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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
NATAL / RN
2021
JESSYCA ALENCAR E SILVA
NATAL / RN
2021
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco – DARQ - - CT
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JESSYCA ALENCAR E SILVA
BANCA EXAMINADORA
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PROFª DRª MÔNICA MARIA FERNANDES DE LIMA
Professora orientadora - UFRN
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PROFº MSCº JESONIAS DA SILVA OLIVEIRA
Examinador Interno
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PROFª MSCº SHEILA OLIVEIRA DE CARVALHO
Examinadora Externa
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Ubirany Alencar e Isabel Alencar, pelo apoio incondicional durante
toda a minha vida, meu verdadeiro porto seguro. Nenhuma palavra pode descrever o quão
eu sou grata. Obrigada por sempre terem respeitado minhas particularidades, minha
essência, sobretudo durante a graduação. Não foi fácil pra mim, e vocês sempre
estiveram lá fazendo o possível e o impossível para me ajudar a percorrer essa e tantas
outras jornadas.
À minha irmã Lala, por tudo que vivemos até aqui, por todos os aprendizados
conjuntos, por estar sempre comigo nas minhas lutas, inclusive na graduação, virando
algumas noites comigo. Obrigada por SEMPRE ter se importado e estendido a mão.
Ao meu namorado Felipe, por todo amor, companheirismo, empatia e amizade ao
longo desses quatro anos. Assim como meus pais e minha irmã você sempre esteve aqui
por mim, sem medir esforços, sem colocar dificuldade. Minha gratidão por você é enorme.
Às minhas lindas, as amigas da vida toda, Line, Laís, Larissa, Lou, Ló, Rhu e Vih,
que me incentivaram a correr atrás do meu sonho de cursar arquitetura. Passamos juntas
pelo processo de decidir o rumo das nossas vidas após o Ensino Médio, e alguns anos de
cursinho, compartilhamos inúmeros momentos de angústias e incertezas. Nossa rede de
apoio e estudo foi muito do que me trouxe até aqui.
À Naty e Ícaro, amigos tão presentes, que mesmo sem se envolver diretamente
nas questões relacionadas a esse percurso específico, o da graduação, me ajudam a
enxergar as batalhas da vida com mais leveza, com humor e tranquilidade.
Aos meus HistDivos, Camis, JP, Lou e Yas, por terem sido meus primeiros amores
na UFRN. Aprendi com você a me apaixonar pelo meio universitário, a valorizar cada ida
numa xerox do CCHLA, cada volta em um circular, e tantas coisas mais.
Às queens, Beth, Caio, Dani, Demi, Fio, Gabi, Hanley e Lari, vocês foram parte
essencial do que foi minha graduação. Aprendi muito com todos, sou extremamente grata
pela amizade e pela rede apoio que pudemos criar e desenvolver ao longo do curso.
Gostaria de agradecer imensamente meus ex-supervisores da Secretaria de
Eduação, Gabi e Zé, por todo o aprendizado. Não consigo mensurar a importância desses
dois anos de estágio para a minha formação. Se hoje me considero uma desenhista
detalhista devo isso a vocês.
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À minha atual chefe Marcelly, com quem venho aprendendo muito, principalmente
sobre projetos de interiores, e também sobre a dinâmica dentro de um escritório de
arquitetura.
Ao primeiro professor orientador deste trabalho, Profº Heitor Andrade, pelo
aprendizado e pela paciência.
À minha professora orientadora, Mônica, pela disponibilidade, incentivo e
compartilhamento de conhecimento.
À população do Guarapes, mesmo que participando em pequena quantidade, e ao
CRAS do bairro, pela disponibilidade de contribuir para a construção deste trabalho.
Agradeço, por fim, à UFRN, sobretudo ao DARQ, pela gestão e preocupação com
seus alunos, e também ao galinheiro, a segunda casa de todos os estudantes de
arquitetura.
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RESUMO
Guarapes foi o último bairro a ser oficializado em Natal, em 1993 pela lei nº
4.328/93, possuindo um histórico de sucessivos reassentamentos de famílias advindas
de diversas áreas de vulnerabilidade social da cidade, os quais foram promovidos pelo
poder público desde 1988 até os dias atuais. Há treze anos, com a criação de dois
conjuntos e dois condomínios de Habitações de Interesse Social (HIS), a população local
cresceu consideravelmente, somando diversos problemas quanto à inserção urbana das
novas habitações: longas distâncias entre elas e o centro do bairro, que converge a grande
maioria de equipamentos públicos, sérios problemas de mobilidade e infraestrutura
urbana e carência em espaços públicos de lazer. Tais fatos são o que podem ter
acarretado na relativa falta de unidade entre as “ilhas” habitacionais dos conjuntos
recentes e a parte central do bairro. Nesse sentido, o presente trabalho se justifica pela
intenção de contribuir com o debate do que pode ser feito, do ponto de vista arquitetônico,
para melhorar a vida em comunidade do bairro da perspectiva cultural, levando em
consideração sua história e seus anseios; justifica-se, também, pelo exercício de projetar
um edifício cultural que deve servir a uma comunidade específica, enriquecendo a
graduação e contribuindo para a formação de um arcabouço teórico e prático necessário
para a vida profissional.
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ABSTRACT
Guarapes was the last neighborhood to be officialized in Natal, in 1993 by the Law
No. 4.328/93, having a history of successive resettlements of families from several areas
of social vulnerability in the city, which were promoted by the public authority since 1988
to this day. Thirteen years ago, with the creation of two residential complexes and two
condominiums of Social Interest Housing (Habitações de Interesse Social), the local
population grew considerably, amassing various problems regarding the urban insertion
of the new housings: long distances between them and the neighborhood’s central area,
where the vast majority of the urban structure converge, severe problems of mobility and
lack of public recreational spaces. These facts may have resulted in the relative lack of
unity between the habitational “islands” of the recent housing complexes and the central
part of the neighborhood. In this sense, the present study is justified by the intention of
contributing to the debate of what can be done, from an architectural point of view, to
improve the community life in the district from a cultural perspective, bearing in mind its
history and aspirations; it is also justified by the exercise of designing a cultural building
that should serve a specific community, enriching graduation and contributing to the
formation of a theoretical and practical framework necessary for professional life.
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LISTA DE FIGURAS
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Figura 29 – Rosa dos ventos de Natal sobre o terreno ............................................. 71
Figura 30 – Carta solar de Natal sobre o terreno ....................................................... 71
Figura 31 – Testes e orientação da planta no terreno............................................... 77
Figura 32 – Conformação 01. ........................................................................................ 78
Figura 33 – Conformação 02. ........................................................................................ 78
Figura 34 – Esboços de volumetria para a Conformação 01. ................................. 79
Figura 35 – Esboços de volumetria para a Conformação 02. ................................. 79
Figura 36 – Esquema em planta baixa. ........................................................................ 80
Figura 37 – Esboço em planta baixa............................................................................. 81
Figura 38 – Esboço volumétrico .................................................................................... 82
Figura 39 – Moodboarding para o desenvolvimento da plástica do centro cultural
comunitário. ....................................................................................................................... 83
Figura 40 – Croqui esquemático ................................................................................... 83
Figura 41 – Esquema volumétrico da solução final para a fachada frontal. ........ 84
Figura 42 – Esquema volumétrico da solução final para a fachada lateral
esquerda. ............................................................................................................................ 84
Figura 43 – Implantação ................................................................................................. 86
Figura 44 – Planta baixa final do térreo........................................................................ 88
Figura 45 – Planta baixa final do pavimento superior ............................................... 88
Figura 46 – Fachada lateral esquerda .......................................................................... 89
Figura 47 – Fachada frontal ........................................................................................... 89
Figura 48 – Fachada posterior ....................................................................................... 90
Figura 49 – Corte esquemático ..................................................................................... 90
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
ANÁLISE
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SÍNTESE
ANTEPROJETO
8. MEMORIAL DESCRITIVO......................................................................................................................................... 80
8.1 Implantação ................................................................................................................................. 80
8.2 Soluções finais ............................................................................................................................ 81
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................. 86
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INTRODUÇÃO
Localizado na região administrativa oeste da cidade de Natal, entre os
bairros Felipe Camarão e Planalto, o Guarapes foi oficializado como tal em 1993
pela lei 4.328, e constitui-se na atualidade como um dos bairros menos adensados
da capital potiguar.
