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CASTANHAL - PA
2019
CAIO ZACARIAS LOPES DE LIMA
FELIPE ALVES DOS SANTOS
CASTANHAL-PARÁ
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Aos meus guerreiros. Edmilson Ribeiro de Lima e Suely Lopes de Lima, que desde minha
infância me deram suporte e atenção para garantir meus estudos. Obrigado por tudo, amo
demais vocês.
Aos meus irmãos Cássio Lima e Junior Lima, que além da amizade e companheirismo são
verdadeiros exemplos de pessoas, e levo isso com minha pessoa.
As minhas tias, amo todas sem igual. Obrigado por toda a preocupação com minha pessoa e
meus estudos. Os meus tios que sempre apoiam nos momentos bons e ruins.
À coordenação do curso de História da Estácio Castanhal representada pela prof. Msc. Érika
Melo.
Ao prof. Msc. Franciel Paz pela disponibilidade nos momentos de dificuldade de nossa
pesquisa.
Gratidão ao programa (FIES) ampliado pelo governo petista para garantir a formação
educacional dos cidadãos brasileiros, atingindo desta forma a mim, um jovem, negro e pobre
do interior do Pará. Muito obrigado.
Aos que deixei de mencionar, mas deram força na caminhada, muito obrigado.
AGRADECIMENTOS (Felipe Alves dos Santos)
À minha família, que mesmo distante, sempre apoiou essa jornada, sonhando comigo e
acreditando no poder da educação transformadora. Obrigado: Ana, Célia, Andreza, Adriana,
Luana e Lucivaldo,
Aos casais que tiveram comigo: Ana e Jurandir, Ângela e Carlos, Adriana e Orivaldo, Alan e
Neila, Luana e Heraldo, Lidiane e Amilton. O apoio de vocês foi fundamental para concluir
esse processo.
Aos meus queridos amigos professores pela parceria, acolhida, incentivos, puxões de orelha e
orientações. Gratidão imensa a vocês: Profª. Elaine Oliveira, Prof. Alan Valadares, Profª.
Erotilde Oliveira, Profª. Alga Vital, Prof. Luis Carlos Filho, Profª. Cristiane do Vale, Profª.
Silvana Santos.
Aos meus amigos de curso Amilton Gomes, Nelson Oliveira, Nycolle Sobrero e Ribamar
Costa Filho, muito obrigado pela parceria.
À querida e dedicada Professora Mscª Érika Cristiane Melo, que à frente da coordenação do
Curso de História da Estácio Castanhal, sempre esteve disposta a nos ajudar, orientar, atender
e encaminhar em todas as demandas do curso.
Ao meu amigo e parceiro de TCC, Caio Lima, grande professor com um futuro muito
promissor no campo da pesquisa e desenvolvimento da Região Amazônica. Muito Obrigado
meu parceiro.
Ao meu filho Arthur Felipe, força renovadora e transformadora para superação das
dificuldades e realização de sonhos e projetos futuros.
RESUMO
The principle of occupation Caraparu ís related to the processo of colonization amd sttlemnt
or river Guamá, that is effected over a century XVIII thoygh the distribution of letter
sesmarias. Leave were found of 24 concessions of letters that bealong to the margins of the
rever Caraparu that emable us to understand the processo f colonization and exploration.
Does- if necessary to relate the use of these latters with the processo of the slavery developed
on the margins of the river Guamá over the centuries XVIII and XIX. Posteriorly analyze the
processo f resistance of slaves to exploratory pratice, indentifying the riot that occured in that
region. It is noteworthy that effectrely the village of Caraparu will present thick from the
century XIX. It should be noted that it is in this period that happens the participation of slaves
who lived on the margins of the river Caraparu in motion cabano. Being necessary to
umderstand the participation of slaves of Caraparu in Cabanagem to relate with the possible
migration wiche led to settement of the region. Elucidate the political participation of
residents of Caraparu throughout the decade of 1870. Emphasize the provincial power within
yhe Caraparu, facter thet demonstrates the importance of the locality to the historical contexto
of the season. Finally, analyze the continuing practice slarery in the locality in evidence, being
a territory that until the end of the century XIX has consolidation and cosntitution of the
vilagge of Caraparu over the period in focus.
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
ANEXOS .................................................................................................................... 53
10
1 – INTRODUÇÃO
Este trabalho versa sobre o processo de ocupação do Distrito do Caraparu, que fica
localizado a 30 km da capital Belém, no município de Santa Izabel do Pará. Geograficamente,
este distrito possui uma ampla ligação fluvial com outras localidades, fator este de suma
importância para problematização deste trabalho. No artigo de Santos et al (2017) a autora
ressalta que;
O rio Caraparu deságua no rio Guamá, este servindo de limite natural com
município de Bujaru ao sul; outros rios menores, de curso paralelo ao Caraparu, são
o Guajará e o Jandiaí, respectivamente, limitando com os municípios de Benevides e
Inhangapi. (Santos et al, 2017.p.3)
É relevante destacar estas características, tendo em vista que ao longo do século XVIII
as margens do rio Guamá vão passar por processo de conquista e legitimação da posse da
terra, impulsionadas pelas concessões de sesmarias1. É notório que as margens do rio
Caraparu passaram por um processo de conquista e povoamento ao longo do século XVIII
legitimado por tal pratica citada acima. Porém, a população densa do Caraparu aparece nas
documentações encontradas ao longo do século XIX, fator este que possibilitou um recorte
temporal ligado a este período.
1
A sesmaria se consolidou como método de distribuição de terras em solo Amazônico, garantindo através de um
documento jurídico a propriedade da terra. Sesmarias. Texto Marly Camargo Vidal e Maria Ataide Machear.
Pesquisa: GirolamoTreccani, José Heder Benatti, José Maria Hesketh Condurú Neto; Marly Camargo Vidal;
Maria Ataide Malcher. Revisão: Jane Aparecida Marques. Belém: ITERPA, 2009. Passim.
2
Moraes, Abraão José Coelho de Caminho da produção: relações econômicas e políticas na Comunidade
Quilombola de Macapazinho / orientadora, Carmem Izabel Rodrigues. - 2012. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal do Pará. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais, Belém, 2012.p. 45-74.
3
Os grupos que hoje são considerados remanescentes de comunidades de quilombos se constituíram a partir de
uma grande diversidade de processos, que incluem as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas,
11
tipo de ocupação efetivado na localidade? Indagações estás feita que deixa dúvidas sobre
como se consolidou a ocupação e formação do Caraparu e suas comunidades, proposta essa
central do trabalho. A história de formação e ocupação do Caraparu está relacionada ao
contexto nacional e internacional da época. Questões territoriais, colonização, exploração
econômica, escravidão são temáticas complexas, que estão diretamente ligadas a historia de
formação do Caraparu, sendo necessário esclarecer tais relações ao longo do trabalho. Diante
ao exposto, deu-se início ao processo de pesquisa bibliográfica e documental para construir
este trabalho.
O recorte temporal da pesquisa está ligado a uma lógica de processo. Tendo em vista
que a povoação do Caraparu está relacionada ao contexto histórico do século XVIII e
consolidada através de analise documental do século XIX. Buscou-se fundamentar e
problematizar uma real ocupação do distrito de Caraparu durante os anos de 1830 e 1882,
sendo considerada a ocupação desta localidade um processo longo e contínuo que se
consolidou no período em evidencia, tendo como base documentação de época.
mas também as heranças, doações, recebimento de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado, a
simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior das grandes propriedades, bem como a
compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após a sua extinção. (Schimitt et al
2002. p. 3)
4
A bacia do rio Guamá tem uma área de drenagem de 87.389,5 km2 que corresponde a 7% da área do Estado do
Pará, e segue no sentido Leste-Oeste, servindo de divisor natural entre vários municípios. Este rio, que mais se
assemelha a um afluente do rio Capim, se localiza no setor que define o limite nordeste da Amazônia, na subárea
do alto rio Capim/região Bragantina do Pará (correspondente à célula espacial 20 na setorização proposta por
Ab’Saber (1994). Com um curso total de aproximadamente 380 km, nasce nas matas dos municípios de Ipixuna
e de Nova Esperança do Piriá, acima de Paragominas, seguindo por Capitão Poço e Garrafão do Norte, a
sudoeste, e finalmente dirigindo-se para norte-nordeste até o município de Ourém. Deste ponto em diante o rio
flete para oeste, divisando São Miguel do Guamá de outros três municípios. Junta-se então ao rio Capim na
altura da cidade de São Domingos do Capim e, engrossado a partir deste ponto, vem desaguar na baía do
Guajará, em Belém. Seus afluentes mais importantes pela margem esquerda são os rios Capim, Acará e Moju.
TORRES, Marcelo Ferreira. A Pesca Ornamental na Bacia do Rio Guamá: sustentabilidade e perspectivas ao
manejo / Marcelo Ferreira Torres; orientador David Gibbs McGrath. – 2007. Tese (Doutorado) – Universidade
Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Sustentável do Trópico Úmido. Belém, 2007. p.27.
12
No segundo capítulo, discute-se a prática escravista ao longo do rio Guamá. Fator este
que é de suma relevância destacar, pois, nas margens do Guamá foram construídos e
edificados engenhos e fazendas que se utilizaram da mão-de-obra escrava para garantir o
sucesso da produção. Posteriormente, serão debatidos os momentos de resistência dos
escravos ao processo de exploração. Dando destaque para as movimentações de fuga e
resistência que se constituíram ao longo do século XVIII nas margens dos rios Guamá e
Caraparu. Este capítulo será de fundamental importância para se entender posteriormente a
participação escrava do Caraparu na cabanagem.
