Você está na página 1de 16

HERMENÊUTICA

JURÍDICA
PROF. ME. ATANAEL FERREIRA

AULA II – CONCEITOS E TEORIAS DA INTERPREÇÃO JURÍDICA


CONCEITUANDO A HERMENÊUTICA

“Há duas perspectivas essenciais para o adequado entendimento. Primeira, a


hermenêutica é uma ciência, uma vez que faz uma classificação lógica e ordenada
das leis da interpretação. (...). A segunda perspectiva é a de que a hermenêutica é
uma arte, uma vez que é um conhecimento que se adquire e exige tanto imaginação
quanto competência para aplicar as “leis” às passagens selecionadas ou aos livros. É
uma arte que não pode ser simplesmente aprendida na sala de aula, mas é
consequência de uma prática constante em sua área de atuação. (...). A tarefa
hermenêutica tem ainda três níveis. O que o texto significa? (Exegese). O que ele
significa pra mim? (Pessoal). Como compartilhar com você o que significa pra mim?
(Retórica).” Grant R. Osborne
HERMENÊUTICA JURÍDICA
E SUA IMPORTÂNCIA NO DIREITO
A Hermenêutica Jurídica é a disciplina que se dedica à interpretação do direito. Ela é importante
no direito porque as normas jurídicas frequentemente apresentam ambiguidades, obscuridades e
lacunas que exigem a intervenção do intérprete para a sua correta aplicação. Além disso, a
interpretação é fundamental para a compreensão do sentido e alcance dos direitos e deveres dos
cidadãos e das instituições.
A Hermenêutica Jurídica busca estabelecer critérios metodológicos para a interpretação das
normas jurídicas, levando em consideração não apenas o texto da lei, mas também o contexto
social, histórico e político em que ela foi produzida. Ela procura, assim, compreender o sentido da
norma, sua finalidade e seus valores subjacentes, para que possa ser aplicada de forma justa e
adequada às situações concretas.
HERMENÊUTICA JURÍDICA
E SUA IMPORTÂNCIA NO DIREITO
Entre as principais correntes da Hermenêutica Jurídica, destacam-se a Hermenêutica Clássica,
que valoriza o papel do intérprete na busca pelo sentido da norma, a Hermenêutica
Fenomenológica, que enfatiza a relação entre o intérprete e o objeto interpretado, e a
Hermenêutica Crítica, que busca desvelar as relações de poder e dominação presentes nas
normas jurídicas.

Em suma, a Hermenêutica Jurídica é fundamental para a interpretação correta e justa das


normas jurídicas, garantindo a efetividade do direito e a realização dos valores e princípios
constitucionais.
TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

• Existem várias teorias da interpretação jurídica, entre elas destacam-se:

• Naturalismo;
• Positivismo;
• Pós-positivismo.
TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

O naturalismo jurídico (jusnaturalismo), por


sua vez, sustenta que o direito é uma
ordem objetiva e racional que se
fundamenta em princípios universais de
justiça. Nessa perspectiva, a interpretação
é vista como um processo que busca
descobrir esses princípios subjacentes às
normas e aplicá-los às situações concretas.
AUTORES E PERSPECTIVAS JUSNATURALISTAS

Os autores jusnaturalistas do direito acreditam que o direito deve ser baseado em princípios
universais e imutáveis que são derivados da natureza humana ou divina. Alguns exemplos de
autores jusnaturalistas incluem:
Aristóteles - filósofo grego que defendia que a justiça natural é a base do direito positivo.
São Tomás de Aquino - teólogo e filósofo católico que defendia que a lei natural é baseada na
natureza humana e na vontade divina.
Hugo Grotius - filósofo e jurista holandês que defendia que o direito natural é baseado em
princípios universais e que o direito positivo deve ser consistente com esses princípios.
AUTORES E PERSPECTIVAS JUSNATURALISTAS

John Locke - filósofo e teórico político inglês que acreditava que a lei natural é baseada nos
direitos individuais e que o governo deve proteger esses direitos.
Jean-Jacques Rousseau - filósofo francês que defendia que a lei natural é baseada na vontade
geral da sociedade e que o governo deve proteger os interesses coletivos da sociedade.
Immanuel Kant - filósofo alemão que defendia que a lei natural é baseada em princípios
universais da razão humana e que o direito positivo deve ser consistente com esses
princípios.
Esses autores jusnaturalistas tiveram uma grande influência no desenvolvimento da teoria
jurídica e política ocidental.
TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