Tem-se aqui um bairro cuja trajetória recente muito difere de seu passado
áureo – como entreposto comercial importante para a província do Rio Grande do
Norte – tendo sido bastante influenciada por reassentamentos de famílias
advindas de periferias da cidade, como da favela do Fio e a do DETRAN, que, “em
1988, foram ali abrigadas por viverem em situação de risco” (SEMURB, 2007).
O Guarapes permaneceu recebendo migrantes da cidade a partir de
iniciativas de reassentamentos planejadas pela gestão urbana de Natal. Entre
2008 e 2009 foram entregues pela Secretaria de Habitação, Regularização
Fundiária e Projetos Estruturantes (SEHARPE) dois conjuntos Habitacionais de
Interesse Social (HIS), os quais faziam parte do projeto Planalto II, desenvolvido a
partir das premissas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com o
intuito de reduzir o deficit habitacional da capital. Foram eles: o conjunto Santa
Clara e o Leningrado, localizados próximos entre si, no extremo leste do Guarapes.
Contudo, sua inserção ocorreu sem nenhum preparo do bairro para a recepção
das famílias, com ruas não pavimentadas, iluminação pública deficiente,
equipamentos públicos insuficientes e inexistências de linhas de transporte
público que circulassem dentro do bairro (DIÓGENES, 2014).
Somente após a posse das famílias, entre 2010 e 2012, que foram
ocorrendo melhorias urbanas, como o calçamento em algumas ruas do
Leningrado e seu entorno e a criação as linhas de ônibus circular 599 e a linha 41
com terminal no bairro.
Conforme a Prefeitura Municipal do Natal, no ano de 2014 outro
reassentamento foi realizado ao lado dos conjuntos habitacionais anteriormente
citados, com a entrega 869 unidades habitacionais no condomínio vertical
Vivendas do Planalto; em 2018 foram entregues mais 1792 unidades de
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apartamento, no Condomínio Village de Prata, localizado na extremidade oeste do
bairro, com divisas com o Planalto e com Macaíba.
Quanto aos aparatos urbanos, atualmente, em todo o bairro existem três
Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), uma escola estadual e duas
municipais, uma Unidade Básica de Saúde, uma praça, um minicampo. Destes,
apenas um CEMEI está inserido dentro do Leningrado, estando próximo do
conjunto Santa Clara e também do condomínio Vivenda do Planalto. Então, a
concentração de equipamentos urbanos na parte central do bairro e as longas
distâncias entre as partes dificultam o acesso da população aos serviços públicos,
o que denuncia também a deficiência da mobilidade urbana em seu perímetro.
Nesse sentido, este Trabalho Final de Graduação (TFG) se justifica pela
intenção de contribuir com o que pode ser feito, do ponto de vista arquitetônico,
para melhorar a vida em comunidade do bairro, tendo em vista sua história, suas
demandas e anseios para elaborar um projeto com potencial para reforçar os
laços comunitários. Além disso, justifica-se pelo exercício de projetar um edifício
que deve servir a uma comunidade específica, enriquecendo a graduação e
contribuindo para a formação de um arcabouço teórico e de qualificação
necessário para a vida profissional.
Por conseguinte, guiado pela temática: centro de cultura com enfoque na
comunidade local, este trabalho objetiva conceber um anteprojeto de centro
cultural no bairro Guarapes, em Natal, Rio Grande do Norte, focando nos
problemas e as potencialidades da comunidade local. Para isso, faz-se necessário
conhecer o bairro Guarapes, tendo em vista sua história e sua condição
socioeconômica atual, para o enriquecimento o processo de projeto; Aplicar os
conhecimentos sobre os conceitos de cultura e comunidade, assim como sobre
as características funcionais de centros de cultura e centros comunitários no
processo de projeto; Propor um programa de necessidades que abarque
demandas locais condicentes com o uso da proposta arquitetônica, a fim de
compatibilizar perspectivas da comunidade com os condicionantes de projeto, e
definir problemas e potencialidades do bairro convenientes para o
desenvolvimento do programa e da proposta arquitetônica final.
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1. MÉTODOS, PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS
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et al, 2013); e ainda, é nela em que são definidos os principais conceitos do projeto,
já que, para um conceito possuir sentido ele deve remeter ao problema de projeto,
aos condicionantes históricos e ideológicos que são minuciados nesta etapa
(DELEUZE, GUATTARI apud ANDRADE et al, 2013).
Na Síntese tem-se o estágio criativo das tomadas de decisão, concepção
de ideias e de possíveis soluções que satisfaçam às restrições projetuais; é uma
etapa muito mais intuitiva do que racional, na qual “[...] o projetista procura por
formas, materiais, vistas, orientações, condições de iluminação e outros
elementos que se juntam numa montagem holística.” (KALAY apud GARCIA, 2014,
p. 23).
A etapa da Avaliação é quando a solução pensada é avaliada
racionalmente, garantindo que seja a mais adequada a partir da identificação de
deficiências. Em vista disto, “O resultado da avaliação serve para ajustes e
aperfeiçoamentos da solução, voltando o projetista para a segunda ou primeira
fase com mais informações ou modificando restrições ou objetivos.” (KALAY apud
GARCIA, 2014, p. 23).
Consistindo-se como uma etapa que permeia as anteriores, a
Representação torna o processo contínuo e dinâmico, permitindo a comunicação
entre a análise, síntese e a avaliação a partir da codificação e decodificação da
informação (ANDRADE et al, 2013).
Neste trabalho, as duas últimas etapas não serão tratadas
independentemente, pois ocorrerão com fluidez no andamento do trabalho,
ajudando a construir as tomadas de decisão da análise para a síntese, e da síntese
para o anteprojeto.
Em sequência, levando em conta o processo de projeto a natureza lógica
de cada etapa, temos a seguinte estruturação do trabalho:
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1.3.1 Levantamento dos condicionantes
históricos e culturais do bairro;
1.3.2 Consulta popular;
1.3.3 Leis e normas;
1.3.4 Área de intervenção projetual (conforto,
topografia, entorno etc.);
1.4 Programação arquitetônica (programa de necessidades;
pré-dimensionamento; etc.).
