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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
CAMPINAS
2017
ii
FERNANDA PEIXOTO SILVA
CAMPINAS
2017
iii
Dedico aos meus pais, Zoraide e Eurípedes, que, mesmo com suas
dificuldades, contribuíram para as minhas conquistas, e,
principalmente, ao meu irmão Robson, que sempre me apoiou e
contribuiu para meus estudos, sendo a referência mais importante que
tive. Obrigada pelo carinho e pela paciência.
iv
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This work seeks to discuss how the new territorial transformations are
corroborating conflicts related to the use and occupation on coastal zones, having the city of
Caraguatatuba as main study field. This city was chosen due to its location in the coastal
region on the north part of the state of São Paulo, the one which has been urbanizing the most
in the last decades. In this way, Caraguatatuba has been affected by the further of secondary
residences and summer houses, real state speculation and valuation of land, contributing to
spatial segregation in which the least wealthy people, who can not participate to this
speculation trend, have to occupy the farest regions of the city and/or inside risk areas, what
leads to a public planning and management problem. Hence, this work also aimed at
discussing about how the land use and occupation in the city of Caraguatatuba are controlled,
by means of a literature review and a fieldwork. As a result from this work, it is possible to
tell that Caraguatatuba faces several socioeconomic problems generated by the uprising
territorial procedures such as formation of peripheral neighborhoods and difficulty on the
access to public utilities. The urban lands start to have a social constructed value, given by its
location, dimensions, topography or any other characteristic that could be important to
increase its price. This speculation process deepens the social segregation and contributes to
the lack of decent housing. This condition is aggravated when risk areas are occupied as the
slopes from Serra do Mar, a naturally unstable area due to gravitational processes. Therefore,
an efficient management and planning are shown to be fundamental in the prevention of
disasters and in the control of advancements over the escarpments of Serra do Mar..
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 - População Total e Urbana do Brasil (em milhões de habitantes) de 1872 a 1950 -
p. 7
Tabela 2 - Crescimento populacional total, urbano e índice de urbanização do Brasil (1940-
1991) - p. 10
Tabela 3 - Total de habitantes e crescimento percentual do município de Caraguatatuba (1940
- 1980) - p. 25
Tabela 4 - Rendimento domiciliar per capita de Caraguatatuba (2010) - p. 34
Tabela 5 - Destino final do lixo em Caraguatatuba (2010) - p. 34
LISTA DE LEIS
LISTA DE SIGLAS
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
O mundo globalizado tem passado por várias transformações ao longo das últimas
décadas em decorrência do amadurecimento do capitalismo. Existe uma constante produção e
reprodução do espaço, em que o homem vem ocupando e transformando de acordo com a
lógica capitalista. O meio urbano é o reflexo dessas novas relações, protagonizando conflitos
sociais, políticos, econômicos e ambientais.
Como exemplo, a urbanização brasileira mostra, de forma geral, a ascensão de
uma profunda desigualdade socioeconômica herdada do período colonial. Houve uma
industrialização tardia, em função dos trezentos anos de colonização, e uma exploração da
população. O país cresceu sem o devido ordenamento territorial, concentrando a população
em determinadas regiões, enquanto outras se encontravam praticamente vazias.
As cidades brasileiras, nesse contexto, surgem a partir de um processo primitivo
de vilas e exploração econômica. E passam, na década de 1930, a serem o lócus da vida
industrial, concentrando capital e mão de obra (SPOSITO, 1988). O século XX é marcado
pelo êxodo rural, uma vez que a modernização do campo e a necessidade de mão de obra na
indústria impulsionam a migração da população em direção às cidades.
O planejamento urbano surge da demanda de uma organização territorial, visto
que as cidades cresceram e se tornaram muito mais complexas. Entretanto, o planejamento
que deveria garantir a autonomia da população, considerando seus anseios, tem se mostrado
um dos agentes no processo de segregação socioespacial. Esse movimento ocorre nos países
subdesenvolvidos de forma a estabelecer uma relação hierárquica em relação aos países
desenvolvidos (SANTOS, 1999).
Diante disso, o atual cenário brasileiro revela uma taxa de urbanização elevada,
atingindo 84,36% de urbanização em 2010 (Censo 2010). O meio urbano está saturado,
enquanto existe um deficit em infraestrutura e serviços disponíveis à população, que vai
perdendo o direito à cidade.
