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HERMENEUTICA E

INTERPRETAÇÃO
DO DIREITO:
INTEGRAÇÃO
PROF. MSC. FERNANDA ARRUDA LEDA LEITE ZENKNER
ADVOGADA OAB/MA 13.560
MESTRA EM DIREITO/UFMA
CONEITO DE INTEGRAÇÃO
 PREECHIMENTO DAS LACUNAS DA LEI; (Lacunas são
vazios ou imperfeições que comprometem a ideia
de completude do sistema jurídico).

 O SISTEMA JURÍDICO É COMPLETO??

 “TUDO O QUE NÃO ESTÁ JURIDICAMENTE PROIBIDO,


ESTÁ JURIDICAMENTE PERMITIDO”.
INTEGRAÇÃO
 SISTEMA JURÍDICO É ABERTO, É UM FENOMENO HISTÓRICO-CULTURAL

 Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.

 O art. 4 da LINDB elenca esses métodos subsidiários da seguinte


forma:
 I) Analogia;
 II) Costumes;
 III) Princípios Gerais do Direito.
Princípio da Vedação ao Non
Liquet (vedação de não julgar).

 INDECLINABILIDADE/INAFASTABALIDADE DA JURISDIÇÃO

 CPC - Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de


lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
 Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos
previstos em lei.
“INCOMPLETUDE” DO SISTEMA
JURÍDICO?
 CONSIDERANDO ABERTO (INCOMPLETO) O SISTEMA JURÍDICO, PODE-SE FALAR EM 3
TIPOS DE LACUNAS:

 1) LACUNA NORMATIVA: QUANDO INEXISTE NORMA REGULAMENTANDO


EXPRESSAMENTE UM DADO CAMPO DA INTERAÇÃO SOCIAL. EX: COMÉRCIO
ELETRÔNICO
 2) LACUNA FÁTICA: QUANDO AS NORMAS PERDEM EFICÁCIA E DEIXAM DE SER
CUMPRIDAS. Ex: capacete, fila de banco, kit de primeiros socorros nos carros.
 3) LACUNA IDEOLOGICA/ VALORATIVA (BOBBIO): QUANDO A NORMA NÃO É
CONSIDERADA JUSTA PELA SOCIEDADE. Ex: tributos
ANALOGIA

 ‘APLICAÇÃO DE UMA REGRA JURÍDICA QUE A LEI ESTABELECE


PARA UM CERTO FATO A UM OUTRO FATO NÃO REGULADO MAS
JURIDICAMENTE SEMELHANTE AO PRIMEITO”

 FUNDAMENTO: FATOS DE IGUAL NATUREZA DEVEM TER IGUAL


REGULAMENTO.

 EX: aplicação das regulações sobre contratos da realidade


concreta previstos no CC para contratos firmados na realidade
virtual, UNIÕES HOMOAFETIVAS.
ANALOGIA
 Analogia Legal: Feita a partir de uma norma supletiva
específica;
 Analogia Jurídica: Feita a partir de um conjunto de normas.

 “Ubi eadem ratio, ibi eadem juris dispositio” (Onde há a


mesma razão deve haver a mesma disposição em direito)

 Exemplos: -aplicar à televisão um preceito legal referente ao


rádio; -aplicar a uma empresa de transportes rodoviários uma
norma relativa às companhias ferroviárias.
ANALOGIA: REQUISITOS

 1º) O CASO DEVE SER ABSOLUTAMENTE NÃO PREVISTO


EM LEI;

 2º) DEVE EXISTIR AO MENOS UM ELEMENTO DE


IDENTIDADE ENTRE O CASO PREVISTO E AQUELE NÃO
PREVISTO;

 3º) A IDENTIDADE ENTRE OS DOIS CASOS DEVE ATENDER


AO ELEMENTO EM VISTA DO QUAL O LEGISLADOR
FORMULOU A REGRA QUE DISCIPLINA O CASO PREVISTO.
ANALOGIA: LIMITES
 NÃO PODE SER APLICADA EM LEIS PENAIS, EXCETO NAS
HIPOTESES QUE BENEFICIEM O RÉU:

 Princípio da Legalidade: "Não há crime sem lei anterior que


o defina. Não há pena sem prévia cominação legal"

 NÃO PODE SER APLICADA EM LEIS TRIBUTÁRIAS, EXCETO NAS


HIPOTESES QUE BENEFICIEM O CONTRIBUINTE
 ART. 108, CTN, : "O emprego da analogia não poderá
resultar na exigência de tributo não previsto em lei"
(Parágrafo 1º).
EQUIDADE
 APLICAÇÃO PRUDENTE PELO JULGADOR DO SEU SENSO DE JUSTIÇA

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou


obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

 EX: SALÁRIO MATERNIDADE PARA HOMEM.


PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO

 SÃO DIRETRIZES ÉTICAS, ÍMPLICITAS OU EXPRESSAS NA LEGISLAÇÃO


QUE APONTAM PARA A REALIZAÇÃO DOS VALORES E FINALIDADES
MAIORES DA ORDEM JURÍDICAS.

 NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE OS PRINCIPIOS!!!!

 EX; princípio da dignidade humana, da igualdade. No Direito Penal,


princípio da insignificância, no Direito Civil proibição de
enriquecimento sem causa.
COSTUME

 É de formação livre, difusa, espontânea, gradativa.

 Comportamento social que se repete no tempo, ou seja, um


comportamento habitual que orienta os indivíduos em suas relações
sociais.

 "São condições para a vigência do costume: sua continuidade, sua


uniformidade, sua diuturnidade, sua moralidade e sua
obrigatoriedade." (Fonte: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil
Brasileiro. 26ª Edição, p. 77)
 Costumes (Direito Consuetudinário) é uma Fonte
Formal.

 Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso


de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais do direito.

 Ex: direito empresarial, cheque pré-datado.


 Ex: União Estável, pensão alimentícia.
 Costume: há dois elementos constitutivos do costume: externo e interno

 Elementos Externos (objetivo): é de base material, representado por uma


série de atos semelhantes, uniformes e constantes, por meio da
repetição, que indica comportamento idêntico entre membros da
sociedade. É a maneira pela qual o costume se exterioriza e se torna
conhecido.

 Elementos Internos (subjetivos) : é de natureza psíquica, que se manifesta


pela convicção jurídica de que a observância de referido costume
corresponde a uma necessidade de Direito. Tal disposição subjetiva cria
a consciência de obrigatoriedade da norma por meio de um
convencimento pessoal e coletivo.
Espécie de costumes: secudum legem,
praeter legem e contra legem

 SECUDUM LEGEM: é o costume que serviu de apoio ao ditame


legislativo regular, ou como complemento deste. Aquele
costume expressamente indicado pela lei, “segundo a lei”.

 Alguns autores classificam o costume secundum legem que


coincide com o dispositivo de uma lei.
 PRAETER LEGEM: é o costume que funciona como fonte supletiva,
onde a lei nada dispôs. Assim, supre a lacuna normativa legal.

 Trata-se daquele comportamento costumeiro que não é previsto


pela lei. A situação não é proibida.

 Tal costume torna-se importante pois pode ser fonte do direito, por
força do art. 4º da LID.
Art. 569. O locatário é obrigado:
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e,
em falta de ajuste, segundo o costume do lugar;

ART. 445, §2º, Código Cívil:


“Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por
vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na
falta desta, pelos usos locais , aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a
matéria”.
 Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as
partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o
costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.

 Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o


serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser
adiantada, ou paga em prestações.

 Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o


costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá,
porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções
recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em
trabalhos de tal natureza.
 CONTRA LEGEM: é o costume que se opõe à Lei,
introduzindo nova norma contrária às disposição
legislativa, ou faz os preceitos legais não serem
aplicados, caindo em desuso.

 EX: jogo do bicho, algumas leis de trânsito.

 Pode ser considerado fonte do direito?


JURISPRUDÊNCIA

 O conjunto de decisões anteriores de juízes ou tribunais


sobre casos idênticos (semelhantes).

 É FONTE FORMAL DO DIREITO - FONTE FORMAL é o


instrumento de exteriorização do direito (leis,
jurisprudência, tratados...)

 Jurisprudência transformada em lei: Pensao alimentícia


liminar, direitos da companheira
 SÚMULA: é um registro que resume o entendimento vigente em um
tribunal sobre uma tese jurídica discutida e serve de referência para
os julgamentos sobre o mesmo tema.

 Além disso, a edição de uma súmula é o resultado da aplicação


reiterada de uma mesma jurisprudência, decorrente do
entendimento coincidente dos magistrados acerca do tema.

 JURISPRUDÊNCIA VINCULA O JUIZ?

 No Direito Brasileiro, por mais reiterada que seja a jurisprudência,


ainda que já constitua súmula do Supremo Tribunal Federal, não tem
valor absoluto, ou não obriga o juiz a acatá-la em suas decisões,
exceto as súmulas vinculantes.
Súmula Vinculante
 Verbete editado pelo Supremo Tribunal Federal, apoiado em
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, que tem efeito
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e
à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal. Tal instituto foi inserido no ordenamento
jurídico brasileiro pela Emenda Constitucional 45/2004 (Reforma
do Judiciário)

 Fundamentação Legal:
 Artigo 103-A e seus parágrafos, da CF/1988;
 Artigos 311, II; 927, II e 988, III, do CPC/2015 e
 Artigos 354-A a 354-G, do RISTF.
EXEMPLOS DE SÚMULAS VINCULANTES

 SÚMULA VINCULANTE 37 Não cabe ao Poder Judiciário,


que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

 SÚMULA VINCULANTE 38 É competente o Município para


fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.
O Princípio “In Claris Cessat
Interpretatio”
O texto legal, quando redigido de forma clara e
objetiva, não necessita de interpretação;

O princípio da in claris cessat interpretatio não tem mais


aplicação na atualidade.

 Não há segurança de saber qual a vontade legislativa;

 As palavras podem se revelar imperfeitas

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