5
O Instituto de Terras do Pará – ITERPA – é uma autarquia estadual, criada pela Lei n° 4.584, de 8 de outubro
de 1975. Sua criação foi um marco histórico para a execução da política fundiária no Estado. Orientado pela
missão de garantir o acesso à terra, prioritariamente aos diferentes segmentos da agricultura familiar, através da
Regularização Territorial, visa à promoção do desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Estado. Órgão
da administração indireta do Governo, o ITERPA tem como meta principal a realização do Ordenamento
Territorial no Pará. Várias mudanças ocorreram na trajetória desse Instituto e, recentemente, em 2007, o
ITERPA se reestruturou para cumprir as metas definidas para execução do Ordenamento Territorial no Estado a
partir de novas dinâmicas. O órgão, desde então, ganha novo Regimento para atender às necessidades de um
planejamento inovador e arrojado que está sendo implantado. As mudanças no órgão incluem uma política de
divulgação e disseminação de informações a partir da publicitação das ações executadas. Por este motivo,
apresentamos esta publicação – SESMARIAS – que pretende oferecer informações sobre a primeira forma de
distribuição de terras no Brasil: o processo sesmarial. A presente obra se constitui, assim, como passo
antecedente à divulgação das atividades desenvolvidas no Projeto Sesmarias executado em parceria com a
Secretaria de Cultura – SECULT – por meio do Arquivo Público do Estado do Pará. INTERPA, 2009. p. 6.
13
epidemias no interior da província paraense, chegando a atingir o povoado que mora nas
margens do rio Caraparu.
Para a análise dos resultados obtidos, o método foi consolidado a partir de uma
perspectiva qualitativa, de caráter exploratório, tendo como característica a pesquisa básica.
Foi necessária uma ampla pesquisa e análise de bibliografias, que posteriormente foram
confrontadas e analisadas com as fontes primárias. É importante ressaltar o método colocado
por José D´Assunção de Barros, chamado de taxonomia das fontes, que foi de suma
importância para a consolidação e construção do trabalho.
Uma taxinomia é uma classificação, uma maneira de entender melhor este vasto e
complexo universo que constitui o conjunto de todas as fontes históricas possíveis.
O que rigorosamente coincide com toda a produção material e imaterial humana que
pode permitir aos historiadores interagirem com as várias sociedades localizadas no
tempo (2012. p. 132)
6
Ver nas referências, p. 52.
15
As cartas sesmarias têm sua impulsão como método de apropriação da terra a partir do
século XVIII em território Amazônico. Esta forma de apossamento da terra deu origem a
várias fazendas8 dentro do território, onde foram desenvolvidos práticas e métodos que
legitimaram a permanência dos colonos em terras amazônicas. Os principais pontos de
distribuição destas cartas estavam ligados aos rios9 próximos de Belém, propiciando a
ocupação da referida área (LIMA, 1973; CASTRO, 2012).
A sesmaria para alguns autores foi à primeira forma de se constituir uma noção de
poder privado sobre terras no Brasil, e a partir disto ter um modelo de apropriação da terra de
forma regulamentada e legal, com todos os seus deveres e obrigações a serem cumpridos
pelos sesmeiros. No entanto, apesar de ser uma carta de concessão de terras que tinha o
objetivo de ocupar e cultivar, a falta de uma regulamentação, fiscalização e organização fez
com que a excelência do projeto não acontecesse. (INTERPA, 2009)
7
Os povoadores voluntários eram chamados de caçadores de aventuras. Eram pessoas seduzidas pela coroa
Portuguesa para buscar novos rumos e caminhos em outro território. Destaca-se que a maior parte destes
“caçadores” eram vadios e degredados, titulados como criminosos, e que na maioria das vezes recebia pena
de morte por seus delitos. CRUZ, Ernesto. História do Pará. Belém, Governo do Estado do Pará,
1973. P.34/ LIMA, R.R. A conquista da Amazônia. Reflexos na segurança nacional. Belém, 1973.
Editora Falângola. P.9.
8
As fazendas principais foram a de Pernambuco, Uriboca, Utinga, Tucunduba, Pinheiro. Ibid., p.9.
9
Rio Capim, Guamá, Bujaru, Acará, Moju e na embocadura do Tocantins. CASTRO, Edna. Terras de Preto
entre rios e igarapés. In: Belém de Águas e Ilhas. Belém: CEJUP, 2006. p. 4
16
Para se conseguir uma concessão de terra, uma sesmaria ao longo do século XVIII,
segundo o trabalho apresentado pelo INTERPA, chamado de Projeto Sesmarias era
necessário se enquadrar dentro de alguns parâmetros, o principal era ser cristão, ser um
homem que tivesse os princípios da cristandade. Outra forma era a pessoa ser considera de
bem e de posses, principalmente aqueles tenham prestado serviços à Coroa Portuguesa,
levando sempre em consideração as qualidades pessoais de cada solicitante de terra.
(INTERPA, 2009)
prática escravista está sendo desenvolvida desde o início da invasão de Belém10. As cartas de
sesmarias destacam a utilização deste método de exploração citado acima, dentro das lavouras
de café, cacau, cana–de-açúcar, e propriedades adquiridas pelos sesmeiros, mostrando
também que estes sesmeiros apesar de possuírem cativos, ainda eram um número reduzido,
haja vista que a condição financeira dos colonos que residiam na província do Grão-Pará era
insuficiente para comprar muitos escravos, sendo estes bem caros 11. (PAZ, 2012; SALLES,
1971)
José Maia Bezerra Neto (2012) destaca que após a regulamentação do tráfico negreiro
que aconteceu no ano de 1756, a demanda de cativos vindos para a região Amazônica nos fins
do século dezoito superou os 35 mil. No entanto, o então governador da província do Grão-
Pará Souza Coutinho em documento datado do ano de 1797 informa que a população escrava
da província estava abaixo dos 30 mil cativos. Mas, é importante ressaltar que o autor ao
pautar estes números com diferenças expressivas, propõe que elevado índice de mortalidade
destes escravos dificultava a conta exata, sendo sempre inconstante, mortalidade esta
proporcionada pelo não recebimento de tratamento e acompanhamento de suas complicações.
(BEZERRA NETO, 2012)
10
A escravidão dos povos indígenas em Belém remonta ao princípio de sua invasão. SALLES, Vicente. O
Negro no Pará sob Regime de Escravidão. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; Belém: UFPA,
1971. p. 13-27
11
Referência à compra de cativos Africanos. SALLES, 1971, Loc. Cit.
12
A importância está ligada a um amplo processo de conquista territorial objetivado pela coroa Portuguesa, que
através das cartas de sesmarias legitimou de forma jurídica a conquista e posse da terra. NASCIMENTO,
CLAUDIA HC. "ICONOGRAFIA DO RIO GUAMÁ: À MARGEM DE BELÉM."Belo Horizonte, fevereiro
2011. Passim. Sesmarias. Texto Marly Camargo Vidal e Maria Ataide Machear. Pesquisa: GirolamoTreccani,
José Heder Benatti, José Maria Hesketh Condurú Neto; Marly Camargo Vidal; Maria Ataide Malcher. Revisão:
Jane Aparecida Marques. Belém: ITERPA, 2009. Passim.
13
O Estado português olhava com desprezo a Amazônia devido à mesma ser pouco desenvolvida, muito
extensa e pouco povoada, contudo a criação do estado do Grão-Pará e Maranhão, e a liberação das cartas
de sesmarias proporciona a legitimidade da conquista territorial. CHAMBOULEYRON, R.Terras e poder
na Amazônia colonial (séculos XVII-XVIII).Congresso Internacional Pequena Nobreza nos Impérios
Ibéricos de Antigo Regime, Lisboa 18 a 21 de Maio de 2011. Passim.
18
Segundo o trabalho realizado pelo INTERPA (2009), observa-se que as maiores partes
das propriedades de cultivo ficavam distante das zonas administrativas e comerciais da capital
Belém. É neste contexto que se insere a região do Guamá, que de certo modo, sua grande
extensão era distante da capital, mas a maior parte dos proprietários de terras do local se
diziam moradores de Belém. Podemos citar o exemplo de Leão Pereira de Barros que se dizia
morador da capital, mais tinha uma plantação de cerca de 5 mil pés de cacau às margens do
rio Guamá. (INTERPA, 2009).
Raimundo Franciel Paz (2012) destaca que apesar das sesmarias terem garantido a
posse da terra por mais de dois séculos, a forma e os mecanismos utilizados para se apropriar
e ocupar o território se efetivou de forma diversa, destacando o modelo de apossamento
primário14, que na maioria das vezes era realizado por pequenos e médios proprietários,
pequeno sesmeiros e até mesmo por quilombolas e índios que não estavam inseridos dentro de
sua etnia.
14
Uma das formas de se garantir a posse da terra ao longo dos séculos XVI-XVII e XVIII, sendo estas na maior
das vezes efetivadas por índios destribalizados, médios e pequenos proprietários ou quilombolas. PAZ,
Raimundo Franciel. Nas correntezas e contra-correntezas do rio Caraparu: memória e história em
comunidades tradicionais na Amazônia oriental (1912-1950). 2012.p. 24.
