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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

1 Princípios básicos. Crime e Contravenção Penal.


2 Aplicação da lei penal.
2.1 A lei penal no tempo e no espaço.
2.2 Tempo e lugar do crime.
2.3 Lei penal excepcional, especial e temporária.
2.4 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal.
2.5 Pena cumprida no estrangeiro.
2.6 Eficácia da sentença estrangeira.
2.7 Contagem de prazo.
2.8 Frações não computáveis da pena.
2.9 Interpretação da lei penal.
2.10 Analogia.
2.11 Irretroatividade da lei penal.
2.12 Conflito aparente de normas penais.
3 O fato típico e seus elementos. Tipicidade e causas de exclusão.
3.1 Crime consumado e tentado.
3.2 Pena da tentativa.
3.3Concurso de crimes.
3.4 Ilicitude e causas de exclusão.
3.5 Excesso punível.
3.6 Culpabilidade.
3.6.1Elementos e causas de exclusão.
4 Imputabilidade penal.
5 Concurso de pessoas.
6 Crimes contra a pessoa.
7 Crimes contra o patrimônio.
8 Crimes contra a dignidade sexual.
9 Crimes contra a fé pública.
10 Crimes contra a administração pública. Crimes contra a administração da Justiça.
11 Leis:
 Delitos hediondos (Lei nº 8.072/1990)
 Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/1965).
 Lei de Tortura (Lei nº 9.455/1997).
 Dos Crimes no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990).
 Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003).
 Crimes contra o Meio Ambiente (Lei nº 9.605/1998).
 Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).
 Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006).
 Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/1998 e suas alterações).
 12 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal.
1. Só lei pode criar crime ou pena. É o princípio da legalidade penal, ou, que no
direito penal, coincide com o princípio da reserva legal. Reserva legal porque
esse assunto (criar crimes e penas) está reservado para as leis. É um assunto
pertencente (reservado) a lei. Para ter um crime, não basta ter uma lei. Essa lei
tem que ser prévia a conduta, Se lei anterior não definir um fato como crime,
não haverá crime. É o princípio da anterioridade penal.
2. Princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica: Parágrafo único. A lei
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado
3. Proporcionalidade é a avaliação da adequação, da necessidade e da estrita
proporcionalidade de alguma previsão ou medida.
4. Individualização da pena está ligada à necessária consideração das
características do condenado e do fato na dosimetria. É um mandamento
previsto na Constituição:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:

a) Privação ou restrição da liberdade;


b) Perda de bens;
c) Multa;
d) Prestação social alternativa;
e) Suspensão ou interdição de direitos.

5. Imputabilidade penal é um PRESSUPOSTO para existência de CULPABILIDADE.


Deste modo, não haverá culpabilidade quando o agente não for imputável,
visto que o agente não era capaz de entender a ilicitude de sua conduta. Assim,
o inimputável é a pessoa que não pode ser imputável (acusável,
responsabilizado) por determinada conduta. É o caso da menoridade, do
desenvolvimento mental incompleto ou retardado e da embriaguez completa
acidental. No entanto, os inimputáveis se submetem a medida de proteção ou
socioeducativa
6. Apresenta-se como causa excludente da ilicitude:
I- em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Assim, é hipótese de exclusão de antijuridicidade o estrito cumprimento do dever legal
7. Trata-se do dever legal, relativo às pessoas que, por lei, têm a obrigação de
impedir o resultado. É o que se dá com os pais em relação aos filhos, bem como
com os policiais no tocante aos indivíduos em geral.
8. No caso da coação física irresistível, ela exclui a própria conduta, pois não há
DOLO, não há CULPA, o agente foi FISICAMENTE compelido a fazer algo. Deste
modo, não havendo dolo ou culpa, não há conduta penalmente relevante, não
há crime. Assim, se o fato é cometido sob coação moral irresistível ou em
estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
9. SUJEITO ATIVO é aquele comete o crime, ou seja, a pessoa que pratica a
conduta criminosa. Nesse contexto, apenas pessoas (físicas ou jurídicas) podem
ser sujeitos ativos de crimes. Por outro lado, realmente, os animais e as coisas
inanimadas pode ser o OBJETO MATERIAL do crime (do furto, do roubo, dos
maus-tratos, etc).
10. Legítima defesa - Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.
11. O CRIME SIMPLES “é aquele que se amolda em um único tipo penal” (Cleber
Masson in Direito Penal Esquematizado).
O CRIME COMPLEXO é aquele que resultado a junção de dois tipos penais. Por
exemplo, ROUBO = FURTO + AMEAÇA.
Assim, denomina-se crime complexo o que é formado pela fusão de dois ou
mais tipos legais de crime.
12. Trata-se do princípio da irretroatividade da lei penal gravosa - Art. 5º (...) XL -
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
13. Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
14. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Ex.: Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em
razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar
todas as precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o
que acabou ocasionando dano à integridade física de uma pessoa.
A omissão de Antônio é penalmente relevante porque foi esse comportamento
que criou o risco de ocorrência do resultado danoso à integridade física.
15. Isenção e redução de pena:
 ISENÇÃO DE PENA: doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado + inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
 REDUÇÃO DE PENA: perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado + não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
16. Estado de necessidade - O ESTADO DE NECESSIDADE requer um PERIGO ATUAL
NÃO PROVOCADO e INEVITÁVEL, sendo objetivo do agente SALVAR DIREITO
PRÓPRIO OU ALHEIO CUJO SACRIFÍCIO NÃO ERA RAZOÁVEL EXIGIR. Art. 24 -
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se. A inexistência de outro meio para evitar o perigo é requisito
indispensável para o reconhecimento do estado de necessidade
17. Ocorre o estado de necessidade agressivo quando a conduta do agente
sacrifica bens de pessoa não responsável pela situação de perigo.
18. Crime de atentado ou de empreendimento: tipo penal prevê como crime o
simples ATENTADO, a simples TENTATIVA.
Classificação quanto ao resultado do crime:
 TENTATIVA CRUENTE (CRUENTA vem de CRU, de SANGUE) a vítima é
atingida (“há sangue”).
 TENTATIVA INCRUENTA o agente não consegue atingir a vítima.
Classificação quanto a possibilidade do resultado:
 TENTATIVA IDÔNEA, o resultado é alcançável, e só não se consuma por
circunstâncias alheias a vontade do agente.
 TENTATIVA INIDÔNEA (CRIME IMPOSSÍVEL) é aquela em que por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar‐se o crime (o fato é atípico).
Classificação quanto ao caminho do crime:
 TENTATIVA INACABADA OU IMPERFEITA, o agente INICIA a execução,
mas é impedido de prosseguir por circunstâncias alheias;
 TENTATIVA ACABADA ou PERFEITA ou CRIME FALHO, o agente termina
os atos executórios, mas crime não consuma também por circunstâncias
alheias a sua vontade.
Quanto mais próximo da consumação, menor será a redução de pena da
tentativa: A definição do percentual da redução da pena observará apenas o
iter criminis percorrido, ou seja, tanto maior será a diminuição quanto mais
distante ficar o agente da consumação, bem como tanto menor será a
diminuição quanto mais se aproximar o agente da consumação do delito (STF).
NÃO ADMITEM TENTATIVA:

