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Legislação Penal Especial

LEI DE DROGAS

Promulgada em 23/08/2006, a lei prescreve “medidas para prevenção do uso


indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define
crimes e dá outras providências”.

Lei penal em branco, complementada pela Portaria SVS/MS nº 344 (art. 66).

Norma penal em branco homogênea ou norma penal em branco em sentido lato,


quando a complementação se dá pela lei. Quando a complementação é originária de
fonte formal diversa, tem-se a norma penal em branco heterogênea ou em sentido
estrito.

Abolitio criminis – excluindo-se da lista certa substância, configurar-se-á a


abolitio criminis, extinguindo-se a punibilidade do agente, ainda que o feito esteja em
fase de execução (ou seja, mesmo após o trânsito em julgado).

Art. 2º - Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o


plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam
ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas,
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente
ritualístico-religioso. / Parágrafo único: pode a União autorizar o plantio, a cultura e a
colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins
medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Ex. doutrina denominada “Santo Daime”.

Bem jurídico: a LD tutela a saúde pública.


Elementos normativos do tipo: indispensável que o agente pratique qualquer dos
núcleos verbais sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar (elemento normativo do tipo).

Elemento subjetivo: todos os crimes são dolosos. Admite-se dolo eventual. Só há


uma figura culposa – art. 38 da LD: “prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar”.

Ação penal: todos os crimes da LD são de ação penal pública incondicionada.

a. Porte de drogas (Art. 28 da LD) Quem adquirir, guardar, tiver


em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido
às seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à
comunidade; medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

A LD trabalhou com a despenalização moderada do porte de drogas para


consumo pessoal, mas, de acordo com a maioria, ainda rotula o comportamento como
crime, passível de pena não privativa de liberdade. (STF – RE 430105-RJ, de 2007)

A reforma promovida pela Lei 13.840/2019 deu primazia e atenção ao


tratamento terapêutico do usuário e dependente de drogas de modo a reforçar a
tendência da política criminal brasileira sobre drogas, voltada ao apoio, promoção e
reinserção social.

O caput anuncia cinco verbos nucleares, punindo aquele que adquirir, guardar,
tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo droga.

i. Adquirir = comprar.
ii. Guardar = ter a droga consigo de forma oculta, escondida,
clandestina.
iii. Ter em depósito = manter a droga sob controle, sob imediato
alcance e disponibilidade.
iv. Transportar = deslocamento da droga, de certo local para outro.
v. Trazer consigo = porte de droga. Permite imediato acesso à droga.
RE 635.659 – discute a constitucionalidade do art. 28. Para Gilmar Mendes, que
já apresentou seu voto, as sanções descritas no dispositivo passam a ter caráter
exclusivamente administrativo, pois a punição criminal estigmatiza o usuário e
compromete medidas de prevenção e redução de danos, bem como gera uma punição
desproporcional ao usuário, violando o direito à personalidade. Os ministros Roberto
Barroso e Edson Fachin também consideraram inconstitucional a criminalização, mas
limitaram seus votos à maconha, a que se referem os fatos tratados no recurso.

Princípio da insignificância: prevalece que não se aplica aos delitos de tráfico de


drogas e uso de substância entorpecente, por se tratarem de crimes de perigo abstrato ou
presumido, sendo irrelevante para esse específico fim a quantidade de sementes da
droga apreendida. CUIDADO: STF, no HC 110.475/SC, no dia 14/02/2012, pela 1ª
turma, reconheceu a incidência do princípio da insignificância (0,6g de maconha).

Droga já consumida: imprescindível a apreensão de determinada quantidade para


que se efetue o exame toxicológico.

Voluntariedade: o crime é punido a título e dolo, aliado ao fim especial consumo


pessoal. Se o agente visar consumo compartilhado, outro poderá ser o crime (art. 33 ou
art. 33, parágrafo 3º, a depender das circunstâncias do caso).

Consumação: permanente nos núcleos verbais guardar, ter em depósito e


transportar.

Tentativa: é admissível, mas de difícil configuração porque é crime de perigo


abstrato.

Penas aplicáveis: advertência, a ser feita, exclusivamente, pelo juiz responsável


pela aplicação da pena – o Magistrado esclarecerá ao agente sobre os efeitos nefastos do
uso de drogas; prestação de serviços à comunidade que deve ser realizada,
preferencialmente, em entidades que se ocupem da prevenção do consumo ou da
recuperação de usuários e dependentes de drogas.

Reincidência: condenação anterior pelo art. 28 da LD não enseja


reincidência posterior.

Competência: JECRIM – crime de menor potencial ofensivo, de competência do


juizado especial estadual.
Desclassificação do tráfico para o porte e o direito à transação e suspensão do
processo: deve ser assegurado o direito à transação e suspensão do processo.

Parágrafo 1º - Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal,


semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

Deve o objeto material servir para a preparação de pequena quantidade de


substância ou produto capaz de causar dependência. Se a quantidade for considerável,
outro pode ser o crime praticado (Art. 33, parágrafo 1º, II).

Voluntariedade: o crime é punido a título de dolo, aliado ao fim especial de


consumo pessoal.

Parágrafo 2º - Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz


atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em
que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e
aos antecedentes do agente.

Aumento de pena em caso de reincidência (parágrafo 4º) – penas previstas nos


incisos II e III do caput serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 meses. – Exige-se
reincidência específica. O parágrafo 3º prevê prazo máximo de 5 meses, quando não
reincidente.

Porque constitui crime doloso, quando cometido no interior do estabelecimento


prisional constitui falta grave, nos termos do art. 52 da LEP.

Prescrição: 2 anos.

b. Crime de tráfico de drogas (Art. 33 da LD) – Importar, exportar,


remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: pena – reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500
a 1500 dias-multa.

Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado. Praticado mais de um núcleo


verbal, pratica um único crime.

Regra geral: crime comum. Exceção – verbo prescrever: condição especial do


agente, só podendo ser praticado por médico ou dentista.

Se a droga destinar-se a criança, adolescente ou pessoa incapaz de discernimento


ou autodeterminação, há causa de aumento (art. 40, VI) – afasta o art. 243 do ECA.
Ex. cola de sapateiro não está na portaria, então caracteriza o art. 243 do ECA.

i. Importar: trazer de fora.


ii. Exportar: enviar para fora.
iii. Remeter: expedir, mandar.
iv. Preparar: por em condições adequadas para uso.
v. Produzir: dar origem, gerar.
vi. Fabricar: produzir a partir de matérias primas, manufaturar.
vii. Adquirir: entrar na posse.
viii. Vender: negociar em troca de valor.
ix. Expor à venda: exibir para venda.
x. Oferecer: tornar disponível.
xi. Ter em depósito: posse protegida.
xii. Transportar: levar, conduzir.
xiii. Trazer consigo: levar consigo, junto ao corpo.
xiv. Guardar: tomar conta, zelar para terceiro.
xv. Prescrever: receitar.
xvi. Ministrar: aplicar.
xvii. Entregar: ceder.
xviii. Fornecer: abastecer.

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conteúdo variado.
Circunstâncias indicativas do tráfico: quantidade (ou qualidade) da droga
apreendida + local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (art. 28,
parágrafo 2º, da LD).

Tipo subjetivo: dolo. Não há elemento subjetivo do tipo.

Caso o agente não saiba que tem consigo ou guarda ou tem a posse etc. de droga,
configurado está o chamado erro de tipo, que é excludente do dolo e, portanto, da
tipicidade.

Consumação e tentativa: algumas modalidades são permanentes, protraindo o


seu momento consumativo no tempo e no espaço (por ex. expor à venda, trazer consigo,
manter em depósito, guardar etc.). – Crime permanente é aquele em que o bem jurídico
é lesado permanentemente no tempo por uma conduta ativa do agente.

A multiplicidade de condutas incriminadas parece inviabilizar a tentativa, exceto


na modalidade remeter em que a encomenda é apreendida nos correios.

Crime de perigo: basta a simples prática de qualquer um dos comportamentos


típicos.

