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Interdisciplinariedade e Direito ➢ É possível falarmos em regras jurídicas, em direito dos povos, sem a

existência da escrita (?) Muito do Direito surgiu antes da escrita.


Professora Márcia Sobrane
Posição de Marx e Engels: direito ligado ao Estado, à escrita, o direito
Interdisciplinariedade é a ligação entre as diversas áreas do
positivado. A sociedade que não atingiu o Estado como estágio de
conhecimento.
organização, não atingiu o Direito.
Atualmente (surgimento do Direito): admite-se o caráter jurídico dos
1. Direito - Origem e História
povos sem escrita, porque existiam meios de constrangimento para
1. 1. Direito e sua relação com sua história assegurar/garantir a observância, o respeito, às regras de comportamento -
Dentro do processo da interdisciplinariedade tem que procurar a história seja pela força, pelo mais velho.
da área do conhecimento que se quer focar. Característica: dos povos sem escrita
Interdisciplinaridade, portanto, trata-se de um processo que, ligado 1. Dificuldade na formulação de regras jurídicas abstratas ➜ as
(ligação com outras matérias, interação com as diversas áreas do informações não passavam de compilações de casos concretos -
conhecimento) ao Direito, envolverá a investigação da sua HISTORICIDADE - dificuldade de se reduzir as regras jurídicas;
desenvolvimento nas diversas eras, fases temporais para que se possa 2. Distanciamento e isolamento ➜ eram marcados pelo
compreender o direito nos temas atuais, com o fim de integrar o conteúdo das distanciamento e isolamento, sendo que cada uma possuía seus
diversas áreas do conhecimento e para que se possa entender e alcançar o próprios direitos, cada agrupamento possuía seus meio de
direito, a justiça, da atualidade - visando a interação dos conteúdos quando constrangimento - direito relacionado ao costume adotado pelo
necessário. Sendo que as interações ocorrem em diversos momentos (e não agrupamento;
uma única vez, mas de forma sucessiva), conforme a necessidade de se 3. Apesar da diversidade, tem-se que considerá-la relativa ➜
buscar maiores subsídios daquela questão jurídica fora do âmbito jurídico. semelhanças são encontradas nos agrupamentos, eram possíveis
Envolverá (as necessárias adaptações) a retomada do conhecimento de: constatar, como a base de organização social, como fertilidade de
➢ Da formação do Direito; terras, bem como ser possível haver diferenças, a depender da
➢ Do desenvolvimento do Direito; e realidade do agrupamento, como localidade, quantidade de pessoas
➢ Da evolução do Direito. - semelhança na formação e na base da formação dos grupos;
Miguel Reale ressaltou em sua obra “Horizontes do Direito e da História”: 4. Não havia distinção entre as regras ➜ simplesmente haviam as
“O passado - em qualquer sentido que seja, quando por nós regras de comportamento, variando os meios de coerção para o
considerado, não é imóvel pelo simples fato de ser passado. respeito às regras, além do temor às forças da natureza, pois
Muda-se a posição do observador no tempo, e eis que uma lidavam diariamente com o que possuíam, não havendo
luz nova se projeta sobre os fatos, revelando aspectos diferenciação entre regras morais, religiosas, etc;
imprevistos, detalhes que alteram substancialmente o 5. O direito reconhecido era um direito informação ➜ não havia
quadro histórico, abalando convicções das mais robustas." uma justiça, um ordenamento jurídico - O Direito era uno, bastava o
Daí, a necessidade de retomarmos o estudo e a investigação do Direito reconhecimento de meios de constrangimento para aqueles que
nos primórdios, suas principais características nas diversas eras históricas. desrespeitavam as regras;
Mas antes… questões? 6. O costume adotado pelo agrupamento era a principal fonte do
➢ Quando surgiu o Direito (?) bastava haver uma mínima organização direito ➜ estabelecidos pelos grupos, salvo quando imposto pela
que se estaria falando em Direito;
força. Temor pelos eventos naturais e pela própria opinião dos outros Premissa maior (Lei) +premissa menor (fato) - bastava-se a
do grupo (geralmente dos mais velhos). análise das premissas. Algo extremamente fechado, em que a
Um dos constrangimentos era baseado na opinião dos outros imparcialidade do aplicador do direito está em evidência.
membros, sendo o banimento, que era uma punição bem severa, b. Considerado um direito completo ➜ direito totalmente
pois as pessoas não sobreviviam fora do agrupamento. destituído de lacunas ou antinomia - direito por si só completo,
1. 2. Crise do Positivismo Legalista e o Surgimento do se auto bastava para regular a sociedade - eram leis prontas e
Sociologismo Jurídico acabadas - não havia necessidade de mais uma atuação do
Direito.
1. 2. 1. Positivo Legalista ou Exegético
➢ Norberto Bobbio - pontos fundamentais:
Doutrina do Direito Positivo, Escola Positivista, etc.
a. O Direito é tido como um fato e não como um valor;
➢ Auge ➜ França - 1830/1880 - surgimento do Código Napoleônico de
b. O Direito é representado pela coação que pode aplicar ➜
1804 - compilação de leis - teve-se o auge do positivismo legalista;
consequência do fato que infligisse a lei;
a. A principal base foi a legalidade (princípio da legalidade) ➜
c. A fonte maior do Direito é a lei ➜ normas escritas emanadas
visava afastar arbítrios e concentração de poder na mão de um,
pelo Estado;
para que evitasse ações tiranas. Submetendo não mais só
d. A norma jurídica caracteriza-se pela imperatividade ➜ ser
governados ao império da lei, mas sim os governantes;
cogente, de observância obrigatória;
b. As pessoas passaram a ser considerados nacionais daquele
e. O ordenamento jurídico é completo e coerente ➜ não se admitia
Estado - cidadãos, e não súditos;
a existência de lacunas, anomia e antinomia;
c. Em termos de igualdade (princípio da igualdade) ➜ direitos
f. Preza pela interpretação mecânica do Direito ➜ ao intérprete do
reconhecidos à “todos” (ainda haviam pessoas excluídas -
Direito nada restava, apenas enquadrar o fato à norma e sua
como mulheres, escravos e estrangeiros) de forma igual;
consequência - pura aplicação da norma sem interpretar
d. Princípio da Soberania Popular (titularidade do poder) ➜
subjetivamente (silogismo jurídico - premissa maior, Lei, e
reconhecimento de um status àquele indivíduo, a titularidade do
premissa menor, Fato);
poder sai das mãos daquele que concentrava o poder e passa
g. Determina a obediência absoluta à Lei ➜ tanto de quem a
para o povo - governantes e governados sob o império da lei;
editava, quando dos intérpretes (no sentido amplo).
e. Constituição ➜ começa a surgir a ideia de ;
1. 2. 2. Sociologismo Jurídico
f. Princípio da Separação dos Poderes ➜ afastar a concentração
➢ Surgimento da Sociologia ➜ séc. XIX - fruto da influência da
de poder da mão do monarca ou de quem estava no poder.
Sociologia - projeção da sociologia no direito;
➢ Principais características:
➢ Características:
a. Estudo do Direito era feito de uma forma totalmente objetiva ➜
a. Priorização do enfoque sociológico ➜ fatores sociológicos, o
não cabia ao estudioso/intérprete do Direito qualquer
Direito deve ser um todo dinâmico e não estático;
subsitivistmo, não havia qualquer margem de posicionamento
b. O estudo do direito passa a ser estudado como um conjunto de
ou valor (sendo este próprio ou da sociedade) do intérprete -
fatos sociais ➜ não há como desprezar os fatos sociais que
sendo extremamente objetivo - vigorava a lei imposta pelo
acabam interligados ao ordenamento jurídico - não tem como
Estado legislador e nada mais além disso - bastava-se a
tratar de forma totalmente independente;
subsunção (mero enquadramento do fato à norma);
c. A efetividade passa a ser considerada um tributo da norma ➜ O intérprete tem que ser participativo, trazendo algum
não tem como dissociar a efetividade da norma; posicionamento diferente na construção do direito, seja este um
d. Valorização da experiência jurídica ➜ priorização da criação do posicionamento político ou valoral. Já se tinha uma ideia de
Direito pelo Judiciário - daqui que surge a ideia de jurisprudência julgamentos colegiados, surgindo a ideia de jurisprudência.