19
Ernesto Cruz em seu livro História do Pará, evidencia que houve uma evolução
populacional ao longo dos séculos XVII e XVIII devido à construção de novos engenhos;
É relevante destacar que a região que compreende ao rio Guamá foi inserida dentro da
lógica de sesmarias pautada pela intenção da Coroa Portuguesa de ocupar e legitimar a posse
da terra, e com o intuito de produzir em vasto território fértil. A produção agrícola esteve
ligada a plantação de cana, cacau, mandioca, algodão e a criação de algumas cabeças de gado,
e pôr fim a manutenção de uma agricultura pautada na manutenção familiar. A
comercialização destes produtos esteve sempre ligada fortemente com Belém, gerando até um
processo de pendência do povoado de Belém, com os gêneros alimentícios produzidos ao
longo dos rios. (CRUZ, 1973; CASTRO, 2001)
20
Segundo Ernesto Cruz (1973), com a fundação da casa forte15 no Guamá no ano de
1727 as terras ligadas a está região que até então não tinham sua legitimidade para serem
ocupadas e cultivadas, passaram a ser requisitada com maior frequência. Muitas dessas terras
concedidas pelo processo de sesmarias tinham ampla extensão, fator este que fez com que o
governador reduzisse o número de léguas16 destinado para sesmeiros com objetivo de garantir
a excelência do projeto de ocupação.
15
Casa forte pertencia foi erguida pelo senhor Luís de Moura no ano de 1927, com objetivo de proteção e
legitimação da ocupação. CRUZ, 1973., p. 34.
16
Medida itinerária equivalente a 3.000 braças ou a 6.000 metros.
21
Cruz (1973. p. 95) mostra que o engenho real de Mocajuba localizado as margens do
rio Guamá foi adquirido pelo proprietário Feliciano José Gonçalves no ano de 1789. Este
custou mais de 900 réis, sobretudo o engenho seria adquirido, mais vinha com sua compra um
total de 39 escravos a ser utilizado pelo novo proprietário. Outros engenhos localizados a
margem do rio Guamá, foram conhecidos como Murutucu e o do Utinga.
Cruz, (1973), Castro, (2001), Paz, (2012) apontam que a produção ao longo do rio
Guamá não ficou restrita ao açúcar, os demais produtos tiveram sua importância no âmbito da
agricultura, como o cacau, algodão, mandioca. Com isso, as sesmarias que foram destinadas
às margens rio Caraparu que é pertencente à região do Guamá, consta a intenção dos colonos
de se realizar a agricultura baseada nestes produtos. Paz, (2012. p. 24) revela que a região do
Caraparu recebeu um total de 24 concessões de sesmarias, na qual vamos destacar algumas
posteriormente.
A carta de sesmaria pertencente ao senhor Manuel Gomes Rocha data do ano de 1728.
Consta na carta que o mesmo requereu com a intenção de se cultivar cacau, farinha e feijão.
Esta carta é referente às margens do rio Caraparu, sendo esta composta por duas léguas de
terras que compreende ao lado esquerdo do rio e vai até o centro, indo até margens das terras
do senhor Jozeph Alves. (Livro 05, folha 21, doc. 36, de 20/09/1728-INTERPA). Anexo (A)
Outra carta pertencente ao rio Caraparu data do ano de 1729, sendo está propriedade
do senhor Antônio de Souza Fernandes, que requereu com o intuito de cultivar cacau e mais
plantas. A carta de sesmaria adquirida no de 1729 pelo senhor João Paes da Silva, que
22
declarou ser casado e ter muitos filhos, fica localizado as margens do rio Caraparu. O teor do
pedido da carta ressalta a intenção do sesmeiro de se cultivar cacau e mais lavouras. (Souza,
2012). (Livro 05-Folha 90- doc- 131. INTERPA) Anexo (B) (2-livro 05- folha- 111-doc 176.
INTERPA), Anexo (C)
Em 1734, o morador Fran requer terras com o intuito de constituir e prosperar suas
lavouras. Ele conseguiu cerca de 2 léguas, suas delimitações ficavam próximas do igarapé
maguari, até os fundos da propriedade do senhor Manoel Gomes da Rocha, já citado
anteriormente17. O teor desta carta elucida que a área do Caraparu era prospera para o cultivo,
algo que neste período era de fundamental importância para deter o colono na terra, e
justificar tal apropriação. Já no ano de 1738, o senhor Pedro Correa de Souza consegue uma
carta de sesmaria no igarapé Jundiaí, que fica localizado na região do Caraparu. Pedro
requereu a terra com a intenção de cultivar produtos, este foi consolidado com uma légua de
terra.18
Em seu trabalho Ana Paula Macedo Cunha (2009) ressalta que as sesmarias foram um
instrumento utilizado pela Coroa Portuguesa para a fixação dos colonos na terra e
consequentemente a isto se ressalta o sucesso da ocupação e da exploração econômica. A
autora no argumento de Chambouleyron (2011), de que as sesmarias legitimaram a lógica da
ocupação e da exploração econômica, que foi colocada em prática na região amazônica ao
longo do século XVIII.
No mapa em anexo19, é perceptível a presença do rio Caraparu, porém esta figura não
é representada pela comissão do projeto de sesmarias, assunto este mencionado anteriomente.
Mas é uma construção da igreja, haja vista que o processo de catequização das comunidades
étincas nativas da região amazônica estava em atividade. E como a região guajarina faziam
17
Livro-06-Doc-341-Folha-170. Ano 1734 INTERPA. Anexo (D)
18
Livro-09-Doc-145-Folha-96. Ano 1738 INTERPA. Anexo (E)
19
Anexo (F)
23
Com isso, deixasse a entender que a ocupação das terras ociosas na região amazônica
se enquadra na lógica territorial de Portugal, haja vista que a coroa se utilizou do projeto de
sesmarias para consolidar sua determinação territorial, mostrando que seu interesse não era
meramente econômico, mas sim de ocupação, legitimação de algo que foi “conquistado”. No
entanto, de acordo com o trabalho do INTERPA (2009), é importante destacar que este
processo de ocupação não se consolidou em sua excelência, tendo em vista que a Coroa
24
necessitava fazer uma fiscalização nas propriedades, fator este que foi prejudicado pela
imensidão da região e pela caracterização do ambiente e do clima. (INTERPA, 2009)
O interesse da Coroa em saber o que vinha se constituindo nas propriedades era algo
que legitimava pela forma de fiscalização, destacando neste sentido que a Coroa decretava
prazos para a realização do cultivo. Pautava punições a sesmeiros que não cumprissem as tais
regulamentações. Uma das punições mais severas era a expropriação da terra não cultivada.
No entanto, esta prática de fiscalização e punição em solo amazônico e brasileiro, teve pouco
resultado devido à complexa dimensão territorial. (INTERPA, 2009).
O suplicante Manuel de Souza não tem terras próprias onde possa fazer suas lavoras.
Por cuja razão, é necessário carta de sesmaria no rio vajarâ, a partir do rio Piranema
até a boca do rio Jandiaí entre os marcos de Antônio de Souza Moura e dos
religiosos. (SOUZA, 2012. p.52)
Cruz (1973) Souza (2012) revelam que agricultura não foi o único modelo de
manutenção das sesmarias, é importante destacar que a criação de gado foi relevante em
algumas propriedades localizadas na região do Guamá. A extração de couro foi outra
mercadoria de relevância no comércio.
Desse modo, conclui-se que de ambos os lados havia um interesse por trás, contudo os
objetivos são diversificados que convém a cada grupo. O ideário da coroa pautado na lógica
de demarcação, e controle. E os colonos com o olhar de garantir sua propriedade e sobrevier
através de sua produtividade.
25
20
Cerca de 30 mil cativos ingressaram em navios rumo à província do Grão-Pará e Maranhão ao longo do
século XVIII. BEZERRA NETO, José Maia. Escravidão negra no Pará: séculos XVII-XIX. Belém, 2
edição. Paka-Tatu, 2012. p. 201-239.
21
NETO, loc. Cit.
22
Katia Mattoso. Livros: "Bahia no Século 19 - uma Província no Império" (Nova Fronteira, 1992), "Ser
Escravo no Brasil" (Brasiliense, 1982)
Daniel Domingues Barros Silva. Suas pesquisas encontra-se publicada em revistas acadêmicas de língua inglesa
e portuguesa, como Slavery and Abolition e a Revista Afro-Ásia.
26
Segundo José Maia Bezerra Neto (2000, p.21) “nas bacias fluviais que compõem a
Zona Guajarina23, houve o estabelecimento de fazendas e engenhos caracterizados por uma
significativa mão-de-obra escrava de origem africana”. Este fator é perceptível quando se
analisa o processo de ocupação e colonização da região mencionada. Temos os exemplos de
alguns engenhos e fazendas que legitimam a ideia em destaque, um deles é o já citado
Engenho Murutucu, que tinha como proprietário o senhor João Antônio Rodrigues Martins,
iniciava suas extensões nas terras do igarapé Tucunduba e terminava nas delimitações do
Uriboca, teve em suas atividades a participação da mão-de-obra escrava, sendo este
representado por cerca de 40 a 50 escravos. O engenho Madre de Deus, que tinha como
proprietário o senhor Eduardo Angelim possuía cerca de 72 cativos envolvido em suas
23
Denominação pertencente às áreas ligadas ao rio Guamá. NETO, 2012. Passim.
27
atividades. O engenho São José, que ficava localizado nas margens do rio Capim tinha cerca
de 50 cativos, sendo estes de propriedade do senhor Calisto. Este último engenho
mencionado, focava na produção de cachaça, sendo este produto o que propiciava mais lucro
para o engenho. (NETO, 2009; NETO, 2012; CRUZ, 1973).
Na Carta do senhor João Paes da Silva citado por Souza (2012), é perceptível a
intenção do mesmo em se cultivar cacau as margens do rio Caraparu, sendo está terra requerer
com o discurso de possuir uma ampla família, diz ter muitos filhos dispostos a trabalhar nas
lavouras. O cacau na Europa durante o século XVIII passou a dar lucro satisfatório para os
colonos amazônicos, sendo este produzido e exportado em grande escala. Segundo o livro da
alfândega do porto do Pará que data de 1730 a 1750, o cacau foi o produto mais lucrativo na
exportação, sendo vendido cerca de 852.973.71 arrobas25, sendo superior até mesmo a
24
SOUZA, 2012. Passim.
