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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Engenharias
Curso de Graduação em Engenharia Civil

Trabalho de Conclusão de Curso

Intervenção projetual para ampliação de edificação pública educacional:


o caso do Prédio do CEng/1001

Lucas Barbosa da Silveira Rodrigues

Pelotas, 2020
Lucas Barbosa da Silveira Rodrigues

Intervenção projetual para ampliação de edificação pública educacional:


o caso do Prédio do CEng/1001

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Centro de Engenharias da Universidade
Federal de Pelotas, como requisito parcial à
obtenção de título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientadora: Isabela Fernandes Andrade

Pelotas, 2020
Lucas Barbosa da Silveira Rodrigues

Intervenção projetual para ampliação de edificação pública educacional:


o caso do Prédio do CEng/1001

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, como requisito parcial, para obtenção


do grau de Bacharel em Engenharia Civil, Centro de Engenharias, Universidade
Federal de Pelotas.

Data da Defesa: 16/12/2020

Banca examinadora:

Profª. Drª. Isabela Fernandes Andrade


Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Dr. Hebert Luis Rossetto


Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo

Prof. Dr. Luis Antonio dos Santos Franz


Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
À memória de Maria Rosa Maciel Barbosa,
registrando minha gratidão por ser a maior
fonte de acolhimento, incentivo e amor.
Agradecimentos

À minha mãe, Mara Cristina Barbosa da Silveira, que não há dia em que não
lute por mim. Eu jamais teria oportunidades na vida sem seu empenho. Esta
conquista é mais dela do que minha.
À minha família, por todo o amor, respaldo e contribuições que vão das
mínimas às máximas possíveis. São minha base de suporte, configurando o
ambiente para o qual eu sempre desejarei retornar.
Aos amigos, pessoas que vieram, ficaram ou se foram, que estiveram
presentes ou distantes torcendo por mim, me proporcionando apoio, compreensão e
sentimentos de esperança.
À minha orientadora e aos professores que compõem esta banca
examinadora, profissionais incríveis que se mantiveram dispostos, acolhedores e
pacientes, mostrando-me que mudar o mundo é possível.
A todos que têm me agregado de qualquer forma, seja na Universidade ou na
vida, que me enriqueceram com suas contribuições, que me mostraram o caminho
certo muitas vezes e que fizeram esta longa jornada valer à pena.

Meu sincero muito obrigado.


Resumo

RODRIGUES, Lucas Barbosa da Silveira. Intervenção projetual para ampliação


de edificação pública educacional: o caso do Prédio do CEng/1001. Trabalho de
Conclusão de Curso - Curso de Bacharelado em Engenharia Civil, Centro de
Engenharias, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2020. 200 p.

Este trabalho de pesquisa tem viés prático e executivo, acerca da proposta de


reforma de um prédio público inventariado, para a ampliação do Centro de
Engenharias da Universidade Federal de Pelotas. Trata-se de estudos de
viabilidade, pesquisas de demandas da comunidade acadêmica e readaptações de
projetos já elaborados para a promoção de um espaço educacional de qualidade,
que atenda às necessidades da comunidade acadêmica desta Unidade, de acordo
com as normas técnicas brasileiras. Metodologicamente empregando um modelo de
projeto empático, desenvolveu-se um projeto técnico e fotorrealista que contempla
as maiores demandas da comunidade encontradas ao longo da pesquisa,
concluindo que a participação e o envolvimento inclusivo é fundamental para
obtenção de um bom projeto.

Palavras-chave: obras públicas; construção e reforma; ambiente construído;


acessibilidade; inclusão.
Abstract

RODRIGUES, Lucas Barbosa da Silveira. Project intervention for expansion of


educational public building: the case of building CEng/1001. Completion of
Course Work - Bachelor Degree in Civil Engineering, Centro de Engenharias,
Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2020. 200 p.

This research work has a practical and executive bias, regarding the proposal to
renovate an inventoried public building, for the expansion of the Engineering Center
of the Federal University of Pelotas. These are feasibility studies, research on the
demands of the academic community and retrofitting of projects already prepared to
promote a quality educational space that meets the needs of the academic
community of this Unit, in accordance with Brazilian technical standards.
Methodologically employing an empathic project model, a technical and photorealistic
project was developed that contemplates the greatest demands of the community
found throughout the research, concluding that participation and inclusive
involvement is fundamental to obtain a good project.

Key-words: public constructions; construction and renovation; built environment;


accessibility; inclusion.
Lista de Figuras

Figura 1 - Entorno do Prédio do CEng/1001 e da Cotada...................................... 27


Figura 2 - Fachada do Prédio do CEng/1001 ....................................................... 28
Figura 3 - Visão geral logo à entrada do prédio .................................................... 29
Figura 4 - Imagem de satélite da quadra do Prédio do CEng/1001 ........................ 31
Figura 5 - O paradigma da inclusão ..................................................................... 33
Figura 6 - Relação da quantidade de imóveis inventariados .................................. 39
Figura 7 - Antiga Agência do Banco do Brasil, Centro de Pelotas .......................... 41
Figura 8 - Marquise desaba no Centro de Pelotas ................................................ 42
Figura 9 - Fachada da antiga Fábrica de Mosaicos .............................................. 42
Figura 10 - Novo uso atribuído ao prédio da Fábrica de Mosaicos ......................... 43
Figura 11 - Casarão dos Mendonça..................................................................... 44
Figura 12 - Casarão dos Mendonça em 2017....................................................... 44
Figura 13 - Casarão dos Mendonça reciclado ...................................................... 45
Figura 14 - Fachada da BCS previamente à sua reciclagem ................................. 46
Figura 15 – Vista Interna das fachadas e fundações............................................. 46
Figura 16 - Fachada da BCS poucos meses antes da entrega .............................. 46
Figura 17 - Telhas-forro antecedendo a instalação de telhas cerâmicas ................ 47
Figura 18 - Estruturas metálicas na BCS ............................................................. 48
Figura 19 - Proposta com descaracterizações...................................................... 50
Figura 20 - Croqui do levantamento métrico oficial ............................................... 51
Figura 21 - Portão principal no nível da calçada ................................................... 52
Figura 22 - Fachada principal, vista internamente................................................. 52
Figura 23 - Cobertura dos fundos com escoras em madeira.................................. 53
Figura 24 - Vegetação nas paredes..................................................................... 53
Figura 25 - Volume de entulho ............................................................................ 54
Figura 26 - Desencontro da estrutura em madeira com a alvenaria ....................... 54
Figura 27 - Acesso do prédio da Cotada ao Prédio do CEng/1001 ........................ 55
Figura 28 - Permanência de pombos no local ...................................................... 55
Figura 29 - Imagem fotorrealista, quarto de gamer ............................................... 60
Figura 30 - Bridging Home, de Do-ho Suh, em Liverpool ...................................... 62
Figura 31 - Acessos principal e lateral da SECULT .............................................. 70
Figura 32 - Diferença entre igualdade e equidade ................................................ 71
Figura 33 - Medidas básicas para o design de cadeiras ........................................ 75
Figura 34 - Alcance manual frontal para pessoa sentada ...................................... 75
Figura 35 - Cotas de bancos de baixa e alta densidade ........................................ 76
Figura 36 - Cotas de sofás para áreas de estar .................................................... 76
Figura 37 - Banco – Área para transferência – Exemplo – Vista superior ............... 77
Figura 38 - Dimensões para assentos de pessoas obesas.................................... 77
Figura 39 - Cotas larguras e profundidades para mesas ....................................... 78
Figura 40 - Cotas alturas e profundidades para mesas ......................................... 78
Figura 41 - Cotas para superfícies de estudo ....................................................... 79
Figura 42 - Mesa – Medidas e área de aproximação ............................................ 80
Figura 43 - Terminais de consulta ....................................................................... 80
Figura 44 - Cotas para balcões de atendimento ................................................... 81
Figura 45 - Cotas para bancadas de cozinha ....................................................... 82
Figura 46 - Cozinha - Área de aproximação e medidas para uso ........................... 82
Figura 47 - Cotas para armários e prateleiras ...................................................... 83
Figura 48 - Cotas para acervos de biblioteca ....................................................... 84
Figura 49 - Estantes em bibliotecas ..................................................................... 84
Figura 50 - Cotas para bancadas com cubas em banheiros .................................. 85
Figura 51 - Cotas para bancadas de banheiro rebaixadas .................................... 86
Figura 52 - Faixa de alcance de acessórios junto ao lavatório ............................... 87
Figura 53 - Área de aproximação para uso do lavatório ........................................ 87
Figura 54 - Altura de instalação do espelho ......................................................... 87
Figura 55 - Instalação de barras de apoio junto a bacia sanitária........................... 88
Figura 56 - Cotas para instalação de bebedouros ................................................ 89
Figura 57 - Estufamento e ruptura por retração térmica ........................................ 91
Figura 58 - Exemplo genérico de um sistema de pisos e seus elementos .............. 91
Figura 59 - Paleta de cores a utilizar ................................................................... 92
Figura 60 - Medições externas feitas com trena ................................................... 94
Figura 61 - Possibilidades de aberturas na parede compartilhada ......................... 95
Figura 62 - Cotas de nível dos prédios vistas em corte ......................................... 95
Figura 63 - Hipótese de acesso pelo segundo piso da Cotada .............................. 96
Figura 64 - Detalhes do sistema de vedação........................................................ 98
Figura 65 - Vazados de luz natural nos encontros de águas da cobertura .............. 99
Figura 66 - Pontos claros na telha de fibrocimento revelam os remendos .............. 99
Figura 67 - Pontos com quebra de vidros............................................................100
Figura 68 - Sistema basculante danificado ..........................................................100
Figura 69 - Fissuras e umidade no piso de concreto............................................101
Figura 70 - Presença de fungos e deterioração do acabamento da alvenaria ........102
Figura 71 - Instalações dos fundos apresentam gotejamento ...............................102
Figura 72 - Espaço aberto no piso 3A da Cotada ................................................108
Figura 73 - Espaço aberto no piso 2A da Cotada ................................................108
Figura 74 - Sala de estudos em grupo ................................................................109
Figura 75 - Distâncias entre Cotada e bibliotecas próximas .................................110
Figura 76 - Zoneamento à mão livre ...................................................................111
Figura 77 - Croqui explicativo para rotas de fuga.................................................114
Figura 78 - Acesso ao prédio .............................................................................119
Figura 79 – Área de convivência e bilhar ............................................................119
Figura 80 – Recepção, portaria e acervo ............................................................120
Figura 81 – Acesso ao prédio no sentido de saída ..............................................120
Figura 82 – Perspectiva do mezanino e iluminação zenital...................................121
Figura 83 – Interior da área de acervo e terminais de consulta .............................121
Figura 84 – Acesso à cotada, extensão do convívio e corredor principal ...............122
Figura 85 – Corredor principal, sentido de rota de fuga........................................122
Figura 86 – Acesso às salas de aula e armários..................................................123
Figura 87 – Auditório nomeado “Maria Rosa” e mezanino ....................................123
Figura 88 – Mezanino ao observar a testada do prédio ........................................124
Figura 89 – Exemplo de sala de aula..................................................................124
Figura 90 – Área multiuso, ao final do corredor, nos fundos .................................125
Figura 91 – Salas de estudos coletivos e fotocopiadoras .....................................125
Figura 92 – Sanitário acessível, cantina e escada de emergência ........................126
Figura 93 – Sanitários coletivos, canto do chimarrão e acesso ao Prédio 4 ...........126
Figura 94 – Vista interna de sala de estudos coletivos .........................................127
Figura 95 – Auditório, vista do acesso ao palco...................................................127
Figura 96 – Vista do palco para o acesso ...........................................................128
Figura 97 – Vista para a lateral direita ................................................................128
Figura 98 – Perspectiva na saída de emergência ................................................129
Figura 99 – Acesso ao palco por rampa e escadas .............................................129
Figura 100 - Req. de Aprovação de Projeto / Reforma / Modificação e Licença para
Construção .......................................................................................................131
Figura 101 - Cadeira Duo vista em planta ...........................................................131
Figura 102 - Cadeira Duo vista em perspectiva ...................................................132
Lista de Quadros

Quadro 1 - Quadro lógico PDU ........................................................................... 24


Quadro 2 - Aspectos externos da testada do imóvel ............................................. 28
Quadro 3 - Prédios da Cotada e CEng/1001 listados no inventário ........................ 29
Quadro 4 - Subdivisões da NBR 15.575 (2013) .................................................... 36
Quadro 5 - Quadro de áreas da proposta oficial ................................................... 50
Quadro 6 - Dimensões de sofás para áreas de estar ............................................ 77
Quadro 7 - Dimensões larguras e profundidades para mesas ............................... 78
Quadro 8 - Dimensões alturas e profundidades para mesas ................................. 79
Quadro 9 - Medidas para superfícies de estudo ................................................... 79
Quadro 10 - Dimensões para balcões de atendimento.......................................... 81
Quadro 11 - Cotas para bancadas de cozinha ..................................................... 82
Quadro 12 - Dimensões para armários e prateleiras ............................................. 83
Quadro 13 - Dimensões para acervos de biblioteca .............................................. 84
Quadro 14 - Dimensões para bancadas com cubas em banheiros ........................ 85
Quadro 15 - Dimensões para bancadas com cubas em banheiros ........................ 86
Quadro 16 - Medidas para bacia sanitária e barras de apoio ................................. 88
Quadro 17 - Dimensões para instalação de bebedouros ....................................... 89
Quadro 18 - Classificação quanto a resistência à abrasão (PEI)............................ 90
Quadro 19 - Comparativo das medidas dos terrenos ............................................ 93
Quadro 20 - Dimensões encontradas na pesquisa ............................................... 94
Quadro 21 - Problemáticas e soluções para renovação de edifícios ...................... 97
Quadro 22 - Pergunta: Aluno ou servidor? ..........................................................104
Quadro 23 - Pergunta: Você sabe qual é o Prédio do CEng/1001?.......................105
Quadro 24 - Pergunta: Após a imagem, você reconhece o prédio? ......................105
Quadro 25 - Pergunta: Qual a urgência de ampliação do CENg? .........................106
Quadro 26 - Pergunta: Qual a prioridade de ambientes a propor? ........................106
Quadro 27 - Dados individuais para rotas de fuga ...............................................113
Quadro 28 - Dimensionamentos individuais para rotas de fuga ............................114
Quadro 29 - Dimensionamento de rotas por zoneamento ....................................115
Sumário

