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UNIVERSIDADE PAULISTA

UNIP
ENGENHARIA CIVIL

DIEGO VASCONCELOS

UM ESTUDO SOBRE PROJETOS URBANOS DE CASAS


POPULARES NO BRASIL: PROCESSO POLÍTICO, ECONÔMICO
E CULTURAL ARQUITETONICO HIDRÁULICO DE 1990 À 2012.

SÃO PAULO - SP
2014
VASCONCELOS, DIEGO.

UM ESTUDO SOBRE PROJETOS URBANOS DE CASAS


POPULARES NO BRASIL: PROCESSO POLÍTICO, ECONÔMICO
E CULTURAL ARQUITETONICO HIDRÁULICO DE 1990 À 2012.

Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho de


Conclusão de Curso como requisito básico para a
Conclusão de Curso do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Paulista Unip.
Orientador: Profº. Ms. Clóvis Chiezzi Seriacopi Ferreira.

SÃO PAULO - SP
2014
Folha de Aprovação

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em 05/12/2014 pela


Comissão Julgadora.

Nota: ___

____________________________________
Prof. Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira
Orientador (UNIP)

____________________________________
Prof. Dr. Ariston da Silva Melo Junior
(UNIP)

____________________________________
Prof. Antonio Carlos Costa Vieira
(UNIP)
Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente à Deus que tornou possível a


formação na área de atuação na Engenharia Civil.
Dedico este trabalho a todos os meus avôs e minha noiva, que aos
longos de todo o tempo que dispus a esta pesquisa me incentivaram e
compreenderam minha falta em ocasiões festivas, onde sempre acreditaram
em meu potencial profissional como ferramenta de viabilizar para nós uma
forma mais digna de viver, conciliando a probabilidade de um crescimento
profissional e econômico ao de ampliação quanto ao campo de visão ante à
compreensão da minha responsabilidade social.
Não posso me esquecer de dedicar o mesmo também a todos os
professores, que generosamente nos concebeu a honra de partilharmos de
seus conhecimentos e experiências em nossa futura área de atuação, visando
que nos doando um pouco de seu tempo e atenção durante as aulas, cederam
mais que conhecimento, mas também a forma mais singela da base humana: a
socialização promulgada e embasada pela vontade de aprimorar nossos
conhecimentos, instigando-nos cada dia mais a implantarmos em nossas
práticas rotineiras o espírito de transformação social.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Orientador Professor Clóvis Chiezzi


Seriacopi Ferreira pelo incentivo, simpatia e presteza para auxiliar as atividades
e discussões sobre o andamento deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos demais idealizadores, coordenadores e funcionários da
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP. Especialmente a todos os professores e
funcionários do Departamento de Engenharia Civil da Universidade que
colaboraram na minha formação acadêmica e pessoal durante o período de
graduação.
Faço um especial agradecimento aos professores Ariston Junior e
David Fratel, que proporcionaram um grande enriquecimento científico nos
estudos e trabalhos extracurriculares realizados por meio de projetos de
pesquisa.
Aos colegas de classe Luaine Medeiros, Raul Oliveira, Danielle Gomes
e Paula Aline, pela espontaneidade e alegria na troca de informações e
materiais, e por compartilhar tamanha experiência acadêmica e ao frequentar
as aulas deste curso, perceber e atentar para a relevância de temas que não
faziam parte, em profundidade, das nossas vidas.
"Determinação coragem e auto
confiança são fatores decisivos para o
sucesso. Se estamos possuídos por uma
inabalável determinação conseguiremos
superá-los. Independentemente das
circunstâncias, devemos ser sempre
humildes, recatados e despidos de
orgulho".

Dalai Lama
Resumo

O projeto tem como função principal instigar maiores debates em relação


ao assunto, que até então vem sendo pouco discutido e analisado antes sua
real pretensão e importância dentro do âmbito social. Este trabalho permite não
apenas abordar normas e técnicas pertinentes apenas à área da Engenharia
civil, mas o mesmo também oferece pressupostos de debates que indicam uma
compreensão maior de aspectos culturais. Percebemos que atualmente é
necessário se estudar melhor as formas de estruturação dos planejamentos
habitacionais, entretanto não podemos ignorar aspectos fundamentais
pautados nos anseios sociais, como a cultura, política e economia, que são
hoje os principais pilares que sustentam a sociedade em si. Assim, justificamos
como sendo de real importância a produção deste trabalho, a ideia de que o
mesmo se caracteriza como dualista, pois seus anseios permeiam entre um
debate sociológico diante os problemas de moradia, e um estudo munido de
detalhes importantes quanto aos materiais e técnicas de construção utilizadas
nestes projetos de Casas Populares atendidas e conveniadas pelo governo
nacional.

Palavras chave: Urbanização, Casa Popular, economia.


Abstract

The project's main function instigate further debate on the subject , which
hitherto has not been widely discussed and analyzed before its real intention
and importance within the social context . This work does not only address
standards and relevant technical only to the area of civil engineering , but it also
offers discussions of assumptions that indicate a greater understanding of
cultural aspects . Realize that it is currently necessary to study the best ways of
structuring the housing plans , however we can not ignore fundamental aspects
guided in social concerns, such as culture, politics and economics , which are
now the main pillars that support the society in si.Assim , justify as being of real
importance to the production of this work , the idea that the same is
characterized as dualistic because their concerns permeate between a
sociological debate on the problems of housing , and a study provided important
details on the materials and construction techniques used in these projects met
Popular Houses and conveniadas by the national government .

Keywords: Urbanization , Popular Home, Economy.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 5: Pintura que retrata a cidade de Lisboa no período de 1500.............. 22

Figura 5.1: Retratação do Brasil em pleno descobrimento. .............................. 23

Figura 6: Prédio do Projeto Minha Casa, Minha Vida com problema na


construção. ....................................................................................................... 29

Figura 6.1: Rede de saneamento proposto pela Caixa Econômica Federal. ... 31

Figura 6.2: Planta casa popular "Minha Casa, Minha Vida". ............................ 32

Figura 7: Características importantes na qualidade do processo executivo de


edificações. ...................................................................................................... 34

Figura 7.1: Ciclo PDCA aplicado a serviços de execução de obras.Fonte:


Souza e Mekbekian (1996)............................................................................... 38

Figura 8: Parede hidráulica aparecendo como solução no sistema de alvenaria


estrutural. Fonte: Gomar e Freire (2005). ......................................................... 41

Figura 8.1: Tubulação de esgoto passando abaixo da laje. Fonte: Gomar e


Freire (2005)..................................................................................................... 42

Figura 8.2: Exemplos de carenagens. Fonte: Gomar e Freire (2005). ............. 43

Figura 8.3: Shaft vertical. Fonte: Ferreira, Fontoura e Guerrini (2003). ............ 44

Figura 8.4: Shaft horizontal. Fonte: Gomar e Freire (2005). ............................. 45

Figura 8.5: Blocos especiais presentes para venda no mercado. Fonte: Gomar
e Freire (2005).................................................................................................. 46

Figura 8.6: Grande distância entre o local de estocagem e o de utilização. .... 47

Figura 8.7: Tubulação armazenada em local sujeito a chuva, vento e sol. ...... 48

Figura 8.8: Corpos de prova, arame e outros materiais misturados as


tubulações hidráulicas. ..................................................................................... 49

Figura 8.9: Lona plástica e outros matérias misturados as tubulações


hidráulicas. ....................................................................................................... 50

Figura 8.10: Tubulações de diferentes diâmetros e finalidades armazenadas


conjuntamente. ................................................................................................. 51
Figura 8.13: Dificuldade na determinação da quantidade do material estocado.
......................................................................................................................... 52

Figura 8.14: Material estocado em vários locais. ............................................. 53

Figura 8.13: Alvenaria estrutural sendo quebrada............................................ 54

Figura 8.14: Furação maior que a adequada. .................................................. 55

Figura 8.15: Canaleta grouteada de apoio da laje perfurada para passagem da


tubulação de esgoto. ........................................................................................ 56

Figura 8.16: Qualquer forma de interferência era resolvida com a quebra do


elemento estrutural........................................................................................... 57

Figura 8.17: Falta de planejamento de execução, evidenciado pela perfuração


do elemento estrutural. ..................................................................................... 58

Figura 8.18: Laje com furação improvisada para passagem da tubulação


vertical de esgoto. ............................................................................................ 58

Figura 8.19: Retrabalho e aumento do gasto de materiais ............................... 59

Figura 8.20: Tamanho excessivo do corte para passagem das tubulações. .... 59

Figura 8.21: Alvenaria de fechamento após execução dos sistemas de esgoto e


água fria. .......................................................................................................... 60

Figura 8.22: Forma de passagem da tubulação de esgoto pela parede de


alvenaria. .......................................................................................................... 61

Figura 8.23: Aquecimento da tubulação de esgoto .......................................... 62

Figura 8.24: Junção sendo realizada à 90º. ..................................................... 62

Figura 8.25: Método improvisado para fixação do sistema de água fria. ......... 63

Figura 8.26: Tubulações de esgoto reduzindo abruptamente o pé direito da


edificação. ........................................................................................................ 63

Figura 8.27: Ensaio de estanqueidade não era realizado em nenhuma parte do


sistema de esgotamento sanitário. ................................................................... 64

Figura 9: Modelo de Cisterna. .......................................................................... 67

Figura 9.1: Planta da casa em relação à Cisterna. ........................................... 68

Figura 9.2: Sistema PEX. ................................................................................. 69