A terra se torna mercadoria, variando de acordo com sua localização e
características. Há uma lei da oferta e procura, o que faz com que o valor da terra aumente,
fenômeno comum no litoral que possui elevados preços imobiliários, resultado do seu
potencial turístico. O que se vê, então, é um aumento de condomínios e casas de veraneio por
todo o litoral brasileiro. E, por outro lado, um aumento de habitações irregulares, afastadas
das áreas valorizadas, ocupada pela população que não pode arcar com os custos decorrentes
2
dos novos processos socioespaciais. Assim, o avanço da especulação imobiliária e da
indústria capitalista contribuem diretamente para a segregação da população.
Enquanto discurso e prática não dialogam, existe uma população vivendo em
áreas de risco como as encostas da Serra do Mar, e também em áreas sujeitas a alagamentos.
Além disso, parte da população mais pobre não tem acesso aos serviços básicos de tratamento
de esgoto, coleta de lixo e água potável, o que a torna ainda mais vulnerável.
A zona costeira se torna lugar atrativo em decorrência das várias possibilidades de
uso. No litoral é possível encontrar atividades de pesca, exploração mineral, agricultura,
pastagem, e outras. É um ambiente valorizado, que vem sofrendo com a dificuldade em se
alinhar um discurso ambiental com o uso que se tem dado a ele.
Dessa forma, as zonas costeiras são naturalmente vulneráveis devido aos seus
ecossistemas, e as ações antrópicas vêm contribuindo para a degradação desses meios, diante
da ocupação urbana desregrada e sem planejamento (DIEGUES, 1995). Enquanto isso, as
instituições e programas ambientais não se articulam de forma eficiente para uma gestão,
planejamento ambiental e controle do avanço urbano.
Baseando-se nesses apontamentos, o município de Caraguatatuba foi escolhido
como área de estudo deste trabalho por apresentar uma urbanização intensa em relação aos
municípios vizinhos, sobretudo a partir da década de 1970, com um crescimento de 9,73% da
taxa de urbanização, enquanto São Sebastião teve um crescimento 5,15%. Entre os anos 2000
e 2010, Caraguatatuba ainda teve um acréscimo de 2,62%, enquanto Ubatuba cresceu 1,67% e
São Sebastião 2,42% (MARANDOLA JR. et al., 2013, p. 44).
Assim, o espraiamento urbano avança em direção às escarpas da Serra do Mar,
marcado por uma série de conflitos gerados pela ocupação e uso do solo. Esses conflitos se
relacionam com a abertura de rodovias, a instalação da Unidade de Tratamento de Gás
Monteiro Lobato de Caraguatatuba (UTGCA), as residências de uso sazonais, atividade
turística intensa, deslizamentos de terra e inundações.
Esses usos estão sobrecarregando o sistema costeiro, colaborando para que os
processos gravitacionais sejam mais intensos. Assim, o presente trabalho se propõe a uma
discussão inicial sobre de que forma o uso e a ocupação do solo, nos moldes capitalistas vêm
corroborando a degradação ambiental nas zonas costeiras, discutindo os aspectos que
envolvem o processo de urbanização brasileiro, o planejamento urbano e a concretização de
uma política ambiental nacional. O trabalho também faz uma reflexão em torno dos novos
3
processos socioespaciais ocorridos nas zonas costeiras, destacando o município de
Caraguatatuba e os conflitos gerados por esses processos na cidade.
2. OBJETIVO
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Para Sposito (1988), passada a Idade Média, cujas principais características eram
a estruturação em feudos e o caráter agrícola, há o renascimento das cidades com base no
comércio. Por volta de 1400 d. C., já havia uma grande malha de cidades nas áreas habitadas,
que eram relativamente densas. Suas bases econômicas estavam ligadas ao comércio e ao
artesanato, atividades que possibilitaram abandonar os moldes dos feudos, sobre a influência
do capitalismo. Ainda, aqui, não é possível falar em urbanidade, porque pouco se diferenciava
do campo.
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Cunha (2005) reforça que, a partir do século XVI, há o período das grandes
descobertas marítimas, enquanto Sposito (1988) destaca que a aliança da burguesia comercial
com o rei permitiu, nesse período, a formação dos Estados Nacionais Absolutistas, o que
propiciou novo adensamento populacional sobre a ótica de que o rei era o provedor de
segurança. Para ampliar os territórios, o rei passa a promover expedições marítimas em
função da expansão colonial e a criação de novos monopólios comerciais. Neste contexto,
Portugal se destaca, sendo a primeira nação a se lançar ao mar. Esse pioneirismo se deve a sua
condição geográfica privilegiada, uma vez que se encontra localizado em uma península no
Oceano Atlântico. Assim, os portugueses, ao procurarem por novos mercados com menos
concorrentes antigos já instalados, seguem buscando a expansão ultramarina (PRADO
JÚNIOR, 1945).