Pena aumento muito com a LD nova, sendo legis in pejus, a ser aplicada
somente aos fatos ocorridos durante a sua vigência, sendo vedada a sua retroatividade.

Regime de cumprimento de pena: não existe mais regime integralmente


fechado e nem inicial fechado. (STF, HC 111.840/ES)

Parágrafo 1º - Nas mesmas penas incorre quem: I. ... matéria-prima, insumo ou


produto químico destinado à preparação da droga.

Não é necessário que essas matérias-primas tenham já de per si os efeitos


farmacológicos dos tóxicos a serem produzidos. Basta que tenham as condições e
qualidades químicas necessárias para, mediante transformação, adição etc., resultarem
em entorpecentes ou drogas análogas. Ex. éter e acetona.

Pequena quantidade de sementes de maconha: divergência no STJ – 5ª turma


entende ser tráfico. 6ª turma entende como fato atípico, pois não existe, no art. 28 da
LD. – STF já disser ser atípica porque sementes não possuem a substância
psicoativa – nova decisão confirmatória – HC 143.890/SP.

Parágrafo 1º - II – semeação, cultivo e colheita ilícita de plantas que se


constituam em matéria-prima para a preparação de drogas.

Semeia: deita sementes para fazer germinar. Cultiva: tratar, promovendo o


desenvolvimento de sementes deitadas ao solo. Faz a colheita: colher produto da
semeadura. - De plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas.

Parágrafo 1º - III – utilização de local ou de bem de qualquer natureza para o


tráfico.

Equipara-se ao tráfico a conduta do agente que utiliza local (casa, apartamento,


bares, cinema, restaurantes etc) ou bem de qualquer natureza (carro, embarcações,
aeronaves etc.) de quem tem a propriedade (direito de usar, gozar e dispor de um bem, e
de reavê-lo do poder de quem ilegalmente o possua), posse (direito de exercer alguns
dos poderes inerentes à propriedade), administração (poder de gestão), guarda (zelar
pela conservação do bem) ou vigilância (dever de fiscalizar), ou consente que outrem
dele se utilize, ainda que gratuitamente, para o comércio ilícito de drogas.

Expropriação-sanção: o art. 32, parágrafo 4º, remetendo ao art. 243 da CF,


determina que as glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas de psicotrópicos serão imediatamente expropriadas e especificamente
destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e
medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.
Parágrafo 1º - IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.       (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Agente policial disfarçado é diferente de agente policial infiltrado.


Criminalização da conduta daquele que realiza atos de tráfico de drogas e de matéria
prima com um agente policial disfarçado. Visa o tráfico formiguinha.

Não há crime impossível porque o agente disfarçado não é agente provocador,


porque ele não induz o crime. Sua participação é neutra na cadeia causal do crime.

Assemelhado a figura espanhola do “agente meramente encoberto”.

Pressuposto: presença de elementos probatórios razoáveis de conduta


criminal preexistentes, revelação de que a pessoa não é vendedor casual da droga.

*Precisa do laudo definitivo para comprovar o tráfico. Só será aceito o laudo


provisório quando este tiver grau de certeza idêntico ao do definitivo.

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:  Pena -


detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

Agente que, psicologicamente, leva alguém ao uso de entorpecentes (muitas


vezes iniciando-o ao vício).

O incentivador não entrega droga e também não mantém nenhum vínculo com o
traficante (não há liame subjetivo, ajuste prévio ou mesmo recompensas posteriores pelo
auxílio). Ex. é o caso da pessoa que empresa dinheiro para outra adquirir o entorpecente
ou lhe aponta, em uma danceteria, o fornecedor da substância.

Incentivo genérico, dirigido à pessoas incertas e indeterminadas?


ADI 4274/DF, o STF conferiu ao dispositivo interpretação conforme à
Constituição para dele excluir qualquer significado que enseje a proibição de
manifestações e debates públicos acerta da descriminalização ou legalização do uso de
drogas ou de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento episódico,
ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. Permitiu-se as marchas da maconha.

§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu


relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e
pagamento de 700 a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

Visa responsabilizar aquele que, gratuitamente, cede droga a terceiro, para juntos
a consumirem. Requisitos: cessão gratuita + pessoa do relacionamento + consumo
conjunto.

“Roda de maconheiros”.

§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser


reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de
direitos , desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa.   

Quantidade da droga pode servir para negar o privilégio? Para a 1ª Turma do


STF, sim. Para a 2ª Turma do STF, não.

É uma causa de diminuição de pena.

No delito de tráfico e nas formas equiparadas as penas poderão ser reduzidas de


um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário (não reincidente) + de bons
antecedentes + não se dedique às atividades criminosas + não integre organização
criminosa (traficante, agindo de modo individual e ocasional). São requisitos
subjetivos e cumulativos.

No HC 118.533/MS, o STF decidiu que o privilégio não se harmoniza com a


hediondez do crime de tráfico, razão pela qual, uma vez aplicada a minorante, afasta-
se o caráter hediondo do delito.
Lei 13.964/2019 alterou a LEP que passou a prever textualmente no art. 112,
parágrafo 5º, que “não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o
crime de tráfico de drogas previsto no parágrafo 4º, do art. 33 da Lei 11.343/06”.

Maus antecedentes – STJ REsp 1.160.440/MG. 2016. Rogério Schietti Cruz. –


Possibilidade de, no caso concreto, desconsiderar condenações anteriores datadas há
mais de 5 anos para fins de maus antecedentes. Para o entendimento pacificado no
STJ, mesmo ultrapassado o lapso temporal de 5 anos, a condenação anterior
transitada em julgado é considerada como maus antecedentes. Apesar disso, em um
caso concreto, o STJ decidiu relativizar esse entendimento e afirmou que era
possível a aplicação da minorante prevista no parágrafo 4º

do art. 33 da Lei 11.343/06 em relação ao réu que, apesar de ser tecnicamente


primário ao praticar o crime de tráfico, ostentava duas condenações (a primeira
por receptação culposa e a segunda em razão de furto qualificado pelo concurso de
pessoas) cujas penas foram aplicadas no mínimo legal para ambos os delitos
anteriores (respectivamente, 1 mês em regime fechado e 2 anos em regime aberto,
havendo sido concedido sursis por 2 anos), os quais foram perpetrados sem violência
ou grave ameaça contra pessoa, considerando-se ainda, para afastar os maus
antecedentes, o fato de que, até a data da prática do crime de tráfico de drogas,
passaram mais de 8 anos da extinção da punibilidade do primeiro crime e da baixa
dos autos do segundo crime, sem que tenha havido a notícia de condenação do réu
por qualquer outro delito, de que ele se dedicava a atividades delituosas ou de que
integrava organização criminosa. Vale ressaltar que o STJ não mudou seu
entendimento acima explicado. A decisão foi tomada com base nas circunstâncias do
caso concreto. (Inf. 580)

Mula tem direito ao privilégio? Mula é a pessoa que realiza transporte de


entorpecente de uma cidade para outra mediante pagamento. Entendimento que
predominava: não, porque integrava a organização criminosa. Atual entendimento: STF
– sim, porque incabível presumir sua dedicação à organização criminosa. STJ – sim,
porque a condição de mula não induz, automaticamente, à conclusão de ser integrante
da organização criminosa.

Se houver provas de que é integrante a organização criminosa, não recebe


privilégio. Mas se não houver provas, pode ser concedido a ele.
Afastam o privilégio: existência de inquéritos ou ações penais; ou condenação
anterior por crime de porte de drogas; ou reincidência; ou condenação simultânea em
tráfico e associação.

Direito subjetivo do réu: preenchidos todos os requisitos, o magistrado deve


reduzir a pena.

Retroatividade: só pode ser aplicado a casos anteriores à Lei 11.343/06 se,


aplicada integralmente, resultar em benefício para o agente: “é cabível a aplicação
retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições,
na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76,
sendo vedada a combinação de leis” (súmula 501 STJ).