1. Introdução............................................................................................... 23
1.1. Justificativa ............................................................................................ 23
1.2. Objetivo geral.......................................................................................... 24
1.3. Objetivos específicos ............................................................................. 24
1.4. Delimitações ........................................................................................... 25
2. Objeto de estudo..................................................................................... 26
2.1. O entorno ................................................................................................ 26
2.2. A edificação ............................................................................................ 27
2.3. Critérios de preservação......................................................................... 29
3. Referencial teórico.................................................................................. 32
3.1. Acessibilidade e Inclusão ....................................................................... 32
3.2. Legislação para obras públicas educacionais ........................................ 34
3.3. Desempenho e habitabilidade................................................................. 36
3.4. Saídas de emergência ............................................................................. 38
3.5. Intervenções no patrimônio de Pelotas .................................................. 39
4. Metodologia ............................................................................................ 49
4.1. Estudos preliminares .............................................................................. 49
4.2. Levantamento métrico e fotográfico ....................................................... 50
4.3. Questionário online e programa de necessidades .................................. 55
4.4. Proposta projetual em planta baixa ........................................................ 58
4.5. Proposta projetual em fotorrealismo ...................................................... 59
5. Ampliação de referenciais aplicáveis ao projeto..................................... 61
5.1. Análise de tipologia, conceito e partido.................................................. 61
5.2. Design de interiores................................................................................ 62
5.2.1. Ergonomia .............................................................................................. 63
5.2.2. Acessibilidade plena ............................................................................... 65
5.2.3. Pessoa com deficiência, restrição ou mobilidade reduzida .................... 66
5.2.4. Neurodiversidade e multissensorialidade ............................................... 67
5.2.5. Inclusão e Desenho Universal................................................................. 70
5.2.6. Mobiliário e antropometria ...................................................................... 73
5.2.6.1. Assentos Públicos ............................................................................ 74
5.2.6.2. Superfícies de trabalho..................................................................... 78
5.2.6.3. Armazenamentos .............................................................................. 81
5.2.6.4. Mobiliário fixo ................................................................................... 85
5.2.7. Pisos e revestimentos............................................................................. 89
5.2.8. Paleta de cores e decoração ................................................................... 92
6. Resultados .............................................................................................. 93
6.1. Estudos preliminares e visita exploratória.............................................. 93
6.1.1. Aferições métricas .................................................................................. 93
6.1.2. Análise de patologia ............................................................................... 97
6.1.3. Vedação externa e sistema estrutural ....................................................103
6.2. Programa de necessidades....................................................................104
6.3. Zoneamento interno ...............................................................................111
6.4. Proteção contra incêndio .......................................................................112
6.4.1. Classificação .........................................................................................112
6.4.2. Dimensionamento por ambiente ............................................................113
6.4.3. Dimensionamento por zoneamento .......................................................114
6.5. Reserva de espaços ...............................................................................116
6.6. Proposta em planta baixa ......................................................................118
6.7. Proposta em fotorrealismo ....................................................................118
6.7.1. Imagens fotorrealistas ...........................................................................118
6.7.2. Ambiente 360º ........................................................................................130
7. Análise de projeto e discussões ............................................................130
7.1. Processo de regularização.....................................................................130
7.2. Escolha de mobiliário ............................................................................131
7.3. Preços e custos da construção civil ......................................................132
7.4. Perícia para promoção de acessibilidade ..............................................133
8. Considerações Finais ............................................................................189
9. Referências bibliográficas .....................................................................192
Apêndices ............................................................................................................. 198
Apêndice A ............................................................................................................ 199
Apêndice A ............................................................................................................ 200
23

1. Introdução

Conforme divulgado no Plano de Desenvolvimento da Unidade - PDU (2019,


p. 7-8), o Centro de Engenharias (CEng) “foi criado através da Portaria nº 251, de 06
de Março de 2009”, com o intuito de “consolidar os cursos de engenharia existentes
e criar novos cursos com o propósito de atender às demandas de desenvolvimento
da região e do país [...]”. Conforme o documento, “atualmente o Centro de
Engenharias é a unidade que mais recebe verba no rateio da UFPel” e “ocupa área
de aproximadamente 9.000 m² (somando todos os prédios que atendem suas
instalações) [...]”. Além disso, conforme o Portal Institucional da Universidade, a
Unidade é formada por 10 cursos de graduação, 3 cursos de pós-graduação, e tem
sua comunidade acadêmica composta por 127 professores, 21 servidores técnico-
administrativos e 1.557 alunos.1

1.1. Justificativa

Para a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Unidade, a Comissão


responsável pela sua elaboração, formada por representantes das três categorias
(docentes, técnico-administrativos e discentes), aplicou, em 2018, uma série de
metodologias de análise interna para levantamento do programa de necessidades
daqueles vinculados à unidade. Metodologias como avaliação FOFA (Forças,
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), questionário online, caixa de sugestões e
reuniões com os Colegiados de Curso, foram aplicadas para a elaboração de um
“Quadro Lógico”, o qual funciona como um mapa organizacional para destacar as
maiores demandas da comunidade acadêmica. Além do destaque para as
problemáticas, o Quadro propõe soluções, setores responsáveis e prazos para
atendimento e resolução das mesmas. Considerando a abordagem deste trabalho,
avaliam-se as informações tocantes às condições de infraestrutura, sendo algumas
delas destacadas no Quadro 1:

1 Dados levantados em 27/11/2019, pelo autor, no Portal Institucional da UFPel.


24

Quadro 1 - Quadro lógico PDU


Objetivos Metodologia
Melhoria nos espaços de convivência
Manutenção dos espaços existentes
Colações de Grau no CEng
Salas de estudo
Biblioteca
Inserção de novos espaços
Cantina
Copiadora
Projeto da reforma do prédio do
Ampliação do número de salas de CEng/1001
aula e de laboratórios Execução da reforma do prédio do
CEng/1001
Fonte: Plano de Desenvolvimento de Unidade do CEng, 2019.

Todas as demandas demonstradas acima têm soluções que envolvem gestão


de espaço físico e, consequentemente, algumas dependem da ampliação da
estrutura existente. Deixou-se destacado que, como metodologia, a reforma do
Prédio do CEng/1001 vem sendo visada pela Direção do Centro e pela gestão da
Universidade como solução para as urgências atreladas à necessidade de expansão
do CEng. A reforma do prédio já está nas metas de execução através da
Coordenação de Projetos para Estrutura Física (COPF), incorporada à Pró-Reitoria
de Planejamento (PROPLAN).

1.2. Objetivo geral

O trabalho tem como objetivo geral desenvolver uma proposta projetual de


ampliação e reforma exequível, acessível e regularizável mediante à Prefeitura de
Pelotas, concebida de acordo com o programa de necessidades estabelecido a
partir das demandas dos usuários do Centro de Engenharias.

1.3. Objetivos específicos

a) Definir os conceitos dos principais temas abordados neste trabalho:


acessibilidade, inclusão e patrimônio histórico;
b) Estabelecer um conjunto de critérios com base em regramentos;
c) Levantar as demandas da comunidade do Centro de Engenharias
especificamente voltadas ao Prédio do CEng/1001;
d) Verificar a atual condição do Prédio do CEng/1001;
e) Compatibilizar informações para elaboração de uma proposta viável.
25

1.4. Delimitações

A proposta em questão, de reforma e ampliação, é destinada à uma


Universidade Federal, logo, é um compromisso da União estabelecido por meio de
um processo licitatório. Entretanto, este trabalho não aborda aspectos
administrativos, econômicos ou financeiros inerentes aos trâmites de licitação.
Embora Elkington (1994) afirme que o desenvolvimento sustentável é atingido
quando há harmonia e equilíbrio entre os pilares ambiental, social e econômico, este
trabalho incorpora a sustentabilidade somente na elaboração de um projeto que
permita desenvolvimento e participação social, respeitando aspectos ambientais a
partir da norma de desempenho e do Código de Obras do Município de Pelotas
(2008). Trâmites de quantificação, orçamento e estudos de viabilidade econômica
não serão alcançados neste trabalho.
Uma das competências deste trabalho é a identificação de manifestações
patológicas no prédio a ser reformado, porém, não será abarcado o mapeamento
completo e propostas de intervenção nos sistemas de estruturas. Este trabalho,
embora possa ser aplicado à prática, ainda possui cunho acadêmico, logo, não será
gerado nenhuma espécie de laudo técnico ou qualquer item de responsabilidade
técnica por parte do autor. Sendo assim, as abrangências limitam-se à pesquisa de
referenciais, à pesquisa com os usuários e à elaboração ou adaptação de projetos
de ordem arquitetônica que possam enriquecer o processo de planejamento junto ao
CEng, a PROPLAN e a COPF.
Um fator crucial para estruturar a pesquisa e o planejamento da reforma do
prédio é o inventário do patrimônio cultural de Pelotas. O objeto deste trabalho não é
de jurisdição da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU),
onde geralmente são protocolados os processos de Aprovação de Projetos e
Licença Para a Construção. Segundo a Secretaria de Cultura (SECULT), o Prédio do
CEng/1001 integra o inventário do município, situando-se em uma Zona de
Preservação do Patrimônio Cultural (ZPPC). Logo, compete primeiramente à
SECULT as licenças de projetos e obras referentes à edificação. Conforme a
Secretaria, não é possível aumentar ou diminuir o corpo do prédio principal,
limitando o trabalho nas propostas de intervenção projetual e executiva.
26

2. Objeto de estudo

O objeto de estudo é um prédio situado na Rua Benjamin Constant, nº 1001.


A nomenclatura “Prédio do CEng/1001” surgiu justamente em decorrência de seu
logradouro atual. Diz-se “atual”, pois, no registro de imóveis, no atual Mapa Urbano
Básico (MUB) do município e nos documentos de inventário do patrimônio, o
logradouro é desatualizado, descrito como Rua Benjamin Constant, nº 989. O prédio
está sob condições adversas, tendo ocorrência de diversas manifestações
patológicas e tem a cobertura dos fundos reforçada com escoras em decorrência de
sua deterioração e deformação. A edificação atualmente abriga diversos materiais
como entulho, materiais de construção, eletrônicos e equipamentos em desuso,
móveis inutilizáveis e itens inservíveis. Não ocorre uma fruição recorrente como
depósito, já que os materiais foram dispostos desordenadamente, muitos em estado
precário. Nas atuais circunstâncias, o Prédio do CEng/1001 é um galpão industrial
insalubre e periculoso, tendo seu acesso regular impedido a quaisquer pessoas
externas ao Serviço de Manutenção ou Gestão da Universidade.
Mediante às análises internas e às reclamações mais recorrentes por parte
dos alunos e servidores, a atual necessidade de ampliação do Centro de
Engenharias não pode ser contestada. O Prédio do CEng/1001 tem intenso
potencial de agregar-se ao prédio da Cotada, pois ambos têm interligação entre si,
atualmente bloqueada. Sendo assim, torna-se uma realidade incoerente quando
uma demanda coexiste com a própria possibilidade de atendê-la. Então o que
ocasiona uma realidade tão gasta e repetitiva de manifestações? Falta de
planejamento metodológico e entraves e burocracias na obtenção de recursos
federais. A supressão da primeira é justamente o foco deste trabalho.

2.1. O entorno

O entorno da edificação contempla alguns prédios e galpões que também


constam no inventário do patrimônio de Pelotas, sendo a sua maioria pertencente à
UFPel. Alguns desses prédios também tratam-se de galpões industriais, dos quais
alguns receberam novos usos e outros estão sob condições precárias. De um total
de onze imóveis lotados na quadra, sete são propriedades da Universidade,
destinados às atividades do Centro de Engenharias. Neste cenário, o vislumbre da
27

atual gestão da Unidade é conceber e executar um planejamento macro, que


englobe o uso de todo o entorno possível para setorização e destinação adequada
dos espaços educacionais necessários ao ensino, pesquisa e extensão. Na planta
de situação da Figura 1, as hachuras representam os imóveis pertencentes à UFPel,
tendo destaque de contorno o lote do Prédio do CEng/1001.

Figura 1 - Entorno do Prédio do CEng/1001 e da Cotada


Fonte: Secretaria de Gestão da Cidade, adaptado pelo autor, 2019.

Reitera-se a não formalização do logradouro de número 1001, já que os


documentos originais consideram os números 989 (atual 1001) e 987 (Cotada) como
imóvel único.

2.2. A edificação

Conforme o registro de imóveis, a estrutura abrange um prédio próprio para


moinho, com habite-se, quitado no ano de 2009, no valor de R$ 1.335.000,00, pela
adquirente Universidade Federal de Pelotas. A área é descrita em 4.781,78 m²
construídos, sendo vinculada a esse total a área do prédio da atual Cotada. Por
Certidão de Característica de Imóvel, documento não original gerado em 2014
apenas para pagamento de IPTU, o logradouro Benjamin Constant, nº 1001, existe
sem habite-se e possui área de 562.95 m², tendo formato regular com dimensões de
13,5 m de testada por 41,70 m de profundidade. Quanto à história da edificação, a
28

única abordagem encontrada foi de que o prédio integrava parte das instalações de
uma companhia de produtos alimentícios chamada Atingo.

Figura 2 - Fachada do Prédio do CEng/1001


Fonte: O autor, 2019.

Mesmo pelas características da fachada observáveis na Figura 2, já é


possível notar-se registros de depredação e manifestações patológicas como mofo
no encontro das paredes com a calçada. No ano de 2006, a Secretaria de Cultura
fez um levantamento dos aspectos externos da testada, que constam no Quadro 2:

Quadro 2 - Aspectos externos da testada do imóvel


Estilo Arquitetura de transição
Volumetria Original
Cobertura Descaracterizada
Vãos Originais
Elementos Compositivos Originais
Esquadrias Originais
Revestimento Adequado
Pintura Adequada
Aparatos Não possui
Estrutura Alvenaria autoportante
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2006.