Figura 9.3: perspectiva de instalação do Sistema PEX. ................................... 70
SUMÁRIO
1. Introdução .................................................................................................. 13
2. Objetivos .................................................................................................... 17
2.1. Objetivo Geral ..................................................................................... 17
2.2. Objetivo Específico.............................................................................. 17
3. Método de Trabalho e Pesquisa ................................................................ 18
4. Justificativa ................................................................................................ 19
5. Construção Etimológica e conceitual de Casa. .......................................... 20
6. Instituição social de programas governamentais para habitação. ............. 26
7. O Controle da Qualidade ........................................................................... 33
7.1. O Projeto ............................................................................................. 35
7.2. Recebimento ....................................................................................... 36
7.3. Estocagem .......................................................................................... 37
7.4. Execução ............................................................................................ 37
8. QUALIDADE O PROCESSO DE EXECUÇÃO .......................................... 40
8.1. Parede Hidráulica ................................................................................ 40
8.2. Forro Falso .......................................................................................... 41
8.3. Carenagem ......................................................................................... 42
8.4. Shaft Vertical ....................................................................................... 43
8.5. Shaft Horizontal ................................................................................... 44
8.6. Blocos Hidráulicos ............................................................................... 45
8.7. Recebimento ....................................................................................... 46
8.8. Estocagem .......................................................................................... 47
8.9. Execução ............................................................................................ 53
9. Soluções hidráulicas para melhor remanejamento de impactos ambientais.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA. .................................................................. 73
1. Introdução

A pesquisa eminente implica em trabalhar de forma coerente e


significativa no processo compreensivo ante a concepção atual da construção
de casas populares, visando como enfoque primordial em determinado
momento os materiais utilizados ao longo da história em relação a tubulações,
discutindo ainda e abordando de maneira conceitual e teórica alguns dos
padrões implícitos neste mesmo âmbito civil. Desta forma pesquisamos e
estruturamos o trabalho abrangendo concepções e epistemologias sociais,
políticas, culturais e econômicas da fase arquitetônica pós-moderna, onde
encontramos registros da real necessidade de se estabelecer maiores, e
melhores, projetos que visem por moradias decentes, porém mais acessíveis à
classe popular e trabalhadora, economicamente falando.
A partir deste enfoque, percebemos que dentro de um contexto nacional
o tema abordado é relativamente novo, comparando as mesmas necessidades
mundiais, onde notamos que é após a Segunda Guerra que se constata uma
constante dependência de se reestruturar o meio social utilizando métodos e
práticas eficazes com custos baixos.
Anselmo (2007) enfatiza tal preceito descrevendo que:

Somente no século XX, com o movimento moderno, os arquitetos


assumiram de maneira expressiva a função da produção de
habitação popular. Surgiram muitos estudos e reflexões sobre esse
assunto devido ao inchamento das grandes cidades. Foi nesse
momento que inseriram novas preocupações com a questão do
conforto, da funcionalidade dos espaços e da tecnologia construtiva.
(ANSELMO, 2007, p. 07).

Pode-se afirmar que os projetos e conceito de formação e planejamento


de uma forma habitacional mais popular teve início na Europa, mais
precisamente em Portugal, no ano de 1972, quando as marcas pós-guerra
incitou na sociedade europeia a grande demanda de se recuperar moradias e
fazer com que a construção acontecesse de forma mais livre e funcional, o que
também foi implantado nos modelos pós guerra americanos.
No Brasil, entretanto, a construção de moradias similares começaram a
predominar no contexto social a medida que os problemas com falta de

13
estrutura no planejamento habitacional passaram a gerar maiores
problematicidades, pois até 1930, na regência da fase da Republica Velha, tais
parâmetros e preocupações eram totalmente nulas. Ou seja, pouco se
preocuparam com o crescimento populacional demasiado que acontecia no
Brasil, por conta da imigração que aqui se instalava, resultando assim na
formação das 'favelas' e 'cortiços', moradias estas apenas para os
trabalhadores brasileiros.
Percebemos aqui a formação do descaso público com os parâmetros
sociais vigentes, já que até então os pressupostos de se educar uma nação
para que seu cidadão conheça, e reconheçam, seus deveres e direitos era uma
lógica absurda e pouco viável para a classe social dominante: a elite.
Desta forma a constituição de comunidades formadas por casebres
rudimentares, sem saneamento básico, sem qualidade de vida e propensão de
melhora para a mesma eram reclusas a maior parte da população brasileira,
que sabia sim quais as suas formas legais de fornecimento de sua mão de obra
trabalhista, mas não compreendia de fato que a cada dever constitucional há
de fato uma relação direta com seus direitos eminentes.
Com o ressalto de que pequenos grupos mais 'entendidos' de seus
direitos constitucionais passam a promulgar discursos notórios para a
população, dentro da classe oprimida produtora e regedora da circulação
monetária no país, os representantes governamentais começaram então a
viabilizar modelos políticos que incluem esta clientela social em seus
planejamentos urbanos. Entretanto estes planejamentos não são estruturados,
estudados e elaborados para solucionar de forma coerente e efetiva as
necessidades apresentadas pela população trabalhista, e sim de forma que se
"tampe buracos" até se pensar ao certo o que se fazer.
Aqui nos deparamos com um dos aspectos mais importantes para a
argumentação do tema: a partir da necessidade habitacional de nosso país,
como são trabalhadas e selecionadas as concepções e ideais para a
implantação de um projeto verdadeiramente popular?
Neste cenário houve na década de 1940 a promulgação do Decreto de
Lei nº 4.598 de 20 de agosto de 1942 que viabiliza uma forma plausível ante a
problematicidade apresentada no cenário social: o congelamento do valor dos
aluguéis cobrados até então. Ou seja, ficou instituído por decreto de lei que:

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Art. 1º Durante o período de dois anos, a contar da vigência desta lei,
não poderá vigorar em todo o território Nacional, aluguel de
residência, de qualquer natureza, superior ao cobrado a 31 de
dezembro de 1941, sejam os mesmos ou outros o locador ou sub-
locados e o locatário ou sub-locatário, seja verbal ou escrito o
contrato de locação ou sub-locação. (BRASIL, Decreto nº4.598).

Este decreto se apoiava e em embasava ante a constituinte Instituição


de Aposentadoria e Previdência, assim como a criação da Fundação da Casa
Popular, que em suma visava pela primordia de casas condizentes à
necessidade do povo, diante à "oferta" congruente que o estado e união
podiam disponibilizar para seus cidadãos.
Este preceito foi de fato implantado para cobrir uma recém-defasagem
encontrada no contexto imobiliário, onde havia um vasto numero de casas para
ser compradas, e poucas a serem alugadas, pois com a queda do valor de
custo na compra de mercadorias importadas, fez com que um boom no cenário
capitalista e retroativo monetário ajudasse a classe média e alta a adquirirem
novas casas. Ou seja, ainda há uma política vigente que prioriza o consumo e
rotação de dinheiro no contexto social, e não práticas que visem pela
desestruturação das problemáticas urbanísticas do país.
E neste sentido que buscamos nos defrontar ante aos projetos
governamentais que estimulam, de certa forma, o aquecimento deste mercado.
E assim, pretendemos levantar um debate maior quanto as questões culturais,
políticas, econômicas e de estruturação arquitetônicas, ou seja, quais materiais
e técnicas que deixaram, ou passaram, a ser utilizadas ao longo dos anos
dentro do mesmo conceito de projeto de habitação.
Diante destes pressupostos nos confrontamos com a uma analise
documental de toda abordagem teórica encontrada repensando-as ante às
tendências e técnicas atuais, possibilitando assim uma ampliação dos preceitos
que podem ser facilmente difundidos dentro do âmbito de pesquisa que apoiem
uma extensão maior de debate acerca do assunto vigente.
Esta analise nos permite compreender quais aspectos e anseios sociais
demarcam culturalmente a propensão de modificações básicas e necessárias
quanto aos projetos habitacionais já existentes, e quais os benefícios dos
mesmos ao longo dos anos. Sendo assim, um debate mais denso em relação
ao custo - beneficio e estruturação teórico - pratica deste estudo é de real

15
importância, já que percebe-se que ainda nos dias de hoje o país luta
gradativamente com as defasagens estabelecidas e enraizadas no contexto de
urbanização.
O estudo conta ainda com uma visão mais ampla e privilegiada quanto á
área de tubulações, também estabelecendo revisão bibliográfica comparativa
de projetos, onde de forma conclusiva o presente trabalho trará como seu
principal objetivo instigar um debate através de analise documental,
comparando pressupostos abordagens ofertadas à população brasileira ao
longo dos anos de 1990 à 2012, possibilitando assim uma avaliação teórica
mais abrangente sobre quais as necessária modificações entre os aspectos
falhos, procurando estabelecer um vinculo entre novidades na área d mercado
atual com possibilidades viáveis das melhores fundamentações nesta área.
Desta forma é clara a ideia de que o trabalha visa em apresentar fatores
congruente quanto à preceitos sociais, onde o mesmo permeia analises
fundamentais, em um primeiro momento, em uma construção simbólica e
etimológica significativa conceitual de habitação, moradia e urbanização; que
inevitavelmente se desemboca na narrativa histórica de projetos de habitação
popular no contexto nacional. E não menos importante, pois este pressuposto
é ponto chave de nosso estudo, nos atentamos em materiais e formas de
construção no âmbito de tubulações desenvolvidas aos longos dos anos
implantados nos projetos deste porte e segmento.

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2. Objetivos

O tema escolhido para ser estudado tem relação com o curso de


Engenharia Civil e é um assunto de interesse social que cidadãos de forma
geral devem conhecer para na medida do possível colaborar na solução de
sistema hidráulico nas habitações populares.

2.1. Objetivo Geral

Com este estudo será possível entender a origem histórica que gerou o
problema de falta do sistema hidráulico nas moradias para a população carente
em nossa sociedade, possibilitará o entendimento do porque existe um déficit
tão grande na área.

2.2. Objetivo Específico

Conhecer quais as medidas que o governo tem tomado para diminuir ou


solucionar este problema, saber quais são os projetos já implantados, quais as
diretrizes para sua concepção, suas principais características.

