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LEI DE DROGAS
Lei penal em branco, complementada pela Portaria SVS/MS nº 344 (art. 66).
O caput anuncia cinco verbos nucleares, punindo aquele que adquirir, guardar,
tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo droga.
i. Adquirir = comprar.
ii. Guardar = ter a droga consigo de forma oculta, escondida,
clandestina.
iii. Ter em depósito = manter a droga sob controle, sob imediato
alcance e disponibilidade.
iv. Transportar = deslocamento da droga, de certo local para outro.
v. Trazer consigo = porte de droga. Permite imediato acesso à droga.
RE 635.659 – discute a constitucionalidade do art. 28. Para Gilmar Mendes, que
já apresentou seu voto, as sanções descritas no dispositivo passam a ter caráter
exclusivamente administrativo, pois a punição criminal estigmatiza o usuário e
compromete medidas de prevenção e redução de danos, bem como gera uma punição
desproporcional ao usuário, violando o direito à personalidade. Os ministros Roberto
Barroso e Edson Fachin também consideraram inconstitucional a criminalização, mas
limitaram seus votos à maconha, a que se referem os fatos tratados no recurso.
Prescrição: 2 anos.
Caso o agente não saiba que tem consigo ou guarda ou tem a posse etc. de droga,
configurado está o chamado erro de tipo, que é excludente do dolo e, portanto, da
tipicidade.
Pena aumento muito com a LD nova, sendo legis in pejus, a ser aplicada
somente aos fatos ocorridos durante a sua vigência, sendo vedada a sua retroatividade.
O incentivador não entrega droga e também não mantém nenhum vínculo com o
traficante (não há liame subjetivo, ajuste prévio ou mesmo recompensas posteriores pelo
auxílio). Ex. é o caso da pessoa que empresa dinheiro para outra adquirir o entorpecente
ou lhe aponta, em uma danceteria, o fornecedor da substância.
Visa responsabilizar aquele que, gratuitamente, cede droga a terceiro, para juntos
a consumirem. Requisitos: cessão gratuita + pessoa do relacionamento + consumo
conjunto.
“Roda de maconheiros”.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
É diferente da associação criminosa do art. 288 do CP, que visa praticar mais de
um crime. O crime de associação ao tráfico se consuma sim se for objetivo a prática de
uma única infração.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts.
33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a
4.000 dias-multa.
Ex. fogueteiro.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50 a 200 dias-
multa.
Refere-se apenas à aeronave ou à embarcação (por isso difere do crime do art. 306
do CTB aplicado para condução de veículo automotor em via terrestre).
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um
sexto a dois terços, se:
Basta que a infração tenha a sua execução iniciada ou terminada fora dos limites
do nosso território (em águas internacionais, por exemplo). Basta se demonstre a
destinação internacional da droga, entendimento consolidado pela Súmula 607 do STJ:
“A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se
configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras”.
1ª parte – crime prevalecendo-se de função pública (art. 327 do CP). Nesse caso, o
agente, tendo por mister prevenir (e combater) a criminalidade, passa a comercializar
drogas, valendo-se, para tanto, das facilidades que seu cargo, emprego ou função lhe
proporciona (policiais, delegados de polícia, promotores, juízes etc.).
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma
de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
Se qualquer dos crimes previstos nos artigos 33 a 37 tiver sido praticado com
violência (física), grave ameaça (violência moral), emprego de arma de fogo (de uso
permitido, restrito ou proibido), ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva,
a pena será aumentada de um sexto a dois terços.
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito
Federal;
Tráfico doméstico (interestadual). Basta intenção de fazer com que a droga saia
dos limites do Estado – súmula 587 do STJ: “Para a incidência da majorante prevista no
art. 40, inciso V, da Lei 11343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras
entre Estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de
realizar o tráfico interestadual”.
Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33
responderá apenas pelo art. 36 da LD. Se o agente, além de financiar ou custear o
tráfico, também pratica algum verbo do art. 33, responderá apenas pelo art. 33 c/c
art. 40, VII, da LD (não será condenado pelo art. 36) (Inf. 534 STJ).
