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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
NATAL, RN
2022
GABRIEL DE SOUZA GOMES
NATAL, RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT
BANCA EXAMINADORA
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Eunádia Silva Cavalcante – Professora Orientadora
_______________________________________________
George Alexandre Ferreira Dantas – Examinador Interno
_______________________________________________
Andréa Virgínia Freire Costa – Examinadora Externa
Sou eternamente grato aos meus pais, Ângela e Diniz, por sempre
colocarem a nossa educação em primeiro plano, fazendo o possível e o
impossível para que sempre pudéssemos ter o melhor acesso ao conhecimento,
amo vocês, obrigado por serem os apoios de qualquer escalada que pude fazer
na vida. Aos meus irmãos Nathália e Lucas, pelo companheirismo, pelas
alegrias e resenhas vivenciadas diariamente que só vocês proporcionam.
Agradeço à toda minha família de modo geral, aos avós, numerosos tios
e tias e aos primos e primas mais numerosos ainda, que sempre me acolheram
e participaram de forma tão marcante da minha criação.
A questão sobre os diversos grupos étnicos e culturais existentes é uma temática que
ainda necessita de visibilidade, principalmente no Brasil como país notavelmente
miscigenado, com origem colonizada na qual se utilizaram sistemas escravocratas cujas
consequências são notáveis até os dias atuais. As comunidades de remanescentes
quilombolas aparecem como exemplos desses grupos que ainda seguem batalhando
nos dias atuais na defesa de seus territórios, modos de vida, costumes e cultura. A
comunidade quilombola de Moita Verde, sobre a qual se debruça este estudo,
apresenta-se como uma dentre as várias existentes no estado e no país, que ainda
enfrentam problemas que se estendem desde as atividades econômicas, infraestrutura
e reconhecimento das terras. O presente trabalho trata do desenvolvimento de um
projeto arquitetônico de um Centro Comunitário focado em convívio, educação e cultura,
bem como na eficiência do processo construtivo. Para tal, através de pesquisas
documentais e entendimento da comunidade, tem-se por objetivos mostrar como a
arquitetura possui potencial de promover transformações socioespaciais, principalmente
em locais de vulnerabilidade social. Somado a isso, também visa entender as principais
necessidades da comunidade e demandas que podem ser auxiliadas por um
equipamento do tipo. Busca-se ainda aplicar as principais vantagens oferecidas por
diretrizes projetuais ligadas ao conceito da racionalização construtiva, com intenção de
se obter um projeto mais eficiente, durável, com baixa necessidade de manutenção e
consumo reduzido de recursos materiais, energéticos e temporais. Nesse sentido, a
principal motivação surge enquanto morador da cidade, de poder desenvolver uma
proposta de qualidade e eficiência que possa contribuir nas diversas necessidades
existentes da comunidade. Como resultado tem-se o projeto de uma edificação com
espaços dispostos de modo a respeitar as condicionantes do terreno, funcionalidade e
materialidade, permitindo a realização de diversas atividades culturais e educacionais,
além de proporcionar ambientes de qualidade para o convívio da comunidade, visando
a valorização de suas culturas e trazendo luz para mais oportunidades de
desenvolvimento.
The issue of the various existing ethnic and cultural groups is a theme that still needs
visibility, especially in Brazil as a notably miscegenated country, with a colonized origin
in which slavery systems were used, the consequences of which are still evident today.