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3. Método de Trabalho e Pesquisa

O embasamento teórico deste trabalho foi obtido por meio de pesquisas e


consulta a livros e leis normas. Para melhor ilustrar as experiências, os casos e
resultados da implantação de projetos voltados ao tema serão utilizados
pesquisas em sites, periódicos, revistas técnicas, entrevistas e visitas técnicas
aos locais onde exista informação pertinente à abordagem do trabalho.

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4. Justificativa

Uma das principais características que uma empresa deve apresentar


ou pelo menos começar a desenvolver nos dias atuais é a racionalização, que
está diretamente interligada com economia e qualidade, tanto do processo
como do produto.
Executar um empreendimento envolve inter-relacionar os diversos
subsistemas, para que no final se obtenha o maior grau de eficiência do
produto e para que isso ocorra é necessário também o desenvolvimento do
controle do processo que é o foco desse trabalho.
Este trabalho visa associar o sistema predial de água fria e esgoto com
os sistemas construtivos de concreto armado e alvenaria estrutural, mostrando
as associações entre os sistemas, para que se obtenha a maior eficiência, que
envolve tanto questões econômicas quanto de qualidade.
Dessa maneira o trabalho tem objetivo de auxiliar na forma de controle
da execução do sistema predial, evitando problemas como vazamentos, que
podem causar danos a acabamentos, estrutura, sistema elétrico e outros, até
mesmo bens pessoais.
Nessa mesma linha o trabalho visa a zelar pelo usuário que é acometido
por reformas, convivências com infiltrações, geração de fungos, umidade
excessiva, estética da edificação, relacionada a danos na parte de acabamento
ou outros problemas mais graves, como abandonar os imóveis por motivo de
problemas estruturais.
Com relação ao construtor, o trabalho fará com que obtenha maior
controle da qualidade, podendo assim, enfrentar o mercado com maior
competitividade.

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5. Construção Etimológica e conceitual de Casa.

Para se obter de fato maior compreensão em relação à distinção própria


do conceito de moradia é necessário se atentar a linha histórica construída ao
longo dos séculos ante a tal pressuposto, e assim nos defrontamos
instintivamente ao preceito de que etimologicamente temos como base o
significado conceitual de que a palavra casa, que utilizamos atualmente para
definir nosso "lar" advém do latim, que em tese se designava para descrever
moradias com baixa qualidade - onde era utilizadas até então para cabanas,
barracas, choças e até mesmo para edificações rurais de pequeno porte -; já as
moradias de boa qualidade eram chamadas até então de Domus, palavra esta
proveniente de conceitos como Dominador e Domínio. E é neste contexto que
se subentende a perspectiva do fato da importância da imagem de ser o
'Senhor' principal de um Domus. Com o passar do tempo a concepção de casa
foi ganhando força, e a questão de qualidade foi se esquivando do emprego da
palavra à concepções qualitativas, já que no latim Domus também passou a ser
empregado ao conceito de domicílio e domesticar, daí surgem aspectos mais
favoráveis e significativo para a construção etimológica deste novo preceito.
Compreendendo então a formação etimológica do conceito de casa,
passamos a analisar de fato a formação e transformação das diferentes formas
de habitação que o homem obteve em sua história ao longo de todos os anos
de sua existência. E, desta forma, não é difícil fomentar que se faz necessário
um breve relato das subdivisões históricas as formas de moradias se
estabeleceram.
A primeira forma de moradia, mais apropriada a ligação direta do
preceito de um lugar fixo para abrigo surgiu na Pré-história, mais propriamente
na era paleolítica, onde os homens se abrigavam em cavernas, sendo assim, o
primeiro registro que se tem de modelo de "casa" é datado a mais de 300.000
anos, em abrigos naturais. E, aproximadamente, há 150. 000 anos é que os
homens que habitavam parte do atual continente Europeu, ou seja, residiam
nas localidades mais frias, passaram a construir suas próprias tendas, com
características de serem feitas a partir de bases ovais ou retangulares, e utilizar
como matéria prima pele de animais e ossadas, assim como pedras.

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Como o passar do tempo, foi observando-se que a humanidade passou
a integrar novas matérias primas na construção de seus objetos, sendo assim o
desenvolvimento de se construir nossas moradias não poderiam ser diferentes.
Neste sentido o homem começou utilizar como fonte de matéria prima que
dessem maior durabilidade ao seus lares o barro e argila naturais, pois já havia
uma condição mais rural no homem, que passou a se fixar definitivamente em
um local, para ter por perto seus plantios, criação de animais e socialização
para formação de uma identidade cultural e social.
Observamos assim a prática cotidiana dos homens em perpetuar seus
objetos ante às ações do tempo, e assim o homem vai se apropriando de
técnicas específicas de cada região para constituir sua habitação duradoura.
Tal pressuposto é perceptível ante a ideia apresentada por Zorraquino
(2006):

Os aspectos funcional-tipológicos da moradia estão


relacionados diretamente com os condicionantes sociais e
ambientais. Condicionantes sociais que definem o programa,
os usos e o tamanho, das diferentes peças ou quartos da
moradia, em fim, a sua "tipologia social", em função dos
costumes e das possibilidades materiais e econômicas dos
moradores, segundo a classe social a que pertencem. E os
condicionantes ambientais ou naturais do local; sol,
temperatura, umidade, arejamento, chuva etc., assim como os
materiais e tecnologias de construção, próprios do local.
Elementos que sempre estiveram presentes na construção das
moradias, em especial das mais populares. Achamos que, as
moradias mais conseqüentes com a economia energética e
com o respeito ao meio ambiente, são aquelas que se adaptam
e utilizam eficientemente estes recursos locais e naturais
através da denominada arquitetura ecológica ou
bioclimática.(ZORRAQUINO, 2006, p. 5).

Neste aspecto percebemos de fato que a construção de moradia é


variável mediante a sua necessidade de adaptação ao contexto social, cultural
e ambiental que o sujeito - executor de projeto e construção do espaço físico-
está inserido, ou seja, devemos levar em consideração que dentro dos
parâmetros sociais a história epistemológica e de significado para a sociedade
da transformação e desenvolvimento deste conceito é mutável, e que se
permeia ante aos fatos sociais que prevalecem ao seu redor.
De fato já é observada esta interligação entre os aspectos sociais,
culturais, ambientais e econômicos dentro do planejamento e execução na
21
construção de moradias, e estes aspectos são marcados desde nossa
colonização, pensando e analisando os pressupostos aqui instigadas em uma
restrição nacional.
Assim, Zorraquino (2006) nos apresenta a formulação da ideia de que
em nossa história fomos moldados a produzir cultura conforme a cultura de
nossos colonizadores, os portugueses, que quando aqui chegaram já possuíam
um modelo de construção civil muito superior ao nosso.
Este aspecto é visível quando observamos na obra de Galvão (1445 -
1517) uma representação histórica da sociedade portuguesa dentre a época de
1500, onde podemos observar que enquanto ainda possuíamos nas tribos
indígenas ocas de palha e folhas secas de árvores, os portugueses já
possuíam técnicas de construção utilizando pedras e argila como matéria
prima.

Figura 5: Pintura que retrata a cidade de Lisboa no período de 1500.

GALVAO, Duarte, 1445-1517


Chronica de El-Rei D. Affonso Henriques / Duarte Galväo. - Lisboa : [s.n.], 1906. - 190, VIII p. ; 22 cm. -
(Bibliotheca de classicos portuguezes ; 51)

Em contrapartida temos a obra de Oscar Pereira da Silva ( 1837 - 1939):


Desembarque de Cabral em Porto Alegre, datada em 1922, que representa
bem o nosso cenário habitacional natural.

22
Figura 5.1: Retratação do Brasil em pleno descobrimento.

SILVA, Oscar Pereira, Desembarque de Cabral em Porto Segur, 1922.Óleo sobre tela 190 X 333
cm Museu Paulista de São Paulo.

Zorraquino (2006) destaca que:

As ocas, das quais temos mais referências pelos textos dos


Jesuítas, eram grandes casas coletivas em redor dum terreiro e
protegidas por paliçadas, onde moravam tribos inteiras.
Serviam de proteção contra os animais, as tribos inimigas, a
inclemência da natureza etc., desenvolvendo-se dentro delas
todas as funções normais da moradia: dormir, cozinhar, comer,
trabalhar, brincar, etc. (ZORRAQUINO, 2006, p. 8).

Já é possível então perceber de forma clara e sucinta a discrepância


cultural e ambiental entre os portugueses e indígenas Tupis-Guaranis quanto
sua moradia e especificação da mesma.
Assim que aqui se instalaram, os portugueses começaram então a
implantar e enraizar sua cultura sobre os índios, e a partir daí começamos a
nos moldurar ante aos seus preceitos culturais, trazendo para nossa formação
de identidade social e cultural parâmetros europeus.
Foi em meados da década de se 1800 que o Brasil como colônia
começou a ser realmente explorado em suas vias marítimas com maior
visibilidade na questão comercial, e neste preceito Poncioni (2010) nos trás

23
argumentações dialéticas quanto a estadia do arquiteto Vauthier, que além de
trazer transformações em nosso cenário habitacional, também nos transporta a
análises documentais comportamentais culturais e sociais.Poncioni (2010)
salienta que a vinda de Vauthier ao Brasil foi de certa forma de cunho
estratégico, onde o mesmo teria como missão construir um teatro em
Pernambuco, para que a alta classe da sociedade pudesse manter seu status e
requinte cultural.
Quando Vauthier desembarcou em Pernambuco a economia
brasileira dava, apesar da resistência dos traficantes de
escravos e dos grandes proprietários, seus primeiros passos
na transição do trabalho escravo para o trabalho livre. Se o Rio
de Janeiro, o Recife, São Luís do Maranhão e, principalmente,
Salvador, eram cidades onde a população era essencialmente
composta de negros e mestiços, escravos ou libertos; os
imigrantes europeus começavam a afluir; empregados
domésticos mas também donos de pequenos comércios,
artesãos de todo tipo, que buscavam satisfazer as
necessidades de um mercado nascente e exigente.
[...]
A expansão urbana exigia a construção de novas pontes, a
circulação de mercadorias e a exportação do açúcar e do
algodão, estradas dignas deste nome. Vauthier devia assim
traçar igualmente a planta da cidade e apresentar um projeto
completo de regras urbanísticas que assegurassem uma
expansão racional da cidade. (PONCIONI, 2010, p. 122).
Com a aprimoração das construções habitacionais e comerciais no
Brasil formamos nosso caráter social, onde instituímos como padrão de
construção civil, por intermédio da cultura europeia, os casarões, tendo
também como característica específica os armazéns de grãos e senzalas,
tendo em vista já o perfil escravista que regia nossa sociedade.