25
É a medida mais antiga de massa existente, 1 arroba equivale a cerca de 15 Kg.
28
26
NETO, loc. Cit.
29
(1971.p.72) mostra que a população da província é formada por mais de 34 mil escravos27. A
região do Guamá fica ligada as redondezas de Belém, e a quantidade de cativo presente nesta
região segundo o relatório ultrapassam os 19 mil, sendo este um número considerável quando
comparados a outras comarcas28.
Salles (1971) e Bezerra Neto (2012) destacam que no Pará o cotidiano do negro foi
marcado pela prática do trabalho forçado e violento. Vale ressaltar que os negros não
aceitaram pacificamente a escravidão, dando início a um processo de fuga e resistência que se
tornou frequente, e muitas vezes incontrolável. O repúdio ao processo de escravidão se
consolidou de diversas formas, dentre elas estão os suicídios, assassinatos, fugas para o
interior das matas, sendo está última um dos meios para a constituição e formação de
quilombos e comunidades independentes.
Para Vicente Salles (1971, p.203), “a fuga deve ter sido, no começo, solução bastante
difícil e arriscada”. O autor leva em consideração para pautar sua ideia a prática individual
destes escravos no momento da fuga, acarretando em uma dispersão sem um conjunto
coletivo para dar suporte ao seu método de resistência, dificultando sua sobrevivência no
meio das matas. Algumas vezes, os negros acabavam encontrando grupos étnicos nativos da
região amazônica, chegando a ter por vezes uma relação amistosa com os indígenas. Mas, o
negro começou a dar corpo e organização para seu processo de resistência, não fazendo fugas
de modo aventureiro. Muito desta organização se deve ao acoutador,29 que mantinha relação
com escravos de regiões diferentes, e na maioria das vezes conhecia bem o território,
indicando para os revoltosos qual o melhor quilombo e onde ficava localizado. (SALLES,
1971).
Segundo Bezerra Neto (2000), as fugas na primeira metade do século XIX estavam
diretamente relacionadas ao contexto político do período. Vale lembrar que no início do
século mencionado, o Brasil passa por um processo conturbado e complexo referente ao seu
processo de independência, contudo as movimentações e fugas ganham novos significados de
cunho político, ligando a ruptura com o processo colonial, com o objetivo de abolir a
escravidão. Neto (2000, p.74) “os cativos não foram meros espectadores do processo de
independência” tendo e vista que era necessário partir para um processo amplo de revolta e
27
SALLES, 1971., p. 72.
28
O relatório é dividido por comarcas, dentre elas está Belém, Cametá, Santarém, Macapá, Bragança e Rio
Negro. SALLES, 1971, loc.cit.
29
Pessoa que conhecia o território e mantinha ligação com escravos de outras regiões, dando suporte para onde ir
no momento da fuga. Ibid., 1971. p. 203.
30
resistência para conseguir sua libertação, os negros de forma individual e coletiva passaram a
impulsionar o movimento de fugas a partir do século XIX. É importante revelar que a
resistência escrava não se iniciou no século XIX, e sim desde o princípio da exploração
escrava no território amazônico 30, no entanto, vamos nos debruçar na resistência ocorrida
durante o século XIX, que será de fundamental importância para o embasamento do trabalho.
(NETO, 2000; SALLES, 1971).
Neste momento, faz-se necessário elucidar a contribuição dos rios que compõem a
região do Guamá, para que seja possível entender como que se consolidou este processo de
fuga e resistência. Muitos escravos se utilizavam das embarcações, algumas pequenas, outras
maiores para fugir do seu senhor. Neto (2000, p.129) afirma que “fugir em canoas constituía-
se em um fator bastante comum na região amazônica, na qual os rios supriam a existências de
precários caminhos”, sendo estes rios uma verdadeira “estrada” rumo ao processo de
libertação. No entanto, para se consolidar tal prática era necessário ter conhecimento e
habilidades para navegar nos rios, caso contrário os planos de fugas poderiam dar errados,
chegando-se a conclusão que navegar em busca da liberdade era algo sério, não dando chance
para os imprudentes e os inexperientes. Portanto, navegar em canoas muitas vezes requeria
organização, preparo e planos de efetivação. Logo abaixo vamos salientar algumas fugas
referentes à região do Guamá e Caraparu ao longo do século XIX. (NETO, 2000)
Na região do Guamá, no sitio Maguari, Bezerra Neto (2000.p.203-231) revela que foi
registrada uma fuga dos escravos Gaudêncio e Gualdino, que furtaram uma montaria31. Estes
escravos ficavam na fábrica de sabão, que tinha como proprietário Jozé Ó D´Almeida. Na
mesma região foi registrada a fuga de Manuel Ramos Doce, Antônio, Felícia e Luiza. Fuga
está que data do dia vinte e quatro de novembro de 1850, estes escravos pertenciam ao
engenho Santo Ignácio, e fugiram em uma montaria.
30
Vicente Salles, monstra que durante o século XVIII o processo de fuga e resistência á havia se iniciado em
solos amazônicos. Ibid., 1971.p. 203-231.
31
As montarias eram pequenas canoas usadas pelos indígenas e caboclos ribeirinhos, geralmente feitas de um
tronco, escavada a fogo. Por volta do século XIX Aumentaram o tamanho passaram a ter um pequeno toldo na
proa a serem usadas para viagens mais longas. REIS, Arthur Cezar Ferreira. O seringal e o seringueiro. 1953.p.
193.
31
havia desparecidos. No dia 12 de março 1848, o mesmo proprietário cita a fuga da preta
Francisca. O oficial de pedreiro que residia no engenho Murutucu ou no Caraparu fugiu
declarando que estava sendo açoitado pelos seus próprios parentes. (NETO, 2000)
Salles (1971, p.210) afirma que “o destino natural do negro fugido era o mocambo”,
no entanto a manutenção destes núcleos de resistência era muito difícil, haja vista que
governo instituiu por um determinado período a destruição dos quilombos e a captura dos
escravos fugidos. No ano de 1841 foi criada uma corporação especial para tratar das capturas,
a lei n* 99, de 3 de junho do referido ano, criava a função do capitães-do-mato33 que tinha
como função capturar escravos fugidos de seus respectivos distritos. Ademais, foi instituído
dentro desta lei vários34 artigos com a intenção de desmobilizar as organizações escravas,
32
Anexo (G).
33
Função está que é referente ao artigo um. op. cit., p. 213.
34
Foram criados sete artigos que visavam desestruturar as organizações escravas. SALLES, loc. cit.
32
deixando a entender no teor destas, que o governo estava preocupado com as agitações e
revoltas surgidas na primeira metade do século XIX. (SALLES, 1973)
Vicente Salles ressalta que a evolução organizacional dos escravos durante o século
XIX, e estes imbuídos dentro de um período de conturbação política e social, acabou
consagrando algumas revoltas escravas e populares na província do Pará, e que tinha como
reais objetivos a conquista de direitos políticos, libertários e humanos. Fato este que será
evidente na luta cabana, luta de cunho popular, que teve como sujeito os revoltosos indígenas,
negros e cabanos, porém, tinham suas intenções políticas e libertarias. Salles (1973, p.266)
evidencia que “deram-se armas e munições aos negros, bem como instrução para utiliza-las.
Preparava-se o futuro cabano”. Esta temática será debatida no próximo capitulo, destacando a
participação escrava do Caraparu no embate cabano do século XIX.
33
A revolução cabana, que se efetivou no ano de 1835 na capital Belém, deixou mais de
30 mil mortos, sendo estes representados em sua maior parte por índios, negros e mestiços.
Ricci (2006, p.7) destaca que “indígenas, negros de origem africana e mestiços perceberam
lutas e problemas em comum”, passagem esta que esclarece a unificação entre os grupos
étnicos no momento de luta para conseguir seus direitos sociais. É importante ressaltar quais
os grupos faziam parte dos revolucionários, para não generalizar estes sujeitos apenas como
tapuios. Os indígenas foram sujeitos ativos no movimento cabano, tanto do lado
revolucionário quanto do lado legalista, cada comunidade indígena tinha suas intenções e
objetivos dentro do movimento. Henrique (2018. p.38) ressalta que “a participação dos índios
na cabanagem ainda está por ser estudada com mais profundidade”, visto que o estudo sobre a
temática aponta para a participação indígena de forma generalizante, tratando os indígenas
como meros tapuios.
35
Cabanos era o termo utilizado como alcunha dos homens que viviam em casas simples, cobertas de palha. O
mesmo nome cabano também significa um tipo de chapéu de palha comum entre o povo mais humilde na
Amazônia. RICCI, Magda. Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do patriotismo
na Amazônia entre 1835 e 1840. Cf., 2006.
34
Segundo Vicente Salles (1971), o negro não entrou na luta cabana sem nenhuma
orientação, estes ampliaram seus ideários de luta a partir do momento que identificaram os
conceitos propagados pela ideia de liberdade 36 durante o século XIX. Para (Salles, 1971. p.
267) “os negros estavam sendo politizados”, haja vista que as ideias de liberdade estavam se
propagando na província, e no seio social dos escravos. No entanto, Ricci (2006) destaca que
muitos líderes cabanos não possuíam plena consciência de suas motivações e atos ao longo do
movimento, mas, nascia no movimento cabano, uma possível consciência pautada em uma
lógica de luta contra a exploração colonial. (SALLES, 1971; RICCI, 2006).