O positivismo jurídico é uma corrente que


considera o direito como um conjunto de
normas criadas pelos legisladores e que devem
ser aplicadas sem qualquer consideração de
valores morais ou políticos.
Nessa teoria, a interpretação é vista como um
processo mecânico de descoberta do sentido
literal das normas, sem que haja espaço para
considerações subjetivas do intérprete.
AUTORES E PERSPECTIVAS JUS-POSITIVISTAS

Os autores positivistas do direito acreditam que o direito deve ser baseado em normas
escritas e criadas pelo Estado ou por outras autoridades. Alguns exemplos de autores
positivistas incluem:
Jeremy Bentham - filósofo e jurista inglês que defendia que o direito é uma criação do
Estado e que deve ser baseado em normas escritas e promulgadas.
John Austin - jurista inglês que defendia que o direito é um conjunto de regras criadas
e aplicadas pelo Estado, e que a obediência a essas regras é a base da obrigação
jurídica.
AUTORES E PERSPECTIVAS JUS-POSITIVISTAS

Hans Kelsen - jurista austríaco que defendia que o direito é um sistema hierárquico de normas
criadas pelo Estado, e que a validade das normas depende da sua compatibilidade com a
Constituição.
Herbert Hart - filósofo e jurista britânico que defendia que o direito é um sistema de regras e
princípios criados pelo Estado, e que a obediência a essas regras é a base da obrigação
jurídica.
Joseph Raz - filósofo e jurista britânico que defendia que o direito é um conjunto de regras
criadas pelo Estado, e que a obediência a essas regras é obrigatória por causa da autoridade
legítima do Estado.
Esses autores positivistas tiveram uma grande influência no desenvolvimento da teoria jurídica
contemporânea e na compreensão da relação entre o direito e o Estado.
TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

Já o pós-positivismo é uma corrente que busca superar as


limitações do positivismo e do naturalismo, propondo uma
interpretação mais complexa e contextualizada das normas
jurídicas.
Nessa teoria, a interpretação leva em conta não apenas o
texto da lei, mas também o contexto social, político e
histórico em que a norma foi criada.
Além disso, considera que a aplicação do direito deve ser
orientada por valores fundamentais, como a justiça e a
equidade, e não apenas pela letra da lei.
AUTORES E PERSPECTIVAS PÓS-POSITIVISTAS

Os autores pós-positivistas do direito questionam as teorias jurídicas tradicionais e buscam


entender o direito de maneira mais complexa, levando em consideração fatores sociais,
políticos, culturais e históricos. Alguns exemplos de autores pós-positivistas incluem:
Ronald Dworkin - filósofo e jurista americano que defendia que o direito deve ser
interpretado à luz dos valores e princípios morais da sociedade, e que a interpretação
jurídica deve ser feita com base em uma teoria coerente e integrada do direito.
Niklas Luhmann - sociólogo alemão que desenvolveu a teoria dos sistemas sociais, que
defende que o direito é um sistema autônomo que funciona de maneira independente de
outros sistemas sociais, como a política e a economia.
AUTORES E PERSPECTIVAS PÓS-POSITIVISTAS

Michel Foucault - filósofo francês que desenvolveu a teoria do poder disciplinar, que
defende que o direito é uma forma de exercício do poder que molda e controla a
sociedade.
Judith Butler - filósofa americana que desenvolveu a teoria queer, que defende que o
direito é uma forma de regulação social que reforça normas de gênero e sexualidade.
Pierre Bourdieu - sociólogo francês que desenvolveu a teoria do campo jurídico, que
defende que o direito é um campo social autônomo que é influenciado por fatores
políticos, econômicos e culturais.
Esses autores pós-positivistas tiveram uma grande influência no desenvolvimento da teoria
jurídica contemporânea e na compreensão do papel do direito na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, as teorias da interpretação


jurídica são importantes para entender
como os intérpretes do direito
compreendem e aplicam as normas
jurídicas, bem como para refletir sobre
os valores e princípios que orientam a
interpretação do direito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Universidade de


Brasília, 2000.
GADAMER, HANS-Georg. Verdade e método. Petropolis: Vozes, 1999.
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2006.
MEGALE, Maria Helena Damasceno e Silva . A Fenomenologia e a Hermenêutica
Jurídica. Belo Horizonte: Edições da Fundação Valle Ferreira, 2007.
SALGADO, Ricardo Henrique Carvalho. Hermenêutica Filosófica e a aplicação do
Direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração
hermenêutica da construção do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.

Você também pode gostar