No início do século XVI, Portugal encontra novas terras inexploradas: “A ideia de
povoar não ocorre inicialmente a nenhum. É o comércio que os interessa, e daí o relativo
desprezo por estes territórios primitivos e vazios que formam a América” (PRADO JÚNIOR,
1945, p. 8). De tal forma, “durante, aproximadamente, três décadas a conquista da
colonização, os portugueses limitaram-se a exploração grosseira dos recursos naturais, em
especial o pau-brasil” (ZORRAQUINO, 2005, p. 16). Ainda que as colônias possuíssem
caráter de ponto de escoamento de riquezas extraídas, é a fixação dos colonos de forma
permanente que estabeleceu uma economia mais estável (SPOSITO, 1988).
Por muito tempo, no Brasil, perdurou-se a condição de país agrário, visto que a
colônia era essencialmente de exploração: “(...) o urbanismo é a condição moderníssima da
nossa evolução social. Toda a nossa história é a história de um povo agrícola, é a história de
uma sociedade de lavradores e pastores” (VIANNA apud SANTOS 1993, p. 19).
Holanda evidencia, que, baseado na dominação, o colonizador não buscou
aperfeiçoar a terra para morar, e sim explorá-la, deixando de plantar alicerces, planejar e
construir. O Brasil surge de um processo primitivo de vilas e exploração de suas riquezas –
caráter de colônia essencialmente agrária cuja funcionalidade foi prover riquezas à Coroa por
muito tempo. De acordo com Holanda (1995, p. 95)
Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito da dominação
portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas, que cedeu todas
as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a ceder, que cuidou
menos em construir, planejar ou plantar alicerces, do que em feitorizar uma riqueza
fácil e quase ao alcance da mão.
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Enquanto os espanhóis alocavam-se em altitudes mais elevadas, cujo clima mais
se assemelhava ao que estavam acostumados, os portugueses não, sua colonização foi
litorânea e tropical (HOLANDA, 1995). Outro fator que impulsionou o desenvolvimento do
litoral antes do interior do país deve-se à necessidade de escoar as riquezas. Moraes (2007, p.
62-3) destaca quão discrepante é o contraste entre litoral e o interior ao analisar uma carta
geográfica do Brasil do período, o último assemelha-se a um deserto, inexplorado, conforme
vai se afastando da periferia em direção ao centro. O autor ainda afirma que a ocupação do
litoral não foi intensa, o povoamento foi, na verdade, pontual: “as áreas de adensamento
estando restritas aos centros difusores internos”. Em outras palavras, a aglomeração se dava
em volta de núcleos, que formavam as vilas, como no Nordeste, cujo epicentro seria em
Olinda e Recife, por exemplo.
De acordo com Holanda (1995, p.101) o litoral teve papel importante no processo
de escoar mercadorias extraídas da colônia:
(...) não ignorava que D. João III tinha mandado fundar colônias em país tão remoto
com o intuito de retirar proveitos para o Estado, mediante a exportação de gêneros
de procedência brasileira: sabia que os gêneros produzidos junto ao mar podiam
conduzir-se facilmente à Europa e que os do sertão, pelo contrário, demoravam a
chegar aos portos onde fossem embarcados (...).
Em 1872, apenas três capitais brasileiras contavam com mais de 100 mil
habitantes: Rio de Janeiro (274.982); Salvador (129.109) e Recife (116.671). São Paulo
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possuía, até então, uma população de 31.385 pessoas (SANTOS, 1993, p. 25). Na Tabela 1, a
seguir, verifica-se o aumento de tal contingente populacional. É perceptível, a partir da década
de quarenta, com destaque na de cinquenta, que o número de pessoas ganha expressividade,
principalmente porque o aumento populacional dado como urbano atinge em torno de 30%,
um aumento de 20% em relação às duas décadas anteriores.
Tabela 1 – População Total e Urbana do Brasil (em milhões de habitantes) de 1872 a 1950
(...) acelerado crescimento, pelo desnível entre o fraco desenvolvimento das forças
produtivas e a acelerada concentração espacial da população, e pela formação de
uma rede urbana truncada e desarticulada, onde há concentração dos benefícios nas
regiões e cidades mais vinculadas às metrópoles externas. Portanto, ocorre enorme
desequilíbrio inter regional, urbano-rural e inter urbano, e conseqüentemente uma
acentuação do subdesenvolvimento.
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À vista disso, os países subdesenvolvidos possuem uma tendência de crescimento
sem o devido planejamento. Com um contingente populacional elevado e concentrado em
regiões urbanas, as cidades se expandem de forma desordenada constituindo periferias sem os
devidos serviços públicos e planejamento.
