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ART.

215 – VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE

Ter conjunção carnal ou


praticar outro ato libidinoso
com alguém, mediante
fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade da
vítima:
Pena - reclusão, de 2 a 6
anos.
MEDICINA LEGAL

Conjunção carnal Ato libidinoso


É a cópula vagínica, ou É o ato capaz de gerar
seja, a introdução do pênis, prazer sexual, satisfazendo a
em ereção, na cavidade lascívia (coito anal, sexo
vaginal. oral, beijo lascivo)
FRAUDE

“Fraude é a maliciosa provocação ou


aproveitamento do erro ou engano de outrem, para
consecução de um fim ilícito” (Nélson Hungria)
Fraude é qualquer meio iludente empregado
para que a vítima tenha uma errada percepção da
realidade e consinta no ato sexual.
A fraude tem de ser capaz de iludir !!
ESTELIONATO SEXUAL

A violação sexual
mediante fraude é
também conhecida como
estelionato sexual, pois
não há emprego de
violência ou grave
ameaça para a
concretização do ato
sexual, caso contrário
teríamos o crime de
estupro (art. 213 CP).
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA

Os antigos crimes de “posse sexual mediante


fraude” e “atentado ao pudor mediante fraude”
foram unificados em uma única figura penal,
consistente no delito de violação sexual mediante
fraude (art. 215 CP).
Abolitio criminis da posse sexual mediante
fraude ou do atentado ao pudor mediante fraude??
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA
OBJETIVIDADE JURÍDICA

O bem jurídico penalmente tutelado é a


liberdade sexual da pessoa humana,
independentemente do seu sexo. Protege-se a
inviolabilidade sexual da pessoa, tendo em vista os
atos fraudulentos com os quais se vicia o
consentimento, para obter a conjunção carnal ou
outro ato libidinoso.
SUJEITOS
 Crime “bicomum”;
 Antes da Lei 11.106/05:
“mulher honesta”→
elemento normativo do
tipo (juízo de valor)
 Se a vítima for menor de
14 anos: art. 217-A.
SUJEITO ATIVO ESPECIAL

Majorante (art. 226, II CP)


Se o agente for ascendente, padrasto, madrasta,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima ou se assumiu,
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância, a pena será aumentada da
½. (Lei 13.718/18)
SUJEITO PASSIVO – “MULHER HONESTA”

“Mulher honesta não é só aquela cuja conduta


se assemelha à de uma religiosa, ou que tenha um
padrão moral irrepreensível, mas aquela que
convive com os padrões normais da sociedade, só
deixando de sê-lo a rameira ou a mulher
francamente desregrada e de muitos leitos” (TJMG
– AC – Rel. Maurício Delgado – JM 104/314).
A prostituta pode ser? Se o pagamento for com
cheque sem fundos.
CONDUTA

Pune-se o comportamento do agente que, sem


emprego de qualquer espécie de violência, “tem”
ou “pratica” com a vítima ato de libidinagem,
usando de fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Ex. Baile de máscaras; Médico que alega a
necessidade de exame ginecológico; Caso “João de
Deus”.
Filme: “A mão que balança o berço”??
CONDUTA DOLOSA

É a vontade livre e
consciente de “TER” ou
“PRATICAR” ato de
libidinagem com alguém
mediante o emprego de
meio fraudulento ou outro
que impeça ou dificulte e a
livre manifestação da
vítima.
TER / PRATICAR

Ter é conseguir ou obter conjunção carnal com


alguém, ou seja, a introdução total ou parcial do
pênis na vagina. Exige-se, portanto, que ao menos
um homem e uma mulher figurem como sujeitos do
delito, pois só há falar em conjunção carnal nas
relações heterossexuais.
TER / PRATICAR

Praticar é realizar ou efetuar outro ato


libidinoso com alguém, consistente em qualquer ato
idôneo à satisfação da lascívia e diverso da
conjunção carnal, a exemplo do sexo oral e do sexo
anal. Nessa hipótese, a relação pode ser
heterossexual ou homossexual.
CONSUMAÇÃO