- primeiras noções de ativismo judicial, ideia do common law. d. Rejeição no tocante à ideia assumida pelo positivismo de que os
➢ Críticas do Sociologismo Jurídico ao Positivismo ➜ dos legisladores seriam dotados da capacidade de prever todas as
defensores do Sociologismo Jurídico (interdisciplinaridade entre possibilidades existentes nas relações sociais ➜ necessidade do
Sociologia e Direito) ao Positivismo legalista - estão intérprete diante do momento de aplicação que adapte o direito
consubstanciadas em rejeições: existente ao caso concreto, que muitas vezes não há relação
a. Rejeição da tese da identidade plena do Direito com a Lei ➜ direta com o texto da lei.
rejeição do direito ser identificado só com a lei - o direito não Aqui entra o intérprete fazendo o uso de sua subjetividade -
seria só a lei emanada do Estado, existem outros fatores que atuação construtiva e criativa.
compõem o direito, a formação do direito é plúrima, nesta ➢ Em contrapartida, críticas negativas ao Sociologismo Jurídico:
formação encontra-se o conjunto social. a. Os fundamentos do sociologismo jurídico comprometem a
O direito existe em função da sociedade organizada. A autonomia da ciência do direito ➜ ao subordinar o Direito à
ordem jurídica também deve ser dinâmica (uma dinamicidade sociologia, induzindo a uma confusão entre o ser e o dever-ser -
não absoluta, em razão da observância da segurança jurídica), a ideia do da crítica é de que se confundiria o Direito com a
por isso que não deve ser reduzida à lei escrita. Sociologia - não se pode abafar a autonomia da outra área do
É nessa época que surge a importância de se considerar os conhecimento;
fatores políticos, sociais, econômicos e outros para a b. A excessiva valorização da jurisprudência pode levar à
composição do direito. instauração da denominada “ditadura dos juízes” ➜ acarretando
b. Rejeição da tese de que o Direito é completo e coerente ➜ com isso insegurança jurídica e imprevisibilidade nas relações
porque no Direito se encontra incompletudes, lacunas e jurídicas.
antinomias, o Direito não é completo e coerente, pois o Direito Miguel Reale, quanto ao tema, ressaltou em sua obra, Lições
não tem condições de prever tudo, todas as possíveis hipóteses Preliminares de Direito:
às quais o direito deverá incidir. “Deve-se mesmo dizer que alguns juristas foram além do
É impossível arrolar todas as possíveis condutas humanas e razoável, pretendendo converter a Ciência do Direito em mero
fatos da natureza. capítulo da Sociologia Jurídica.
c. Rejeição da ideia de que o intérprete deve se quedar inerte ➜ de “Abstração feita desses exageros, que se notam em todas as
que deve assumir uma postura neutra, ao intérprete restava formas de ‘sociologismo jurídico’, o certo é que os juristas não
apenas fazer o enquadramento da lei e ver a sanção ou podem dispensar as contribuições da Sociologia na compreensão
consequência da violação, não lhe restava nenhuma do fenômeno jurídico. (...) Daí dizermos que a Sociologia é a
subjetividade. Criação de um direito real, vivo, que traduz a ciência compreensiva dos fatos sociais, tais como na realidade
convivência social. são, enquanto que o Direito seria incompreensível sem se
configurarem os fatos como os fatos devem ser.”
A Sociologia é uma ciência que vai compreender, estudar, fatos sociais, 3. Os usos e costumes jurídicos ➜ expressão do Poder Social -
como eles são. Já o Direito estuda os fatos como devem-ser, pois estes não poder decisório e anônimo (por não ser particularizado) do povo,
podem existir por si só, vai possibilitar a vida harmônica em sociedade. existem dentro de uma dada sociedade. Elementos - para que
2. Fontes do Direito um costume seja considerado costume jurídico é necessário dois
➢ Conceito ➜ de onde o direito emana, de onde se origina. elementos indissociáveis (precisa da conjugação dos dois
➢ Outra acepção - outra forma de ver as fontes ➜ as fontes do direito elementos):
designam processos ou meios em virtude dos quais as regras a. Objetivo / material ➜ algo que se materializa - por meio da
jurídicas se positivam, e a partir daí se tornam obrigatórias - passa a prática que o costume será materializado - prática reiterada
ter legítima força obrigatória. do costume no tempo;
➢ Por que “força obrigatória”? ➜ o direito se materializa por meio da b. Subjetivo / psicológico ➜ crença da necessária obediência
suas normas jurídicas, uma vez que estejam positivadas, e todos àquele costume - crença na obrigatoriedade, convicção da
estão sujeitos à norma jurídica positivada pelo seu caráter cogente sua obrigatoriedade.
(de observância obrigatória) - normas que devem ser observadas 4. A fonte negocial ➜ expressão do Poder Negocial ou da
que ao mesmo tempo preveem consequências; Autonomia da Vontade - decorre da autonomia da vontade - a
➢ Miguel Reale ➜ Fonte ⇐⇒ Estrutura de Poder - é requisito fonte negocial remete negócio jurídico, cláusulas determinadas
essencial, para a consideração de uma fonte como fonte do direito, a pelas partes que integram o negócio jurídico. Elementos
existência de uma estrutura de Poder por trás dessas fontes - trará a. A manifestação de vontade deve advir de pessoas
modelos prescritivos com caráter obrigatório, e para isso tem que legitimadas para tanto ➜ capacidade das partes - o sujeito
estar relacionada ou ser a expressão de um poder (não envolvido nesse negócio jurídico deve ser dotado de
necessariamente esse poder virá da estrutura do Estado - os capacidade;
poderes instituídos). Neste sentido, são assim consideradas: b. A manifestação de vontade não pode contrariar a lei ➜ no
1. O Processo legislativo ➜ expressão do Poder Legislativo - Lei sentido da própria construção das cláusulas que futuramente
lato sensu - meio formal pelo qual se chega no final da ideia será o direito construído pelas partes que incidirá em
desta fonte do direito, que advém de um processo legislativo. eventual controvérsia;
Norma positivada que passa a ser dotada de uma natureza c. O objeto tem que ser lícito ➜ o objeto que envolver esse
cogente. inovando no mundo jurídico de forma a prescrever negócio jurídico;
obrigação, direitos, regulando comportamentos dos cidadãos e d. Se não for possível manter a perfeita paridade entre as
ainda atividades estatais; partes no negócio jurídico, deve-se ao menos garantir uma
2. A Jurisdição ➜ expressão do Poder Judiciário - processos ou proporção substancial de paridade à essas partes ➜
meios de dizer o direito aplicável ao caso concreto, a Jurisdição, porque, caso contrário, maculará esse negócio como fonte
com esse processo se materializa como fonte na Jurisprudência do direito;
(conjunto de decisões dos tribunais reiteradas no mesmo sentido ➢ Sob pena de levar à nulidade do negócio jurídico, por abuso
diante de dada situação idêntica); ou desvio de poder. Característica sinalagmática - paridade
“Os Tribunais são chamados a aplicar a lei e a revelar o entre deveres e direitos - o grau de proporção tem que ser
direito sempre através da lei”. substancial.
✱ Obs.: diferentemente de outros autores, Miguel Reale não inclui a. Doutrina ➜ fruto dos estudos, sistematização das ideias dos
no conceito de fonte do direito a doutrina, é a expressão das estudiosos do direito;
ideias, não havendo qualquer estrutura de poder que a embase b. Jurisprudência ➜ conjunto de decisões uniformes acerca de
como fonte do direito e deste modo não terá força obrigatória. determinada questão.