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.
Requisitos: foi adotado o critério biopsicológico, isto é, não basta ser dependente,
mas é preciso que o agente, em face da dependência, seja inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Perícia: deve ser realizada sempre que o réu se declare dependente ou quando a tal
respeito houver fundadas suspeitas.
Serve para qualquer crime – pode alcançar qualquer crime, não só os crimes
previstos na lei de drogas.
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força
das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. --- Semi-imputabilidade por
dependência.
Da investigação:
Cuidado: sujeito é abordado e foge para sua residência. Foi considerada ilícita a
entrada no domicílio porque nenhuma diligência prévia indicava que na casa havia
droga armazenada. A entrada em domicílio em que recaia a suspeita de tráfico de drogas
deve se basear em elementos objetivos da prática do crime, não em simples
deduções a respeito do que pode estar acontecendo (REsp 1.574.681/RS - 2017). --- O
tráfico ilícito de entorpecentes nem sempre autoriza o ingresso sem mandato no
domicílio, apenas será permitido o ingresso em situações de urgência quando se
concluir que do atraso da obtenção do mandado judicial se possa, objetiva e
concretamente, inferir que a prova do crime e a própria droga será destruída ou
ocultada. (2021)
Nada impede que o mesmo perito elabore o laudo de constatação e, mais adiante,
o laudo definitivo.
Prazos para conclusão do IP: 30 dias, réu preso. 90 dias réu solto. Os prazos podem ser
duplicados pelo juiz, mediante prévia oitiva do MP. (Art. 51)
Infiltração de agentes: art. 53. –Exige autorização prévia, mediante oitiva do MP. Na
Lei de Orcrim basta comunicação prévia.
Confisco alargado ou confisco ampliado ou perda alargada: art. 63-F. É uma nova
espécie de efeito secundário da sentença penal condenatória que consiste na perda de
bens considerados como produto ou proveito do crime decorrente do envolvimento
comprovado do agente em crimes relacionados ao tráfico de drogas.
a. Condenação por crime com pena máxima superior a 6 anos (lei não
exige o trânsito em julgado da condenação, o que, dada a morosidade
do sistema atual, aniquilaria a eficaz despatrimonialização pretendida
pela norma).
b. Incompatibilidade do patrimônio com a renda lícita do agente:
necessária a demonstração da
incompatibilidade/desproporcionalidade do patrimônio do condenado
com o seu rendimento lícito. (Inversão do ônus da prova? Não me
parece o caso porque caberá ao órgão acusador comprovar a evolução
patrimonial em patamares desproporcionais à renda do agente e à
defesa apresentar justificativa razoável para a evolução patrimonial,
em patamares superiores à renda percebida pelo agente).
c. Demonstração de vinculação a práticas delituosas: deve existir
elementos probatórios que indiquem conduta criminosa habitual,
reiterada ou profissional do condenado ou sua vinculação a
organização criminosa.
A lei instituiu a figura do juiz sem rosto? Não há essa figura. No juiz sem rosto,
figura adotada por alguns países, o julgador não assinava as decisões por ele proferidas.
O que não ocorre no julgamento do colegiado, todos assinam.
Lei 12850/13
A divisão das tarefas e a estrutura pode ser informal, estabelecida mediante ordens
verbais, orais, gestuais. Não precisa de forma. Estrutura ordenada com divisão de
tarefas. Independe da presença de servidor público. Objetivo de obter vantagem de
qualquer natureza. Ex. prestígio político. Inclusive para cometimento de crime
transnacional. --- nesse é dispensada a exigência de pena máxima superior a 4 anos.
a. Autoriza RDD para membros de Orcrim (art. 52, parágrafo 1º, I, LEP) a ser
cumprido em presídio federal;
b. Se a Orcrim visava prática de crimes hediondos ou equiparados, progressão
após cumprimento de 50% da pena.
c. Crime hediondo, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.
d. Lideranças da Orcrim armadas deverão iniciar o cumprimento da pena em
estabelecimentos penais de segurança máxima.
e. Vedação de progressão ou LC ou outros benefícios se houver elementos
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.