2. Síntese (busca por soluções):
2.1 Conceitos;
2.2 Partido arquitetônico;
2.3 Estudo preliminar;
3. Anteprojeto;
3.1 Planta geral de implantação;
3.2 Planta dos pavimentos;
3.2 Cortes (longitudinais e transversais);
3.3 Elevações (fachadas);
3.4 Detalhes (de elementos da edificação e de seus
componentes construtivos);
3.5 Memorial descritivo da edificação.
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incrementado após o contato e recolhimento de informações com integrantes do
bairro. Já para a obtenção das condicionantes legais, ambientais e urbanísticas
do terreno serão utilizados: o plano diretor, o código de obras e mapas oficiais de
Natal. A fim de realizar o diagnóstico do terreno será utilizado como método os
recursos de desenho para análise do entorno, como mapa se zoneamento, de
orientação solar e ventos dominantes, ou os que se fizerem necessários. O
gerenciamento destes dados permitirá, além do diagnóstico, a formulação dos
problemas e potencialidades do terreno e seu entorno.
O contato com alguns dos moradores e das lideranças do bairro será
mediado pelo princípio da metodologia do Projeto Participativo (PP), termo
genérico que engloba diversas atividades e formas de inserir a participação
popular nas decisões projetuais.
De acordo com Elali e Veloso (2014), para Neparstek (1997) os princípios
do PP abrangem: envolvimento de moradores/usuários de um local na definição
de objetivos e estratégias, identificar os problemas considerados importantes
para aquela comunidade específica e os recursos disponíveis, desenvolver
estratégias específicas, reforçar laços comunitários e desenvolver laços com
instituições atuantes na cidade.
Além destas considerações é imprescindível esclarecer o nível da
participação popular no processo do projeto. Levando em conta a natureza
acadêmica deste trabalho, e o tempo disponível para sua produção, a
possibilidade de PP mais adequada é o descrito por Elali e Veloso (2014), indicado
por Deshler e Sock (1985), a Pseudo-participação. Nesta modalidade, a
comunidade se envolve parcialmente na elaboração e execução da proposta,
sendo consultada para fornecer informações para o enfrentamento do problema,
mas, sem necessariamente o acato do projetista, e sem envolver-se com os
resultados. É, portanto, uma participação de natureza consultiva, na qual se
procura atender às solicitações majoritárias.
O programa de necessidades será elaborado a partir da sistematização dos
dados obtidos nos estudos de referência, do método da pseudo-participação, e
complementado com pesquisa bibliográfica; será procedido pelo pré-
dimensionamento dos ambientes e pela elaboração de um fluxograma.
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Dispondo do conteúdo exposto por Silva (1998) em seu livro, os estudos
preliminares são o estágio inicial da concepção de projetos, no qual haverá a
compatibilização do programa com o terreno e condicionantes, e, também, as
primeiras idealizações formais. Assim, pode-se entendê-lo como um
desenvolvimento do partido arquitetônico, principal produto desta etapa. Para isto,
tem-se a relevância da fase da Representação; nela, os recursos a serem
utilizados serão os croquis feitos à mão, simulações e desenhos técnicos a partir
do programa AutoCad, simulações e desenhos de volumetria 3D no SketchUp, e
aprimoramento de imagens no V-ray e no Photoshop.
Ao final, após os estudos por busca de soluções, tem-se o anteprojeto, que
será apresentado de acordo com a normativa que regula a elaboração de projeto
e edifícios, a NBR 13532. No entanto, considerando o tempo disponível para a
elaboração deste produto, os itens “planta de terraplenagem” e “cortes de
terraplenagem” não serão confeccionados. Logo, o anteprojeto será composto
por: planta geral de implantação; plantas dos pavimentos; plantas das coberturas;
cortes (longitudinais e transversais); elevações (fachadas); detalhes (de
elementos da edificação e de seus componentes construtivos), e memorial
descritivo da edificação.
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Quadro 01 – Metodologia de trabalho.
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2.2 O CENTRO DE CULTURA
Fonte - https://www.tiqets.com/fr/activites-attractions-paris-c66746/billets-pour-
centre-pompidou-collection-permanente-entree-prioritaire-p974349/.
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projetos de educação fora do ambiente escolar, estabelecendo uma conexão
entre os diversos âmbitos do conhecimento.
Conectando a finalidade destas edificações ao conceito de cultura, Milanesi
(2003) escreve que o principal intuito de um centro cultural deve ser resgatar as
origens da população da cidade em que se insere, havendo duas formas de
promoção deste resgate: a preservação quase museológica e a transformação a
partir da matriz tradicional. Na primeira, as atividades e técnicas desenvolvidas no
centro de cultura persistem ao longo de anos, servindo para que a sociedade não
perca sua memória; na segunda, como sugere o próprio nome, as tradições são
modificadas ao se adaptarem aos meios atuais de produção, mas mantendo a
essência de suas raízes.
Nesta reflexão, os centros de cultura devem preservar a cultura local para
que os usuários passem a assimilá-la, tornando-se imprescindível o cuidado de
não reproduzir exatamente as mesmas atividades já desenvolvidas, mas sim
atividades e dinâmicas afins, na região em que se insere para que não deixe de ser
atrativo.
Ainda conforme o autor, os centros culturais se constituem como espaços
para se fazer cultura viva, por meio de obra de arte, com informação, em um
processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico. Deste modo, os espaços
que promovem cultura permitem a descoberta e o conhecimento a partir do
acesso às atividades relativas aos verbos informar, discutir e criar.
O primeiro verbo, informar, envolveria as atividades relacionadas à
transmissão de informações, como o oferecer o acesso a livros e outros tipos de
registros de conhecimento, como cartazes, filmes e palestras. Devido a isto, nos
centros sempre devem existir ambientes cuja prioridade seja promover a troca de
informação: auditórios, pátios, teatros, arenas, bibliotecas, salas de vídeo e
informática.
O verbo discutir seria um complemento ao verbo informar, abrangendo
atividades capazes de promover a reflexão, como seminários e ciclos de debate.
A promoção da interação entre pessoas, para este fim, pode ocorrer em espaços
como lanchonetes e pátios.
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Como somatório entre os verbos anteriores, o verbo criar se mostra como
principal objetivo de um centro cultural, já que a criação permanente acaba com a
inércia e a rotina de reproduções. Neste caso, o desenvolvimento de atividades
criativas pode ocorrer em espaços como oficinas de arte, ateliers, salas de
múltiplo uso e ambientes onde possam ser realizados trabalhos mais técnicos.
Neves (2013) complementa esta conceituação sobre a finalidade e o
funcionamento do centro cultural frisando que as atividades culturais não devem
apenas ser realizadas para as pessoas, e sim com elas. Para isso, a autora
considera três campos relativos ao trabalho cultural: a criação, tanto de bens
culturais quanto a partir de formação artística e educação estética; a circulação
de bens culturais, evitando que o centro de cultura se torne apenas um espaço
dedicado ao lazer; e a preservação do campo do trabalho cultural.
As questões mais subjetivas acerca da funcionalidade e das atividades
desenvolvidas neste tipo de construção terão de considerar as demandas de uma
comunidade específica, seja uma comunidade artística de dimensão global, ou da
comunidade de uma cidade ou região, conforme Souza (2012). Um exemplo
citado pelo autor são os centros culturais comunitários, que levam em
consideração as demandas locais e servem como suporte às famílias de baixa
renda.