A casa-grande foi casa de morada, vivenda ou residência do


senhorio nas propriedades rurais do Brasil colônia a partir do
século XVI. Tudo no engenho girava em torno da casa-grande,
sendo ela uma espécie de centro de organização social,
política e econômica local. No Brasil colonial, a casa-grande
era estrategicamente construída próxima ao engenho
propriamente dito (fábrica), a senzala, a casa de farinha e a
capela. Alguns sociólogos acreditam que a distribuição espacial
das construções nos engenhos possibilitava maior convivência
entre as diferentes classes sociais, o que teria tornado a
experiência da colonização brasileira diferente de
outras.(ANDRADE, 2009).

Posteriormente não obtivemos tantas transformações físicas nas


estruturas de nossas residências e prédios comerciais com a chegada

24
predominante da exploração mineral, onde não há mais a predominância rural,
há agora também um novo cenário comercial surgindo: exportação de minério.
Acentuada a forma abrangente do êxito rural, começa a surgir no Brasil
os Cortiços e favelas, onde os trabalhadores que saem do campo para buscar
novas oportunidades nas industrias, passam a construir de forma desplanejada
suas moradias. Contudo observamos que não há uma preocupação eminente,
nem por parte da população, e muito menos por parte dos órgãos público.
Com uma realidade alarmante quanto ao crescimento populacional, as
estratégias de garantir a continuidade de produção em massa no meio
industrial, fortalecendo o modelo capitalista frenético e marcante do século XX,
alguns parâmetros foram se desvinculando das reais necessidades
populacionais. Entretanto estas mudanças previam apenas uma 'tapeação' dos
problemas e não uma solução de fato para as necessidades que agora a
sociedade brasileira apresentava: a formação de favelas e cortiços.
A década de trinta assinala historicamente a consolidação de
um padrão de acumulação urbano-industrial. Este processo se
estabelece sob a tutela do Estado e será acompanhado de
uma forte expansão da esfera pública. Seus pressupostos
políticos são a ascensão e gradativa hagemonia da burguesia
industrial sobre os grupos oligárquicos do bloco no poder e a
progressiva incorporação e cooptação das massas urbanas na
arena política que irá se expressar, a nlvel institucional, na
criação do aparato organizacional do Ministério do Trabalho e
das agências governamentais de bem-estar social. A criação
da Fundação da Casa Popular se inscreve nesse movimento
de definição de uma polltica social efetiva pelo Estado.(MELO,
2008, p. 39).

De fato há de forma conclusiva a explanação ideológica de que na


formação conceitual de habitação no Brasil a perpetuação de politicas públicas
que sonegaram a realidade apresentada pela população nacional,
reproduzindo repetidamente a exclusão social e aumento das interfaces
culturais e econômicas do país.

25
6. Instituição social de programas governamentais para habitação.

Mesmo após anos de colonização e implantação de modelos


diversificados nos anseios de nosso país, percebemos que a questão de
exclusão social, e predominância de diferenciação cultural entre classes sociais
continuam regendo os parâmetros políticos e culturais, onde mesmo com a
realização idealizada de projetos sociais acabam por mistificar e distorcer
verdades absolutas de nossa história nacional.
E é neste cenário de desigualdade e lutas sociais que pareceres
políticos começam a surgir em nossa legislação. Teoricamente, a propriedade
singular do projeto de Casa Popular surgiu significativamente e singularmente e
seu preceito simbólico no inicio do século XX, com a formação de uma política
pública 'voltada' para o povo.
Pina (2013), parafraseando Souza (1991) salienta que:

Moradia digna é um direito social assegurado pela Constituição


brasileira. Portanto, cabe ao Estado garantir o bem-estar de
todos os cidadãos e, no tocante à questão habitacional, deve
promover políticas públicas capazes de corrigir
progressivamente os déficits e as inadequações herdadas do
processo de produção das cidades brasileiras. (PINA, 2013, p.
1).

Neste sentido a ideologia de se lutar por moradias mais justas faz todo
sentido quando nos deparamos com residências, chamadas e reconhecidas
como moradias e casas, eram na realidade casebres feitos de formas
desregularem e ilegal, sem nenhum tipo de saneamento básico ou
planejamento estrutural solidificado.
Mesmo com processos constitutivos do BNH para providenciar em
caráter emergencial tais moradias dignas, foi apenas em 2009, com o projeto
"Minha Casa, Minha Vida", que de fato o assistencialismo começou a empregar
em sua tese de formulação teórica, práticas reais quanto ao financiamento de
casas populares onde os brasileiros pudessem realmente bancar os custos de
sua moradia própria.

26
Entre as décadas de 1940 e 1960, a política de habitação, mais
especificamente da aquisição da casa própria consistia na
oferta de crédito imobiliário pelas Caixas Econômicas e pelos
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS) ou por bancos
incorporadores imobiliários. A organização de um órgão que
centralizasse a política habitacional ocorreu em 1946, no
governo do General Eurico Gaspar Dutra, quando é criada a
Fundação da Casa Popular. (BOTÉGA, 2008, p. 5).

(...) o desempenho do SFH dependeria fundamentalmente de


dois fatores básicos: a capacidade de arrecadação do FGTS 15
e do SBPE 16 e o grau de inadimplência dos mutuários. Em
outras palavras, essa dependência significava que, apesar da
sofisticação do seu desenho, o SFH, como de resto qualquer
sistema de financiamento de longo prazo, era essencialmente
vulnerável a flutuações econômicas que afetassem estas
variáveis (...). Talvez a principal (dadas as suas implicações
políticas) entre as vulnerabilidades do SFH fosse o fato de que
flutuações macroeconômicas que implicassem quedas nos
salários reais necessariamente diminuiriam a capacidade de
pagamento dos mutuários, aumentando a inadimplência e
comprometendo o equilíbrio atuarial do sistema. (SANTOS,
apoud in BOUTÉGA, 2008, p. 9).

Neste preceito observamos de forma clara e sucinta que houve não a


quebra dos déficits no contexto habitacional, e sim uma quebra no setor
econômico nacional, pois os padrões estipulados e demarcados para a
viabilização destas casas populares não eram condizentes com a realidade
orçamentária do publico alvo a ser atingido: a classe operária, trabalhadora e
oprimida.
(...) A Fundação, responsável principal pela política
habitacional em cinco administrações fortemente diferenciadas
no campo político (Dutra, Vargas, Kubitschek, Quadros e
Goulart) constituiu, sem dúvida, um testemunho eloquente da
precariedade dos esquemas de provisão de habitação
baseados exclusivamente em dotações orçamentárias. (
ARAGÃO, apoud in FILHO, 2006, p. 57).

Com o programa “Minha Casa, Minha Vida”, ornamentado e instituído no


governo Lula, algumas destas perspectivas foram se esvaindo, entretanto
foram viabilizados novos parâmetros circunstanciais atenuantes, onde agora
não era apenas a valoração do imóvel e custo do mesmo para o governo e
proprietários e sim quanto a própria forma de construção, onde há a
fomentação de pesquisas voltadas inteiramente aos aspectos físicos em
relação à construção de edifícios e casas populares deste projeto.

27
Cabe ressaltar que este estudo, por hora, não vem questionar a eficácia
do projeto de uma forma unilateral, mas questionar e fomentar vertentes
constituintes de processos dinamizados de forma falha e insegura, deixando
assim que a avalia da credibilidade do mesmo seja colocada em dúvida.
Partindo desta estruturação ideológica, presumimos que quanto maior a
atenção quanto à construtoras contratadas, assim como fiscalização de
materiais utilizados em tais obras, trariam para a problemática vigente uma
consolidação menos ampla e agravante ante os preceitos socioculturais e
naturais.
Em suma importância destacamos que os projetos que viabilizam á
população uma forma de adquirirem imóveis próprios é fundamental para
tentarmos superar o déficit habitacional, entretanto há que se executar tal
preceito de forma coerente e precisa.
Há normas técnicas quanto às áreas de construção de residências, e
uma especificamente argumenta de forma política a evacuação de construções
em terrenos irregulares, propensos à catástrofes naturais, e neste sentido Pina
(2013) destaca que:

Tanto o governo como a sociedade poderão se beneficiar com


o aumento da durabilidade, pois, se o governo investir numa
habitação popular durável obterá uma redução com os custos
de manutenção e reposição das obras de baixa durabilidade.
Com essa redução, o governo obterá mais recursos para
construir escolas, hospitais e outros serviços públicos dentro
dos programas habitacionais do governo que beneficiará a
sociedade. (PINA, 2013, p. 26).

Ainda de acordo com Pina (2013), em estudos recentes é possível


analisar tais pressupostos através de pesquisas de campos, onde o mesmo
constatou diversas falhas que colocam em risco todo o andamento dos
programas sociais que viabilizam a construção de casas próprias acessíveis, já
que há o risco eminente por parte dos moradores e famílias que convivem nos
arredores destes prédios civis.