Prevalece como indiscutível que a lei é a fonte primordial, principal do ✱ Obs.:
Direito - lei em sentido amplo, lato sensu, sendo a Constituição a lei 1. Analogia (art. 4º da LINDB) ➜ fonte secundária - somente
fundamental de um país. utilizada na ausência de lei; e
Decreto-Lei n. 4.657/1942 (com a redação dada pela Lei n. 12.376/2010). 2. Equidade ➜ justiça aplicada ao caso concreto, abrandamento
Art. 4º da LINDB. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo de uma norma jurídica aplicada ao caso concreto para que a
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito - se busca injustiça não ocorra.
outras fontes somente quando a lei for omissa, ou seja, são fontes
secundárias, acessórias, subsidiárias, 3. Direito, Economia e Política
Logo, quando a lei for omissa, essas outras fontes serão utilizadas. Direito, economia e política caminhando juntas.
Outras classificações: Miguel Reale destaca os fins motivadores de toda conduta humana, eles
1. Fontes Diretas, Próprias ou Puras ➜ são aquelas que tem a encontram fundamento na busca pela subsistência, conservação (conservar a
finalidade exclusiva de produzir o Direito: existência da sociedade) e desenvolvimento - interação social - faz parte do
a. Lei ➜ é capaz de inovar no meio jurídico, sendo considerado um desenvolvimento do ser humano.
ato jurídico primário - introduz algo novo no ordenamento Pontos de contato (indissociáveis) e trocas mútuas entre Direito e
jurídico, o fazendo com caráter obrigatório - que disciplina Economia para satisfação dos fins buscados por todo o ser humano.
comportamentos - é a lei formal, aquela que passou pelo ➔ Para materializar toda conduta de qualquer ser humano, surge a
processo legislativo formal; economia como um meio de materializar, de concretizar os fins do
b. Costumes ➜ tem por finalidade regrar condutas, ser humano (sua subsistência, conservação, desenvolvimento),
comportamentos - sendo considerado o costume jurídico, mediante ações orientadas para produção e distribuição (circulação)
indissociável de dois elementos, subjetivo e objetivo; dos bens necessários e indispensáveis para a vida coletiva;
c. Tratados Internacionais ➜ por tem força normativa quando ➔ O Direito surge no sentido do regramento para possibilitar a
internalizado - trazer o tratado para o ordenamento interno; integração entre os seres humanos - não se pode agir da forma que
d. Princípios gerais de direito ➜ são enunciados jurídicos desejar, deve-se observar as regras para que se possibilite a
universais que condicionam e orientam a compreensão do convivência e interação com os outros.
ordenamento jurídico visando aplicá-lo, vivenciá-lo. Economia: sua razão de ser é a vida coletiva - materialização dos fins
2. Fontes Indiretas, Impróprias ou Impuras ➜ são aquelas que embasam toda e qualquer conduta.
consideradas os meios auxiliares ou métodos auxiliares de Não pode-se afirmar uma relação causal (consequência - um é causa do
interpretação da lei - não há criação de norma ou disciplina outro? Envolve causa e efeito) entre Direito e Economia (?), pois existe uma
comportamento num caráter coercitivo, oferecendo subsídios para o interação dialética, as duas conversam entre si, na medida de sua
operador do direito chegar ao verdadeiro conteúdo e alcance da necessidade. Para que existissem uma relação causal entre os dois, um
norma.
deveria estar dentro do outro, mas o que ocorre é que há vários ramos do Além dessas respostas variarem conforme o Estado, é papel deste (do
direito e da economia e não possuem qualquer ponto de contato. Estado) a promoção do bem-estar e da justiça social.
Nesse sentido, a RFB: arts. 170 (3º) - ordem econômica e 193 - ordem
social da CF/88 - o Estado não pode deixar de considerar todas as questões
ao lidar com a promoção do bem-estar e da justiça social.
Economia + Direito + Políticas Públicas ⇒ bem comum - para
efetivamente se chegar à resposta de qual política pública a ser adotada. O
Estado é o maior promotor do bem-estar social.
São estudos autônomos, mas que interagem e dialogam entre si quando Papa João XXIII define o bem comum como:
se faz necessário. São estudos: Complementares (?) ou Excludentes (?). “Conjunto de todas as condições de vida social que constituem e
São estudos que se complementam e não se excluem, sendo que ambos favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana.”
pertencem às ciências sociais. Relativamente à política pública, ressalta Maria Paula Dallari Bucci
Aplicação prática - âmbitos: (“Direito Administrativo e Políticas Públicas” - existem o problemas públicos
1. Internacional / Externo ➜ sempre houve uma intercomunicação, que surgem do agrupamento social, ou um excesso, que carece de
mas a concepção de direitos humanos ocorreu após a 2ª Guerra intervenção estatal e o tratamento para este problema é a política pública que
Mundial - os Estados passaram a firmar acordos entre si, sobre pode se utilizar de diversos instrumentos para isso):
termos econômicos, como importação e exportação - d “programa de ação governamental para um setor da sociedade ou
2. Nacional / Interno ➜ d um espaço geográfico”.
Portanto, ambas se enquadram dentre as Ciências Sociais. Portanto, …
Questões - a produção é imprescindível ao atendimento das Já Fábio Konder Comparato (“Para viver a democracia”), ressalta que
necessidades que surgem no âmbito de uma sociedade e cabe à economia essa forma de governar leva o Estado contemporâneo a reforçar os poderes
atender à produção: da sua função Executiva, mesmo porquê:
➢ O que e quanto produzir (?) ➜ limitação ou escassez de recursos - “doravante e sempre mais, em todos os países, governar não
naturais, materiais, pessoais (como num hospital sem médicos), significa tão-só a administração do presente, isto é, a gestão de
financeiros, etc - sempre considerando a realidade fática para saber fatos conjunturais, mas também e sobretudo o planejamento do
o que e quanto; futuro, pelo estabelecimento de políticas a médio e a longo prazo”.
➢ Como produzir (?) ➜ forma de produção do necessário ao Duração (?) as políticas públicas são uma constante - são ações
atendimento das necessidades da sociedade - como (forma de direcionadas para sanar problemas públicos, faz-se necessário uma
produção) se deve dar a produção? Há que se considerar os constante dessas ações.
impactos, seja na própria sociedade ou nos cofres públicos, ou ainda Nesse sentido, apresenta-se:
os ambientais; Celso Bastos (“Curso de Direito Econômico”)
➢ Para quem produzir (?) ➜ para quem distribuir o resultado da ““Pode-se conceituar o Direito Econômico como sendo o ramo
produção - não necessariamente será distribuído para todos de autônomo do Direito que se destina a normatizar as medidas
forma igual. A primeira coisa a se considerar é a oferta e a procura adotadas pela Política Econômica através de uma ordenação
(em termos de necessidade), consideração de salários auferidos.
jurídica, é dizer, a normatizar as regras econômicas, bem como a justiça para mim...” - cada pessoa pode ter uma concepção
intervenção do Estado na economia. diferente do que seria a justiça.
“... Fica a cargo do ramo econômico do Direito dispor normas e Justiça analisada: a Justiça pode ser analisada a partir de:
fontes positivadas que organizem a Economia de uma nação, 1. A partir do estudo da legislação (?);
como Estado soberano pré-constituído, por meio de textos legais 2. A partir do seu símbolo (?) ➜ deusa da Justiça;
que ponderem temáticas tais quais: a produção, a distribuição, a 3. A partir da tradição romana (?);
circulação e o consumo de riquezas, seja em órbita nacional ou 4. Sócrates;
supranacional”. 5. Platão;
Relativamente à interdisciplinariedade existente no binômio Economia X 6. Aristóteles;
Política, ressaltam Cordeiro, Santos e Oliveira (“Economia para 7. São Tomás de Aquino ➜ dar a outrem o que é seu;
administradores”): 8. Jusnaturalismo;
“A política é considerada a arte de governar ou, em outras 9. Immanuel Kant;
palavras, é o exercício do poder, então, é bastante factível que 10. Positivismo jurídico;
em sua atuação ela também tente e efetivamente exerça uma 11. John Rawls;
forte influência sobre as atividades econômicas. É a política quem 12. Habermas.
fixará as instituições que nortearão as atividades econômicas, Constata-se que expressão que foge a uma conceituação simples e
determinando, assim, a subordinação do conjunto de atividades uníssona, diante da sua complexidade e abrangência.
econômicas ao regime e estrutura vigente. Não devemos, Eduardo Bittar (“Introdução ao Estudo do Direito”), também ressalta:
contudo, nos esquecer de que a política sempre está a serviço de “A Teoria do Humanismo Realista entende que, inspirada no
classes sociais específicas, portanto, ela influenciará a estrutura pluralismo contemporâneo, a justiça tem de ser avaliada num
econômica em prol dessas classes dominantes”. quadro amplo de valores e fatores. E isso porque a justiça assume
Pouco importa quem surgiu primeiro (Direito, Economia ou política), o que muitos rostos... igualdade, … liberdade, ... solidariedade, ...
importa é a interação entre estes. diversidade, ... verdade, .. distribuição... .”