Por fim, retomando uma problemática apontada no tópico anterior, cujo
principal dificultador de incentivo a cultural local é o processo de globalização,
enfatizamos o centro cultural como um espaço que deve construir laços com a
comunidade e os acontecimentos locais, ajudando a fortalecer o regionalismo,
funcionando como um equipamento informacional e proporcionando cultura para
os diferentes grupos sociais, buscando promover a sua integração.
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ou utilizá-la como sinônimo de favela etc. São sentidos atribuídos
automaticamente e que remetem a sua etimologia, a qual tem origem na palavra
“comum”.
A especialista em comunicação social Cecília Peruzzo (2009) avalia que o
termo “comunitário” vem sendo utilizado de forma desordenada, principalmente
em detrimento da globalização e da aproximação virtual entre pessoas. No
entanto, há peculiaridades possíveis de serem identificadas nas mais diversas
interpretações. De acordo com a autora:
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Tomando, então, comunidade como conceito teórico relacionado a um
otimismo social e à solidariedade, este pode ser compreendido a partir de três
gêneros: o de parentesco, de vizinhança e de amizade (TÖNNIES apud PERUZZO,
2009).
Para a área da arquitetura e urbanismo, o gênero vizinhança, elaborado por
Tönnies, é o mais aproveitável, pois nele é possível identificar a existência de
comunidades na vida urbana. Sendo assim, o espaço urbano vivido pode ser
representado pela comunidade de vizinhança, a qual “[...] caracteriza-se pela vida
em comum entre pessoas próximas, da qual nasce um sentimento mútuo de
confiança, de favores, etc. Dificilmente isso se mantém sem a proximidade física.”
(TÖNNIES apud PERUZZO, 2009, p. 142). Portanto, pode-se dizer que a vida em
comunidade está baseada em relações sociais, constituindo-se como uma
sociedade, “[...] mas nem toda sociedade é uma comunidade” (PARK, BURGESS
apud PERUZZO, 2009, p. 142).
Devemos, assim, ter em mente que o termo comunidade sempre possuirá
como característica intrínseca o sentido de comunitário, o qual também remete à
vida em comunidade, necessitando de um espaço, urbano ou não, de aproximação
das relações entre pessoas. Nesse sentido, o espaço, um dos principais conceitos
de interesse da arquitetura e do urbanismo, mostra-se como um elemento
primordial para vida em comunidade e o desenvolvimento de laços comunitários.
Segundo Débora Machado (2009), o espaço de uso público acarreta
sempre como consequência de existência o uso coletivo. Em contrapartida, um
espaço de uso coletivo nem sempre é público, pode ser privado ou comunitário.
A rua, elemento primordial dos estudos urbanos, é capaz de funcionar
como um espaço comunitário, conforme o comportamento da população que a
usufrui, pois, um espaço originalmente público apenas torna-se comunitário
quando moradores e usuários passam a tratá-lo como de sua responsabilidade,
zelando pela sua preservação (MACHADO, 2009).
Então, o espaço comunitário representa “[...] o lugar comum de convivência,
necessário para a habitação, cultura, serviços, educação e lazer, naquele onde as
pessoas vivem experiências em comuns e percebem o mundo.” (MACHADO, 2009,
p. 23). Além disto, ele é relativo à comunidade, a qual equivale “[...] ao conjunto de
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pessoas com os mesmos interesses e que se organizam respeitando seus
próprios costumes e hábitos [...]” (MACHADO, 2009, p. 23).
Por consequência, um espaço só possui o atributo comunitário ao atender
às necessidades e expectativas de uma comunidade específica, seja de uma
região, do bairro ou do município (MACHADO, 2009). Por isso, em casos onde o
espaço de uso comunitário é viabilizado por uma construção arquitetônica é
incentivado, por profissionais e estudiosos da área, que se utiliza de metodologias
de participação popular na concepção do projeto.
Como mencionado no tópico anterior, um centro de cultura, por exemplo,
pode atender às demandas de uma região específica, o que evidencia a arquitetura
como possibilitador da ampla variedade de espaços que possam sustentar o uso
comunitário, os quais podem oferecer lazer, esporte, cultura ou educação.
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ANÁLISE
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3. GUARAPES: DE UM PASSADO ÁUREO PARA UMA REALIDADE CONFLITUOSA
Figura 02 – Mapa da cidade do Natal, com destaque para o bairro Guarapes, na zona
oeste.
Fonte – https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_bairros_de_Natal_(Rio_Grande_do_Norte).
Adaptado pela autora.
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3.1 UM BREVE HISTÓRICO
A citação do autor mostra que o complexo era composto por uma série de
instalações, das quais, o casarão principal se responsabilizava pelo protagonismo;
a sequência de armazéns às margens do Rio Jundiaí, junto ao ancoradouro,
revelava sua significativa irradiação econômica, que exportava para a Europa
produtos produzidos na província – como algodão – e importava produtos
manufaturados (ALVES, 2015).
Pela articulação e estabilidade do complexo comercial, o casarão é
lembrado pela historiografia tradicional do Rio Grande do Norte, ressaltando a
imponência do edifício e o apogeu econômico associado a ele. No discurso do
presidente Leão Velloso, de 1862, Guarapes aparece como importante entreposto
31
comercial que transferiria para Natal a movimentação comercial dispersa no
interior (RODRIGUES, 2006, p. 64):
... por minha parte não vejo que a província tenha outra localidade
mais apropriada a ser o centro de suas relações officiaes do que
esta [Natal], assim como não vejo que esta cidade tenha de
soffrer com o desenvolvimento de Guarapes como ponto
comercial, ao contrario d’alli não se pode espera que lhe venha
senão elementos de prosperidade. (Relatório do Presidente Leão
Velloso de 16 de fevereiro de 1862. p.48-49).
Fonte – https://www.caurn.gov.br/?p=13634.
32
Após a queda do entreposto comercial não se encontram muitas
informações oficiais sobre a trajetória e desenvolvimento da localidade Guarapes,
que viria a se tornar oficialmente bairro nos anos de 1990. Todavia, é possível
apontar que o processo de expansão urbana da capital, cuja ocupação e uso do
solo passam a ser fortemente influenciadas por programas habitacionais,
impactou negativamente para o desfalque em serviços e infraestrutura pública na
Zona Norte e Zona Oeste, por não possuírem um solo urbano com valorização
imobiliária, conforme Bezerril, 2016. Os programas habitacionais mencionados
foram os implementados a partir de 1963, quando o Governo do Estado elaboraria
o primeiro Plano Habitacional Popular, e também pela criação do Banco Nacional
de Habitação (BNH), no final dos anos 1960, que acabaram por criar uma política
habitacional segregadora, em que uma parte da cidade recebeu mais
investimentos e se desenvolveu mais do que outra.
Observando o Guarapes nos dias de hoje pode-se dizer que ele ainda possui
características de área de expansão urbana, apresentando baixos índices de
ocupação na maior parte de seu território.
Em consonância com o censo levantado pelo IBGE (2010), o Guarapes se
apresenta como o bairro com o menor número de domicílios entre 2000 e 2010, e
cerca de 68% de seu território ainda é de cobertura vegetal. Sobre isto, é
importante destacar a restrição de adensamento imposta ao bairro por conter em
seu território a Zona de Preservação Ambiental dos cordões dunares, ou ZPA-4.