Vedação de penas restritivas de direitos: a vedação da substituição da pena


privativa por restritiva foi declarada inconstitucional pelo STF em 2000. Em 2002, o SF
promulgou a Res. 5/2012, suspendendo, nos termos do art. 52, X, da CF, a execução da
expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos” do art. 4º, do art. 33, da
Lei 11.343/06. ----- Pode ser substituída por restritivas de direitos!!!

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir,


entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

É um delito subsidiário. É absorvido pelo tráfico, exceto se as circunstâncias


demonstrem que as condutas se vinculam a contextos fáticos diversos.

Crime equiparado a hediondo: apesar de a maioria ensinar que o crime em


estudo é equiparado a hediondo (ver art. 44), somos obrigados a discordar. Analisando o
texto constitucional (art. 5º, XLIII), percebe-se que a equiparação alcança somente a
tortura, o terrorismo e o tráfico ilícito de drogas (abranger maquinários é integrar em
prejuízo do réu, ferindo o princípio da legalidade).
Tipo objetivo – são 11 as formas de praticar o tráfico de maquinaria: fabricar
(manufaturar), adquirir (entrar na posse), utilizar (empregar), transportar (conduzir,
carregar), oferecer (tornar disponível), vender (negociar em troca de valor), distribuir
(entregar a diversos receptores), entregar a qualquer título (passar à mãos, ainda que de
forma precária), possuir (ter a posse) ou guardar (tomar conta, zelar para alguém) ou
fornecer (abastecer) ainda que gratuitamente, maquinário (conjunto de máquinas),
aparelho (conjunto de peças ou utensílios organizados para determinada finalidade),
instrumento (utensílio, apetrecho, ferramenta), ou qualquer objeto destinado à
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas.

Objeto material do crime: basta que os instrumentos e aparelhos estejam sendo


utilizados para a prática da finalidade ilícita, ainda que criados para outro fim (ex.
balança de precisão).

Consumação e tentativa: o crime se consuma com a prática de qualquer um dos


núcleos do tipo, independente da efetiva produção da droga (algumas modalidades são
permanentes). Apesar de admitida pela doutrina, a tentativa mostra-se difícil na prática.

Sentença penal condenatória: o art. 63 determina perdimento dos bens


apreendidos.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34
desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a
1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

É crime autônomo, que independente da ocorrência efetiva do tráfico de drogas.


Pode se consumar mesmo que os delitos mencionados não ocorram e fiquem meramente
na fase de cogitação.
O crime reclama dolo específico – animus associativo. Fim específico de praticar
aquelas condutas associado a outros. Se a associação for eventual ou acidental não há
o crime do art. 35, há mero concurso de pessoas. É absolutamente necessário o
animus associativo.

É diferente da associação criminosa do art. 288 do CP, que visa praticar mais de
um crime. O crime de associação ao tráfico se consuma sim se for objetivo a prática de
uma única infração.

Consumação e tentativa: a consumação, que se dá com a formação da societas


criminis, protrai-se enquanto perdurar a reunião (crime permanente). Basta que se
demonstre o ânimo de associação de caráter duradouro e estável. É natural, portanto,
que se dispense a apreensão de droga na posse direta do agente para sua punição pela
associação para o tráfico. ---- o bem tutelado é a paz pública (crimes associativos).

A maioria da doutrina não admite a tentativa.

Crime equiparado a hediondo – há quem sustente que este crime é também


equiparado a hediondo. Discordamos. Mesmo assim, o prazo para se obter o livramento
condicional é de 2/3 porque este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da
Lei de Drogas.

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts.
33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a
4.000 dias-multa.

Sustento do tráfico. Consiste em uma exceção pluralista à teoria monista (art.


29 do CP). Não enseja concurso com crime do art. 33.

Tipo objetivo: financiar (sustentar os gastos) ou custear (prover despesas,


abastecendo do que for necessário).
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34
desta Lei: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a 700 dias-multa.

É tipo autônomo. É partícipe de menor importância da associação ou organização


criminosa.

Se for funcionário público, prevalecendo-se da sua função, a sua pena será


majorada nos termos do disposto no art. 40, II.

Se integrar de forma permanente, será coautor da associação ao tráfico.

Ex. fogueteiro.

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50 a 200 dias-
multa.

Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da


categoria profissional a que pertença o agente.

Único crime culposo da Lei de Drogas. Infração de menor potencial ofensivo,


que será julgada e processada no JECRIM.

Crime próprio (somente médico, veterinário ou dentista podem prescrever;


enfermeiro e farmacêutico podem ministrar).

Exemplo de tipo culposo fechado (que descreve expressamente as hipóteses em


que a culpa poderá ocorrer).
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a
dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além
da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la,
pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 a 400
dias-multa.

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as


demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa, se o veículo referido no caput
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.

Crime de perigo concreto (deve ser provada no caso).

Refere-se apenas à aeronave ou à embarcação (por isso difere do crime do art. 306
do CTB aplicado para condução de veículo automotor em via terrestre).

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um
sexto a dois terços, se:

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as


circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;

Basta que a infração tenha a sua execução iniciada ou terminada fora dos limites
do nosso território (em águas internacionais, por exemplo). Basta se demonstre a
destinação internacional da droga, entendimento consolidado pela Súmula 607 do STJ:
“A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se
configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não
consumada a transposição de fronteiras”.

Para que possa falar em tráfico internacional de drogas, é indispensável que a


droga apreendida no Brasil também seja considerada ilícita no país de origem (ou
de destino). Do contrário, ter-se-á mero tráfico interno, de competência da Justiça
Estadual.
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;

1ª parte – crime prevalecendo-se de função pública (art. 327 do CP). Nesse caso, o
agente, tendo por mister prevenir (e combater) a criminalidade, passa a comercializar
drogas, valendo-se, para tanto, das facilidades que seu cargo, emprego ou função lhe
proporciona (policiais, delegados de polícia, promotores, juízes etc.).

2ª parte – crime no desempenho de missão de educação. Apesar de não possuir


dever de prevenir crimes, o educador tem como missão a educação do pupilo. Aqui, ao
invés de contribuir na sua formação e desenvolvimento físico, intelectual e moral, o
introduz, de qualquer modo, no “mundo das drogas”.

3ª parte – no desempenho do poder familiar, guarda ou vigilância. Gera aumento


de pena. A punição é mais severa porque, também nestes casos, o autor do crime exerce
papel educacional e de orientação, ainda que sem relação com função pública.

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de


estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis,
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo,
de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços
de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares
ou policiais ou em transportes públicos;

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma
de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;

Se qualquer dos crimes previstos nos artigos 33 a 37 tiver sido praticado com
violência (física), grave ameaça (violência moral), emprego de arma de fogo (de uso
permitido, restrito ou proibido), ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva,
a pena será aumentada de um sexto a dois terços.
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito
Federal;

Tráfico doméstico (interestadual). Basta intenção de fazer com que a droga saia
dos limites do Estado – súmula 587 do STJ: “Para a incidência da majorante prevista no
art. 40, inciso V, da Lei 11343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras
entre Estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de
realizar o tráfico interestadual”.

É possível acumulação das causas de aumento relativas à transnacionalidade


e à interestadualidade do delito.

A polícia federal pode investigar, mesmo sendo crime de competência da justiça


estadual. É uma das exceções.

VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem


tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
determinação;

Participação de criança ou adolescente ou pessoa que tenha, por qualquer motivo,


diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação (alienado mental,
enfermo, senil, ébrio etc.).

Afasta concurso com crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA).

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. --- Financiamento


ocasional do crime de tráfico.

Restrito aos casos de autofinanciamento.

Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33
responderá apenas pelo art. 36 da LD. Se o agente, além de financiar ou custear o
tráfico, também pratica algum verbo do art. 33, responderá apenas pelo art. 33 c/c
art. 40, VII, da LD (não será condenado pelo art. 36) (Inf. 534 STJ).

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a


investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou
partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. ---- Colaboração
premiada.

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.

Restritiva de direitos: o STF declarou a inconstitucionalidade incidental da


proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos
no crime de tráfico.

