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Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane

Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius


Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

RESUMOS – PROVA ORAL MPSE

GRUPO:

TEMA: DOS CRIMES CONTRA DIGNIDADE SEXUAL

PALAVRAS-CHAVES CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA, EXEMPLOS,


EXCEÇÕES, TRATAMENTO LEGAL E JURISPRUDENCIAL
Dignidade da Título VI da Parte Especial do CP.
pessoa humana, Duas leis fizeram modificações importantes do título: Lei 12.015/2009
Igualdade, e Lei 13.718/2018.
Autonomia,
Liberdade sexual, Conceito oriundo da Lei Maria da Penha: violência sexual é qualquer
Violência, conduta que constranja a vítima a presenciar, a manter ou a participar
Abuso de poder, de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação
Constrangimento, ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
Exploração, modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
estupro, contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou
Violação sexual à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
mediante fraude, ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
Importunação reprodutivos;
sexual,
assédio sexual, Bem jurídico tutelado: dignidade/liberdade sexual.
registro não
autorizado da Incide o fenômeno da cifra negra, sendo um viés de criminalidade
intimidade sexual, oculta, onde os números de delitos são maiores do que aquele
estupro de oficialmente registrado.
vulnerável,
Ação penal pública incondicionada (art. 225 CP) (depois da Lei
corrupção de
13.718/2018)
menores,
Mesmo antes da Lei 12.015/2009, o STJ já entendia que o crime sexual
satisfação de
praticado contra crianças era de ação pública incondicionada. Isso
lascívia mediante a
porque a Constituição Federal assegura proteção integral à infância,
presença de criança
não fazendo sentido excluir da proteção do Estado as crianças
ou adolescente,
submetidas à prática de delitos dessa natureza, condicionando a sua
favorecimento da
apuração à eventual iniciativa dos pais.
prostituição,
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2012086/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
divulgação de cena
Fonseca, julgado em 28/11/2022 (Info 764).
de estupro ou de
cena de estupro de
ATENÇÃO:
vulnerável,
A discussão sobre representação existia antes da Lei nº 13.718/2018.
cena de sexo ou de
Atualmente não interessa mais, salvo para definir situações pretéritas.
pornografia,
A Lei 13.718/2018 alterou a redação do art. 225 do CP e passou a prever
lenocídio,
que TODOS os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública
tráfico de pessoa
incondicionada (sempre). Não há exceções!
para fim de
prostituição,
Súmula 608 do STF: “no crime de estupro, praticado mediante violência
mediação para
real, a ação penal é pública incondicionada.”
servir a lascívia de
outrem,
A Lei 13.718/2018 introduziu também os crimes de importunação
sexual; divulgação de cena de estupro ou de estupro de vulnerável, de
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Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

favorecimento da cena de sexo ou de pornografia; alterou a ação penal para


prostituição, incondicionada e adicionou causas de aumento de pena para estupro
casa de coletivo e estupro corretivo; bem como adicionou causas de aumento
prostituição, para todos os crimes do título se o crime resultar gravidez ou se
rufianismo, transmissível doença sexual, vítima idosa ou pessoa com deficiência.
promoção de
migração ilegal, Conceitos:
ato obsceno. Estupro corretivo: prática do crime para controlar ou corrigir o
comportamento sexual da vítima. Ex. crimes contra população
LGBTQIA+ para que se amoldem a heteroafetividade.

Lenocínio: prestar assistência ou tirar proveito da libidinagem alheia,


ora como mediadores, ora como fomentadores, ora como auxiliares
e parasitários. São os crimes de mediação para servir à lascívia de
outrem, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual, casa de prostituição, rufianismo e tráfico interno ou
internacional para exploração de pessoas.

Rufianismo: espécie de lenocínio em que o agente administra o


dinheiro da vítima oriundo da exploração, mas repassa total ou
parcialmente o valor (ativo); ou espécie de lenocínio em que o agente
é sustentado pela vítima (passivo).

Segredo de justiça (att. 234-B).


Os processos em que se apuram crimes definidos no título “Dos crimes
contra a dignidade sexual” correrão em segredo de justiça.