ALF ROSS (“Direito e Justiça”),apresenta a justiça...
4. Direito e Justiça “ Como princípio do direito (igualdade na distribuição de ônus e
Introdução: A justiça possui vários significados, depende do ponto de bônus para chegar à justiça como igualdade)... uma vez adotada a
vista. Em quase todas as culturas sua onipresença é revelada como valor na ideia de que todos os problemas jurídicos são problemas de
vida dos povos, das culturas e das tradições. Quando se fala em valor, se distribuição, o postulado de justiça equivale a uma exigência de
envolve algo subjetivo e desta forma se fala em juízos. igualdade na distribuição ou partilha de vantagens ou cargas. A
Acepções do termo Justiça: as acepções deste termo variam conforme justiça é igualdade”.(grifo nosso) Igualdade na distribuição.
a sua base. Igualdade na distribuição de cargas e vantagens, ônus e bônus
Hans Kelsen (What is justice? – EUA, 1957) conforme a realidade.
“De fato, não sei e não posso dizer o que seja justiça, a justiça O Estado deve observar as diversidades quando for pensar nas políticas
absoluta, esse belo sonho da humanidade. Devo satisfazer-me públicas - buscar igualdade aos iguais e desigualdade aos desiguais.
com uma justiça relativa, e só posso declarar o que significa
A igualdade na Justiça, é absoluta (?) é relativa (?) - é relativa - aceita Já no âmbito pátrio, André Franco Montoro (Introdução à Ciência do
uma flexibilização para se adaptar caso a caso (na medida das desigualdades Direito) defende como sendo:
existentes), quando se fizer necessário no caso concreto, é um valor relativo “Essência da justiça: consiste em dar a outrem o que lhe é devido,
por existir medidas - há particularidades a serem consideradas. segundo uma igualdade”.
Ross – na formulação da Justiça – dois elementos que estarão sempre Assim, engloba os seguintes elementos - qualquer espécie de justiça
presentes: apresentará esses elementos:
● Igualdade; 1. Alteritas ➜ alteridade - considerar o outro, a pluralidade de pessoas;
● Aplicação de um padrão de avaliação (pré requisito) - consideração 2. Debitum ➜ o que é devido - dar a outro o que lhe é devido;
de um determinado padrão para se chegar à “igualdade na jsutiça”, 3. Equalitas ➜ igualdade.
sempre tem que haver um parâmetro. Espécies de justiça - Aristóteles (havia um caráter de proporção
Apresenta as seguintes fórmulas que auxiliam e dão um norte para se aritmética):
chegar à justiça - padrões de avaliação que devem ser considerados 1. Justiça comutativa, retributiva ou correspectiva, corretiva ou
conforme a situação, se parte desse padrão. Às vezes um só não seja sinalagmática ➜ elementos:
suficiente: a. Alteritas ➜ relação entre particulares - os pólos da relação de
1. “A cada um segundo o seu mérito” ➜ conforme o seu mérito, o seu igualdade serão particulares (pessoas físicas);
destino será melhor ou pior - se colherá mais bônus ou ônus; b. Debitum ➜ é assegurar à pessoa o respeito a um direito que lhe
2. “A cada um segundo sua contribuição” ➜ qual a contribuição da é próprio - há uma retributividade entre o que é devido nesta
pessoa em relação à sociedade - considera-se a sua capacidade relação - partindo do respeito à dignidade humana -
empregada; imprescindível o respeito aos direitos do outro (um indivíduo
3. “A cada um segundo suas necessidades” ➜ necessidade daquele deve respeito a todos os direitos e garantias que integram a
que contribui (capaz de contribuir de alguma maneira); personalidade do outro);
4. “A cada qual segundo sua capacidade” ➜ distribuição de encargos - c. Equalitas ➜ igualdade simples, ou ainda uma igualdade real -
quanto maior a capacidade, maior será o encargo e quanto menor não se considera a priori, condições específicas de cada um,
sua capacidade, menor será a sua contribuição/encargo - cada qual mas simplesmente uma igualdade aritmética - basta que sejam
conforme sua capacidade. A exemplo da capacidade tributária ; seres humanos (mera condição de seres humanos - base num
5. “A cada um segundo sua posição e condição” ➜ considera-se as critério objetivo) para se titularizar a dignidade humana, mesmo
distinções de classes sociais, as desigualdades não adquiridas, mas direito para todos da mesma forma.
naturais dos seres humanos (desigualdade se fará presente e a 2. Justiça distributiva ➜ elementos:
distribuição da justiça será desigual) - tratar os iguais de forma igual, a. Alteritas ➜ relação entre a comunidade (todo) e seus membros
os desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. (partes);
E acrescenta que, na abordagem “Direito e Justiça”, a Justiça é a b. Debitum ➜ será considerado os benefícios e encargos sociais -
aplicação correta de uma norma, como coisa oposta à arbitrariedade - os participação equitativa de cada um no tocante ao bem comum,
critérios tem que ser sempre objetivos na aplicação desses parâmetros e não reparte-se entre as partes aquilo que é comum à todos;
subjetivos. c. Equalitas ➜ igualdade relativa ou proporcional - não se dá a
todos igualmente, mas a cada um conforme a sua contribuição
ao todo, ao bem comum. A parte que cada um tem direito ao II. Não há como transformar em moeda corrente valores de
bem comum. natureza distinta (reduzir tudo que tem importância moral a
3. Justiça social, geral ou legal ➜ elementos: uma única escala de prazer e dor).
a. Alteritas ➜ de um lado membros da sociedade (particulares) e e. Michael J. Sandel (“Justiça – o que é fazer a coisa certa”)
do outro lado a própria sociedade - membros da sociedade como destaca:
devedores, e a sociedade como credora; “Os utilitaristas veem nossa tendência a repudiar o valor
b. Debitum ➜ o quanto cada membro da sociedade contribui para o monetário (quantificar) para avaliar a vida humana como um
bem comum - a sociedade é a credora de toda esta contribuição, impulso que deveríamos superar, um tabu que obstrui o
de todo este encargo, é um dever cívico/moral/com lastro na raciocínio claro e a escolha social racional. Para os críticos
justiça que todo cidadão e pessoas jurídicas deve contribuir do utilitarismo, entretanto, nossa hesitação aponta para algo
como membro da sociedade para o bem comum desta - dever de importância moral – a ideia de que não é possível
de cada um como um todo; mensurar e comparar todos os valores e bens em uma única
c. Equalitas ➜ s - contribuição do membro (de todos) ao bem escala de medidas.”
comum. 2. Voluntarismo ➜ John Rawls (1921-2002): “”/Teoria da Justiça
Outras abordagens: (1971)
1. Utilitarismo de Jeremy Bentham (1748-1832): a. Propõe o voluntarismo a partir do contratualismo ➜ tomou por
a. Opunha-se frontalmente a ideia dos direitos naturais - direitos base o contratualismo, de um pacto - um contrato hipotético.
advindos de uma moral universal. Participação direta ou indireta. Justiça é um valor de aplicação
Afirma que o objetivo da moral é maximizar a felicidade, universal, mas de extensão variável, de Estado para Estado, de
assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor; e a coisa certa coletividade para coletividade. Cedemos parcela de nossa
a fazer é aquela que maximizará a utilidade (buscar maior liberdade em razão da segurança, paz e convívio social.