Livramento condicional: o livramento condicional (liberdade antecipada) está


permitido, com a ressalva de que, tratando-se do crime previsto nos artigos. 33, caput e
parágrafo 1º, e 34 a 37 desta Lei, só fará jus aquele que, depois de cumprir dois terços
da pena, não for reincidente específico em crimes desta natureza (assim, mesmo que
reincidente em crimes de outra natureza, fará jus à liberdade antecipada).

Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o


efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou
da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. ---- Inimputabilidade penal por dependência.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.

Requisitos: foi adotado o critério biopsicológico, isto é, não basta ser dependente,
mas é preciso que o agente, em face da dependência, seja inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Perícia: deve ser realizada sempre que o réu se declare dependente ou quando a tal
respeito houver fundadas suspeitas.

Serve para qualquer crime – pode alcançar qualquer crime, não só os crimes
previstos na lei de drogas.

Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força
das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. --- Semi-imputabilidade por
dependência.

Da investigação:

Tráfico e drogas e a desnecessidade de mandado judicial para ingresso na casa do


agente. Para o STJ o mandado de busca e apreensão é prescindível porque se trata de
crime permanente, que atrai a situação de flagrância. (HC 437.178/SC). Idem STF.

Cuidado: sujeito é abordado e foge para sua residência. Foi considerada ilícita a
entrada no domicílio porque nenhuma diligência prévia indicava que na casa havia
droga armazenada. A entrada em domicílio em que recaia a suspeita de tráfico de drogas
deve se basear em elementos objetivos da prática do crime, não em simples
deduções a respeito do que pode estar acontecendo (REsp 1.574.681/RS - 2017). --- O
tráfico ilícito de entorpecentes nem sempre autoriza o ingresso sem mandato no
domicílio, apenas será permitido o ingresso em situações de urgência quando se
concluir que do atraso da obtenção do mandado judicial se possa, objetiva e
concretamente, inferir que a prova do crime e a própria droga será destruída ou
ocultada. (2021)

Essa é uma tendência estabelecida pelo STF no julgamento do RE 603.616/RO


(2015).

Laudo de constatação e laudo definitivo:

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,


imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado,
do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.

§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento


da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.

§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não


ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.

Laudo de constatação deve indicar se o material apreendido, efetivamente, se


trata de uma droga, incluída em lista da Anvisa, apontando, ainda, a quantidade da
droga.

É um exame provisório, apto, ainda que sem maior aprofundamento, a comprovar


a materialidade do delito e, como tal, autorizar a prisão do agente ou a instauração do
respectivo inquérito policial, caso não verificado o estado de flagrância. É firmado por
um perito oficial ou, em sua falta, por pessoa idônea.
É suficiente para deflagração da persecução penal, isto é, para a admissão da
prisão em flagrante e o recebimento da denúncia.

Lavrado por perito oficial ou pessoa idônea.

Laudo definitivo: traz certeza quanto à materialidade do delito. Deve ser


elaborado por perito oficial ou, na sua falta, por 2 pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame, nos termos do parágrafo 1º,
do mesmo dispositivo.

Nada impede que o mesmo perito elabore o laudo de constatação e, mais adiante,
o laudo definitivo.

A falta da assinatura do perito criminal no laudo toxicológico é mera


irregularidade que não tem o condão de anular o referido exame. (AgRg no REsp
1.800.441/MG, 07/05/2019).

Destruição da droga: todos dependem de autorização judicial!!!

Art. 50, parágrafo 3º - houve flagrante e laudo de constatação.

Art. 50-A – destruição da droga em situações em que não houve flagrante.

Art. 72 – fim do caso (processo ou IP)

Prazos para conclusão do IP: 30 dias, réu preso. 90 dias réu solto. Os prazos podem ser
duplicados pelo juiz, mediante prévia oitiva do MP. (Art. 51)

Infiltração de agentes: art. 53. –Exige autorização prévia, mediante oitiva do MP. Na
Lei de Orcrim basta comunicação prévia.

Flagrante retardado, adiado, esperado, diferido ou prorrogado: consiste a ação


controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à
formação de provas e obtenção de informações (Deixa-se de prender em flagrante o
infrator desde logo, para, prorrogando-se a ação policial, se obter uma prova mais
robusta e mesmo uma diligência mais bem-sucedida).

Peculiaridades do Rito Especial:

 Prazo do IP: 30 +30 réu preso; 90 +90 réu solto.


 MP tem prazo de 10 dias para requerer arquivamento, requisitar diligências ou
oferecer denúncia.
 Denúncia pode arrolar até 5 testemunhas.
 Acusado notificado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 dias
(Arrola até 5 testemunhas).
 Não observância do rito especial é causa de nulidade relativa.
 Caso o réu não tenha apresentado resposta, cumpre ao juiz nomear-lhe um
defensor dativo, a quem incumbirá de fazê-lo.
 Prazo para o juiz decidir é de 5 dias.
 Recebida a denúncia, o prazo para a realização de audiência de instrução,
debates e julgamento é de 30 dias.
 Lei prevê interrogatório como primeiro ato da audiência de instrução e
julgamento, mas depois do julgamento do HC 127900, em 03/03/2016, em que
foi relator o Min. Dias Toffoli, o STF entendeu que deve ser o último ato.
 Alegações finais orais: 20 min. prorrogáveis por mais 10 para cada parte (mas é
possível memoriais).
 Juiz profere sentença após encerrados os debates ou em 10 dias.
 Cuidado: dosimetria da pena – art. 42. (Natureza e quantidade da substância ou
do produto, a personalidade e a conduta social do agente).
 Os bens apreendidos devem ser comunicados imediatamente para facilitar sua
destinação, que pode ser: a alienação antecipada (risco de deterioração,
desvalorização ou dificuldade de guarda), conversão em moeda nacional e
depósito em conta judicial, utilização dos bens apreendidos pelos órgãos da
polícia judiciária, militar e rodoviária.
 Sentença pode decretar o perdimento dos bens apreendidos (efeito automático da
sentença penal condenatória decorrente do art. 243, parágrafo único, da CF –
STJ, AgRg no AREsp 1.333.058/MG, 11/12/2018).
 Bens alcançados pelo confisco: basta a simples constatação de que determinado
bem foi utilizado para o cometimento do crime, independentemente de qualquer
prova de habitualidade ou de exclusividade (STF, RE 638.49/PR, 17/05/2017).
 Propriedades rurais: a expropriação de propriedades rurais e urbanas em
que forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas não é uma
modalidade de confisco efeito da condenação, daí exigir a propositura de
ação específica, cujo único legitimado ativo é a União. ----- Vale conferir o Dec.
577/92 e a Tese fixada pelo STF em sede de repercussão geral, no sentido de que
“a expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desse que o
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando
ou in eligendo”.

Confisco alargado ou confisco ampliado ou perda alargada: art. 63-F. É uma nova
espécie de efeito secundário da sentença penal condenatória que consiste na perda de
bens considerados como produto ou proveito do crime decorrente do envolvimento
comprovado do agente em crimes relacionados ao tráfico de drogas.

Pressupostos do confisco alargado:

a. Condenação por crime com pena máxima superior a 6 anos (lei não
exige o trânsito em julgado da condenação, o que, dada a morosidade
do sistema atual, aniquilaria a eficaz despatrimonialização pretendida
pela norma).
b. Incompatibilidade do patrimônio com a renda lícita do agente:
necessária a demonstração da
incompatibilidade/desproporcionalidade do patrimônio do condenado
com o seu rendimento lícito. (Inversão do ônus da prova? Não me
parece o caso porque caberá ao órgão acusador comprovar a evolução
patrimonial em patamares desproporcionais à renda do agente e à
defesa apresentar justificativa razoável para a evolução patrimonial,
em patamares superiores à renda percebida pelo agente).
c. Demonstração de vinculação a práticas delituosas: deve existir
elementos probatórios que indiquem conduta criminosa habitual,
reiterada ou profissional do condenado ou sua vinculação a
organização criminosa.

LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS


A lei 12850 trouxe uma definição de organizações criminosas e definiu crime,
diferente da Lei 12964 que não definiu crime e foi revogada no tocante à definição.
Entretanto, esta segunda lei não foi totalmente revogada pela Lei 12850, vigendo ainda
suas disposições quanto ao processo e julgamento colegiado, em 1º grau de jurisdição,
de crimes praticados por organizações criminosas.