Jurisprudência:
Estupro
Caso concreto: o acusado, fingindo que estava portando uma arma de
fogo, obrigou a vítima a retirar a sua própria blusa, ocasião em que
passou a tocar nos seios da mulher. Além disso, ele obrigou a vítima a
masturbá-lo. Vale ressaltar que, na realidade, o acusado não estava, de
fato, portando uma arma de fogo. A todo instante, contudo, o indivíduo
afirmava que, se a vítima não atendesse as suas ordens, ele iria atirar
contra ela.
A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”.
Isso porque a “grave ameaça” deve ser analisada com base no
sentimento unilateral que é provocado no espírito da vítima subjugada.
A existência de grave ameaça não depende do risco objetivo e concreto
a que a vítima foi efetivamente submetida.
STJ. 6ª Turma. REsp 1916611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 21/09/2021
(Info 711).

O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a


intenção de satisfazer sua lascívia, o que ficou demonstrado por sua
declarada intenção de "ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos –
e pela ação de impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada
ao solo e mantida subjugada pelo agressor, que a imobilizou
pressionando o joelho sobre seu abdômen.
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Tal conduta configura o delito do art. 213, § 1º do CP.


STJ. 6ª Turma. REsp 1611910-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 11/10/2016 (Info 592).

O estupro (art. 213 do CP), com redação dada pela Lei 12.015/2009, é
tipo penal misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto
fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só
vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.
A Lei 12.015/2009, ao revogar o art. 214 do CP, não promoveu a
descriminalização do atentado violento ao pudor (não houve abolitio
criminis). Ocorreu, no caso, a continuidade normativo-típica,
considerando que a nova Lei inseriu a mesma conduta no art. 213.
Houve, então, apenas uma mudança no local onde o delito era previsto,
mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta se trata de
crime.
É possível aplicar retroativamente a Lei 12.015/2009 para o agente que
praticou estupro e atentado violento ao pudor, no mesmo contexto
fático e contra a mesma vítima, e que havia sido condenado pelos dois
crimes (arts. 213 e 214) em concurso. Segundo entende o STJ, como a
Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado violento ao
pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de
crime único na conduta do agente, caso as condutas tenham sido
praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático,
devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da
vigência da Lei nº 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade
da lei penal mais benéfica.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena
Costa, julgado em 05/08/2014.
STJ. 6ª Turma. HC 212305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv.
TJ/SE), julgado em 24/04/2014 (Info 543).

Assédio Sexual
O crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) é geralmente associado à
superioridade hierárquica em relações de emprego, no entanto pode
também ser caracterizado no caso de constrangimento cometido por
professores contra alunos.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Caso concreto: o réu, ao conversar com uma aluna adolescente em sala
de aula sobre suas notas, teria afirmado que ela precisava de dois
pontos para alcançar a média necessária e, nesse momento, teria se
aproximado dela e tocado sua barriga e seus seios.
STJ. 6ª Turma. REsp 1759135/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel.
p/ Acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/08/2019 (Info
658).

Estupro de vulnerável
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Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a


conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos,
sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática
do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14


anos, por dentro de sua roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de
vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha havido
penetração vaginal (conjunção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin
julgado em 30/8/2016 (Info 837).

A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante


pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a
deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de
vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples
contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts.
213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação
dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido.
STJ. 5ª Turma. RHC 70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
2/8/2016 (Info 587).

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de


terceiro, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o
crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente
da ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a
desclassificação para o delito de importunação sexual (art. 215-A do
CP).
STJ. 3ª Seção. REsp 1959697-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
08/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1121) (Info 740).

O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de


libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. Para que se
configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e
vítima. Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade
do contato físico direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo
causal entre o ato praticado pelo acusado, destinado à satisfação da
sua lascívia, e o efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela ofendida.
STJ. 6ª Turma. HC 478310, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em
09/02/2021 (Info 685).

Caso concreto: “J” (30 anos) era casado com “M” (20 anos). “J”
praticou, durante anos, estupro de vulnerável contra a sua cunhada “L”
(criança de 6 anos de idade). “L” era irmã de “M”. Os abusos ocorriam
nas vezes em que “L” ia visitar sua irmã. Certo dia, “M” descobriu que
os estupros estavam ocorrendo, mas, apesar disso, não tomou
qualquer atitude para impedir que as condutas criminosas
continuassem. Ao contrário, continuou permitindo que a irmã fosse até
a sua casa e que ficasse sozinha na residência com o marido.
“M”, a irmã da vítima, deve responder pelo delito de estupro de
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vulnerável por omissão imprópria.


