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PROCESSO EM
JORNADAS
XI JORNADAS BRASILEIRAS DE DIREITO PROCESSUAL
XXV JORNADAS IBERO-AMERICANAS DE DIREITO PROCESSUAL
2016
Revisitando a teoria
geral do processo
Ada Pellegrini Grinover1
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- Discute-se até hoje a natureza pública ou privada do processo, com ênfase menor ou
maior ao princípio dispositivo e à sua gestão, sem se perceber que o processo tem natureza
híbrida e um ou outro aspecto pode prevalecer de acordo com o modelo adotado;
- discute-se sobre o procedimento rígido ou flexível, mas, nas tentativas de flexibiliza-
ção, ninguém invoca a necessidade de um diálogo dos procedimentos;
- ainda há quem afirme que a coisa julgada só pode cobrir a sentença que for resultado
de cognição profunda e exauriente, quando há exemplos, como no ordenamento brasileiro
(desde o CPC de 1973), de coisa julgada cobrindo a sentença oriunda de cognição sumária;
- poucos perceberam que há diversos graus de estabilização das decisões, sendo a coisa
julgada soberana apenas o mais elevado, mas que também existem outros, inclusive em
relação a decisões processuais;
- fala-se de um processo coletivo, como entidade única, mas não se percebe que existe,
de um lado, o genérico, destinado a solucionar conflitos que envolvem categoria, grupos e
classes de pessoas, e, do outro, o estrutural, que se destina aos conflitos de direito público;
- ainda se lembram a teoria monista e dualista do processo, quando hoje existem pro-
cessos que se limitam a aplicar a norma de direito material pré-existente e outros que criam
normas, como na função criadora da jurisprudência e no processo estrutural, que não olha
para o passado mas sim para o futuro;
- há referências generalizadas ao método de interpretação histórico-evolutiva, mas ele é
normalmente aplicado para dissecar o passado, e não para justificar mudanças de interpre-
tação aplicáveis ao futuro, de acordo com a evolução da realidade social;
E assim poderíamos continuar, quase ad infinitum.
O que quero dizer, meus amigos, é que a ciência processual, nestas últimas décadas,
inovou profundamente em relação a instituto e técnicas, mas não soube fazer com que estes
mudassem os conceitos.
Minha esperança, neste preciso momento, é que essas reflexões possam inspirar a pro-
missora geração de jovens processualistas que me escutam ou me leem, para incentivá-los à
elaboração de uma nova teoria geral do processo, que revisite seus fundamentos conceitu-
ais, adaptando-os à realidade social e que corresponda à renovação dos institutos do direito
processual.
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