O século XIX marcou profundamente a estrutura urbana e ambiental no mundo
todo. Com o advento da inovação da técnica, há um impacto no meio urbano, sobretudo nos
problemas ambientais. Como explica Sposito (1988, p. 43-4), a Revolução Industrial, que
ocorre entre os séculos XVIII e XIX, marca a chamada Idade Contemporânea. Ainda segundo
a autora, “dado o caráter urbano da industrialização”, diferente das atividades produtivas do
campo, “as cidades tornaram-se sua base territorial, já que nelas concentram-se capital e força
de trabalho”.
No geral, pode-se falar em ascensão de uma “sociedade urbano-industrial”,
referindo-se aos seus “aspectos institucionais, culturais, psicológicos e sociais
(burocratização, cultura de massa, estratificação social e orientações da conduta
características, etc.)” (OLSON; COLE et al. apud LOPES, 2008, p. 2). O trabalho assalariado,
por sua vez, junto ao processo de acumulação e reprodução do capital, permite um novo
desenvolvimento do capitalismo, inserindo novas variáveis, como o “lucro”, por exemplo, o
qual Marx chama de “mais-valia”, que representaria a riqueza produzida pelo trabalhador e
apropriada pelo patrão (SPOSITO, 1988, p. 47). Com isso, a divisão do trabalho é
intensificada, e as atividades econômicas ficam cada vez mais dependentes das metrópoles.
As cidades mudam suas formas espaciais e a produção social: “a fábrica moderna cria a
cidade industrial” (LOPES, 2008, p. 8).
Assim, o fim do século XIX é marcado pela abolição da escravatura e uma
economia cafeeira instaurada. Além disso, uma nova mão de obra imigrante é introduzida. No
século seguinte, há uma explosão demográfica, que, segundo as autoras Vasconcelos e Gomes
(2012, p. 541), baseadas na teoria de Thompson e Landry, foi consequência do
desenvolvimento econômico e do processo de modernização das cidades, uma vez que
influenciaram diretamente nas taxas de natalidade e mortalidade. O Brasil, nesse contexto de
industrialização, transformou-se, em sua maioria, de uma sociedade rural para urbana. Essa
mudança possibilitou uma queda na mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e um
aumento de doenças referentes à vida urbana, como aquelas causadas por estresse e
sedentarismo (VASCONCELOS; GOMES, 2012).
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A década de 1920, de acordo com Cano (2012), representa um período de
transição econômica e social no Brasil, passando de um modelo primário de exportação para
um padrão de acumulação. Dessa forma, entre os anos de 1910 e 1919, há uma queda nas
economias regionais não cafeeiras, exceto a do Rio de Janeira, já estagnada desde o início do
século. Como resultado, há uma diversificação da economia, principalmente na Região
Sudeste, e na cidade de São Paulo, cuja concentração industrial possibilitou uma disparada na
economia em relação às outras regiões do país. Além disso, o governo desenvolvimentista
instaurado nesse período também contribuiu com essa industrialização, investindo
maciçamente na indústria nacional, segundo Singer apud Pinheiro (2007, p. 64) através de:
fixação de taxas favorecidas de câmbio pelo Estado; crédito estatal a juros baixos ou
negativos; subsídios; isenções fiscais; custo da mão-de-obra subsidiado
indiretamente mediante fornecimento de serviços sociais (saúde, educação,
alimentação, habitação, seguro social); serviços de infra-estrutura (transporte,
energia, água, esgotos, comunicações) fornecidos a preços subvencionados.
Esse período é marcado por um aumento do conservadorismo das elites, visto que
a nova complexidade trazida pela crescente industrialização obrigou o Estado a se fortalecer
institucionalmente, aumentando a repressão na medida em que os movimentos
reivindicatórios e revolucionários também aumentavam.
Em paralelo, o café teve grande valorização, principalmente entre os anos de
1918-19 e 1924-26, fazendo com que a capacidade produtiva aumentasse, gerando muito
lucro ao Governo Federal (CANO, 2012). Investimentos foram feitos a fim de escoar essa
mercadoria, “as trilhas e caminhos foram progressivamente substituídos pelas estradas de
ferro”, que aumentaram consideravelmente neste período. As inovações tecnológicas foram
fundamentais, pois permitiram uma circulação de bens, pessoas e informações cada vez mais
rápida através do espaço (DIAS, 1995, p. 142).
Em 1920, o Brasil contava com uma população de 27,5 milhões de habitantes e
possuía 74 cidades com mais de 20 mil habitantes. No entanto, 58,3% dessas cidades se
encontravam na Região Sudeste, o que indica acentuada concentração urbana em apenas uma
região (BRITO, 2006).