The communities of remaining quilombolas appear as examples of these groups that are
still fighting today in defense of their territories, ways of life, customs, and culture. The
quilombola community of Moita Verde, which is the focus of this study, is one of many in
the state and in the country that still face problems ranging from economic activities,
infrastructure, and land recognition. The present work deals with the development of an
architectural project for a Community Center focused on conviviality, education and
culture, as well as on the efficiency of the construction process. To this end, through
documentary research and community understanding, it aims to show how architecture
has the potential to promote socio-spatial transformations, especially in places of social
vulnerability. Added to this, it also aims to understand the main needs of the community
and demands that can be helped by an equipment of this type. It also seeks to apply the
main advantages offered by design guidelines linked to the concept of constructive
rationalization, with the intention of obtaining a more efficient and durable project, with
low maintenance needs and reduced consumption of material, energy and time
resources. In this way, the main motivation arises as a city dweller, to be able to develop
a proposal of quality and efficiency that can contribute to the diverse needs of the
community. As a result, we have the project of a building with spaces arranged in a way
that respects the conditions of the terrain, functionality and materiality, allowing for
several cultural and educational activities, as well as providing quality environments for
the community to live in, aiming to value their cultures and bringing light to more
development opportunities.
1. INTRODUÇÃO
Se existe uma função social do arquiteto no nosso país, ela sem dúvida
está na cidade. Isso implica que a arquitetura tem que ter um
compromisso com o espaço urbano e coletivo [...] (MARICATO, 2019).1
1
MARICATO, Ermínia. O papel social da arquitetura. [Entrevista concedida a] Alessandra
Soares, Arthur Maia e Pedro Rossi. Vitruvius, São Paulo, n. 078.01, p. 1-5, mai. 2019.
22
Nesse raciocínio, Moraes et. al (2008) destaca o papel dos gestores nessa
situação, uma vez que estes possuem a missão de trazer melhorias e assegurar
o desenvolvimento das cidades. Aplicando corretamente os recursos públicos
com objetivo de auxiliar nas necessidades da população.
Como afirma Ataíde et. al (2021), o texto da minuta final do Plano Diretor
de Natal se apresenta como de difícil compreensão, contendo problemas de
coerência graves, contradições nos artigos, ineficácias, retrocessos no plano
23
2
DESENVOLVIMENTO Local e Direito à Cidade: A Carta de Natal. In: Observatório das Metrópoles.
Natal, 21 mar. 2015. Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/desenvolvimento-local-
e-direito-cidade-carta-de-natal/. Acesso em: 13 mar. 2022.
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não foram suficientes para promover uma vida de igualdade aos descendentes
dos 3,5 milhões de homens e mulheres prisioneiros que vieram do continente
africano.
estes grupos. Segundo dados disponibilizados pelo órgão que seria responsável
por esses processos de reconhecimento, o Instituto Nacional de Colonização e
Regularização Fundiária (INCRA), apontam em março de 2022 a existência de
1802 processos de titulação em aberto (Figura 02). Seguindo lógica proporcional
ao número de comunidades por região, o Nordeste aparece como a região com
maior número de processos aguardando andamento totalizando 1028
comunidades em espera e, portanto, em situação de instabilidade jurídica.
Um dos estados brasileiros que pode ser citado como verdadeiro exemplo
da utilização desse potencial existente é a Bahia, que como mencionado
anteriormente, possui um dos números mais elevados de comunidades
quilombolas reconhecidas do país. Esses grupos se utilizam do turismo como
meio de valorização e reconhecimento das culturas e costumes, bem como uma
estratégia para produção de renda extra.
obteve o relato de que logo no início dos anos 2000 ficou diagnosticado
claramente que faltavam serviços institucionais básicos como educação, saúde
e cultura para a região.
Fonte: Archdaily.
Fonte: Archdaily.
Somado a isso, de acordo com Ghione (2014), a cidade conta ainda com
outras estratégias inovadoras como as escadas rolantes que se mostraram como
solução bastante original para o acesso às favelas (Figura 07). Além de outros
modais como o sistema de trens elevados, ônibus BRT e micro-ônibus que
acessam as regiões mais distantes dos bairros.
Fonte: Archdaily.
para começar e, nele fazer tudo o que fosse possível, dentro do que se
chamou PUI, Projeto Urbano Integrado. (ANGIOLILLO, 2019).
Fonte: Archdaily.