28
Figura 6: Prédio do Projeto Minha Casa, Minha Vida com problema na
construção.

Foto: Marcelo Carnaval/ Agência O Globo. (2013)

Os problemas de patologias são muito preocupantes, uma vez


que colocam em risco a vida dos próprios moradores, que
estão residindo em casas prestes a desabarem. Além de ainda
poderem sofrer doenças causadas pela presença de umidade.
Um conjunto habitacional, que foi construído dentro do
Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, em
parceria com a prefeitura, para retirar famílias de uma área de
risco, foi erguido em um terreno também condenado. (PINA,
2013, p. 5).

Diante deste argumento, cabe aqui a demagogia fomentadora de que os


preceitos apresentados economicamente ante à estes projetos não se
sobrepõem aos aspectos positivos, ou mesmo se solidificam como anseios
negativos, apenas viabilizam aspectos de mobilidade instável que nosso país
ainda percorre, exigindo assim maior estruturação e pesquisa quanto à
realização e implantação de obras que até então serviriam para eliminar um
déficit no contexto habitacional nacional.
Devemos nos inteirar também que outra preocupação do governo
quanto às 'favelas' e 'cortiços' se dava em torno da questão do esgoto, já que a
maior parte dos casebres não possuía uma rede de esgoto adequada, e
utilizavam-se da água de forma incoerente e descabível, gerando assim uma

29
forma insalubre de vida, que acabou por instaurar na sociedade doenças
contagiosa e infectuosas.

O Estado, utilizando-se do argumento jurídico que anotava


como irregulares a ocupação das terras onde fincavam as
moradias, no caso das favelas, por exemplo, pratica uma
política de ausência, não articulando essas áreas de habitação
populares às modernas redes de infraestrutura que vinham
sendo implantadas e desenvolvidas nas cidades, muitas vezes
ao lado dessas áreas populares desde o final dos anos 1930. O
que se pode observar é que, ao longo desse período de mais
de sessenta anos, o Estado troca uma política de presença,
abrangente e sistemática, por barganhas políticas: é o
momento de instalação de bicas d’água na parte baixa dos
morros, uma caixa d’água aqui, outra ali, doação de canos e
manilhas...; enfim, o ―toma lá da cá seus votos‖ conhecido
como política clientelista. (KLEIMAN, 2010, p. 98 - 99).

Sabemos que esta verdade, a falta de saneamento básico, ainda


perpetua em nossa sociedade, mas o governo começou, mesmo que de forma
irônica, a se preocupar com os alarmes sociais que dia após dia surgiam no
contexto social partindo para o âmbito não só de estruturação urbana e
habitacional, mas também para a área da saúde.

30
Figura 6.1: Rede de saneamento proposto pela Caixa Econômica Federal.

31
Figura 6.2: Planta casa popular "Minha Casa, Minha Vida".

A construção civil brasileira encontra-se atualmente em um


momento de grande ascensão. Isto devido á valorização dos
imóveis e principalmente ao forte incentivo federal neste
mercado, através de programas criados pelo governo.
Inúmeros investimentos vêm sendo aplicados, especialmente
no âmbito de casas populares, visando combater o elevado
déficit habitacional existente em nosso país. Entretanto poucos
projetos que vêm sendo executados são alvo de estudos para
se criar uma habitação popular ecológica. A tecnologia atual
para construções sustentáveis avançou muito, a ponto de
serem encontradas habitações que atentem satisfatoriamente
os requisitos impostos na obtenção de certificações ambientais,
no entanto os altos custos envolvidos na construção
inviabilizam sua popularização . É possível, no entanto,
construir moradias para um padrão de vida menos elevado sem
deixar de lado as questões ambientais . Dessa forma, a busca
por materiais sustentáveis e de baixo custo tornou-se um dos
principais objetivos do projeto, aliada a execução de uma
arquitetura inteligente que pretende aproveitar elementos
32
naturais e renováveis, tais como ventilação, radiação solar e
água da chuva, visando um maior conforto do usuário, sem
agredir ao meio externo. A construção em escala real de uma
habitação popular sustentável se mostra claramente como um
importante passo para que a próxima grande demanda de
casas de interesse social também contemplem, além de
questões econômicas, questões de sustentabilidade.
(VISINTAINER; CARDOSO, VAGHETTI, 2012, p. 133).

Aqui nos deparamos logicamente ao intuito principal do trabalho vigente,


a investigação de predominantes processos de construção civil, cujo
planejamento hídrico seja remanejado de acordo com a hipótese de que é
possível uma estruturação residencial que se alie aos aspectos fundamentais
para o equilíbrio entre o crescimento urbano planejado e estruturado ante à
preservação do meio ambiente em sua forma natural e coesa.

7. O Controle da Qualidade

Quando se ouve falar em Qualidade na Execução dos Sistemas


Prediais Hidráulicos e Sanitários (SPHS) imagina-se, apenas, o que se refere
ao sistema hidráulico, tendo, portanto uma concepção que a separa dos
demais sistemas pertencentes a uma edificação.
Certamente a qualidade na execução dos SPHS envolve o próprio
sistema, mas também muitos outros aspectos que estão ligados indiretamente
a sua execução como é o caso do recebimento dos materiais, estocagem,
método executivo, projeto, todos com objetivo de que os SPHS atinjam um
desempenho que atenda as necessidades dos usuários.
A gestão da qualidade nas fases citadas tem finalidade de promover a
qualidade na execução dos SPHS de maneira que gastos adicionais sejam
evitados, sejam com futuras manutenções, retrabalho por falta de
compatibilização de projetos ou mesmo por falta de projeto, deteriorização de
material hidráulico, recebimento de material sem qualidade ou falta
de conferência de material recebido.
Deste modo as necessidades dos usuários deverão ser atendidas de
forma eficaz, sem que partes dos subsistemas componentes das edificações,

33
como estrutura, alvenaria, hidráulica, elétrica e outras fiquem comprometidas
com mudanças improvisadas.
O usuário sendo beneficiado com a qualidade do sistema adquirido, apto
a atender suas necessidades e o empresário pelo custo das soluções
adotadas, que não requerem qualquer forma de retrabalho.
Dentre as várias soluções apresentadas no mercado este trabalho
apresenta as mais usadas que tornam o processo executivo racionalizado,
visto que para este adquirir racionalização existe uma grande cadeia de
atividades que deve ser obedecida ao longo da execução da edificação.
Souza e Mekbekian (1996) evidenciam que para uma boa gestão de
qualidade executiva devem-se priorizar os serviços mais importantes,
considerando as necessidades, fatores relativos a custo, segurança, estética,
marketing e outros aspectos de igual relevância.
Neste trabalho serão apresentadas características importantes
referentes ao recebimento, estocagem e execução das edificações, como
mostra a Figura 7.

Figura 7: Características importantes na qualidade do processo executivo de


edificações.

O trabalho partirá do princípio que o projeto referente ao SPHS possui


um nível de qualidade apto a ser executado, em virtude da grande abrangência
teórica que teria de ser realizada, não sendo o foco desse trabalho, como
consequência esse item será apresentado resumidamente.

34
No caso dos SPHS, é importante perceber que para um desempenho
satisfatório o processo executivo deve ser planejado desde a concepção da
edificação até sua finalização, com projeto compatibilizado que atenda as
exigências do usuário passando por várias etapas executivas, como
recebimento, estocagem, execução e conferência.

7.1. O Projeto

Em um primeiro momento para que se obtenha qualidade na execução


existe a necessidade de um projeto elaborado por um profissional habilitado,
esse deve estar compatibilizado com os demais sistemas pertencentes à
edificação, como o sistema estrutural, elétrico e outros subsistemas do próprio
sistema predial como, sistema de água fria, quente, esgoto, incêndio, gás,
evitando soluções improvisadas e retrabalho.
O projeto deve apresentar as plantas e isométricas hidráulicas de todas
as áreas molhadas, com os diâmetros das tubulações, os comprimentos e as
respectivas alturas.
Nas plantas devem ser apresentadas as conexões e acessórios
utilizados e devem ser fornecidos os detalhes pertinentes, a fim de esclarecer
qualquer dúvida executiva. Também devem ser apresentados os projetos que
prevê em qualquer interferência na estrutura.
As áreas destinadas a armazenamento de água, o esquema vertical de
distribuição de água, coleta de esgoto, gás, incêndio, dentre outros também
devem ser apresentados.
Cabe ao projetista utilizar soluções que evitem desperdício de materiais,
retrabalho ou previnam futuras patologias, a fim de atingir uma grande
racionalização do processo.
Vale ressaltar que o projeto precisa obedecer todas as normalizações
existentes e todo procedimento de cálculo deve ser apresentado, assim como o
procedimento executivo.
O conhecimento do sistema predial possibilita que o projetista abra um
leque de soluções como shafts, tubulações aparentes, forros falsos, sancas,
carenagens, entre outras que devem ser detalhadas no projeto.

35
7.2. Recebimento

O recebimento dos materiais tem papel fundamental para um bom


desempenho de uma edificação. A qualidade dos materiais utilizados ditará o
ritmo de execução e o nível de desperdício da obra.
Souza e Mekbekian (1996) sugerem que cada construtora deva avaliar
os fornecedores considerando sua capacidade de atender aos requisitos de
fornecimento de materiais, visando suprir adequadamente as necessidades da
obra e dos clientes. Para isso deve ser criada a planilha de qualificação de
fornecedores e procedimento operacional de recebimento de materiais em
obra, possibilitando que os fornecedores sejam avaliados. Os requisitos
principais a serem observados são:
_ Certificação pelo ISO 9000 ou detentor de produto certificado no
mercado;
_ Capacidade de atender os requisitos da qualidade;
_ Histórico de fornecimentos similares para outras empresas;
_ Referências de outras empresas.