Algumas questões são importantes. Esse julgamento colegiado de 1º grau viola o


juiz natural? Essa decisão colegiada procura proteger o julgador, impedindo que o réu
consiga identificar o juiz unipessoal. Não há violação do juiz natural por conta da
previsão da Lei 12964, que se presta a justificar esse instituto e faz vezes aos predicados
constitucionais do juiz natural.

Esse colegiado julga apenas o crime de organização criminosa ou todos os


crimes praticados por organização criminosa? Todos os crimes conexos podem ser
decididos pelo colegiado.

A lei instituiu a figura do juiz sem rosto? Não há essa figura. No juiz sem rosto,
figura adotada por alguns países, o julgador não assinava as decisões por ele proferidas.
O que não ocorre no julgamento do colegiado, todos assinam.

Precisa haver requerimento da parte para que a formação do colegiado de


primeiro grau? A formação do colegiado é impositiva? Não precisa de requerimento,
pode ser determinado de ofício pelo juiz, uma vez presentes as hipóteses autorizadoras.
Faz caso entenda ser a melhor medida.

Quantos formam o colegiado? São três juízes convocados da 1ª instância.

O que é supressão da divergência? Ou artificialidade da unanimidade? (Parágrafo


6º, art. 1º) A publicação da decisão não constará divergência. Será publicada como se
tivesse sido unânime.

Lei 12850/13

Conceito de Orcrim: associação de 4 pessoas ou mais pessoas estruturalmente


ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que
sejam de caráter transnacional. ---- Incluem-se os inimputáveis na conta.

A divisão das tarefas e a estrutura pode ser informal, estabelecida mediante ordens
verbais, orais, gestuais. Não precisa de forma. Estrutura ordenada com divisão de
tarefas. Independe da presença de servidor público. Objetivo de obter vantagem de
qualquer natureza. Ex. prestígio político. Inclusive para cometimento de crime
transnacional. --- nesse é dispensada a exigência de pena máxima superior a 4 anos.

Org. Criminosa e Lei Anticrime:

a. Autoriza RDD para membros de Orcrim (art. 52, parágrafo 1º, I, LEP) a ser
cumprido em presídio federal;
b. Se a Orcrim visava prática de crimes hediondos ou equiparados, progressão
após cumprimento de 50% da pena.
c. Crime hediondo, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.
d. Lideranças da Orcrim armadas deverão iniciar o cumprimento da pena em
estabelecimentos penais de segurança máxima.
e. Vedação de progressão ou LC ou outros benefícios se houver elementos
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.

Crime de organização criminosa: art. 2º - Promover, constituir, financiar ou integrar,


pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa. Pena reclusão, de 3 a 8
anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais
praticadas.

Associação Criminosa (art. 288 do CP) Organização Criminosa (art. 2º)


Associarem-se 3 ou mais pessoas Associação de 4 ou mais pessoas
Dispensa estrutura organizada e divisão de Pressupõe estrutura organizada e divisão
tarefas de tarefas, ainda que informalmente
Tem o fim específico de cometer crimes Mediante a prática de infrações penais e
(dolosos, pouco importa o tipo ou a sua pena) contravenções cujas penas máximas sejam
superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter
transnacional
Pena: reclusão de 1 a 3 anos. Pena: reclusão de 3 a 8 anos.

O crime de organização criminosa é fruto de mandado de criminalização


convencional, oriundo da Convenção de Palermo.

Tutela e protege a paz pública, de modo geral. É crime comum, não exige
nenhuma qualidade especial do agente. A vítima é a coletividade, é um crime vago. É
um crime com norma penal em branco, cuja complementação é dada pelo art. 1º,
parágrafo 1º.

Núcleo: promover, constituir, financiar e integrar.

É essencialmente doloso, não existe modalidade culposa.

É um tipo misto alternativo ou de conduta múltipla. Se consuma com qualquer dos


verbos.

Há cláusula de cumulatividade material obrigatória, não há como aplicar absorção


nos concursos de crimes. --- No preceito secundário.

Causas de aumento: até a metade se houver emprego de arma de fogo. De 1/6 a


2/3 se houver participação de criança ou adolescente; se houver concurso de funcionário
público, valendo-se dessa condição; produto ou proveito do crime destinado ao exterior;
se mantém conexão com outras organizações independentes; transnacionalidade da
organização.

Crime de Embaraço de investigação (Art. 2º, parágrafo 1º): Nas mesmas penas
incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
que envolva organização criminosa.

Mandado Convencional de Criminalização (art. 23 da Convenção de Palermo).


Ex. ofertas de cooptação, pressão, violência efetiva ou disposição para o uso de
violência contra testemunhas.

Bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça.

Pode ser praticado por uma única pessoa, desde que este agente não tenha
concorrido, de qualquer modo, para a formação da organização criminosa.

Impedir (obstar, impossibilitar, obstaculizar, tornar impraticável). Embaraçar é


dificultar, atrapalhar.

Alcança a obstrução do processo.

Não admite tentativa – embaraçar é crime de atentado (é aquele em que a figura


tentada é a consumada).

Semelhante ao art. 5º, V, da Lei 12846/2013. – Lei Anticorrupção Empresarial.

O direito de não produzir prova contra si não autoriza a prática da obstrução à


justiça.

Há outros crimes na Lei. Todos tem como objetivo a proteção das técnicas
especiais de investigação do art. 3º.

Investigação e meios de obtenção de prova: (Art. 3º) colaboração premiada, captação


ambiental, ação controlada, intercepção de comunicações, acesso a registros de ligações
telefônicas, afastamento dos sigilos, infiltração, cooperação entre instituições.

Colaboração premiada: tem como ideia principal o suspeito de participação em


crime cometido em grupo fecha o acordo de delação premiada, entrega nomes e detalhes
da ação em troca de benefício, pode ter pena diminuída em até 2/3 ou receber perdão
judicial.
Argumentos contrários: (Ferrajoli e Nucci) oficializa-se por lei a traição, forma
antiética de comportamento social. Pode ferir a proporcionalidade na aplicação da pena,
pois o delator recebe pena menor que os delatados, autores de condutas tão graves
quanto as deles. A traição, como regra, serve para agravar ou qualificar a prática de
crimes, motivo pelo qual não deveria ser útil para reduzir a pena. Não se pode trabalhar
com a ideia de que os fins justificam os meios, na medida em que estes podem ser
imorais ou antiéticos.

Argumentos favoráveis: (Rogério Sanches, Renato Brasileiro) no universo


criminoso, não se pode falar em ética ou valores moralmente elevados. Não há lesão à
proporcionalidade na aplicação da pena, pois esta é regida basicamente pela
culpabilidade. O crime praticado por traição é grave justamente porque o objetivo
almejado é a lesão a um bem jurídico protegido; a delação seria a traição com bons
propósitos, agindo contra o delito, em favor do Estado. Os fins podem ser justificados
pelos meios, quando estes forem legalizados e inseridos no universo jurídico.

É um instrumento útil, eficaz, internacionalmente reconhecido, utilizado em


países civilizados (HC 90.688/PR).

A Lei 12850/13 estabeleceu regras claras para a celebração do acordo. O


magistrado foi afastado da negociação. Exigiu-se requerimento e homologação judicial.
Foram previstos direitos ao colaborador. Tipificou-se como crime a revelação indevida
de sua identidade. Surgiram novos prêmios.

Razões de ordem prática que justificam a adoção da colaboração premiada: a


impossibilidade de se obter outras provas, em virtude da lei do silêncio, que vige no seio
das organizações criminosas. A oportunidade de romper o caráter coeso das
organizações criminosas criando uma desagregação da solidariedade interna em face da
possibilidade da colaboração premiada.