Esses Parques Biblioteca contam com vários recursos além dos livros em
meio físico, com materiais em formato digital como vídeos e outras formas de
conteúdo. Somado a isso, os edifícios contam ainda com diversos programas
que disponibilizam à população cursos de artes, informática, idiomas e até
administração de pequenos negócios. Ficando assim expressa a importância
destes para a inclusão dessas comunidades em práticas que podem auxiliar sua
inserção no cenário econômico, bem como possuem efeito notável até na
educação da população desses bairros, devido a ampla gama de programas
culturais e a facilidade de acesso à computadores e internet (CAPILLÉ, 2017).
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parque e percursos diversos. Além disso, como afirma Gadelha (2021), é notório
o aproveitamento das dinâmicas existentes, em especial da malha urbana atual
do bairro, o que serve como elemento de potencialização desses eixos que
fazem o contorno do morro de Mãe Luiza.
Figura 10 – Espaço interno do Arena do Morro.
Desse modo, fica evidente que uma intervenção para uma comunidade
do tipo não deve ser pensada como uma simples edificação que visa custar o
mínimo possível e por isso possuirá baixa qualidade. O exemplo do Arena do
Morro, como colocam a equipe responsável pelo projeto Herzog & de Meuron
(2016), “Torna-se um símbolo para a comunidade”. Trazendo a reflexão de que
uma proposta que preza pela excelência em todos os aspectos e que responde
corretamente às necessidades dos usuários, tende a ser aprovada, utilizada e
zelada por estes.
42
Todavia, Melo Neto (2019), afirma que são estimados que cerca de 20 a
50% dos nossos recursos naturais são consumidos pelo mercado da construção
civil. Por isso, nos dias atuais esse nicho se encontra em um processo constante
de transformação, estando sempre à procura de métodos e ações que otimizem
os processos construtivos através de maior produtividade e redução de custos.
soluções para o projeto, mas sim aquelas que de fato ofereçam melhor resposta
às necessidades reais dos usuários, sejam nos aspectos técnicos, econômicos
e principalmente funcionais.
Nesse sentido, quando falamos sobre como e por onde devemos começar
quando precisamos implementar essa estratégia, é inevitável mencionar que
esta começa ainda na fase do projeto de arquitetura. Como menciona Vale
(2006), a partir dele o processo se estende à diversas outras etapas, que vão
desde a análise dos itens e materiais a serem utilizados, execução e até mesmo
o desempenho do produto em uso.
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Dessa forma, os projetos passam então a serem vistos cada vez mais
como item com maior importância, uma vez que um acerto nessa etapa tende de
forma lógica e consequente a guiar as demais na direção correta para atender
às necessidades propostas. Promovendo assim maior qualidade e
consequentemente mais economia para quem deseja construir.
O autor ressalta que em grande parte dos casos quando buscamos reduzir
os custos da edificação, existe uma tendência à diminuição da qualidade do
mesmo através da escolha de materiais ou sistemas de execução mais baratos,
quando na verdade deveria existir um maior cuidado e atenção quanto a
dimensão e o formato dos ambientes.
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Figura 13 – Aumento dos custos das fachadas com base no formato da edificação.
Como foi visto, a ideia de racionalização não está relacionada apenas com
uma medida específica tomada, mas sim com um conjunto de estratégias.
Portanto, objetiva-se aqui exemplificar algumas decisões e medidas que ao
serem adotadas possam responder às necessidades dos usuários e ao mesmo
tempo obter uma otimização da utilização dos recursos nas mais diversas áreas,
sejam eles materiais, temporais, humanos.
Nesse sentido, Mascaró (2010) afirma que é nessa etapa onde vários
projetistas tendem a se enganar, acreditando que uma economia em
isolamentos, cobertura ou mesmo espessura das paredes estaria sendo útil,
quando na verdade ocorre o efeito reverso pois além do desconforto aos
usuários, estimulam a utilização dos equipamentos de refrigeração para “corrigir”
o clima desses ambientes, gerando ainda mais custos com instalações e
consumo de energia, algo que poderia ser evitado através de soluções bem
concebidas para esse envolvente externo.