Nesse requisito vale ressaltar que poucos fornecedores possuem o


certificado de qualidade dos materiais hidráulicos, que comprovam e
asseguram as especificações descritas, dessa maneira é importante que se
tenha confiança na empresa fabricante, evitando compra de produtos com
marcas duvidosas e que ofereçam preços muito abaixo daqueles estabelecidos
pelo mercado.
A conferência de todos os materiais pertencentes aos SPHS é de
extrema importância, considerando diâmetros, quantidades e qualidade, a fim
de assegurar um bom desempenho dos serviços.
No ato do recebimento deve ser relatada qualquer inconformidade
encontrada e repassada aos departamentos encarregados da compra do
material, para que o fornecedor seja reavaliado.
Para viabilizar o controle do recebimento de materiais, Souza e
Mekbekian (1996) indicam a elaboração de um formulário de especificação e
de registros da qualidade, de acordo com as necessidades da empresa,

36
procurando sempre clareza de entendimento e praticidade de uso, para
utilização de qualquer funcionário da empresa.

7.3. Estocagem

A correta estocagem dos materiais é fundamental para a conservação


da qualidade do planejamento construtivo, evitando atrasos nas atividades.
Para tanto, faz-se necessário que os materiais sejam armazenados em
locais seguros contra roubo, fora de áreas onde estejam sujeitos a impactos,
ou onde se trabalhe com produtos químicos agressivos, em local coberto e
distante de fontes de calor.
Os materiais estocados dos SPHS não devem entrar em contato com o
solo, principalmente tubulações de cobre, devendo ser separados por
diâmetros diferentes, e de preferência, em lotes que definam etapas
executivas.
O armazenamento deve ser localizado próximo ao local de utilização, de
maneira que não cause interferências com outros serviços, para que se evite o
transporte horizontal dos materiais.

7.4. Execução

A qualidade no método executivo de SPHS esta diretamente relacionada


a correta operacionalidade do processos no interior da obra. Esta
operacionalidade aborda questões de controle de recebimento,
armazenamento de materiais e equipamento, e na qualidade de cada
serviço específico do processo de produção.
Segundo Souza e Mekbekian (1996), para um controle de qualidade
assegurador é necessária a implantação do ciclo PDCA (Figura 7.1),
importante instrumento, com intuito de padronização de processo, visando o
aperfeiçoamento contínuo por meio do estabelecimento.

37
Figura 7.1: Ciclo PDCA aplicado a serviços de execução de obras.Fonte:
Souza e Mekbekian (1996).

As etapas descritas funcionam desde que documentadas corretamente,


permitindo o treinamento correto dos operários, a retroalimentação dos
sistemas, e um acompanhamento eficaz dos séricos executados e daqueles
em execução.
Ainda vale lembrar que a maioria das empresas não tem a prática de
documentar qualquer das etapas mencionadas, tornando limitado e variável o
domínio, devido à mão de obra variar com o local e a época.
O engenheiro de obra juntamente ao mestre e encarregado tem a
função de garantir os padrões dos serviços, por treinamento da mão de obra
relacionada, como por meio de uma fiscalização.
O acompanhamento e a inspeção dos serviços permitem que ações
corretivas evitem comprometimento de etapas posteriores, lembrando que o
modo de supervisão deve ser documentado a fim de que outros profissionais
tomem os procedimentos preventivos necessários.
Os procedimentos relativos à execução devem ser claros e objetivos,
abordando as principais características, alem disso devem ser baseadas em
normas técnicas, bibliografias ligadas à área, na experiência dos técnicos
ligados as diversas áreas da empresa e estejam disponíveis em formulários
simples e de fácil manuseio.
Nesse trabalho serão sugeridos os formulários PES (Procedimento de
Execução dos Serviços), PIS (Procedimento de Inspeção dos Serviços) e FVS
(Ficha de Verificação dos Serviços).

38
Em virtude da utilização dessas planilhas vários serviços do SPHS
podem ser padronizados assim como métodos de supervisão dos serviços em
execução e já executados, possibilitando o crescimento da qualidade nessa
etapa da edificação.
Abaixo estão mencionadas algumas atividades que poderiam possuir
padrão de procedimento executivo, com treinamento dos operários, além do
padrão de processos de vistoria de serviços em execução:
 Posicionamento das tubulações nos ambientes, levando em
consideração, quando necessário, modulações.
 Interferências das tubulações com vigas, pilares e lajes, no que se refere
ao posicionamento.
 Declividades necessárias a cada ambiente nas tubulações de esgoto.
 Distâncias entre tubulações dentro de shafs, sancas, carenagens, forros
falsos.
 Posicionamento de registros, válvulas em locais específicos.
 Modo de passagem vertical das tubulações na alvenaria, para
abastecimentos de equipamentos e assessórios hidráulicos.
 Modo de passagem horizontal das tubulações nos ambientes, para
abastecimentos de equipamentos e assessórios hidráulicos.
 Posicionamento do sistema de redução de pressão.
 Posicionamento da tubulação de ventilação.
 Posicionamento do sistema redutor de espuma nos primeiros
pavimentos.

39
8. QUALIDADE O PROCESSO DE EXECUÇÃO

O sistema de execução dos SPHS, em estruturas de concreto armado,


tem sido melhorado gradativamente, para isso, um grande número de soluções
busca aumentar a qualidade do sistema predial, através da diminuição de
interferências com a estrutura, com a alvenaria.
Já o sistema de alvenaria estrutural impõe um maior grau de
racionalização na execução de edificações, isso, em virtude, da unificação do
sistema estrutural com a vedação, inviabilizando processos que causem
grandes deteriorações.
Em virtude dessa impossibilidade, de grandes cortes, quebra demasiada
em muitos locais, com consequente perda de resistência, surgem as soluções
tecnológicas, que buscam maior qualidade construtiva, introduzindo maior
racionalização ao processo.
A maior parte das soluções apresentadas nesse trabalho se estende
para os sistemas construtivos de concreto armado e alvenaria estrutural, no
entanto, soluções como paredes hidráulicas, blocos especiais e previsão de
cortes horizontais e verticais, são na maior parte das vezes utilizadas no
sistema de alvenaria estrutural, assim como, a solução de previsão de furos é
utilizada em maior parte das vezes no sistema de concreto armado, somente
sendo utilizada na execução de lajes, no sistema de alvenaria estrutural.
Desse modo seguem algumas das soluções para execução dos
sistemas prediais em estruturas de concreto armado e alvenaria estrutural.

8.1. Parede Hidráulica

É a introdução dos SPHS, geralmente água fria, quente, esgoto em uma


parede sem finalidade estrutural, consequentemente sua construção pode ser
realizada com elementos de fechamento. Dessa maneira, o método permite
que as paredes sejam quebradas ou recortadas se necessário, na Figura 8,
pode ser vista a solução sendo utilizada em um sistema de alvenaria estrutural.

40
Figura 8: Parede hidráulica aparecendo como solução no sistema de alvenaria
estrutural. Fonte: Gomar e Freire (2005).

8.2. Forro Falso

Essa técnica de construção possibilita que as tubulações percorram


caminhos horizontais, pela região abaixo das lajes, dessa forma, evitando que
as instalações caminhem dentro de paredes ou transpassem muitas vezes os
elementos estruturais, como pode ser visto na Figura 8.1, onde a tubulação
percorre o ambiente abaixo da laje.

41
Figura 8.1: Tubulação de esgoto passando abaixo da laje. Fonte: Gomar e
Freire (2005).

A solução também permite menor interferência com pilares, que na


maioria das obras são perfurados, com vigas, desde que a passagem ocorra
abaixo de sua face inferior, lembrando que esse procedimento pode ser
realizado, se não ocorrer diminuição significativa do pé direito da edificação.

8.3. Carenagem

Dentre outras soluções, está a carenagem, que evita retaliação das


paredes componentes de uma edificação, para introdução dos SPHS, por
constituir um acabamento de sobrepor.
Nesse sistema as tubulações permanecem entre a parede e a carenagem, que
pode ser de poliestireno, poliéster, fibra de vidro e outros materiais, não sendo
necessária a deterioração da parede.
Além disso, a carenagem possibilita um acabamento de alto padrão
(Figura 8.2), que vem conquistando arquitetos, engenheiros e os usuários.

42
Figura 8.2: Exemplos de carenagens. Fonte: Gomar e Freire (2005).

8.4. Shaft Vertical

O shaft vertical consiste em um espaço pré-determinado que possibilite


a passagem ininterrupta das tubulações verticais, sem que exista necessidade
de desvios ou retaliações a outros sistemas pertencentes à edificação (Figura
8.3).

43
Figura 8.3: Shaft vertical. Fonte: Ferreira, Fontoura e Guerrini (2003).

Podem ser visitáveis, com portinholas de acesso, de diversos materiais,


os mesmos, possibilitam a manutenção do sistema, sem que nenhuma parte de
seu fechamento seja danificada para acesso as tubulações.
Já os não visitáveis, em caso de manutenção, precisam ser quebrados em
determinada parte para que ocorra o acesso a parte interna, esses são
constituídos inteiramente em alvenaria.

8.5. Shaft Horizontal

Assim como, o shaft vertical, o horizontal caracteriza-se por possibilitar o


caminhamento das tubulações na posição horizontal sem interrupção com
outras partes constituintes da edificação (Figura 8.4), retirando o serviço, que
antes, era realizado dentro das alvenarias, estrutural e de fechamento.
O método traz consigo a construção das chamadas bancadas técnicas,
que na maior parte das vezes, é construída em alvenaria ou dry wall.

44
Figura 8.4: Shaft horizontal. Fonte: Gomar e Freire (2005).

8.6. Blocos Hidráulicos

Outra forma de execução dos sistemas prediais, no sistema construtivo de


alvenaria estrutural, é através da utilização de blocos especiais, que permitem
a passagem da tubulação, por meio de recortes e furações previamente
moldados nesses blocos, processo que é realizado insdustrialmente, evitando
qualquer processo de quebra nas paredes.
A Figura 8.5 mostra alguns dos tipos de blocos especiais presentes para venda
no mercado.

