Direito Civil - Coisas

PROFESSORA VIVIANE BERNARDES

Direitos
Reais

ART 1225 CC
• O direito real mais importante é a propriedade. Também o direito mais completo.

• Confere ao titular os poderes de usar, gozar e dispor da coisa, assim como de reavê-la
do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. (ART 1228CC)
• Os demais direitos reais do ART. 1225 resultam do desmembramento do direito de
propriedade.
 Classificação

• Venosa: Obedece a possibilidade dos desdobramentos da titularidade do direito real.

• a) Direitos reais sobre coisa alheia: Usufruto, habitação, uso, servidões, hipoteca, penhor,
anticrese.
• a.1) Direitos de gozo
• a.2) Direitos de Garantia

• b) Direitos reais sobre a própria coisa: propriedade, condomínio, propriedade horizontal.

 Distinção entre propriedade e domínio

• Domínio: provém do vocábulo latino dominium que significa senhor. O domínio é parte
da propriedade.
• Propriedade: refere-se a todos os direitos suscetíveis de apreciação pecuniária.

• A propriedade compreenderia o domínio, que é um direito de propriedade sobre

coisas.
• OBS: Cristiano Chaves • Noções autônomas e
complementares.
• “ A propriedade é um direito
complexo que se instrumentaliza pelo • Propriedade consiste na titularidade
domínio. Este, como substância do bem, já o domínio se refere ao
econômica da propriedade, conteúdo interno da propriedade.
possibilita ao seu titular o seu
exercício de um feixe de atributos
consubstanciados nas faculdades de
usar gozar, dispor e reivindicar a
coisa que lhe serve de objeto.”
OBS2: A propriedade não é um retrato material do imóvel com
as características físicas, mas a feição econômica e jurídica que a
representa formalmente, dotando o proprietário de uma
situação ativa que lhe permita o trânsito jurídico de titularidade
e a proteção plena do aparato jurisdicional.
 Propriedade

Relação jurídica complexa formada entre o titular do bem e a coletividade de pessoas.

 Domínio

Situação material de submissão direta e imediata da coisa ao poder do seu titular,

mediante o senhorio, pelo exercício das faculdades de uso, gozo e disposição.

Quanto à natureza de seu conteúdo, o domínio é um direito

real que se exerce através da posse.
OBS: Propriedade Plena - direito de
propriedade e todos os poderes do
domínio se concentra na mesma pessoa.
 Aquisição dos direitos reais

• móvel - tradição (art. 1226 cc)

• imóvel - registro do título (art. 1227 cc)

OBS: “É com a tradição, pois, que o direito pessoal, que foi criado pelo contrato, ganha
foro de direito real. Presumisse, com a sua valorização, que este se torna socialmente
conhecido.”

OBS2: O CC não define propriedade, diz o que é ser proprietário.

 Propriedade
Conceito:

• “Constitui o direito de propriedade; o mais importante e o mais sólido de todos os

direitos subjetivos; o direito real por excelência; o eixo em torno do qual gravita o
direito das coisas.“ Washington de Barros Monteiro.
• art. 1228 - enuncia os poderes do proprietário.
 Elementos constitutivos da propriedade:

• A) Direito de usar: (jus utendi) - consiste na faculdade de o dono servi-se da coisa e de

utilizá-la da maneira que entender mais conveniente, sem no entanto alterar a substância.
• OBS: a utilização deve ser feita porém dentro dos limites legais e de acordo com a função
social da propriedade.
• B) Direito de gozar ou usufruir: (jus fruendi) - É o poder de perceber os frutos da coisa e de
aproveitar economicamente o seus produtos.
• C) Direito de dispor da coisa: (jus abutendi) - consiste no poder de transferir a coisa, de
gravá-la de ônus e de aliená-la a outrem a qualquer título.
• D) Direito de reaver a coisa: poder de reivindicar a coisa das mãos de quem injustamente a
possua ou detenha.
Ação reivindicatória

• Proprietário não possuidor X possuidor

não proprietário
a) Pressuposto de admissibilidade:
• Titularidade do domínio, pelo autor,
da área reivindicada;
• Individuação da coisa;
• Posse injusta do réu;
b) Natureza jurídica: é ação real.
c) Prazo: a pretensão reivindicatória é
imprescindível.
d) Objeto: todos os bens que são
objeto de propriedade, ou seja, todas
as coisas corpóreas que se acham no
comércio, sejam móveis ou imóveis.
OBS: Sendo uma ação real imobiliária, é indispensável
a outorga uxória para seu ajuizamento, bem como a
citação de ambos os cônjuges, se o réu for casado.
 OBS: Função Social

Art. 5°: traz a função social.

• 1228 CC

• Destinação econômica da coisa

• Não viola as leis ambientais

• Não viola a flora, fauna, leis trabalhistas ou patrimônio artístico e cultural

❖ Conceito abrangente - Cláusula Geral.