Sendo assim, se mostra essencial uma atenção especial para esses itens
que tratam do envolvente externo da edificação, uma vez que o desempenho
destes se rebate de forma direta e proporcional no consumo de energia do
edifício. Esse é um importante ponto pois, mostra que quando buscamos que um
projeto seja mais racional e econômico é necessário atentar não apenas para os
valores de construção em si, mas também para os valores atrelados ao uso diário
e de manutenção do edifício.
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3. EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS
Este item irá tratar sobre os estudos de referências projetuais que foram
utilizadas para o desenvolvimento da proposta do Centro Comunitário. Nesse
sentido, foram selecionados projetos arquitetônicos com características que
poderiam ser aplicadas de modo a auxiliar na realidade da comunidade.
a) O terreno e a implantação
O lote em que o projeto foi implantado possui pouco mais de 5000 metros
quadrados de área e um formato trapezoidal bem característico, o que em um
momento inicial pode ter limitado as soluções projetuais a serem adotadas, mas
ao final tiveram papel essencial rebatido inclusive na forma da edificação.
Localizado logo ao lado da existente Escola Estadual Dinarte Mariz, o
projeto que conta com uma área de quase 2000 metros quadrados, distribuídos
pelo formato alongado no sentido longitudinal acompanhando o terreno,
associado a um gabarito amigável de 11 metros de altura que proporciona o
diálogo com a predominância de edificações térreas do entorno local.
Figura 17 – Vista aérea do Arena do Morro.
Fonte: Herzog & De Meuron (2012); GADELHA (2021); modificado pelo autor (2022).
Fonte: IWAN BAAN (2014); HERZOG & DE MEURON, (2014); modificado pelo autor (2022).
A solução adotada consiste em perfis diferentes que a depender do
posicionamento, conseguem oferecer mais ou menos privacidade ao ambiente
em questão. Dependendo do perfil utilizado e do ângulo do observador, este
62
consegue enxergar ou não o interior do edifício, o que traz mais uma forma de
interação do usuário com o espaço e promove o diálogo com o meio externo.
Além disso, a versatilidade desses elementos, facilitaram a plástica adotada aos
espaços curvos do edifício e surgem como mais uma importante contribuição
para o conforto ambiental desses locais. Ao passo que a permeabilidade das
peças também auxilia de forma notável na ventilação e na iluminação natural dos
espaços.
A materialidade da edificação é bem característica e se destaca pelo uso
da aparência crua dos materiais, em especial do cinza proveniente do concreto.
Essa paleta aparece em diversos elementos como nas vedações com os
cobogós, nos pilares e vigas estruturais, nas arquibancadas e nos pisos como
um todo.
É interessante ressaltar o uso do granilite como uma alternativa de custo-
benefício e alta resistência ao longo do tempo e vida útil da edificação. Somado
a isso, na quadra as demarcações em variações do tom de cinza como afirma
Dantas (2019), foram obtidas por meio de diferentes fornecedores de cimento,
cada um possuindo uma tonalidade específica, tornando necessário apenas
pigmentação da cor preta para alguns detalhes e demarcações.
Sobre os pilares é possível notar a estrutura metálica da cobertura, das
quais tanto a parte estrutural como as telhas possuem a coloração branca. A cor
utilizada contribui mais ainda para a eficiência do desempenho térmico da
edificação, visto que promove uma maior refletância da radiação solar e logo,
diminui o calor que seria transmitido aos espaços internos.
Ainda sobre os metais, foram utilizados em sua aparência prateada original
nos corrimãos das rampas, nos gradis que fazem o contorno do terreno e nos
guarda corpos.