36
Esses conceitos de liberdade estão diretamente ligados ao processo de emancipação proporcionado pela
revolução francesa do século XVIII. As ideias iluministas estavam sendo inseridas no seio social da Amazônia
do século XIX, muitas delas sendo propagadas por pessoas como Felipe Patroni, Batista Campos e Luiz Zagalo.
Op. cit., SALLES, 1971. p. 212. SALLES, Vicente. Memorial da Cabanagem: Esboço do pensamento
político-revolucionário no Grão-Pará. Belém : Centro Jurídico do Pará, 1992. Passim
35
Segundo Ricci (2006, p. 06), “a revolução cabana avançou pelos rios amazônicos”,
passagem está que se consolida no momento de analisar os levantes cabanos que aconteceram
no interior da província, muitos deles sendo praticado pelo uso dos rios e igarapés. Muitos
levantes aconteceram nas margens dos rios ocupados ao longo do século XVIII, temática está
trabalhada no primeiro capítulo. As revoltas que surgiram no interior da província que tiveram
seus destaques serão mencionadas minuciosamente. Neste momento vamos destacar os
levantes que surgiram ao longo dos rios Acará e Guamá, embates estes que marcaram um
período de muito sangue derramado. O levante que aconteceu na fazenda Pernambuco, nas
margens do rio Guamá teve grande destaque, tendo vista que nesta fazenda existia uma grande
quantidade de escravos, e muitos destes foram mortos. (RICCI, 2006; SALLES, 1971).
Salles (1971, p.268) revela que no Acará, teve destaque à participação do preto Félix
na luta cabana, que consigo tinha cerca de 400 escravos para participar do movimento contra
o poder legalista do período regencial. A organização de resistência e luta destes escravos do
Acará foi significativa, tendo em vista que foi realizada mais de uma expedição para
conseguir derrota-los. Nas margens do rio Guamá, teve destaque os levantes ocorridos nas
margens do rio Caraparu e Benfica.
Vicente Salles (1992) ressalta que no Caraparu existia um engenho de pequeno porte,
e que seus proprietários possuía um considerável número escravos. Cativos estes que eram
liderados pelo preto Cristóvão, que posteriormente se uniram com os cabanos. Hurley (1936.
p. 26) evidencia que “em Benfica e em Caraparu há ajuntamentos de rebeldes em coordenação
de planos bélicos”, colocação está que mostra o tamanho da organização dos revolucionários,
obtendo até certa quantidade de armamentos bélicos. Está organização reuniu cerca de 150
revoltosos, sendo que alguns participantes desse grupo eram desertores das forças legalistas.
37
Esses tapuios eram pessoas que moravam nas cabanas. Os autores dos disparos eram Domingos, conhecido
como “onça”. E Felipe, conhecido como Mãe da Chuva. BARRIGA, Letícia Pereira. Entre leis e baionetas:
Independência e Cabanagem no Médio Amazonas (1808-1840). 2014. 209 f. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2014. Programa de Pós-
Graduação em História Social da Amazônia. p. 17.
36
Foram realizadas cerca de três expedições das foças legalistas para derrotar os
revoltosos que estavam localizados nas margens dos rios citados acima. A primeira expedição
enviada pelo general Andréa, não conseguiu se locomover e chegar às margens de Caraparu e
Benfica, devido o comandante, major Ferrara ter adoecido. A segunda teve o objetivo de
atacar o engenho de Benfica, onde se estimava que os revolucionários estivessem amotinados
nesta localidade, posteriormente a isto, a força legalista deveria seguir até o engenho do
Caraparu, no entanto os lideres legalistas “não souberam o caminho ou tiveram medo de o
saber”. (SALLES, 1971; HURLEY, 1936)
Vicente Salles (1971) evidencia que a terceira expedição foi o momento de destruição
dos revoltosos que se localizavam nas margens do Caraparu;
Os rebeldes já esperavam o ataque das forças legalistas, com isso, dois dias antes do
ataque os cabanos começaram a migrar para o interior das matas, e Salles destaca (1971, p.
268) “até hoje não se sabe onde estes foram se estabelecer”. Andréa também afirma que os
cabanos que não foram capturados seguiram para meio da floresta, sendo está praticamente
impenetrável. Após três expedições o então engenho do Caraparu foi “vencido”. Sendo
importante elucidar a grandiosidade deste movimento, tendo em vista que eram centenas de
revoltosos localizadas nas margens do Caraparu, que participaram ativamente do movimento
cabano. (SALLES, 1971; HURLEY, 1936).
Hurley (1936, p. 24) ressalta a fala do general Andréa após vencer os escravos do
Caraparu “até hoje não sei onde foram se estabelecer”. Salles (1971, p. 268), “muitos
seguiram para o interior das matas”. Estas duas passagens são de fundamental importância
para se entender como se consolidou o povoamento da região que compreende o distrito do
Caraparu. A população do distrito em destaque está dividida em diversos povoados distante
uma dos outros. Após análise das falas, o teor das documentações deixasse a entender que
aconteceu uma migração dos sobreviventes para o interior das matas. Contudo, ao observar
estes fatores, analisamos como está distribuído atualmente o povoado que compõe o distrito
de Caraparu, sendo estes divididos em vários povoados, com certa distância entre si,
concluindo que a ideia de uma possível migração do centro Caraparu para as suas margens
37
pode ter acontecido. No mapa em anexo 38 é possível identificar os povoados que pertencem
ao Caraparu. São eles, Tacajós, Quitéria, Jundiaí, Campinense, Carmo, Macapazinho,
Conceição do Itá, Boa Vista do Itá, Pupunhateua e outros39. (HURLEY, 1936; SALLES,
1971; FERREIRA, 1984).
Com a migração destes cabanos para o interior das matas, coloca-se em xeque a
possibilidade da formação de um ou vários quilombos nas margens do rio Caraparu. Tendo
em vista que além do repúdio aos métodos de exploração, o ataque das forças legalistas
influenciou diretamente na fuga dos escravos para o interior das matas. Atualmente, o
povoado do Caraparu e suas comunidades possuem reconhecimento quanto a uma localidade
descendente de quilombolas, destaca-se a comunidade de Macapazinho 40, que é reconhecida
atualmente como terra de preto. Fator este que consolida a hipótese ressaltada acima, no
entanto, não foram encontradas documentações e bibliografias que legitimam tal formação de
um quilombo nas margens do Caraparu ao logo do século XIX. Contudo, tais vestígios
deixados com o teor do memorial cabano, possibilita entender à complexa e variada forma de
ocupação do Caraparu ao longo do século XIX. (HURLEY, 1936).
A derrota dos revolucionários cabanos acontece por volta do ano de 1840. Este
movimento matou mais de 30 mil pessoas, afetando diretamente a economia da província e de
sua região. Os levantes do interior da província no contexto da cabanagem são de extrema
importância para se entender a questão social da época. O pouco número de trabalhos
produzidos e a baixa disponibilidade de fontes foram dificuldades pertinentes no momento de
se discutir a participação dos escravos do interior na luta cabana. (SALLES, 1971;
BARRIGA, 2014; RICCI, 2006; RAYOL, 1970).
Hurley (1936) cita a frase dita por general Andréa após derrotar os escravos do
Caraparu, (1936, p. 24) “vencemos completamente”. Após está afirmação do general, deixa-se
38
Anexo (H)
39
Dados retirados da obra; FERREIRA, Nestor Herculano. História do Município de Santa Izabel do Pará.
Belém: Editora Falângola, 1984. p. 107.
40
Macapazinho é uma das comunidades do distrito de Caraparu que atualmente é considerada como terra de
preto, ou quilombo, já estando em tramitação o processo de indenização dos proprietários que adquiram terras ao
entorno. Como é uma comunidade que se localiza na PA 140, e seu biótipo é marcadamente negro, então entrou
no imaginário de que ali era um lugar habitado pelo povo da África. Antes do decreto que reconheceu o direito à
terra aos remanescentes da escravidão de Macapazinho, falar o assunto se constituía em uma ofensa, motivo até
de briga. Atualmente falam com orgulho que possuem uma ancestralidade escrava. Cf. PAZ, 2012. p. 40.
MORAES, 2012.p. 45- 74.
38
a entender que o povoado do Caraparu não existe mais, foi derrotado completamente pelas
forças legalistas. Esta temática será tratada a seguir.
Nas Igrejas
Cemitérios
Cemitérios
Soma
Soma
Nos
Nos
Janeiro 2 - 2 11 38 49 51
Fevereiro 2 1 3 21 37 58 61
Março 41 - 41 18 35 53 94
Abril 268 1 269 8 - 8 277
Maio 102 - 102 30 1 31 133
Junho 68 - 68 40 - 40 108
Julho 21 - 21 65 - 65 86
Soma 504 2 506 193 111 304 810
outras41 epidemias surgiram ao longo da década de cinquenta, doeças estás que assolaram a
população da província e provocaram mudanças que afetou diretamnete a vida economica e
social das pessoas. Durante o ano de 1855, pauta-se em território paraense um novo ciclo de
surto epdemico, agora este provado pela coléra. Esta se espalhou por grande parte da
população da provincia, e atingiu o interior da mesma. A Coléra teve sua proliferação de
forma rapida e avassaladora. Estima-se que até o final do mês de junho do ano de 1855, a
metade da população de Belém estava com coléra. (COSTA, 2006)
41
As de maiores destaques são varíola e cólera. COSTA, Magda Nazaré Pereira da. Caridade e Saúde pública
em tempo de epidemias. Dissertação de mestrado. UFPA Belém. 2006, p. 24.