possível - a busca da felicidade no mais alto cume possível; Voluntarismo = uma vontade livre para ao se manifestar o
prazer (felicidade) se sobrepondo à dor e sofrimento). indivíduo escolher os melhores princípios para vigorar, e
b. Utilidade é qualquer coisa que produza prazer ou felicidade e participar da sua confecção;
que evite a dor e o sofrimento; b. P.O. (posição originária) + véu da ignorância = P.O. de equidade;
c. Seus defensores partem de um “espírito” / juízo acrítico ➜ O indivíduo tem que estar numa posição original (estado de
considerar inicialmente que todas as preferências das pessoas natureza de como chegamos ao mundo), e para que se encontre
têm o mesmo peso - sem julgar valor moral (quantificação) - neste estado destituído de influências externas, deve estar
valor em peso / em quantidade. Em qualquer coisa, a quantidade constituído pelo "véu da ignorância" (construção hipotética),
de pessoas que estiverem felizes deve ser maior que as pessoas levaria à posição originária de equidade para todos. Para que o
em sofrimento. indivíduo quando deliberadamente consentir não pense apenas
d. Objeções: em si.
I. Não há respeito à dignidade humana (em termos atuais - já c. Escolha dos princípios da Justiça ➜ a base deve ser o
que ele não aceitava direitos naturais, inatos aos indivíduos) desconhecimento garantido pelo “véu da ignorância” - o não
nem aos direitos individuais; cognitivismo. O indivíduo tem que ignorar / desconhecer:
I. “Loteria” (sorte ou azar) natural e social ➜ ignorância por uma tentativa de substituição do Modelo do Estado Absolutista, em que havia
completo quanto aos elementos sorte ou azar que tiveram uma extrema concentração de poder.
na loteria natural e social da vida. Ou seja, não possuem a A instalação do modelo de estado liberal seguiu as seguintes bases:
mínima ideia de qual sua classe social, de qual o seu 1. Os súditos passam à condição de cidadãos ➜ não se incluindo
contexto social; mulheres, escravos e estrangeiros. Cidadãos no sentido de
II. Concepções particulares de bem ➜ concepções particulares possibilidade de participação política;
quanto ao que seja o bem. 2. Poder distribuído a órgãos diversos ➜ desconcentração do poder
Quando estiverem numa posição originária (“véu da ignorância”) - por meio da tripartição dos poderes do Estado;
será possível estar numa posição de equidade na escolha dos 3. Reconhecimento de direitos iguais aos cidadãos ➜ direitos de
princípios da justiça com um caráter geral e universal à todos, primeira geração
sem preconceitos influindo na escolha dos princípios que 4. Governantes e governados sob o império da Lei;
vigorarão na sociedade, sendo que o produto da escolha serão 5. A titularidade do poder passa a ser do povo;
princípios bons. Os indivíduos escolherão os princípios políticos Bases sobre as quais se firmou o estado liberal de direito. As bases, em
e morais aos quais se submeterão. regra, são consubstanciadas em uma constituição (lei maior escrita)
Considerados JUSTOS porque consentidos, produtos de seres estruturando todo o poder do Estado, distribuição de competências etc.
livres e iguais!!! Importante recordar - será que essas bases do estado, se perduraram no
d. Tese ➜ o contratualismo moderno que tem por base a escolha tempo? São importantes até hoje? Previsões da CRFB:
individual, acaba legitimando a efetiva aplicação dos princípios 1. Povo titular do poder (parágrafo único do art. 1º);
políticos e morais e dos compromissos assumidos; 2. Princípio da tripartição dos poderes (art. 2º da CF);
e. Visão moderna de mundo: escolha individual; 3. Direito a igualdade como inviolável (art. 5º, caput);
“Na perspectiva moderna, o indivíduo se coloca numa 4. Governantes e governados sob o império da lei (legalidade estrita);
posição soberana de construção do certo, de escolha do 5. A Administração Pública obedecerá o princípio da legalidade (art. 37
bem, no tocante aos princípios da Justiça sem caput);
constrangimento por parte de qualquer ordem de valores 6. Direitos e garantias fundamentais (Título II).
anterior”. São bases de tamanha importância que se fazem presentes até hoje, que
f. Reflexões: culminou na ideia de reconhecimento de determinados direitos, que são os
I. No contratualismo vigora um individualismo moral (?) considerados de 1º geração (teoria originária de Caro Vazak - traz a ideia de 3
II. Presume-se o egoísmo do indivíduo (?) gerações).
III. Ou seria ele simplesmente livre para se submeter somente O direito à liberdade ficou eleito como maior valor, neste primeiro
às obrigações voluntariamente assumidas (?) momento da concepção liberal de estado. Sendo tido como a liberdade
individual, a primeira a ser mencionada foi a religiosa, mas a esta se somaram
5. Direito e Modernidade as outras, civis e políticas, que envolvem toda a atuação civil e política. Para
Retomar na história a ideia do modelo do estado liberal que acompanhou que essas liberdade ficassem num patamar elevado, teve que diminuir o
a revolução liberal, culminou como resultado das Revoluções Liberais Poder do Estado.
(Revolução Inglesa, Americana e Francesa). O estado liberal surgiu como
Com isto, teve-se um modelo de estado, à época conhecido como estado vir, permanecer), a questão da lei imperando para todos
de polícia, pois a seu cargo ficava apenas a ordem interna (a lei tinha que indistintamente.
vigorar para manter a paz, a segurança jurídica, para se manter a harmonia) e ✱ Resultado prático - não foi um modelo ideal de organizar a
a externa (quando a possíveis invasões) - estado não intervencionista, a sociedade, pois a ideia de que presentes estes aspectos a
intervenção nos assuntos privados foi diminuída. sociedade caminharia para um avanço, este tendo como
A medida que o Estado se afastou, surgiram teorias apontando outros decorrência a promoção do bem estar social, na realidade não
modelos com críticas (negativas e positivas), neste contexto surgiu o Adam foi o que houve. O que houve foi (exatamente o contrário) que a
Smith, considerado pai da economia moderna, por ter separado a economia classe oprimida (burguesia - detinha poder econômico, mas não
da política e de outros valores morais (ou teoria moral), deu uma depurada na político) com o modelo de estado liberal instalado, ascendeu e
economia, deixando-a de uma forma individualizada, analisando as questões de oprimida passou a ser opressora, e a grande camada
econômicas, sem considerar as questões políticas e nem qualquer injunção populacional (o povo) ficou cada vez mais destituído de
moral. condições básicas e mínimas por não deter poder econômico
Antes Kelsen, em sua teoria pura do direito, queria apresentar um direito algum, e com o mercado e a economia se auto regulando, o
como ciência pura, e aí a reduzir o direito exclusivamente à norma, tirando Estado não pode mais atuar de forma ausente (absenteísta, não
qualquer juízo de valor, qualquer interdisciplinaridade com outras áreas. intervencionista), tendo que adotar o modelo de estado social,
Adam Smith tratou a economia moderna tratando-a de forma visando minimizar a desigualdade social.
desvinculada de qualquer teoria moral e política. Ele foi um dos filósofos do ✱ Então, a completa ideia de Smith a se levar à promoção do
liberalismo. bem-estar social - não se concretizou, se concretizando apenas
5. 1. Concepção Liberal nos avanços e em termos de liberdades conquistadas, mas em
1. Adam Smith ➜ o que é necessário para que uma sociedade se termos de justiça social e bem-estar social, isto não foi
organize da melhor forma possível: constatado.
a. Livre mercado ➜ que afastando-se dos assuntos privados ✱ Valorização das capacidades individuais (meritocracia) ➜ só
deixou com que o mercado se auto regulasse; há sentido se houver uma igualdade e equidade de posição
b. Livre concorrência ➜ faz um estudo específico da economia; originária.