A LEI 12850/13 convive bem com as demais leis que trataram da colaboração
premiada. A única revogação foi da Lei 9034/90. Aplica-se a sistemática (Diálogo das
fontes) inaugurada pela Lei 12850, nos seus artigos 4º e 7º, até porque esta foi a única
lei que delineou uma espécie de procedimento para a corporificação do acordo de
colaboração premiada.
A formalização de acordo de colaboração premiada e sua homologação judicial
hão de conferir mais segurança jurídica às partes e transparência ao jurisdicionado.

Conceito e natureza jurídica: o acordo de colaboração premiada é negócio


jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesses
públicos.

Negócio jurídico processual (Afrânio Silva Jardim) voltado para obtenção de


prova, e não um meio de prova propriamente dito. Espécie de técnica especial de
investigação e, de outra banda, como meio de defesa. (Natureza dúplice).

A colaboração deve ser voluntária, ou seja, o colaborador não pode ter sido
coagido.

Tem natureza personalíssima, só vincula o colaborador. Em razão dessa


natureza, os delatados não podem impugnar/contestar o valor da colaboração.

Momentos:

a. Na fase de investigação criminal (inquérito ou investigação do MP)


b. Durante o curso do processo penal (ainda que já em instância
recursal)
c. Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Resultados: art. 4º e incisos. Identificação dos demais coautores e partícipes


(delação premiada ou o chamamento de corréu). Revelação da estrutura hierárquica
e da divisão de tarefas (reveladora da burocracia da Orcrim). Prevenção de infrações
penais decorrentes das atividades da Orcrim (colaboração preventiva). Recuperação
total ou parcial do produto ou proveito (colaboração para localização de ativos).
Localização de eventual vítima (colaboração para libertação).

Procedimento:

a. Negociação do acordo. (O investigado, assistido por advogado,


negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado de
Polícia ou com o MP)
b. Formalização do acordo e envio à Justiça (As declarações do
colaborador serão registradas e será elaborado um termo de acordo de
colaboração premiada, a ser assinado por todas as partes e, então,
remetido ao juiz para homologação)
c. Pedido de homologação do acordo = autuação sigilosa. (O pedido de
homologação será sigilosamente distribuído, contendo apenas
informações que não possam identificar o colaborador e seu objeto.
As informações serão dirigidas ao juiz que decidirá o caso em 48
horas).
d. Análise da homologação pelo juiz. (O juiz deverá analisar: a
regularidade, a legalidade, a voluntariedade. O juiz poderá recusar a
homologação, se a proposta não obedecer aos requisitos).
e. Audiência sigilosa para confirmar a voluntariedade do acordo (se
houver dúvidas. O MP não será intimado e não participará da
audiência.)
f. Oitiva do colaborador. (Depois de homologado o acordo, o
colaborador poderá, sempre acompanhado por seu advogado, ser
ouvido pelo membro do MP ou Delegado de Polícia, ou em juízo).

Prêmios legais da LCO:

a. Redução da pena até a metade, se a colaboração for posterior à


sentença.
b. Redução da pena privativa de liberdade em até 2/3.
c. Perdão judicial.
d. Não oferecimento da denúncia caso o colaborador não for líder ou for
o primeiro a prestar efetiva colaboração. (Acordo de imunidade)
e. Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos, se a
colaboração for posterior à sentença.
f. Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Obs. Mesmo após a proposta ter sido aceita, alguma das partes pode voltar atrás e se
retratar. Se ele desistir do acordo, terá direito a levar consigo todas as provas
apresentadas no acordo. É um período de imunidade. – Princípio da lealdade processual.

Obs. Renúncia ao direito ao silêncio e compromisso de dizer a verdade. (Parágrafo 14,


do art. 4º).

Obs. Colaborador deverá ser sempre assistido por advogado. (Parágrafo 15, art. 4º)

Obs. Valor probatório da colaboração: dever de corroboração (parágrafo 16, do art. 4º).
--- Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas
declarações de agente colaborador.

----- Colaboração cruzada: é o fenômeno em que uma colaboração premiada é


corroborada por outra colaboração premiada. Prevalece o entendimento de que não é
possível a colaboração cruzada ser fundamento suficiente para sentença condenatória,
deferimento de medidas cautelares ou recebimento de denúncia.

Obs. O delatado não tem direito de participar da tomada de declarações do colaborador.

Obs. O descumprimento de anterior acordo invalida o pacto atual atinente a fato delitivo
diverso? Se for fato delitivo diverso não, só se fosse do mesmo fato.

Obs. Pode prever benefícios não previstos em lei ou estipular a pena a ser cumprida?
Não pode prever outros benefícios, deve resultar nos benefícios elencados na lei.

Obs. O colaborador pode estar preso. Não há ilegalidade em celebrar acordo com
alguém que está preso. A prisão não afasta a capacidade de celebrar acordo.

Obs. Colaboração unilateral: firmada entre judiciário e réu, sem o instrumento do


acordo de colaboração premiada. É uma prática fundada na lei de proteção a
testemunhas. Mas parte da doutrina entende que, após a LAC, não seria mais possível.

Obs. STJ. Inf. 495. – Réu confessa o crime, mas suas declarações não são efetivas.
Obs. O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase
de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do MP, o qual deverá se manifestar,
sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. (STF, ADI 5508, Inf. 907).

Obs. A homologação do acordo de colaboração premiada aferirá a regularidade,


voluntariedade e legalidade formal do acordo.

Obs. No caso de arrependimento do colaborador, revogação ou rescisão do acordo


homologado, o MP não estará obrigado a devolver os elementos de prova por ele
entregues.

Obs. A delação por agente com prerrogativa de foro deve ser homologada pelo relator,
perante o foro ou Tribunal competente, sendo vedado ao colegiado rever ou anular suas
cláusulas.

Obs. Rescisão ou revogação: caso de descumprimento dos deveres do colaborador – não


acarreta nulidade ou imprestabilidade das provas.

Escuta ambiental: art. 8-A da Lei 9296/96. Exige autorização judicial. Mas esta
será desnecessária quando estiver sendo feita por um dos interlocutores que grava a
conversa; quando a filmagem é realizada na via pública, visto que não há domicílio,
intimidade ou privacidade colocada em risco; e quando a filmagem é realizada no
imóvel por uma pessoa que habita o imóvel, pois não há falar em violação de domicílio.

Ação controlada: art. 8. Também é chamada de entrega controlada/vigiada


limpa, suja e interdição. Há a situação de flagrante
prorrogado/retardado/diferido/postergado. A autoridade escolhe o melhor momento para
interceptar a ação criminosa, objetivando a colheita do maior número de informações
possível, bem como de coautores ou partícipes do crime. Deve existir investigação
formal já instaurada. Exige comunicação prévia ao juízo que, se for o caso, estabelecerá
limites e comunicará o MP. Autoridade policial elabora, ao final, auto circunstanciado.
Agente infiltrado: (art. 10) agentes de polícia, com identidades falsas, infiltram-
se na organização para conhecer a estrutura, divisão de tarefas, hierarquia interna. É
técnica subsidiária. Prazo de até 6 meses, sem prejuízo de eventuais renovações.
Execução da medida é privativa de servidores das carreiras policiais, incluindo a Polícia
Militar, uma vez que o art. 10 menciona somente agentes de polícia. Findo o prazo
previsto no parágrafo 3º, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz
competente. No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos
seus agentes, e o MP poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de
infiltração. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente
infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

Agente infiltrado virtual (art. 10-A): destina-se a investigar crimes praticados


pela internet (crimes propriamente digitais ou crimes acidentalmente criminais). Agente
cria uma falsa identidade virtual e se insere em meio a um grupo de pessoas, como em
redes sociais fechadas, com pseudônimos e códigos, para obter informações úteis à
persecução. Exige os requisitos da infiltração comum.

Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais


constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou
comerciais – art. 15. Não é interceptação. Admite acesso direto pela autoridade policial
e do MP, independentemente de autorização judicial. Entende-se como dados cadastrais:
nome; números de RG, CPF e telefone; estado civil, naturalidade, profissão, endereços
etc (não possuem natureza sigilosa). ----- Ler junto com o art. 13-A do CPP.