O interior do prédio está inabitável no momento, tendo acúmulo de itens


inservíveis e até mesmo a presença de materiais tóxicos, como o mercúrio de
lâmpadas fluorescentes quebradas, por exemplo. Na Figura 3 é possível identificar
algumas manifestações patológicas como umidade e mofo nas paredes, além da
quantidade considerável de materiais inservíveis ou equipamentos deteriorados. A
29

estética da estrutura em madeira da cobertura está em condições que demonstram


bom estado de preservação.

Figura 3 - Visão geral logo à entrada do prédio


Fonte: O autor, 2019.

2.3. Critérios de preservação

De acordo com a SECULT, no fim da década de 90, o Prédio do CEng/1001


entrou para a lista de bens do inventário do patrimônio do município de Pelotas. De
acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN):

Os Inventários são instrumentos de preservação que buscam identificar as


diversas manifestações culturais e bens de interesse de preservação, de
natureza imaterial e material. O principal objetivo é compor um banco de
dados que possibilite a valorização e salvaguarda, planejamento e
pesquisa, conhecimento de potencialidades e educação patrimonial.

Quadro 3 - Prédios da Cotada e CEng/1001 listados no inventário


Rua Benjamin Constant, 987 ZPPC 3 - Sítio do Porto
Rua Benjamin Constant, 989 ZPPC 3 - Sítio do Porto
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2003.

Entretanto, embora o prédio integrasse o inventário do município (Quadro 3),


não havia quaisquer legislações que protegessem sua integridade arquitetônica. No
ano de 2000, por meio da Lei Estadual nº 11.499 (2000), foram declaradas
patrimônio cultural do Estado quatro áreas configuradas como Zonas de
Preservação do Patrimônio Cultural (ZPPC). Entre as quatro áreas de patrimônio,
uma delas é a “III - ZPPC do Sítio do Porto”, à qual pertence o Prédio do CEng/1001.
30

Também no ano de 2000, foi promulgada a Lei Municipal nº 4.568 (2000), que
resgata as classificações das áreas e dá outras providências quanto à proteção do
patrimônio histórico e cultural de Pelotas. A Lei 4.568 (2000) explicita, no seu Art.1º,
o seguinte:

A preservação do patrimônio cultural de Pelotas é um direito inalienável do


cidadão, sendo sua realização responsabilidade de todos, especialmente do
Poder Público, das instituições, das pessoas jurídicas e das pessoas físicas
que, de qualquer modo e a qualquer tempo, fruem ou acessam esse
patrimônio.

Entende-se que a preservação de elementos do patrimônio é fundamental


para o resgate da memória da cidade e, como critérios de preservação, existem
algumas limitações em termos de intervenção projetual e executiva. Para preservar,
é preciso manter e, para manter, é impossível alterar o imóvel original a níveis
estéticos que o desconfigurem. Sendo assim, a mesma lei, no seu Art. 3º, destaca
que “ficam especialmente considerados integrantes das ZPPCs e preservadas, as
fachadas públicas e a volumetria dos bens constantes do inventário do Patrimônio
[...]”. No ano de 2006, conforme estudo de testada, estudo de fachada e levando em
consideração os aspectos levantados pela SECULT, o Prédio do CEng/1001 foi
classificado como bem inventariado “nível 2”. De acordo com a Lei Municipal nº
5.502 (2008 p. 21), que institui o Plano Diretor Municipal de Pelotas:

Nível 2: Inclui os imóveis componentes do Patrimônio Cultural que ensejam


a preservação de suas características arquitetônicas, artísticas e
decorativas externas, ou seja, a preservação integral de sua(s) fachada(s)
pública(s) e volumetria, as quais possibilitam a leitura tipológica do prédio.
Poderão sofrer intervenções internas, desde que mantidas e respeitadas
suas características externas. Sua preservação é de extrema importância
para o resgate da memória da cidade.

Em hipótese alguma, intervenções que porventura descaracterizem os


aspectos externos originais do prédio podem ser realizadas. Intervenções internas
são permitidas e, neste caso, o projeto de reforma é classificado como “reciclagem”
na Lei Municipal 4.568 (2000), Art 5º:

V - reciclagem: a intervenção que consiste no reaproveitamento do bem


cultural, adaptando-o para usos compatíveis com sua tipologia formal e
características ambientais, sem prejuízo de sua linguagem ou natureza,
mediante atitudes de conservação, reparação e restauração acrescentando
ou não novos elementos necessários à nova utilização.
31

Entretanto, por tratar-se de um ambiente público educacional, torna-se um


desafio conciliar os critérios de patrimônio com os critérios de acessibilidade,
desempenho e habitabilidade. Exemplo disso, está relacionado a impossibilidade de
alteração de fachada, que limita somente ao portão principal o acesso ao edifício, e
a taxa de ocupação atual de 100%, que torna impossível a criação de recuos para
ventilação e iluminação, limitando as intervenções na volumetria principal do prédio.
Na Figura 4, destaca-se os limites do terreno, que representam uma taxa de
ocupação de 100%, tendo apenas uma abertura compartilhada com o prédio
alinhado à longitudinal, também pertencente à UFPel.

Figura 4 - Imagem de satélite da quadra do Prédio do CEng/1001


Fonte: Google Mapas, adaptada pelo autor, 2019.
32

3. Referencial teórico

Por tratar-se de obra pública, este trabalho tem como norteadores legais a
Constituição da República Federativa do Brasil (1988), bem como as leis e decretos
referentes a processos de licitação e a construção de espaços educacionais da
União. Normas técnicas da ABNT, o Plano Diretor (2008) e o Código de Obras do
Município (2008), nos seus itens pertinentes ao processo, serão norteadores
técnicos para elaboração de propostas passíveis de Aprovação de Projeto e
obtenção de Licença Para a Construção. Bibliografias de autores externos e
modelos de intervenção em Instituições de Ensino Superior (IES) serão consultadas
para construção de abordagens mais humanísticas e empáticas, atribuindo aos
trâmites uma dinâmica inclusiva e democrática. Além dos aspectos legais e técnicos,
há a necessidade de consulta a materiais que envolvam intervenções no patrimônio
arquitetônico.

3.1. Acessibilidade e Inclusão

Acessibilidade é uma palavra que abrange diversos contextos e, para cada


um, pode ter significados próprios e distintos dos outros. Dentro do contexto social e
arquitetônico, para Sassaki (2009, p. 01), a acessibilidade é segmentada em seis
dimensões:

As seis dimensões são: arquitetônica (sem barreiras físicas),


comunicacional (sem barreiras na comunicação entre pessoas),
metodológica (sem barreiras nos métodos e técnicas de lazer, trabalho,
educação, etc.), instrumental (sem barreiras em instrumentos, ferramentas,
utensílios, etc.), programática (sem barreiras embutidas em políticas
públicas, legislações, normas, etc.) e atitudinal (sem preconceitos,
estereótipos, estigmas e discriminações nos comportamentos da sociedade
para pessoas que têm deficiência).

Para Dischinger, Bins Ely e Piardi (2012), a acessibilidade no contexto de


prédios de uso público é denominada “acessibilidade espacial”, sendo dividida em
componentes de “comunicação” (pontes verbal e não verbal), “deslocamento” (direito
de ir e vir), “orientação espacial” (sinalização e instruções) e “uso” (manuseio). As
autoras (DISCHINGER, BINS ELY E PIARDI, 2012) resgatam o conceito de
“Desenho Universal” (DU), implementado por Mace (1985) que, dentro do âmbito de
projetos de edificações, tem o pressuposto de que não deve-se planejar um
33

ambiente com layout específico ou adaptado para pessoas com deficiência, mas sim
inclusivo para todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas ou
cognitivas. A Figura 5 ilustra essa ideologia.

Figura 5 - O paradigma da inclusão


Fonte: Psicologia da reabilitação online, 2019.

Conforme Rains, (2011, p. 1), “Onde a acessibilidade é passiva — deixando a


porta aberta sem obstáculos no caminho — inclusão ativamente convida você para a
rede humana além da porta livre. Acessibilidade visa coisas e o espaço. Inclusão
visa vidas humanas.”2. Permeando os preceitos da inclusão, surge o termo
“Acessibilidade Emocional”, desenvolvido por Duarte e Cohen (2018), que
estabelecem que um ambiente é emocionalmente acessível quando a pessoa
apropria-se dele para dar vazão às suas emoções e sua sensorialidade de acordo
com as percepções do espaço. Segundo Rains (2011), não deve-se limitar um
projeto ao mero cumprimento de leis e checklists, deve-se ir além do “piso” para
avançar rumo ao “teto”, contextualizando, então, o emprego da inclusão no espaço.
Um espaço educacional é um espaço voltado exclusivamente às pessoas,
portanto, não basta apenas permitir acesso a nível de entrada e trajeto. Lugares
assim são apenas reflexo de uma obrigação mínima cumprida para a obtenção de
licença ou alvará de funcionamento. A educação não pode esperar e precisa de

2 Tradução do autor.
34

mais. Um ambiente educacional torna-se mais enriquecedor e engrandecedor se


oferecer acesso pleno, desfrute do ambiente, sentimento de apropriação, autonomia,
conforto, segurança e inclusão. Nada disso é utopia, pois o envolvimento empático
do profissional projetista, que se compromete com o DU, é possível e é sinônimo de
ganho para todos.
Para fins de promoção da acessibilidade, o projeto deverá contar com layout
que tanja as premissas do Desenho Universal. Entrada acessível, pisos podotáteis,
banheiros acessíveis, espaços que permitam deslocamento seguro de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, mobiliários de uso universal e tecnologia
assistiva deverão ser previstos conforme as normas de acessibilidade NBR 9.050
(2015)3 e NBR 16.537 (2016). Para verificação do atendimento aos parâmetros
mínimos de acessibilidade, será utilizado o checklist do material elaborado pelo
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), intitulado “Lista de Verificação de
Acessibilidade em Edificações de Uso Público” (2016). Para promoção da inclusão,
este trabalho conta com a participação da comunidade acadêmica para
determinação das demandas específicas para o projeto de reciclagem do Prédio do
CEng/1001.

3.2. Legislação para obras públicas educacionais

Entende-se o envolvimento do Estado para com a acessibilidade na educação


quando se lê, na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), no seu Art.
208º, Inciso III, que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante
garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.” Também é reforçado, cerca de doze
anos após a publicação da Constituição, na Lei Federal nº 10.098 (2000), que a
promoção da acessibilidade será posta em prática “mediante a supressão de
barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na
construção e reforma de edifícios [...]”. Entretanto, evidenciar o comprometimento
não é, necessariamente, torná-lo obrigatório ou factível.
Somente após cerca de dezesseis anos, desde a Constituição, que o
compromisso da União para com a acessibilidade tornou-se efetivamente garantido.

3 Atualizada durante a elaboração deste trabalho, o que não acarretou nenhuma mudança
significativa para os modelos de projetos apresentados.
35

O Decreto nº 5.296 (2004) regulamenta e torna obrigatório o respeito a duas leis da


acessibilidade, no que tange os espaços públicos: a do atendimento prioritário e a
que estabelece normas para a promoção da acessibilidade. É dito que as leis devem
ser atendidas no caso de “aprovação de projeto de natureza arquitetônica e
urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a
execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva”.
Também deixa explícito que, para aprovação de projetos de ordem arquitetônica, as
normas da ABNT, inerentes à acessibilidade nesses espaços públicos, devem ser
respeitadas. Para espaços existentes, o prazo de adaptação arquitetônica era de até
30 meses após a publicação do referido decreto. Sendo assim, nota-se que não há
distinção, na obrigatoriedade, se o espaço público se configura como setor privado
ou instituição pública.
O Decreto não tem viés apenas instrutivo, mas é um instrumento que torna
obrigatório, sob penalidades cíveis ou penais, o respeito às normas contidas no
mesmo. Na particularidade de obras públicas, o Decreto deixa claro o que deve ser
respeitado para os procedimentos referentes a “aprovação de financiamento de
projetos com a utilização de recursos públicos [...]”. Ou seja, a ideia de propor
intervenção projetual em uma IES jamais deverá ser concebida sem levar em
consideração as premissas da acessibilidade e inclusão, não apenas considerando o
momento de visibilidade das pessoas com deficiência — ou porque as pessoas
trabalham cada vez mais o seu senso de empatia — mas porque não tornar
acessível um espaço público trata-se de uma inconstitucionalidade.
Para garantir segurança técnica dos projetos e obras financiados pela União,
a Lei Federal nº 4.150 (1962) deixa clara a obrigatoriedade do respeito às normas
técnicas brasileiras quando diz que:

os serviços públicos concedidos pelo Governo Federal, [...] nas obras e


serviços executados, dirigidos ou fiscalizados por quaisquer repartições
federais[...], será obrigatória a exigência e aplicação dos requisitos mínimos
de qualidade, utilidade, resistência e segurança usualmente chamados
“normas técnicas” e elaboradas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas.

Para fins de esclarecimento, a Lei Federal nº 8.666 (1993), conhecida como


“Lei das Licitações”, estabelece no seu Art. 6º, inciso I, que obras são “toda
construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução
36

direta ou indireta.” Também, no Art. 6º, é definido o termo “projeto básico” como
sendo o “conjunto de elementos necessários e suficientes [...] para caracterizar a
obra [...] elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que
assegurem a viabilidade técnica [...]”. Ou seja, para abertura de um processo
licitatório para execução de obras, o planejamento metodológico deve atender a
requisitos básicos que façam com que o projeto seja, no mínimo, viável. Neste
trabalho também fala-se sobre proposta de projeto “regularizável”, pois, no Art. 7º da
Lei das Licitações (1993), é dito que “as obras e os serviços somente poderão ser
licitados quando houver projeto básico aprovado pela autoridade competente.” Sem
um projeto regularizado, não deve haver licitação.

