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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

E
INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DO DIREITO
PROF.ª ALUANA MENCK CURTI
PROF.º GUILHERME AUGUSTO LIPPI GARBIM
PROF.ª JULIANA CARVALHO PAVÃO
2
Revisando
u Norma jurídica: norma de conduta e norma de
organização.
u Teoria tridimensional do Direito (Miguel Real): fato, valor
e norma.
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Úl,ma aula – Ato jurídico perfeito, direito
adquirido e coisa julgada
u Art. 6º da LINDB
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo
em que se efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle,
possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela
Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)
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Unidade 3 Seção 2

Ciência e Filosofia do Direito. Jus5ça


Fato social e fato jurídico
Direito posi5vo. Direito obje5vo. Direito subje5vo
Common Law e Civil Law.
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Ciência e Filosofia
do Direito
Justiça
Direito 6

Aos olhos do homem


comum, Direito é lei e
ordem! Poderíamos afirmar que o
Direito se resume a um
Assim que age de conjunto de regras?
acordo com as regras,
age direito.
Quem não o faz, age
torto!
7
Direito
Cada época, pensamento e cultura tem uma concepção
diferente do conceito de Direito:
Ø Realidades geográficas
Ø Influência da religião
Ø Questões humanísOcas e históricas.
Direito 8

Você sabia que em países do Oriente Médio, como a


Arábia Saudita, ou em alguns países no norte da África,
como o Marrocos, a religião e o Direito estão
totalmente conectados?
O islamismo é o que dita as regras a serem seguidas
por toda a sociedade. Para nós pode parecer estranho,
mas é uma diferença cultural que deve ser respeitada
e entendida.
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Direito – Miguel Reale
uO Direito é, por conseguinte, um fenômeno, um fato
social; não existe senão na sociedade e não pode ser
concebido fora dela.

ELEMENTO DE SOCIALIDADE
Direito – Paulo Nader 10

u Direito é algo criado pelo homem para estabelecer as condições gerais de


organização e de respeito interindividual, necessárias ao desenvolvimento
da sociedade.
u O Objeto do Direito se coloca em função da convivência humana: visa a
favorecer à dinâmica das relações sociais; é um caminho, não o único,
para se chegar a uma sociedade justa.
u Os homens não vivem para o Direito, embora a vida social não tenha
sentido quando dissociada do valor justiça.
u O Direito é imposto heteronomamente, sem dependência à vontade de
seus destinatários, e, para isto, dispõe, somente ele, do elemento coação.
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Direito - Ihering 12

u Direito é luta!
Conquista por meio de lutas sociais e um exemplo dessa
inter-relação entre sociedade e legislação é o direito das
mulheres.
No Brasil, o Código Civil de 1916, que foi substituído
somente em 2002, dispunha que a mulher tinha de
pedir autorização a seu marido para realizar atos
simples da vida civil, como iniciar um novo trabalho
(BRASIL, 1916, Lei nº 3.071/1916, art. 223, inciso IV).
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Direito - Conceito
u “ubi societas, ibi jus”
(onde há sociedade, haverá o direito).
u Sociedade – Exigência de que o Direito seja justo.
u Ulpiano(“jusOça é a constante e firme vontade de dar a
cada um o que é seu”).
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Justiça / Direito

“A justiça é a condição primeira, transcendental de


todos os valores presentes nas normas jurídicas.
Assim, ela nada mais é do que “o fundamento de
todo o Direito, e o fim maior buscado por ele, para
uma verdadeira paz social e harmonia” (REALE,
2013, p. 352)
Justiça e Direito: 15

u Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade


delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base
territorial e valem apenas para aquela área geográfica, em que
uma determinada população ou seus delegados vivem;
u No Direito, está implícito o conceito de justiça.
Direito e a justiça não são a mesma coisa.
u A justiça é a norma aplicada.
uA justiça é a particularidade do que é justo e correto, como o
respeito à igualdade de todos os cidadãos, por exemplo.
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Reflexão

SOBRE O DIREITO E A
JUSTIÇA...
17
Pense comigo...