Segundo Cano (2012), a década de 1930, sob influência da Grande Depressão de
1929 e a queda da bolsa de Nova York, marca uma revolução política no Brasil, conhecida
como a Revolução de 30. Uma das principais consequências é a instauração de um golpe de
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Estado por Getúlio Vargas, que assume o poder do país. O governo Vargas impulsiona o
fortalecimento de uma sociedade urbano-industrial mediante intervenção estatal (OLIVEIRA,
1971 apud BONDUKI, 1994, p. 711), atraindo os trabalhadores rurais em grande escala para
a cidade (CANO, 2012).
Para Santos (1993, p. 32), a partir das décadas de 1940 e 1950, “é a lógica da
industrialização que prevalece”. Há uma expansão do consumo de forma bem diversificada, e
“a partir daí, uma urbanização cada vez mais envolvente e mais presente no território dá-se
com o crescimento demográfico sustentado das cidades médias e maiores (...)”. A seguir, na
Tabela 2, é possível acompanhar a dimensão desse crescimento demográfico.
Há muitas definições entre os autores para zona costeira, neste trabalho será
adotada a definição de Moraes (2007), que considera a zona costeira um ambiente de
diferentes usos, mais que a interação do meio terrestre, marinho e atmosférico, como pode ser
visto na Figura 2.
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Dessa forma, segundo Moraes (2007, p.31), o litoral pode ser definido como:
(...) uma zona de usos múltiplos, pois em sua extensão é possível encontrar
variadíssimas formas de ocupação do solo e a manifestação das mais diferentes
atividades humanas. Defronta-se a zona costeira do Brasil, desde a presença de
tribos coletoras quase isoladas a plantas industriais de última geração, desde
comunidades vivendo em gêneros de vida tradicionais até metrópoles dotadas de
toda modernidade que lhes caracteriza. Enfim, trata-se de um universo marcado pela
diversidade e convivência de padrões díspares. Isto redunda em uma alta
conflituosidade potencial do uso do solo, onde o papel do planejamento adquire
maior relevo.
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No extenso litoral brasileiro, do estado do Rio Grande do Sul até o Ceará, observa-se
atualmente “vastas extensões continuamente ocupadas”, dentro das quais se
encontram importantes aglomerações urbanas, contrastando com “vastas porções
escassamente povoadas”.
Esta situação se agrava quando o próprio sítio é naturalmente frágil, como é o caso
das áreas costeiras do litoral de São Paulo, especialmente na sua porção norte, onde as
escarpas tropicais do Planalto Paulista formam a chamada Serra do Mar, que se
aproximam da orla litorânea, entrecortando as planícies oceânicas com íngremes
vertentes que se elevam a quase mil metros em menos de um quilômetro.
CIRM União
GI-GERCO MMA Estados
G17 Municípios
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (adaptada), 2017.
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O século XXI é marcado por novos avanços no âmbito ambiental, com a Lei nº
9.985, do ano 2000, é instituído um Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
que estabelece “critérios e normas para criação, implantação das unidades de conservação”. A
referida Lei traz um conteúdo sobre gestão ambiental, planos de manejo e os objetivos gerais
de uma Unidade de Conservação (UC). Além disso, são estabelecidos o zoneamento das UC’s
e as normas que devem “presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais”. Para isso,
são criados dois grupos de UC, um integral, cujo objetivo é preservar a natureza e limitar os
recursos naturais a uso indireto, e outro de uso sustentável, que busca a conservação da
natureza com uso sustentável dos seus recursos naturais (FREIRIA, 2015, p. 18-9).
Ainda segundo Freiria (2015), a Lei 10.650/03 estabelece critérios de acesso à
informação ambiental pela população, sendo os órgãos e instituições integrados ao SISNAMA
obrigados a permitir tal acesso. Assim, há uma abertura maior à participação do público e à
democratização ambiental.
Dessa forma, uma série de instituições vem se engajando ao longo das últimas
décadas para estabelecer uma agenda ambiental no Brasil, bem como estabelecer diretrizes
para a zona costeira, ambiente dotado de especificidades e naturalmente mais frágil. O PNGC
vem atuando há várias décadas, acumulando uma vasta experiência. Uma série de
metodologias foi estabelecida e modelos aplicados ao longo desse período. Essa maturidade
deve contribuir para a programação de ações futuras de acordo com as avaliações feitas no
passado, pensando que é necessário estar aberto à renovação teórica e à inovação da prática
(MORAES, 2007).
Entretanto, existe uma desconexão entre discurso e prática, uma vez que as
instituições e programas ambientais não conseguem se articular diante do avanço das novas
espacialidades geradas pelo capitalismo. A terra é adotada como mercadoria, seguindo uma
lógica de valoração e especulação. Nesse cenário, o discurso ambiental é enfraquecido em
prol dos diferentes interesses econômicos, políticos e sociais.