Tutela e protege a paz pública, de modo geral. É crime comum, não exige
nenhuma qualidade especial do agente. A vítima é a coletividade, é um crime vago. É
um crime com norma penal em branco, cuja complementação é dada pelo art. 1º,
parágrafo 1º.
Crime de Embaraço de investigação (Art. 2º, parágrafo 1º): Nas mesmas penas
incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
que envolva organização criminosa.
Pode ser praticado por uma única pessoa, desde que este agente não tenha
concorrido, de qualquer modo, para a formação da organização criminosa.
Há outros crimes na Lei. Todos tem como objetivo a proteção das técnicas
especiais de investigação do art. 3º.
A LEI 12850/13 convive bem com as demais leis que trataram da colaboração
premiada. A única revogação foi da Lei 9034/90. Aplica-se a sistemática (Diálogo das
fontes) inaugurada pela Lei 12850, nos seus artigos 4º e 7º, até porque esta foi a única
lei que delineou uma espécie de procedimento para a corporificação do acordo de
colaboração premiada.
A formalização de acordo de colaboração premiada e sua homologação judicial
hão de conferir mais segurança jurídica às partes e transparência ao jurisdicionado.
A colaboração deve ser voluntária, ou seja, o colaborador não pode ter sido
coagido.
Momentos:
Procedimento:
Obs. Colaborador deverá ser sempre assistido por advogado. (Parágrafo 15, art. 4º)
Obs. Valor probatório da colaboração: dever de corroboração (parágrafo 16, do art. 4º).
--- Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas
declarações de agente colaborador.
Obs. O descumprimento de anterior acordo invalida o pacto atual atinente a fato delitivo
diverso? Se for fato delitivo diverso não, só se fosse do mesmo fato.
Obs. Pode prever benefícios não previstos em lei ou estipular a pena a ser cumprida?
Não pode prever outros benefícios, deve resultar nos benefícios elencados na lei.
Obs. O colaborador pode estar preso. Não há ilegalidade em celebrar acordo com
alguém que está preso. A prisão não afasta a capacidade de celebrar acordo.
Obs. STJ. Inf. 495. – Réu confessa o crime, mas suas declarações não são efetivas.
Obs. O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase
de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do MP, o qual deverá se manifestar,
sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. (STF, ADI 5508, Inf. 907).
Obs. A delação por agente com prerrogativa de foro deve ser homologada pelo relator,
perante o foro ou Tribunal competente, sendo vedado ao colegiado rever ou anular suas
cláusulas.
Escuta ambiental: art. 8-A da Lei 9296/96. Exige autorização judicial. Mas esta
será desnecessária quando estiver sendo feita por um dos interlocutores que grava a
conversa; quando a filmagem é realizada na via pública, visto que não há domicílio,
intimidade ou privacidade colocada em risco; e quando a filmagem é realizada no
imóvel por uma pessoa que habita o imóvel, pois não há falar em violação de domicílio.
Lei cria um estatuto jurídico autônomo, com fundamento legal nos direitos
humanos, com mecanismos específicos e apropriados de proteção e de assistência, e
com uma jurisdição especial para o tratamento dos delitos.
A mulher que sofre violência psicológica é vítima de qual crime? A Lei 11340
não criminalizou a violência psicológica. Mesmo não havendo um tipo penal específico,
a essa mulher são estabelecidas medidas protetivas da lei. Dependendo da situação pode
ser verificado crime.
Destaques:
Art. 12-A.
Art. 13- Estatuto do Idoso e do ECA. Regras de sigilo processual do ECA (art.
143), combinadas com as do CPP (art. 792, parágrafo 1º) e CPC. Direito de preferência
disposto no EI (art. 71) na tramitação dos processos, tanto cíveis quanto criminais, já
que o art. 33 da LMP só estabelece prioridade para as avaras criminais.