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protege as salas de aula não só da incidência direta da luz solar como também
das intempéries existentes na região como os ventos fortes e a poeira. Além
disso, o espaço sombreado gerado entre as salas e essa segunda pele permite
com que os alunos utilizem esses ambientes como local de espera entre as aulas
e para convivência.
Figura 27 – Segunda pele da edificação em varetas de madeira de eucalipto.
a) Implantação e o terreno
Localizado na cidade de Santiago, capital do Chile, o Museu Violeta Parra
foi projetado pelo Undurraga Deves Arquitetos e construído em 2015 para
homenagear uma das mais importantes mulheres para a arte e cultura chilena.
Como música, artista plástica, poeta e ceramista, Violeta Parra (1917-1967),
dominava as mais diversas artes e era uma forte defensora do povo.
Através desse quadro (Figura 33) é válido destacar alguns itens como a
presença de um pátio central presente em todas as edificações analisadas. Em
seguida, outro ponto a ressaltar diz respeito à materialidade crua e com materiais
que dialogam com a localidade, como aparecem no caso do Arena do Morro e
da Escola de Lycee Schorge. Quanto a esses dois, também é essencial o
destaque para a relação de apoio existente entre os espaços e a comunidade.
É importante também ressaltar que o bairro de Vida Nova teve sua área
de extensão reduzida após a criação do bairro de Encanto Verde em 2016
através da Lei n° 1786, o qual ficou com a porção do território posterior ao Rio
Pitimbu. Na figura 36 também é possível observar através do círculo tracejado
em destaque, o recorte de estudo onde iremos abordar mais detalhadamente os
aspectos físicos no item seguinte, no qual será tratado mais especificamente
sobre a comunidade.
3 Nascida em 23 de agosto de 1915 em uma comunidade quilombola conhecida como Capoeira dos Negros
localizada no município de Bom Jesus, Dona Nazaré teve papel de fundadora do quilombo de Moita Verde,
onde trabalhou como lavadeira e na agricultura, além de criar e educar seus 5 filhos.
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Segundo Azevedo (2019), Dona Nazaré informou que antes era moradora
do quilombo de Capoeiras e por volta de 1945 mudou-se para as terras até então
conhecidas como “Rio dos Negros” ao se casar com o senhor Moisés Crispiniano
da Silva. Ainda de acordo com relatos da mesma, a área era composta por muita
vegetação e as casas todas ainda em taipa, com plantações próximas a região
do Rio Pitimbu onde as terras eram bem mais férteis.
Outro fato interessante diz respeito à localização das moradias que antes
eram à oeste do rio e só depois passam ao cenário observado atualmente (à
leste). De acordo com Rocha (2014), a razão da mudança está atrelada às
cheias do rio que dificultava o acesso da população às feiras locais, além de
parte dos territórios terem sido ocupados por outras construções invasoras, o
que demonstra a vulnerabilidade jurídica dessas áreas.
4Mapa elaborado pelos estudos realizados para relatório do Programa de Urbanização Integrada de
Moita Verde, realizado através da parceria entre várias entidades, dentre elas a Secretaria Municipal de
Habitação e Regularização Fundiária (SEHAB) e Grupo de estudos sobre Habitação, Arquitetura e
Urbanismo (GEHAU/UFRN) em 2010.
84
que temos uma população de 447 moradores ao total, com uma média de 3,8
pessoas por residência. Composta por mais mulheres (50,6%) do que homens
(49,4%), dos quais são majoritariamente jovens e adultos com 20 a 29 anos
(16,8%) e 30 a 39 anos (15,2%).
Outra importante etapa que se iniciou na mesma época, mas não foi
finalizada foi o projeto da sede da ACQMV, desenvolvido sob condução dos
docentes Prof. Dr. Rubenilson Teixeira e prof.ª Dr.ª Amadja Borges, além de uma
aluna da pós-graduação da UFRN, através de reuniões e oficinas colaborativas
com a população do quilombo. O terreno escolhido possuía cerca de 1400m² de
área e foi cedido pela Prefeitura de Parnamirim, localizando-se ao lado de onde
foi implantada a lagoa de captação. Este foi selecionado após conflitos com
tentativas de adquirir uma área de um dos sítios que não deram certo.