42
Jornal Treze de Maio 1845-1861. Acesso; 08-05-20019. Ocorrência 4. Disponível em;
http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5Dcamargo_141040.1750953.DocLstX&pasta=ano%
0185&pesq=caraparu.
43
Jornal Treze de Maio 1845-1861. Acesso:12-05-19. Ocorrência: 5 Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=700002&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
40
as localidades afetadas, sendo uma delas o Caraparu44. Desde a afetiva chegada dos
medicamentos no mês de julho, o tratamento dos doentes se consolidou até o mês de agosto.
No dia 25 de agosto é publicada no jornal treze de maio a seguinte informação;
44
Jornal Treze de Maio 1845-1861. Acesso:12-05-19. Ocorrência: 10 Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=700002&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
45
Jornal Treze de Maio 1845-1861. Acesso:12-05-19. Ocorrência: 6 Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=700002&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
46
Jornal Treze de Maio (1845-1861). Acesso:12-05-19. Ocorrência:11 Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=700002&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
47
Jornal a Epocha: Folha política, comercial e noticiosa. Acesso;12-05-19. Ocorrência 1.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=720828&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
41
58, na travessa da misericórdia para tratar dos detalhes. 48 Os efeitos da epidemia atingiram
fortemente a localidade do Caraparu, sendo este povoado mais uma vez resistente a um
processo de crises e perturbações social, política e econômica.
A matriz da Sé fazia referência aos povoados próximos da capital Belém, que por sua
importância social conseguiam ser elevado ao status de distrito. O Caraparu que hoje pertence
ao Município de Santa Izabel do Pará, durante a segunda metade do século XIX tornou-se um
distrito da Sé50. Após atingir este status a localidade do Caraparu e seu povoado passam a
conquistar objetivos e espaço na sociedade paraense. Vários indícios documentais
possibilitam entender a importância social do Caraparu para o contexto histórico do período.
Nos Jornais da época foi possível observar a presença dos órgãos administrativos dentro do
ciclo de vida dos moradores e comerciantes do Caraparu. Foi possível identificar a criação de
escolas neste distrito durante a década de 1870, fator este que elucida a participação e
introdução do governo imperial no seio educacional. Ademais, tivemos contato com jornais
que noticiavam a participação política dos moradores do Caraparu durante a segunda metade
do século XIX. E por fim, uma variada e complexa documentação que traz consigo a prática
escravista vivenciada no Caraparu de fins do século XIX. Abaixo serão discutidas as
documentações encontradas referentes a cada contexto citado, sendo todos eles de suma
importância para se entender o processo de ocupação do Caraparu.
48
Jornal Gazeta oficial(PA) (1859-1860). Acesso:12-05-19. Ocorrência 1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=720836&pesq=caraparu&pasta=ano%20185
49
Jornal diário de Belém; Folha política, noticiosa e comercial. (1868-1889). Acesso; 13-05-19. Ocorrência 2. Disponível
em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=222402&PagFis=366&Pesq=caraparu
50
A Sé integrava várias localidades do interior do Pará. Umas delas é o distrito de Caraparu.
51
Jornal O Liberal do Pará 1869-1889. Acesso:13-05-19. Ocorrência 1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
42
Política, noticiosa e comercial que o senhor José Agostinho Alves Bandeira arrematou o
direito de arrecadar os impostos municipais dos distritos do interior. As localidades são
Maguari, Bahia do sol, Barcarena, Mosqueiro, Moju, Itapecuru, Ayacarú, Acará,
Miritipitanga, Boa vista, Guajará-Assú, Caraparu, Inhangapy, Bujaru, S. Domingos do
Capim. 52Em um curto período observa-se a mudança dos sujeitos que recolhiam os impostos,
trazendo à tona, que nestes distritos a movimentação econômica e comercial se constituía de
forma considerável. Havia a necessidade de que as pessoas que tinham casas de comercio e
canoas de regatão tirasse suas licenças para se manter dentro da legalidade, caso contrário
ficariam sujeito a multas.53
No que se refere a listagem dos moradores que tinham direito a voto no distrito de
Caraparu, cabe salientar a identificação que era feita pelos jornais a cada um deles54. Uma das
informações de suma relevância para legitimar o voto, era este cidadão votante possuir cultivo
e renda. Deixando a entender que os moradores do Caraparu produziam em suas terras, e
mantinham relações comerciais com outras localidades, muitas delas sendo facilitada pelo uso
dos regatões55. Portanto, economicamente, a localidade do Caraparu e seu povoado
mantinham relações comercias com outras áreas, e a presença dos órgãos administrativos
visando à coleta de impostos se fazia presente em meados da década de 1870.
Com a constituição de 1824, fica decidido e estabelecido o voto censitário, que exigia
do cidadão uma renda mínima de 100 mil réis para se tornar um votante. Os escravos eram
excluídos deste processo de participação política, haja vista que estes faziam parte da lógica
de propriedade e venda, não sendo considerado cidadão brasileiro da época. As mulheres
ficavam a margem deste processo, juntamente com os jovens abaixo de 25 anos de idade,
exceto se o mesmo já for casado. O voto era permitido para analfabetos, e militares oficiais
acima de 21 anos. A partir do contato com as fontes documentais 56, observa-se que os
eleitores do distrito de Caraparu se enquadram algumas destas Características. (SALGADO,
2003; FARIA, 2013)
52
Jornal diário de Belém; Folha política, noticiosa e comercial. 1868-1889. Acesso; 13-05-19. Ocorrência 9. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=222402&PagFis=366&Pesq=caraparu
53
Jornal O liberal do Pará. 1869-1889. Acesso; 13-05-19. Ocorrência 1. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
54
Jornal O Liberal do Pará 1869-1889. Acesso:13-05-19. Ocorrência 23. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
55
Os regatões na Amazônia serviam para manter relações comercias com outras localidades e povoados. CARDOSO,
ANTONIO ALEXANDRE ISIDIO. Sobre escravos e regatões. Ano 2015. Simpósio nacional de História. P. 4
56
Jornais O liberal do Pará (1869-1889) e A constituição: Órgão do partido conservador. (1874-1886). Acesso 13-05-19.
Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5Dcarvalho_53690.1889613.DocLstX&pasta=ano%20187
&pesq=caraparu
43
Durante as pesquisas documentais, foi encontrado nos jornais58 da época três relatórios
que faziam referência aos eleitores que se autodeclaravam moradores do distrito de Caraparu,
e que possuíam lavouras, durante o ano de 1876 foi possível identificar cerca de 148 eleitores,
que se autodeclaravam morador do Caraparu. Já no ano de 1877, foi possível observar a
presença de 127 eleitores nos jornais que foram consultados. O número mais expressivo está
diretamente ligado ao ano de 1878. No jornal O liberal do Pará do dia 30 de outubro de 1878
é colocado uma lista de 340 pessoas aptas a votar, que se declaram moradores do Caraparu e
suas redondezas·. Na tabela abaixo é possível identificar alguns nomes presente no jornal;
Districto de Caraparú
1º Quarteirão
01 José Ferreira 51 anos Casado Lavrador Não sabe ler José Eloy Ferreira Taiassuhy 201$
02 Valentin José Ferreira 51 anos Casado Lavrador Não sabe ler José Eloy Ferreira Taiassuhy 1.800$
03 Vicente da Cruz Noronha 55 anos Viúvo Lavrador Sabe ler João Bosco das Chagas Taiassuhy 600$
04 Venâncio Pedro dos Anjos 39 anos Casado Lavrador Não sabe ler Luiza M. Espirito Santo Taiassuhy 200$
05 Valério Jose d’Oliveira 52 anos Casado Lavrador Não sabe ler João Antônio da Silva Taiassuhy 300$
Districto de Caraparú
2º Quarteirão
06 Ambrózio Antônio de Souza 49 anos Viúvo Lavrador Sabe ler Maria da Conceição Jandiahy 200$
07 José Pereira 42 anos Casado Lavrador Não sabe ler Ignora-se Jandiahy 200$
08 José Lázaro de San’Anna 28 anos Casado Comerciante Sabe ler Anna da Silva Jandiahy 700$
09 Cláudio Antônio de Oliveira 41 anos Casado Lavrador Sabe ler Joaquim Maria Jandiahy 300$
10 Pedro Soares de Siqueira 59 anos Casado Lavrador Sabe ler Ignora-se Jandiahy 200$
11 Euzébio Figueiredo de Andrade 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Luciano Figueiredo Jandiahy 300$
12 Francisco Antônio Carlos 47 anos Casado Lavrador Sabe ler Ignora-se Jandiahy 200$
13 Felisberto Antônio de Oliveira 27 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Ignora-se Jandiahy 200$
14 Francisco Raphael da Roza 51 anos Casado Lavrador Sabe ler Manoel Raymundo da Jandiahy 400$
Roza
57