 CRIME CULPOSO
 CRIME PRETERDOLOSO
 CRIME OMISSIVO PRÓPRIO
Até existe tentativa de CONTRAVENÇÕES PENAIS, porém, por determinação
legal expressa, ela não é punível.
19. Veja que o crime é DOLOSO (fez porque quis!) em dois casos:
 Quando o agente quis o resultado – é o DOLO DIRETO;
 Quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado – é o DOLO
EVENTUAL.
20. Há três modalidades de culpa:
 A Negligência é uma omissão, uma ausência de precaução em relação
ao ato realizado.
 A imprudência é o comportamento doloso realizado com precipitação
ou insensatez.
 A Imperícia é a falta de aptidão para a profissão, por exemplo.
21. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente
22. Dolo e dosagem da pena – a quantidade da pena abstratamente cominada no
tipo não varia de acordo com a espécie de dolo. Contudo, o juiz deverá levá-la
em consideração no momento da dosimetria penal.
23. Autor do crime: é aquele que tem o domínio do fato, ou seja, que tem o
controle do acontecimento típico e doloso, dominando a realização do tipo do
injusto e executando- a.
24. Coautor: é aquele que detém o domínio do fato e que, em conformidade com
um planejamento delitivo, presta contribuição independente, essencial à
pratica da infração penal. Entretanto, não atua obrigatoriamente em sua
execução. Na coautoria, o domínio de fato é de várias pessoas, com respectivas
divisões de funções.
25. Partícipe: Por fim, entende-se por participação a colaboração dolosa em fato
alheio, sem o domínio do fato. Portanto, a participação é acessória ou
dependente de um fato principal, no qual os partícipes não exercem controle
sobre a sua efetivação. As condutas do partícipe podem ser: induzir, fazer
nascer a vontade de executar o crime em outrem; instigar, que é reforçar ou
motivar a ideia do crime; e auxiliar, que é a contribuição material, o
empréstimo de instrumentos para o crime ou qualquer forma de ajuda que não
caracterize de forma essencial a execução do delito.
26. Pela teoria tripartida, a caracterização de um CRIME depende a ocorrência de
FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO e CULPÁVEL.
A configuração do FATO TÍPICO depende de alguns elementos:
 CONDUTA (ação ou omissão) - item II é elemento do fato típico.
 TIPICIDADE - item V é elemento do fato típico.
 RESULTADO - item I é elemento do fato típico.
 NEXO CAUSAL - item IV é elemento do fato típico.
Assim, fato típico é o comportamento humano (CONDUTA) que provoca (NEXO
CAUSAL), em regra, um resultado (RESULTADO), e é previsto como infração
penal (TIPICIDADE).
27. ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei.
Se o ERRO DE TIPO era INEVITÁVEL (invencível), haverá também a exclusão da
CULPA (por isso esse erro também é chamado de DESCULPÁVEL ou
ESCUSÁVEL). No entanto, se o ERRO DE TIPO era EVITÁVEL (vencível), o agente
poderá ser punido por CULPA (por isso esse erro também é chamado de
INDESCULPÁVEL ou INESCUSÁVEL). Ressalta-se apenas que haverá crime se
prevista punição para a modalidade culposa.

28. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO: 20 - (…) Erro determinado por terceiro §
2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Nesses casos, o terceiro (por dolo ou culpa) leva o agente ao ERRO.
Em outras palavras, o agente comete o crime devido a um erro, mas esse erro
foi determinado (induzido) por um terceiro.
29. ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Como explicado, no erro de tipo essencial, o ERRO do agente recai sobre um
elemento ESSENCIAL do TIPO PENAL (uma ELEMENTAR do tipo penal).
Já no erro de tipo ACIDENTAL, o ERRO o agente recai sobre um elemento
acessório (que não é elementar do tipo penal). Nesses casos, não há exclusão
de dolo.
 Aberratio criminis: ocorre quando, ao invés de acertar o bem jurídico
desejado, por ERRO, o agente atinge outro bem jurídico. Assim, a
aberratio delicti é uma das hipóteses de resultado diverso do
pretendido, no qual o agente por inabilidade ou acidente atinge bem
jurídico diverso do pretendido.

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