o artigo 216-B, do CP.

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Dos crimes sexuais contra vulneráveis


Estupro de vulnerável (art. 217-A, do CP).
Dando as boas-vindas a você, caríssimo estudante e, tendo a certeza de que você está completamente
concentrado em nosso estudo, peço, gentilmente, para que você redobre sua atenção, pois agora
estudaremos um dos crimes mais importantes do ordenamento jurídico e que, também, despenca em
concurso.

A partir de então, iniciaremos o estudo do crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, do CP).

Assim, façamos juntos a leitura do referido artigo.

Vejamos:

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 3 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 4 Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do
consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao
crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Finalizada nossa leitura acerca do tipo penal, passemos, então, ao desmembramento da figura típica.

Pois bem, a objetividade jurídica do artigo 217-A, do CP é a dignidade sexual do vulnerável.

“Mas, professor, quem são considerados vulneráveis?”

Preste atenção na tabela abaixo, caríssimo!

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VULNERÁVEIS
Quem, por
enfermidade ou
Quem, por qualquer
deficiência mental,
outra causa, não
Menor de 14 anos não tem o
pode oferecer
(caput) necessário
resistência.
discernimento para
a prática do ato (§1º, parte final).
(§1º)

Esse quadro é de importante memorização para o caminhar do nosso estudo e, principalmente, para as
questões do seu concurso e, com base nele, você já pode responder a essa questão. Que ver só?!

Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

São considerados vulneráveis, para fins sexuais, apenas menores de 14 anos, conforme expressamente dispõe
o Código Penal Brasileiro.

( ) Certo
( ) Errado

Resolução: veja, caríssimo, conforme a tabela acima, podemos perceber que não é somente o menor de 14
anos que será considerado vulnerável.

Gabarito: ERRADO

O caput do art. 217-A, do CP, incrimina a conduta do agente que pratica conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, com o menor de 14 anos.

Vamos relembrar o conceito de conjunção carnal e outro ato libidinoso? Veja o quadro abaixo.

ESTUPRO

CONJUNÇÃO CARNAL ATO LIBIDINOSO

É o coito vaginal, ou seja, a introdução do pênis na Qualquer outro ato diverso da conjunção carnal,
vagina da vítima, em caso de estupro praticado por como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, carícias nas
homem contra mulher partes intimas e etc.

“Arpini, poderia nos dar um exemplo?”

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Com certeza! É para isso que estamos aqui. Suponha que Austin, de forma inexplicável, inicie a prática de
conjunção carnal com sua filha El Paso.
“Professor, a filha?! Foi isso mesmo que o senhor disse?”

Sim, meu amigo(a), eu sei que o exemplo é chocante e, não apenas chocante, como também, de
ocorrência corriqueira em nosso território. Vou retratar nosso exemplo de uma forma mais leve do que
comumente acontece na vida real – em que os pais transformam suas próprias filhas praticamente em escravas
sexuais e, ainda, acabam engravidando-as.

Então, voltando, suponha que Austin, de forma inexplicável, peça para que sua filha, El Paso, de 12 anos
de idade fique despida e, ato contínuo, Austin inicie com ela conjunção carnal.

Diante do exemplo ora retratado, podemos verificar que Austin comete um estupro de vulnerável, visto
que manteve conjunção carnal com sua filha de 12 anos de idade.
Quero que você fique atento ao fato de que, o estupro de vulnerável, diversamente do que ocorre no
estupro (art.213, CP), não exige como meio executório a violência ou grave ameaça.

Outra informação importante que quero deixar esclarecida para você é a de que há, no Brasil, inúmeros
casos de crianças e adolescentes com idade inferior a 14 anos que já possuem uma vida sexual ativa e, até
mesmo já possuam um companheiro(a).
“Como fica essa questão, Arpini?”

Casos como esse no qual eu retratei para vocês agora pouco, se tiverem sido praticados antes da Lei nº
13.718/18, eram tratados à luz do princípio da intervenção mínima ou, até mesmo, pela figura do erro de tipo.
Entretanto, após a entrada em vigor da Lei nº 13.718/18, a vulnerabilidade do menor de 14 anos
passou a ser absoluta, independentemente de consentimento da vítima ou de experiência sexual anterior.

“Professor, uma pergunta! Quando cessa vulnerabilidade do menor de 14 anos?”


Boa pergunta, meu(a) querido(a) estudante! A vulnerabilidade do menor de 14 anos cessa no dia em que
completar 14º aniversário. Assim, caso a pessoa, no dia em que completa 14 anos, resolve inaugurar sua vida
sexual, não há que se falar em estupro de vulnerável. Entretanto, fique atento para a figura do art. 213, §1º, do
CP, que estudamos anteriormente.

Vejamos, então, como os concursos vem cobrando a referida matéria:

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia

Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal

A) a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

B) o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.

C) que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.

D) que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.

E) que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.

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Resolução:

a) então, a partir de tudo o que estudamos até o momento, fica claro detectarmos que o estupro de vulnerável
ocorrerá, para o menor de 14 anos, independentemente de consentimento ou experiência sexual anterior.

b) outras hipóteses de vulnerabilidade são as constantes do artigo 217-A, §1º - incorre na mesma pena quem
pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

c) o crime é considerado comum, razão pela qual, tanto o sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa.

d) o desconhecimento da lei não é apto a excluir a tipicidade do crime.

e) nesse caso a pena será aumentada de metade, conforme o artigo 226, inciso II, do CP.

Gabarito: Letra A.

Vejamos mais uma questão acerca da matéria!

João e Maria, com 18 e 13 anos de idade, respectivamente, iniciaram relacionamento amoroso que culminou
em relações sexuais consensuais. Inconformado com o fato, o pai de Maria procura a autoridade policial e
solicita a instauração de inquérito policial contra João por entender que sua filha está sendo vítima de abuso
sexual. No âmbito do direito penal,

A) João praticou o crime de satisfação de lascívia contra pessoa menor de 14 anos.


B) a existência de relacionamento amoroso entre o casal torna a conduta de João atípica.

C) o consentimento de Maria à conjunção carnal torna o crime de estupro impossível.

D) comprovado que Maria tinha experiência sexual anterior, João praticou o crime de estupro privilegiado.
E) João praticou o crime de estupro de vulnerável.

Resolução: veja, meu amigo(a), analisando o contexto fático apresentado e, com todas as informações que já
estudamos até o momento, podemos perceber que se trata do crime de estupro de vulnerável pois, a vítima é
menor de 14 e anos e, também, o consentimento da vítima é dispensável para a configuração do crime em tela.

Gabarito: Letra E.

Concluímos assim, o estudo da primeira vítima vulnerável para o artigo 217-A do CP.

De outra banda, ainda são consideradas vulneráveis aquelas pessoas que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência.

Passemos a análise da primeira figura.

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a) Quem, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato: Nesse caso, meu(a) caro(a) estudante, não se pune a relação sexual pelo simples fato de ter
sido praticada com alguém nessa condição. Dessa forma, é imprescindível, no caso concreto, apurar
se a vítima possuía ou não, o discernimento da situação quando da prática do ato.

“Professor, poderia me dar um exemplo?”

Com certeza! Veja o que nos ensina o Professor André Estefam:

“Entendemos razoável, ainda, levar em conta, no caso concreto, se o autor do fato abusou – de
qualquer modo – da condição mental do deficiente para obter a satisfação de sua lascívia (por
exemplo: se simulou uma brincadeira aparentemente inocente e, iludindo a vítima, que por sua
reduzida capacidade cognitiva não se deu conta do caráter lúbrico do ato ao qual foi induzida).
(ESTEFAM, André. p. 772).

Certo! Agora que já analisamos a primeira hipótese, passemos para a averiguação da segunda.

Pois bem, a segunda hipótese é aquela que:


b) Quem, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência: nesse caso, imaginemos a
situação de vítima que, embora não padeça de nenhuma redução de capacidade cognitiva como a
anterior, embriaga-se até a inconsciência e, completamente inerte, é submetida ao ato sexual sem
que possa resistir. Ainda, podemos citar a pessoa que é induzida a um estado de inconsciência total
com o uso de entorpecentes, por alguém que tem o propósito de manter com ela relação sexual sem
o seu consentimento.

Dessa forma, podemos extrair a seguinte conclusão, caro colega: o crime de estupro de vulnerável é um
crime comum quanto ao sujeito ativo e crime próprio quanto ao sujeito passivo.
Preste atenção nessa tabela:

Sujeito Ativo Sujeito Passivo

Crime comum Crime próprio

Qualquer pessoa Menor de 14 anos; Quem por enfermidade ou


deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato; Quem por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência

Você também precisa saber que o crime de estupro de vulnerável só é punido à título de dolo, ou seja,
não há que se falar em estupro culposo.
Vejamos mais uma questão acerca do crime de estupro de vulnerável:

Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes contra a dignidade sexual, julgue os
seguintes itens.
I Ato sexual praticado por maior de idade com menor de quatorze anos de idade não configura estupro de

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vulnerável se tiver havido consentimento da parte menor. II Toques e apalpações fugazes nos seios e na
genitália da vítima são atitudes insuficientes para configurar o tipo de estupro de vulnerável. III O trauma
psicológico sofrido pela vítima de estupro de vulnerável é justificativa para a exasperação da pena-base
imposta ao agente da conduta delituosa.
Assinale a opção correta.

A) Nenhum item está certo.

B) Apenas o item II está certo.

C) Apenas o item III está certo.

D) Apenas os itens I e II estão certos.

E) Apenas os itens I e III estão certos.

Resolução: veja, meu amigo(a), tudo que estudamos até o momento nos dá conhecimento suficiente para
conseguirmos enfrentar mais essa questão. O item I está incorreto, pois, a presunção de vulnerabilidade é
absoluta. O item II está incorreto porque os atos descritos fazem parte da espécie “outros atos libidinoso” e são
aptos a gerar o crime de estupro de vulnerável. O item III está correto, pois, o trauma sofrido pela vítima será
levado em conta no momento da condenação para aumentar apena do criminoso.

Gabarito Letra C.

O crime também é plurissubssistente, ou seja, a conduta do agente pode ser fracionada, razão pela qual,
o crime se consuma no momento da prática do ato libidinoso ou da conjunção carnal, sendo perfeitamente
possível a tentativa, quando o agente não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
Por fim, ainda nos resta analisarmos os §§3º e 4º, que trazem qualificadoras preterdolosas (dolo no
antecendente e culpa no consequente), punidas com reclusão de 10 a 20 anos quando da conduta resultar lesão
grave (aquelas previstas no artigo 129, §§1º e 2º, do CP – já estudada por nós em nossa aula 00) e, 12 a 30 anos,
quando resultar morte. Ou seja, o criminoso deve ter dirigido sua conduta diretamente ao estupro da vítima,
vindo, culposamente, a causar-lhe lesões graves ou mesmo a morte.

Assim, meu amigo(a), para encerrarmos o estudo de mais uma figura criminosa, vejamos mais uma
questão acerca do crime em análise.

Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil

O crime de estupro de vulnerável (art. 217-Ado CP):


A) exige que a vítima seja mulher.

B) pressupõe violência ou grave ameaça como meios executórios.

C) é uma hipótese de lenocínio.

D) é subsidiário ao estupro (art. 213 do CP).

E) pode ser praticado mediante conjunção carnal ou ato libidinoso diverso.

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Resolução:

a) o crime de estupro de vulnerável é crime comum, razão pela qual, pode ter como sujeito ativo ou passivo
qualquer pessoa.

b) conforme o teor do artigo 217-A do CP, não há necessidade de que para a ocorrência do crime haja o emprego
de violência ou grave ameaça.
c) o crime de estupro de vulnerável não está inserido dentro das hipóteses de lenocínio.

d) também não se trata de tipo subsidiário. Os tipos penais são considerados subsidiários quando a própria leis
os declara assim.

e) a partir de tudo que estudamos juntos até aqui, é possível verificarmos que o crime de estupro de vulnerável
pode ser praticado mediante conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso, como, por exemplo o sexo anal,
oral, carícias íntimas e etc.

Gabarito: Letra E.

Espero que a explicação tenha sido esclarecedora!


Vamos avançando em nosso estudo!

Corrupção de menores (art. 218, CP).


Dando seguimento ao nosso estudo, caro colega, passemos, então a análise do artigo 218 do CP, que
trata do crime de corrupção de menores.

Façamos juntos, a leitura do dispositivo legal.

Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Certo! Agora que já tivemos o primeiro contato com a figura criminosa, saiba, de plano, que o artigo 218
do Código Penal visa proteger a dignidade sexual do vulnerável menor de 14 anos.

Ainda, desse modo, podemos verificar que quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum. Porém, no
que diz respeito ao nosso sujeito passivo, o crime é próprio, tendo em vista que o crime somente pode ser
praticado contra o menor de 14 anos.

A conduta perpetrada pelo agente, se verifica quando o criminoso induiz (alicia, persuade), menor de 14
anos a satisfazer à lascívia de outrem.
“Professor, nessa figura criminosa atuam, pelos menos, 3 pessoas, ou estou engado?”

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Não, meu amigo(a), você não está enganado. Nesse caso, há uma relação tríade entre os envolvidos.
Explico a você:

Sujeito
Ativo
(mediador)

Art.
218, CP
vítima 3º -
Destinatário
(menor de da atividade
14 anos) criminosa.

Outro ponto que você precisa prestar muita atenção diz respeito a punibilidade do agente que media o
ato sexual e a punição do destinatário da mediação.

Nesse caso, trago-lhes a lição do Professor André Estefam.

Preste atenção!

“Deve-se frisar que o autor da indução, também chamado de cáften ou alcoviteiro,


responde pelo crime do art. 218, ao passo que a pessoa que pratica o ato sexual com o
menor comente estupro de vulnerável (CP, 217-A). Trata-se de exceção pluralística à
teoria monista ou unitária, pois, muito embora ambos concorram com sua conduta para
o mesmo resultado naturalístico, cada um viola uma norma penal incriminadora
diferente. Advirta-se, entretanto, que o alcoviteiro poderá ser partícipe do estupro de
vulnerável quando, além do induzimento, prestar auxílio direto a fim de permitir a
realização do ato sexual pelo terceiro com o menor de 14 anos (ESTEFAM, 2017, p.777)”

A partir dessa imagem, podemos extrair às seguintes informações: há uma relação de mediação
composta pelo sujeito ativo (mediador), a vítima (menor de 14 anos que é induzida a satisfazer a lascívia de
outrem) e o terceiro, que o destinatário da atividade criminosa.
“Professor, me de um exemplo!”.

Suponha que Austin (mediador da conduta criminosa), induza sua filha, El Paso (menor de 14 anos), a vestir-
se com determinda fantasia para satisfazer a lúxuria de seu irmão, San Antonio.

Assim, caríssimo, estamos diante do crime corrupção de menores, do artigo 218, do Código Penal.

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Fique atento ao fato de que, o crime que estamos estudando só pode ser praticado mediante dolo, ou
seja, não há previsão de corrupção de menores de forma culposa.
Caminhando para o final do estudo do crime, saiba que a corrupção de menores considera-se consumada
com a prática do ato (crime formal), independentemente do destinatário considerar-se satisfeito ou não em
sua luxúria.

Vejamos uma questão adaptada da banca CESPE acerca do assunto.

Pratica crime de corrupção de menores, previsto no art. 218, CP, aquele que induz menor de dezesseis anos a
satisfazer a lascívia de outrem
( ) Certo

( ) Errado.

Resolução: a partir de todas as informações por nós estudadas até o momento, podemos verificar que o crime
de corrupção de menor exige o sujeito passivo menor de 14 anos.

Gabarito: ERRADA.

Assim, encerramos o estudo de mais um crime necessário para o nosso concurso.

Não saia daí! Estamos quase chegando ao final de mais uma aula.
Passemos, então, ao estudo do artigo 218-A, do CP.

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A, CP).


Dando seguimento ao nosso estudo, vejamos como está redigido o artigo 218-A, do CP.
Leia comigo:

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Feita a nossa leitura, vamos iniciar o desmembramento do crime em análise.


Infelizmente, meu amigo(a), posso parecer um pouco repetitivo, mas é dessa forma que você irá gravar
todas as informações necessárias para a aprovação no seu concurso.

Então, assim como nos outros crimes que estudamos até o momento, o crime do artigo 218-A do Código
Penal, protege a dignidade sexual do vulnerável menor de 14 anos.

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De forma idêntica a qual analisamos no artigo 218, do CP, aqui, no artigo 218-A, o crime é comum quanto
ao sujeito ativo e próprio quanto ao sujeito passivo, pois só pode ser cometido contra menor de 14 anos.
A figura típica autoriza duas formas de conduta, quais sejam:

I – Praticar, na presença da vítima menor de 14 anos, conjunção carnal (coito vaginal) ou outro ato
libidinoso (sexo oral, anal, carícias nas regiões intimas e etc), querendo ou aceitando ser observado; e

II – Induzir, a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso.

Assim, caríssimo, fique atento ao fato de que, em nenhuma das duas condutas que mencionei a vocês
anteriormente, a vítima participa da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso, pois, se participasse,
estariamos diante o crime de estupro de vulnerável (art.217-A, CP), já estudado.