Consuma-se com a prática do ato de


libidinagem.
É possível a tentativa.
Uso de psicotrópicos, ou vítima sedada???
STEALTHING

É a retirada do
preservativo durante o
ato sexual, sem o
consentimento do
parceiro, quando esse ato
somente ocorreu em
razão do consentimento
do outro ao sexo
protegido. A fraude se
configura no tocante ao
consentimento.
STEALTHING ???
ART. 215 PU – VANTAGEM ECONÔMICA

Caso o crime seja cometido com finalidade


econômica. Ex. O irmão gêmeo idêntico que aposta
dinheiro com alguns amigos, os quais duvidam que
ele tenha coragem de abordar a namorada de seu
irmão e ter com ela relação sexual, fazendo
acreditar que se trata de seu namorado.
AÇÃO PENAL

Ação penal PÚBLICA INCONDICIONADA


(Lei 13.718/18)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ??
ART. 215-A IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
(LEI 13.718/18)

Praticar contra alguém


e sem sua anuência ato
libidinoso com o objetivo
de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro.
Pena: reclusão de 01 a
05 anos, se o ato não
constitui crime mais grave.
ART. 215- A / ART. 61 LCP

O art. 215-A “revogou” o art. 61 da LCP


(importunação ofensiva ao pudor): abolitio
criminis?
E o princípio da “Continuidade normativo
típica”?
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA

O tipo do art. 61 da LCP é formalmente


revogado, mas seu conteúdo migra para outra figura
para que a importunação seja punida com nova
roupagem.
A Lei 13.718/18 trouxe maior segurança jurídica
com o art. 215-A CP – pena de 01 a 05 anos.
OBJETO JURÍDICO

Tutela-se aqui a liberdade sexual de qualquer


pessoa, homem ou mulher, ou seja, a liberdade de
dispor de seu corpo, de consentir, ou não, na prática
da conjunção carnal ou de outro ato libidinoso.
SUJEITOS
 Crime “bicomum”;
 Caso seja praticado na presença de alguém menor
de 14 anos ou induzi-lo a presenciar conjunção
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
a lascívia própria ou de outrem: art. 217-A CP.
VÍTIMA DETERMINADA

A vítima tem de ser uma


pessoa específica e direta,
caso seja contra a
coletividade teremos o
delito de “prática de ato
obsceno”(art. 233 CP)
CONDUTA

Qualquer ação
atentatória ao pudor,
praticada com propósito
lascivo ou luxurioso, com
ou sem contato físico, mas
visível e identificável. Ex.:
Masturbar-se na frente de
alguém, ejacular próximo
ou na pessoa...
AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA/GRAVE AMEÇA
VOLUNTARIEDADE

Vontade livre e consciente de praticar o ato


libidinoso contra alguém especificamente com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro (elemento subjetivo do tipo).
É possível a forma omissiva?
DOLO ESPECÍFICO

Necessidade de dolo
específico em satisfazer
a própria lascívia ou de
terceiro. (Bitencourt,
Nucci, Capez e Greco)
CONSUMAÇÃO

Crime material que se consuma com a prática


do ato libidinoso em direção à vítima, sendo por
esta notado.
Atingir a satisfação da lascívia do agente não é
indispensável para a consumação (Exaurimento).
É possível a tentativa.
AÇÃO PENAL

Ação Penal Pública


incondicionada (Lei
13.718/18)
CRIME MATERIAL

O delito do art. 215-A


CP exige um resultado
naturalístico, consistente
na efetiva prática do ato
libidinoso, visível e certo
para a vítima,
acarretando-se lesão à
sua liberdade sexual.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
 "O Ministério Público do Estado de São Paulo
(MP-SP) denunciou o deputado estadual
Fernando Cury (Cidadania) pelo crime de
importunação sexual, no processo em que ele é 
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/1
2/17/video-mostra-deputado-fernando-cury-passa
ndo-a-mao-no-seio-da-deputada-isa-penna-durant
e-sessao-da-alesp.ghtml
"
EXIBICIONISMO

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