“Direito e Jus,ça são conceitos que se entrelaçam, a tal


ponto de serem considerados uma só coisa pela
consciência social.
Fala-se no Direito com o sen,do de Jus,ça e vice-versa.
Sabemos todos, entretanto, que nem sempre eles andam
juntos. Nem tudo que é direito é justo e nem tudo que é
justo é direito. Por que isso acontece?”
SERGIO CAVALIERI FILHO Desembargador do TJ/RJ. Diretor-Geral da EMERJ.
hBps://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista18/revista18_58.pdf
Pense comigo 18

u Isso acontece porque a ideia de JusFça engloba valores inerentes ao


ser humano, transcendentais, tais como a liberdade, igualdade,
fraternidade (...)
u Enquanto a JusFça é um sistema aberto de valores, em constante
mutação, o Direito é um conjunto de princípios e regras desFnado a
realizá-la.
u E nem sempre o Direito acompanha as transformações sociais, quer
pela incapacidade daqueles que o conceberam, e quer, ainda, por
falta de disposição políFca para implementá-lo, tornando-se por isso
um direito injusto!
SERGIO CAVALIERI FILHO Desembargador do TJ/RJ. Diretor-Geral da EMERJ.
hBps://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista18/revista18_58.pdf
Sistemas jurídicos: civil law e common law 19

Civil law:

u Atuação do operador do Direito deve ser técnica,


conhecendo as normas integrantes do sistema e a doutrina
que as interpreta;
u Não deixar de conhecer também a jurisprudência.
u Traço marcante: análise do sistema a partir da Constituição
como norma fundamental do sistema, com as demais
normas sendo classificadas como infraconstitucionais.
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Sistemas jurídicos: civil law e common law
Traços fundamentais da civil law:
u Efeito vinculaOvo das decisões (obrigatoriedade de
acolhimento das decisões dos tribunais superiores);
u Importância da decisão judicial;
u Construção jurisprudencial da doutrina jurídica (as razões
de decidir que possuem efeito vinculaOvo);
u Perpetuidade do precedente (a ra-o decidendi nunca
perde a sua vigência).
Sistemas jurídicos: civil law e common law 21

Commom law:
u Baseia-se na jurisprudência.
u Sentenças dadas para cada caso em parOcular podem servir de
base para a argumentação na defesa de novos casos.
u Civil law é mais estáOca do que a Common law (mais dinâmica).
O nosso sistema jurídico sofreu influência de ambos os sistemas (civil law e
common law), par8cularmente pela evolução do Direito moderno, com a
finalidade de aprimorar o sistema processual e o Poder Judiciário pátrio, inclusive
com o Código de Processo Civil de 2015, levando em conta análise de casos
concretos.
Sistemas jurídicos: fenômeno de aproximação? 22

Atualmente, o que se observa é o fenômeno de aproximação


entre os sistemas jurídicos, que se influenciam mutuamente,
principalmente em razão da globalização judicial. Esta nova
ordem jurídica, resultante das trocas de informações, produz
consequências no direito brasileiro, tanto quanto nos Estados
Unidos e Inglaterra. No Brasil, a importância que vem sendo
atribuída à interpretação e às decisões judiciais, ao passo que no
direito americano e inglês se observa o grande aumento na
produção legislativa, inclusive com a criação de um código de
processo civil inglês.
u Artigo: Morgana Henicka Galio. HISTÓRIA E FORMAÇÃO DOS SISTEMAS CIVIL LAW E COMMON LAW: a influência do
direito romano e a aproximação dos sistemas.
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DÚVIDAS?
24

Fato social e
fato jurídico
Fato social e fato Jurídico 25

v Direito nasce para regulamentar as relações


existentes na sociedade.
fato é definido
FATOS JURÍDICOS como qualquer
transformação
da realidade
v Relações sociais
ou do mundo
exterior
FATOS SOCIAIS
FATO SOCIAL 26

u Campo da sociologia

u Trata-se do estudo da Sociologia, que determina a nossa


relação com a sociedade e o senso comum, de dada época
e espaço.
FATOS SOCIAIS 27

u Osfatos sociais são definidos por Durkheim como as


maneiras de agir, pensar e de sentir que exercem
poder de coerção sobre o indivíduo, realizada, em
geral, no conjunto de uma dada sociedade, tendo,
ao mesmo tempo, uma existência própria,
independentemente das suas manifestações
individuais (DURKHEIM, 1972, p. 5)
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Juridicamente
Fato social irrelevante

u Se chegamos em um restaurante no Brasil e tomamos


uma sopa sem utilizar colher, mas segurando o recipiente
com as duas mãos sofreremos reprovação social!
u Sair na rua de pijamas!