Dessa, forma, só é punida a conduta dolosa, com o elemento subjetivo específico, que é a satisfação da
lascívia (desejo sexual), própria ou de terceiro, não havendo que se falar em modalidade culposa.
Conhecer a idade da vítima mostra-se imprescindível, pois, caso o agente não tenha conhecimento de
que se trate de pessoa com menos de 14 anos, estaremos diante da figura do erro de tipo, do art. 20 do Código
Penal.

A consumação do crime ocorre quando o menor de 14 anos presencia o ato sexual, satisfazendo a lascívia
do agente que pratica os atos sexuais, ou mesmo de terceiro.
O crime também é plurissubssistente, ou seja, a conduta do agente criminoso pode ser fracionada,
razão pela qual, o crime do artigo 218-A do CP, admite a tentativa.
Veja a situação hipotética proposta pelo Professor Rogério Grecco:

“Assim, imagine-se a hipótese em que um menor de 14 (catorze) anos seja induzido a presenciar a
prática da conjunção carnal e, antes que os envolvidos no ato sexual tirassem as roupas, são
surpreendidos pelo pai do referido menor, que impede a consumação do delito. Neste caso,
poderiamos raciocinar com a hipótese de tentativa” (GRECCO, Rogério. 2014, p.567)

Então, avançando no nosso estudo, vamos analisar como esse conteúdo está sendo cobrado em concurso:

Maria, a pedido de sua prima Joana, por concupsciência desta, convenceu sua vizinha Pauliana, de 12 anos de
idade, a assistir Joana e seu namorado Paulo em intimidades sexuais. Assim, pode-se concluir que Maria obrou
para o delito de:
a) submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.

b) aliciar criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.

c) favorecimento da prostituição ou outra forma de exmploração sexual de vulnerável.


d) satisfação de lascívia mediante apresenta de criança ou adolescente.

e) corrupção de menores.

Resolução: ao nos depararmos com a redação do artigo 218-A, do CP, podemos verificar que a conduta de
Maria, ao convencer a vizinha Pauliana, de 12 anos de idade a assistir Joana e seu namorado Paulo em

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intimidades sexuais, incorreu no crime de satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente
(menor de 14 anos).

Gabarito: Letra D.

Dessa forma, meu(a) jovem, encerramos o estudo de mais uma figura criminosa!

Vamos dando seguimento ao nosso estudo, no próximo tópico.

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de


vulnerável (art. 218-B, do CP).
Seja bem-vindo, meu amigo(a)!

A partir desse momento, vamos para a análise de mais um crime disposto no título dos crimes contra a
dignidade sexual.

Então, reforçando (como sempre), nossa leitura afiada da letra da lei, façamos juntos uma leitura do
artigo 218-B, do CP.

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente


ou de vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 2 Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de
14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3 Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
o

localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Agora que já lemos com bastante atenção o artigo 218-B, do Código Penal, vejamos quais são os seus
desdobramentos jurídicos.
Primeiramente, lhe faço uma pergunta, meu amigo(a): a partir da leitura do dispositivo legal, você já
conseguiu identificar qual é o bem jurídico tutelado pelo artigo 218-B, do CP?

“Seria a dignidade sexual de vulnerável que é submetido, induzido ou atraído à prostituição, professor?”

Exatamente, doutor(a)! Acertou em cheio!

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E quanto ao sujeito ativo, você conseguiu vislumbrar alguma conclusão a partir da leitura?

“Através da leitura, professor, me parece que estamos diante de um crime comum quanto ao sujeito ativo e
um crime próprio quando ao sujeito passivo, estou certo?”

Corretíssimo! Vejo que você já está afiado quanto as classificações que revestem a figura criminosa.

Nesse caso, qualquer pessoa pode praticar o crime do artigo 218-B, entretanto, por outro lado, só poderá
ser sujeito passivo/vítima do crime a pessoa menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, seja homem ou mulher.

Quanto a idade da vítima, meu amigo(a), você de ficar atento ao fato de que o agente criminoso deve ter
conhecimento da respectiva idade, sob pena de responsabilidade penal objetiva, o que é vedado pelo
ordenamento jurídico penal.

Quanto ao enfermo ou doente mental, a conduta do agente criminoso deve se dirigir única e tão somente
no sentido de explorá-lo sexualmente, sem que com ele seja praticada qualquer conduta libidinosa.

Vejamos, mais um exemplo do Professor Rogério Grecco:

“Dessa forma, incorreria na mencionada figura típica o agente que explorasse sexualmente a
vítima para que tirasse fotos eróticas, trabalhasse em casas de strip-tease, ou mesmo de disque-
sexo, simulando, para o cliente, atos sexuais através do telefone etc”. (GRECO, Rogério. 2014,
p.574).

Passemos, então, para a análise das condutas disposta no tipo penal.


Ao nos depararmos com a redação do artigo 218-B, podemos listar a presença de seis verbos nucleares,
quais sejam: submeter (subjugar a vítima), induzir (incutir a ideia), atrair, a vítima à prostituição ou outra forma
de exploração sexual, facilitá-la, ou impedir, ou dificultar (criar embaraços) que alguém a abandone.
Quanto ao momento consumativo, faremos outro desmembramento da figura típica, tendo em vista que
os verbos nucleares que compõe o artigo 218-B, possuem momentos consumativos distintos.

Vejamos:

Submeter Quanto a esses verbos nucleares, a consumação do


crime se dará, efetivamente, quando iniciada a
Induzir
atividade do comércio sexual, ou seja, com as
Atrair atividades características da prostituição. Quando a
vítima, por exemplo, coloca seu corpo “à venda”,
mesmo que ainda não tenha mantido relação sexual
com nenhum cliente.

Facilitar O crime está consumado no momento em que o


agente emprega, de alguma forma, um ato que
torne menos dificultoso o início da exploração
sexual da vítima.

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Impedimento Aqui, o crime resta consumado quando a vítima, de


forma inequívoca, quer abandonar a vida de
exploração sexual, e o agente emprega um ato que
cria embaraço para a vítima se desvencilhar da vida
sexual.

Dificultou Consuma-se no momento em que o agente


criminoso cria problemas para que a vítima deixe a
vida do meretrício.

Dessa forma, fique atento, meu amigo(a)! Se o impedimento ou a atividade de dificultar se prolongar no
tempo, estaremos diante de um crime permanente.

Também, saiba que o crime em tela somente é punido de forma dolosa, não havendo que se falar em
punição à título de culpa (negligência, imprudência ou imperícia).

Findado o estudo do caput, passemos a análise dos parágrafos do artigo 218-B, do CP.
Caso o agente criminoso, a partir da prática criminosa, tenha como finalidade a obtenção de vantagem
econômica, será aplicada também a multa, que será calculada conforme o artigo 49, §§1º e 2º, do CP6. Não
fique surpreso, meu amigo(a), caso você encontre no seu concurso a expressão “proxenetismo mercenário” ,
que é outro nome comumente utilizado nas provas de concursos para se referir a essa figura criminosa, onde
haja finalidade de obter vantagem econômica.
Já, o §2º nos traz uma figura de equiparação, ou seja, será punido o agente criminoso, a uma pena
privativa de liberdade de 4 a 10 anos, se praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor
de 18 anos e maior de 14, nas situações descritas no caput do art. 218-B, do CP.
Quanto a essa figura de equiparação, devemos notar que:

Não é necessário o emprego de violência, grave ameaça ou, até mesmo a fraude. Desse modo, é punível a
relação sexual consentida entre tais pessoas. Entretanto, caso haja o emprego de violência ou grave
ameaça, o crime será do artigo 213 do CP. Também, em havendo fraude, o crime será o do 215, do CP e,
por fim, caso a vítima seja menor de 14 anos, haverá estupro de vulnerável (art. 217-A, CP).

6
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em
dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária

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Também, assim como já comentamos em situações análogas, o agente criminoso deve ter pleno
conhecimento de que comente o crime contra alguém que é menor de 18 anos e maior de 14.

Nesse sentido, é o que nos ensina, também, o professor Rogério Grecco:

“Para que o agente responda nos termos do inciso I do §2º do art. 218-B do Código Penal deverá,
obrigatoriamente, ter conhecimento da idade. O erro sobre a idade importará em atipicidade do
comportamento. Assim, por exemplo, se o agente se relaciona sexualmente com uma prostituta,
imaginando fosse ela maior de 18 anos, quando, na verdade, ainda contava com 17 anos de idade,
não poderá ser responsabilizado pelo tipo penal em estudo, pois o erro em que incorreu afastará o
dolo e, consequentemente, a tipicidade do fato. (GRECO, Rogério. 2014, p. 579).

Agora que fixamos essa parte da matéria, que tal testarmos nossos conhecimentos? Venha comigo!

Preste atenção nesta questão!

Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
A) Situação hipotética: Mário, aliciador de garotas de programa, induziu Bruna, de quinze anos de idade, a
manter relações sexuais com várias pessoas, com a promessa de uma vida luxuosa. Bruna decidiu não se
prostituir e voltou a estudar. Assertiva: Nessa situação, é atípica a conduta de Mário.

B) Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido explorada
sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota responderá pelo crime de
favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

C) Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou entorpecente na
bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da situação, João levou Maria até seu
veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa
situação, João responderá pelo crime de violação sexual mediante fraude

D) Indivíduo que mantiver conjunção carnal com menor de quinze anos de idade responderá pelo crime de
estupro de vulnerável, ainda que tenha cometido o ato sem o emprego de violência e com o consentimento da
menor.

E) No caso de crime de violação sexual mediante fraude, o fato de o ofensor ser o filho mais velho do tio da
vítima fará incidir a causa especial de aumento de pena por exercer relação de autoridade sobre a vítima, de
acordo com o Código Penal.

Resolução:

a) nesse caso, meu amigo(a), a conduta de Mário se amolda perfeitamente ao crime do artigo 228 do CP, que
trata do favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, tendo em vista que o verbo nuclear
“induzir” – conduta de Mário – é de consumação antecipada, pouco importando o fato de Bruna não ter se
prostituído.

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b) ao verificarmos o conteúdo do artigo 218-B, §2º, inciso I, podemos notar que, o indivíduo, tendo pleno
conhecimento acerca da idade da vítima (17 anos), e com ela mantiver relação sexual, estará cometendo o
crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.
c) nesse caso, João responderá pelo crime de estupro de vulnerável, tendo em vista a situação de
vulnerabilidade em que a vítima se encontrava.

d) para que haja a ocorrência do crime de estupro de vulnerável, nas condições postas pela assertiva, a vítima
deverá contar com menos de 14 anos.

e) este grau de parentesco não está abarcado pelas causas de aumento de pena previstas no CP.

Gabarito: Letra B.

A respeito dos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta com fundamento
no disposto no CP e na jurisprudência dos tribunais superiores.
A) Nos crimes de estupro, é dispensável a existência de lesões corporais para a caracterização da violência real

B) O emprego da falsidade ideológica com a finalidade de praticar o crime de bigamia constitui concurso de
crimes, haja vista que são delitos do mesmo gênero.

C) O proxenetismo mercenário não está sujeito à pena de multa

D) Em se tratando de crime de violação sexual mediante fraude, caso o ofensor seja padrinho da vítima, ainda
que se intitule como um segundo pai para ela, não incide a causa especial de aumento de pena prevista no CP
para os casos de relações de autoridade do agente sobre a vítima

E) Não há crime de favorecimento da prostituição se a vítima, de quinze anos de idade, revelar já ter percorrido
diversos lugares na condição de prostituída

Resolução:

b) nesse caso, em que pese haja concurso de crimes, ambos não são do mesmo gênero, tendo em vista que o
crime de falsidade ideológica está elencado nos crimes contra a fé pública. Já o crime de bigamia (art.235 do
CP) é crime contra a família.

d) pelo contrário, meu amigo(a), nesse caso, tendo em vista as causas de aumento de pena do art. 226, inciso
II, do CP, haverá a incidência da causa de aumento.

Certo, meu amigo(a), quero que você preste atenção nas alternativas letra “c” e letra “e”. Conforme estudamos
anteriormente, o seu concurso poderá cobrar a expressão “proxenetismo mercenário” e que, como já sabemos,
haverá aplicação da pena de multa caso ocorra essa figura criminosa. Por outra lado a letra “e”, assim como
analisamos, também, na questão anterior, a vítima que ostenta 15 anos de idade é sujeito passivo do crime do
artigo 218-B do Código Penal. Queria chamar a sua atenção para essas duas assertivas. Por outro lado, ao
analisarmos as demais assertiva, já temos o conhecimento de que é dispensável a existência de lesões corporais
para a caracterização da violência real.

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Gabarito: Letra A.

Agora que acabamos de testar nossos conhecimentos, daremos prosseguimento ao estudo.


O §2º, do art. 218-B, do CP, é categórico ao afirmar que incorre nas mesmas penas o proprietário, o
gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem a prática das condutas criminosas e, também,
verificada a prática do crime por parte destes agentes, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

Para o seu concurso, precisamos ter em mente que, caso o juiz condene o gerente ou o proprietário do
estabelecimento pela prática do art. 218-B do CP, a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento é efeito automático da sentença, pois foi criado pela Lei Penal.

À título de curiosidade, quero que você saiba que a grande maioria dos estudiosos do Direito Penal,
entende que, mesmo se tratando de efeito automático, o juiz deverá declarar na sentença que o proprietário
ou gerente, está tendo cassada sua licença de localização e de funcionamento.

Mas, para a sua prova, é necessário ficarmos com os rigores impostos pela lei. Compreendido?!

Para fecharmos o estudo de mais um crime, vamos a mais um teste de conhecimento.

VUNESP – Escrivão de Polícia – PC – CE/2015.


Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.

a) induzir alguém menor de 18 anos a satisfazer a lascívia de outrem tipifica o crime de corrupção de menores.

b) ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 18 anos tipifica o crime de estupro de
vulnerável.

c) constranger alguém, mediante fraude, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso, tipifica crime de estupro.
d) atrair à prostituição alguém menor de 18 anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição, ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.

e) praticar, na presença de alguém menor de 18 anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança
ou adolescente.

Resolução:
a) para a ocorrência da corrupção de menores, a vítima deverá ser menor de 14 anos.

b) para configurar o crime de estupro de vulnerável a vítima deverá ser menor de 14 anos.

c) o crime será o de violação sexual mediante fraude, conforme o artigo 215, do CP.
d) aquele que atrair à prostituição alguém menor de 18 anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição,
ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, pratica o crime do artigo
218-B, do CP.

e) para que ocorra a referida figura criminosa, a vítima deverá ser menor de 14 anos.

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Gabarito: Letra D.

Agora que já testamos nosso conhecimento e estamos preparados para questões acerca da matéria,
vamos prosseguir com nosso estudo!

Avante, meu amigo(a)!

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de


pornografia (art. 218-C, CP).
Salve, meu amigo(a)! Seja bem-vindo ao estudo de mais um crime aqui na nossa aula de crimes contra a
dignidade sexual.

A partir desse momento, vamos analisar o artigo 218-C, do Código Penal.


Nesse ponto, estamos diante de uma novatio legis incriminadora, ou seja, uma nova lei penal que cria
figura criminosa (sem alcance retroativo), visto que, antes de 2018, não havia no ordenamento jurídico a
previsão de divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de
pornografia. Então, com o advento da Lei 13.718/18, nasce a figura do artigo 218-C, do CP.

Feita a nossa premissa inicial, passemos a leitura do artigo 218-C, do Estatuto Repressivo.

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro
de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena
de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei
nº 13.718, de 2018)
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que
mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação
de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.

Leitura feita, vamos dissolver a figura criminosa!

A objetividade jurídica ou bem juridicamente tutelado pela figura criminosa em análise, é a dignidade
sexual, a honra e a intimidade das pessoas e, também a paz pública. Ou seja, trata-se de crime pluriofensivo.

Para que fique melhor nossa memorização para o estudo do artigo 218-C, se divide em duas condutas.
Vejamos:

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Divulgação de cena envolvendo estupro ou estupro Divulgação de cenas de sexo ou pornografia, sem o
de vulnerável consentimento do ofendido.

Da leitura que fizemos a partir do texto legal, verificamos que o crime do artigo 218-C é de tipo misto
alternativo, pois, descreve todos os verbos nucleares interligados pela conjugação alternativa “ou”.

“Certo, professor! Mas o que quer dizer tipo misto alternativo?”

Veja, doutor(a), o tipo misto alternativo ou crime de conteúdo múltiplo/variado, é aquele em que o agente
criminoso, se praticar mais de uma conduta, no mesmo contexto fático, recaindo sobre o mesmo objeto
material, responderá por crime único.

Os verbos nucleares são os seguintes:

Oferecer = ofertar

Trocar = barganhar

Disponibilizar = viabilizar o acesso à terceiros

Transmitir = divulgar à terceiros

Vender = alienar

Expor à venda = deixar amostra para alguém adquirir

Distribuir = espalhar

Publicar = tornar público

Divulgar = anunciar.

O crime é de forma livre, ou seja, pode ser praticado por qualquer meio de comunicação em massa.
Nosso objeto material (toda pessoa ou coisa sob a qual recaia conduta do agente) é a fotografia, vídeo
ou qualquer outro registro audiovisual, contendo cena de estupro, estupro de vulnerável, que faça
apologia a sua prática.

Por outro lado, não se esqueça que, ainda, também pode ser objeto material, cena de sexo, nudez ou
pornografia (ainda que não envolvam crimes sexuais), quando a ação é praticada sem o consentimento da
vítima.