Diante dessas novas demandas, o turismo, enquanto política pública passa a
existir por meio do Decreto-Lei n. 55, de 18/11/1966. Esse Decreto criou o Conselho
Nacional de Turismo (CNTur) e a EMBRATUR (Empresa Brasileira do Turismo), uma
autarquia vinculada ao Ministério do Turismo, definindo, então, uma política voltada ao
turismo (ARAUJO, 2012, 2011, p. 79.). Diante da desterritorialização e dos novos processos
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de reterritorialização, o turismo passa ser fator chave em muitas cidades litorâneas, sendo,
inclusive, a principal fonte econômica para muitos municípios.
Assim, o que se tem acompanhado é um avanço de residências ligadas ao turismo
e a outras atividades relacionadas, enquanto as instituições governamentais têm encontrado
uma série de dificuldades ao longo da sua história. O município de Caraguatatuba, nesse
contexto, tem experienciado o avanço urbano de forma bem acelerada em relação aos
municípios vizinhos. Portanto, é preciso compreender como o uso e a ocupação do solo em
Caraguatatuba vêm contribuindo para os problemas ambientais e como as instituições vêm se
posicionando frente às novas dinâmicas territoriais do município.
Além desse adensamento pela mão de obra, como explica Panizza (2004), há o
“fenômeno da residência secundária” (casas destinadas a veraneio), que estão disseminadas
em longos espaços no entorno das grandes aglomerações do litoral brasileiro, Caraguatatuba
se inclui nessa dinâmica. Essas residências são um grande fator da urbanização litorânea,
enquanto a migração em direção ao litoral gera um “segmento marginal” por aqueles que não
são incorporados nem pela indústria nem pelo setor de serviços, instalando-se na periferia,
muitas vezes de forma precária, vivenciando problemas na qualidade da água, tratamento de
esgoto, coleta de lixo e transporte público, por exemplo.
Segundo o Seade (2017), a população de Caraguatatuba cresceu em mais de 200
mil habitantes em pouco mais de trinta anos, apresentando 87.072 mil habitantes no ano de
1980 e 295.135 mil habitantes em 2013. No último Censo (2010), o IBGE divulgou um grau
de 97.48% de urbanização no município. Comparando com o grau de urbanização da cidade
de São Paulo é possível perceber que os valores são semelhantes à capital, que apresentou um
grau de urbanização de 99.1% no Censo de 2010.
Segundo o REC (2012), é a partir da década de 1980 que a ocupação começa a seguir em
direção às escarpas da Serra do Mar, enquanto os anos de 1990 são marcados pelo avanço
desordenado da ocupação, cuja população passa a habitar as encostas, topos de morros e áreas
ribeirinhas, além de ocupar quase o restante da orla do município, restando pequenas porções
mais afastadas não construídas. Esse tipo de crescimento, desordenado, é um dos grandes
fatores geradores da periferização (BARROS apud GIGLIOTTI; SANTOS, 2004).
A Figura 4 destaca a evolução urbana de Caraguatatuba entre os anos 1979 a 2011. A
cor vermelha representa a área urbana. Nota-se que há um avanço da mancha vermelha entre
os anos de 1973 e 2010, dado por um acelerado processo de adensamento urbano,
concentrado, sobretudo, na linha de costa.
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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figuras 5 e 6 - Imagens online da área urbana e da área rural oferecida pelo Global Basemap (software ArcGIS -
Novembro de 2017)
Fonte: ArcGIS, 2017
Por fim, foi feita uma revisão bibliográfica sobre o processo de urbanização
brasileiro com ênfase na evolução urbana costeira e seus paradigmas, bem como uma
contextualização da legislação ambiental relacionada ao litoral e seus desdobramentos. Além
disso, foi feita a caracterização socioeconômica da população de Caraguatatuba baseada em
dados do IBGE, revisão da história do município e discussão sobre os conflitos gerados pelo
uso e ocupação antrópicos em Caraguatatuba.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 10 - Rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios segundo os setores
censitários - R$ - 2010
Fonte: Resumo Executivo de Caraguatatuba, 2012, p. 9.
Por fim, o mapa de uso do solo (Anexo A) revelou que existem três principais usos
do solo no município de Caraguatatuba: 1) Uma área urbana concentrada por toda linha de
costa; 2) Área destinada às atividades agrícolas e pastoris; 3) Uma grande área verde adensada
de Mata Atlântica, que compõe o PESM (Núcleo Caraguatatuba), e ocupa cerca de 82% do
município (GIGLIOTTI; SANTOS, 2013), de tal forma que a área urbana e a área rural
representam cerca de 18% do total do município de Caraguatatuba, que ocupa 485,95 Km².