Informações retiradas do Jornal A constituição: Órgão do partido conservador (1874-1886). Acesso 13-05-19. Ocorrência
06. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=385573&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
58
A constituição: Órgão do partido conservador. (1874-1886) e O liberal do Pará. (1869-1889). Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5Dcarvalho_53690.1889613.DocLstX&pasta=ano%20187
&pesq=caraparu
44
15 Francisco Candido de Souza 71 anos Casado Lavrador Sabe ler Thereza Télia de Souza Jandiahy 200$
16 Fidelis Antônio das Neves 35 anos Solteiro Lavrador Sabe ler José Leonardo Pinto Jandiahy 200$
17 Francisco José Cardozo Bahia 37 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Manoel José Cardozo Jandiahy 700$
Bahia
18 Faustino Antônio de Souza 42 anos Casado Lavrador Sabe ler Justino de Souza Jandiahy 300$
19 Herculano José Belmiro 42 anos Casado Lavrador Não sabe ler Maria da Conceição Jandiahy 300$
20 Honorato Fernandes de Souza 55 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Maria Francisca Jandiahy 500$
21 Ignácio José Casimiro 36 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Maria da Conceição Jandiahy 300$
22 João de Paula Barbosa 61 anos Casado Lavrador Sabe ler Geralda Mª da Conceição Jandiahy 2.000$
23 João Baptista da Silva Junior 44 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Ignora-se Caraparú 200$
24 João Maximino Corrêa 31 anos Casado Lavrador Sabe ler Anastácia Mª da Caraparú 200$
Conceição
25 João Possidônio Alves Faro 35 anos Casado Lavrador Sabe ler Júlio Alves de Faro Caraparú 200$
26 João José Rodrigues Pinheiro 43 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Guilherme José Rodrigues Caraparú 200$
27 José Francisco Borges 36 anos Casado Lavrador Não sabe ler José Maria Borges Caraparú 200$
28 José Ferreira de Souza 57 anos Viúvo Emp. Público Sabe ler Sabino Ferreira de Souza Caraparú 1.000$
29 José Leonardo dos Passos 42 anos Solteiro Comerciante Sabe ler Lene Dias da Conceição Jandiahy 600$
30 José Pedro d’Alcântara 57 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Mª Magdalena da Caraparú 300$
Conceição
31 José Manoel Fernandes 36 anos Casado Lavrador Sabe ler Constância Mª da Jandiahy 300$
Conceição
32 João Figueiredo de Andrade 29 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Luciano Fig. de Andrade Jandiahy 300$
33 Luiz Antônio da Silva Faro 49 anos Casado Lavrador Não sabe ler Fidelis Antônio da Silva Caraparú 300$
34 Luiz Antônio Bandeira 42 anos Casado Lavrador Não sabe ler Domingas Mª da Caraparú 300$
Conceição
35 Lizardo Ignácio de Faria 34 anos Casado Lavrador Não sabe ler Francisca de Souza Caraparú 300$
36 Luciano A. Figueiredo de 77 anos Viúvo Lavrador Não sabe ler Ignora-se Jandiahy 300$
Andrade
37 Manoel Lourenço do Espírito 36 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Maria Luiza Espírito Santo Caraparú 300$
Santo
38 Manoel Valeriano Gonçalves da 31 anos Solteiro Comerciante Sabe ler Eugenia Josepha Trindade Caraparú 300$
Cruz
39 Manoel Pedro Cyrinco Lopes 36 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Nicolao Francisco Lopes Jandiahy 300$
40 Manuel Gomes Corrêa de 44 anos Casado Lavrador Não sabe ler Geralda Maria da Jandiahy 300$
Miranda Conceição
41 Mathias José Gomes 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler C. Maria Jandiahy 300$
42 Manuel José dos Santos 27 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Samuel Fernandes de Jandiahy 300$
Souza
43 Manuel Gonçalves da Cruz 42 anos Casado Lavrador Sabe ler Ignez Maria da Conceição Jandiahy 400$
44 Manuel José Cardozo Bahia 65 anos Casado Lavrador Sabe ler Francisco Cardoso Bahia Jandiahy 1000$
45 Manuel Miguel de Nazareth 62 anos Casado Lavrador Não sabe ler Raimundo Rota Jandiahy 300$
46 Manoel Volmário de Souza Gama 43 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Celestina Mª da Conceição Jandiahy 300$
47 Pedro Petronilho de Souza 30 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Nicola de Siqueira Lopes Jandiahy 300$
48 Pedro Vicente Cordovil 66 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Ignora-se Jandiahy 300$
Districto de Caraparú
3º Quarteirão
49 Antônio José Cancio 46 anos Viúvo Lavrador Não sabe ler João José Cancio Caraparú 200$
50 Antônio José Ferreira de Souza 37 anos Solteiro Lavrador Sabe ler José Ferreira de Souza Caraparú 400$
51 Antônio Sebastião Ramos 36 anos Casado Lavrador Sabe ler Eugênio Ramos Caraparú 200$
52 Antônio Sabas Gonçalves da 37 anos Solteiro Proprietário Sabe ler Antônio Cypriano Caraparú 2000$
Cruz Gonçalves
53 Aniceto José 81 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Ignora-se Caraparú 200$
54 Bernardino Xavier de Faro 27 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Clara Maria da Conceição Caraparú 300$
55 Balbino Honorato de Souza 29 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Maria de Jesus Caraparú 200$
56 Bernardino da Silva Cravo 62 anos Viúvo Lavrador Não sabe ler Maria das Dores Caraparú 300$
57 Bazílio José Ramos 28 anos Casado Lavrador Não sabe ler Cordolina Maria dos Caraparú 300$
Anjos
58 Carlos Antônio de Oliveira 27 anos Casado Lavrador Sabe ler Francisco Antonio Carlos Caraparú 300$
59 Cezário Francisco do Nascimento 35 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Manoel do Nascimento Caraparú 200$
60 Diogo Ferreira da Roza 28 anos Casado Lavrador Sabe ler Francisco Raphael Roza Caraparú 300$
61 Francisco Marcelino de Faria 29 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Julião Alves Faria Caraparú 200$
62 Firmino Antônio de Souza 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Thomázia da Conceição Caraparú 300$
Districto de Caraparú
5º Quarteirão
63 Manoel Zacarias 61 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Ignora-se Caraparú 300$
64 Nuno José de Lima 32 anos Casado Lavrador Sabe ler Nuno José de Lima Caraparú 200$
65 Odorico José Pinheiro das Chagas 40 anos Viúvo Lavrador Sabe ler Hortência Brígida Caraparú 200$
66 Pedro Antonio Cordeiro de Faria 27 anos Casado Lavrador Sabe Ler Manoel Vicente Faria Caraparú 200$
67 Silvestre Ignácio Corrêa 28 anos Solteiro Lavrador Sabe Ler Maria do Nascimento Caraparú 300$
45
68 VictórioAntonio Marques 39 anos Casado Lavrador Não sabe ler Ricardino de Tal Caraparú 200$
Districto de Caraparú
6º Quarteirão
69 Antonio Geraldo de Abreu 26 anos Solteiro Lavrador Manoel Joaquim Caraparú 200$
70 Apolinário dos Santos da Paixão 27 anos Solteiro Pentieiro Sabe ler Manoel João da Paixão Caraparú 200$
71 AngeloAntonio do Espirito Santo 36 anos Casado Lavrador Não sabe ler Luiza Maria Conceição Caraparú 200$
72 Augusto Rodrigues Maciel 30 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Roza Maciel Caraparú 200$
73 Caciano de Jesus e Souza 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Margarida Conceição Caraparú 300$
74 Dionizio José de Deus Coelho 29 anos Solteiro Alfaiate Sabe Ler Custódia Juliana Cruz Caraparú 200$
75 Domingos Antonio de Belém 26 anos Solteiro Marceneiro Não sabe ler Maria de Belém Caraparú 200$
76 Eugenio Cordeiro da Trindade 29 anos Casado Lavrador Não sabe ler Bernardo Cordeiro Caraparú 200$
77 Francisco Antonio de Sant’Ana 46 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler João Antonio carneiro Caraparú 200$
78 Geraldo Antonio Espirito Santo 26 anos Solteiro Lavrador Sabe ler Bonifácio Espirito Santo Caraparú 200$
79 Gregório Francisco da Piedade 28 anos Casado Marceneiro Não sabe ler Maria de Belém Caraparú 200$
80 IzidoroAntonio da Cruz Brazil 41 anos Solteiro Lavrador Sabe Ler Pedro Antonio da Cruz Caraparú 200$
81 José Bernardo Cordeiro 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Bernardo Cordeiro Caraparú 200$
82 João de Paula Lameira 26 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Francisco Lameira Caraparú 200$
83 João Silvério das Chagas 36 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler João Aleixo das Chagas Caraparú 200$
84 João Ferreira Segundo 36 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Antonio Ferreira Caraparú 300$
85 Joaquim Euzébio dos Santos 33 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Euzébio dos Santos Caraparú 300$
86 Lino Antonio Bandeira 30 anos Casado Lavrador Não sabe ler Domingas Trindade Caraparú 200$
87 Luiz Francisco de Souza 27 anos Casado Lavrador Não sabe ler Marcos Francisco Souza Caraparú 200$
88 Luiz Gonzaga de Deus Coelho 26 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Custódia Juliana Cruz Caraparú 300$
89 Manoel Lopes Mendes 33 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Eufrásia da Conceição Caraparú 200$
90 Mariano do Espirito Santo 28 anos Casado Lavrador Sabe ler Bonifácio Espirito Santo Caraparú 200$
91 Marcellino José de Deus Coelho 35 anos Casado Marceneiro Sabe Ler Manoel Joaquim Ramos Caraparú 300$
