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Colisão de direitos fundamentais.

Análise de alguns casos concretos sob


a ótica do STF (Resenha)

Em um ordenamento jurídico conforme o tempo, podem ocorrer colisões ou


entre direitos fundamentais ou entre um direito fundamental e um direito
constitucional. Essas colisões podem ocorrer entre princípios mas há também
as regras, portanto, é preciso definir inicialmente cada um.
Os princípios são definididos como “mandamento otimizadores”, ou seja,
podem ser analisados de forma genérica e cumpridos em diferentes graus,
dependendo das possibilidades reais ou jurídicas. São ideias centrais de um
sistema que o torna harmonioso permitindo a compreensão do modo como se
organiza.
As regras por sua vez prescrevem uma exigência podendo então impor,
permitir ou proibir, sendo ou não cumpridas, ou seja, não pode haver colisões
ou vale uma regra ou vale a outra. As regras devem ser aplicadas por completo
ou não, não comportando exceções, ou seja, deve-se fazer exatamente o que
ela exige, nem mais nem menos.
Os princípios não podem ser aplicados à regra do “tudo ou nada”, pois são
ideias centrais de um sistema justificando então que violar um principio é mais
grave que transgredir uma norma qualquer, pois representa insurgência contra
todo o sistema e subversão dos valores fundamentais.
Um ordenamento jurídico precisa ser composto por princípios e por regras, pois
se fosse um sistema só de regras geraria um ordenamento rígido e fechado
enquanto que se fosse só de princípios geraria insegurança devido ao nível de
abstração dos princípios.
O Texto constitucional possui diversidade no que diz respeito aos princípios
fundamentais, que sob a ótica do legislador pretende promover e aprofundar a
dignidade da pessoa humana, e devido a isso é comum que haja a
possibilidade de choques entre um ou mais desses princípios, gerando o que é
denominado de Antinomia.
Antinomia é a contradição entre quaisquer princípios, doutrinas ou prescrições,
e para elimina-la o Direito se utiliza de alguns critérios que são o critério
hierárquico, o critério cronológico e o critério da especialidade.
O Critério Hierárquico afirma que uma norma superior revoga uma norma
inferior na qual a superior deve prevalecer sobre a inferior. O Critério
Cronológico diz respeito ao tempo da norma, indicando que a norma posterior
revoga lei anterior então havendo conflito entre duas normas de igual
hierarquia prevalece a editada posteriormente e por ultimo, o Critério da
Especialidade em que a norma especial revoga norma geral pois presume-se
que o legislador ao produzir norma especifica procede com mais
meticulosidade.
Com o surgimento dessas colisões é desafio do interprete constitucional, que
seria função por excelência do Supremo Tribunal Federal, realizar a
ponderação, razoabilidade, proporcionalidade e harmonia entre os mesmos
visando a obtenção da dignidade da pessoa humana e do Estado Democrático
de Direito.
O primeiro caso citado é um conflito entre o Direito à intimidade e a vida
privada exigida pela Gloria de los Angeles Treviño Ruiz que afirmou ter sido
estuprada enquanto estava presa e o Direito à imagem e a honra dos homens
que foram acusados pelo estupro. Gloria Trevino se recusou a fazer os exames
alegando o direito à intimidade. A justiça através do Principio da
proporcionalidade em sentido estrito ponderou os princípios em questão e
definiu qual tinha mais peso no caso concreto e definindo que os exames não
representavam risco nem para a criança e nem para a mãe, portanto,
prevalecia esclarecimento da verdade quanto à participação dos acusados no
suposto estupro.
O segundo caso dizia respeito ao conflito entre o Direito à imagem e a honra
exigida Law Kin Chong de não ser filmado pela imprensa durante seu
depoimento à CPI e o Direito à liberdade de informação e imprensa exigida
pela imprensa de poder veicular uma noticia de um possível crime. A justiça
definiu que prepondera o Direito à liberdade de imprensa e informação não
tendo havido lesão da imagem ou honra do individuo e estabeleceu a “idade da
mídia” como justificativa para a liberdade de imprensa usufruindo do
subprincípio da adequação, visto que é o meio adequado para um fim
adequado em que os princípios podem vigorar não tendo lesado nenhum
direito.
O terceiro caso, novamente, temos um conflito entre o Direito à imagem e
honra e o Direito à liberdade de expressão e informação, na qual a justiça age
com ponderação através do principio da proporcionalidade m sentido estrito
definindo que nesse caso prevalece a liberdade de informação devendo o
prejudicado “a posteriori” exigir o competente reparo e não antes.
E por fim, o quarto caso que diz respeito ao conflito entre o Direito à liberdade
do Depositário infiel, mesmo tendo dividas, e o Direito à propriedade do credor,
prevalecendo de acordo com a justiça e através do subprincípio da
Necessidade, o Direito à liberdade do depositário visto que neste caso é
necessário uma mera recomposição patrimonial ao credor não sendo
necessário constranger a liberdade individual prevista e assegurada pelo STF.

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