Veja bem, meu amigo(a) precisamos traçar uma linha divisória entre aquele que realiza a filmagem,
fotografia ou produção da cena de sexo, daquele indivíduo que divulga a cena de luxúria.
Para o indivíduo que realiza a filmagem, a fotografia, a produção da cena ou ato ou seu registro, por
qualquer meio, estará, em tese, incurso nas sanções do artigo 216-B, do Código Penal, que trata do registro
não autorizado da intimidade sexual.

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Por outro lado, o agente que divulga referidos conteúdos de cena de estupro ou de cena de estupro de
vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia, responderá pelo crime do artigo 218-C, do CP.
Desse modo, o simples fato de alguém concordar em ser filmado ou fotografado pelo seu parceiro nos
momentos sexuais íntimos, não dá a este, o ensejo de fazer a divulgação do material para terceiros. O
mesmo não podemos dizer daquele que consente em praticar o ato sexual ao vivo para terceiros, podendo ser
fotografado ou filmado, razão pela qual, não há que se falar na existência do crime do artigo 218-C, do Código
Penal.

Referida figura criminosa só poderá ser punida à título de dolo, somente incorrendo nas sanções do
referido tipo, o agente que tem consciência e vontade de divulgar a terceiros os conteúdos produzidos sob os
objetos materiais.

Agora, lhe faço uma pergunta, caríssimo(a): Sabe me dizer quem pode ser sujeito ativo e passivo desse
crime?

“Mas é claro, professor! O crime é comum, tanto no sujeito ativo quanto no sujeito passivo, não exigindo
qualidade especial de nenhum dos sujeitos”.

Corretíssimo, meu(a) caro(a) colega!


Sigamos em frente!
O crime também é de mera conduta, ou seja, basta que o agente incorra em quaisquer dos verbos para
que se dê a consumação. Não se esqueça que, o crime de mera conduta é aquele em que o tipo penal, prevê
apenas condutas, nada dispondo acerca do resultado, bastando assim, que o agente incorra em qualquer dos
verbos nucleares postos na nossa tabela anterior para que o crime esteja automaticamente consumado.

Você também deve saber que o crime do artigo 218-C, do CP é um tipo penal subsidiário, ou “soldado de
reserva”, nas palavras de Nelson Hungria.
“Professor, poderia nos exemplificar?”

Certamente! É para isso que estamos compartilhando esse momento!


Vejamos os artigos 240, 241 e 241-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo
explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer
meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente

Perceba que, as condutas previstas pelos artigos 240 a 241-A do ECA são muito semelhantes com as do
artigo 218-C, do CP. Entretanto, o sujeito passivo dos crimes do ECA, só podem ser crianças ou adolescentes
(conforme o art. 2º, do ECA). Assim, caso ocorra a divulgação de uma cena de sexo, a primeira providência que

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devemos tomar é saber se a vítima é criança ou adolescente. Caso se trate de menor, estaremos diante dos
crimes do artigo 240 a 241-A, do ECA. Por outro lado, ocorrida a conduta e, ao verificarmos o sujeito passivo e
não se tratar de criança ou adolescente, estaremos diante do artigo 218-C, o “soldado de reserva”.

Com todo o exposto até aqui, vamos testar nossos conhecimentos:

Julgue os itens a seguir, relativos a delitos de natureza sexual.

I Praticar, em local público, ato libidinoso contra alguém e sem o seu consentimento caracteriza contravenção
penal tipificada como importunação ofensiva ao pudor.

II Praticar conjunção carnal com o parceiro na presença de menor de catorze anos de idade, a fim de satisfazer
a própria lascívia, configura, a princípio, o tipo penal específico denominado satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente.

III Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de ultrajar alguém específico, configura
crime de importunação sexual, que, por equiparação, é considerado hediondo.

IV Divulgar na Internet fotografias de conteúdo pornográfico envolvendo adolescente, como meio de vingança
pelo término de relacionamento, configura crime específico previsto no ECA, o que afasta a incidência do novo
tipo penal previsto no art. 218-C do Código Penal.
Estão certos apenas os itens

A) I e III.

B) I e IV.
C) II e III.

D) II e IV.

Resolução: analisando cada uma das assertivas, a partir de todo o conteúdo já exposto em nossa aula de crimes
contra a dignidade sexual, é possível verificarmos que: I – está incorreta, pois, nesse caso estamos diante do
crime de importunação sexual; II – está correto, pois, estamos diante da figura do crime do artigo 218-A, do CP;
III – o crime de importunação sexual não é considerado hediondo; IV – está correta, pois, o crime do artigo 218-
C é um tipo penal subsidiário (“soldado de reserva”)

Gabarito: Letra D.

“Certo, professor! Mas e como fica a questão da tentativa no crime do artigo 218-C, do CP”?

Para tratarmos do tema, trago-lhes a lição do Professor André Estefam:

“Admite-se o conatus proximus, na maioria das condutas típicas, que traduzem ações
plurissubssistente, isto é, podem ser divididas em atos e, portanto, obstadas antes sua realização
integral, por circunstâncias alheias à vontade do agente. Assim, por exemplo, o indivíduo que
filmou sua parceira durante o ato sexual e, ao fazer o upload da cena na internet, não consegue
concretizar o ato porque a vítima, percebendo a ação com a qual não consentiu, impede que o
vídeo seja carregado, frustrando a conduta do agente. ” (ESTEFAM, André. 2019, p.793).

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Desse modo, meu amigo(a), é possível a figura da tentativa.

Nos resta, então, caríssimo(a), analisarmos a causa de aumento do art. 218-C, §1º.

§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que
mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação.

Desse modo, podemos verificar que há três causas de majoração de pena para o crime em análise.

1. Está ligada com a relação íntima de afeto, que o agente mantenha ou tenha mantido com a
vítima. Por relação íntima de afeto, temos a relação amorosa entre duas pessoas, pouco
importando o gênero ou orientação sexual.

2. As outras duas se referem à motivação do agente criminoso, ou seja, se trata de agir por vingança,
a exemplo do indivíduo que divulga vídeos íntimos de sua ex-companheira por não aceitar o
término do relacionamento. Ou, também, por humilhação, a exemplo do indivíduo que utiliza da
divulgação para ridicularizar a vítima.

Então, para fecharmos o estudo do nosso último crime contra a dignidade sexual e iniciarmos algumas
considerações sobre hediondez e ação penal, vejamos o que diz o §2º do art. 218-C, do CP.

Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação
de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.

Desse modo, meu amigo(a), não há que se falar em crime (por conta da excludente de ilicitude) quando o
agente praticar as condutas previstas no artigo 218-C, em publicação de matéria jornalística, de caráter
informático, de forma científica, cultural ou, até mesmo, acadêmica, desde que adote os recursos necessários
para que não seja possível a identificação da vítima, salvo se esta consentir em autorizar a divulgação caso seja
maior de 18 anos de idade.

Então, dessa forma, fechamos o estudo de mais uma figura criminosa e, agora, passaremos ao estudo de
um novo capítulo dentro do título VI do CP
Avante!

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DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA


FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL
Salve Salve, meu amigo(a)!

A partir desse momento vamos adentrar ao capítulo V do Título VI do CP e estudaremos as principais


figuras típicas que o compõem!

Desse movo, não percamos tempo e vamos direto ao que interessa!

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.


Dando início ao nosso primeiro crime, vamos direto para a redação do artigo 228 do Código Penal.

Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la,
impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

O tipo penal em análise, assim como os demais já estudados ao longo na nossa aula, visa tutelar a
dignidade sexual.

Trata-se, também, de crime comum, razão pela qual, pode ter como sujeito ativo e passivo, qualquer
pessoa. Porém, fique atento ao fato de que, caso a vítima seja menor de 18 anos, o for portadora de
enfermidade ou deficiência mental ou incapaz de discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, sem condições de oferecer resistência, a conduta será o crime do artigo 218-B do CP
(favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável).
As condutas nucleares são 5:

Induzir (inspirar, instigar)

Atrair (aliciar) alguém à prostituição (mercancia sexual) ou outra forma de


exploração sexual

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Facilitá-la (afastar dificuldades)

Impedir (opor-se) ou

Dificultar (criar obstáculos) que alguém a abandone.

O favorecimento pode ocorrer tanto de forma comissiva como omissiva.

A forma omissiva ocorre que hipótese em que o agente, revestido do dever jurídico de impedir que a
vítima ingresse na prostituição, nada faz, aderindo subjetivamente à conduta.

O elemento subjetivo é o dolo.

O momento consumativo varia de acordo com o verbo nuclear realizado pelo agente, veja só:

1. INDUZIR, ATRAIR E FACILITAR: o crime estará consumado no momento em que a vítima passar
a se dedicar à prostituição ou outra forma de exploração sexual, colocando-se, de forma,
constante à disposição dos clientes, ainda que não tenha efetivamente realizado nenhum
programa.
2. IMPEDIR OU DIFICULTAR O ABANDONO DA EXPLORAÇÃO SEXUAL: aqui, o crime estará
consumado no momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e é impedida. Fique
atento, meu amigo(a), aqui o crime será permanente.

O §1º traz a figura qualificada do crime, submetendo o agente a uma pena de 3 a 8 anos de reclusão
quando for ascendente (em linha reta ou colateral – a lei não fez distinção), padrasto, madrasta, irmão,
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor (pessoa encarregada de ministrar instruções a
terceiro) ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância.

O §2º traz como meio executório o emprego de violência, grave ameaça ou fraude tendo como pena
privativa de liberdade a reclusão de 4 a 10 anos.

Por fim, o §3º traz a figura da multa, nas ocasiões em que o crime for cometido com o fim de lucro. Porém,
não é necessário que a vantagem econômica seja obtida, sendo suficiente apenas a vontade conscientemente
dirigida a tal finalidade.

Desse modo, encerramos a nossa primeira figura típica dentro do capítulo V.

Vamos adiante, me amigo(a)!

Casa de prostituição.
Dando prosseguimento ao nosso estudo, vamos direto para o teor do texto legal do Estatuto Repressivo:

Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração
sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

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Através da leitura do dispositivo em apreço, podemos concluir que a lei quer combater a exploração
sexual.
O crime também é comum, razão pela qual, poderá ter como sujeito ativo e passivo, qualquer pessoa.
Porém, você precisa ficar atento ao fato de que, se o sujeito passivo for pessoa menor de 18 anos de idade e
maior de 14, o crime será o do artigo 218-B, §2º, inciso I, do CP. Se for menor de 14 anos, o responsável pelo
estabelecimento em que ocorra a exploração sexual responderá como partícipe do crime de estupro de
vulnerável.

A conduta nuclear consiste em manter (conservar, sustentar), por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direto do
proprietário ou gerente.

A figura criminosa abrage qualquer estabelecimento que sirva à exploração sexual.


O crime, nesse caso, é habitual, razão pela qual, exige-se a reiteração de atos para a consumação.

O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo qualquer fim especial de agir.

Por fim, o crime consuma-se com a manutenção do estabelecimento, lembrando que se trata de crime
habitual, razão pela qual, não se admite a tentativa.

Rufianismo.

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-
se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
o
§ 1 Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor
ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção
ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 2 Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.

A lei, nesse caso, visa proteger aqueles que se dedicam ao meretrício, que, por si só, não é crime, mas,
que são explorados em razão disso.

Trata-se de crime comum, meu amigo(a)!

Se o agente for ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância, a reclusão será de 3 a 6 anos. E, nesse caso, poderá incidir, desde que motivado
na sentença, o efeito previsto no artigo 92, II, do CP – incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou
curatela (efeito específico da condenação).

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O sujeito passivo será a pessoa que se dedica à prostituição, tendo sua atividade explorada. Se menor de
18 anos e maior de 14, a reclusão será de 3 a 6 anos e multa.
As condutas nucleares são duas:

1. Tirar proveito: trata-se do rufianismo ativo, ocasião em que o rufião obtém vantagem
oriunda diretamente dos lucros auferidos pela prostituta.
2. Fazer-se sustentar: trata-se do rufianismo passivo, ocasião em que o agente criminoso
participa indiretamente do proveito da prostituição, vivendo às custas da meretriz.

O elemento subjetivo é o dolo.

Trata-se, também, de crime habitual, razão pela qual, exige-se uma reiteração de atos e, por isso, não é
cabível a tentativa.

Avante, meu amigo(a)! Não temos tempo a perder!

Promoção de migração ilegal.


Veja o que o artigo 232-A dispõe sobre a referida figura criminosa.

Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de
estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: Incluído pela Lei nº 13.445,
de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem
econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país
estrangeiro. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: Incluído pela Lei nº 13.445, de
2017 Vigência
I - o crime é cometido com violência; ou Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. Incluído pela Lei nº 13.445, de
2017 Vigência
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações
conexas. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência

A referida figura criminosa foi inserida no CP pela Lei de Migração (Lei n 13.445/17). Em que pese estar
inserida no Título VI do CP (referente a dignidade sexual), o crime não possui nenhuma relação com o referido
bem jurídico sexual.

O tipo penal visa proteger a política migratória brasileira e os princípios em que se vê construída.

A conduta nuclear é promover (realizar, efetivar) a entrada ilegal de estrangeiro no Brasil ou brasileiro
no exterior.

O crime pode ser praticado de forma livre.


Se o fato for cometido com o emprego de violência, incide a causa de aumento de pena do §2º.

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Seria a hipótese, por exemplo, do “coiote” que transporta pessoas em fundos falsos de baús de
caminhões, superlotando esses ambientes com imigrantes em condições insalubres, a fim de permitir que
atravessem clandestinamente as fronteiras nacionais (ESTEFAM, 2017).

O elemento subjetivo é especifico, exigindo-se do agente, além da vontade e consciência de promover o


deslocamento do indivíduo ao arrepio da lei, a intenção de obter vantagem econômica.

O crime restará consumado com a efetiva promoção da entrada de estrangeiro em território nacional ou
com o ingresso de brasileiro em território de outro país. Desse modo, a transposição de fronteiras é necessária
para a consumação.

A tentativa é perfeitamente possível:

Assim, por exemplo, se o agente for surpreendido transportando brasileiros em embarcação nacional,
após sair do mar territorial brasileiro, mas ainda navegando em águas internacionais, sem, portanto, efetivar a
entrada do brasileiro em outro país (como exige o caput do art. 232-A), haverá tentativa (ESTEFAM, 2017).

O crime também é comum.

Desse modo, meu amigo(a), encerramos mais um capítulo em nossa aula.

A partir do próximo capítulo estaremos caminhando para o final do nosso estudo sobre a dignidade
sexual.

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DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR


Ato obsceno

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

A lei, com o referido tipo penal, vista tutelar a moralidade coletiva.

Trata-se de um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

O sujeito passivo será a coletividade.

A conduta nuclear consiste em praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
Trata-se de crime punido de forma exclusivamente dolosa.

Para a consumação do crime não se exige que o ato obsceno tenha sido presenciado por alguém,
bastando a possibilidade. Também, é dispensável que o presente se sinta ofendido com o ato, tendo em vista
que a proteção recai, inicialmente, sobre a coletiva.

Escrito ou objeto obsceno.

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição
ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição
cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter
obsceno.

O bem juridicamente tutelado pela norma penal é o pudor público

Trata-se, também, de crime comum.

O sujeito passivo será a coletividade.

São 5 as condutas nucleares previstas no tipo:

1. Fazer
2. Importar
3. Exportar
4. Adquirir

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5. Ter sob sua guarda.

O objeto material é escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno (interpretação
analógica).

O elemento subjetivo do tipo é o dolo.

Para que ocorra a consumação, é dispensável a efetiva ofensa, bastando a prática de uma das ações
típicas.

Três são as modalidades de figuras equiparadas:

A) O inciso I pune a conduta de quem vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos
que mencionei acima para você. Aqui também não é necessária a efetiva lesão ao pudor público,
sendo bastante que o material seja capaz de escandalizar.

B) No inciso II, a conduta punível é de quem realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação
teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o
mesmo caráter. Tratando-se de local restrito, não há crime.

C) Por fim, o inciso III, pune que realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno.

Por fim, meu amigo(a), ATENÇÃO!

CASO AS CONDUTAS PRATICADAS ENVOLVAM ATINGIR CRIANÇA OU ADOLESCENTE, O INDIVÍDUO SERÁ PUNIDO
PELOS CRIMES DOS ARTIGOS 240 A 241-E DO ECA.

Então, dessa forma, fechamos o estudo de mais uma figura criminosa e, agora, passaremos ao estudo das
causas de aumento de pena.

Causas de aumento de pena (art. 226 e 234-A, do CP).


Agora que encerramos de vez o estudo de todas as figuras típicas que mais são cobradas em concursos
públicos, chegou a hora de analisarmos as causa de aumento de pena que são previstas para os crimes dispostos
no título VI, do Código Penal.

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Analisemos, primeiro, as causa de aumento expressamente previstas no artigo 226 do CP.

Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação
dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

O art. 226 do Código Penal traz duas majorantes aplicáveis a qualquer dos crimes contra a liberdade
sexual e dos crimes contra vulnerável.
A primeira delas, posta no inciso I, impõe uma majoração de pena se o crime for cometido em concurso
entre duas ou mais pessoas.

