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APRESENTAÇÃO

DE APOIO

DESAFIOS DA INTERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
Ementa da disciplina
A interpretação da Constituição e as suas dimensões teórica, metodológica
e institucional. Interpretação da Constituição: apenas uma disputa entre teorias
normativas e métodos de decisão? A interpretação constitucional como mecanismo
de expansão e autocontenção judicial. O texto constitucional e os precedentes
do STF como limites. A ponderação de princípios e os seus dilemas. As recentes
inclinações pragmáticas na interpretação da Constituição: possibilidades e limites
Professores
LENIO STRECK FERNANDO ANGELO RIBEIRO LEAL
Professor convidado Professor PUCRS

Advogado, mestre e doutor em Direito pela É doutor em Direito pela Christian-Albrechts-Universität


Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-doutor pela zu Kiel, com bolsa do Serviço Alemão de Intercâmbio
Universidade de Lisboa. Professor titular dos Programas de Acadêmico (DAAD), tendo obtido nota máxima (summa cum
Pós-Graduação em Direito (Mestrado e Doutorado) da laude) na avaliação da tese e no Rigorosum. É também doutor
UNISINOS-RS e UNESARJ. Membro catedrático da Academia e mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do
Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst). Membro da Rio de Janeiro. Realizou estágio pós-doutoral na condição de
Comissão de Estudos constitucionais do CFOAB. Ex- pesquisador visitante na Ruprecht-Karls-Universität
Procurador de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Sócio Heidelberg. Atualmente é professor e coordenador do
e Fundador do Escritório Streck & Trindade Advogados Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da
Associados. Autor de dezenas de livros, dentre eles a obra Regulação da Escola de Direito do Rio de Janeiro da
“Hermenêutica Jurídica e(m) crise: uma exploração Fundação Getulio Vargas. Desenvolve pesquisas nas áreas de
hermenêutica da construção do direito”, “Verdade e Teoria e Filosofia do Direito e Direito Constitucional.
Consenso: Constituição, hermenêutica e teorias discursivas” e
“Jurisdição Constitucional”.
1. Advertências
Advertências

1. A hermenêutica da qual falarei não pode ser confundida com a Teoria da


Argumentação Jurídica.

2. A hermenêutica que eu trabalho não é metodológica.

3. A hermenêutica não é relativista.

4. A hermenêutica não é regional, portanto...


Advertências
4. A partir da hermenêutica, não se pode dizer qualquer coisa sobre qualquer
coisa.
5. Ao contrário do que sustentam as outras teorias, na hermenêutica os
princípios não “abrem” a interpretação e, sim, a “fecham”. A porosidade está
nas regras;
6. A hermenêutica aqui trabalhada é uma imbricação da hermenêutica filosófica
de Hans-Georg Gadamer e da teoria interpretativa de Ronald Dworkin:
construí, a partir disso uma via própria, que está nos meus livros
Hermenêutica Jurídica e(m) Crise (Livraria do Advogado, 10ª. Ed) e Verdade e
Consenso (Lumen Juris – 4ª. Ed).
• Método Savigny → Método hermenêutico.
Advertências
• Se eu fosse buscar na literatura um modo de tentar metaforizar o mundo
jurídico, convocaria o nosso Flaubert, Machado de Assis, com seu conto A
Sereníssima República, na qual o Cônego Vargas relata sua descoberta:
“aranhas falantes, que se organizaram politicamente”. Eis a história.
• O Cônego ofereceu às aranhas falantes um sistema eleitoral a partir de
sorteio, em que eram colocadas bolas com os nomes dos candidatos em sacos.
• O inusitado ocorreu quando da eleição de um magistrado: “Nebraska contra
Caneca”. Em face de problemas anteriores — grafia errada de nomes de
candidatos nas bolas — a lei estabeleceu que uma comissão de cinco
assistentes poderia jurar ser o nome inscrito o próprio nome do candidato.
Feito o sorteio, saiu a bola com o nome de Nebraska. Ocorre que faltava ao
nome a última letra. Mas as cinco testemunhas resolveram o problema.
Advertências
• Caneca, o derrotado, impugnou o resultado. Trouxe um grande filólogo, um
bom metafísico, que apresentou a sua tese:

“Em primeiro lugar, não é fortuita a ausência da letra “a” do nome Nebraska. Não
havia carência de espaço. Logo, a falta foi intencional. E qual a intenção? A de
chamar a atenção para a letra “k”, desamparada, solteira, sem sentido. Ora, na
mente, “k” e “ca” é a mesma coisa. Logo, quem lê o final lerá “ca”; imediatamente,
volta-se ao início do nome, que é “ne”. Tem-se, assim, “cané”. Resta a sílaba do
meio “bras”, cuja redução a esta outra sílaba “ca”, última do nome Caneca, é a
coisa mais demonstrável do mundo. Mas não demonstrarei isso. É óbvio. Há
consequências lógicas e sintáticas, dedutivas e indutivas... Aí está a prova: a
primeira afirmação, mais as silabas “ca” adicionadas às duas “Cane, dá o nome
Caneca.”
Advertências

• Perfeito. Quem dá as palavras o sentido? Isso já estava lá no Crátilo, na


discussão Da Justeza dos Nomes. Vejo o cavalo, mas não vejo a cavalidade,
dizia Adso de Melk para o mestre Guilherme de Baskerville, em O Nome da
Rosa. Pois é. Como se dão nome às coisas? E a interpretação da lei tem
limites? Machado brinca bem com isso, pois não?
2. O que é isto – O
Direito?

Dois Advogados Conversando, por Honoré Daumier


3. Teoria do Direito e hermenêutica
- interpretação
A delinquência de Hermes
Dogmática e
Humpty Dumpty

Há limites na interpretação. Não


podemos, no Direito, agir como o
personagem Humpty Dumpty
(imagem acima da capa do livro
Alice Através do Espelho) e dizer:
“— eu dou às palavras o sentido
que quero”.
4.Perguntas e respostas com
Lenio Streck
É possível uma dogmática crítica?
Qual é o papel da doutrina?
É possível aproveitar lições do positivismo
em uma releitura?
Como resolver o problema da democracia
sem a aposta no juiz?
E por que é possível dizer que essa
aposta é positivista, embora isso soe
paradoxal?

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