92 Macario José Alves 29 anos Solteiro Alfaiate Sabe ler Manoel Joaquim Ramos Caraparú 200$
93 Marcolino José Ferreira Lameira 28 anos Casado Lavrador Não sabe ler Marcos Franc. Lameira Caraparú 200$
94 Manoel Antonio da Silva 27 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler José Rufino de Deus Caraparú 300$
95 Manoel José da Piedade 27 anos Casado Carpina Sabe ler Manoel Joaquim Ramos Caraparú 200$
96 Manoel Honório de Farias 30 anos Casado Lavrador Não sabe ler Ignora-se Caraparú 200$
97 Manoel José Pinheiro de Farias 33 anos Casado Lavrador Não sabe ler Ignora-se Caraparú 300$
98 Marcelino Antonio das Chagas 46 anos Casado Lavrador Sabe ler João Aleixo das Chagas Caraparú 200$
99 Paulo dos Santos Vieira 28 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Celestino Cambraia Caraparú 200$
100 Pedro José Marques 61 anos Casado Lavrador Sabe ler Gregório José Marques Caraparú 200$
101 Porfírio José de Deus Coelho 31 anos Casado Lavrador Sabe ler Custódia Juliana Cruz Caraparú 200$
102 Querino José Cancio 33 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler João Antonio Cancio Caraparú 200$
103 Sebastião Antonio da Cruz 30 anos Casado Lavrador Não sabe ler Pedro Antonio da Cruz Caraparú 200$
104 SyraphronioAntonio da Paixão 26 anos Casado Lavrador Não sabe ler Manoel José Paixão Caraparú 200$
105 Sabino José Ferreira de Souza 26 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler José Ferreira de Souza Caraparú 200$
106 Silvério Francisco Ferreira 26 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Vicente Ferreira Costa Caraparú 200$
107 Victorino José da Conceição 40 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler Celestino Cambraia Caraparú 200$
Districto de Caraparú
7º Quarteirão
108 Antonio Pedro D’Almeida 28 anos Solteiro Negociante Sabe ler Ignora-se Caraparú 400$
109 Alexandre José Pinheiro 22 anos Casado Lavrador Sabe ler Luiz das Chagas Pinheiro Caraparú 600$
110 Alexandre Francisco Pinto 41 anos Casado Lavrador Não sabe ler João Pinto de Mesquita Caraparú 200$
111 Adriano Francisco de Carvalho 48 anos Casado Lavrador Não sabe ler Francisco Antônio Estr. 200$
Bragança
112 Antônio Frederico Corrêa 30 anos Casado Lavrador Não sabe ler Frederico Corrêa Estr. 200$
Bragança
113 Antônio Ferreira Chaves 29 anos Casado Lavrador Não sabe ler Manuel Ferreira Chaves Estr. 200$
Bragança
114 Antônio Ignácio de Souza 30 anos Casado Lavrador Não sabe ler Ignácio Francisco Braga Estr. 200$
Bragança
115 Antônio de Castro Moura 29 anos Solteiro Lavrador Não sabe ler José de Castro Moura Estr. 200$
Bragança
116 Augusto Corrêa Lima 28 anos Casado Lavrador Sabe ler Domingos Corrêa Lima Estr. 200$
Bragança
117 Antônio Rodrigues de Souza 31 anos Casado Lavrador Não sabe ler José Rodrigues de Souza Estr. 200$
Bragança
118 Antônio Gomes de Souza 27 anos Casado Lavrador Não sabe ler Pedro Gomes de Souza Estr. 200$
Bragança
119 Antônio Bezerra de Maia 29 anos Casado Lavrador Sabe Ler Theodoro Bezerra Estr. 200$
Bragança
120 Bartolomeu José d’Oliveira 29 anos Casado Lavrador Não sabe ler Mariano José d’Oliveira Estr. 200$
Bragança
121 Bento Corrêa Lima 59 anos Casado Lavrador Sabe ler Simão Correa Lima Estr. 200$
46
Bragança
FONTE: Jornal O liberal do Pará. 1869-1889. Anexo (I, J e L)
59
Jornal do Pará: Órgão Oficial (PA) 1867-1878. Ocorrência 47. Acesso; 13-05-19. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=219339&PagFis=3547&Pesq=caraparu
60
Jornal O liberal do Pará. 1869-1889. Acesso; 16-05-19. Ocorrência 24. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
61
Jornal O liberal do Pará. 1869-1889. Acesso; 16-05-19. Ocorrência 27. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187
47
Bezzera Neto (2012) mostra seu livro, que nos fins do século XIX ao longo da zona
urbana da capital paraense, o número de cativos estava diminuindo significativamente.
Segundo o Barão de Maracaju, existia cerca de 7.662 escravos no ano 1882 na zona do
município da capital, que estavam divididos nas seguintes localidades; Belém, Barcarena, Boa
Vista, Benfica, Inhangapy, Mosqueiro, Bujaru, Caraparu, Paisassuhy, S. Domingos da Boa
Vista, Guajará-Assú e Ilha das Onças. Cerca de 30.94% dos escravos da província residiam
nas localidades citadas acima. Contudo, observa-se a presença do Caraparu como um espaço
onde se desenvolveu a escravidão de fins do século XIX, sendo uma das localidades que mais
se tinha escravos. Esses dados se confirmam após análise das fontes anteriormente citadas.
Logo, entender o processo de escravidão na zona do Caraparu, faz-se necessário para
compreender seu processo de ocupação. (BEZZERA NETO, 2012).
62
Jornal do Pará: Órgão Oficial (PA) 1867-1878. Ocorrência 49. Acesso; 16-05-19. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=219339&PagFis=3547&Pesq=caraparu
63
A Lei do Ventre Livre, que declara de condição livre os filhos nascidos de mulher escrava.
KRIEGER, Ana Carolina. Lei do Ventre Livre, 1871: reflexos da aprovação da lei imperial de abolição
gradual da escravidão na Província de Santa Catarina. Revista Santa Catarina em História, v. 4, n. 1.
2010. Passim
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BEZERRA NETO, José Maia et al. Por todos os meios legítimos e legais: as lutas contra a
escravidão e os limites da abolição (Brasil, Grão-Pará: 1850-1888). 2009.
BEZERRA NETO, José Maia. Escravidão negra no Pará: séculos XVII-XIX. Belém, 2
edição. Paka-Tatu, 2012.
CASTRO, Edna. Terras de Preto entre rios e igarapés. In: Belém de Águas e Ilhas.
Belém: CEJUP, 2006.
FARIA, Vanessa Silva de. Eleições no império: considerações sobre representação política no
segundo reinado. 2013.
HENRIQUE, Márcio Couto. Sem vieira nem pomba: Índios na Amazônia do século XIX.
Rio de Janeiro. EDUERJ, 2018.
HURLEY, Jorge. Traços cabanos: 13 de maio, 1836-1936: escripto sob a luz dos códices
da Bibliotheca e Archivo Público do Pará para commemorar a passagem do 1o.
centenario da occupação de Belém pelas forças legaes do General Soares de Andréa em
13 de maio de 1836: historia do Pará. Office Gráphicas do Instituto Lauro Sodré, 1936.
KRIEGER, Ana Carolina. Lei do Ventre Livre, 1871: reflexos da aprovação da lei imperial de
abolição gradual da escravidão na Província de Santa Catarina. Revista Santa Catarina em
História, v. 4, n. 1, p. 30-42, 2010.
NOBRE, Mariléia da Silveira et al. Entre o trabalho na roça e a venda na beira: um estudo da
dinâmica no modo de vida das famílias de Caraparu-Pará. 2007.
SALGADO, Eneida Desireé. O processo eleitoral no Brasil Império. Paraná Eleitoral, n. 47,
2003.
SOUZA, Minervina de Lourdes soares de. Santa Izabel do Pará; Caracterização sócio-
histórica e ambiental. Sta. Izabel do Pará, edição independente, 2012.
FONTES
SITES
ANEXOS
54
ANEXO A: Carta de sesmaria: Manuel Gomes Rocha data do ano de 1728 (Livro 05, folha 21, doc. 36, de
20/09/1728-INTERPA). Anexo: A. Tradução Disponível em: Acesso: 04/03/19.
http://www.rosepepe.com.br/hotsite_acervo/sesmarias/conteudo/Livro_05/indice.htm.
55
ANEXO B: Carta de sesmaria: Antônio de Souza Fernandes. Ano 1729. (Livro 05-Folha 90- doc-131.
INTERPA) Acesso 04-03-19. Tradução disponível em:
http://www.rosepepe.com.br/hotsite_acervo/sesmarias/conteudo/Livro_05/indice.htm.
56
ANEXO C: Carta de Sesmaria: senhor João Paes da Silva. Ano 1929. (Livro 05- folha -111-doc- 176.
INTERPA). Acesso: 04/03/19. Tradução disponível em:
http://www.rosepepe.com.br/hotsite_acervo/sesmarias/conteudo/Livro_05/indice.htm.
57
ANEXO D: Carta de sesmaria: senhor Fran. Ano 1734. (Livro-06-Doc-341-Folha-170. Ano 1734 INTERPA.)
Acesso; 04/03/19. Tradução disponível em:
http://www.rosepepe.com.br/hotsite_acervo/sesmarias/conteudo/Livro_06/indice.htm.
58
ANEXO E: Carta de sesmarias: Senhor Pedro Correa de Souza. Ano 1738. (Livro-09-Doc-145-Folha-96. Ano
1738 INTERPA.) Acesso 04/03/19. Tradução disponível em:
http://www.rosepepe.com.br/hotsite_acervo/sesmarias/conteudo/Livro_09/indice.htm.
59
ANEXO G: FONTE: Morfometria das bacias hidrográficas dos rios Caraparu e Maguari-Açú, Região
Metropolitana de Belém, Pará, Brasil. (2017)
61
1: 275.000
ANEXO I: Primeira página do jornal de 1878 que consta os eleitores do Caraparu. Jornal O liberal do Pará. Ano
1878. Acesso: 13/05/19. Ocorrência 33. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187.
63
ANEXO J: Segunda página do jornal de 1878 que consta os eleitores do Caraparau. Jornal O liberal do Pará.
Ano 1878. Acesso: 13/05/19. Ocorrência 34. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187.
64
ANEXO L: Terceira página do jornal de 1878 que consta os eleitores do Caraparu. Jornal O liberal do Pará. Ano
1878. Acesso: 13/05/19. Ocorrência 35. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=704555&pesq=caraparu&pasta=ano%20187.