Fonte: Google Maps, modificado pelo autor (2022); Acervo do GEHAU/DARQ/UFRN, autoria do
estudo Prof. Dr. Rubenilson Teixeira, Profª. Drª. Amajda Borges e Drª Silvana Mameri. (2012).
Figura 43 – Quadro geral com linha do tempo dos ocorridos desde o início do
Programa de Urbanização Integrada de Moita Verde.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em Google Maps (2022) e AZEVEDO
(2019).
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em SEMUR (2010) e Google Maps
(2022).
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em SEMUR (2010) e Google Maps
(2022).
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em SEMUR (2010) e Google Maps
(2022).
5. A PROPOSTA
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em SEMUR (2010) e Google Maps (2022).
CONDICIONANTES DE LEGISLAÇÃO
CONDICIONANTES DE CLIMA
Figura 52 – Rosa dos ventos e Carta Solar para Parnamirim sob o terreno.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022) com base em SOL-AR e Google Maps (2022).
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SETOR SERVIÇO
Ambientes Atividades Quant Área(m²) Área
. total(m²)
Recepção e Recepcionar e 1 30 30
Hall de entrada identificar os usuários
do espaço. Expor
exemplos de produções
locais.
Administração Espaço para o 1 20 20
gerenciamento do
espaço, materiais,
eventos e pessoal.
Banheiros Masc. Blocos de banheiros 2 25 50
e Fem. e PNE com pias, boxes de
(Térreo) sanitários/mictório e
chuveiros
Banheiros Masc. Blocos de banheiros 2 25 50
e Fem. e PNE com pias, boxes de
(Superior) sanitários/mictório e
chuveiros
Depósito Armazenamento de 2 10 20
materiais em geral.
Cozinha Atividades geradoras 1 45 45
Comunitária de renda, eventos
internos.
ÁREA ÚTIL 215
SUBTOTAL(m²)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
102
SETOR CONVIVÊNCIA
Ambientes Atividades Quant. Área(m²) Área
total(m²)
Memorial Dona Exposição de 1 45 45
Nazaré materiais e
fotografias,
artefatos que
homenageiam a
matriarca local.
Mirante Espaço para 1 45 -
contemplação do
entorno e das
atividades do pátio
Pátio Central Convivência, 1 135 135
(Área Coberta) eventos e festas,
Pátio Central reuniões, práticas 1 165 -
(Área recreativas ou
Descoberta) religiosas.
Terraço pav. Armar redes e 1 60 60
superior (Área contemplação das
coberta) atividades do pátio.
ÁREA ÚTIL 240
SUBTOTAL (m²)
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
SETOR ALOJAMENTOS
Ambientes Atividades Quant. Área(m²) Área
total(m²)
Dormitório A Abrigar visitantes de 1 15 15
Dormitório B outras comunidades 1 30 30
Dormitório C em eventos. 1 30 30
Dormitório D 1 50 50
ÁREA ÚTIL 125
SUBTOTAL (m²)
103
5.3. O Conceito
A partir dessa etapa, foi possível chegar a uma palavra final que mescla
todas as mencionadas acima e permite traduzir a ideia proposta. Ficando,
portanto, definido como conceito do projeto a palavra “Costura”.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022), com base em Oxford Languages e Infopédia.
105
PAVIMENTO TÉRREO
Figura 62 – Planta Baixa do Pavimento Térreo.
5Também conhecida como catimbó, possui uma carga de significados por estar culturalmente associada às
comunidades indígenas e demais comunidades de origem africana, como o candomblé e a umbanda. É
considerada em algumas dessas crenças como árvore sagrada. Utilizada em cerimônias com fins religiosos
e terapêuticos, o consumo da Jurema é feito através de fumo com cachimbo ou bebida preparada a partir
das cascas da planta. Fonte: Revista História Viva, vol.6 – Cultos afros.