Assim, Caraguatatuba mostra-se uma cidade heterogênea, fragmentada pela
condição socioeconômica da população. Enquanto isso há um movimento intenso de
habitantes sazonais gerados pelas residências secundárias. Esses agentes sobrecarregam o
sistema costeiro, naturalmente frágil, por meio da impermeabilização do solo e desmatamento
para construção, por exemplo.
Figura 11 - Pluviograma com as médias mensais de pluviosidade (em mm) da série temporal de 1973 a 2011do
município de Caraguatatuba - SP.
Fonte: SIGRH (2014 apud LIMA, 2015, p. 81)
38
Essa tendência à maior concentração de chuvas nas serras, somada aos altos
índices de declividade, ocasionam, nas regiões escarpadas, movimentos de massas. Esses
escorregamentos são ocasionados pela diminuição da coesão quando a água passa pelo solo,
funcionando como um “agente lubrificante” (CRUZ, 1974, p. 165). Quando o solo é
impermeabilizado essa condição é ainda mais intensa, aumentando a vazão com que a água
percorre até o pé das encostas, carregando consigo uma grande quantidade de material,
inclusive, destruindo zonas habitadas.
Em janeiro de 1967 houve uma série de deslizamentos pelo litoral em decorrência
das chuvas que já vinham ocorrendo de forma intensa por todo o verão (CRUZ, 1974).
Relatos jornalísticos apontam que uma grande quantidade de lama cobriu o município de
Caraguatatuba, soterrando centenas de pessoas e animais e oficializando uma das maiores
catástrofes brasileiras (Figuras 12 e 13).
Figura 13 - Distribuição espacial de incidências de diarreias em dois períodos: 2005-2007 e 2008-2010 de todo
município de Caraguatatuba
Fonte: Asmus et al., 2012, p. 10
Figura 16 - Tricas em residência causada por deslizamento de massa (Morro da Prainha/ março de 2017)
Fonte: Arquivo da Defesa Civil de Caraguatatuba, março 2017.
Figura 18 - Adensamento urbano na linha de costa no município de Caraguatatuba (vista do Morro Santo
Antônio).
Fonte: Arquivo pessoal (25/11/2017)
De acordo com o IBGE (2010), cerca de 27.902 dos domicílios são de uso
ocasional, enquanto 31.934 dos domicílios particulares são permanentes. Dessa forma, muitas
casas ficam fechadas durante a semana, enquanto, no final de semana há um grande aumento
do fluxo de carros sentido litoral, bem como uma concentração maior de turistas pelas praias e
ruas.
Essa dinâmica está atrelada a uma série de problemas no município, como os
deslizamentos de terra que ocorrem na região, que, apesar de ser um fenômeno natural e parte
do processo de recuo das escarpas da Serra do Mar, vem sendo intensificado diante das
ocupações em áreas instáveis, como nos topos de morros e encostas (Figura 20).
46
Figura 20 - Deslizamento próximo a uma área ocupada (vista do Morro Santo Antônio)
Fonte: Arquivo pessoal (25/11/2017)
Figura 23 - Ponte que compõe o novo complexo viário sob área ocupada por moradias
Fonte: Arquivo pessoal (25/11/2017)
Durante o trabalho de campo foi possível observar que as obras estão em estágio
avançado (Figuras 24 e 25), de tal forma que a partir de 2018 a Serra do Mar estará pronta
para uma circulação maior de carros, podendo se associar um novo processo de urbanização.
Segundo Serrano (2002) apud Pinto (2012, p. 11):
Figura 24 - Túnel no contorno viária de Caraguatatuba; Figura 25 - Contorno viário de Caraguatatuba (fotos
tiradas do Morro Santo Antônio)
Fonte: Arquivo pessoal (25/11/2017)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou contribuir com a discussão em torno dos novos processos
territoriais a partir de uma revisão histórica do processo de urbanização brasileiro com ênfase
nos processos costeiros de uso e ocupação. Além disso, o trabalho discutiu sobre os
problemas relacionados a movimentos gravitacionais no município de Caraguatatuba e como
a gestão e controle das áreas de risco vêm sendo feita pela Defesa Civil de Caraguatatuba.
Assim, o processo de urbanização do Brasil mostrou-se intrinsecamente
relacionado às formas espaciais urbanas atuais, e a forma com que as novas dinâmicas
territoriais, geradas pela globalização e avanço do capitalismo, vêm moldando os espaços
urbanos como mercadoria.