Então, caríssimo, imagemos o seguinte exemplo: suponha que Laredo, juntamente com seu amigo Frisco,
em comunhão de esforços e acordo de vontades, estuprem El Paso, filha de Austin e Houston, com 12 anos de
idade, mediante conjunção carnal e outros atos libidinosos.
A partir do exemplo dado, podemos extair as seguintes informações: trata-se de vítima vulnerável (El
Paso menor de 14 anos – então, o crime é o do artigo 217-A, do CP); também, o crime fora praticado por duas
pessoas (Laredo e Frisco), através de cojunção carnal e outros atos libidonosos. Dessa forma, o enquandramento
legal de Laredo e Frisco será o do art. 217-A, cumulado com o art. 226, inciso I, na forma do artigo 29, caput,
todos do Código Penal. Em resumo, Laredo e Frisco serão incriminados pela prática de um estupro de
vulnerável majorado.

Veja essa questão, adaptada, meu amigo(a):

Nos crimes contra a liberdade sexual, não constitui causa de aumento da pena a circunstância de o crime ser
cometido com o concurso de duas ou mais pessoas.
( ) Certo

( ) Errado.

Resolução: como eu sempre digo, doutor(a), a leitura seca da letra da lei é de suma importância, razão pela
qual, conforme já estudamos, caso o crime seja praticado com o concurso de duas ou mais pessoas há a
incidência da majorante do artigo 226, inciso I, CP.

Gabarito: ERRADO.

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Já a segunda causa de aumento diz respeito ao parentesco entre a vítima e o agente. Isso se deve ao fato
de a conduta ser muito mais reprovável por conta do abuso das relações familiares, de intimidade ou de
confiança que mantém com a vítima.

Então, caríssimo, imagenemos que nosso criminoso contumaz Austin, pratique conjunção carnal com sua
filha El Paso. Veja, meu amigo(a), dessa forma estamos diante de um estupro de vulnerável praticado de
ascendente (Austin) contra descendente (sua filha El Paso).

Dessa forma, o enquadramento legal da conduta de Austin se amolda ao artigo 217-A cumulado com o
artigo 226, inciso II, do CP. Resumindo, caríssimo: Austin responderá por estupro de vulnerável majorado
pelo fato de ser ascendente da vítima.

Agora, está na hora de testarmos nosso conhecimento!

Vejamos a seguinte questão:

Assinale a opção correta a respeito dos crimes contra a dignidade sexual e a família.

a) no crime de subtração de incapazes, a restituição do menor até o momento da prolação da sentença, desde
que este não tenha sofrido maus-tratos ou privações, configura arrependimento posterior.
b) a persecução penal do crime de estupro de vulnerável ocorre mediante ação penal pública condicionada à
representação do ofendido.

c) o crime de estupro praticado por dois agentes em concurso de pessoas incorrem em casa de aumento de
pena prevista na pate especial do CP.
d) o agente solteiro que contrai casamento com pessoa casada, ciente do estado civil desta, pratica conduta
atípica.

e) o agente que, conscientemente, registra, em cartório, filho de terceira pessoa como se fosse seu próprio
filho pratica conduta atípica.

Resolução:

a) caso o menor tenha sido restituído até o momento da prolação da sentença, o juiz poderá deixar de aplicar a
pena conforme o artigo 249, §2º, do CP, razão pela qual, não há que se falar em arrependimento posterior.

b) nesse caso, conforme estudamos ao longo da nossa aula, o crime será de ação penal pública incondicionada.

c) A partir do enunciado da assertiva, é possível verificarmos que ela é cópia integral do artigo 226, inciso I, do
CP.

d) nesse caso, o agente incorrerá nas sanções do artigo 235, §1º, do CP.

e) nesse caso, o crime será o do artigo 242, do CP, mais conhecimento como alteração de direito inerente ao
Estado Civil de recém-nascido.

Gabarito: Letra C.

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O art. 226, inciso IV, alíneas “a” e “b” prevê, ainda, um aumento de 1/3 a 2/3 se o estupro for praticado
coletivamente ou corretivamente.

ESTUPRO COLETIVO ESTUPRO CORRETIVO

Dá-se à causa de aumento de pena quando a Aqui, verifica-se quando a conduta do agente
finalidade da conduta do agente seja promover uma criminoso é voltada para controlar o
relação sexual coletiva com a vítma comportamento social da vítima, como, por
exemplo, o indivíduo que estupra sua vítima por ela
ser homossexual, no intuíto de que, após ser
estuprada, passe a ser uma pessoa heterossexual.

E, dessa forma, encerramos as causas de aumento do artigo 226, do CP.

Para tanto, nos resta analisarmos as majorantes do artigo 234-A. Então, vamos adiante! Não temos
tempo a perder!

Veja o que dispõe o texto legal:

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

Agora que nossa leitura foi realizada com toda atenção, vamos aos nossos exemplos:
Imagine que Austin, ao ter conjunção carnal com sua filha El Paso, acaba por engravidá-la em decorrência
do ato sexual. Dessa forma, estamos diante de uma estupro vulnerável (art. 217-A, CP), cumulado com o artigo
226, inciso II (ascedente contra descendente) e, também, artigo 234, III, por conta da gravidez.

Resumindo, meu amigo(a): Austin passará um LONGO período preso e, convenhamos, de forma
absolutamente merecida!
Por outro lado, o artigo 243, inciso IV, também pune com maior rigor aquele que, por conta do ato sexual
praticado, transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou
se a vítima é idosa ou pessoa com deficiêcia.

Desse modo, assim como nos alertamos no estudo de outras figuras típicas, nesse caso, o criminoso deve
saber que porta a doença sexual, bem como, ter conhecimento acerca da idade da vítima ou de que se trata de
pessoa com deficiência, sob pena de responsabilidade penal objetiva, o que é amplamente vedado pelo
ordenamento jurídico.

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Então, meu amigo(a), assim, encerramos o estudo dos crimes contra a dignidade sexual que mais
possuem incidência em concursos.
A partir de agora, caminhamos para o encerramento de mais uma aula aqui na plataforma da DIREÇÃO
CONCURSO. Assim, a partir do próximo tópico veremos a hediondez dos crimes contra a dignidade sexual.

Hediondez dos crimes contra a dignidade sexual.


Seja muito bem-vindo, caro(a) colega!

De agora em diante, vamos tecer alguns breves comentários acerca do caráter hediondo de algumas
figuras criminosas contra a dignidade sexual.

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Para tanto, é necessário que vejamos o artigo 1º, da Lei 8.072/90.

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal,
consumados ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.

Feita nossa leitura inicial, é chegado o momento de esclarecermos cada um dos institutos que compõem
o artigo 2º da Lei 8.072/90.

Iniciaremos com as formas de clemência soberana!


“Clemência soberana, Professor?”

Isso mesmo, meu amigo(a), os institutos da anistia, graça e indulto são modalidades de clemência
soberana do Estado que, por razões de política criminal, abdica do seu direito de punir em nome de uma
pacificação social.
Peço, gentilmente, que você memorize esta tabela:

ANISTIA GRAÇA INDULTO

Concedida através de Lei do Perdão concedido pelo Também modalidade de perdão


Congresso Nacional para fatos Presidente da República, com presidencial é quando a
determinados e independem de base no artigo 84, inciso XII, da autoridade máxima do executivo,
aceitação do beneficiário Constituição Federal, em que há pode conceder extinção ou
um benefício individualizado redução de pena para
concedido para determinado determinados crimes praticados
agente. por condenados.

Quanto ao regime integralmente fechado abstratamente imposto a todos os autores de crimes


hediondos e equiparados foi considerada inconstitucional pelo STF, nos seguintes termos: “os critérios para
fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as garantias constitucionais, sendo necessário exigir-
se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou equiparado”.

Também, caríssimo, saiba que além de vedado por parte do Presidente da República e de Lei da Câmara
ou Senado é, também, proibida a fiança para os crimes dispostos na Lei 8.072/90, especialmente os por nós

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estudados nessa aula, sendo o estupro (em todas as suas modalidades), estupro de vulnerável (em todas as
suas modalidades) e, também favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

Estupro (art.
213).
Em todas as suas
modalidades

Hediondez
Favorecimento da Estupro de
Prostituição ou de
outra forma de vulnerável
exploração sexual (art. 217-A).
de criança ou
adolescente ou de Em todas as
vulnerável (art. suas
218-B, §§1º e 2º,
do CP). modalidades

Que tal colocarmos nosso conhecimento em prática? Vejamos, então, a seguinte questão:

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

Conforme a legislação pertinente, considera-se crime hediondo

A) o favorecimento da exploração sexual de pessoas adultas.

B) o estupro de vulnerável tentado.

C) a lesão corporal dolosa de natureza grave.


D) o sequestro.

E) a extorsão simples.

Resolução: a partir do que analisamos neste capítulo referente a hediondez dos crimes contra a dignidade
sexual, estamos aptos a responder que, o estupro de vulnerável (art.217-A, do C), ainda que em sua forma
tentada, é considerado crime hediondo (art. 1º, inciso VI, da Lei 8.072/90).

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Gabarito: Letra B.

Vejamos mais uma acerca do tema:

São considerados crimes hediondos, dentre outros:

A) o roubo qualificado, o homicídio qualificado, a lesão corporal grave e o estupro.

B) o estupro, o latrocínio, o homicídio qualificado e o estupro de vulnerável.


C) o peculato, o homicídio, o latrocínio e o tráfico de drogas.

D) o tráfico de drogas, o homicídio qualificado, o peculato e a extorsão mediante sequestro.

E) o sequestro, o roubo qualificado, o infanticídio e o peculato.

Resolução: vejamos, meu amigo(a), a questão nos indaga acerca do rol de crimes previsto no art. 1º da Lei
8.072/90. Dessa forma, a partir de todo o conhecimento angariado ao longo das nossas aulas, já sabemos, ao
menos que, o homicídio qualificado (art. 121, §2º, CP) é hediondo (conforme nossa aula 00), o estupro e o
estupro de vulnerável também são considerados hediondos (art. 1º, V e VI, da Lei 8.072) e, ainda, o latrocínio,
popularmente conhecido como roubo seguido de morte (que será objeto de estudo em nosso curso regular),
também é considerado hediondo.

Gabarito: Letra B.

Para fechar o estudo de mais esse capítulo, vejamos mais uma questão acerca da matéria.
Ahhh, antes disso, saiba que objetivo é trazer a maior quantidade possível de informações necessárias
para o seu crescimento intelectual, bem como, municiá-lo para enfrentar qualquer questão no seu concurso.

Vamos ao que interessa!

Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Em face da Lei nº 8.072/90 (Crimes hediondos) não são considerados crimes hediondos:

A) perigo de contágio de moléstia grave e homicídio simples.

B) latrocínio e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos para fins terapêuticos ou


medicinais.

C) homicídio qualificado e causar epidemia com resultado morte.


D) estupro e extorsão mediante sequestro na forma qualificada.

E) genocídio e extorsão qualificada pela morte.

Resolução: a questão nos exige saber quais crimes não são considerados hediondos. Tendo como base todo o
nosso estudo construído até o momento em nosso curso regular, podemos afirmar que o estupro e o homicídio

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qualificado são considerados hediondos, descartando as alternativas “C” e “D”. Na questão anterior adiante a
informação de que o latrocínio também considerado hediondo, portanto, descartamos a assertiva letra “B”. A
extorsão mediante sequestro será objeto do nosso estudo em nossa aula de crimes contra o patrimônio, mas,
também, já posso lhe adiantar que ela é crime hediondo, razão pela qual, nos sobra apenas a assertiva letra
“A”.

Gabarito: Letra A.

Assim, meu(a) caro(a) colega, encerramos o estudo necessário acerca do caráter hediondo dos crimes
relacionados com a dignidade sexual e, portanto, no próximo capítulo dou início ao estudo da ação penal a ser
observada para o processamento dos crimes sexuais.

Venha comigo, estamos caminhando para o final do nosso estudo!

AÇÃO PENAL
Salve, meu amigo(a)!!
Dando continuidade ao nosso encontro, chegou o momento em que vamos tratar sobre a ação penal dos
crimes sexuais.

“Professor, mas o que é ação penal?”.

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Ação penal, caríssimo, é o direito de exigir do Estado (detentor do direito de punir – jus puniendi) a
aplicação da lei penal a um fato concreto.
Ou seja, caro estudante, é o meio pelo qual o agente criminoso será processado para, ao final desse
processo, ser condenado ou inocentado.

Quanto a classificação da ação penal, ela se divide em:

Incondicionada

Pública
Condicionada à
Ação Penal representação

Exclusivamente
Privada
Privada

Personalíssima

Subsidiária da
pública

Então, meu amig(a), agora que exemplifiquei a você as espécies de ação penal e seus desdobramentos,
para o estudo da ação referente aos crimes sexuais, devemos focar nossa atenção na AÇÃO PENAL PÚBLICA.

Agora que pedi a você que mantenha seu foco na ação pena pública, perceba que, ela se divide em duas
outras modalidades, sendo publica incondicionada e pública condicionada a representação.
Em ambas essas ações penais, o titular da ação penal, ou seja, a pessoa que irá mover a ação contra é
criminoso é o Estado, na figura do Ministério Publico, por força do artigo 129, inciso I, da Constituição Federal:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

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I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

“Mas professor, você falou que em ambas essas modalidades quem irá mover a ação penal contra o criminoso
é o Ministério Público, então, qual é a diferença da pública incondicionada para a pública condicionada a
representação?”

Explico, meu amigo(a). Em que pese em ambas as ações o titular da ação penal ser o Ministério Público,
na ação penal pública incondicionada, o Ministério NÃO necessita de autorização da vítima para processar o
criminoso, enquanto que, na ação penal pública condicionada à representação, o Ministério Público, SÓ
poderá processar o suposto autor do crime se obtiver autorização da vítima (chamada de represetanção).

“Certo, Arpini! Entendi. Mas e agora, qual é a ação penal que rege os crimes sexuais?”

Então, veja, meu amigo(a), até 2018, a ação penal para os crimes contra a dignidade sexual eram tanto
pública incondicionas e condicionadas à representação.
“Como assim, professor? Em crimes tão graves como estes, algumas ações dependeriam de representação
da vítima?”.
Sim, carísssimo. Infelizmente até 2018, por exemplo, o crime de estupro (art. 213, CP) era processado
mediante ação penal pública condicionada à representação, ou seja, o criminoso só poderia ser processado caso
a vítima autorizasse e, aí, então, o MP poderia ofecer denúncia contra o criminoso.

Assim, imagine a situação: Austin com emprego de grave ameça, mantém conjunção carnal com sua
companheira Houston, contra a vontade desta. Desse modo, não temos dúvida de que estamos diante do crime
de estupro (art. 213, CP). Entretanto, esse crime só poderia ensejar uma ação penal, bem como, uma futura
condenação para Austin, caso Houston, ao se dirigir até a Delegacia de Polícia (para noticiar o fato e ser
instaurado Inquérito Policial) manifesta-se seu desejo em representar contra Austin.

“Certo, professor! Mas como funciona a representação?”


Meu amigo(a), a representação não possui rigores formais, bastando, apenas, que seja reduzida a termo.

Fique atento ao meu exemplo: imagine que Houston, depois de ser violentada sexualmente pelo marido,
dirige-se a Delegacia de Polícia e, ao noticiar o fato a autoridade policial, esta, lhe faça a seguinte pergunta
“Sra. Houston, você tem interesse em representar?”, ocasião em que Houston, prontamente responde “sim”.
Desse modo, a autoridade policial que estiver encarregada do registro de ocorrência apenas preencherá
um formularário atestanto o interesse de representação da vítima.

Por outro lado, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, do CP), em 2018 já era processado mediante
ação penal pública incondicionada e, atualmente, continua dessa mesma forma.
Entretanto, caríssimo, você lembra da Lei nº 13.718/18 que cometamos anteriomente, responsável por
alterar alguns dispositivos do título VI, do CP? Pois bem, essa lei também alterou a natureza da ação penal
para os crimes contra a dignidade sexual.

OU SEJA, MEU AMIGO(A), GRAVE ESSA INFORMAÇÃO: A PARTIR DO ADVENTO DA LEI Nº


13.718/18, TODOS OS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL PASSARAM A SER PROCESSADOS

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MEDIANTE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICONADA. OU SEJA, O MP PODERÁ PROCESSAR O AGENTE


CRIMINOSO, INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO OU NÃO DA VÍTIMA.
Veja o que diz o artigo 225, do CP.

Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

Chegada a hora de testarmos nosso conhecimento!

Vejamos, então, algumas questões:

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem.

Durante o festival de balonismo, na cidade de Torres, Afonso Dias, 52 anos, deslocou-se até a Boate Cristal para
festejar a sua classificação no evento. No recinto, conheceu o transformista Maitê, 21 anos, convidando-o para
acompanhá-lo na comemoração. Enquanto conversavam, Afonso disfarçadamente colocou uma substância na
bebida de Maitê, que o levou a perder os sentidos. Na sequência, conduziu o transformista desmaiado, sem
poder oferecer resistência, até seu carro, onde praticou com ele sexo anal. No dia seguinte, Maitê registrou o
fato delituoso contra Afonso na Delegacia de Polícia e adotou as medidas necessárias para responsabilizá-lo.
No presente caso, o crime praticado pelo agente é o de _______e a ação penal correspondente é ________.