No entanto, mesmo com esta particularidade ambiental, seu afastamento
geográfico e a dificuldade de acesso aos centros e principais vias da capital e,
também, a infraestrutura urbana de baixa qualidade, se mostram como fatores
elementares do baixo adensamento (DIÓGENES, 2014).
Além da particularidade ambiental, todo o bairro está contido numa
Mancha de Interesse Social (MIS), cuja predominância de renda é de até 03
salários mínimos (SEMURB, 2017).
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O trajeto histórico mais recente do bairro muito difere do seu passado
como importante entreposto comercial na capitania do Rio Grande do Norte,
tendo sido bastante influenciado por sucessivos reassentamentos de famílias
advindas de periferias da cidade. Como exemplo dos primeiros reassentamentos
promovidos pelo poder público, tem-se a favela do Fio e a do DETRAN, que, “em
1988, foram ali abrigadas por viverem em situação de risco” (SEMURB, 2007),
dando início a expressiva ocupação do território do bairro.
De acordo com Caroline Diógenes (2014), entre 2008 e 2009 foram
entregues pela Secretaria de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos
Estruturantes (SEHARPE) dois conjuntos Habitacionais de Interesse Social (HIS),
os quais faziam parte do projeto Planalto II, desenvolvido a partir das premissas
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com o intuito de reduzir o
déficit habitacional da capital. Foram eles: o conjunto Santa Clara e o Leningrado,
localizados próximos entre si no extremo leste do bairro (Figura 04).
Em seu trabalho a autora avalia a qualidade destas habitações, sobretudo
por terem sido inseridas em uma região pouco abastecida por equipamentos
públicos e infraestrutura urbana que pudessem amparar as novas famílias que
chegavam:
34
Em 2014, outro reassentamento foi realizado ao lado dos conjuntos
habitacionais citados a cima. Conforme a Prefeitura Municipal do Natal, para a
entrega do condomínio vertical Vivendas do Planalto (Figura 04), com 896
unidades habitacionais, a SEHARPE cedeu o benefício financeiro a 448 famílias
cadastradas no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), advindas de
assentamentos existentes no Guarapes e no Planalto: Anatália, Oito de Outubro e
Monte Celeste. O condomínio conta com praça, playground e uma pequena quadra
poliesportiva descoberta.
Em 2018 foram entregues mais de 1792 unidades de apartamento, no
Condomínio Residencial Village de Prata, localizado na extremidade do bairro com
o Planalto e Macaíba. Parte das famílias beneficiadas são inscritas no programa
MCMV, e a outra parte é oriunda de assentamentos e ocupações informais, dentre
eles, a Favela do Fio, do Alemão e o assentamento 8 de março (SEHARPE, 2019).
A localização do condomínio pode ser verificada na Figura 04.
Se não bastasse a distância entre as “ilhas” habitacionais do bairro, a má
distribuição dos equipamentos públicos dificulta o acesso dos moradores da
região do Leningrado e do Village de Prata. Ao todo, tem-se: dois Centros
Municipais de Educação Infantil (CMEI), duas escolas municipais, uma Unidade
Básica de Saúde, uma praça, um minicampo e uma quadra (Figura 04). Destes,
apenas um CMEI está inserido dentro do Leningrado. Embora, o Residencial
Vivendas do Planalto possua praça e campinho próprios, estes não são
suficientes para ofertar lazer a todos os moradores da redondeza.
35
Figura 04 – Zoneamento do bairro.
36
Figura 06 – Mobiliário da praça pública do bairro.
37
Figura 09 – Quadra do bairro em 2021.
38
Apesar das dificuldades o bairro se vê em constante luta pela reivindicação
de seus direitos, organizadas pelas suas lideranças, que mesmo com
adversidades para estabelecer o diálogo entre partes, se esforçam para manter o
engajamento político.
39
4. REFERENCIAIS PROJETUAIS
40
funcionais e à cultura local, ressaltando que esta última influência nos materiais e
estrutura empregados no projeto. Deste modo, para bem compreender uma obra
arquitetônica é necessário ter estes fatores em mente, e é isto que guiará o
modelo de análise. Este se dá com a identificação de vários elementos ou
conceitos, presentes na obra analisada, que estão sempre amparados por
questões contextuais particulares.
Utilizando sete das categorias do método de Baker que foram estudadas
em sala de aula, na disciplina de Ateliê Integrado de Arquitetura e Urbanismo,
temos a seguinte base analítica:
• Genius loci (contexto): refere-se ao contexto e como a arquitetura pode
vincular cultura e ambiente, se relacionando a sensação de identidade
pertencimento que alguém tem por um lugar; diz respeito ao local de
inserção da edificação. Para Baker, os maiores exemplares da arquitetura
conseguem capturar as qualidades intrínsecas da paisagem e da cultura
do local.
• Iconologia (arte como símbolo): implica no significado simbólico da forma
e o que a faz logicamente expressiva e significante e quais referências
podem ser observadas na expressão formal da arquitetura.
• Identidade (cultura): concerne na arquitetura como forma de comunicação
relevante a integração cultural, tendo em vista que a cultura integra o
indivíduo ao mundo; a arquitetura se integra ao contexto histórico e cultural
de onde está implantada.
• Significado do uso (programa de necessidades): o significado da
arquitetura está no uso, e, por isso, existe para servir às necessidades de
uma cultura. Portanto, é necessário que sua significação tenha origens no
uso.
• Movimento (plástica): expressa a forma arquitetônica, sua configuração
formal e volumétrica.
• Geometria: expressa a forma geométrica do projeto ou edifício.
• Estrutura e materiais: trata-se dos aspectos construtivos e da
compreensão de que estrutura não seria apenas um meio de constituir
41
arquitetura, mas também como um meio de expressão arquitetônica.
Como exemplos, tem-se a coluna grega e arco de abóboda romana.
Por questões de facilitação do estudo e compreensão objetiva das
referências a serem correlatadas, as análises prosseguirão com a simplificação
de quatro categorias em duas: “iconologia” e “identidade” em “identidade e
símbolo”; “movimento” e “geometria” em “geometria e plástica”. Teremos, assim,
cinco (5) categorias de análise, que são:
1. Genius loci (contexto);
2. Identidade e símbolo;
3. Significado do uso (programa de necessidades);
4. Geometria e plástica (configuração da forma);
5. Estrutura e materiais;
As análises serão precedidas por uma ficha técnica de apresentação de
cada projeto, informando local, equipe de projeto, a área em m² e o ano em que foi
implantado.
FICHA TÉCNICA:
Localização: São Paulo, Brasil;
Equipe de projeto: Triptych arquitetos;
Área: 2.150m²;
Ano do Projeto: 2013;
42
Figura 11 – Contexto de implantação urbana do RedBull Station.
Fonte – https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-
slash-triptyque?ad_source=search&ad_medium=search_result_all.