115
PAVIMENTO SUPERIOR
Para esses dormitórios foi pensado ainda layouts com várias camas das
quais várias poderiam ser do tipo beliche e/ou treliche para abrigar o maior
número possível de pessoas. Como outra demanda relatada pelos moradores
117
Pátio Central, bem como o terraço superior e o mezanino que faz a ligação entre
os ambientes desse segundo pavimento. Por fim, é exposto ainda o
madeiramento do telhado com seus componentes dispostos sobre as tesouras
que se apoiam sobre a laje.
Como foi visto, a NBR 15220 que trata do Desempenho Térmico nas
Edificações define a cidade em que se localiza o projeto como integrante da Zona
Bioclimática 08, e por isso direciona à essa zona algumas estratégias
relacionadas com o clima quente e úmido como por exemplo: Utilizar paredes
leves e refletoras, grandes aberturas para ventilação dos ambientes e fazer o
sombreamento adequado destas. É citado ainda como estratégia de
condicionamento passivo a ventilação cruzada permanente dos espaços.
ventilação permanente dos espaços, uma vez que mesmo que estas estejam
fechadas, o ar consegue continuar circulando através das frestas. As venezianas
escolhidas para esses elementos também ajudam na iluminação natural, pois as
frestas permitem a entrada indireta de luz mesmo com as folhas fechadas,
permitindo aos usuários controlar a iluminação do ambiente, sem que a
ventilação seja muito prejudicada.
Somado a isso, o outro tipo de porta que merece destaque são as internas
existentes entre as salas, essas por sua vez são do tipo camarão em madeira
com metal e isolamento acústico (Figura 71). Desse modo, o isolamento auxilia
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para que os ruídos produzidos em uma sala não afetem a outra em momentos
de atividades separadas. Já para facilitar a integração entre estas, a esquadria
escolhida permite com que ao dobrada possamos conectar as três salas entre
si, gerando um grande ambiente amplo e compartilhado que ainda pode se ligar
ao pátio caso necessário.
pilares, vigas e lajes de concreto armado, devido sua ampla aplicação no cenário
local, os custos seriam mais acessíveis do que optar por um sistema construtivo
que precisasse adquirir matéria prima e mão-de-obra de outras localidades.
Além disso, o concreto se destaca por sua durabilidade elevada e possibilidade
de utilização sem revestimentos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Relacionado a isso, outro ponto importante que foi observado diz respeito
à situação de instabilidade existente quanto a regularização dos territórios das
comunidades quilombolas no Brasil. É feito, portanto, um apelo aos governantes
e ao Estado por maior atenção para esses povos, por velocidade do andamento
desses processos de tramitação, bem como por medidas que facilitem essa
regularização. Apontando também a necessidade de reação e posicionamento
da comunidade estudada para seguir em busca de seus direitos.
Por fim, acredita-se que os objetivos propostos para este trabalho foram
atendidos, visto que foi possível desenvolver um projeto que se utiliza dos
princípios da racionalização e da arquitetura social para criar um espaço de
qualidade que visa contribuir para integrar e acolher a comunidade, bem como
resgatar e valorizar o patrimônio cultural existente em Moita Verde.
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REFERÊNCIAS
Herzog & De Meuron (2016). 354.1 Arena do Morro Mãe Luiza, Natal. Basel:
Herzog & De Meuron. Recuperado em 22 de janeiro de 2016, de
https://www.herzogdemeuron. com/index/projects/complete-works/351-375/354-
1- arena-do-morro.html
APÊNDICES
APÊNDICE A:
Formulário informal elaborado pelo autor utilizando a plataforma Jotform, o
material utilizado para entrar em contato com a comunidade.