3.3. Desempenho e habitabilidade

Empreendimentos de ordem habitacional financiados pela Caixa Econômica


Federal devem, especificamente, obedecer à NBR 15.575 (2013), que estabelece
padrões de desempenho e durabilidade das edificações. Entretanto, para projetos de
obras públicas, essa norma também deve ser respeitada na concepção de projetos.
A NBR 15.575 (2013) é subdividida em 6 partes que englobam diferentes segmentos
de uma obra (Quadro 4). Tais subdivisões abrangem orientações e diretrizes para
promoção de bom desempenho nas suas inerências:

Quadro 4 - Subdivisões da NBR 15.575 (2013)


Parte 1 Requisitos gerais
Parte 2 Sistemas estruturais
Parte 3 Sistemas de pisos
Parte 4 Sistemas de vedações verticais internas e externas
Parte 5 Sistemas de coberturas
Parte 6 Sistemas hidrossanitários
Fonte: Conselho de Arquitetura e Urbanismo, 2015.

As partes 1, 3 e 5 são seções da norma nas quais este trabalho de pesquisa


mais se detém. A NBR 15.575-1 (2013) explicita que “as Normas de desempenho
traduzem as exigências dos usuários em requisitos e critérios”. Também define que
desempenho é o “comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas”. A
Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) explicitou que a Norma
do Desempenho (2013) “agregou em seu conteúdo uma extensa relação de normas
37

já existentes, das mais diversas disciplinas e relacionadas ao tema, e estabelece


ampla e solidária junção de incumbências entre os intervenientes do processo.”
Logo, engloba um extenso volume de normas técnicas e trata-se de um
compromisso inerente a todos os envolvidos no processo construtivo de edificações.
A NBR 15.575-3 (2013) trata sobre os sistemas de pisos no que tange a
“durabilidade dos sistemas, a manutenibilidade da edificação e o conforto tátil e
antropodinâmico dos usuários.” A norma deixa clara que sua aplicabilidade é válida
tanto para prédios de uso privativo quanto de uso comum e salienta a importância do
sistema de pisos para com a segurança e a acessibilidade:

As consequências de uma queda, principalmente para idosos, podem ser


gravíssimas, resultando até em morte ou imobilização permanente. Estes
acidentes são previsíveis e, portanto, evitáveis, exigindo apenas atenção a
alguns requisitos na especificação do sistema de piso da construção.

Além dos critérios de aderência, a norma também prevê critérios de


estanqueidade de pisos, limites de desníveis, desempenhos térmico e acústico,
durabilidade e resistência. Considerando o tráfego de pessoas e equipamentos de
uma instituição de ensino, todos estes critérios devem ser atendidos para garantia
de segurança e conforto para todos.
A NBR 15.575-5 (2013) define que um sistema de cobertura é composto por
“elementos dispostos no topo da construção, com as funções de assegurar
estanqueidade às águas pluviais e salubridade [...] e contribuir positivamente para o
conforto térmico e acústico da edificação [...]”. Isto é, a função de uma cobertura
transcende ao simples critério de proteger a edificação das águas pluviais. A norma
faz menção à NBR 15.215-1 (2005), que diz que:

Nos últimos anos, tem renascido o interesse na promoção das boas práticas
de projeto de iluminação natural, por razões de eficiência energética e
conforto visual. O uso otimizado da luz natural em edificações usadas
principalmente de dia pode, pela substituição da luz artificial, produzir uma
contribuição significativa para a redução do consumo de energia elétrica,
melhoria do conforto visual e bem-estar dos ocupantes.

Logo, devido a impossibilidades de alteração em volumetria elencadas no


item 2.3, a solução para os sistemas de ventilação e iluminação se limitam aos
sistemas zenitais. Para a mesma norma, iluminação zenital é “a porção de luz
natural produzida pela luz que entra através dos fechamentos superiores dos
espaços internos.” A norma também faz menção de recursos que contribuem para
38

os isolamentos térmico e acústico, como utilização de mantas isolantes que podem


ser aplicadas entre a cobertura e o forro das edificações.
Segundo Barroso e Lay (2016, p. 03), “ainda é possível identificar uma
carência de trabalhos empíricos que considerem a percepção de conforto como
critério para avaliação da acessibilidade do espaço [...]”, ou seja, a promoção do
conforto não apenas é relevante, mas se vincula aos critérios de acessibilidade.
Araújo, Cândido e Leite (2009) afirmam que o ambiente construído acessível deve
permitir mobilidade com segurança, já que são itens indissociáveis. Logo, as normas
de desempenho, conforto e habitabilidade não estão somente atreladas a concepção
de um bom projeto para o usuário, mas de um projeto passível de regularização.

3.4. Saídas de emergência

O ano de 2013 foi marcado por uma das mais tristes notícias da história do
Estado do Rio Grande do Sul. Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa
Maria, houve a tragédia da Boate Kiss, que abalou o país inteiro e deixou mais de
240 pessoas mortas. O incêndio na Boate Kiss foi um marco melancólico que, na
época, trouxe à tona as negligências dos estabelecimentos para com a segurança
contra incêndio, já que a causa do excessivo número de óbitos foi a existência de
apenas um único e mal sinalizado acesso para saída de emergência. No mesmo
ano, foi promulgada a Lei Estadual Complementar nº 14.376, de 26 de Dezembro de
2013, que “estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra
Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do
Sul e dá outras providências.” No ano de 2014, publica-se o Decreto Estadual nº
51.803, de 10 de Setembro de 2014, que regulamenta tal lei e diz que:

Art. 4º Caberá ao Corpo de Bombeiro(a) Militar do Estado do Rio Grande do


Sul - CBMRS, pesquisar, estudar, analisar, propor, elaborar, aprovar e
expedir as Resoluções Técnicas que irão disciplinar as medidas de
segurança contra incêndio, observada a Lei Complementar nº 14.376/2013
e alterações.
Art. 5º O CBMRS poderá fazer o emprego de outros atos administrativos
para regulamentar o rito procedimental, bem como as medidas de
segurança contra incêndio exigidas pela Lei Complementar nº 14.376/2013
e alterações.

No uso de suas atribuições, o CBMRS publicou, no ano de 2016, a Resolução


Técnica CBMRS nº 11 - Parte 01, que:
39

Estabelece os requisitos mínimos necessários para o dimensionamento das


saídas de emergência para que a população possa abandonar a edificação,
em caso de incêndio ou pânico, protegida em sua integridade física, e
permitir o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou
retirada de pessoas.

Sendo assim, a proposta projetual deverá apresentar layout que possibilite o


respeito aos dimensionamentos das rotas de fuga, as quais incluem a quantidade e
características das portas de emergência, largura de vãos necessários à fuga,
distâncias máximas percorridas, sinalização e elementos de segurança e proteção
contra incêndio.

3.5. Intervenções no patrimônio de Pelotas

No ano de 2003, o município de Pelotas possuía mais de 2000 (dois mil)


imóveis listados no inventário do patrimônio cultural. De acordo com a SECULT,
esse número é maior no ano corrente, porém, em função da não disponibilização
dos dados na plataforma online da Prefeitura Municipal, não houve acesso à lista
com os números atuais.

Figura 6 - Relação da quantidade de imóveis inventariados


Fonte: Secretaria Municipal da Cultura, 2003.

O número de edificações inventariadas, em diferentes níveis de classificação,


deve-se a importância do resgate dos traços que cunharam a história da cidade em
termos de arquitetura e sociedade. Porém, geralmente uma das características mais
comuns nos processos de intervenção em edificações inventariadas, ou tombadas, é
justamente a divergência dos critérios de preservação com as normas técnicas
brasileiras e as obrigações constadas no Plano Diretor do município (2008). Em
40

Pelotas, duas normas são constantemente feridas ao construir nas zonas de


preservação: a de Acessibilidade (NBR 9.050 de 2015) e a de Saídas de
Emergência (NBR 9.077 de 2001). A primeira deve-se a obrigatoriedade de acesso a
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, o que geralmente depende da
execução de rampas ou plataformas elevatórias especiais que, ocasionalmente,
descaracterizam a fachada ou volumetria do prédio. A segunda, também passível de
descaracterização de fachada e volumetria, deve-se ao dimensionamento das
saídas de emergência, que precisam ter vãos livres mínimos que podem não
coincidir com as medidas das aberturas originais.
Em entrevista ao telefone com o arquiteto e urbanista Douglas de Castro
Brombilla, Mestre em Arquitetura e Urbanismo e responsável técnico por algumas
intervenções nas ZPPC’s, foi esclarecido que não somente algumas normas podem
divergir dos critérios de preservação, mas as próprias técnicas construtivas e
ocorrência de sinistros no momento da execução. Um exemplo é a intervenção em
coberturas dos prédios antigos que, segundo o Arquiteto, podem afetar
drasticamente as alvenarias autoportantes, ocasionando o risco de ruína total da
estrutura. Como possível solução, o Arquiteto salientou a importância do diálogo
com as secretarias responsáveis pela fiscalização de projetos e obras (no caso do
CEng/1001, a SECULT e a SGCMU), para que o bom senso entre as partes resulte
na flexibilização dos critérios de preservação do patrimônio. Também foi pontuada a
importância de atribuir novos usos a prédios que, por ora, estão abandonados. Um
exemplo é demonstrado na Figura 7, que retrata a situação de um dos prédios mais
marcantes da arquitetura pelotense.
41

Figura 7 - Antiga Agência do Banco do Brasil, Centro de Pelotas


Fonte: Henrique de Borba, 2008.

A situação de abandono de alguns prédios históricos, tombados ou


inventariados, é uma problemática que causa impactos muito amplos. Esses
impactos abrangem desde a perda dos traços históricos (devido a deterioração dos
prédios) até a criação de focos de doenças (risco biológico devido a concentração
de aves ou mamíferos portadores de patologias). Além do risco que corre a saúde
pública e a memória da cidade, a segurança pública também é uma refém certeira
da omissão e descaso com os prédios abandonados. Conforme Moura, Krause e
Garcez (2014), estruturas no centro da cidade como marquises, por exemplo, estão
condenadas estruturalmente por apresentar patologias em níveis inadmissíveis,
podendo desabar e causar acidentes irreparáveis. Tal estudo foi, infelizmente,
confirmado conforme ilustra a Figura 8. Não intervir em prédios inventariados, ou
tombados, deve ser uma pauta recorrente e passível de negociação entre a
Prefeitura e os cidadãos, pois, manter o município “vivo” e seguro deve ser interesse
de todos.
42

Figura 8 - Marquise desaba no Centro de Pelotas


Fonte: Portal G1 da RBS TV, 2018.

Embora cada Plano Diretor seja único para cada município, tal qual a sua Lei
Orgânica, os processos de inventário e tombamento são semelhantes em todo o
país, já que o instituto responsável pelo tema, o IPHAN, é um órgão nacional.
Entretanto, para um referencial mais acurado, fez-se um paralelo entre edificações
inventariadas do município e o Prédio do CEng/1001, que têm a mesma
classificação de nível 2 na lista de inventário. O primeiro exemplo, observável na
Figura 9, trata-se da Fábrica de Mosaicos que, segundo o website da própria
empresa, foi “fundada em 1914, em meio à efervescência econômica da cidade de
Pelotas (RS), dividindo o mercado com outras dezesseis fábricas de ladrilhos
hidráulicos.”

Figura 9 - Fachada da antiga Fábrica de Mosaicos


Fonte: Arquivo Fábrica de Mosaicos, data desconhecida.
43

Atualmente, o prédio da Rua Marechal Deodoro, nº 1011, tem novo uso


atribuído a sua estrutura, tratando-se de uma lancheria bem conceituada na cidade.
Na Figura 10 é notável a preservação de praticamente todos os elementos de
testada, à exceção dos três ornamentos (compoteiras) logo acima da balaustrada
original.

Figura 10 - Novo uso atribuído ao prédio da Fábrica de Mosaicos


Fonte: Google Mapas, 2017.

Observa-se a permanência dos vãos das aberturas, bem como seus detalhes
e peitoris originais. Em decorrência do desgaste, as aberturas notavelmente foram
repintadas e possivelmente restauradas. É possível perceber a inserção de gradil na
janela esquerda e a instalação de uma esquadria em vidro logo à frente do acesso
principal. A técnica da inserção do vidro é uma solução para preservar as aberturas
originais e garantir livre acesso sem a necessidade da manipulação recorrente das
portas em madeira, que muitas vezes são pesadas. No caso do Prédio do
CEng/1001, as folhas de madeira do portão de acesso têm quase 4,0 m de altura.
Outro exemplo a destacar é o prédio da Rua Gonçalves Chaves, nº 702,
antigo Casarão dos Mendonça que, de acordo com o website da Prefeitura
Municipal, é uma “construção colonial, com arquitetura luso-brasileira [...]”. Fez-se
uma retrospectiva de que “[...] o imóvel também foi sede da tradicional boate Verdes
Anos, nos anos 80.” O site e-cult Mídia Ativa faz um resgate do período de
funcionamento da boate, que compreendeu desde a inauguração, em 1986, até o
fechamento das portas, no início dos anos 90. O imóvel original consta na Figura 11.
44

Figura 11 - Casarão dos Mendonça


Fonte: Augusto King, data desconhecida.

Figura 12 - Casarão dos Mendonça em 2017


Fonte: Google Mapas, 2017.

O casarão, anteriormente à sua reforma (Figura 12), estava em condições


precárias, apresentando severos traços de deterioração e até mesmo arrancamento
da cobertura. Percebia-se a presença de vegetação como patologia e ficava claro o
descaso com as situações de saúde, segurança e patrimônio público. Felizmente,
conforme a Secretaria de Gestão da Cidade (SGCMU), sob documento de habite-se
emitido em 02 de Agosto de 2018, o Casarão dos Mendonça teve novo uso atribuído
como agência bancária após sua reciclagem.
45

Figura 13 - Casarão dos Mendonça reciclado


Fonte: O autor, 2019.