2. IDENTIDADE E SÍMBOLO
Para adaptar-se à sua nova função de promover a cultura, o edifício foi
restaurado seguindo os principais conceitos de preservação do patrimônio
arquitetônico, o que não o impediu de receber intervenções contemporâneas –
como a escada metálica ao longo dos cinco pavimentos até a cobertura, onde
flutua uma marquise metálica ao lado de uma fonte de água. Tanto a escada,
quanto a marquise e a fonte podem ser observadas do exterior do prédio, sobre
tudo a marquise, contribuindo ao trazer monumentalidade extra ao prédio,
comunicando sua contrastante contemporaneidade. Ainda sobre a marquise,
Grégory Bousquet, arquiteto da equipe responsável pelo projeto, comenta em
entrevista para o site Galeria da Arquitetura, que seu destaque emite um “sinal
cultural” para as pessoas que andam na rua, como uma antena, convidando
caminhantes a visitar o local.
43
Figura 12 – RedBull Station visto de frente; destaque para a marquise da cobertura.
Fonte – https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slash-
triptyque?ad_source=search&ad_medium=search_result_all.
Fonte – https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slash-
triptyque?ad_source=search&ad_medium=search_result_all.
44
edifico. Para, Olivier Raffaelli, outro dos arquitetos responsáveis, a adaptação do
programa para receber instalações funcionais e bem-distribuídas foi o principal
fator projetual a contribuir para isso. A RedBull Station é um local vivo, as pessoas
têm a liberdade de passar o dia, almoçar, participar de workshops, ouvir e produzir
música, conhecer artistas em eventos e exposições, visitar o café, entre várias
outras atividades. Essa característica interativa é na verdade um movimento
mundial em que museus se tornam cada vez mais abertos ao público, integrando-
o em atividades diversas e socioeducativas, e não somente expositivas. Para o
Triptych, toda essa vivacidade presente no centro cultural seria uma evolução do
que é o museu.
45
Figura 14 – Distribuição do programa em planta.
Fonte – https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slash-
triptyque?ad_source=search&ad_medium=search_result_all, modificado pela autora.
5. ESTRUTURA E MATERIAIS
As intervenções contemporâneas foram somente uma parte do projeto de
restauro, internamente foram retirados os elementos de vedação dispensáveis
para possibilitar o novo uso. No entanto, os acabamentos de pintura antiga e
concretos existentes, até mesmo parte sujeira e tubulação foram mantidas. A
essência do prédio foi, então, mantida e a beleza de seus elementos,
potencializada, principalmente a partir da decoração e adição dos elementos
contemporâneos na arquitetura.
46
Figura 15 – Materiais empregados e estrutura existente.
Fonte – https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slash-
triptyque?ad_source=search&ad_medium=search_result_all, modificado pela autora.
FICHA TÉCNICA:
Localização: Ciudad Colón, San José, Costa Rica;
Equipe de projeto: Escritório FoRo Arquitectos;
Área: 750 m²;
Ano do Projeto: 2014-2016;
47
1. GENIUS LOCI (CONTEXTO)
O projeto fica localizado numa comunidade rural em El Rodeo, na pequena Ciudad
Colón, principal cidade da província de San José, Costa Rica, a qual está inserida
na base de uma montanha.
Colón possui clima quente e é rodeada por natureza e relevo com colinas,
cercando a reserva indígena Quitirrisí, conhecida pelas habilidades dos residentes
no artesanato. As tradições folclóricas e o multiculturalismo tornaram a cidade
famosa dentro da província, já que a gestão do município costuma organizar
atividades sociais e culturais que agregam muito valor cultural à região; além de
receber muitos visitantes por esta questão, lá o turismo e o lazer também estão
muito associados às experiências de aventura e contato com a natureza.
Por ser uma comunidade rural, El Rodeo apresenta baixa densidade de
habitações e está cercada por vegetação densa. O Centro Comunitário em estudo
fica próximo de uma área especial, a Reserva Florestal El Rodeo, como podemos
conferir na imagem a seguir:
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos, modificado pela autora.
2. IDENTIDADE E SÍMBOLO
A construção do novo Centro Comunitário para a humilde comunidade rural
de El Rodeo ocorreu entre 2014 e 2016, devido à necessidade de um novo local
para manter atividades comunitárias, como reuniões, casamentos, bailes, aulas,
48
apresentações artísticas, além de servir como um abrigo em caso de desastres
naturais. A ideia era de que servisse também como apoio ao campo esportivo
localizado dentro do terreno escolhido.
O antigo salão estava em péssimo estado devido à má qualidade do projeto
e da construção. Por isso, a prefeitura da cidade resolveu contratar uma equipe de
arquitetos engajada em produções de projetos sociais e ambientais, escolhendo
o escritório ForoArquitectos, que se propôs a conceber uma arquitetura tropical,
simples, funcional, flexível, refrescante e de baixo orçamento.
A proposta do desenho partiu da idealização de um projeto responsável,
levando em conta que comunidade precisava de um espaço cuidadosamente
concebido e construído, capaz de reforçar e consolidar o sentido de comunidade;
justo, pois é direito dos cidadãos uma boa qualidade de arquitetura pública;
diligente, por apresentar uma planta flexível, que permite a multiplicidade de
atividades culturais, e de fácil leitura; de arquitetura sustentável-bioclimática-
tropical, considerando o clima de El Rodeo, ao proporcionar conforto térmico e
acústico, e a praticidade da pouca necessidade de manutenção (Figuras 17).
Figura 17 – Fachada frontal do centro comunitário.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos.
49
ventilação em tijolo de barro e por uma cobertura que permite ao ambiente a
constante renovação do ar.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos
50
Figura 19 – Planta baixa do centro comunitário.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos.
5. ESTRUTURA E MATERIAIS
El Rodeo é uma localidade quente e úmida, por isso desde o início da
concepção do projeto houve a preocupação da construção captar o máximo de
ventilação natural possível. Para isso, no salão principal, a equipe de arquitetos
utilizou um tijolo ventilado, chamado de "bloco colmeia”, para que o edifício se
tornasse uma grande "grade de ventilação". O tijolo não requer qualquer
acabamento e tem baixa manutenção.
Para permitir a ampla circulação da ventilação que permeia a "grade de
ventilação", a cobertura foi pensada em várias camadas de fibrocimento termo
51
acústico em diferentes alturas, fazendo o uso de forro desnecessário. A cobertura
tinha a intenção de reinterpretar os tradicionais telhados com amplos beirais,
comuns em regiões tropicais (Figura 20).
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/867396/centro-comunitario-de-el-rodeo-de-
mora-fournier-rojas-arquitectos.
52
4.1.3 QUADRO SÍNTESE
53
necessariamente todas serão seguidas fielmente, já que existem outros inúmeros
a serem ainda tratados e levados em consideração.
Enfim, os estudos realizados a partir do método de Baker permitiram captar
a preocupação das respectivas equipes de arquitetos em se inspirarem no
entorno, considerando os condicionantes de projeto e a preocupação com a
utilização dos materiais corretos como meio de expressão para a valorização dos
públicos e da arquitetura. Sobretudo, no caso do Centro Comunitário de El Rodeo
de Mora, construído a partir das necessidades de uma região especifica, o método
construtivo e os materiais aplicados foram essenciais na intenção de tornar a
edificação parte do contexto identitário do local, com potencial de reforçar os
laços comunitários e o sentimento de zelo pela construção. Já para o centro
cultural RedBull Station, o contraste entre os elementos arquitetônicos
contemporâneos, em estrutura metálica, e o concreto velho do edifício criam uma
atmosfera alternativa e moderna, muito valorizada tanto em obras de restauro em
centros urbanos, quanto para a concepção de centros de cultura.