c. Valorização das capacidades individuais; 2. Sistema ideal - Capitalismo possuindo as bases que Smith colocou
d. Rígida aplicação das leis. como necessárias para que uma sociedade se organize da melhor
Para manter a ordem interna, defesa externa, e fazer valer a forma possível ➜ propostas (há que se ter presente):
segurança jurídica. a. Esforço individual ➜ ideia de valorização das capacidades
✱ As sociedades se tornariam cada vez mais avançadas, e estas individuais (meritocracia), esforço individual - cada um deve se
só tendem a produzir o bem estar social. esforçar para a aquisição do máximo de capacidades possíveis,
✱ A prática demonstrou que alguns avanços no tocante às para se destacar e sobreviver nesse meio permeado pela
liberdades não se resumiam às questões mercadológicas, elas liberdade;
também eram religiosas , participação política (voto - b. Trabalho árduo para a acumulação de riquezas;
participação política na condução da vontade estatal), civis (de ir, c. Competição continua no mercado ➜ livre concorrência e livre
mercado;
d. Exercício do individualismo no campo do plano econômico ➜ 5. 1. 1. Libertários
livre mercado, livre concorrencia - cada um por si nesta “corrida”; Libertários (adeptos do liberalismo) na constituição original - defendem os
e. Liberdade pessoal no campo político ➜ também faz uma mercados livres e o Estado deve estar afastado, não devendo intervir, e em
proposta no âmbito político - liberdades políticas garantidas. nada regulamentar o este mercado. Em nome de uma eficiência econômica e
Smith afirma que todos os bens e serviços são produzidos por da liberdade humana. Alegação principal - cada um de nós possui o direito
indivíduos e empresas na busca de seus próprios interesses e não são fundamental à liberdade.
motivados por bondade ou justiça social, neste contexto que vigora a Relação de proporção inversa - quanto maior a liberdade, menor a
denominada "lei psicológica natural” que guia empresários e trabalhadores, intervenção estatal (poder do Estado); quanto maior a concentração de poder,
de forma que cada um busque o seu interesse - isso que precisa ser menor é o âmbito de liberdade individual.
combatido (porque cada um pensa exclusivamente em si), e por isso a Liberdade de se fazer o que quiser com o que lhe pertence, desde que
sociedade precisa avançar para promover o bem estar social (avançada por respeitados os direitos dos outros de fazer o mesmo - rígida aplicação da lei -
se preocupar com o bem-estar social). Estado na garantia da segurança (jurídica, em termos de ordem social,
1. Empresários ➜ buscarem sempre o maior lucro possível; pacificação) para exigir a observância de respeito à liberdade do outro.
2. Trabalhadores (empregadores) ➜ buscam oferecer sua mão de Defendo um Estado mínimo - e acaba rejeitando três tipos de diretrizes
obra em troca de uma remuneração maior possível para a sua e leis que o Estado Moderno normalmente promulga:
sobrevivência. 1. Nenhum paternalismo ➜ são contra as leis que protegem as
Afirma que deve se permitir um agir livremente para a iniciativa privada, pessoas contra si mesmas - leis que tornaram o uso do cinto de
que é a base do liberalismo econômico, com pouca ou nenhuma influência segurança obrigatório. Violam o direito do indivíduo de decidir se
governamental (modelo de estado não intervencionista). Em razão disso, quer assumir riscos - já que pode ser feito o que quiser, desde que
teríamos uma competição acirrada entre todos aqueles que concorrem no não se prejudique terceiros;
mercado, com isso acaba tendo uma oferta de produtos e com isso a queda 2. Não há que se ter nenhuma legislação sobre moral ➜ são contra
dos preços e uma busca individual por inovações tecnológicas - havendo o uso da força coercitiva da lei para promover noções de virtude ou
assim um equilíbrio, de forma que o mercado se autorregularia - oferecimento para expressar convições morais da maioria - como a questão da
de produtos diferenciados, já que se tivesse muito do mesmo este não seria prostituição - não se pode proibir pessoas adultas de praticá-la, deve
valorizado, não seria comprado. ficar a merce da liberdade indidivual de cada um;
Expressão: “mão invisível” - organização natural da sociedade - a 3. Não deve haver qualquer redistribuição de renda ou riqueza ➜
própria sociedade, munida de um agir livre acabaria se conformando, na excluir qualquer lei que force algumas pessoas a ajudarem outras.
medida de produção de bens, serviços, oferta, procura, etc., e acabaria Carga tributária - inclusão de tributação com fins de distribuição de
sempre levando a um avanço dessa sociedade, e uma acomodação natural, riquezas. Não é que não se deva ajudar os outros, mas que essa
uma organização natural. O mercado se organizaria naturalmente, teria uma opção deve ser do indivíduo, e não o Estado forçar / obrigar o
mão-invisível acomodando, conformando todas essas situações sem que indivíduo a assim se portar.
houvesse uma intervenção efetiva estatal, cabendo ao estado uma rígida Robert Nozik. Justiça distributiva (desafio ao conceito difundido à
aplicação das leis - garantir as ordens internas e as defesas externas. época) - os indivíduos tem direitos tão inalienáveis e abrantes, que levantam
a questão de que se é que há alguma coisa, cabe ao Estado fazê-lo; apenas
um Estado mínimo, limitado a fazer cumprir contratos e proteger as pessoas
contra força, roubo e fraude é justificável. Só se justifica o Estado mínimo,
qualquer Estado com poderes mais abrangentes do que estes, acabam abcd
violando o direito dos indivíduos de não serem forçados a fazer o que não ➜d➜b
querem. 1. R ➜ d
Afirma que não há nada de errado com a desigualdade econômica, o que ✱ Obs.: a
importa na verdade é saber como que a distribuição é feita, a justiça a b. (c)
distributiva para existir / incidir, deve atender a duas condições: justiça na a. D ➜ d
aquisição e na transferência de posses - isso que deve se focar. A primeira ✱ Obs.: a
condição é que toda e qualquer riqueza tenha uma origem legítima. a b. (c)
20:30 5. 3. Estado Racional Moderno
5. 2. Concepção marxista Max Weber - um dos fundadores da Sociologia Política
Karl Marx combatente ao Capitalismo. Estado: detentor do “direito” à violência.
Com Engels publicou o “Manifesto comunista” Processo de burocratização nos Estados Modernos - Ideia: “o Estado
Defendendo um viver em sociedade com distribuição de renda justa e consiste em uma relação de dominação do homem sobre o homem; fundada
equilibrada... no instrumento da violência legítima” - o Estado como o portador legítimo do
Em 1867: “O Capital” monopólio da violência. Burocracia no sentido de Governo da Razão - Estado
Aponta o trabalho como centro da atividade humana responsável por Racional - concentra em si o legítimo monopólio da violência.
tornar o homem um ser social Fundamentos embasar da legitimidade da autoridade - justificativas a
Afirma: “A história da humanidade coincide com a história da luta de legitimar uma autoridade:
classes” 1. Dominação tradicional ➜ aquela que teria por base o hábito
Ideia de “alienação” - Cristina Costa (“Sociologia: introdução à ciência da enraizado nos homens de respeitar o poder tradicional, reside este
sociedade”) explica: hábito na crença às tradições - Monarquia: hábito de se respeitar a
“A indústria, a propriedade privada e o assalariamento linha de sucessão, obediência ao patriarca, ao senhor das terras, do
alienavam ou separavam o operário dos ‘meios de filho primogênito por parte dos caçulas;
produção’- ferramentas, matéria-prima, terra e máquina – e 2. Dominação carismática ➜ calcada em valores ou dons pessoais
do furto de seu trabalho, que se tornaram propriedade extraordinários que alguns líderes possuem. São aqueles que
privada do empresário capitalista”. efetivamente acabam mobilizando massas, seja para o bem ou para
Traz, ainda, o conceito de “mais valia”... o mal, por se tratar de uma santidade, ou ainda um herói;
Defende uma “transformação”... 3. Dominação pela legalidade ➜ aqui que chega na ideia de Weber -