Na Figura 13 é muito perceptível a reminiscência dos traços coloniais, tais


como a simetria, o uso de grandes quantidades de janelas, esquadrias em madeira,
o telhado com inclinação íngreme e até mesmo a pintura que remete à pintura
caiada (feita com cal). Na inauguração da agência, no discurso da prefeita em
exercício, a Sra. Paula Mascarenhas, reiterou-se a importância de promover novos
usos aos prédios históricos abandonados: “Vim aqui para aplaudir este projeto e
agradecer por devolverem à população de Pelotas este prédio histórico,
remanescente da arquitetura colonial e tão relevante a nossa memória.”
Estreitando ainda mais o paralelo entre prédios inventariados no mesmo nível,
destaca-se o projeto da Biblioteca das Ciências Sociais (BCS) da UFPel, prédio de
área de cerca de 2.474,91 m², reciclado e atualmente destinado ao uso educacional.
Conforme os documentos da licitação, o projeto visava atender cerca de 1.500 (mil e
quinhentos) alunos por turno e tinha um orçamento inicial estimado em
R$4.469.947,50, com previsão de entrega para julho de 2017. O prédio da BCS,
conforme as Figuras 14 e 15, sustentava somente suas fachadas, tendo sua
volumetria totalmente desconfigurada ou inexistente em decorrência de intempéries
e depredações ao longo dos anos.
46

Figura 14 - Fachada da BCS previamente à sua reciclagem


Fonte: COPF UFPel, 2013.

Figura 15 – Vista Interna das fachadas e fundações


Fonte: COPF UFPel, 2013.

Figura 16 - Fachada da BCS poucos meses antes da entrega


Fonte: Coordenação de Comunicação Social UFPel, 2017.

Na Figura 16, com a execução finalizada, nota-se a preservação dos vãos das
aberturas e dos traços na alvenaria e cobertura que delineiam a arquitetura
industrial. Dois referenciais cruciais com as quais a obra da BCS presenteia a
47

pesquisa deste trabalho são: o sistema de cobertura e o sistema estrutural interno. O


sistema de cobertura proposto deveria respeitar uma inclinação adequada e ser
executado com telhas cerâmicas que, anos atrás, compunham a cobertura original.
Para conciliar a preservação do sistema a um projeto que apresentasse boas
características de conforto e desempenho, utilizou-se de um sistema de telhas-forro
(Figura 17) — popularmente chamadas de “telha sanduíche” — forro de manta
mineral e telhas que se assemelhavam às originais, criando sistemas, térmico e
acústico, eficientes.

Figura 17 - Telhas-forro antecedendo a instalação de telhas cerâmicas


Fonte: COPF UFPel, 2017.

Como a cobertura do Prédio do CEng/1001 também não pode sofrer


alterações a nível de inclinação e o corpo do prédio deve ser mantido sem a criação
de recuos, seus sistemas de iluminação natural e ventilação devem ser apenas
zenitais. Tal situação exige uma cobertura com excelentes desempenhos térmico e
acústico. Para o sistema de telhas do 1001, é permitido que ocorram alterações,
pois, anteriormente às medições da SECULT no ano de 2006 (conforme Quadro 2),
já houve a descaracterização da cobertura original, que passou de telha cerâmica a
telhas de fibrocimento. Essa descaracterização permite novas propostas de projeto.
Quanto ao sistema estrutural interno, a BCS conta com intenso uso de
estruturas metálicas (Figura 18). Além de ser um sistema construtivo mais limpo,
reduzindo o volume de resíduos na obra, é um sistema que, nas condições de
preservação da volumetria, se modela mais facilmente ao desenho de arquitetura
por ter peso próprio menor que o concreto armado, além de não necessitar de lajes
em concreto e permitir maior flexibilidade na execução de mezaninos sem interferir
48

na estrutura original autoportante. Esse recurso é extremamente conveniente porque


a volumetria do Prédio do CEng/1001 não pode ser alterada, logo, com seu pé
direito limitado a pouco mais de 6,0 m, a criação de mezaninos seria a solução mais
viável para execução de um segundo pavimento.

Figura 18 - Estruturas metálicas na BCS


Fonte: Matheus Bartz, 2018.
49

4. Metodologia

Em linhas gerais, este trabalho se estrutura como uma ferramenta de estudos


preliminares e trará propostas de intervenção projetual. A partir da estrutura
existente, bem de posse dos projetos disponibilizados pela COPF, será feito
levantamento métrico e fotográfico para que se verifiquem todas as informações
contidas nos documentos oficiais referentes ao Prédio do CEng/1001. As
abordagens científicas serão organizadas em avaliação in loco, levantamento do
programa de necessidades dos usuários e coleta de dados suficientes para
elaboração de uma proposta projetual viável. Todos os estudos serão direcionados
às práticas e técnicas construtivas permitidas pelo Código de Obras (2008) e Plano
de Diretor do Município (2008), bem como aos critérios e recomendações das
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pertinentes à
proposta.

4.1. Estudos preliminares

Em novembro de 2013, a Universidade Federal de Pelotas gerou estudos de


viabilidade e projetos referentes ao “Aulário do Prédio 1001”. A justificativa técnica
elaborada pela PROPLAN, em 2013, visava negociação com as Secretarias:

Em virtude da necessidade de acréscimo do número de salas de aulas e


laboratórios para o complexo do Centro de Engenharias [...] solicitamos aos
técnicos e especialistas de Arquitetura e Urbanismo a viabilidade para a
construção de três pavimentos para o prédio situado à Rua Benjamin
Constant n°1001, localizado em uma área abrangida pela ZPPC. A proposta
contempla a construção de quinze salas de aula e dois mini auditórios, além
de um terraço com a finalidade de proporcionar uma área de convivência. A
fachada é preservada com pequenas alterações para atender as
necessidades e adaptações às leis vigentes, principalmente de segurança e
acessibilidade, visando sempre a melhor aplicação possível do dinheiro
público. [...] solicitamos apoio, no que melhor se adaptar a nossa zona
portuária, em busca de alternativas que permitam a aprovação e construção
desta proposta sem prejuízos de valores, tanto culturais como econômicos .

A tentativa de regularização foi frustrada, em 2014, em decorrência do não


cumprimento dos critérios da SECULT. O protocolo de número 200.005679/2014,
gerado em fevereiro de 2014 e destinado à SGCMU, teve sua solicitação indeferida
por apresentar propostas que descaracterizavam aspectos da fachada e de
volumetria, conforme mostra a Figura 19.
50

Figura 19 - Proposta com descaracterizações


Fonte: COPF UFPel, 2013.

Quadro 5 - Quadro de áreas da proposta oficial


Área do Terreno (m²) 629,20
Área Construída (m²) 1460,80
Taxa de Ocupação (%) 86,17
Coeficiente de Aproveitamento 2,32
Altura da Edificação (m) 13,00
Número de Pavimentos 3
Microrregião CE.4.3 - Porto
Uso do Solo ZPPC
Fonte: COPF UFPel, 2013.

Para que seja proposto um novo modelo racional, passível de regularização e


consonante com a legislação, apropriou-se do material elaborado anteriormente pela
equipe técnica da Universidade para fins de adaptação e identificação de
inviabilidades de projeto.

4.2. Levantamento métrico e fotográfico

Durante a visita técnica, para levantamento métrico foi utilizado o medidor a


laser da marca Bosch, modelo Professional GLM 40. As medições de planta baixa
não puderam ser todas registradas com acurácia, em decorrência do denso acúmulo
de materiais e equipamentos ao longo do ambiente. Entretanto, medidas de altura
foram possíveis, apontando um pé direito de 6,03 m, considerando altura do piso até
a face mais baixa das treliças da cobertura. As medidas em planta baixa do
levantamento oficial, feito pela COPF em 2013, serão consideradas acuradas até
que se possa fazer as verificações com o ambiente sem obstáculos. As medidas
oficiais se encontram na Figura 20.
51

Figura 20 - Croqui do levantamento métrico oficial


Fonte: COPF UFPel, 2013. Adaptado.

O levantamento fotográfico contempla a identificação do ambiente e de suas


diversas manifestações patológicas devido a agentes químicos, físicos e biológicos.
As imagens representam o estado atual da estrutura, causando impacto em pessoas
leigas à construção civil, porém, representando para engenheiros e arquitetos um
amplo espaço de possibilidades intervencionistas.
52

Figura 21 - Portão principal no nível da calçada


Fonte: O autor, 2019.

Pode-se observar, na Figura 21, que além do acesso no mesmo nível da


calçada, existe uma rampa que permite acesso do leito carroçável até a mesma.
Observa-se, na Figura 22, a desordem no resguardo de materiais, com o observador
no meio do prédio e olhando para o acesso principal.

Figura 22 - Fachada principal, vista internamente


Fonte: O autor, 2019.

Na parte mais ao fundo da edificação, conforme Figura 23, existe uma ampla
abertura interditada, que dá acesso ao prédio alinhado à longitudinal, também de
propriedade da Universidade.
53

Figura 23 - Cobertura dos fundos com escoras em madeira


Fonte: O autor, 2019.

A umidade, a branda luminosidade e a superfície porosa da alvenaria


permitem o desenvolvimento de agentes biológicos de patologia, como pode ser
observado na Figura 24.

Figura 24 - Vegetação nas paredes


Fonte: O autor, 2019.

Já na Figura 25, o volume de entulho deixa o ambiente insalubre e bloqueia o


trânsito ou movimentação de itens, além de contar com a presença de lâmpadas
fluorescentes quebradas, que comumente têm mercúrio e chumbo na sua
composição.
54

Figura 25 - Volume de entulho


Fonte: O autor, 2019.

Considerando a alvenaria autoportante, a patologia observável na Figura 26


(rachadura) é a mais significativa a nível estrutural, devendo ser corrigida tão logo o
processo de reforma se inicie. Tal patologia encontra-se no lado interno da parede
da testada, ao lado direito de quem acessa o prédio.

Figura 26 - Desencontro da estrutura em madeira com a alvenaria


Fonte: O autor, 2019.

No lado esquerdo do prédio, embora exista uma porta de interligação,


conforme Figura 27, a passagem entre os prédios está interditada. A porta se
encontra em um recuo lateral do Prédio da Cotada, que também apresenta
patologia.
55

Figura 27 - Acesso do prédio da Cotada ao Prédio do CEng/1001


Fonte: O autor, 2019.

A permanência de pombos, conforme Figura 28, acarreta diversos agentes


causadores de patologia. Os excrementos estão presentes em diversos locais,
permitindo ação de agentes químicos e biológicos, além de trazer riscos à saúde de
quem acessa o prédio.

Figura 28 - Permanência de pombos no local


Fonte: O autor, 2019.

4.3. Questionário online e programa de necessidades

Visando a identificação do programa de necessidades dos usuários do Centro


de Engenharias e sua aplicação na elaboração de uma proposta de projeto para a
reforma do Prédio do CEng/1001, foi construído um sucinto modelo de questionário
online, elaborado na plataforma Google Formulários, o qual foi liberado para a
comunidade acadêmica da Unidade no período entre férias e volta às aulas, na
56

expectativa por uma maior participação das categorias. Intitulado de “Demandas por
expansão da Unidade - Prédio do CEng/1001”, o questionário teve por finalidade
identificar qual a categoria que possui maiores demandas e quais são elas em
termos de espaços físicos do Centro. Também surge, como pretensão da pesquisa,
a identificação do percentual de participantes que desconhecem a estrutura do
prédio, para que então se desenvolva o sentimento de apropriação do prédio por
parte desses usuários. O período estipulado para a vigência do questionário foi de
27 de Fevereiro de 2020 a 27 de Março de 2020, contando com 258 participantes.
Dispõe-se o modelo aplicado:
57
58

A opção “Outros” dá a possibilidade de resposta escrita, considerando itens


possivelmente não elencados.

4.4. Proposta projetual em planta baixa

Todas as informações e dados obtidos na construção deste trabalho, sejam


de ordem técnica, legislativa ou de pesquisa social, servirão como embasamento
para o processo criativo na elaboração de planta baixa. A proposta projetual deverá
respeitar às demandas da comunidade acadêmica e às normas e leis que vêm
sendo revistas ao longo da pesquisa. Trata-se de um projeto de nível acadêmico
voltado para os usuários e não apenas para o projetista. As pranchas e traços
respeitarão os parâmetros de desenho da NBR 6.492 (1994), que trata da
“representação de projetos de arquitetura”. Este item deve constituir um resultado a
ser exibido para a comunidade acadêmica, no almejo de dar visibilidade ao potencial
executivo do prédio em questão.
59

Voltado à viabilidade executiva do projeto, os referenciais abordados no item


3 serão consultados concomitantemente às bibliografias de projetos em arquitetura e
design de interiores. Como forma de fomento e apoio ao material produzido por este
trabalho, a Secretaria Municipal de Cultura dispôs-se a avaliar o projeto,
informalmente, para garantir sua aplicabilidade caso a Universidade deseje executá-
lo tal qual será concebido, pois, mesmo com todo esmero possível aplicado na
proposta, não existem quaisquer obrigações ou certezas de que isso aconteça. Além
das viabilidades de execução e regularização, pretende-se criar, no mínimo, um
acesso que interligue os prédios da Cotada e o Prédio do CEng/1001, facilitando o
deslocamento entre os prédios e aliviando os fluxos nas saídas de emergência.

4.5. Proposta projetual em fotorrealismo

Muitos usuários leigos às áreas de engenharia, arquitetura e design têm


dificuldades ao fazer a leitura de uma planta baixa, por ser um elemento gráfico
muito técnico. Esta dificuldade resulta em uma má leitura do projeto e prejudica a
comunicação entre o projetista e o usuário. O recurso de fotorrealismo surge para
encantar a todos quando revela a essência de um projeto, bem como a gama de
tomadas de decisões feitas pelo profissional projetista, através da observação. Para
Neufert e Neff (2019), os olhos humanos têm duas atividades: o ver e o observar. O
ver está relacionado ao enxergar, permitindo que o corpo se situe e esteja em
segurança. O observar é quando os olhos passam a apreciar, ao invés de
meramente enxergar, e então passam a descobrir.
De acordo com a fábrica de lentes ópticas Zeiss (2017), o corpo humano
percebe cerca de 80% das impressões do ambiente através do sentido da visão. A
marca chega a afirmar que “de longe, os órgãos dos sentidos mais importantes são
os olhos”. Farina (1982), já deixava evidenciado que as cores — percepção da luz
associada ao sentido da visão — têm potencial de afetar o ser humano a níveis
psicológicos e fisiológicos. Entendendo o poder da sensorialidade humana na
criação de emoções, bem como entendendo o papel da visão na forma como se
percebe um ambiente, deseja-se apresentar à comunidade acadêmica um projeto
em imagens fotorrealistas.
60

Figura 29 - Imagem fotorrealista, quarto de gamer


Fonte: Portfólio do autor, 2019.