Se o homem for vítima de violência doméstica, qual será sua proteção? Não se
aplica a LMP, mas o crime de lesão não é mais de menor potencial ofensivo. Não se
aplica a Lei 9099. Tem o direito de pedir o afastamento do agressor/da agressora do lar.
Tem direito a audiência para pedir reparação. Nos crimes de menor potencial ofensivo
pode ser utilizada a Lei 9099.
Existem medidas cautelares em favor do homem? Sim.
Art. 17- Proíbe para estes crimes o pagamento de cestas básicas, prestação
pecuniária ou pagamento isolado de multa.
Medidas protetivas de urgência que obrigam o ofensor – art. 22 (rol não exaustivo).
As MPUs não são medidas de natureza cautelar das ações principais de violência
doméstica, mas são ações autônomas que independem de processo principal. --- É
possível apenas medidas protetivas, não é necessária abertura de inquérito ou crime.
Não é necessária presença de crime. Basta a ocorrência de alguma das violências
elencadas no art. 7º.
A Lei 13641 tornou crime a conduta de descumprimento das MPU, com pena de
3 meses a 2 anos de detençõa.
Descumprida alguma das medidas impostas (dos arts. 22, 23 e 24), perfeitamente
possível a prisão por este delito, desde que o ofensor tenha sido devidamente intimado
da MPU.
Ministério Público: parte (como órgão agente) – art. 6º, VII, c, da LC 75/93, e
art. 25, IV, da Lei 8625/93. Fiscal da lei (como órgão interveniente).
Danos morais à mulher que sofre violência. É preciso que o MP tenha feito
pedido expresso na denúncia!!!!! E ratificado nas alegações finais!!
Art. 313 do CPP – autorizativo para prisão nas hipóteses de penas baixas. --- crimes que
envolvem violência doméstica.
Art. 129, parágrafo 9º - circunstância agravante – não se aplica a agravante do art. 61,
pois a agravante e a qualificadora são as mesmas. (TJDFT - Acórdão 1317156,
00040098920178070017, Relator JJ Costa Carvalho, 1ª Turma Criminal, data de
julgamento 11/02/2021).
Hoje é possível fazer pedido de medida protetiva por meio eletrônico, que é
encaminhado ao juiz.
Militar da ativa que comete violência doméstica contra a mulher militar dentro da
residência. Quem é competente? Justiça comum ou justiça militar? (CC 170.201/PI, Rel.
Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 11/03/2020) – Depende. Se
a residência for em área militar, em vilas militares, a competência será da Justiça
Militar. É crime militar, na forma do art. 9 do CPM. Se os delitos forem perpetrados em
lugar que não está sujeito a administração militar, por ex. a residência do casal
particular, que não está dentro da esfera militar, o feito deve tramitar perante a Justiça
Comum.
A vítima é devidamente intimada para comparecer em juízo e não o faz, pois não tem
mais interesse em processar criminalmente o companheiro. Cabe condução coercitiva?
(AgRg no HC 506814/SP, Rel. Ministro Rogerio Schietii Cruz) ---- Para o STJ é
possível, considerando se tratar de crime de ação penal pública incondicionada. ---
Exceto para audiência de retratação, pois é direito da mulher dar ou não continuidade a
retratação. Na sua ausência, a retratação não ocorre – desistiu da retratação.
O recurso das sentenças dos Juizados de Violência Doméstica: turma criminal (e não
turma recursal).
Feminicídio X femicídio --- femicídio é atribuído a uma autora que utilizou o termo
para se referir a morte de mulheres, em contraponto ao homicídio que se referia a morte
de homens. Foi concebido como um contraposto ao homicídio (não há crime de
homicídio para a mulher, mas femicídio). Já o feminicídio foi cunhado, a partir do
termo femicídio, para afirmar que o feminicídio decorre da negligência e conivência do
Estado, razão pela qual é um crime de estado. Ela introduz um caráter político ao
conceito (assassinato de mulheres pautado em razões de gênero, num contexto de
negligência do Estado).