 Propriedade
Classificação

Propriedade material:
ELEMENTO INTERNO
|
DOMÍNIO
|
USAR, GOZAR E DISPOR
|
ELEMENTO EXTERNO
|
SEQUELA
|
AÇÃO REIVINDICATÓRIA
Propriedade formal:
• Imóvel

• Instrumento da propriedade
(documentos)
API = T(C) + M(R)
• O Brasil adota o sistema Registral aquisição da modo (registro )
título (causa)
(além do título aquisitivo de propriedade
propriedade é necessário o registro) imóvel

• Adota o modelo romano.

Propriedade plena:
• Alodial
Propriedade resolúvel:
• A concentração de todos os elementos. • Limitada no tempo

• Está vinculada a um termo ou condição

Propriedade limitada: resolutiva

• Fruto da autonomia da vontade das
• Restrita partes

• Desmembramento do domínio • Efeitos extremos

• EX: alienação judiciária em garantia,

propriedade superficiária, retrovenda
Propriedade revogável:

• Limitada no tempo • Prevista em lei

• Evento futuro e superveniente • Efeitos ex nunc

• EX: Revogação da doação

 Extensão do direito real de propriedade:

• Abrange o espaço aéreo e subsolo correspondente a uma altura e propriedade úteis

• Presume-se propriedade dos bens móveis - princípio da gravitação jurídica.

Aquisição da propriedade
imóvel
 Originária

• Aquisição da propriedade móvel

originária é feita por meio de:
• Acessão

- Natural ou artificial

• Usucapião
ACESSÃO:
Acessão Natural
Decorre das forças da natureza. É
uma coisa acessória, sendo algo
menor, e em virtude de uma força
natural, passa a aderir a coisa
principal, formando algo novo.
1] Formação de Ilhas - art. 1249 do
cc/02
2] Aluvião - art. 1250 do cc/02
3] Avulsão - Única modalidade
que enseja responsabilidade civil
- indenização. Art. 1251 do cc/02
4] Álveo abandonado - art. 1252
do cc/02.
Dentre as modalidades de acessão natural, a
única que gerará direito de indenização, e
resultará em responsabilidade civil objetiva,
independentemente de culpa ou dolo, é a
avulsão.
 Em relação a aluvião, o acontecimento será lento,
imperceptível, sucessivo.
Em relação a avulsão , o acontecimento será violento,
repentino.
Observe o esquema:

A B
LEITO DO RIO ILHA

——————— MEDIANA —————————— ——————————————————

C
• Álveo é o leito de um rio. Ao dividir o leito
do rio pela metade, tem-se a mediana.
• No esquema existem as propriedades
ribeirinhas de A, B e C e a atribuição de
titularidade das ilhas (em vermelho),
formadas por forças da natureza, é
determinada pela testada (limite que se
estabelece entre cada bloco de terra e a
mediana) de cada proprietário.
• Álveo abandonado: quando ocorre do leito
de um rio secar, para determinar a
titularidade da propriedade, é aplicado ao
mesmo esquema que determina a
titularidade na formação de ilhas.
• Aluvião própria ou positiva: São
acréscimos, pedaços de terra que vão se
unido em decorrência do movimento das
águas, de forma lenta, imperceptível e
sucessiva, formando uma nova propriedade.
A titularidade da sua nova propriedade é
determinada de acordo com a testada de
cada proprietário.
• Aluvião imprópria ou negativa: é quando
há o ressecamento parcial do álveo.
• Avulsão: desprendimento violento e
repentino de uma porção considerável de
terra de uma propriedade ribeirinha em
direção a outra.
 A solução jurídica para a questão de perda de porção considerável de
terra é pleitear o retorno da mesma, mediante utilização de técnicas de
outras ciências, ou indenização. Tal reação deverá sempre obedecer o
prazo decadencial de um ano, sob pena da perda do direito.
ACESSÃO ARTIFICIAL
Construções e plantações - artigos 1253
- 1259 do CC/02
Se um sujeito planta ou constrói em solo
próprio ou alheio, utilizando sementes
ou materiais próprios, a coisa acessória
pertence ao titular do solo, em nome do
princípio da gravitação jurídica. Tal
sujeito perderá as acessões
(construções ou plantações) para o dono
da coisa principal. Sendo de boa-fé,
caberá indenização pelo valor das
acessões.
ACESSÃO INVERSA
Se um sujeito planta ou constrói em solo
alheio, caso seja de boa fé, no
entendimento de que tal bem lhe
pertença, e se o bem construído torna-se
mais valioso que o solo alheio em que
foi construído, valorizando assim a coisa
principal, a lei permite que o titular das
acessões pleiteie a aquisição da coisa
principal. Neste caso, excepcionalmente,
a coisa principal acompanha a sorte da
coisa acessória, pois esta passou a ser
mais valiosa que o solo que foi
construída. Quando o ato configura má-
fé não há direito a indenização.
 É a aquisição da propriedade móvel
em virtude de uma posse prolongada