Propostas: aquela que é fundada em regras racionais estabelecidas e a
1. R ➜ d obediência é imposta por leis ou um ordenamento de leis.
2. R ➜ d a. Base ➜ pela razão que se deixar iluminar - leis (leis
3. R ➜ d racionalmente postas) + burocracia - propiciando ao dominado a
4. R ➜ d crença à essa dominação (dominação típica do Estado
5. R ➜ d Moderno);
Envolve a presença do racional e de leis (leis postas e dominação só encontra legitimidade na lei - só devem obediência ao
reconhecidas pelo próprio uso da razão, estas é que embasaram Direito;
a legitimidade, não só da própria validade da dominação, como 7. As funções públicas são instituídas por lei e são distribuídas
também da própria autoridade de quem exerce a dominação, conforme competências diferenciadas ➜ ideia da divisão do
pois essa autoridade será designada para exercer essa trabalho via especialização, sempre com respaldo em lei;
dominação pela lei) 8. Para o exercício dessas funções públicas exige-se funcionários
b. “Governo da razão” ➜ governo exercido pela razão - qualificados que não são donos dos seus cargos, nem dos
racionalidade está presente em toda essa análise, sai do cunho meios da Administração ➜ meios dos quais todos os Estado
sentimental e reside na razão. Reconhecimento de um conjunto necessitam, como dinheiro, imóveis, móveis, materiais, armamento
normativo que a tudo embasa. Imposição de comportamentos e bélico, etc.;
regras; 9. Os funcionários serão protegidos no exercício de suas funções
c. No mundo moderno ➜ divisão do trabalho via considerando a ➜ protegidos por um estatuto - proteção prevista na Lei - protegido
especialização. pelo o que e não por quem;
Características do Estado Moderno: 10. Os funcionários receberão remuneração regular em dinheiro ➜
1. Os Poderes são atribuídos de forma clara e delimitada ➜ ninguém trabalha de graça;
culminando em tarefas definidas e também em responsabilidades 11. O recrutamento dos funcionários deve se dar por meio de
específicas - ninguém mais exerce o poder de forma ilimitada, desta provas e diplomas ➜ ideia do concurso público;
forma as atribuições a serem realizadas são predefinidas, e as 12. Os procedimentos da Administração devem ser escritos e
responsabilidades são especificadas - facilitando na conservados.
responsabilização de forma especificada aquele que provocou um O que dizer das burocracias reais e atuais? Coincidem (?) Divergem (?):
dano ou causou um atraso; 5. 4. Considerações
2. Há uma estrutura, um sistema de mando e subordinação ➜ Weber (moderno capitalismo). Seria um “poder revolucionário mau”.
instaura-se portanto, um sistema de mando e subordinação, 1. Surgimento de grupos de interesses, inclusive até mesmo por
assumindo, envolvendo hierarquia e escalonamento dentro do parte de partidos Políticos, que disputam esses cargos em razão de
exercício deste modelo burocrático de Estado; se ter acesso aos recursos do poder;
3. Compete à Justiça a aplicação de regras gerais e abstratas aos 2. Presença do paternalismo, nepotismo e clientelismo;
casos concretos ➜ a razão e a lei; 3. Incompetência flagrante dos servidores havendo a necessidade de
4. A Administração tem por objeto proteger os interesses nos efetivamente se aplicar as avaliações periódicas de desempenho -
limites das regras do direito; podendo justificar a perda do serviço público. Questão da
5. O Chefe Legal e as Instâncias Superiores devem respeitar a acomodação.
ordem impessoal do direito e conforme esta ordem devem se
orientar; 6. Direito e Desenvolvimento
6. Os membros do agrupamento humano só obedecem ao Direito e 6. 1. Introdução
são chamados cidadãos ➜ só obedecem o direito pois a Desenvolvimento - um movimento adiante, um processo de
melhoramento, de um progresso, de crescimento, uma evolução - ideia de um
processo visando uma evolução em determinadas áreas, podendo ser no foram atingidos (pois já incorporados). Conquista de direitos - trabalhistas,
âmbito ambiental, de inovação, de tecnologia, de pesquisa, plano previdenciários, programas governamentais que visavam fornecer moradia.
educacional, etc. Destaques:
Que se espera de uma sociedade considerada desenvolvida (??) - bons 1. Constituição Mexicana (1917);
índices de crescimento econômico estão relacionados ao desenvolvimento da 2. Constituição Alemã de Weimar (1919).
sociedade (relacionados à uma sociedade desenvolvida) e deve-se Crise econômica dos anos 20 e 30 ⇒ Nova teoria econômica -
considerar o próprio progresso social (bem-estar e justiça sociais). impulsionando a criação de uma nova teoria econômica - Estado
Concepção liberal foi instalada pós revoluções liberais - para fundamentar intervencionista consubstanciada na adoção de medidas urgentes de
a quebra da ordem jurídica e política. combate à pobreza, redução das desigualdades, promovendo
No liberalismo econômico clássico, representado por Adam Smith, o (implementação do) o desenvolvimento.
desenvolvimento associou-se - aspectos que deveriam estar presentes para 10 dez. 1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos - diretrizes,
que a sociedade fosse considerada como ideal: orientações aos Estados que a assinaram. Direitos inalienáveis,
1. Liberdade (concepção liberal) ➜ como valor primordial e primeiro a imprescritíveis - arraigados na natureza de todos os seres humanos. Sem
ser indicado; qualquer limitação. Características - universalidade (basta ser humano para
2. Mercado livre (liberdade de mercado) ➜ acesso ao mercado por titularizar estes direitos - como um valor absoluto, de forma atemporal) e
todos, sem injunções, sem interferências (livre concorrência); integralidade.
3. Árdua aplicação das leis ➜ presente e incisiva aplicação legal Estado assume o reconhecimento de direitos relacionados ao valor
4. Questão ética; igualdade - direitos estes que devem ser respeitados e atendidos por todas as
5. Valorização das capacidades individuais ➜ trabalho árduo, funções do Estado.
inclusive para acumulação de riquezas - valorização das Direitos de titularidade coletiva ou difusos - meio ambiente, democracia,
capacidades individuais (meritocracia); participação, informação, acesso à tecnologia.
Contrapartida - Já Marx ⇒ “modelo equivocado” - o modelo com a 1986 – Resolução n. 41/128 – Assembleia Geral da ONU: Declaração
concepção liberal (modelo capitalista). Exploração do homem pelo homem - O Internacional sobre o Direito ao Desenvolvimento - declaração específica.
Estado (dominante) seria um instrumento de dominação das classes Consolidou o Human Rights Approach do direito ao desenvolvimento
menores, o trabalhador sendo reduzido a coisa, e assim alienado de sua 1. Titularidade ➜ individual e coletiva, inerente a todas as
humanidade. coletividades em desenvolvimento (direito inalienável) - todo e
Levando a um colapso das “economias liberais” - no século 20, qualquer ser humano tem direito e coletiva, na medida em que, todos
culminando, portanto, na necessidade de se minimizar - suma importância a os países devem colaborar entre si;
consolidação e instalação da cidadania social (que se firma no direito de 2. Responsabilidade ➜ todos os seres humanos tem responsabilidade
todos participarem do bem-estar social). ausência da Justiça Social (que não pelo desenvolvimento, sendo esta individual ou coletiva. Tendo o
estava sendo praticada). Estado responsabilidade primária.