Para que uma pessoa responda por um crime omissivo impróprio é
preciso que, na situação concreta, ela tivesse o dever legal de agir e,
mesmo assim, deixou de atuar, o que acabou auxiliando na produção
do resultado delituoso. Existem três hipóteses legais nas quais há esse
dever de agir. Essas situações estão previstas nas alíneas do § 2º do art.
13 do CP:
Art. 13 (...) § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
Muito embora uma irmã mais velha não possa ser enquadrada na
alínea “a” do art. 13, §2º, do CP, pois o mero parentesco não torna
penalmente responsável um irmão para com o outro, ela pode, de
acordo com o caso concreto, se amoldar à figura do “garantidor”, nos
termos previstos nas duas alíneas seguintes “b” e “c”.
No caso concreto, a acusada omitiu-se, durante anos, quanto aos
abusos sexuais praticados pelo seu marido, na residência do casal,
contra sua irmã menor. Vale ressaltar que ela assumiu a
responsabilidade ao levar a criança para a sua casa sem a companhia
da genitora e criou risco da ocorrência do resultado ao não denunciar
o agressor, mesmo ciente de suas condutas, bem como ao continuar
deixando a menina sozinha em casa.
STJ. 5ª Turma. HC 603195-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
06/10/2020 (Info 681).

Competência:
De quem é a competência para julgar o crime de estupro praticado
contra criança e adolescente no contexto de violência doméstica e
familiar?
1ª opção: juizado ou vara especializada em crimes contra a criança e o
adolescente (caput do art. 23 da Lei nº 13.431/2017);
2ª opção: caso não exista a vara especializada em crimes contra a
criança e o adolescente, esse crime será julgado no juizado ou vara
especializada em violência doméstica, independentemente de
considerações acerca da idade, do sexo da vítima ou da motivação da
violência (parágrafo único do art. 23 da Lei nº 13.431/2017);
3ª opção: nas comarcas em que não houver varas especializadas em
violência contra crianças e adolescentes ou juizados/varas de violência
doméstica, a competência para julgar será da vara criminal comum.
STJ. 6ª Turma. REsp 2005974/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
14/2/2023 (Info 765).

Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua


no interior da boca. O STF entendeu que essa conduta caracteriza o
chamado “beijo lascivo”, havendo, portanto, a prática do crime de
estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal. Não é
possível desclassificar essa conduta para a contravenção penal de
molestamento (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.668/41).
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Para determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de poder,


mais precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto,
estão presentes a conotação sexual e o abuso de confiança para a
prática de ato sexual. Logo, não há como desclassificar a conduta do
agente para a contravenção de molestamento (que não detém essa
conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei imponha
punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do
adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato libidinoso diverso
ou a conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se
subsome, em regra, ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando
indiferente o consentimento da vítima.
STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).

Obs: a contravenção de molestamento (art. 65 do DL 3.688/41) foi


revogada pela Lei 14.132/2021.

O agente levou a vítima (menina de 12 anos de idade) para o quarto,


despiu-se e, enquanto retirava as roupas da adolescente, passou as
mãos em seu corpo. Ato contínuo, deitou-se na cama, momento em
que a garota vestiu-se rapidamente e fugiu do local.
O crime se consumou. Assim, se o réu praticou esse fato antes da Lei
12.015/2009, responderá por atentado violento ao pudor com
violência presumida (art. 214 c/c art. 224, “a”do CP) ou, se depois da
Lei, por estupro de vulnerável (art. 217-A), ambos na modalidade
CONSUMADO.
Para que o crime seja considerado consumado, não é indispensável que
o ato libidinoso praticado seja invasivo (introdução do membro viril nas
cavidades da vítima). Logo, toques íntimos podem servir para
consumar o delito.
STJ. 6ª Turma. REsp 1309394-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 05/02/2015 (Info 555).

Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de


nascimento atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato
criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a partir de outros
elementos de prova presentes nos autos.
Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se
comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros
elementos.
No caso concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da
vítima, o STJ considerou que esta poderia ser provada por meio das
informações presentes no laudo pericial, das declarações das
testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do
próprio acusado.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12700-AC, voto vencedor Rel. Min.
Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP),
Rel. para acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 (Info
563).

Favorecimento à exploração sexual de adolescente:


Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

O delito de favorecimento à exploração sexual de adolescente (art.