Nos dois casos, não seremos presos ou sofreremos


qualquer sanção por isso. São apenas fatos sociais!!!!
Fato Jurídico 29

u Fato jurídico tem por objetivo a manutenção da ordem e da


segurança diante dos critérios de justiça.
u Para que seja importante para o direito, ele precisa ser
produzido por ato da vontade humana: como um contrato ou
um casamento, ou gerado pela natureza: como um terremoto.
u Também tem como características a alteridade, pois diz
respeito a um vínculo entre duas ou mais pessoas, e a
exterioridade, pois é possível visualizar seu efeito
objetivamente (NADER, 2001, p. 319).
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Fatos Jurídicos
Os fatos jurídicos são os acontecimentos, previstos em
normas de Direito, em razão dos quais nascem, modificam-
se, subsistem e extinguem-se as relações jurídicas.
Fatos jurídicos 31
u Sentido mais amplo dividem-se em fatos jurídicos em sentido
estrito (fatos naturais) e ato jurídico (fatos humanos).
Monteiro Barros:
“fatos jurídicos seriam acontecimentos, previstos em norma de
direito, em razão das quais nascem, se modificam, substituem e se
extinguem as relações jurídicas”.
u Sentido estrito: fato jurídico é aquele oriundo (regra), de uma
ordem de fenômenos naturais, sem a presença afirmativa da
intervenção da vontade humana e que produz efeito jurídico.
Classifica-se em ordinário e extraordinário.
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Fatos jurídicos
u Fato jurídico natural (lato senso):
u Nascimento, morte, capacidade civil;

u Fato jurídico extraordinário (stricto senso):


u fato não esperado e/ou inevitável (decorre necessariamente da natureza).
Pode ainda ser dividido em:
u Caso fortuito: Quando há Imprevisibilidade

u Caso de força maior: Quando há Inevitabilidade.

u Art.393, § único, CC: O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato


necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
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DÚVIDAS?
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Classificações
do Direito:
Direito positivo
Direito objetivo
Direito subjetivo
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Classificações do Direito:
Direito -> ciência jurídica
u Fundamental conhecer como é classificado
doutrinariamente o Direito.
u Veremos as classificações de destaque;
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Direito Natural:
u O conjunto de máximas fundamentadas na equidade, na
justiça e no sentido comum determinado pelo legislador,
bem como das exigências provenientes da natureza
biológica, racional e social do homem.
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Direito Posi,vo
u Regras
ou normas jurídicas vigentes, em um lugar e em
uma época determinados.
Sobre a definição do Direito, convém destacar que diversos autores
positivistas, como Alf Ross, Hans Kelsen e Herbert Hart, buscaram
estabelecer definições próprias para o Direito. De acordo com Agustín
Perez Carrillo (1978), o autor Herbert Hart ponderou sobre o Direito, a
moral e a coerção, bem como distinguiu o Direito Internacional do
Direito Primitivo e do Direito Nacional, além de ter estabelecido um
poderoso instrumento conceitual para explicar o problema do
pensamento jurídico.
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Direito natural e Direito Positivo
Direito natural:
vÉ constituído por um conjunto de princípios, e não de
regras
v Possui caráter universal,
v Eterno e imutável.
Ex: direito à vida e à liberdade.
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Direito Positivo e Direito Natural
u Direito PosiFvo:
v Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado;
v É a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo.
v Pires de Lima:
“Por direito positivo devemos entender o conjunto de normas
jurídicas vigentes em determinada sociedade”.
v Não é necessário, à sua caracterização, que seja escrito. As
normas costumeiras, que se manifestam pela oralidade,
constituem também Direito Positivo.
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Direito Positivo e Direito Natural
v Direito Positivo ordens distintas, mas que
v Direito Natural possuem recíproca
convergência