Além disto, foi possível observar como se comporta em planta a
distribuição do programa de necessidades para ambos os casos, principalmente
para um projeto mais complexo como o centro de cultura.
54
5. CONDICIONANTES DE PROJETO
55
De acordo com Elali e Veloso (2014), para Neparstek (1997) os princípios
do PP abrangem: envolvimento de moradores/usuários de um local na definição
de objetivos e estratégias, identificar os problemas considerados importantes
para àquela comunidade específica e os recursos disponíveis, desenvolver
estratégias específicas, reforçar laços comunitários e desenvolver laços com
instituições atuantes na cidade.
Além destas considerações é imprescindível esclarecer o nível da
participação popular no processo do projeto. Levando em conta a natureza
acadêmica deste trabalho, e o tempo disponível para sua elaboração, a
possibilidade de PP mais adequada é o descrito por Elali e Veloso (2014), indicado
por Deshler e Sock (1985): a Pseudo-participação. Nesta modalidade, a
comunidade se envolve parcialmente na elaboração e execução da proposta,
sendo consultada para fornecer informações para o enfrentamento do problema,
mas, sem necessariamente o acato do projetista, e sem envolver-se com os
resultados. É, portanto, uma participação de natureza consultiva, na qual se
procura atender às solicitações majoritárias.
Por fim, como pontuado ao final do tópico 2, é importante lembrar que
edifícios comunitários são normalmente providos pela própria comunidade, por
Instituições não Governamentais (ONGs), ou pelo poder público, podendo contar
com o auxílio de parcerias com instituições privadas; é indispensável considerar
qual a situação hipotética de financiamento de um centro comunitário para o
bairro. Por isso, neste trabalho, a situação hipotética de custeio estabelecida será
a partir da contribuição voluntária de Instituição não Governamental, com subsídio
e patrocínio de empresa privada potiguar.
56
As primeiras entrevistas foram realizadas no semestre letivo de 2019.1,
quando este trabalho teve início. Como foi interrompido no mesmo ano e
retomado neste semestre letivo de 2021.1, optou-se por refazer ao menos duas
das entrevistas, para atualizar o banco de dados. Não seria possível refazer todas
as entrevistas novamente devido ao contexto de pandemia e tempo reduzido do
semestre letivo.
Em 2019 foram realizadas seis entrevistas a partir de visitas técnicas ao
Guarapes, das quais quatro foram com lideranças do bairro e duas com
profissionais do CRAS; das quatro lideranças, duas são correspondentes da
porção central do bairro, uma é do Leningrado, e a última é do Village de Prata; os
dois profissionais entrevistados foram os que comandam o grupo de mulheres e
o grupo de idosos:
• Macilho Bezerra (liderança): presidente da Comunidade de Aprendizagem
Guarapes (COMAG), e ex-vice-presidente do Conselho Comunitário do
Guarapes (2019);
• Cristiane Freire (liderança): diretora do Conselho de Saúde e do de Esporte
(2019);
• Ana Augusta (liderança): Secretária da Associação de Moradores do
Residencial Vivendas do Planalto e Leningrado (2019);
• Edna Cardoso: Administrava seu bloco residencial no Condomínio Village
de Prata (2019);
• Isabel Cristina: Assistente social do CRAS Guarapes que comanda o grupo
de mulheres (2019);
• Giovanni de Paula: Psicólogo do CRAS Guarapes que comanda o grupo de
idosos (2019);
O corpo da entrevista é composto por dois blocos, um que procura
identificar o entrevistado, e o segundo que faz cinco perguntas diretas com o
objetivo de extrair a contribuição de cada um para a articulação da programação
arquitetônica, fazendo-os apontar problemas quanto a carências do bairro e
sugestões de atividades que eles consideram relevantes.
A seguir, apresentamos um quadro síntese das entrevistas realizadas em
2019 (Quadro 03).
57
Quadro 03 – Entrevistas realizadas em 2019.
62
Figura 22 – Terrenos 01 e 02.
63
Rua Novo Guarapes (Figura 24), e seu vizinho imediato é o terreno da Igreja
Católica.
Figura 23 – Equipamentos públicos no entorno do terreno.
64
Em frente a ele, marcado em verde na Figura 23, tem-se a quadra que foi
recentemente restaurada pela comunidade, citada no tópico 3; no mesmo terreno
dela, existe a delimitação de uma quadra de areia, utilizada para prática esportiva
(Figura 25).
65
Parte da fachada posterior do terreno 01 fica voltada para fundos de lote
(figuras 26), apresentando comumente carros estacionados e depósito de lixo.
66
Com dimensões brandas e forma geométrica irregular (Figura 27), possui uma
área de 3.967,00m², cuja fachada principal está voltada ao sul, para os ventos
dominantes; sua topografia é levemente acidentada, com caimento em direção
aos lotes voltados para a fachada posterior.
67
Quadro 05 – prescrições urbanísticas máximas para o terreno.
68
Ainda conforme o Código de Obras (2004), para promover a iluminação e
ventilação natural, adequadas, todos os compartimentos devem dispor aberturas
para o logradouro, pátio ou recuo; a área de abertura mínima para ambientes de
uso prolongado correspondente a um sexto (1/6) da área do compartimento, e um
oitavo (1/8), quando se tratar de ambientes de uso transitório. Estão dispensados
de ventilação e iluminação direta halls e corredores com área inferior a 5m²,
depósitos e despensas.
Para promover a acessibilidade no projeto será utilizada a NBR 9050/2020,
dentre outras normas recomendadas pela mesma.
Quanto as condicionantes ambientais de natal, de acordo com a NBR
15220 (2005) Natal está inserida na Zona Bioclimática 8 (clima quente e úmido);
as diretrizes e estratégias construtivas apontadas são direcionadas para
condicionamento térmico de habitações, mas que também servem para os
demais projetos. De forma geral, as diretrizes indicam:
• Aberturas grandes e sombreadas;
• Paredes e cobertura: leves e refletoras;
• Estratégia de condicionamento térmico passivo: ventilação cruzada
permanente;
Tomando como referência, também, as recomendações construtivas do
Roteiro Para Construir no Nordeste (1976), que indica soluções para a concepção
de um lugar ameno nos trópicos ensolarados, temos:
• Sombreamento: cobertura ventilada, que reflita e isole a radiação do sol;
sombra alta, com bastante espaço para o ar circular; cobertura capaz de
incorporar sua própria sombra como elemento expressivo (Figura 28).
• Recuar paredes: lançar paredes sobre a sombra, recuadas e protegidas do sol;
inserir terraços, varandas, pergolados ou jardins sombreados; explorar a longa
projeção das paredes, (evitando volumes puros) e fachadas sombreadas;
• Vazar muros: cobogós (luz, ventilação e estética);
• Proteger as janelas: mantê-las abrigadas e sombreadas para que possam
permanecer abertas; estudar a insolação nas fachadas e os caminhos da
ventilação; proteções que além de sombrear renovem o ar; evitar fachadas
envidraçadas desprotegidas;
69
• Portas: protegidas e sombreadas para que possam permanecer abertas; portas
externas vazadas, de maneira que se mantenha a privacidade;
• Continuidade dos espaços: permitir que o ar flua no ambiente, fazendo-o livre e
desafogado;
• Construir com pouco: empregar materiais refrescantes e leves, para não
acumularem calor; desenvolver componentes padronizados com amplas
possibilidades combinatórias; racionalizar e padronizar a construção para a
repetição dos processos construtivos e para a redução dos custos da
construção;
• Conviver com a natureza;
70
Figura 29 – Rosa dos ventos de Natal sobre o terreno.