Ao analisar a Figura 29, evidencia-se a importância do impacto visual para


que se tenha uma adequada percepção do espaço. Além de estabelecer uma
linguagem semelhante à de uma fotografia, permitindo um fiel reconhecimento da
disposição do ambiente, as imagens fotorrealistas também permitem criar cenários
com cores, decoração e iluminação ao gosto do usuário, obtendo-se um resultado
capaz de fazê-lo compreender perfeitamente ao ambiente projetado e considerando
sua personalidade. As grandes vantagens das maquetes eletrônicas são sua
versatilidade, sua infinidade de possibilidades de propostas e a não geração
resíduos sólidos, como as maquetes físicas o fazem.
Além da proposta em fotorrealismo, deseja-se propor um projeto associado a
tecnologia de realidade virtual, que permite visualização panorâmica em 360º do
projeto renderizado. Essa técnica permite ainda maior apreciação do projeto e
estimula o desenvolvimento da apropriação por um prédio que, por ora, está apenas
construído sobre um sonho.
61

5. Ampliação de referenciais aplicáveis ao projeto

Considerando que projetar um espaço trata-se de uma atividade dinâmica


(processo não linear), iterativa (processo de adaptações) e muitas vezes
retroalimentativa (reutilização de propostas anteriores), é justificável que as buscas
por referenciais pertinentes também não ocorram de forma constante ou fixa.
Durante o processo de projetar, alterações são muito comuns, sejam por parte do
projetista ou através das percepções e demandas do usuário. A partir dessas
mudanças, alguns referenciais podem ser mantidos, descartados ou acrescentados.
A ampliação de referenciais difere-se do item 3 porque este é sobre a condução da
pesquisa, sobre o objeto de estudo e suas pertinências, enquanto aquele é sobre
aplicabilidades específicas no processo técnico e criativo de projetar.

5.1. Análise de tipologia, conceito e partido

Quando um projetista se propõe a intervir no patrimônio arquitetônico, é


fundamental que ele se comprometa em conceber e propor ideias coerentes com
função e tipologia originais do elemento. Quando há disparidade entre o objeto
antigo e o reformado, entende-se que esse sofreu modificações excessivas em
detrimento daquele, ocasionando perdas de sua própria história e memória cultural.
Bem como a importância de preservar o patrimônio, é importante que ele se integre
a um ambiente homogêneo e harmônico ao que se propôs inicialmente.
A Figura 30 apresenta uma expressão artística, do artista coreano Do-ho Suh
(2010), que trata sobre os choques culturais encontrados nas trajetórias do próprio
autor da obra. Com traços de arquitetura coreana, a casa contrasta drasticamente
com as outras duas edificações inglesas. Porém, o contexto da obra se dá
justamente por este impacto visual, que parece ter sido “solta” entre os dois prédios.
A essência da obra é justamente ilustrar os choques culturais entre Coréia e
Inglaterra. Porém, em um contexto arquitetônico e de patrimônio, uma desconexão
entre tipologias como essa seria inadmissível, visto que a história de um bem
patrimonial não é meramente solta ao acaso, mas sim construída evolutivamente.
62

Figura 30 - Bridging Home, de Do-ho Suh, em Liverpool


Fonte: Julian Stallabrass, 2010.

Motta e Scopel (2015, p. 2) afirmam que:

Arquitetonicamente, a tipologia não somente pode ajudar a contar a história


de um povo, determinar o estilo de uma época, como também contribuir
para futuros projetos [...].
A tipologia, portanto, corresponde ao estudo dos tipos. Na arquitetura, faz-
se referência a um tipo de construção, espaço livre ou de um componente
do espaço livre, investigando suas variações, hierarquias e sua relação com
o contexto urbano, período histórico e a sociedade que o produziu.

A tipologia, no caso do Prédio do CEng/1001, envolve a preservação dos


aspectos externos do prédio e seu entorno. Já o conceito e o partido, nesta
pesquisa, estão associados às intervenções internas. Segundo Leupen (2004) “O
conceito expressa a ideia subjacente no desenho e orienta as decisões do projeto
em uma determinada direção, organizando e excluindo as variantes.” Já o partido,
entende-se como os recursos e mecanismos necessários para que se atinja o
conceito. Para a reforma do Prédio do CEng/1001, utiliza-se o conceito de “Celeiro
de Ideias”, por tratar-se de um galpão industrial que comportará um ambiente
acadêmico, onde ideias surgem constantemente. Como partido, adota-se a
aplicação de materiais característicos de um design industrial e rústico, tais como
madeira, aço, concreto e tijolos aparentes, estabelecendo um ambiente reftrofit.

5.2. Design de interiores

Segundo Panero e Zelnik (2015), o trabalho com design de interiores está


suscetível a falhas como abordagens superficiais ou, o inverso, abordagens dentro
de uma gama muito estreita, tornando muito limitada a atuação do profissional
63

dentro de uma área tão ampla. Atualmente, as análises antropométricas têm sido
constantemente utilizadas para a concepção de projetos acessíveis, inclusivos e
ergonômicos, porém, os autores (PANERO E ZELNIK, 2015) afirmam que as buscas
pelas proporções do corpo humano, bem como suas implicações metrológicas, são
datadas desde séculos atrás.
Desde as proporções de Vitrúvio, no século I a.C, permeando o período
Renascentista com a famosa obra “O Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci, até
o século XIX com a reconstrução vitruviana de John Gibson e J. Bononi, se
estendendo até mais de dois mil anos após os livros de arquitetura de Vitrúvio,
reacende o interesse no padrão vitruviano através de Le Corbusier. Entretanto, além
dos seculares estudos que envolvem as proporções antropométricas, na
contemporaneidade surge uma preocupação sobre a relação do homem com o
ambiente construído.

[...] historicamente, a preocupação básica da humanidade com a figura


humana foi mais estética, mais envolvida com proporções que com medidas
e funções absolutas. Nas últimas décadas, entretanto, houve um aumento
da preocupação com as dimensões humanas e corporais, como fatores
decisivos no processo de projetar. (PANERO E ZELNIK, 2015, p. 18)

É sabido que, além das infinitas possibilidades de componentes para um


ambiente, existe uma infinidade de variáveis humanas como peso, altura, idade,
sexo, dimensões corporais e condições físicas e mentais que inviabilizam um
modelo padrão de ser humano. Entretanto, trabalhar com diversas possibilidades
não significa não trabalhar com a promoção do conforto, segurança e eficiência.
Portanto, este item trata de aspectos concretos ou até mesmo subjetivos da relação
do ser humano com o ambiente construído, ou seja, abarca referenciais que
ensejam a criação de um design que permita acessibilidade espacial e segurança
(âmbito arquitetônico) e que permita apropriação (âmbito emocional).

5.2.1. Ergonomia

Quando fala-se na promoção de ergonomia no ambiente de trabalho,


ocasionalmente o senso comum leva a conjecturas de mera adequação de postura,
entretanto, ergonomia pode-se vincular à diversas áreas do conhecimento e
aspectos da saúde e bem estar humanos. Segundo Laville (1977 apud HAHN, 1999,
p. 22) ergonomia é "conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do
64

homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção das tarefas, dos instrumentos,


das máquinas e dos sistemas de produção". Entende-se que a ergonomia é um
componente universal, aplicável no desenvolvimento de quaisquer atividades.
Durante toda a existência da humanidade, considerando as atividades
laborais, o desenvolvimento de tecnologias, processos de produção ou até mesmo
observando a própria evolução do homem, pode-se pressupor que a ergonomia não
foi criada, mas sim descoberta e nomeada através de uma terminologia, tal qual
podemos inferir semelhança ao fogo, ao cálculo ou às leis naturais: sempre
existiram, sempre puderam ser manipuladas ou usufruídas, porém, não se tinha
informações ou conhecimentos sobre sua ocorrência ou aplicabilidade.

Esse campo (ergonomia) obteve um notável impulso durante a Segunda


Guerra Mundial, devido às prementes necessidades de conciliar as
capacidades humanas com a sofisticação tecnológica do equipamento
militar.
Infelizmente, as aplicações de caráter social como aquelas encontradas no
projeto dos interiores [...] foram relativamente ignoradas. Fato bastante
irônico, quando se constata que grande parte da filosofia da engenharia
humana (ou ergonomia) baseia-se na premissa de que tudo é projetado
para as pessoas. (PANERO E ZELNIK, 2015, p. 18-19). Adaptado pelo
autor.

É fundamental que os projetos sejam concebidos nas premissas da


ergonomia, visto que possibilitam projetar para que o espaço se adapte ao usuário, e
não vice-versa. Entretanto, a nível de projeto de edificações, a realidade de
produções científicas da Universidade Federal de Pelotas apresenta situação
controversa. Não há ocorrências recentes do desenvolvimento de Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC), relacionados a ergonomia, que tenham autoria de
formandos em engenharia civil ou arquitetura 4, sendo que a Resolução Técnica nº
218 (1973) do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), nos seus
Art. 2º e 7º, estabelece que as atribuições de projeto para edificações deverão ser
gozadas somente por engenheiros civis ou arquitetos. A atuação destes
profissionais para com a promoção da ergonomia, seja nos projetos de edificações
e/ou no envolvimento na pesquisa científica, se mostra oportuna e necessária.

4Consultando as produções vinculadas ao Laboratório de Segurança e Ergonomia (LABSERG) e ao


Núcleo Multidisciplinar em Ergonomia, Segurança e Acessibilidade (NUMESA). Acessos realizados
em 23 de Abril de 2020.
65

5.2.2. Acessibilidade plena

Projetar em prol da acessibilidade é um compromisso dos profissionais


projetistas que, muitas vezes, apenas é garantido com o preenchimento de critérios
básicos encontrados em listas de verificação, ou checklists. Essas listas geralmente
são elaboradas por instituições e departamentos públicos, no intuito de nortear os
profissionais a garantir tais critérios, visto que muitos nunca tiveram qualquer contato
científico com a área. Entretanto, boa parte dessas abordagens e soluções trata-se
apenas dos aspectos arquitetônicos e concretos do espaço. Só que a acessibilidade
plena não pode ser tão limitada, visto que as necessidades humanas não se limitam
aos elementos palpáveis do ambiente. Segundo Duarte e Cohen (2013, p. 1):

O acesso é um direito de todos, devendo o gestor e planejador conhecer a


diversidade de experiências física, sensorial e emocional das pessoas com
deficiência nos espaços.
Considera-se aqui a “acessibilidade plena”, abordagem [...] que vai muito
mais além de uma simples visão cartesiana que só leva em conta o acesso
físico, não considerando a multissensorialidade.

Para uma abordagem de projeto mais aguçada e aprofundada, deseja-se


entender alguns aspectos mais abstratos da relação do ser humano com o
ambiente. Por exemplo, ao imaginar a rotina de uma pessoa em cadeira de rodas
acessando seu ambiente de trabalho, suponha-se que ela tenha plenas condições
de chegar até seu destino. Entretanto, dentro desse espaço, poucas pessoas se
propõem a tratá-la como uma pessoa igualmente capaz. Nesse caso, a pessoa com
deficiência teria todos os recursos arquitetônicos (aspectos físicos) que lhe
permitiriam acesso, porém, o comportamento dos colegas de trabalho (aspectos
comportamentais), não seriam favoráveis ao estabelecimento de um ambiente de
trabalho acessível e inclusivo.

Ressalta-se, em especial, que o planejamento de uma “acessibilidade


plena” significa muito mais do que um conjunto de medidas que
favoreceriam apenas as pessoas com deficiência, levando mesmo à
exclusão espacial desses grupos como resultado de soluções exclusivas.
(DUARTE; COHEN, 2013, p. 02)

A acessibilidade não se propõe a atender somente às pessoas com


deficiência. Tampouco a inclusão, que muitas vezes depende significativamente da
desconstrução cultural de uma sociedade ainda com preconceitos diversos. Logo, o
66

usufruto de uma edificação pode depender de muitas condições arquitetônicas,


porém, as barreiras podem transcender o meio físico. A sociedade — mais
especificamente, a população de uma edificação — também compõe o espaço que
nele está inserida. Como as características e o comportamento das pessoas tende a
uma incógnita, abrangendo aspectos subjetivos, é importante que se conheça o
público para o qual se irá projetar. Na inviabilidade desta, é memorável que o
projetista estude a diversidade humana e trabalhe para que o projeto possa cumprir
sua função social.

5.2.3. Pessoa com deficiência, restrição ou mobilidade reduzida

Muito se tem dúvidas acerca da terminologia adequada para referir-se às


pessoas com deficiência; e muito se tem errado. Termos como “portadores de
necessidades especiais”, “inválido”, “doente”, entre outros, eram muito recorrentes
ao longo da última década. A desinformação, nesse contexto, tende a criar discursos
reducionistas ou até mesmo ofensivos acerca de pessoas que lutam há anos por
seus direitos e inserção na sociedade. É o chamado preconceito por “capacitismo”.
Para a Union of the Physically Impaired Against Segregation (1975, p. 04-05):

Em nossa opinião, é a sociedade que incapacita as pessoas com deficiência


física. Incapacidade é algo imposto sobre nossas deficiências, pela maneira
como somos desnecessariamente isolados e excluídos da plena
participação na sociedade. As pessoas com deficiência são, portanto, um
grupo oprimido na sociedade.5

Felizmente, e muito em função de uma sucessão de militâncias que vêm


acontecendo ao longo dos anos, seja por parte de pessoas com deficiência ou
estudiosos da área, estabeleceu-se uma terminologia adequada, que leva em
consideração que, antes da deficiência, existe uma pessoa, um ser humano dotado
de bagagens emocionais, com potenciais e o direito ao respeito como qualquer outro
cidadão. De acordo com Salasar (2019, p. 17):

É a partir de reflexões como esta e do entendimento que a deficiência é


uma característica do ser humano e não uma condição portada, que se
cunhou o termo “pessoa com deficiência”. Este termo, ao colocar a palavra
“pessoa” em primeiro lugar, demonstra que ela possui autonomia para fazer
suas escolhas e que a sua deficiência é apenas uma característica e não
aquilo que a define.