Whistleblower – reportante do bem (Lei 13.608/2018). Características


principais conhece o esquema (não participa do esquema, por isso não é colaborador
premiado, não é partícipe ---- assopra o apito para que todos tomem alerta da situação
ilícita que está ocorrendo) e recompensas vultosas (leva o que conhece em razão das
recompensas). --- Não está na Lei de Orcrim.
LEI MARIA DA PENHA

Os direitos das mulheres no contexto internacional.

Art. 226, parág. 8, CF. Convenção para a Eliminação de todas as formas de


discriminação da Mulher – 1979. Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada
em Viena (1990), com a Declaração contra a Violência à Mulher. Decreto nº4316/02.
Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena (1993). IV Conferência
Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing (1995). Resolução 48/104 – Declaração
sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher. Convenção para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra as mulheres, “Convenção de Belém do Pará” – Decreto
1973/1996.

Lei Maria da Penha – Disposições preliminares

Lei cria um estatuto jurídico autônomo, com fundamento legal nos direitos
humanos, com mecanismos específicos e apropriados de proteção e de assistência, e
com uma jurisdição especial para o tratamento dos delitos.

Art. 1º - objetivo da lei, a criação dos Juizados de Violência Doméstica e sobre


as medidas de assistência e proteção às mulheres.

Art. 2º - princípio da não discriminação para o gozo dos direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana.

Essa proteção se limita à identidade sexual ou engloba a identidade de gênero?


Isto é, aquela cujo sexo biológico (masculino) não corresponde à identidade de gênero
(Feminino)? Vítimas transexuais que se reconhecem e agem como mulheres são
protegidas pela Lei Maria da Penha.

Art. 3º - Vida sem violência.

Art. 4º - Caráter integrativo e sistemático que deve permear a interpretação da


lei.
Reforça o entendimento de que a lei não se aplica aos homens. Sujeito ativo:
qualquer pessoa que tenha vínculo doméstico... Sujeito passivo: mulher.

Art. 5º - conceito fundamental de violência doméstica.

Empregada doméstica também é protegida pela Lei.

Na hipótese de a mulher descobrir que o marido tem uma amante e passar a


ameaça-la, perturbar a tranquilidade ou até mesmo agredi-la fisicamente. Quem é o
competente para julgar: vara comum ou juizado de violência doméstica? Vara Comum.
Essa relação entre amante e a esposa não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art.
5º da Lei.

Art. 7º - formas de violência doméstica. Enumeração exemplificativa. Violência


doméstica: requisitos dos arts. 5º e 6º.

A mulher que sofre violência psicológica é vítima de qual crime? A Lei 11340
não criminalizou a violência psicológica. Mesmo não havendo um tipo penal específico,
a essa mulher são estabelecidas medidas protetivas da lei. Dependendo da situação pode
ser verificado crime.

Art. 8º - exemplos de direitos sociais a mulher: COPEVID, DEAM’S.

A mulher em situação de violência doméstica só pode registrar ocorrência


policial nessas delegacias especializadas? Não. O registro pode ser feito em qualquer
delegacia.

Art. 9º - assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar.


Manutenção do vínculo trabalhista da mulher em situação de violência, quando
necessário o afastamento do local de trabalho, por até 6 meses.

Na hipótese da interrupção do trabalho a mulher terá direito à salário,


considerando que a LMP garantiu apenas a manutenção do vínculo trabalhista? E, se
sim, quem arcará esse ônus? Quem mantém o salário é o INSS apresentada
comprovação, na forma do auxílio doença. O empregador é responsável pelos 15
primeiros dias.

Destaques:

a. Encaminhamento da mulher à assistência judiciária.


b. Ressarcimento pelo agressor dos danos causados, inclusive ao SUS.
c. Ressarcimento pelo agressor dos dispositivos de segurança
disponibilizados para o monitoramento das mulheres.
d. Esses ressarcimentos não podem importar ônus no patrimônio da
mulher.
e. Prioridade de matrícula ou transferência dos filhos.

Art. 10- Medidas devam ser tomadas mesmo na iminência da ocorrência ou


prática de violência doméstica ou familiar.

Art. 10-A – Direito a atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e


prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino.

Vincula diretrizes e cuidados que deverão ser adotados para a inquirição da


vítima e das testemunhas.

Art. 12-A.

Art. 13- Estatuto do Idoso e do ECA. Regras de sigilo processual do ECA (art.
143), combinadas com as do CPP (art. 792, parágrafo 1º) e CPC. Direito de preferência
disposto no EI (art. 71) na tramitação dos processos, tanto cíveis quanto criminais, já
que o art. 33 da LMP só estabelece prioridade para as avaras criminais.

Quem é competente para julgar as causas de violência doméstica envolvendo


crianças e adolescentes do sexo feminino, bem como idosas? Juizado de Violência
Doméstica. --- Não se aplica a Lei 9099.

ADC 19 e ADI 4424.

Não fere o princípio da igualdade.

O crime de lesão corporal, cometida contra a mulher em contexto de violência


doméstica, é crime de ação penal incondicionada.

Se o homem for vítima de violência doméstica, qual será sua proteção? Não se
aplica a LMP, mas o crime de lesão não é mais de menor potencial ofensivo. Não se
aplica a Lei 9099. Tem o direito de pedir o afastamento do agressor/da agressora do lar.
Tem direito a audiência para pedir reparação. Nos crimes de menor potencial ofensivo
pode ser utilizada a Lei 9099.
Existem medidas cautelares em favor do homem? Sim.

Art. 14 e art. 14-A – competência: juízo cível e criminal.

DF – Lei 11.697/2008 (art. 17, parágrafos 3º e 4º).

Horário noturno: NUPLA.

Crimes de feminicídios: no DF é o Tribunal do Júri.

Art. 16- audiência de retratação. Requisitos: crime de ação penal pública


condicionada e que a vítima tenha se manifestado, voluntariamente, pela renúncia.
(Lesão corporal é pública incondicionada!)

Crimes de ação penal privada dependem da audiência de retratação? Não. Art.


38 do CPP.

Momento da retratação: até o recebimento da denúncia pelo juiz. -----Antes do


recebimento, depois de recebida a denúncia a responsabilidade estatal estará firmada.
(Diferente do CPP – a renúncia ocorre até o oferecimento da denúncia, no CPP. Na
LMP o MP pode oferecer a denúncia e, desde que o juiz não tenha recebido, pode ser
pedida retratação.)

Art. 17- Proíbe para estes crimes o pagamento de cestas básicas, prestação
pecuniária ou pagamento isolado de multa.

Medidas protetivas de urgência: arts. 18 a 21 – procedimentos que devem ser realizados


para garantir a proteção contra risco iminente à integridade da mulher e familiares.

Decisão em 48 h. (48h para encaminhar ao juizado. Mais 48 horas para o juiz


decidir)

MPU aplicadas isolada ou cumulativamente, substituídas a qualquer tempo.

Quem pode requerer? A ofendida, via delegacia ou diretamente, e o MP.

O juiz pode determinar medida protetiva de ofício? Na fase de inquérito, não. No


processo, sim, o juiz pode determinar de ofício.

As medidas protetivas devem ser mantidas enquanto necessário.


Art. 20 c/c art. 311 do CPP. – RHC 115498/2019. É necessário requerimento do
MP para conversão da prisão em flagrante em preventiva.

Art. 21- notificação da ofendida quanto ao agressor. O Juizado faz essa


notificação.

Medidas protetivas de urgência que obrigam o ofensor – art. 22 (rol não exaustivo).

Finalidade das MPU – proteger direitos fundamentais. Não são,


necessariamente, preparatórias de ação judicial e não visam processos, mas pessoas.

A decisão deve ser fundamentada (Art. 93, IX, CF).

Cabe HC para se pleitear a revogação de medidas protetivas previstas no art. 22


da Lei 11340? O STJ considera cabível HC para apurar eventual ilegalidade na medida
de urgência.

As MPUs não são medidas de natureza cautelar das ações principais de violência
doméstica, mas são ações autônomas que independem de processo principal. --- É
possível apenas medidas protetivas, não é necessária abertura de inquérito ou crime.
Não é necessária presença de crime. Basta a ocorrência de alguma das violências
elencadas no art. 7º.