Usucapião no tempo, mais o preenchimento de

alguns requisitos previstos em lei. A
pessoa deixa de ter apenas a posse, e
adquire o direito muito maior, o de
propriedade.
Aquisição de propriedade
móvel
Formas de aquisição da propriedade
móvel: comistão, confusão, adjunção.
Comistão (mistura de substâncias
sólidas), confusão (mistura de
substâncias líquidas) e adjunção
(sobreposição): o tratamento é dado de
forma conjunta pelo Código Civil.
Quando há mistura de substâncias
sólidas e mistura de substâncias
líquidas, pertencentes a titulares
diferentes, não havendo possibilidade
de separação, dissolução de tais
substâncias, impedindo a determinação
de atribuição de tais propriedades
móveis.
Sendo a mistura realizada de boa-fé,
procede-se a divisão da mistura final,
entregando a cada um dos que
contribuíram, na medida de sua
proporção.
Em caso de má-fé, pode se optar por
ficar com toda a mistura, cabendo
indenização, ou então abrir mão da
mistura, cabendo também indenização
em relação a parte que lhe pertencia,
assim como perdas e danos.
 Quando ocorre a confusão (mistura de
substâncias líquidas) o tratamento é o mesmo,
pois depende da boa-fé ou má-fé das pessoas
envolvidas, cabendo indenização ou perdas e
danos.
Um exemplo tradicional da doutrina, quando se
fala em adjunção (sobreposição), é o anel de
ouro com uma pedra diamante, por exemplo,
com itens pertencentes a pessoas diferentes.
ESPECIFICAÇÃO - Artigos 1269 - 1271
do CC/02
É a transformação da matéria prima.
Exemplo: em um curso de desenho,
alunos armazenam suas telas em
branco no ateliê, e estas serão
utilizados de acordo com o andamento
do curso.
Numa atitude de boa fé, um aluno pega
de forma equivocada uma tela em
branco de outro aluno, fazendo nela
uma pintura, provocando assim uma
transformação da matéria-prima.
Sendo de boa fé, a pessoa que pintou
o quadro adquire produto final, a tela
pintada, indenizando o dono da tela em
branco, pelo valor da mesma.
Havendo má-fé, a pessoa poderá
perder o trabalho desenvolvido, a tela
pintada, para o dono da tela em
branco, o material em sua origem.
• TESOURO (ACHADO DO TESOURO) - art.
1264 a 1266 do cc/02
Coisas valiosas ocultados intencionalmente
pelo seu verdadeiro, e desconhecido, dono.
Se encontrados, tais tesouros passa a
pertencer a quem os descobriu, tal pessoa
adquire a propriedade dessas coisas móveis.
EXEMPLO: Se o jardineiro encontrou um
tesouro de forma casual, enquanto trabalha na
casa de outra pessoa, então proprietário do
imóvel, determina a lei que o tesouro
encontrado seja rateado entre o jardineiro (que
o encontrou) e o titular do imóvel.
Se uma pessoa entra em uma propriedade, sem
o consentimento do titular, e encontra um
tesouro, este pertence ao titular da
propriedade.
Se uma pessoa é contratada por alguém para
que encontre algum tesouro em sua
propriedade, tal tesouro pertence ao titular,
pois pagou para que alguém fizesse aquele
serviço.
Não confundir tesouro (achado do tesouro)
com coisas perdidas.
• USUCAPIÃO - art. 1260 a 1262 do cc / Em relação as espécies, há uma redução
02 considerável:

A usucapião uma das formas de Usucapião extraordinária - não exige

aquisição originária tanto da propriedade requisitos específicos e se operam no
imóvel, também da propriedade móvel e prazo de cinco anos.
de outros direitos reais que se
submetem a prescrição aquisitiva.

Os requisitos essenciais (posse mansa Usucapião ordinária - exige justo título e

pacífica, contínua e duradoura, coisa boa fé e se opera em três anos.
hábil, por exemplo) aplicam-se também
na usucapião de bem móvel.
• TRADIÇÃO - art. 1267 e 1268 do cc/
02.
A tradição é a entrega da coisa, uma
forma derivada de aquisição da
propriedade, pois há o fator de
transmissibilidade entre o antigo titular
e o atual.
Quando se faz uma compra e venda,
por exemplo, mediante pagamento, a
pessoa entrega a coisa a quem
comprou. Há a tradição efetiva ou real.
Aplicam-se aqui os modelos de
tradição já estudados.
EXEMPLO: A propriedade de um
automóvel adquirido no momento da
tradição, no momento em que a coisa
é recebida. O registro feito no Detran é
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e fazer a transferência da parte
t r i b u t á r i a . Ta l r e g i s t r o n ã o é
imprescindível para aquisição de tal
propriedade.
• OCUPAÇÃO: art. 1263 do CC/02

É uma forma originária de aquisição da

propriedade móvel, assim como o
usucapião, e consiste na tomada de
posse de uma coisa sem dono (res
nullius) ou coisa abandonada (res
derelicta), com a intenção de se tornar
seu proprietário, respeitando eventuais
legislações especiais.