5 Tradução do autor.
67

Segundo Salasar (2019), existem quatro categorias de deficiências:


a) Físico-motora;
b) Auditiva6;
c) Visual7;
d) Intelectual.
Entretanto, conforme diz Ortega (2009), a deficiência jamais deve reduzida ao
nível patológico, visto que os problemas associados a ela só existem em um mundo
onde as pessoas consideram a deficiência um problema. “Assim, por exemplo, andar
de cadeira de rodas é um problema apenas por vivermos em um mundo cheio de
escadas [...]” (ORTEGA, 2009, p. 02). Partindo dessa óptica, construir um ambiente
que não imponha tais “problemas” resulta na remoção de estigmas para o usuário
com deficiência.
Além das pessoas com deficiência, existem outros grupos que lutam pelos
seus direitos por acessibilidade: são as pessoas com restrições ou mobilidade
reduzida. Nestes grupos incluem-se as gestantes, pessoas com crianças de colo,
pessoas idosas, pessoas obesas ou pessoas sob uso de tecnologia assistiva, tal
como muletas, andadores, talas e correlatos. Percebe-se que a condição de
restrição ou mobilidade reduzida pode ser de ordem temporária ou permanente,
logo, a necessidade por um ambiente acessível pode ser fundamental para qualquer
pessoa ao longo da sua vida.

5.2.4. Neurodiversidade e multissensorialidade

Este item surge separadamente aos critérios de acessibilidade e inclusão


porque as normas brasileiras de acessibilidade sequer fazem menção às palavras
“neurodivergência” ou “neurodiversidade”. Também não explanou-se acerca desse
assunto anteriormente, no item que trata sobre deficiências, porque há uma grande
defensiva por parte de pessoas que não consideram neurodivergência uma
deficiência, mas sim uma condição atípica.

6 Ressalta-se que “deficiência auditiva” é diferente de “surdez”, visto que surdez é uma condição
cultural e social, característica da comunidade surda. A Associação dos Surdos de Pelotas (ASP)
atua na desmistificação da surdez, evidenciando que a maioria da comunidade surda não se
considera deficiente e não deseja buscar qualquer alternativa “reparatória”.
7 “Pessoa cega” e “pessoa com deficiência visual” são terminologias distintas, visto que baixa visão

configura deficiência visual, e não cegueira, por exemplo.


68

O termo neurodiversidade foi cunhado pela socióloga e portadora da


síndrome de Asperger Judy Singer, em 1999 [...]
O conceito “neurodiversidade” tenta salientar que a “conexão neurológica”
atípica (ou neurodivergente) não é, como vimos, uma doença a ser tratada
e, se for possível, curada. Trata-se antes de uma diferença humana que
deve ser respeitada como outras diferenças (sexuais, raciais, entre outras).
Eles são “neurologicamente diferentes”, ou “neuroatípicos”. (ORTEGA,
2009, p. 06)

As condições neuroatípicas mais comumente encontradas na literatura tratam


das pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),
pessoas com dislexia e, principalmente, as pessoas com Transtorno do Espectro
Autista (TEA). O TEA, assunto a cada dia mais desmistificado por profissionais da
área da saúde, estudiosos ou pelas próprias pessoas com autismo e familiares,
também não é mencionado nas normas brasileiras de acessibilidade. Tal falta de
abordagem invisibiliza o usuário com autismo quando se busca regramentos para
projetar com acessibilidade.
O dia mundial para conscientização do autismo é celebrado no dia 2 de Julho,
quando diversas plataformas de ciência e comunicação participam de uma
campanha que visa informar a sociedade sobre diversas peculiaridades da pessoa
com autismo. Essa conscientização é um mecanismo para a desconstrução de
preconceitos e estigmatizações, sobretudo ressaltando a inexistência de uma “cura”
para algo que não é interpretado, socialmente, como doença ou deficiência.
Entretanto o autismo é, oficialmente, um transtorno global do desenvolvimento, com
cadastro CID 10 - F84 na Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde. A resistência popular sobre a classificação
como “patologia” é reflexo da má interpretação que muitas pessoas fazem acerca do
comportamento da pessoa com autismo.
A Lei nº 12.764 (2012), que “Institui a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” configura que “A pessoa
com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para
todos os efeitos legais”. Também define o autismo como:

Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da


interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação
verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível
de desenvolvimento (BRASIL, 2012, Art. 1º)
69

Embora a garantia dos direitos da pessoa com autismo tenha sido uma
imensa conquista para a sociedade, a forma como o TEA é designado, oficialmente,
ainda é muito distante da forma que a comunidade autista se identifica, bem como
distante dos manifestos para a conscientização do autismo. Ortega (2009), fala que
“Se o autismo não é uma doença e sim uma diferença, a procura pela cura constitui
uma tentativa de apagar a diferença, a diversidade.” E é através do viés do respeito
a diversidade que este trabalho se sustenta.
Não há critérios específicos a obedecer para promover um ambiente
acolhedor para a pessoa neuroatípica. Entretanto, ao considerar a presença de
alunos com neurodivergência na Universidade, as propostas de layout devem ser
mais analíticas e tolerantes. Até o ano de 2018, de acordo com o Núcleo de
Acessibilidade e Inclusão (NAI) da UFPel, eram contabilizados 5 (cinco) alunos com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), matriculados em diversos cursos. 8 Uma das
características mais proeminentes e preocupantes para o bem estar da pessoa com
o autismo é justamente a sua sensorialidade e a forma como ela se relaciona com o
espaço, que pode consterná-la, oprimi-la ou estimulá-la excessivamente. Segundo
Posar e Visconti (2018, p. 343):

As alterações sensoriais das crianças com TEA também podem afetar seu
comportamento em atividades diárias familiares, inclusive comer, dormir e
rotinas de dormir; e fora de casa essas alterações podem criar problemas,
por exemplo, ao viajar e participar de eventos na comunidade.
Consequentemente, as intervenções do autismo também devem incluir
estratégias específicas de manejo de comportamentos sensoriais para
melhorar as atividades diárias familiares e a participação em eventos na
comunidade.

As perturbações ambientais, sejam de ordem visual, sonora, tátil, gustativa ou


olfativa, podem ser ignitoras de crises em pessoas com autismo. Considerando que
um ambiente acadêmico exige a exploração — muitas vezes intensa — desses
sentidos, a proposta de um projeto inclusivo deverá conter soluções que evitem ou
amenizem tais episódios. A sensação aguda de um giz riscando o quadro negro, de
uma cadeira arrastando no piso, ou então a percepção de cores berrantes e
destoantes de um ambiente, podem ocasionar severos desconfortos em pessoas
neurotípicas, que têm sensorialidade mais tolerante a tais perturbações. Mas como

8 De acordo com a lista de alunos já atendidos pelo Núcleo e os alunos ingressantes do ano
de 2018. Material disponibilizado ao autor em 20 de Fevereiro de 2018.
70

poderia reagir uma pessoa com hipersensibilidade ou sensorialidade intolerante?


Esse cenário evidencia que uma ocorrência dessas poderia ser muito mais
agravante para pessoas com autismo.
Ademais, um projeto voltado para o bom planejamento sensorial é importante
para todas as pessoas, já que dificilmente alguém sente-se bem quando confronta
suas aversões. Entretanto, as aversões e afeições são de ordem individual, únicas
para cada pessoa, e esse é um tremendo desafio para o projetista. A tentativa de
criar um ambiente acolhedor, para todos, pode se mostrar frustrada a partir do
momento em que uma só pessoa não consiga tolerar o ambiente construído. Ao
intervir com empatia e reunindo o máximo de dados possíveis, esse desafio pode
ser cada vez mais desmitificado.

5.2.5. Inclusão e Desenho Universal

Inclusão vai além de tornar acessível. Um ambiente capaz de permitir acesso


não é, necessariamente, capaz de permitir inclusão. Por exemplo, segundo Andrade
(2009), o prédio da Secretaria de Cultura de Pelotas (SECULT) não possibilita que
todo e qualquer indivíduo ingresse na edificação através do seu acesso principal. Ao
avaliar a Figura 31, percebe-se que o acesso principal está acima do nível do
passeio, inviabilizando a entrada de Pessoas Com Deficiência (PCD). A entrada
acessível se dá pela lateral do prédio, de forma segregada. Reitera-se que segregar
é exatamente o oposto de incluir, portanto, para a entrada no prédio há
acessibilidade, mas não há inclusão.

Figura 31 - Acessos principal e lateral da SECULT


Fonte: Andrade (2009, p. 35-37). Adaptado pelo autor.
71

A inclusão se conceitua em amplos aspectos, porém, no caso deste trabalho,


sua aplicação se restringirá à promoção de um espaço educacional com o mínimo
possível de soluções segregacionistas.
Entender a situação de privilégio, na qual uma pessoa sem deficiências ou
mobilidade reduzida se encontra, é fundamental para estabelecer soluções que
transcendam a pequenos sensos de igualdade. Por exemplo, qual o teor lógico de
propor um ambiente, com soluções restritamente igualitárias para duas pessoas,
sendo uma delas com restrições e a outra sem? Não é sensato, da parte do
projetista, pressupor que essas duas pessoas conseguirão usufruir igualmente o
ambiente construído somente por executar propostas idênticas. Pensando nas
condições de privilégio e na carência gerada ao promover meramente o senso de
igualdade, aplica-se o termo equidade, conforme ilustra a Figura 32.

Figura 32 - Diferença entre igualdade e equidade


Fonte: Blog Sou + SUS, 2015.

Conforme o Dicionário Houaiss, equidade é o “respeito à igualdade de direito


de cada um, que independe da lei positiva, mas de um sentimento do que se
considera justo, tendo em vista as causas e as intenções”.9 A equidade e a inclusão,
neste caso, têm interdependentes relações. Para Sabino (2017):

É necessário aplicar a equidade, mas tendo a igualdade como protagonista.


Primeiro você trata de forma igual, a igualdade vem primeiro.
Posteriormente para adequar as necessidades que ainda restam, aplica-se
a equidade conseguindo um sistema realmente justo e balanceado. Quando
o inverso é feito só se consegue desigualdade ou injustiça para a grande
maioria.
Já para o Desenho Universal (DU):

9 Acesso na plataforma UOL em 28 de Abril de 2020.


72

Este conceito propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser


humano e na sua diversidade. Estabelece critérios para que edificações,
ambientes internos, urbanos e produtos atendam a um maior número de
usuários, independentemente de suas características físicas, habilidades e
faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma
melhor ergonomia para todos. (Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT, 2015, p. 139)

A norma (NBR 9.050, 2015) recapitulava os 7 (sete) princípios para o


planejamento com as premissas do DU:
a) Uso equitativo: quando o espaço ou elemento pode ser usado por
quaisquer pessoas, independentemente de suas condições físicas ou psicológicas,
eliminando possíveis segregações ou estigmatizações;
b) Uso flexível: quando o ambiente ou elemento permitem uso versátil,
considerando as preferências e habilidades de cada indivíduo;
c) Uso simples e intuitivo: quando o ambiente ou elemento pode ser utilizado
com fácil compreensão;
d) Informação de fácil percepção: quando o ambiente ou elemento possui
maximizadas formas de sinalização para instrução ou orientação;
e) Tolerância ao erro: quando se possibilita a eliminação ou mitigação de
riscos, bem como seu isolamento e sinalização, se houver;
f) Baixo esforço físico: quando o ambiente ou elemento demanda o mínimo
possível de atividade muscular, garantindo condição de conforto e eficiência;
g) Dimensão e espaço para aproximação e uso: quando o ambiente ou
elemento tem dimensões adequadas para uso, manipulação, aproximação ou
alcance.
Entretanto, embora tanto a equidade quanto o DU confluam para a promoção
da inclusão, em algumas situações seus conceitos podem ser controversos, sem
qualquer prejuízo à finalidade que é a execução de um ambiente acessível e
inclusivo. Um exemplo comum aos ambientes universitários é o assento para
Pessoas com Obesidade (PO) 10. Considerando a realidade das salas de aulas da
UFPel, as poucas salas que disponibilizam esse assento geralmente comportam
uma única unidade do mesmo. Isto é, embora o desenho da cadeira permita uso
equitativo (desenho universal), em uma situação de disponibilização de uma única

10 Item 4.7 da NBR 9.050 (2015)


73

cadeira específica (equidade), cria-se um ambiente em que a pessoa com obesidade


está fadada a sentar-se em um único local predestinado (estigmatização).
Percebe-se que, embora o usuário tenha garantia de participação, conforto e
segurança na sala de aula (inclusão), ele ainda está em uma posição de
estigmatização, ferindo os preceitos do DU. Outra situação desfavorável é caso de
outra pessoa, sem obesidade, sentir-se no direito de usar o assento específico,
obrigando a pessoa com obesidade a sentar-se em outro local. Em linhas gerais, a
equidade se dá pelo senso de justiça, quando se cria uma condição específica e
favorável à promoção da inclusão; entrementes, o DU contempla justamente a
inexistência de adaptações ou elementos especificamente direcionados, também
almejando promover um espaço inclusivo.
Não é como se existisse uma resposta certa, pois, para a situação elencada,
o ideal seria que todos os assentos comportassem usuários com quaisquer
dimensões ou pesos. Contudo, essa idealização acarretaria uma significativa
necessidade de ampliação do espaço, o que muitas vezes é inviável
construtivamente. O Desenho Universal é um conceito, uma premissa, trata-se de
uma meta de projeto, porém, é muito difícil de ser integralmente atingida. Entretanto,
com a trajetória do projetista nas buscas por soluções para implementação do DU,
grandes feitos são realizados em prol de um projeto mais universal e acessível. O
envolvimento empático é a base para o profissional garantir, de uma forma ou de
outra, que a inclusão e a acessibilidade sejam implementadas e que o ambiente
possa ser apropriado por todos os usuários.