A) estupro de vulnerável – pública incondicionada


B) estupro – pública incondicionada

C) violação sexual mediante fraude – pública condicionada à representação

D) estupro – pública condicionada à representação


E) violação sexual mediante fraude – privada

Resolução: veja, caríssimo, extraindo os dados que nos foram apresentados pelo enunciado da questão,
estamos diante de um estupro de vulnerável (art. 217-A, CP) processado mediante ação penal pública
incondicionada.

Gabarito: Letra A.

Ano: 2012 Banca: FEPESE Órgão: DPE-SC Prova: FEPESE - 2012 - PGE-SC - Defensor Público

No caso do crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal “Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos”, a ação penal será:

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A) Sempre pública incondicionada.

B) Sempre pública condicionada à representação.

C) Em regra pública incondicionada, tornando - se pública condicionada em caso de menor de 12 anos ou pessoa
vulnerável socialmente.

D) Em regra privada, tornando-se pública incondicionada caso o representante do Ministério Público identifque
que o agressor é o genitor
E) Pública condicionada à representação, tornando - se pública incondicionada caso a vítima seja menor de 18
anos ou pessoa vulnerável.

Resolução: meu caro, inicialmente, quero que você perceba que a questão é o ano de 2012. Entretanto, é
perfeitamente possível trazermos ela para os dias atuais alterando seu gabarito. Pois bem, vamos lá:
inicialmente, antes do advento da Lei 13.718/18, o gabarito da questão seria letra “E” pois, o crime de estupro
(art. 213, CP) era processado mediante ação penal pública condicionada à representação e, se tornaria, publica
incondicionada, caso a vítima fosse menor de 18 anos ou vulnerável. Entretanto, a partir da entrada em vigor
da Lei 13.718/18, não há mais discussão quanto a essa diferenciação, visto que todos os crimes contra a
dignidade sexual são de ação pena pública incondicionada.

Gabarito atual: Letra A.

Veja como os assunstos se repetem:

Ano: 2012 Banca: VUNESP – ADAPTADA

Os crimes contra a dignidade sexual são, como regra, processados e julgados por ação
A) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada quando se trata de vítima
menor de dezoito anos ou vulnerável.

B) pública incondicionada.

C) privada, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do
processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família ou se o crime é
cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

D) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não
podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da
família ou se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

Resolução: veja, meu amigo(a), o raciocínio que empregamos para a resolução da questão anterior, é o mesmo
que devemos empregar aqui, pois, antes do advento da Lei 13.718/18, o gabarito da questão seria letra “A” pois,
o crime de estupro (art. 213, CP) era processado mediante ação penal pública condicionada à representação e,
se tornaria, publica incondicionada, caso a vítima fosse menor de 18 anos ou vulnerável. Entretanto, a partir da

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entrada em vigor da Lei 13.718/18, não há mais discussão quanto a essa diferenciação, visto que todos os crimes
contra a dignidade sexual são de ação pena pública incondicionada.

Gabarito: Letra B.

Então, para fecharmos mais esse capítulo da nossa aula 02, vejamos como o assunto é muito recorrente
em concurso:

A respeito de crimes contra a dignidade sexual, assinale a opção correta.

A) Para a configuração do crime de estupro de vulnerável, é relevante, na avaliação da atipicidade da conduta,


averiguar a existência de relacionamento amoroso entre a vítima e o agente.

B) O STJ pacificou o entendimento de que, com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, eventual
consentimento da vítima afasta a tipicidade do estupro de vulnerável.
C) Em regra, o crime de importunação sexual pode ter como agente passivo pessoa vulnerável, dados a
especificidade da conduta e seu caráter de crime não subsidiário.

D) Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de médico ginecologista que, durante atendimento, pratica
ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do consentimento dado por ela para a realização de exame
ginecológico.
E) Em se tratando de crime de estupro em que a vítima seja maior de dezoito anos de idade e plenamente capaz,
a ação penal é pública incondicionada, ainda que não tenha ocorrido violência real na prática do crime.

Resolução:

a) para o crime de estupro de vulnerável é dispensável a averiguação de eventual relacionamento amoroso


entre autor e vítima ou eventual experiência sexual anterior, conforme o artigo 217-A, §5, do CP.
b) o entendimento pacificado é que o EPD não influenciou em nada o artigo 217-A, §3º, do CP, devendo-se
averiguar, no caso concreto, eventual vulnerabilidade daquele que não tem o necessário discernimento para a
prática do ato.

c) havendo vítima vulnerável o crime é o do art. 217-A do CP, e não mais importunação sexual.

d) nesse caso, estamos diante do crime de estupro de vulnerável, do artigo 217-A, §3º, parte final do CP.
e) nos detendo especialmente no que diz respeito a forma de processamento dos crimes contra a dignidade
sexual, já é de nosso conhecimento que, a partir da lei 13.718/18, os crimes contra a dignidade sexual são
processados mediante ação penal pública incondicionada.

Gabarito: Letra E.

Certo, meu(a) nobre estudante! Foi um enorme prazer ter esse momento junto de você, para que
pudéssemos trocar experiências a partir de nosso estudo compartilhado.

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Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor em minhas redes sociais. Me procure e farei questão de
estreitarmos nosso estudo compartilhado e auxíliado em tudo que estiver ao meu alcance!
Siga firme nos seus estudos!

Um forte abraço!

Fique com Deus!

Questões comentadas pelo professor

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1) De acordo com o ordenamento jurídico e o posicionamento dos tribunais superiores sobre os crimes contra
a dignidade sexual,
A) a prática de passar as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, não pode
ser tipificado como crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal), haja vista que não houve a
conjunção carnal.

B) o estupro (art. 213 do Código Penal), com redação dada pela Lei n° 12.015/2009, é tipo penal misto
alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra
uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do Código Penal.

C) a conduta consistente em manter casa para fins libidinosos é suficiente para a caracterização do crime
tipificado no art. 229 do Código Penal, sendo desnecessário, para a configuração do delito, que haja exploração
sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a mercancia carnal.
D) somente no crime de estupro, praticado mediante violência real, é que a ação penal é pública
incondicionada. Nas demais modalidades de violência, trata-se de crime de ação penal condicionada a
representação.

E) segundo a legislação brasileira, o estupro coletivo é aquele praticado mediante concurso de três ou mais
pessoas.

Resolução:

a) a prática de passar as mãos nas coxas e seios de vítima menor de 14, por dentro da roupa, é caracterizado
como ato libidinoso diverso da conjunção carnal, dessa forma, há a presença do crime de estupro de vulnerável.

b) para o crime de estupro, antes do julgamento do HC 100.181/RS, caso o indivíduo praticasse, no mesmo
contexto fático, conjunção carnal e ato libidinoso diverso da conjunção carnal (sexo oral, por exemplo), contra
a mesma vítima, no mesmo contexto fático, responderia por crime único, por se tratar de tipo misto alternativo.

c) para que ocorra o crime do artigo 229, do Código Penal, é necessário que haja a exploração do meretrício.
d) no tocante a ação penal que objetiva apurar os crimes contra a dignidade sexual, após o advento da Lei
13.718/18, todos os crimes passaram a ser de ação penal pública incondicionada.

e) o estupro coletivo é aquele mediante concurso de duas ou mais pessoas, conforme o artigo 226, inciso IV,
alínea “a”, do CP.

Gabarito: Letra B.

2) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
Aquele que constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso, comete

A) estupro.

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B) atentado violento ao pudor.

C) violência sexual forçada.


D) assédio sexual.

E) satisfação de lascívia.

Resolução:

a) conforme o artigo 213, caput, do CP, aquele que constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso, comete o crime de estupro.

b) o atentado violento ao pudor, a partir da Lei 12.015/09 (que alterou o título VI, do CP), migrou para o art. 213,
do CP, através do fenômeno do princípio da continuidade normativo típica (quando um crime é revogado
formalmente, mas o seu conteúdo criminoso é transportado para outro tipo penal).
c) violência sexual forçada não está expressamente elencada no rol dos crimes contra a dignidade sexual.

d) o crime de assédio sexual (art. 216-A, CP) é o constrangimento de alguém, com o intuito de obter vantagem
ou favorecimento sexual, valendo-se da condição de superior hierárquico.

e) o crime de satisfação de lascívia (art. 218-B) requer que a conduta seja praticada na presença de menor de 14
anos, ou induzi-lo a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso.

Gabarito: Letra A.

3) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE


Considerando a jurisprudência do STF e do STJ sobre os princípios informativos do direito penal e da teoria
geral da pena, assinale a opção correta.

A) Se a natureza e a quantidade da droga apreendida repercutirem na fixação da pena, não poderá esse mesmo
parâmetro ser usado para definir o regime inicial de cumprimento dessa pena.

B) A irretroatividade da lei penal mais gravosa é sempre aplicável, inclusive nos crimes permanentes e nas
hipóteses de continuidade delitiva.
C) Devido ao fato de o crime de lavagem de capitais ser de caráter acessório, a participação do agente no crime
antecedente é indispensável à configuração daquele crime.

D) A prática sequenciada de atos libidinosos e conjunção carnal contra a mesma pessoa, dentro do mesmo
contexto fático, configura crime único.

Resolução:

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a) conforme o artigo 42 da Lei nº 11.343/06, a quantidade e a natureza do entorpecente aprendido poderão


repercutir na fixação do regime inicial de cumprimento de pena e, também como parâmetro para definir o
regime de cumprimento de pena.

b) a irretroatividade da lei penal nunca é aplicável. No que diz respeito aos crimes permanentes e em
continuidade delitiva, a súmula 711 do STF diz que, a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

c) a identificação do agente criminoso na infração penal antecedente é dispensável para o regular


processamento dos crimes de Lavagem de Capitais, da Lei 9.613/98.

d) para o crime de estupro, antes do julgamento do HC 100.181/RS, caso o indivíduo praticasse, no mesmo
contexto fático, conjunção carnal e ato libidinoso diverso da conjunção carnal (sexo oral, por exemplo), contra
a mesma vítima, no mesmo contexto fático, responderia por crime único, por se tratar de tipo misto alternativo.

Gabarito: Letra D.

4) Ano: 2016

Segundo o Código Penal, para caracterizar o crime de violência sexual mediante fraude, previsto em seu art.
215, o sujeito passivo pode ser tanto o homem quanto a mulher; não se exige que a vítima seja honesta, sob o
ponto de vista da moral sexual, muito menos se admite questionamento sobre a sua idade.

( ) Certo
( ) Errado

Resolução: o crime do artigo 215, do CP, é comum, seja quanto ao sujeito ativo ou passivo. Outrossim, não
exige nenhuma qualidade especial da vítima, seja do ponto de vista moral ou sexual. Porém, quanto a idade,
devemos ficar atendo ao fato de que, caso a violação seja praticada contra menor de 14 anos, ou outra vítima
vulnerável, o crime será o do artigo 217-A, CP (estupro de vulnerável).

Gabarito: ERRADO.

5) Ano: 2012
Na lista negra do crime organizado do Rio de Janeiro, esperava-se que Caio fosse assassinado a qualquer
momento. Por essa razão, recolhia-se cedo diariamente. Felisbela, sua esposa, sofria intensamente com a
possibilidade de Caio ser morto pelos criminosos. Tanto que ficou apavorada ao distinguir, naquela noite de 02
de agosto de 2011, um vulto que crescia, passo firme, em direção à sua casa. Nem refletiu a temerosa mulher,
desesperadamente convencida de que aquele homem, chapéu sobre os olhos, uma capa preta, enorme, a
cobrir-lhe o corpo e a carabina 44 nas mãos, seria o algoz de seu consorte. Correu ao seu encontro, e disse-lhe:

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“Meu marido, não! Deixe-o em paz! Prometa que não o matará! Faça de mim o que quiser!" – Dizia isto
agarrando-se ao homem, num abraço convulso, abandonando-se a ele, que ali mesmo com ele praticou o coito
anal, sem ritos, sem cerimônia. Após referido ato libidinoso, o estranho arranjou-se, fitou Felisbela bem nos
olhos e, com acanhados agradecimentos, deixou-lhe a carabina, então desmuniciada, que Caio lhe havia
emprestado para caçar.

O crime (se houve) praticado pelo homem da capa preta em face de Felisbela foi:

A) estupro de vulnerável por impossibilidade de resistência da vítima;

B) violação sexual mediante fraude;

C) estupro;

D) atentado violento ao pudor mediante fraude;


E) nenhum, diante da atipicidade do fato.

Resolução:

a) no caso hipotético que nos é apresentado, Felisbela tinha plena capacidade de apresentar resistência.
b) analisando a situação hipotética, podemos verificar que o homem da “capa preta”, com uso de fraude, se
aproveita da situação de temor da vítima mantendo com ela coito anal, o que é apto a caracterizar a violação
sexual mediante fraude.
c) conforme estudamos no decorrer da nossa aula, o estupro (art. 213, CP), exige, como meio executório, a
violência ou grave ameaça, o que não se verifica no caso do homem da capa preta.

d) desde a edição da Lei 12.015/09, o atentando violento ao pudor deixou de existir formalmente no
ordenamento jurídico penal, migrando para o artigo 213, do CP (estupro), que não se verifica no caso em tela,
pois ausente a violência ou grave ameaça.

e) o fato praticado pelo homem de capa preta não é atípico, muito pelo contrário pois, se amolda ao artigo 215,
do CP.

Gabarito: Letra B.

6) Madame Pink, recém-casada, procura o médico ginecologista para realizar exames preventivos de rotina.
Antes de iniciar o exame, o médico pede que a paciente se dispa. Logo após ela se deitar na maca ginecológica,
acaricia sua vagina e nela introduz seu dedo.

Nesse caso, o médico respondera por


a) Estupro de vulnerável

b) Estupro

c) Assédio sexual

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d) Violação sexual mediante fraude.

Resolução:

a) no caso em análise, a vítima tinha plena capacidade de oferecer resistência quanto às carícias feitas pelo
ginecologista.

b) o caso não nos traz uma conduta do ginecologista praticada com violência ou grave ameaça.

c) não estamos diante de um crime que ocorreu em âmbito de superioridade hierárquica.

d) a partir do momento em que a vítima deposita confiança no ginecologista e este, fraudulentamente se


aproveita do consentimento e acaricia sua genitália, comete o crime de violação sexual mediante fraude.

Gabarito: Letra D.

7) Ano: 2019

Assinale a alternativa correta.


A) O crime de importunação sexual, com elemento subjetivo específico, foi criado pela Lei n° 13.718/2018, que
revogou expressamente o artigo 61 do Decreto-Lei n° 3.688/41, Lei das Contravenções Penais.

B) O crime de importunação sexual, tipificado pela Lei n° 13.718/2018, exige que a conduta seja praticada em
lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
C) A Lei n° 13.718/2018 tipificou o crime de importunação sexual, com dolo genérico e expressa subsidiariedade
ao crime de estupro de vulnerável.
D) O crime de importunação sexual, assim como o crime de estupro, é crime de ação penal pública condicionada
à representação da pessoa contra a qual o ato foi praticado.

E) A importunação sexual é crime contra a liberdade sexual, tal qual o crime de ato obsceno.

Resolução:
a) a partir do advento da Lei 13.718/18, ingressou no ordenamento jurídico o crime de importunação sexual,
previsto no artigo 215-A e que, revogou expressamente a contravenção penal do art. 61 da LCP.

b) não há necessidade da conduta importunadora ser praticada somente em ambiente público.

c) a lei 13.718/18 ao tipificar o delito de importunação sexual, exige um elemento subjetivo específico (dolo
específico), qual seja, a importunação sexual com o objetivo específico de satisfação da própria lascívia ou de
terceiro.

d) após o advento da Lei 13.718/18, todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal pública
incondicionada.

e) o crime de ato obsceno não se trata de crime contra a liberdade sexual.

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Gabarito: Letra A.

8) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

A conduta de constranger alguém com o intuito de obter favorecimento sexual, sendo o agente superior
hierárquico, corresponde ao delito de

A) estupro.

B) ameaça.

C) assédio sexual.

D) constrangimento ilegal.

E) estupro de vulnerável.

Resolução:

a) para que haja a ocorrência do crime de estupro (art. 213, CP), se faz necessária a presença de violência ou
grave ameaça, o que, de fato, não está presente no enunciado.

b) o crime de ameaça vem disposto no artigo 147 do CP, ocasião em que, o agente criminoso ameaça alguém,
por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave.

c) conforme o artigo 216-A, do CP, a conduta de constranger alguém, com o intuito de obter favorecimento
sexual, prevalecendo-se da condição de superior hierárquico, comete o crime de assédio sexual.
d) o crime de constrangimento ilegal vem disposto no artigo 146 do CP, ocasião em que o agente criminoso
constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro
meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou fazer o que ela não manda.

e) o estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), resta configurado no momento em que o agente criminoso pratica
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, com menor de 14 anos ou, contra alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa
não pode oferecer resistência.

Gabarito: Letra C.

9) Ano: 2016
Sobre os crimes contra a dignidade sexual, marque a alternativa correta:

A) O crime de assédio sexual (art. 216-A, CP) é crime cujo conteúdo típico exige uma relação de hierarquia entre
o agente e a vítima, tal qual aquela existente entre aluno e professor.