De tal forma, há uma forte pressão sobre os ecossistemas costeiros, nas últimas
décadas, causados pelo adensamento urbano, principalmente pela atração das atividades
51
turísticas. Essa concentração mostra, sobretudo, uma apropriação do espaço costeiro pela elite
e pela indústria, reestruturando-os de acordo com seu interesse.
Diante da atração turística, o litoral tem aumentado sua população de forma muito
rápida, bem como o valor da terra nas porções mais próximas da costa, contribuindo para o
avanço da ocupação da população em áreas de risco, como nas encostas da Serra do Mar.
Apesar de existir uma legislação que buscou, nos últimos quarenta anos, articular
o discurso ambiental às novas dinâmicas capitalistas, o que pôde ser observado foi uma
profunda desigualdade de direitos, em que uma pequena parte da população usufrui dos
espaços dotados de valor, enquanto uma grande parcela da população passa a viver afastada
do centros/espaços de valor.
Como consequência, o litoral tornou-se espaço fragmentado - uma orla ocupada
por condomínios, casas de veraneio e várias atividades de lazer voltadas à massa de turistas
que passa pelas praias todos os dias. Enquanto existe um movimento segregacional da
população que não pode arcar com esse estilo de vida e passa a viver nos bairros mais
afastados da orla, muitas vezes sujeitos a inundações e deslizamentos, como pode ser visto no
município de Caraguatatuba.
As ocupações irregulares mostraram-se prejudiciais, no sentido de que é feita a
retirada da vegetação das encostas de morros para sua construção, ocasionando, também, a
impermeabilização do solo. Essa combinação, somada à instabilidade natural das encostas,
contribuem para os movimentos gravitacionais que ocorrem no município.
Assim, como a pesquisa buscou mostrar, o monitoramento é essencial para que
tragédias possam ser evitadas. A Defesa Civil, nesse contexto, tem papel fundamental no
controle da ocupação em áreas de risco, bem como o monitoramento das chuvas e
implementação de protocolos que mantêm a população mais segura.
Além disso, as instituições de ensino e órgãos do governo possuem papel
fundamental no controle de acidentes envolvendo desastres naturais, e a omissão do governo
frente ao debate ambiental pode ser muito prejudicial. A pesquisa é importante, bem como a
atuação desses profissionais no planejamento e gestão das zonas costeiras.
Por essa razão, se os sistemas costeiros vêm sofrendo uma intensa ocupação e os
mais variados usos, como mostrou este trabalho, essa insustentabilidade nos usos e na
ocupação podem vir a causar um colapso do sistema, indicando a necessidade de uma
educação ambiental e uma gestão efetiva.
52
Por fim, também é importante lembrar que, acima de tudo, todos os
desdobramentos dos novos processos territoriais contemporâneas estão ligados ao atual
estágio do capitalismo, e que, diante de uma cultura de massa, voltada ao consumismo, é
preciso repensar o próprio consumo e o modelo de desenvolvimento econômico, que tem se
pautado, desde o período colonial, na exploração da terra e na força de trabalho da população.
53
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO; C. P. de. Da embratur à política nacional de turismo. pós v.19 n.31, São Paulo,
2012.
DIAS, L.C. Redes: emergência e organização. In: CASTRO, I. E. et al. (org.). Geografia:
conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. 26ª ed. - São Paulo: Editora Companhia das Letras,
1995.
MARANDOLA JR., E. et al. Crescimento urbano e áreas de risco no litoral norte de São
Paulo. R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 30, n. 1, p. 35-56, jan./jun. 2013.
_________. Contribuição para a gestão da zona costeira do Brasil: elementos para uma
geografia do litoral brasileiro, São Paulo: Annablume, 2007.
_________. Imagens orbitais, cartas e coremas: uma proposta metodológica para o estudo
da organização e dinâmica espacial, aplicação ao Município de Ubatuba, Litoral Norte do
Estado de São Paulo, Brasil - Parte II – Litoral do Estado de São Paulo - História, Natureza e
Ocupação humana. 2004
RODRIGUES, A. M. Moradia nas cidades brasileiras. São Paulo: Editora Contexto, 1989
Sites consultados
Blog do Tano
http://blogdotano.blogspot.com.br/
Concessionária Tamoios
http://concessionariatamoios.com.br/noticias/show/80/veja-materia-sobre-construcao-de-
tunel-do-contorno-sul--no-litoral-norte
IBGE
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/caraguatatuba
MundoGeo
http://mundogeo.com/blog/2012/07/27/esri-adquire-imagens-de-alta-resolucao-para-usuarios-
do-arcgis/
Seade
http://www.seade.gov.br/
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Pontos Cotados
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Drenagem
Uso do Solo
Área Agrícola
Área Urbana
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7372000
Unidade de Conservação (Parque Estadual Serra do Mar)