Direito natural:
v Não é escrito,
v Não é criado pela sociedade, nem é formulado pelo Estado.
“Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do
homem e que é revelado pela conjugação da experiência e razão”.
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Direito Objetivo
u Conjunto de normas imperativo-atributivas, ou seja,
regras que outorgam faculdades ao mesmo tempo que
impõem deveres cuja proteção interessa ao homem.
u É aquele expresso nas leis e nas normas que emanam o
poder público.
u Exemplo: Constituição Federal, Códigos Penal e Civil, de Proteção e
Defesa do Consumidor, etc. Indica a faculdade da pessoa de agir
dentro das regras do direito (FACULTAS AGENDI).
É o poder que as pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais.
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Direito Objetivo e Direito Subjetivo
u Direito Objetivo
u Direito Subjetivo

NÃO SE TRATA DE
REALIDADES OPOSTAS!
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Direito Subje,vo
u Conjunto de faculdades jurídicas concedidas aos
indivíduos para atuarem segundo a lei, para que assim
possam realizar, de modo lícito, determinados atos em
satisfação de seus próprios interesses.
u Revelam poder e dever;
Exemplo: licença à maternidade, sendo esse direito objetivo. É preciso
provar esse direito subjetivo, ou seja, provar a gravidez.
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Direito Objetivo e Direito Subjetivo
u Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de
organização social.
u Quando se afirma que o Direito do Trabalho não é
formalista, emprega-se o vocábulo Direito em
sentido objetivo, como referência às normas que
organizam as relações de emprego.
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Direito Objetivo e Direito Subjetivo
u Direito Subjetivo:
Possibilidades ou poderes de agir, que a ordem jurídica
garante a alguém

Caso concreto
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Direito Público
u Conjunto de normas jurídicas responsável por regularas
as relações do Estado, como ente soberano com os
cidadãos e com outros Estados.

Exemplo: Direito Financeiro: define como o Estado deveria aplicar,


administrar e gerenciar os recursos que recebem por meio da tributação
para empregá-los na sociedade.
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Direito Privado
u Conjunto de disposições jurídicas responsável por regular as
relações dos particulares entre si e do Estado quando este atua no
plano de igualdade com os particulares.
conexão entre o Direito Público e o Direito Privado, na atualidade, é cada vez mais
notório que doutrinadores deixem de limitar a distinção entre o público e o privado,
ponderando-a somente para fins pedagógicos.

Exemplo: Direito Civil – Contratos.


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Dúvidas?
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Questão
Em relação às diferenças entre Direito Posi6vo e Direito Natural,
assinale a alterna6va INCORRETA:
a) O Direito Posi1vo tem eficácia apenas para as comunidades polí1cas
em que é posto e o Direito Natural é universal, tem validade geral.
b) O Direito Posi1vo, ao contrário do Direito Natural, é mutável.
c) O Direito Posi1vo é posto pelo Estado e não por uma força divina ou
conseqüência lógica do pensamento racional.
d) O Direito Posi1vo estabelece aquilo que é “bom” ou “mau” e não o
que é ú1l, como faz o Direito Natural.
e) Nenhuma das anteriores.
50
Questão
Direito subjetivo é:
a) O poder reservado aos magistrados.
b) Um conceito originário do “socialismo jurídico”.
c) Um poder conferido pela norma jurídica para a ação de
um sujeito.
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Questão
Assinale as alternativas que NÃO correspondem às
características do Direito Natural:
( ) Imutável.
( ) Variável.
( ) Estável.
( ) Permanente.
( ) Invariável.
( ) Instável.
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REFERÊNCIAS
CAVALIERI FILHO, Sérgio Desembargador do TJ/RJ. Diretor-Geral da
EMERJ. Direito, justiça e sociedade. Disponível em:
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista18/revista18
_58.pdf Acesso em Abril, 2021
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito / Paulo Nader. – 43. ed. –
Rio de Janeiro: Forense, 2021. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530992118/cfi/6/10!/
4/14/2@0:61.6 Acesso em abril, 2021
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo, Saraiva, 2002.
Ferreira, G.C. L. Introdução ao Direito brasileiro e teoria do Estado.
[Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2018. 9788595023727. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595023727/

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