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B) A violação sexual mediante fraude (art. 215, CP) é crime formal, vez que para sua configuração basta o
emprego da fraude, capaz de afastar a resistência da vítima, independentemente da efetiva conjunção carnal.
C) No crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), caso o agente se valha de violência ou grave ameaça
contra a vítima para ter conjunção carnal, responderá pelo crime de estupro, nos termos do art. 213 do CP.

D) A configuração do crime descrito no art. 218-B do CP (Favorecimento da prostituição ou outra forma de


exploração sexual de vulnerável) se configura quando a pessoa induzida passa a se dedicar com habitualidade
ao comércio carnal.

Resolução:

a) veja, caríssimo, a questão fora formulada no ano de 2016, dessa forma, a assertiva letra “A” está incorreta.
Entretanto, em 2016, o STJ ainda não havia consolidado o entendimento sobre a configuração do crime de
assédio sexual na relação professor-aluno.

b) o crime de violação sexual mediante fraude é crime material, pois exige a pratica da conjunção carnal ou a
prática de outro ato libidinoso.

c) em que pese o estupro de vulnerável não prever como meio executório a violência ou grave ameaça, mesmo
que o sujeito se utilize desse meio (no exemplo dado pela assertiva) continuará respondendo pelo artigo 217-
A, do CP, pelo caráter especializador do crime em decorrência da condição ostentada pela vítima.

d) nesse caso, conforme estudamos anteriormente e a partir da redação do artigo 218-B, o crime de
favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável, resta configurado quando a
vítima passa a se dedicar ao meretrício

Gabarito: Letra D.

10) O constrangimento com intuito de obter favorecimento sexual que caracteriza o crime de assédio sexual
(art. 216-A, do CP).

a) não pode ter como vítima o homem.


b) é qualificado se praticado pelo pai contra vítima menor de 14 anos.

c) absorve eventual violência de natureza leve utilizada em seu consentimento.

d) pressupõe a condição de superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo


ou função.
e) é indiferente o consentimento da vítima para caracterização do crime.

Resolução:

a) o crime de assédio sexual é comum, tanto no sujeito ativo como passivo, razão pela qual, o homem pode ser
vítima do crime em tela.

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b) se praticado pelo pai contra vítima menor de 14 anos o crime é de estupro de vulnerável.

c) não há que se falar em absorção de eventual violência leve, pois, a depender da natureza das lesões,
estaremos diante da figura do estupro (art. 213, CP).

d) conforme o artigo 216-A, do CP, o assédio sexual se configura quando o agente criminoso constrange a
vítima com intuito de obter favorecimento sexual, valendo-se da condição de superior hierárquico.

e) havendo consentimento da vítima, não há que se falar em crime de assédio sexual. Ainda, caríssimo, os
crimes contra a dignidade sexual exigem o dissenso da vítima, ou seja, a negativa da vítima com o ato sexual.
Entretanto, concordando a vítima com o ato sexual, não há que se falar em crime contra dignidade sexual.

Gabarito: Letra D.

11) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

São considerados vulneráveis, para fins sexuais, apenas menores de 14 anos, conforme expressamente dispõe
o Código Penal Brasileiro.
( ) Certo

( ) Errado

Resolução: conforme a redação integral do artigo 217-A, caput, e §1º, do CP, além do menor de 14 anos,
também são considerados vulneráveis aquele que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

Gabarito: ERRADO.

12) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal
A) a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.

B) o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.

C) que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.
D) que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.

E) que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.

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Resolução:

a) conforme a redação do §5º do art. 217-A, do CP e da súmula 593, do STJ, é irrelevante para a configuração
do crime o consentimento da vítima, bem como, sua experiência sexual anterior ou a existência de
relacionamento amoroso com o agente. A presunção de vulnerabilidade é absoluta.

b) além da vítima menor de 14 anos, também são considerados vulneráveis aquele que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência.

c) o crime quando ao sujeito passivo é próprio, somente podendo recair a conduta delituosa sobre menor de 14
anos, também são considerados vulneráveis aquele que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Entretanto, para as vítimas acima descritas, não se exige que sejam elas exclusivamente do sexo feminino.
d) conforme o artigo 21, do CP, o desconhecimento da lei é inescusável. Não se preocupe, caríssimo, isso será
objetivo de estudo em nossa próxima aula.

e) nesse caso a pena não será duplicada, e sim, aumentada de metade, conforme o artigo 226, inciso II, do CP.

Gabarito: Letra A.

13) João e Maria, com 18 e 13 anos de idade, respectivamente, iniciaram relacionamento amoroso que culminou
em relações sexuais consensuais. Inconformado com o fato, o pai de Maria procura a autoridade policial e
solicita a instauração de inquérito policial contra João por entender que sua filha está sendo vítima de abuso
sexual. No âmbito do direito penal,
A) João praticou o crime de satisfação de lascívia contra pessoa menor de 14 anos.

B) a existência de relacionamento amoroso entre o casal torna a conduta de João atípica.

C) o consentimento de Maria à conjunção carnal torna o crime de estupro impossível.

D) comprovado que Maria tinha experiência sexual anterior, João praticou o crime de estupro privilegiado.

E) João praticou o crime de estupro de vulnerável.

Resolução:

a) havendo relações sexuais entre João e Maria, o crime não é o de satisfação de lascívia.

b) a existência de relacionamento não excluí o crime, visto que a vulnerabilidade é de presunção absoluta.

c) o consentimento de Maria é irrelevante, visto a presunção absoluta de vulnerabilidade.


d) a anterior experiência sexual de Maria é irrelevante, visto a presunção absoluta de vulnerabilidade.

e) nesse caso, mantidas as relações sexuais entre João e Maria, estamos diante do crime de estupro de
vulnerável.

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Gabarito: Letra E.

14) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes contra a dignidade sexual, julgue
os seguintes itens.
I Ato sexual praticado por maior de idade com menor de quatorze anos de idade não configura estupro de
vulnerável se tiver havido consentimento da parte menor. II Toques e apalpações fugazes nos seios e na
genitália da vítima são atitudes insuficientes para configurar o tipo de estupro de vulnerável. III O trauma
psicológico sofrido pela vítima de estupro de vulnerável é justificativa para a exasperação da pena-base imposta
ao agente da conduta delituosa.
Assinale a opção correta.

A) Nenhum item está certo.

B) Apenas o item II está certo.

C) Apenas o item III está certo.

D) Apenas os itens I e II estão certos.


E) Apenas os itens I e III estão certos.

Resolução:

Item I: o consentimento da vítima é irrelevante, conforme artigo 217-A, §5º e súmula 593, STJ.
Item II: pelo contrário caríssimo, as atitudes descritas estão dentro do conceito de ato libidinoso diverso da
conjunção carnal, sendo amplamente apto a caracterizar o estupro de vulnerável.
Item III: nesse caso, o trauma sofrido pela vítima, decorrência das consequências do crime (circunstância
judicial do artigo 59, do CP), é justificativa para aumento da pena base.

Gabarito: Letra C.

15) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil
O crime de estupro de vulnerável (art. 217-Ado CP):

A) exige que a vítima seja mulher.

B) pressupõe violência ou grave ameaça como meios executórios.

C) é uma hipótese de lenocínio.


D) é subsidiário ao estupro (art. 213 do CP).

E) pode ser praticado mediante conjunção carnal ou ato libidinoso diverso.

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Resolução:

a) o crime é próprio quanto ao sujeito passivo, conforme verificamos anteriormente. Entretanto, o sexo da
vítima é indiferente para a caracterização do crime do art. 217-A, do CP.

b) a violência ou grave ameaça são os meios executórios do crime de estupro (art. 213, do CP).

c) não se trata de lenocínio, visto que esse possui disposições autônomas, estão dispostas entre os artigos 227
a 232-A, do CP.

d) o estupro de vulnerável não é considerado subsidiário.

e) conforme o artigo 217-A, do CP, o crime poderá ser praticado através de conjunção carnal ou ato libidinoso
diverso.

Gabarito: Letra E.

16) Pratica crime de corrupção de menores, previsto no art. 218, CP, aquele que induz menor de dezesseis anos
a satisfazer a lascívia de outrem
( ) Certo

( ) Errado.

Resolução: conforme estudamos ao longo da nossa aula, para que haja a incidência do crime de corrupção de
menores, é necessário que a vítima tenha menos de 14 anos, e não 16.

Gabarito: ERRADO.

17) Maria, a pedido de sua prima Joana, por concupsciência desta, convenceu sua vizinha Pauliana, de 12 anos
de idade, a assistir Joana e seu namorado Paulo em intimidades sexuais. Assim, pode-se concluir que Maria
obrou para o delito de:
a) submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
b) aliciar criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.

c) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

d) satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente.

e) corrupção de menores.

Resolução:

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a) a partir do enunciado da questão, o crime tratado pela assertiva faz parte do ECA e em nada se confunde
com o crime do artigo 218, do CP.
b) a partir do enunciado da questão, o crime tratado pela assertiva é o do artigo 241-D, do ECA, e em nada se
confunde com o artigo 218, do CP.

c) verificando a situação hipotética apresentada pelo enunciado da questão, podemos verificar que ela não se
amolda ao tipo penal do art. 218-B, que trata especificamente do favorecimento da prostituição ou outra forma
de exploração sexual de vulnerável.

d) a partir do momento em que Maria, com anuência de Joana, convence Paulinha, de 12 anos de idade, a
assistir Joana e Paulo em intimidades sexuais, o crime é o de satisfação de lascívia mediante a presença de
criança ou adolescente.

e) a luz da situação apresentada pelo enunciado, não podemos falar em corrupção de menores, visto que esse
crime, tipifica a conduta de induzir menor de 14 a satisfazer a lascívia de outrem, enquanto na situação
hipotética Paulinha assistiria Joana e Paulo em intimidades sexuais.

Resolução: Letra D.

18) Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.

A) Situação hipotética: Mário, aliciador de garotas de programa, induziu Bruna, de quinze anos de idade, a
manter relações sexuais com várias pessoas, com a promessa de uma vida luxuosa. Bruna decidiu não se
prostituir e voltou a estudar. Assertiva: Nessa situação, é atípica a conduta de Mário.
B) Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido explorada
sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota responderá pelo crime de
favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

C) Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou entorpecente na
bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da situação, João levou Maria até seu
veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa
situação, João responderá pelo crime de violação sexual mediante fraude

D) Indivíduo que mantiver conjunção carnal com menor de quinze anos de idade responderá pelo crime de
estupro de vulnerável, ainda que tenha cometido o ato sem o emprego de violência e com o consentimento da
menor.
E) No caso de crime de violação sexual mediante fraude, o fato de o ofensor ser o filho mais velho do tio da
vítima fará incidir a causa especial de aumento de pena por exercer relação de autoridade sobre a vítima, de
acordo com o Código Penal.

Resolução:

a) no momento em que Mário induziu Bruna, o crime é formal e está automaticamente consumado.

b) nesse caso, a assertiva retrata as lições que estudamos acerca do crime do artigo 218-B, do CP.

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c) nesse caso, João responderá pelo crime de estupro de vulnerável.

d) para responder pelo crime de estupro de vulnerável a relação sexual deve ser com menor de 14 anos.
e) nesse caso, não há a causa de aumento.

Gabarito: Letra B.

19) A respeito dos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta com fundamento
no disposto no CP e na jurisprudência dos tribunais superiores.

A) Nos crimes de estupro, é dispensável a existência de lesões corporais para a caracterização da violência real

B) O emprego da falsidade ideológica com a finalidade de praticar o crime de bigamia constitui concurso de
crimes, haja vista que são delitos do mesmo gênero.

C) O proxenetismo mercenário não está sujeito à pena de multa


D) Em se tratando de crime de violação sexual mediante fraude, caso o ofensor seja padrinho da vítima, ainda
que se intitule como um segundo pai para ela, não incide a causa especial de aumento de pena prevista no CP
para os casos de relações de autoridade do agente sobre a vítima

E) Não há crime de favorecimento da prostituição se a vítima, de quinze anos de idade, revelar já ter percorrido
diversos lugares na condição de prostituída

Resolução:
a) a violência real é aquela empregada fisicamente contra a vítima e, para caracterizar o crime de estupro, é
dispensável a sua existência.

b) não se tratam de crimes do mesmo gênero, sendo que a falsidade ideológica (redução de mentira à termo)
será por nós estudada ao longo do curso.

c) conforme o artigo 218-B, §1º, aplica-se, também, a pena de multa.

d) nesse caso, haverá a incidência da causa de aumento de pena do artigo 226, inciso II, do CP.
e) mesmo que a vítima já tenha percorrido diversos lugares, sendo praticada as condutas previstas no artigo
218-B, o crime existe para o mundo jurídico.

Gabarito: Letra A.

20) VUNESP – Escrivão de Polícia – PC – CE/2015.


Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.

a) induzir alguém menor de 18 anos a satisfazer a lascívia de outrem tipifica o crime de corrupção de menores.

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b) ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 18 anos tipifica o crime de estupro de
vulnerável.
c) constranger alguém, mediante fraude, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso, tipifica crime de estupro.

d) atrair à prostituição alguém menor de 18 anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição, ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.

e) praticar, na presença de alguém menor de 18 anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança
ou adolescente.

Resolução:
a) o crime de corrupção de menores exige que a vítima seja menor de 14 anos.

b) conjunção carnal ou ato libidinoso com alguém, menor de 18 anos, empregando violência ou grave ameaça,
estamos diante do crime de estupro.

c) nesse caso, o crime é o de violação sexual mediante fraude (art. 215, CP).
d) conforme o artigo 218-B, atrair alguém menor de 18 tipifica o crime de favorecimento da prostituição, ou de
outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.

e) o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente, exige que a vítima tenha 14
anos de idade.

Gabarito: Letra D.

21) Julgue os itens a seguir, relativos a delitos de natureza sexual.

I Praticar, em local público, ato libidinoso contra alguém e sem o seu consentimento caracteriza contravenção
penal tipificada como importunação ofensiva ao pudor.
II Praticar conjunção carnal com o parceiro na presença de menor de catorze anos de idade, a fim de satisfazer
a própria lascívia, configura, a princípio, o tipo penal específico denominado satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente.

III Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de ultrajar alguém específico, configura
crime de importunação sexual, que, por equiparação, é considerado hediondo.
IV Divulgar na Internet fotografias de conteúdo pornográfico envolvendo adolescente, como meio de vingança
pelo término de relacionamento, configura crime específico previsto no ECA, o que afasta a incidência do novo
tipo penal previsto no art. 218-C do Código Penal.

Estão certos apenas os itens

A) I e III.

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B) I e IV.

C) II e III.
D) II e IV.

Resolução:

Item I – a pratica de ato libidinoso, contra alguém, sem o seu consentimento, seja o local público ou privado,
caracteriza o crime de estupro.

Item II – nesse caso, estamos diante da conduta do artigo 218-A, do CP – crime de satisfação de lascívia
mediante presença de criança ou adolescente.

Item III – são dois crimes diversos. Ato obsceno vem tipificado no art. 233 do CP, enquanto a importunação
sexual (art. 215-A), em nada se confunde com aquele e, também, não é considerado hediondo.
Item IV – conforme estudamos anteriormente, o tipo penal do artigo 218-C, do CP, é um tipo penal subsidiário.
Caso a vítima seja criança ou adolescente, estará caracterizado o crime do art. 241-A, do ECA.

Gabarito: Letra D.

22) Nos crimes contra a liberdade sexual, não constituição causa de aumento da pena a circunstância de o crime
ser cometido com o concurso de duas ou mais pessoas.
( ) Certo
( ) Errado.

Resolução: durante a nossa aula, estudamos que uma das causas de aumento de pena para os crimes contra a
liberdade sexual é justamente quando o fato é cometido em concurso de duas ou mais pessoas, conforme o
artigo 226, inciso I, do CP.

Resolução: ERRADO.

23) Assinale a opção correta a respeito dos crimes contra a dignidade sexual e a família.

a) no crime de subtração de incapazes, a restituição do menor até o momento da prolação da sentença, desde
que este não tenha sofrido maus-tratos ou privações, configura arrependimento posterior.

b) a persecução penal do crime de estupro de vulnerável ocorre mediante ação penal pública condicionada à
representação do ofendido.

c) o crime de estupro praticado por dois agentes em concurso de pessoas incorrem em causa de aumento de
pena prevista na parte especial do CP.

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d) o agente solteiro que contrai casamento com pessoa casada, ciente do estado civil desta, pratica conduta
atípica.
e) o agente que, conscientemente, registra, em cartório, filho de terceira pessoa como se fosse seu próprio filho
pratica conduta atípica.

Resolução:

a) não há como se falar no instituto do arrependimento posterior para esse caso. Maiores comentários acerca
do instituto serão feitos em nossa próxima aula.

b) nesse caso, a ação é pública incondicionada.

c) essa é a redação do artigo 213 c/c o art. 226, inciso I, ambos do Código Penal.

d) nesse caso, estamos diante do crime de bigamia (art. 235, do CP - Contrair alguém, sendo casado, novo
casamento).

e) a conduta se amolda ao crime doutrinariamente conhecido como “adoção à brasileira”, previsto no artigo
242, do CP - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil.

Gabarito: Letra C.

24) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia
Civil
Conforme a legislação pertinente, considera-se crime hediondo

A) o favorecimento da exploração sexual de pessoas adultas.

B) o estupro de vulnerável tentado.

C) a lesão corporal dolosa de natureza grave.

D) o sequestro.
E) a extorsão simples.