45
Figura 8.5: Blocos especiais presentes para venda no mercado. Fonte: Gomar
e Freire (2005).

8.7. Recebimento

No recebimento de materiais dos SPHS observou-se, em todas as obras


visitadas, que não existiam métodos de controle para recebimento. Os mesmos
eram recebidos por conferência do pedido de compra e da nota fiscal, no
entanto, outros procedimentos importantes não eram realizados, pelo fato da
maioria dos operários não possuírem treinamento e não terem em mãos um
formulário de especificação e inspeção de materiais, formulário cujo
desenvolvimento é de responsabilidade de um profissional qualificado
designado pela empresa, abrangendo as necessidades desta, buscando
clareza, entendimento e praticidade de uso.
Dentre os procedimentos não realizados pode-se citar a seleção de
algumas amostras para a verificação de eventuais defeitos das peças.
No ato do recebimento, somente eram conferidas a quantidade e as
dimensões gravadas nas peças pelo fabricante.
Não havendo um controle de qualidade no recebimento dos materiais,
as não conformidades não eram repassadas ao departamento de compras,
impossibilitando uma seleção de fornecedores qualificados.

46
8.8. Estocagem

Em todas as obras visitadas foi possível observar que os materiais


encontravam-se estocados em locais inadequados, como em áreas distantes
da zona de trabalho, necessitando de grandes deslocamentos, tanto verticais
como horizontais, atrasando a execução de tarefas ligadas aos SPHS, e
comprometendo outras atividades, em virtude da grande movimentação de
materiais no interior da obra (Figura 8.6).

Figura 8.6: Grande distância entre o local de estocagem e o de utilização.

47
Outros aspectos verificados nas obras foram às localizações da
estocagem, que geralmente encontrava-se em locais abertos, sujeitos a
chuvas, ventos e sol podendo comprometer a qualidade dos materiais
estocados, como pode ser visto na Figura 8.7.

Figura 8.7: Tubulação armazenada em local sujeito a chuva, vento e sol.

Quanto à estocagem, pode-se observar que nenhum tipo de


organização era adotado.
Desta maneira, as tubulações com diâmetros e finalidades diferentes
eram agrupadas com outros materiais, lona plástica e arame, tornando ainda
mais demorado o processo de execução, pelo fato dos operários terem que
separar aquelas que seriam necessárias para a execução em questão (Figuras
8.8 e 8.9).

48
Figura 8.8: Corpos de prova, arame e outros materiais misturados as
tubulações hidráulicas.

49
Figura 8.9: Lona plástica e outros matérias misturados as tubulações
hidráulicas.

Além disso, foi observado que outros materiais, não pertencentes ao


SPHS, eram colocados dentro das tubulações, enfatizando a desorganização e
falta de controle que o canteiro era submetido (Figura 8.10).

50
Figura 8.10: Tubulações de diferentes diâmetros e finalidades armazenadas
conjuntamente.

O mesmo ocorria com as conexões e outros equipamentos pertencentes


ao SPHS, ou seja, o material era armazenado de maneira conjunta e em vários
locais, sem que fossem separados por diâmetros, tipo de material constituinte
ou lotes que representassem uma etapa executiva na edificação, levando,
novamente, a dificuldade de determinação da quantidade armazenada (Figuras
8.11 e 8.12).

51
Figura 8.13: Dificuldade na determinação da quantidade do material estocado.

52
Figura 8.14: Material estocado em vários locais.

8.9. Execução

Em visita as obras foram constatadas que a operacionalidade dos


serviços era de baixa qualidade principalmente no que se refere ao método de
execução.
Essa avaliação pode ser comprovada pela falta de planejamento de
execução, de padronização dos procedimentos envolvidos, em que não foram

53
observados os métodos executivos, que prevê em ferramentas adequadas e
documentos importantes como projetos e especificações técnicas no local de
trabalho, fazendo com que soluções e métodos improvisados fossem
realizados em quase todas as atividades, podendo gerar uma grande
quantidade de patologias, relacionadas aos SPHS.
Como procedimentos improvisados, podem-se citar, a abertura abrupta
de alicerces em alvenaria estrutural, com utilização de martelos ou marretas,
para instalação da tubulação de esgoto, gerando furacões maiores que as
necessárias, como mostram as Figura 8.13 e 8.14.

Figura 8.13: Alvenaria estrutural sendo quebrada.

54
Figura 8.14: Furação maior que a adequada.

Ainda relacionado à alvenaria estrutural, pode-se observar que o método


de execução dos SPHS, consistia na quebra das paredes estruturais em locais
de grouteamento, como nas canaletas de apoio da laje. Esse procedimento é
caracterizado como inadequado, devido à diminuição significativa de
resistência das paredes (Figura 8.15).

55
Figura 8.15: Canaleta grouteada de apoio da laje perfurada para passagem da
tubulação de esgoto.

Ainda, nas obras de alvenaria estrutural, foi observado, que os


procedimentos para execução dos SPHS não consideravam a utilização de
blocos hidráulicos, dessa maneira, qualquer forma de interferência era
resolvida com a quebra das paredes (Figura 8.16).

56
Figura 8.16: Qualquer forma de interferência era resolvida com a quebra do
elemento estrutural.

O mesmo procedimento pôde ser observado em construções de


concreto armado com aberturas em elementos estruturais, como vigas e lajes,
evidenciando a falta de planejamento de execução dos SPHS (Figura 8.17 a
8.18).

57
Figura 8.17: Falta de planejamento de execução, evidenciado pela perfuração
do elemento estrutural.

Figura 8.18: Laje com furação improvisada para passagem da tubulação


vertical de esgoto.

58
Figura 8.19: Retrabalho e aumento do gasto de materiais
.

Figura 8.20: Tamanho excessivo do corte para passagem das tubulações.

59
Da mesma forma, as alvenarias de fechamento, pertencentes ao
sistema de concreto armado, eram quebradas para passagem das instalações
de esgoto e água fria, gerando grandes quantidades de entulho, de retrabalho
e consequentemente aumento do custo total da edificação, em virtude do
aumento da quantidade de trabalho e da quantidade de material utilizada
(Figura 8.21 e 8.22).

Figura 8.21: Alvenaria de fechamento após execução dos sistemas de esgoto e


água fria.

60
Figura 8.22: Forma de passagem da tubulação de esgoto pela parede de
alvenaria.

Outro procedimento observado foi o aquecimento das tubulações, por


meio de maçarico, para encaixe entre tubulações de esgoto (Figura 8.23),
podendo alterar significativamente a resistência dos tubos e permitir
vazamentos entre as ligações.
Algumas falhas referem-se à falta de acompanhamento do engenheiro
responsável, e de documentos que assegurem e orientem o método de
execução. Essa ocorrência pode ser vista na Figura 8.24, que apresenta
junções à 90º no sistema de esgotamento sanitário, quando o exigido pela
normatização é 45º.
Também foram observados procedimentos inadequados para fixação de
tubos, com utilização de métodos que pudessem comprometer outras partes do
sistema, além da passagem das tubulações de esgoto em regiões muito
distantes do teto, diminuindo consideravelmente o pé direito da edificação.
(Figuras 6.25 e 6.26).

61
Figura 8.23: Aquecimento da tubulação de esgoto
.

Figura 8.24: Junção sendo realizada à 90º.

62
Figura 8.25: Método improvisado para fixação do sistema de água fria.

Figura 8.26: Tubulações de esgoto reduzindo abruptamente o pé direito da


edificação.

63
Os ensaios para confirmação da qualidade dos serviços, como
verificação da estanqueidade através da adição de água no sistema, não eram
realizados, obviamente, também não foram encontrados registros de
inadequabilidades, que documentassem serviços inaptos e alertassem para
futuras correções, tornando difícil, em caso de patologias nos sistemas, o
rastreamento das possíveis causas (Figura 8.28).

Figura 8.27: Ensaio de estanqueidade não era realizado em nenhuma parte do


sistema de esgotamento sanitário.

Ainda como fator agravante, foi possível descobrir em conversa com os


operários, que nenhuma forma de orientação prática era passada para
execução dos SPHS, dessa forma, em caso de dúvida, as soluções eram
resolvidas pelos próprios operários, que raramente eram questionados, pelos
engenheiros, sobre o método adotado, evidenciando a falta de treinamento,
acompanhamento e fiscalização dos procedimentos.

64
9. Soluções hidráulicas para melhor remanejamento de
impactos ambientais.

Diante a perspectiva de que atualmente sofremos constantemente pela


falta de água, é importante fomentarmos investigações e dialéticas estruturais
em torno do assunto, visando que o problema em questão afeta grande parte
de nosso país. Neste preceito investigar maneiras conscientes e com custo
baixo de produção que viabilizem a economia e reutilização da água, nos é
pertinente quanto integrantes responsável de uma demanda social que
participa do planejamento habitacional e urbano de nosso país, que
consequentemente resulta em paralelos econômicos.

Tem-se conhecimento que o mundo já acordou para os


problemas relacionados com a construção civil e seu alto
impacto ambiental, fato que tem resultado em vários projetos já
construídos que levam em conta a máxima eficiência de uma
habitação. Entretanto, ainda há o problema no sentido de que
essa alta eficiência veio aliada ao alto custo, tornando inviável
para a maioria da população.(VISINTAINER; CARDOSO,
VAGHETTI, 2012, p. 135).

Neste sentido, Kleiman (2010), nos remete à ideologia de que assim


como a preocupação com a construção de casas com valores mais acessíveis
é consideravelmente nova, a idealização de se implantar projetos que busquem
em suma pela primazia de sistemas hidráulicos e saneamento básico, também
é recente. Assim o mesmo destaca vertentes paradoxais quanto o cenário
cotidiano das 'favelas', que passou a ser chamada de 'comunidade', tendo em
vista que os barracos foram rapidamente substituídos por 'casas' que não
foram exatamente planejadas de acordo com a demanda que exigia e
apresentava à sociedade.