O STJ assemelhou MPUs com writs constitucionais. (HC 340624)

Decisão proferida em processo criminal que fixa alimentos provisórios em favor


da companheira e da filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui título
hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimplemento, passível de decretação de
prisão civil. *RHC 100.446)

Competência da Justiça Federal – crime de ameaça contra a mulher cometido,


por meio de rede social de grande alcance, quando iniciado no estrangeiro e o seu
resultado ocorrer no Brasil (CC 150712-SP).

A extinção de MPU não afasta a competência do Juizado de Violência


Doméstica para julgar ação de divórcio. (REsp 1496030)

Medidas protetivas de urgência à ofendida (arts. 23 e 24).


Crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência – art. 24-A.

A Lei 13641 tornou crime a conduta de descumprimento das MPU, com pena de
3 meses a 2 anos de detençõa.

Descumprida alguma das medidas impostas (dos arts. 22, 23 e 24), perfeitamente
possível a prisão por este delito, desde que o ofensor tenha sido devidamente intimado
da MPU.

Anteriormente a esta lei o STJ entendia que não havia crime.

Possível a prisão em flagrante, mas somente o juiz poderá conceder a fiança.

É possível a imposição de outras medidas (que não a prisão), mesmo ocorrendo


o descumprimento da MPU? Sim, é possível a incidência de outras cautelares. Se
insuficiente para a ordem pública, necessária prisão. (RHC 110.038/RJ)

Atuação do Ministério Público:

Atribuições ministeriais, segundo a LMP – requerer medidas protetivas em favor


das vítimas (art. 19). Por esse motivo pode o MP, por ex. requerer MPU contra a
vontade da ofendida? Sim.

Ministério Público: parte (como órgão agente) – art. 6º, VII, c, da LC 75/93, e
art. 25, IV, da Lei 8625/93. Fiscal da lei (como órgão interveniente).

O MP pode atuar como parte (substituto processual) na defesa de direito


individual indisponível da mulher em situação de violência doméstica? Sim. Deve
postular direito individual da mulher em situação em violência doméstica, com sede na
CF, no Estatuto do Idoso e do ECA. Mas depende da questão – ela é de rigor quando a
situação de vulnerabilidade da pessoa a impede de buscar seus direitos individuais
indisponíveis.

O MP tem legitimidade para requerer alimentos em benefício da mulher que


sofre violência doméstica, mas que afirma não o desejar? O alimento pode ser um
direito irrenunciável, mas também pode ser renunciável. A depender da situação, o MP
pode pleitear ou não.
O art. 25 criou mais uma necessidade de intervenção ministerial obrigatória: nas
causas cíveis decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. ----
Intervenção ministério obrigatória.

Danos morais à mulher que sofre violência. É preciso que o MP tenha feito
pedido expresso na denúncia!!!!! E ratificado nas alegações finais!!

O art. 26, III, determina ao MP o cadastramento da violência doméstica.


Cadastramento significa a formação de uma base de dados, um mapeamento. – Art. 8,
II, e art. 38.

Vitimização secundária: - art. 27.

Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, existe a necessidade de a vítima


estar acompanhada de advogado/a, com exceção dos pedidos de MPU, previstos no art.
19 da LMP.

E na hipótese de audiência em que a vítima esteja desacompanhada de assistente


técnico pode o agressor arguir nulidade, sob a alegação de que à vítima era dado o
direito ao silêncio? (AgRg no REsp 1753468/AM). Não pode alegar, pois diz respeito a
uma formalidade cuja observância só a parte contrária seria permitido. A decisão não
entra em detalhes sobre quem seria a parte contrária, mas ressalta que o réu não poderia
arguir essa nulidade.

Equipe de atendimento multidisciplinar – arts. 29 a 32.

Arts. 29 e 30 – exigência imprescindível – equipes de atendimento


multidisciplinar: psicossocial (psicólogas e assistentes sociais), jurídico (advogados) e
de saúde (médicos ou médicas e enfermeiras).

Art. 31- avaliação de experts.

Art. 32 – art. 99, parágrafos 1º e 2º, incisos I e II, da CF.

Disposições transitórias e finais (arts. 33 a 45)


Art. 38-A. BNMPU - Banco nacional de dados das medidas protetivas de
urgência. CNJ – Res. 342/2020.

Art. 39 – Dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para


a implementação das medidas estipuladas na Lei Maria da Penha.

Art. 41 – Explicitamente afasta a aplicação da Lei 9099/99. E porque houve a


necessidade deste afastamento?

Art. 42 – alterações do CP e do CPP.

Art. 313 do CPP – autorizativo para prisão nas hipóteses de penas baixas. --- crimes que
envolvem violência doméstica.

Art. 61 do CP – alterado para acrescentar circunstância agravante. –

“Um ofensor é condenado pelo crime de ameaça em contexto de violência doméstica. O


juiz sentenciante utilizando o art. 17 da LMP não permite a aplicação de pena
pecuniária ou pagamento de cestas básicas e ainda agrava a pena pela circunstância
descrita no art. 61, II, f, do CP. Podemos dizer que neste caso há incidência do bis in
idem? (AgRg no AgRg no HC 559.162/SC, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta
Turma, julgado em 09/03/2021) ---- Não há bis in idem, pois o art. 17 visa coibir o ato
de violência e o art. 61 visa apenar o ato já praticado. (Pesquisar !!!)

Art. 129, parágrafo 9º - circunstância agravante – não se aplica a agravante do art. 61,
pois a agravante e a qualificadora são as mesmas. (TJDFT - Acórdão 1317156,
00040098920178070017, Relator JJ Costa Carvalho, 1ª Turma Criminal, data de
julgamento 11/02/2021).

Art. 45- Alteração do art. 152 da Lei de Execução Criminal. – Comparecimento


obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. A determinação
ocorre pelo juiz sentenciante.

Lei 14.022/2020 – Medidas de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a


mulher. ---- Enquanto perdurar a pandemia os prazos processuais, a concessão de
medidas protetivas, a apreciação de matérias, o atendimento às partes, que digam
respeito a violência doméstica, idosos, pessoas com deficiência, serão mantidas sem
suspensão. (LER!!)

Hoje é possível fazer pedido de medida protetiva por meio eletrônico, que é
encaminhado ao juiz.

Militar da ativa que comete violência doméstica contra a mulher militar dentro da
residência. Quem é competente? Justiça comum ou justiça militar? (CC 170.201/PI, Rel.
Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 11/03/2020) – Depende. Se
a residência for em área militar, em vilas militares, a competência será da Justiça
Militar. É crime militar, na forma do art. 9 do CPM. Se os delitos forem perpetrados em
lugar que não está sujeito a administração militar, por ex. a residência do casal
particular, que não está dentro da esfera militar, o feito deve tramitar perante a Justiça
Comum.

A vítima é devidamente intimada para comparecer em juízo e não o faz, pois não tem
mais interesse em processar criminalmente o companheiro. Cabe condução coercitiva?
(AgRg no HC 506814/SP, Rel. Ministro Rogerio Schietii Cruz) ---- Para o STJ é
possível, considerando se tratar de crime de ação penal pública incondicionada. ---
Exceto para audiência de retratação, pois é direito da mulher dar ou não continuidade a
retratação. Na sua ausência, a retratação não ocorre – desistiu da retratação.

O recurso das sentenças dos Juizados de Violência Doméstica: turma criminal (e não
turma recursal).

Súmulas STJ – 536; 542; 588; 589; 600.

Feminicídio X femicídio --- femicídio é atribuído a uma autora que utilizou o termo
para se referir a morte de mulheres, em contraponto ao homicídio que se referia a morte
de homens. Foi concebido como um contraposto ao homicídio (não há crime de
homicídio para a mulher, mas femicídio). Já o feminicídio foi cunhado, a partir do
termo femicídio, para afirmar que o feminicídio decorre da negligência e conivência do
Estado, razão pela qual é um crime de estado. Ela introduz um caráter político ao
conceito (assassinato de mulheres pautado em razões de gênero, num contexto de
negligência do Estado).

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