Estado do bem-estar social (modelo de estado social, prestacional) - 1993 – Declaração e Programa de Ação de Viena. Art. 5º:
Estado que antes afastado estava, começa a se fazer presente, no sentido de 1. Indivisibilidade;
conquista e reconhecimento dos direitos de 2ª geração (direitos que tinham 2. Interdependência;
como finalidade a igualdade), direitos associados à liberdade individual não 3. Inter-relação;
4. Particularidades individuais e culturais ➜ devendo ser 6. 2. Modernamente
consideradas Amartya Sen – resgata Adam Smith, com focos fundamentais ao
Melina Girardi Fachin (“Direitos humanos e desenvolvimento”) ressalta: processo de desenvolvimento (Direitos humanos, democracia e
“... impende registrar que os direitos humanos não se desenvolvimento - buscar primordial da justiça e bem-estar social):
enfraquecem diante da diversidade cultural, mas sim, se 1. Social;
fortalecem com a pluralidade de suas formas e 2. Humanitário;
conhecimentos. a aceitação e o respeito da diversidade dos 3. Garantista - propiciar que os direitos sejam garantidos (seja no plano
modos de ser e viver constituem, portanto, importante etapa nacional ou internacional).
para o reconhecimento da realização dos direitos humanos a Nesse sentido:
partir da ética da tolerância.” (grifo nosso) “Um Estado tem responsabilidades e deveres diante de sua
Destaca a celebração da tríade: população. O meio para obter os recursos necessários as
1. Desenvolvimento; suas políticas é o livre mercado. Foi Adam Smith que disse
2. Democracia; isso, há 250 anos “.
3. Direitos Humanos. Acrescenta:
Sendo esta tríade: indissociáveis, interdependentes e indispensáveis “O crescimento não deve ser um fim em si, mas um meio de
à proteção da dignidade humana. alcançar avanços sociais e beneficiar a população”.
Claudia Perrone-Moisés (“Direito humano em desenvolvimento: a Propõe o “desenvolvimento como liberdade” - esclarecendo em obra
contribuição das Nações Unidas”) citada por Melina, ressalta: homônima:
“A indivisibilidade e a interdependência dos direitos “...a visão da liberdade aqui adotada envolve tantos
humanos trazem como consequência a necessidade de os processos que permitem a liberdade de ações e decisões
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais serem como as oportunidades reais que as pessoas têm dadas as
tratados sempre conjuntamente. O direito ao suas circunstâncias pessoais e sociais. A privação da
desenvolvimento pode ser considerado não como um direito liberdade pode surgir em razão de processos inadequados
à parte, mas como o direito que proporcionará os meios (como a violação do direito ao voto ou de outros direitos
necessários para que se realizem os demais, pode-se dizer políticos e civis), ou de oportunidades inadequadas
que se trata de uma síntese de todos os direitos humanos, (pessoas que não têm condições de realizar o mínimo
que tem como objetivo tornar concreto o art. XXVIII da possível) que algumas pessoas têm para realizar o mínimo
declaração universal dos direitos do homem, segundo o qual que gostariam (incluindo a ausência de oportunidades
todo homem tem direito a uma ordem social e internacional elementares como a capacitação de escapar de morte
em que todos os direitos e liberdades possam ser prematura, morbidez evitável ou fome involuntária).
plenamente realizados.” Relativamente à liberdade de ações e decisões, ressalta:
Desenvolvimento, reconhecido como um direito, passa a ser encarado 1. A importância instrumental da liberdade política ➜ instrumento
como um meio necessário para a materialização dos direitos já consagrados. de incentivo para dirigentes;
Desenvolvimento como instrumento. 2. O papel construtivo da liberdade política ➜ no processo de
escolhas;
3. Justiça, liberdade e desenvolvimento ➜ “escolha social” ➜ 1. Referibilidade ➜ quando se valora algo, se tem por parâmetro algo
comprometimento. anterior - o valor só pode ser considerado a partir de algo existente
Considera os processos de participação em decisões políticas e de anteriormente, deve ter algo de referência / parâmetro, para que se
escolha social ➜ partes constitutivas dos fins do desenvolvimento possa valorar alguma coisa - a partir do sujeito observador, se terá
Ressalta ainda: parâmetros para fazer a escolha;
“Os fins e os meios do desenvolvimento exigem que a 2. Impossibilidade absoluta de mensuração ➜ já que os parâmetros
perspectiva da liberdade seja colocada no centro do palco. são diferentes conforme o indivíduo, pois cada um viveu num
Nessa perspectiva, as pessoas têm de ser vistas como contexto diferente - as pessoas possuem seus respectivos valores;
ativamente envolvidas – dada a oportunidade – na 3. Insuscetível de definição ➜ é variável, não é sempre o mesmo;
conformação de seu próprio destino, e não apenas como 4. Bipolaridade ➜ a cada valor há a correspondência de um
beneficiárias passivas dos frutos de engenhosos programas contra-valor (contraponto - contra-valor em contraposição ao valor);
de desenvolvimento. o estado e a sociedade têm papéis 5. Preferibilidade ➜ vem da manifestação de uma preferência - houve
amplos no fortalecimento e na proteção das capacidades uma escolha para se efetivamente chegar a uma preferência por
humanas. são papéis de sustentação, e não de entrega de algo. Liberdade de escolher para se efetivamente ter uma
encomenda. … As pessoas têm que se desenvolver - preferência;
demonstrar um protagonismo” 6. Historicidade ➜ história, cultura e a axiologia - se correlacionando
num movimento mútuo, recíproco e concomitante.
7. Historicismo Axiológico e Tridimensionalismo Jurídico M. Reale - ordenação axiológica partindo da Pessoa Humana = fonte.
7. 1. Historicismo Axiológico Valores fundamentais ou subordinantes:
Expressão resgatada por M. Reale do Jusfilósofo italiano Luigi Bagolini 1. Valor do verdadeiro ➜ conhecer o que é real (conhecimento do
ao traduzir sua obra. verdadeiro) - o que é verdade naquele momento cultural/histórico;
Correlaciona história, cultura e axiologia em termos de dialética e 2. Valor do belo ➜ está intimamente ligado à questão da estética,
complementaridade - além de terem pontos de contato, se complementam. questão das artes;
Cultura: é difícil conceituá-la - tradições de certos lugares, valores. Reale 3. Valor do útil ➜ d
- consiste em tudo aquilo que o homem acrescenta à natureza por meio de 4. Valor do santo ➜ d
sua inventividade. Cultura é uma realidade humana, na medida em que é 5. Valor do bem ➜ d
construída no transcorrer da história - portanto a cultura é fruto de uma a. Social (Direito e costumes) ➜ d
construção humana. Envolvendo valores, costumes, tradições, posturas. b. Individual (moral) ➜ d
Onde o Direito se enquadra: Ainda quanto aos valores fundamentais ou subordinantes: Relativismo
1. Realidade abstrata ➜ o direito não é só reduzido à uma norma; Axiológico.
2. Realidade cultural ➜ pelo fato do Direito estar relacionado aos fatos 7. 2. Tridimensionalismo Jurídico
culturais / sociais - o direito é produto da cultura. Superado o Formalismo Jurídico que vigorou no século XIX.
Valor: ... Ex.: o valor Justiça ... Análise da validade do Direito sob três aspectos:
Axiologia como estudo ou ciência dos valores. 1. Vigência ➜ validade formal - necessidade de observância de um
Características do valor: procedimento previsto para a sua elaboração pelo qual deve passar
uma norma jurídica, que a tornará obrigatória a todos os Serão sempre considerados fatores de cunho axiológico e de cunho
destinatários; fático, a saber:
2. Eficácia ➜ aptidão para a produção de efeitos jurídicos; Ex.:...
3. Fundamento ➜ se a norma traduz ou não aqueles valores (quais Ao final, apenas um valor será eleito – texto legal – conflitos
são os valores dessa norma) efetivamente presentes na sociedade solucionados!
(valores legitimados) - validade ética ou de fundamento. Da tensão entre fato e valor resultará o momento normativo.
Esses três campos fazem parte de uma estrutura articulada, de forma Concluindo: processo histórico => dinamismo cultural => variações de
que o Direito seria, necessariamente, tridimensional. valores sociais => direito, como fenômeno social num processo contínuo
Havendo um fenômeno jurídico, haverá sempre e necessariamente:
1. Um Fato social;
2. Um Valor;
3. Uma Regra ou Norma.
Que conviverão numa implicação de reciprocidade e polaridade em dado
contexto histórico.

Direito – visto sob os aspectos:


1. Normativo ➜ d
2. Fático ➜ d
3. Axiológico ➜ d
Conclusões
1. R ➜ d
2. R ➜ d
3. R ➜ d
“A vida do direito resulta da interação dinâmica e dialética
dos três elementos (fato, valor e norma) que a integram”
Assim, considerando a Nomogênese Jurídica:

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