71
6. PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA
72
funcionamento, onde se pratica futebol, vôlei e basquete, pelo menos; então, foram
delimitadas outras atividades esportivas citadas nas entrevistas.
As atividades culturais mencionadas na maioria das respostas não foram
incluídas no quadro, pois consistem em algo amplo, podendo corresponder a uma
série de ambientes. Para poder delimitar exatamente os ambientes de fomento à
cultura será tomado como partida os verbos intrínsecos aos centros de cultura,
estudados no tópico 2: “informar”, “discutir” e “criar” (Quadro 9).
Enfim, podemos elencar os ambientes citados nas entrevistas que não estavam
diretamente relacionados a nenhuma outra atividade. São eles:
• Sala para o conselho comunitário;
• Sala para a administração;
• Banheiros;
• Cozinha;
• Depósito;
73
Para realizar o pré-dimensionamento mínimo do programa foram levados em
consideração: o estudo de projetos correlatos, referências bibliográficas como
Neufert (1976) e a NBR 9050/2020 para resolver a acessibilidade (Quadro 10).
74
Considerando que a grande maioria dos ambientes dispostos no programa
vieram da síntese das entrevistas, avaliamos que esta disposição soube
aproveitar bem as potencialidades da comunidade mais relacionadas ao objetivo
do trabalho.
Uma observação a ser feita é que, mesmo que não conste no programa
uma quadra ou ambiente esportivo para o futebol e o futsal, a potencialidade da
disposição da população para atividades esportivas de modo geral, como dança,
tão solicitada pelas entrevistas, pode ser bem explorada a partir da sala tatame.
O salão comunitário foi definido como ambiente comum a função de centro
comunitário e de centro cultural pois, além de poder comportar eventos
comunitários (festas juninas, casamentos, aniversários, data comemorativas
etc.), pode ser também um ambiente utilizado como auditório para palestras e
reuniões comunitárias, de cunho político ou não, e para oficinas de grande porte,
articulando informação, discussão e criação, além da reunião; pode ainda
comportar um grupo de dança maior que 15 pessoas e competições esportivas.
A intenção de propor este ambiente multiuso em planta livre é para que ele esteja
a disposição para os mais variados usos que a comunidade considere necessário.
Assim, com o programa proposto tem-se a intenção de, apesar do
problema da segregação espacial dentro do bairro, promover um espaço de
encontro para a troca comunitária e política, permitindo às partes o diálogo e a
convivência, ofertando atividades de fomento a cultura (e a educação), lazer e
atendimentos especializados, a fim de tratar os problemas identificados.
75
SÍNTESE
76
7. ESTUDO PRELIMINAR
77
Figura 32 – Conformação 01.
78
Para cada uma destas disposições de volumes foi pensado soluções formais
e estéticas, por mais que muito maduras, ainda nada satisfatórias.
Uma das intenções de projeto era recua-lo o máximo possível para o lado leste
do terreno, afastando-o dos fundos de lote, para não prejudicar de forma brusca a
ventilação natural das residências muito próximas. Por isso, devido a
79
conformação 02 necessitar de mais espaço para a disposição das plantas,
avançando sobre os fundos de lote, optou-se pelo debruçamento na solução da
conformação 01.
No desenvolvimento da conformação 01, por ser mais compacta, o segundo
pavimento fez-se necessário. Com isso, o programa do centro comunitário e o
salão comunitário foram locados no térreo, e os ambientes referentes ao centro
de cultura foram dispostos no primeiro pavimento.
Uma premissa norteadora, que surgiu nesta etapa do processo, foi inserir uma
rampa para promover o acesso entre pavimentos, já que se mostra como uma
alternativa acessível a uma maior diversidade de usuários que uma escada.
Deste modo, como seria uma rampa longa, para poder vencer o pé-esquerdo,
foi decidido tomar partido estético desta, ficando locada externamente e
abraçando os volumes do salão comunitário e da galeria, como se pode ver a
cima.
Dispondo o programa considerando o pré-dimensionamento mínimo,
chegamos na seguinte distribuição em planta:
80
Figura 37 – Esboços em planta baixa.
81
Figura 38 – Esboço volumétrico.
82
Figura 39 – Moodboarding para o desenvolvimento da plástica do centro cultural
comunitário.
83
volumetria final da edificação e muito de seus detalhes estruturais e estéticos pré-
estabelecidos, como se pode ver abaixo:
84
ANTEPROJETO
85
8. MEMORIAL DESCRITIVO
8.1 IMPLANTAÇÃO
Figura 43 – Implantação.
86
Para o estacionamento, calculado conforme o Quadro 07 (subtópico 5.3.2),
ficaram dispostas trinta e três vagas, das quais duas são destinadas para idosos e uma
para pessoa com deficiência, conforme a NBR 9050/2020; o embarque e desembarque,
obrigatório para a tipologia, de acordo com o Código de Obras de Natal (2004), foi
locado dentro do terreno, na frente da fachada frontal.
A calçada foi projetada com 3 metros de largura, para conter a faixa de serviço e
a faixa livre. Além disto, foi previsto uma rota acessível com pisos tátil de alerta e piso
tátil direcional, interligando a calçada ao interior da edificação, conforme a NBR
9050/2020; a calçada foi prolongada na fachada posterior, com previsão de instalação
de gradil para demarcar o terreno em relação aos fundos de lote.
A casa de lixo ficou situada no limite do terreno com Rua Novo Guarapes, de modo
que a coleta não venha a interferir no acesso do estacionamento, tão pouco no acesso
de pedestres e de carros para o embarque e desembarque.
Por fim, respeitando a delimitação de recuos, foi delimitada uma área para o caso
de necessidade de expansão do centro cultural comunitário.
87
Figura 44 – Planta baixa final do térreo.
88
A estética final da edificação se deu através dos materiais, sobretudo entre o
contraste das estruturas metálicas em cor preta, do tijolo e cobogós em tom natural
terracota e o cinza do concreto.
89
Figura 48 – Fachada posterior.
A galeria, na fachada posterior (Figura 48), voltada para o sol poente (Figura 30),
foi o único ambiente mal sombreado. Para amenizar o problema foi decidido aumentar
seu pé-direito, deixando-o com 3,80 metros, e explorar bem a ventilação cruzada, com a
disposição de quatorze janelas e vedação da parte superior em cobogó, permitindo a
constante renovação do ar.
90
Mantendo os elementos de ventilação em diferentes alturas é possível
fazer com que o ar quente, mais leve que o ar ameno que vem de sudeste, seja
retirado do ambiente com maior eficácia, e a renovação do ar seja satisfatória.
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
92
REFERÊNCIAS
COMUNIDADE. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar:
O minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev. e amp., Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000. p. 170.
DUARTE, Camila Alves. “Do Alto da Colina” – A província do Rio Grande do Norte, o
comércio, os rios Potengi e Jundiaí e o complexo comercial do Guarapes (1850-1900).
Dissertação (Programa de Pós-Graduação em História) – UFRN, Natal, 2015.
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