Os Programas Especiais de água e esgoto para baixa renda


introduzem um elemento de novidade no processo de
urbanização brasileira, procurando, singularmente, dotar de
água e esgoto áreas de camadas populares mediante uma
política de saneamento. A questão é que o fazem por meio de
um padrão idêntico ao utilizado nas áreas de maior renda: um
desenho hiperdimensionado, com obras de grande porte e com
sofisticação técnica, com alto custo. Não levam em conta as
demandas dos movimentos populares urbanos, nem os
conduzem à esfera decisória. Não levam também em conta a

65
tipologia habitacional e a estrutura urbana das comunidades
populares, e passam por cima da cultura das práticas
cotidianas que configuraram-se na ausência de política.
Não se trata de algo trivial a passagem da ausência e/ou
precariedade de redes e serviços de água e esgoto para a sua
disponibilidade. Essa implica novos hábitos cotidianos
envolvendo mudanças na higiene corporal, no preparo de
alimentos, na limpeza das casas, na saúde. Trata-se de uma
mudança de modelo cultural que introduza novas práticas
cotidianas, que são processos necessariamente lentos e que
envolvem, até mesmo, uma educação.

Muitos projetos e pesquisas apontam como grande setor a ser


pensado e amadurecido a questão da captação e tratamento das águas da
chuva, onde a mesma pode ser reutilizada para diferentes fins. Este preceito
hídrico contribui de fato não apenas para uma forma mais ecológica, mas
acaba gerando para seu investidor um bom rendimento econômico, já que a
água coletada não lhe traria custo adicional. Ainda de acordo com a EcoCasa,
esta medida ajudaria a polpar água de mananciais, e a mesma poderia ser
utilizada para "(...) descargas sanitárias, irrigação de jardins, limpeza de
calçada, pátios, paredes, veículos, em espelhos e fontes d’água, sistemas de
resfriamentos, entre outros, economizando assim a água tratada, que poderá
ser usada apenas para fins mais nobres."(ECOCASA, 2014).
Esta água captada é armazenada diretamente em cisternas, onde não
há contato com objetos externos que possam contaminá-la.. O sistema em
questão, pode ser implantado desde residências, onde durante o processo de
construção da mesma, há a necessidade de se reservar uma parte hidráulica
isolada, assim a água coletada estará disponível apenas para fins mais nobres,
que não estão ligadas diretamente ao consumo humano, já que estamos
tratando aqui de uma água mais salubre.

66
Figura 9: Modelo de Cisterna.

67
Figura 9.1: Planta da casa em relação à Cisterna.

Outro aspecto importante, e que não encontramos ainda muitos estudos,


é sobre o encanamento utilizado na construção das casas. E tanto na
captação, quanto na distribuição da água, temos no mercado um recente
material de construção para tubulações, o Sistema Pex.

68
Figura 9.2: Sistema PEX.

http://www.metalica.com.br/sistema-pex-polietileno-reticulado

O sistema PEX, é constituído por tubulações feitas Polietileno


Reticulado, material este que aguenta altas e baixas temperaturas, sendo ideal
portanto para a utilização de água quente e fria, já que pode suportar a
dilatação da água congelante, assim como a corrosão e altos impactos.
A tubulação também apresenta pontos positivos quanto à economia,
pois este além de ser flexível distribuiu a água através de tubos guias, por meio
de condutes, assim quando ocorre a necessidade de se averiguar o
encanamento, não há necessidade de retirar toda a tubulação, apenas uma
pequena parte, pois a mesma possuí interdependência, desta forma sua
manutenção é mais eficiente e prática.za. Ele é composto por cinco camadas
sobrepostas, que vem de dentro para fora (HDPE ou PEX),cuja ligação firme só
é possível por conta de adesivos aquecidos em um tubo de alumínio.

69
Figura 9.3: perspectiva de instalação do Sistema PEX.

http://www.metalica.com.br/sistema-pex-polietileno-reticulado

Todas as camadas são extrudadas separadamente. A


parte interna e externa do PEX é de PE especial,
higienizado, não tóxico e completamente isento de
rugosidade internas. O tubo interno de alumínio é
completamente estanque ao gás, conferindo assim as
vantagens do metal com o tubo plástico, eliminando-se as
desvantagens do uso destes materiais quando
empregadas separadamente. Este sistema inovador
confere alta resistência a corrosão e é indicado para uso
em baixas e altas pressões de serviço pois o tubo interno
confere alta resistência a vazamento de gás e líquidos em
geral. O sistema de estanqueidade através de porcas de
pressão confere resistência a vazamento em instalações
hidráulicas. (METÁLICA, 2014).

Mesmo atendendo novos preceitos na construção, como a implantação


do sistema Pex, que possuí um custo relativamente inferior, é necessário se
atentar também à forma como estes materiais de construção são
armazenados, pois muitas situações de incoerência dentro do processo de
70
construção podem estar ligados diretamente à forma como os materiais são
guardados.
Neste sentido, Vita (2007) destaca que:

A correta estocagem dos materiais é fundamental para a


conservação da qualidade do planejamento construtivo,
evitando atrasos nas atividades. Para tanto, faz-se
necessário que os materiais sejam armazenados em
locais seguros contra roubo, fora de áreas onde estejam
sujeitos a impactos, ou onde se trabalhe com produtos
químicos agressivos, em local coberto e distante de fontes
de calor. Os materiais estocados dos SPHS não devem
entrar em contato com o solo, principalmente tubulações
de cobre, devendo ser separados por diâmetros
diferentes, e de preferência, em lotes que definam etapas
executivas. O armazenamento deve ser localizado
próximo ao local de utilização, de maneira que não cause
interferências com outros serviços, para que se evite o
transporte horizontal dos materiais. (VITA, 2007, p. 14).

Por ser tão inovador, este sistema deve ser melhor estudado e
pesquisado, pois ele dispõem de artifícios facilitadores e contundentes no
preceito de estabelecer um investimento profícuo e duradouro quanto à
construção de casas populares. Pode-se dizer que o investimento inicial é
relativo aos ganhos que posteriormente seriam gastos ao se fazer a
manutenção geral de uma rede de encanamentos.
Concluímos assim que dentro de um padrão conceitual de quais
parâmetros e preceitos devem ser levados em consideração quanto à
reformulação do planejamento das casas populares, nos pautamos nos
recursos hídricos como aspecto de grande primazia, já que o mesmo é de real
interesse para o contexto mundial, e quanto mais desenvolvermos ideal que
preservem nossas fontes hídricas estaremos cada vez mais perto de um
modelo social vigente que abranja de forma igualitária todas as classes sociais,
pois é preciso planejar e reestruturar o meio urbano e habitacional, de forma
que o acesso a qualidade de moradia, assim como de assistência e suprimento
à dignidade de vida sejam respeitados e perpetuado à todos.

71
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identifiquei que o sistema popular habitacional brasileiro já deu o


primeiro passo em busca a manutenção da estabilidade econômica. Porém,
muitos são os aspectos a serem enfrentados em conjunto com o setor
produtivo para que o país possa efetivar uma política habitacional voltada à
população de baixa renda, sustentável e estruturada o suficiente, dando início,
assim, ao saneamento do déficit habitacional.
Apesar de identificar vários aspectos positivos na emissão de crédito o
Brasil está atuando em uma linha mais sólida e embasada, faltando apenas um
amadurecimento do mercado de capitais com a regulamentação de
procedimentos necessários a securitização, por exemplo, no intuito de
alavancar o sistema.
Sem a pretensão de esgotar o tema, este trabalho buscou ressaltar
algumas ações fundamentais para que as concessões de crédito à população
de baixa renda atinjam números na escala necessária ao Brasil, tais como:
descolar‖ as políticas habitacionais das políticas partidárias, propiciando que as
primeiras tenham sustentabilidade própria; desburocratizar procedimentos e
alocar de forma mais específica os recursos destinados à habitação. O Brasil
poderia solucionar, em médio prazo e de forma mais eficaz.
Muitas são as barreiras a serem enfrentadas pelo setor habitacional
brasileiro. Porém, entende-se que o cenário está se adequando a cada dia,
para que o país, nos próximos anos, possa evoluir até ter condições de
apresentar um mercado de crédito imobiliário sustentável, de forma que
consiga iniciar a longa jornada no intuito de atender a população de baixa
renda.

72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA.

BORTEGA, L. R. A POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL (1930-1990).


REVELA: Periódico de Divulgação Científica da FALS, Ano I, nº. 2, mar. 2008.

D451 O desenvolvimento econômico brasileiro e a Caixa: trabalhos premiados


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Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento : Caixa Econômica Federal,
2011.

FERREIRA, A. R. PROGRAMA DE COMBATE AO DÉFICIT HABITACIONAL


BRASILEIRO. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.

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ATRAVÉS DA INSERÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS NA INDÚSTRIA DA
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PLUVIAL EM ENCOSTAS HABITADAS – ABORDAGEM A PARTIR DE
ESTUDO BIBLIOGRÁFICO. Barbacena: UNIPAC, 2011.

73
VISINTAINER, M. R. M; CARDOSO, L. A; VAGHETTI, M. A. O. Habitação
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Arquitetura da IMED, v. 1, n.2, 2012, p. 133-140

VITA, D. E. QUALIDADE NA EXECUÇÃO DOS SISTEMAS PREDIAIS


HIDRÁULICOS E SANITÁRIOS. São Carlos: Universidade Federal de São
Carlos, 2007.

ZORRAQUINO, L. D. A EVOLUÇÃO DA CASA NO BRASIL. Rio de Janeiro:


UFRJ, jul. 2006.

74

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