218-B do CP) não exige habitualidade. Trata-se de crime instantâneo,
que se consuma quando o agente obtém a anuência para práticas
sexuais com a vítima menor de idade, mediante artifícios como a oferta
de dinheiro ou outra vantagem, ainda que o ato libidinoso não seja
efetivamente praticado. Esta interpretação da norma do art. 218-B, do
Código Penal é a única capaz de cumprir com a exigência de proteção
integral da pessoa em desenvolvimento contra todas as formas de
exploração sexual.
STJ. 6ª Turma. REsp 1963590/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
20/09/2022 (Info 754).

O delito previsto no art. 218-B, § 2°, inciso I, do Código Penal, na


situação de exploração sexual, não exige a figura do terceiro
intermediador. A configuração do crime do art. 218-B do CP não
pressupõe a existência de terceira pessoa, bastando que o agente, por
meio de pagamento, convença a vítima, maior de 14 e menor de 18
anos, a praticar com ele conjunção carnal ou outro ato libidinoso, de
modo a satisfazer a sua própria lascívia.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1530637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
24/03/2021 (Info 690).

O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um
proxeneta. Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o
programa sem intermediários, haverá o crime. Nos termos do art. 218-
B do Código Penal, são punidos tanto aquele que capta a vítima,
inserindo-a na prostituição ou outra forma de exploração sexual
(caput), como também o cliente do menor prostituído ou sexualmente
explorado (§ 1º).
STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/03/2019 (Info 645).

A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa.


No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima,
devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa
enferma ou doente mental, não tem o necessário discernimento para
a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência.
STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/03/2019 (Info 645).

O tipo penal não exige habitualidade. Basta um único contato


consciente com a adolescente submetida à prostituição para que se
configure o crime.
O crime previsto no inciso I do § 2º do art. 218 do Código Penal se
consuma independentemente da manutenção de relacionamento
sexual habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é
possível que haja o referido delito ainda que tenha sido um único ato
sexual.
Logo, como não se exige a habitualidade para a sua consumação, é
possível a incidência da continuidade delitiva, com a aplicação da
causa de aumento prevista no art. 71 do Código Penal.
Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em


19/03/2019 (Info 645).

Art. 229 CP – Casa de prostituição


Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a
prática de mercancia sexual, tampouco havendo notícia de
envolvimento de menores de idade, nem comprovação de que o réu
tirava proveito, auferindo lucros da atividade sexual alheia mediante
ameaça, coerção, violência ou qualquer outra forma de violação ou
tolhimento à liberdade das pessoas, não há falar em fato típico a ser
punido na seara penal. Não se trata do crime do art. 229 do CP.
Mesmo após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº
12.015/2009, a conduta consistente em manter “Casa de Prostituição”
segue sendo crime tipificado no art. 229 do Código Penal. Todavia, com
a novel legislação, passou-se a exigir a “exploração sexual” como
elemento normativo do tipo, de modo que a conduta consistente em
manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza crime,
sendo necessário, para a configuração do delito, que haja exploração
sexual, assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que
ali exercem a mercancia carnal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1683375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 14/08/2018 (Info 631).

A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar


exercendo pretensão legítima, arranca cordão do pescoço de seu
cliente pelo fato de ele não ter pago pelo serviço sexual combinado e
praticado consensualmente, pratica o crime de exercício arbitrário das
próprias razões (art. 345 do CP) e não roubo (art. 157 do CP).
STJ. 6ª Turma. HC 211888-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 17/5/2016 (Info 584).

Causa de aumento:
No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A) e crimes
sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for
ascendente da vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art.
226, II, do CP).
O bisavô está incluído dentro dessa expressão “ascendente”.
O bisavô está no terceiro grau da linha reta e não há nenhuma regra de
limitação quanto ao número de gerações.
Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta,
deverá incidir a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do
CP.
STF. 2ª Turma. RHC 138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 23/5/2017 (Info 866).
SÍNTESE:
Ana Luiza Aguilar * Fernanda Castro* Fernanda* Gabriel Paraízo Braz *Isabel Cristina Prazeres * Isabela Santana* Ilzyane Lima Silva * Licia Reis * Lucas Gabriel* Marcus Vinicius
Soares * Mariana Malta *Pedro Klein* Tatiane Barreto *Thiago Pinheiro

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