Resolução:

a) conforme podemos verificar do rol do artigo 1º da Lei 8.072/90, a suposta figura criminosa não faz parte do
rol do art. 1º. Dessa forma, não há como ampliarmos as hipóteses de hediondez do art. 1º sem uma alteração
legislativa, visto que o Brasil adotou o sistema legal de classificação dos delitos hediondos.

b) conforme o art. 1º, inciso VI, da Lei 8.072, o estupro de vulnerável, tanto tentado como consumado, será
considerado hediondo.

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c) conforme o artigo 1º, inciso I-A, da Lei 8.072/90, só é considerado hediondo o crime de lesão corporal
gravíssima ou seguida de morte. A lesão corporal de natureza grave (art. 129, §1º, do CP), não faz parte desse
rol.

d) conforme o artigo 1º da Lei 8.072/90, o sequestro puramente simples não é considerado hediondo, apenas
será hediondo quando houver extorsão mediante sequestro (art. 1º, IV, 8.072/90).

e) conforme o rol do art. 1º, da Lei 8.072/90, a extorsão em forma simples (art. 158, caput, do CP) não é
considerada hedionda.

Gabarito: Letra B.

25) São considerados crimes hediondos, dentre outros:

A) o roubo qualificado, o homicídio qualificado, a lesão corporal grave e o estupro.

B) o estupro, o latrocínio, o homicídio qualificado e o estupro de vulnerável.

C) o peculato, o homicídio, o latrocínio e o tráfico de drogas.

D) o tráfico de drogas, o homicídio qualificado, o peculato e a extorsão mediante sequestro.


E) o sequestro, o roubo qualificado, o infanticídio e o peculato.

Resolução:

a) o roubo qualificado, por si só, não está elencado no rol dos crimes hediondos, o que já é apto a tornar a
assertiva errada. A lesão corporal grave também não considerada hediondo.
b) conforme o artigo 1º, inciso I, inciso II, alínea “a”, inciso V e VI, da Lei 8.072/90, o estupro (art. 213, CP),
estupro de vulnerável (art. 217-A, do CP), o homicídio qualificado (121, §2º, do CP) e o latrocínio (art. 157, §3º),
todos são considerados hediondos.

c) o crime de peculato (art. 312, do CP) não consta do rol dos crimes hediondos. Outrossim, o tráfico de drogas
é equiparado a hediondo.

d) o crime de peculato (art. 312, do CP) não consta do rol dos crimes hediondos. Outrossim, o tráfico de drogas
é equiparado a hediondo.
e) o sequestro, conforme verificamos na questão anterior, pura e simplesmente não é considerado hediondo.
O peculato, crime praticado contra funcionário público contra a administração pública, também não é
considerado hediondo.

Gabarito: Letra B.

26) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Em face da Lei nº 8.072/90 (Crimes hediondos) não são considerados crimes hediondos:

A) perigo de contágio de moléstia grave e homicídio simples.

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B) latrocínio e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos para fins terapêuticos ou


medicinais.
C) homicídio qualificado e causar epidemia com resultado morte.

D) estupro e extorsão mediante sequestro na forma qualificada.

E) genocídio e extorsão qualificada pela morte.

Resolução:

a) conforme a redação do artigo 1º da Lei dos crimes hediondos, o perigo de contágio de moléstia grave não é
considerado hediondo, bem como, o homicídio simples.

b) conforme o artigo 1º, incisos II, alínea “c”, inciso VII –B, ambos são considerados hediondos.

c) conforme o artigo 1º, inciso I e VII, ambos são considerados hediondos.


d) conforme o artigo 1º, incisos IV e V, ambo são considerados hediondos.

e) conforme o artigo 1º, inciso III e parágrafo único, inciso I, ambos são considerados hediondos.

Gabarito: Letra A.

27) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
aparecem.

Durante o festival de balonismo, na cidade de Torres, Afonso Dias, 52 anos, deslocou-se até a Boate Cristal para
festejar a sua classificação no evento. No recinto, conheceu o transformista Maitê, 21 anos, convidando-o para
acompanhá-lo na comemoração. Enquanto conversavam, Afonso disfarçadamente colocou uma substância na
bebida de Maitê, que o levou a perder os sentidos. Na sequência, conduziu o transformista desmaiado, sem
poder oferecer resistência, até seu carro, onde praticou com ele sexo anal. No dia seguinte, Maitê registrou o
fato delituoso contra Afonso na Delegacia de Polícia e adotou as medidas necessárias para responsabilizá-lo.
No presente caso, o crime praticado pelo agente é o de _______e a ação penal correspondente é ________.

A) estupro de vulnerável – pública incondicionada


B) estupro – pública incondicionada

C) violação sexual mediante fraude – pública condicionada à representação

D) estupro – pública condicionada à representação

E) violação sexual mediante fraude – privada

Resolução: veja, caríssimo(a), faremos aqui um comentário geral acerca da questão, que abarcará todo o
conhecimento até aqui almejado e responderemos o teste diretamente naquilo que nos interessa. Pois bem,
no momento em que Afonso, disfarçadamente colou uma substância na bebida de Maitê, fazendo com que
está perdesse completamente os sentidos, incapacitando-a de oferecer qualquer resistência, Maitê se torna

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vulnerável, razão pela qual, o coito anal praticado por Afonso caracteriza o crime de estupro de vulnerável, que
é processado mediante ação penal pública incondicionada.

Gabarito: Letra A.

28) Ano: 2012 Banca: FEPESE Órgão: DPE-SC Prova: FEPESE - 2012 - PGE-SC - Defensor Público

No caso do crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal “Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos”, a ação penal será:

A) Sempre pública incondicionada.

B) Sempre pública condicionada à representação.

C) Em regra pública incondicionada, tornando - se pública condicionada em caso de menor de 12 anos ou pessoa
vulnerável socialmente.

D) Em regra privada, tornando-se pública incondicionada caso o representante do Ministério Público


identifique que o agressor é o genitor

E) Pública condicionada à representação, tornando - se pública incondicionada caso a vítima seja menor de 18
anos ou pessoa vulnerável.

Resolução: veja, caríssimo(a), a questão proposta é do ano de 2012, razão pela qual, o gabarito à epoca, era a
letra “E”, pois, para o estupro (art.213, caput, do CP), a ação era pública condicionada a representação.
Entretanto, caso a vítima fosse maior de 14 e menor de 18, o estupro (art. 213, CP), se tornava de ação penal
pública incondicionada. Agora, conforme analisado durante o nosso estudo, um comentário geral acerca de
todas as assertivas é o suficiente para reforçarmos o que já aprendemos. Lembre-se que, a partir da redação da
Lei 13.718/18, que alterou substancialmente o título VI do CP, os crimes contra a dignidade sexual se tornaram
de ação penal pública incondicionada., razão pela qual, o próprio crime de estupro, do art. 213, do CP,
atualmente, se processa mediante ação penal pública incondicionada.

Gabarito em 2012: Letra E.

Gabarito atual: Letra A.

29) Ano: 2012 Banca: VUNESP – ADAPTADA

Os crimes contra a dignidade sexual são, como regra, processados e julgados por ação
A) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada quando se trata de vítima
menor de dezoito anos ou vulnerável.

B) pública incondicionada.

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C) privada, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do
processo, sem privarse de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família ou se o crime é cometido
com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

D) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não
podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da
família ou se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

Resolução: conforme analisado durante o nosso estudo, um comentário geral acerca de todas as assertivas é
o suficiente para reforçarmos o que já aprendemos. Veja, meu amigo(a), lembre-se que, a partir da redação da
Lei 13.718/18, que alterou substancialmente o título VI do CP, os crimes contra a dignidade sexual se tornaram
de ação penal pública incondicionada.

Gabarito: Letra B.

30) A respeito de crimes contra a dignidade sexual, assinale a opção correta.


A) Para a configuração do crime de estupro de vulnerável, é relevante, na avaliação da atipicidade da conduta,
averiguar a existência de relacionamento amoroso entre a vítima e o agente.
B) O STJ pacificou o entendimento de que, com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, eventual
consentimento da vítima afasta a tipicidade do estupro de vulnerável.
C) Em regra, o crime de importunação sexual pode ter como agente passivo pessoa vulnerável, dados a
especificidade da conduta e seu caráter de crime não subsidiário.
D) Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de médico ginecologista que, durante atendimento, pratica
ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do consentimento dado por ela para a realização de exame
ginecológico.

E) Em se tratando de crime de estupro em que a vítima seja maior de dezoito anos de idade e plenamente capaz,
a ação penal é pública incondicionada, ainda que não tenha ocorrido violência real na prática do crime.

Resolução:

a) nesses casos, conforme a súmula 593, do STJ e, também o §5º do art. 217-A, do CP, a presunção de
vulnerabilidade da vítima é absoluta.

b) ainda não houve pacificação acerca do tema e, também, a grande parte dos estudiosos do direito penal
lecionam no sentido de que, mesmo com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, não houve cessação
da vulnerabilidade, razão pela qual, continua válido o crime de estupro de vulnerável que tem como vítima a
pessoa com deficiência.

c) o crime de importunação sexual não poderá ter como sujeito passivo vítima vulnerável, pois, caso tenha,
estaremos diante do crime do artigo 217-A, do CP.

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d) nesse caso, o ginecologista, após o consentimento da vítima, atua com fraude, razão pela qual, o crime é o
de violação sexual mediante fraude.
e) conforme analisado durante o nosso estudo, um comentário geral acerca de todas as assertivas é o suficiente
para reforçarmos o que já aprendemos. Veja, meu amigo(a), lembre-se que, a partir da redação da Lei 13.718/18,
que alterou substancialmente o título VI do CP, os crimes contra a dignidade sexual se tornaram de ação penal
pública incondicionada.

Gabarito: Letra E.

Agradeço, mais uma vez a sua companhia!


Encerramos nosso primeiro encontro por aqui!
Aguardo a sua presença em nossa próxima aula.
Bons estudo! Fiquei com Deus!
Até lá,
Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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Lista de questões

1) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Aquele que constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso, comete

A) estupro.
B) atentado violento ao pudor.

C) violência sexual forçada.


D) assédio sexual.

E) satisfação de lascívia.

2) De acordo com o ordenamento jurídico e o posicionamento dos tribunais superiores sobre os crimes contra
a dignidade sexual,
A) a prática de passar as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, não pode
ser tipificado como crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal), haja vista que não houve a
conjunção carnal.

B) o estupro (art. 213 do Código Penal), com redação dada pela Lei n° 12.015/2009, é tipo penal misto
alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra
uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do Código Penal.
C) a conduta consistente em manter casa para fins libidinosos é suficiente para a caracterização do crime
tipificado no art. 229 do Código Penal, sendo desnecessário, para a configuração do delito, que haja exploração
sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a mercancia carnal.

D) somente no crime de estupro, praticado mediante violência real, é que a ação penal é pública
incondicionada. Nas demais modalidades de violência, trata-se de crime de ação penal condicionada a
representação.

E) segundo a legislação brasileira, o estupro coletivo é aquele praticado mediante concurso de três ou mais
pessoas.

3) Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE

Considerando a jurisprudência do STF e do STJ sobre os princípios informativos do direito penal e da teoria
geral da pena, assinale a opção correta.
A) Se a natureza e a quantidade da droga apreendida repercutirem na fixação da pena, não poderá esse mesmo
parâmetro ser usado para definir o regime inicial de cumprimento dessa pena.

B) A irretroatividade da lei penal mais gravosa é sempre aplicável, inclusive nos crimes permanentes e nas
hipóteses de continuidade delitiva.

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C) Devido ao fato de o crime de lavagem de capitais ser de caráter acessório, a participação do agente no crime
antecedente é indispensável à configuração daquele crime.
D) A prática sequenciada de atos libidinosos e conjunção carnal contra a mesma pessoa, dentro do mesmo
contexto fático, configura crime único.

4) Ano: 2016

Segundo o Código Penal, para caracterizar o crime de violência sexual mediante fraude, previsto em seu art.
215, o sujeito passivo pode ser tanto o homem quanto a mulher; não se exige que a vítima seja honesta, sob o
ponto de vista da moral sexual, muito menos se admite questionamento sobre a sua idade.

( ) Certo
( ) Errado

5) Ano: 2012

Na lista negra do crime organizado do Rio de Janeiro, esperava-se que Caio fosse assassinado a qualquer
momento. Por essa razão, recolhia-se cedo diariamente.

Felisbela, sua esposa, sofria intensamente com a possibilidade de Caio ser morto pelos criminosos. Tanto que
ficou apavorada ao distinguir, naquela noite de 02 de agosto de 2011, um vulto que crescia, passo firme, em
direção à sua casa. Nem refletiu a temerosa mulher, desesperadamente convencida de que aquele homem,
chapéu sobre os olhos, uma capa preta, enorme, a cobrir-lhe o corpo e a carabina 44 nas mãos, seria o algoz de
seu consorte. Correu ao seu encontro, e disse-lhe: “Meu marido, não! Deixe-o em paz! Prometa que não o
matará! Faça de mim o que quiser!" – Dizia isto agarrando-se ao homem, num abraço convulso, abandonando-
se a ele, que ali mesmo com ele praticou o coito anal, sem ritos, sem cerimônia. Após referido ato libidinoso, o
estranho arranjou-se, fitou Felisbela bem nos olhos e, com acanhados agradecimentos, deixou-lhe a carabina,
então desmuniciada, que Caio lhe havia emprestado para caçar.

O crime (se houve) praticado pelo homem da capa preta em face de Felisbela foi:

A) estupro de vulnerável por impossibilidade de resistência da vítima;

B) violação sexual mediante fraude;


C) estupro;

D) atentado violento ao pudor mediante fraude;

E) nenhum, diante da atipicidade do fato.

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6) Madame Pink, recém-casada, procura o médico ginecologista para realizar exames preventivos de rotina.
Antes de iniciar o exame, o médico pede que a paciente se dispa. Logo após ela se deitar na maca ginecológica,
acaricia sua vagina e nela introduz seu dedo.

Nesse caso, o médico respondera por

a) Estupro de vulnerável

b) Estupro

c) Assédio sexual

d) Violação sexual mediante fraude.

7) Ano: 2019

Assinale a alternativa correta.


A) O crime de importunação sexual, com elemento subjetivo específico, foi criado pela Lei n° 13.718/2018, que
revogou expressamente o artigo 61 do Decreto-Lei n° 3.688/41, Lei das Contravenções Penais.

B) O crime de importunação sexual, tipificado pela Lei n° 13.718/2018, exige que a conduta seja praticada em
lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
C) A Lei n° 13.718/2018 tipificou o crime de importunação sexual, com dolo genérico e expressa subsidiariedade
ao crime de estupro de vulnerável.

D) O crime de importunação sexual, assim como o crime de estupro, é crime de ação penal pública condicionada
à representação da pessoa contra a qual o ato foi praticado.
E) A importunação sexual é crime contra a liberdade sexual, tal qual o crime de ato obsceno.

8) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
A conduta de constranger alguém com o intuito de obter favorecimento sexual, sendo o agente superior
hierárquico, corresponde ao delito de

A) estupro.

B) ameaça.

C) assédio sexual.
D) constrangimento ilegal.

E) estupro de vulnerável.

9) Ano: 2016

Sobre os crimes contra a dignidade sexual, marque a alternativa correta:

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A) O crime de assédio sexual (art. 216-A, CP) é crime cujo conteúdo típico exige uma relação de hierarquia entre
o agente e a vítima, tal qual aquela existente entre aluno e professor.
B) A violação sexual mediante fraude (art. 215, CP) é crime formal, vez que para sua configuração basta o
emprego da fraude, capaz de afastar a resistência da vítima, independentemente da efetiva conjunção carnal.

C) No crime de estupro de vulnerável (art. 217-A, CP), caso o agente se valha de violência ou grave ameaça
contra a vítima para ter conjunção carnal, responderá pelo crime de estupro, nos termos do art. 213 do CP.

D) A configuração do crime descrito no art. 218-B do CP (Favorecimento da prostituição ou outra forma de


exploração sexual de vulnerável) se configura quando a pessoa induzida passa a se dedicar com habitualidade
ao comércio carnal.

10) O constrangimento com intuito de obter favorecimento sexual que caracteriza o crime de assédio sexual
(art. 216-A, do CP).

a) não pode ter como vítima o homem.

b) é qualificado se praticado pelo pai contra vítima menor de 14 anos.

c) absorve eventual violência de natureza leve utilizada em seu consentimento.


d) pressupõe a condição de superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo
ou função.

e) é indiferente a consentimento da vítima para caracterização do crime.

11) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

São considerados vulneráveis, para fins sexuais, apenas menores de 14 anos, conforme expressamente dispõe
o Código Penal Brasileiro.
( ) Certo

( ) Errado

12) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal

A) a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
B) o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.

C) que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.

D) que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.


E) que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.

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13) João e Maria, com 18 e 13 anos de idade, respectivamente, iniciaram relacionamento amoroso que culminou
em relações sexuais consensuais. Inconformado com o fato, o pai de Maria procura a autoridade policial e
solicita a instauração de inquérito policial contra João por entender que sua filha está sendo vítima de abuso
sexual. No âmbito do direito penal,

A) João praticou o crime de satisfação de lascívia contra pessoa menor de 14 anos.

B) a existência de relacionamento amoroso entre o casal torna a conduta de João atípica.

C) o consentimento de Maria à conjunção carnal torna o crime de estupro impossível.

D) comprovado que Maria tinha experiência sexual anterior, João praticou o crime de estupro privilegiado.

E) João praticou o crime de estupro de vulnerável.

14) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes contra a dignidade sexual, julgue
os seguintes itens.
I Ato sexual praticado por maior de idade com menor de quatorze anos de idade não configura estupro de
vulnerável se tiver havido consentimento da parte menor. II Toques e apalpações fugazes nos seios e na
genitália da vítima são atitudes insuficientes para configurar o tipo de estupro de vulnerável. III O trauma
psicológico sofrido pela vítima de estupro de vulnerável é justificativa para a exasperação da pena-base imposta
ao agente da conduta delituosa.
Assinale a opção correta.

A) Nenhum item está certo.


B) Apenas o item II está certo.

C) Apenas o item III está certo.

D) Apenas os itens I e II estão certos.


E) Apenas os itens I e III estão certos.

15) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil

O crime de estupro de vulnerável (art. 217-Ado CP):

A) exige que a vítima seja mulher.


B) pressupõe violência ou grave ameaça como meios executórios.

C) é uma hipótese de lenocínio.

D) é subsidiário ao estupro (art. 213 do CP).


E) pode ser praticado mediante conjunção carnal ou ato libidinoso diverso.

16) Pratica crime de corrupção de menores, previsto no art. 218, CP, aquele que induz menor de dezesseis anos
a satisfazer a lascívia de outrem

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( ) Certo

( ) Errado.

17) Maria, a pedido de sua prima Joana, por concupiscência desta, convenceu sua vizinha Pauliana, de 12 anos
de idade, a assistir Joana e seu namorado Paulo em intimidades sexuais. Assim, pode-se concluir que Maria
obrou para o delito de:

a) submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.

b) aliciar criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.

c) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

d) satisfação de lascívia mediante apresenta de criança ou adolescente.

e) corrupção de menores.

18) Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.

A) Situação hipotética: Mário, aliciador de garotas de programa, induziu Bruna, de quinze anos de idade, a
manter relações sexuais com várias pessoas, com a promessa de uma vida luxuosa. Bruna decidiu não se
prostituir e voltou a estudar. Assertiva: Nessa situação, é atípica a conduta de Mário.

B) Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido explorada
sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota responderá pelo crime de
favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

C) Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou entorpecente na
bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da situação, João levou Maria até seu
veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa
situação, João responderá pelo crime de violação sexual mediante fraude
D) Indivíduo que mantiver conjunção carnal com menor de quinze anos de idade responderá pelo crime de
estupro de vulnerável, ainda que tenha cometido o ato sem o emprego de violência e com o consentimento da
menor.
E) No caso de crime de violação sexual mediante fraude, o fato de o ofensor ser o filho mais velho do tio da
vítima fará incidir a causa especial de aumento de pena por exercer relação de autoridade sobre a vítima, de
acordo com o Código Penal.

19) A respeito dos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta com fundamento
no disposto no CP e na jurisprudência dos tribunais superiores.

A) Nos crimes de estupro, é dispensável a existência de lesões corporais para a caracterização da violência real

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B) O emprego da falsidade ideológica com a finalidade de praticar o crime de bigamia constitui concurso de
crimes, haja vista que são delitos do mesmo gênero.
C) O proxenetismo mercenário não está sujeito à pena de multa

D) Em se tratando de crime de violação sexual mediante fraude, caso o ofensor seja padrinho da vítima, ainda
que se intitule como um segundo pai para ela, não incide a causa especial de aumento de pena prevista no CP
para os casos de relações de autoridade do agente sobre a vítima

E) Não há crime de favorecimento da prostituição se a vítima, de quinze anos de idade, revelar já ter percorrido
diversos lugares na condição de prostituída

20) VUNESP – Escrivão de Polícia – PC – CE/2015.

Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.
a) induzir alguém menor de 18 anos a satisfazer a lascívia de outrem tipifica o crime de corrupção de menores.

b) ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 18 anos tipifica o crime de estupro de
vulnerável.

c) constranger alguém, mediante fraude, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso, tipifica crime de estupro.

d) atrair à prostituição alguém menor de 18 anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição, ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.
e) praticar, na presença de alguém menor de 18 anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança
ou adolescente.

21) Julgue os itens a seguir, relativos a delitos de natureza sexual.

I Praticar, em local público, ato libidinoso contra alguém e sem o seu consentimento caracteriza contravenção
penal tipificada como importunação ofensiva ao pudor.

II Praticar conjunção carnal com o parceiro na presença de menor de catorze anos de idade, a fim de satisfazer
a própria lascívia, configura, a princípio, o tipo penal específico denominado satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente.

III Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de ultrajar alguém específico, configura
crime de importunação sexual, que, por equiparação, é considerado hediondo.
IV Divulgar na Internet fotografias de conteúdo pornográfico envolvendo adolescente, como meio de vingança
pelo término de relacionamento, configura crime específico previsto no ECA, o que afasta a incidência do novo
tipo penal previsto no art. 218-C do Código Penal.

Estão certos apenas os itens

A) I e III.

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B) I e IV.

C) II e III.
D) II e IV.

22) Nos crimes contra a liberdade sexual, não constituição causa de aumento da pena a circunstância de o crime
ser cometido com o concurso de duas ou mais pessoas.

( ) Certo

( ) Errado.

23) Assinale a opção correta a respeito dos crimes contra a dignidade sexual e a família.

a) no crime de subtração de incapazes, a restituição do menor até o momento da prolação da sentença, desde
que este não tenha sofrido maus-tratos ou privações, configura arrependimento posterior.

b) a persecução penal do crime de estupro de vulnerável ocorre mediante ação penal pública condicionada à
representação do ofendido.

c) o crime de estupro praticado por dois agentes em concurso de pessoas incorrem em casa de aumento de
pena prevista na parte especial do CP.

d) o agente solteiro que contrai casamento com pessoa casada, ciente do estado civil desta, pratica conduta
atípica.
e) o agente que, conscientemente, registra, em cartório, filho de terceira pessoa como se fosse seu próprio filho
pratica conduta atípica.

24) Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia
Civil

Conforme a legislação pertinente, considera-se crime hediondo

A) o favorecimento da exploração sexual de pessoas adultas.

B) o estupro de vulnerável tentado.

C) a lesão corporal dolosa de natureza grave.


D) o sequestro.

E) a extorsão simples.

25) São considerados crimes hediondos, dentre outros:

A) o roubo qualificado, o homicídio qualificado, a lesão corporal grave e o estupro.

B) o estupro, o latrocínio, o homicídio qualificado e o estupro de vulnerável.

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C) o peculato, o homicídio, o latrocínio e o tráfico de drogas.

D) o tráfico de drogas, o homicídio qualificado, o peculato e a extorsão mediante sequestro.


E) o sequestro, o roubo qualificado, o infanticídio e o peculato.

26) Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

Em face da Lei nº 8.072/90 (Crimes hediondos) não são considerados crimes hediondos:

A) perigo de contágio de moléstia grave e homicídio simples.

B) latrocínio e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos para fins terapêuticos ou


medicinais.

C) homicídio qualificado e causar epidemia com resultado morte.

D) estupro e extorsão mediante sequestro na forma qualificada.


E) genocídio e extorsão qualificada pela morte.

27) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
aparecem.

Durante o festival de balonismo, na cidade de Torres, Afonso Dias, 52 anos, deslocou-se até a Boate Cristal para
festejar a sua classificação no evento. No recinto, conheceu o transformista Maitê, 21 anos, convidando-o para
acompanhá-lo na comemoração. Enquanto conversavam, Afonso disfarçadamente colocou uma substância na
bebida de Maitê, que o levou a perder os sentidos. Na sequência, conduziu o transformista desmaiado, sem
poder oferecer resistência, até seu carro, onde praticou com ele sexo anal. No dia seguinte, Maitê registrou o
fato delituoso contra Afonso na Delegacia de Polícia e adotou as medidas necessárias para responsabilizá-lo.
No presente caso, o crime praticado pelo agente é o de _______e a ação penal correspondente é ________.

A) estupro de vulnerável – pública incondicionada


B) estupro – pública incondicionada

C) violação sexual mediante fraude – pública condicionada à representação

D) estupro – pública condicionada à representação


E) violação sexual mediante fraude – privada

28) Ano: 2012 Banca: FEPESE Órgão: DPE-SC Prova: FEPESE - 2012 - PGE-SC - Defensor Público
No caso do crime de estupro, previsto no art. 213 do Código Penal “Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos”, a ação penal será:

A) Sempre pública incondicionada.

B) Sempre pública condicionada à representação.

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C) Em regra pública incondicionada, tornando - se pública condicionada em caso de menor de 12 anos ou pessoa
vulnerável socialmente.
D) Em regra privada, tornando-se pública incondicionada caso o representante do Ministério Público identifque
que o agressor é o genitor

E) Pública condicionada à representação, tornando - se pública incondicionada caso a vítima seja menor de 18
anos ou pessoa vulnerável.

29) Ano: 2012 Banca: VUNESP – ADAPTADA

Os crimes contra a dignidade sexual são, como regra, processados e julgados por ação

A) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada quando se trata de vítima
menor de dezoito anos ou vulnerável.
B) pública incondicionada.

C) privada, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do
processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família ou se o crime é
cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.
D) pública condicionada à representação, mas são de ação pública incondicionada se a vítima ou seus pais não
podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da
família ou se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

30) A respeito de crimes contra a dignidade sexual, assinale a opção correta.

A) Para a configuração do crime de estupro de vulnerável, é relevante, na avaliação da atipicidade da conduta,


averiguar a existência de relacionamento amoroso entre a vítima e o agente.
B) O STJ pacificou o entendimento de que, com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, eventual
consentimento da vítima afasta a tipicidade do estupro de vulnerável.
C) Em regra, o crime de importunação sexual pode ter como agente passivo pessoa vulnerável, dados a
especificidade da conduta e seu caráter de crime não subsidiário.

D) Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de médico ginecologista que, durante atendimento, pratica
ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do consentimento dado por ela para a realização de exame
ginecológico.

E) Em se tratando de crime de estupro em que a vítima seja maior de dezoito anos de idade e plenamente capaz,
a ação penal é pública incondicionada, ainda que não tenha ocorrido violência real na prática do crime.

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Gabarito
1. B 16. Errado
2. A 17. D
3. D 18. B
4. Errado 19. A
5. B 20. D
6. D 21. D
7. A 22. Errado
8. C 23. C
9. D 24. B
10. D 25. B
11. Errado 26. A
12. A 27. A
13. E 28. A
14. C 29. B
15. E 30. E

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Resumo direcionado
A seguir, meu amigo(a) segue um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta
aula. Espero que você já tenha feito o seu resumo também, e utilize o meu para verificar se ficou faltando colocar
algo.

Estupro (art. 213, CP).

Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar
ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 2 Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

ESTUPRO

CONJUNÇÃO CARNAL ATO LIBIDINOSO

É o coito vaginal, ou seja, a introdução do pênis na Qualquer outro ato diverso da conjunção carnal,
vagina da vítima, em caso de estupro praticado por como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, carícias
homem contra mulher nas partes intimas e etc.

Estupro antes da Lei 12.015/09 Estupro após a Lei 12.015/09

Conduta Constranger Constranger

Sujeito passivo Somente Mulher Qualquer pessoa (salvo os


vulneráveis).

Natureza do ato libidinoso Conjunção carnal Conjunção carnal e qualquer


outro ato libidinoso

Penal Reclusão, 6 a 10 anos Reclusão 6 a 10 anos

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Ocorrendo lesão grave Reclusão 8 a 12 anos Reclusão 8 a 12 anos

Se resultar morte Reclusão 12 a 25 anos Reclusão 12 a 30 anos.

MEIO EXECUTÓRIO

VIOLÊNCIA GRAVE AMEAÇA

A violência deve ser material/real, ou seja, que haja Ocorre através da violência moral, justa ou injusta,
o empego de for física capaz de impossibilitar a colocando a vítima em uma situação que não vê
reação da vítima outra alternativa a não ser ceder ao ato sexual.

Estupro Qualificado (art. 213, §§1º e 2º, CP).

Responsável por
alterar o preceito
secundário do
QUALIFICADORA crime (PENA) para
patamares
superiores ao do
caput.

Violação sexual mediante fraude (art. 215, CP).

Violação sexual mediante fraude


Art. 215 – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Pena – Reclusão, de 2 a 6 anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também a
multa.

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ART. 215 (REDAÇÃO ANTERIOR ART. 216 (REVOGADO PELA LEI ART. 215 (ATUALMENTE)
A LEI Nº. 12.15/09) Nº 12.015/09)

Ter conjunção carnal, com pessoa Induzir alguém, mediante fraude, Ter conjunção carnal ou praticar
do sexo feminino, mediante a praticar o submeter-se à prática outro ato libidinoso com alguém,
fraude de ato libidinoso diverso da mediante fraude ou outro meio
conjunção carnal que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da
vítima.

Importunação sexual (art. 215-A, CP).

Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)

Assédio Sexual (art. 216-A, CP).

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Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)


Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
o
§ 2 A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009)

ART. 216-A – ASSÉDIO SEXUAL

CRIME PLURIOFENSIVO

Dignidade sexual Liberdade de exercício do trabalho.

CONSTRANGER

Art.213, CP Art. 216-A, CP

Com emprego de violência Através de proposta


ou grave ameaça indecorosa

Registro não autorizado da intimidade sexual (art. 216-


B, CP).

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei
nº 13.772, de 2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter
íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

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Estupro de Vulnerável (art. 217-A, CP).

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 3 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

VULNERÁVEIS
Quem, por
enfermidade ou
Quem, por qualquer
deficiência mental,
outra causa, não
Menor de 14 anos não tem o
pode oferecer
(caput) necessário
resistência.
discernimento para
a prática do ato (§1º, parte final).
(§1º)

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ESTUPRO

CONJUNÇÃO CARNAL ATO LIBIDINOSO

É o coito vaginal, ou seja, a introdução do pênis na Qualquer outro ato diverso da conjunção carnal,
vagina da vítima, em caso de estupro praticado por como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, carícias
homem contra mulher nas partes intimas e etc.

Sujeito Ativo Sujeito Passivo

Crime comum Crime próprio

Qualquer pessoa Menor de 14 anos; Quem por enfermidade ou


deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato; Quem por
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência

Corrupção de menores (art. 218, CP).

Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Sujeito
Ativo
(mediador)

Art.
218, CP
vítima 3º -
Destinatário
(menor de da atividade
14 anos) criminosa.

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Favorecimento da prostituição ou outra forma de


exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável (art. 218-B, do CP).

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou


de vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor
de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 1 Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3 Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
o

localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Submeter Quanto a esses verbos nucleares, a consumação do


crime se dará, efetivamente, quando iniciada a
Induzir
atividade do comércio sexual, ou seja, com as
Atrair atividades características da prostituição. Quando a
vítima, por exemplo, coloca seu corpo “à venda”,
mesmo que ainda não tenha mantido relação sexual
com nenhum cliente.

Facilitar O crime está consumado no momento em que o


agente emprega, de alguma forma, um ato que
torne menos dificultoso o início da exploração
sexual da vítima.

Impedimento Aqui, o crime resta consumado quando a vítima, de


forma inequívoca, quer abandonar a vida de
exploração sexual, e o agente emprega um ato que

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cria embaraço para a vítima se desvencilhar da vida


sexual.

Dificultou Consuma-se no momento em que o agente


criminoso cria problemas para que a vítima deixe a
vida do meretrício.

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro


de vulnerável, de cena de sexo ou pornografia (art.
218-C, CP).

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.

Divulgação de cena envolvendo estupro ou estupro Divulgação de cenas de sexo ou pornografia, sem o
de vulnerável consentimento do ofendido.

Oferecer = ofertar

Trocar = barganhar

Disponibilizar = viabilizar o acesso à terceiros

Transmitir = divulgar à terceiros

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Vender = alienar

Expor à venda = deixar amostra para alguém adquirir

Distribuir = espalhar

Publicar = tornar público

Divulgar = anunciar.

Causas de aumento de pena.

Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada
pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

ESTUPRO COLETIVO ESTUPRO CORRETIVO

Dá-se à causa de aumento de pena quando a Aqui, verifica-se quando a conduta do agente
finalidade da conduta do agente seja promover uma criminoso é voltada para controlar o
relação sexual coletiva com a vítma comportamento social da vítima, como, por
exemplo, o indivíduo que estupra sua vítima por ela
ser homossexual, no intuíto de que, após ser
estuprada, passe a ser uma pessoa heterossexual.

Hediondez.

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Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal, consumados
ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou
de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.

ANISTIA GRAÇA INDULTO

Concedida através de Lei do Perdão concedido pelo Também modalidade de perdão


Congresso Nacional para fatos Presidente da República, com presidencial é quando a
determinados e independem de base no artigo 84, inciso XII, da autoridade máxima do executivo,
aceitação do beneficiário Constituição Federal, em que há pode conceder extinção ou
um benefício individualizado redução de pena para
concedido para determinado determinados crimes praticados
agente. por condenados.

Ação Penal.

Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

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Incondicionada

Pública
Condicionada à
Ação Penal representação

Exclusivamente
Privada
Privada

Personalíssima

Subsidiária da
pública

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