5.2.6. Mobiliário e antropometria

Considerando os espaços pertinentes à execução de um novo campus para o


Centro de Engenharias, os mobiliários mais destacáveis são os assentos, as
superfícies de trabalho, os armários e os mobiliários fixos. Os assentos são
caracterizados pelas cadeiras das salas de aula, pelas poltronas do possível
auditório e pelas acomodações destinadas ao lazer e descanso nas áreas de
convivência; as superfícies de trabalho consistem na instalação de mesas para
estudo, alimentação, manipulação de produtos e equipamentos, balcões de
atendimento, entre outros; os armários ou estantes correspondem aos móveis
destinados ao resguardo de materiais e produtos, que deverão permitir alcance para
74

manipulação e organização dos seus interiores; os mobiliários fixos são aqueles que
integram as instalações sanitárias, tais como vasos sanitários, mictórios, pias, louças
e metais em geral.
Todos os mobiliários supracitados deverão apresentar condições favoráveis à
ergonomia, mediante ao estabelecimento de suas respectivas características
construtivas, tais como os materiais utilizados, alturas de alcance e outras
dimensões. Para garantia dos parâmetros de ergonomia, segurança e conforto para
mobiliários, são apresentadas as medidas mínimas e máximas admitidas na
bibliografia utilizada, atuantes como referenciais de projeto. Também faz-se um
paralelo com a Norma da Acessibilidade, que atuará como regramento de projeto
nas pautas que tangem a obrigatoriedade de promoção de acessibilidade na
edificação.
Geralmente, nas bibliografias, o sexo masculino tem dimensões de alcance e
medidas gerais majoradas. Entretanto, deve-se adotar medidas e dimensões em
projeto compreendidas no intervalo comum aos dois sexos. Os maiores valores
deverão ser atingíveis pelas menores pessoas, ao passo em que os menores
valores deverão comportar as pessoas maiores.

5.2.6.1. Assentos Públicos

Quando sentado, o corpo humano distribui sua carga em uma área bastante
pequena, sendo o seu peso concentrado nas extremidades dos ísquios. Porém, a
base do assento não é suficiente para permitir estabilidade do corpo, devendo-se
considerar, além das medidas de cadeira, alguns aspectos relevantes como o tipo
de estofamento, a superfície de apoio dos pés e o encosto com inclinação entre 95º
e 105º para sensação de conforto (PANERO E ZELNIK, 2015). As dimensões
apresentadas nas Figuras 33 e 34 demonstram a relação antropométrica com os
assentos em geral, levantados na bibliografia e na Norma de Acessibilidade,
respectivamente. Essas características são muito pertinentes para ambientes
escolares, mais especificamente em salas de aula. Entretanto, nas consultas não
são encontrados aspectos específicos para papéis secundários que um assento
pode desenvolver. Por exemplo, para uma cadeira escolar, é extremamente
conveniente que haja espaço para resguardo de mochila e armazenamento de
materiais que não são utilizados a todo momento.
75

Figura 33 - Medidas básicas para o design de cadeiras


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Figura 34 - Alcance manual frontal para pessoa sentada


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Para os assentos das áreas de convivência aplicam-se os parâmetros


estabelecidos nas Figuras 35 e 36, que tratam sobre os dimensionamentos de
76

bancos e sofás para áreas de estar, respectivamente. Ao invés da utilização de


bancos, prevê-se a reutilização de paletes industriais, com estofamento feito em
futons 11 para criação de atmosfera rústica e compatível com o conceito do projeto.

Figura 35 - Cotas de bancos de baixa e alta densidade


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

As cotas “D” e “E”, da Figura 35, equivalem a 76,2 cm e 61,0 cm,


respectivamente. As cotas da Figura 36 constam no Quadro 6.

Figura 36 - Cotas de sofás para áreas de estar


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

11Estofamentos que tomam formatos de área de assento, semelhantes a colchões, almofadas ou


pufes. Seu uso é versátil, servindo para sentar-se ou deitar-se.
77

Quadro 6 - Dimensões de sofás para áreas de estar


Cotas Dimensões (cm) 12
A 106,7 - 121,9
B 15,2 - 22,9
C 7,6 - 15,2
D 71,1
F 228,6 - 243,8
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Tocante aos assentos públicos, a Norma de Acessibilidade estabelece


critérios no seu item 8.5, com módulo individual de no mínimo 45 cm e devendo-se
prever espaço para PCD logo ao lado do assento, conforme Figura 37.

Figura 37 - Banco – Área para transferência – Exemplo – Vista superior


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Especificamente para pessoas com obesidade, a NBR 9.050 (2015) demanda


que as dimensões dos assentos sejam tais quais a Figura 38.

Figura 38 - Dimensões para assentos de pessoas obesas


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

12 Dimensões para sofás de usuários do sexo masculino, que têm antropometria majorada.
78

5.2.6.2. Superfícies de trabalho

Considerando o projeto a propor e avaliando as medidas para superfícies de


trabalho, elencam-se as mesas, as escrivaninhas, as bancadas e balcões de
atendimento. As Figuras 39 e 40 fornecem as cotas para mesas de salas de estudo
ou multiuso, que deverão ser utilizadas para alimentação ou para estudos em
espaço aberto. As dimensões mais pertinentes encontram-se nos Quadros 7 e 8.

Figura 39 - Cotas larguras e profundidades para mesas


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 7 - Dimensões larguras e profundidades para mesas


Cotas Dimensões (cm)
B 45,7 – 61,0
C 76,2
D 35,6
F 61,0
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Figura 40 - Cotas alturas e profundidades para mesas


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.
79

Quadro 8 - Dimensões alturas e profundidades para mesas


Cotas Dimensões (cm)
A 193,0 – 223,5
B 167,6 – 198,1
D 76,2
E 40,6 – 43,2
F 73,7 – 76,2
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

A Figura 41 apresenta as cotas para escrivaninhas, que podem utilizadas nos


computadores de acesso livre da biblioteca ou espaço de acervo. O Quadro 9
demonstra as medidas a utilizar, de acordo com a bibliografia.

Figura 41 - Cotas para superfícies de estudo


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 9 - Medidas para superfícies de estudo


Cotas Dimensões (cm)
H 71,1 – 76,2
I 107,7 – 137,2
J 45,7 – 61,0
K 61,0 – 76,2
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Para a Norma de Acessibilidade, as mesas têm critérios mais rigorosos


quanto às larguras mínimas admitidas, conforme ilustra a Figura 42. Essas medidas
80

se aplicam tanto às mesas de refeições quanto de estudos, visto que as mesas da


área de estudo serão de multiuso, estando vinculadas também à cantina.

Figura 42 - Mesa – Medidas e área de aproximação


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Especificamente para as mesas destinadas para terminais de consulta no


computador, a Norma de Acessibilidade determina que as medidas a serem
respeitadas são as da Figura 43.

Figura 43 - Terminais de consulta


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

As superfícies de trabalho também englobam os balcões de atendimento, que


deverão acomodar os funcionários responsáveis pela recepção e portaria. A Figura
44 demonstra as cotas e o Quadro 10 resume as dimensões mais pertinentes.
81

Figura 44 - Cotas para balcões de atendimento


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 10 - Dimensões para balcões de atendimento


Cotas Dimensões (cm)
F 61,0 – 68,6
G 91,4 – 99,1
H 20,3 – 22,9
I 5,1 – 10,2
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Entretanto, a Norma de Acessibilidade estipula que os balcões de


atendimento deverão estar próximos às entradas, devendo ter extensão de no
mínimo 90 cm, altura de no máximo 105 cm do piso — 73 cm mínimos de altura livre
para Pessoas em Cadeira de Rodas (PCR) — e deverão permitir aproximação frontal
e lateral com recuo de no mínimo 30 cm.

5.2.6.3. Armazenamentos

Avaliando-se as dimensões para itens de armazenamento, enquadram-se os


balcões de cozinha, armários em geral, estantes e expositores. A Figura 45 ilustra as
bancadas de cozinha, que serão dispostas no espaço de cantina ou cozinha. O
Quadro 11 apresenta as dimensões mais pertinentes de acordo com a bibliografia.
82

Figura 45 - Cotas para bancadas de cozinha


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 11 - Cotas para bancadas de cozinha


Cotas Dimensões (cm)
B 101,6 mín.
I 61,0 – 66,0
K 88,9 – 91,4
L 55,9 mín.
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Já para a NBR 9.050 (2015), os valores constam na Figura 46.

Figura 46 - Cozinha - Área de aproximação e medidas para uso


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.
83

A Figura 47 ilustra as cotas de armários e prateleiras, enquanto o Quadro 12


indica suas respectivas dimensões conforme a fonte consultada.

Figura 47 - Cotas para armários e prateleiras


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 12 - Dimensões para armários e prateleiras


Cotas Dimensões (cm)
A 45,7 – 61,0
D 116,8 – 132,08
E 76,2 – 91,4
G 175,3
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Para a NBR 9.050 (2015), o alcance frontal manual deverá ser, no máximo,
de 1,55 m para ser considerado confortável às pessoas de pé. Para PCR’s, esse
alcance deverá ser de, no máximo, 1,15 m.
Para os espaços de biblioteca e acervo, a Figura 48 indica as cotas para
alcance e manuseio de livros em estantes. O Quadro 13 representa suas respectivas
dimensões .
84

Figura 48 - Cotas para acervos de biblioteca


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 13 - Dimensões para acervos de biblioteca


Cotas Dimensões (cm)
A 167,6 mín.
B 45,7 mín.
C 76,2 mín.
E 172,7
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Figura 49 - Estantes em bibliotecas


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

A Figura 49 indica a rota mínima acessível, entre estantes, para que esse tipo
de espaço seja acessível de acordo com a NBR 9.050 (2015).
85

5.2.6.4. Mobiliário fixo

A Figura 50 fornece as cotas de bancadas e pias para banheiros, rebaixadas


e de altura comum. As medidas da bibliografia constam no Quadro 14.

Figura 50 - Cotas para bancadas com cubas em banheiros


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 14 - Dimensões para bancadas com cubas em banheiros


Cotas Dimensões (cm)
C 48,3 – 61,0
H 81,3 – 91,4
I 175,3
J 40,6 – 45,7
K 66,0 – 81,3
L 81,3
M 50,8 – 61,0
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Além das dimensões de bancadas rebaixadas para crianças ou pessoas com


nanismo, vistas na Figura 50, a Figura 51 estabelece medidas para bancadas
acessíveis à PCR’s. As dimensões constam no Quadro 15.
86

Figura 51 - Cotas para bancadas de banheiro rebaixadas


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 15 - Dimensões para bancadas com cubas em banheiros


Cotas Dimensões (cm)
H 121,9
I 45,7
J 91,4
K 48,3
L 76,2
M 86,4
N 101,6
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

As medidas para a bancadas de banheiros — ou mais precisamente para


lavatórios — de acordo com a NBR 9.050 (2015), podem ser variáveis de acordo
com o modelo de lavatório a ser instalado. Nesse caso, dependendo da escolha da
cuba para o sanitário, deverão ser respeitadas as medidas elencadas no item 7 da
norma, que trata sobre sanitários acessíveis. Considerando a execução de
bancadas nos sanitários coletivos, a Figura 52 ilustra as medidas exigidas na norma.
Considerando a instalação de lavatórios suspensos nos sanitários acessíveis,
devem-se respeitar as alturas estabelecidas pela Figura 53. Salienta-se o cuidado
nas instalações das barras de apoio, que têm detalhamentos específicos para cada
caso de equipamento sanitário também no item 7 da norma. Também existem
parâmetros para a instalação de espelhos, conforme Figura 54.
87

Figura 52 - Faixa de alcance de acessórios junto ao lavatório


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Figura 53 - Área de aproximação para uso do lavatório


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Figura 54 - Altura de instalação do espelho


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.
88

Segundo a NBR 9.050 (2015), as bacias sanitárias não poderão ter abertura
frontal e deverão estar locadas de tal modo que permitam área de transferência para
PCR’s nos alinhamentos lateral, frontal e diagonal à mesma. A Norma de
Acessibilidade também expõe que as bacias “devem estar a uma altura entre 0,43 m
e 0,45 m do piso acabado, medidas a partir da borda superior sem o assento. Com o
assento, esta altura deve ser de no máximo 0,46 m para as bacias de adulto [...]”.
Deve-se garantir a instalação de barras de apoio conforme Figura 55 e Quadro 16.

Figura 55 - Instalação de barras de apoio junto a bacia sanitária


Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

Quadro 16 - Medidas para bacia sanitária e barras de apoio


Cotas Adulto Infantil
A 0,75 0,6
A1 Máx. 0,89 0,72
B 0,4 0,25
Cotas 0,46 0,36
D 0,3 0,15
Fonte: ABNT NBR 9.050, 2015.

De acordo com a bibliografia, as cotas para os bebedouros encontram-se na


Figura 56, ao passo em que suas dimensões encontram-se no Quadro 17.
89

Figura 56 - Cotas para instalação de bebedouros


Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

Quadro 17 - Dimensões para instalação de bebedouros


Cotas Dimensões (cm)
B 63,5
D 76,2
L 91,4 máx.
Fonte: Panero e Zelnik, 2015.

De acordo com a NBR 9.050 (2015), “deve-se instalar bebedouros com no


mínimo duas alturas diferentes de bica, sendo uma de 0,90 m e outra entre 1,00 m e
1,10 m em relação ao piso acabado.”

5.2.7. Pisos e revestimentos

Para a paginação e instalação de pisos, deve-se respeitar os parâmetros de


estanqueidade, condutividade térmica, resistência à abrasão, resistência ao fogo,
rugosidade — entre outros — estabelecidos na Norma de Desempenho Para Pisos
NBR 15.735-3 (2013). Num panorama geral, o atendimento aos critérios físicos e
químicos das peças são de responsabilidade dos fabricantes, de acordo com a
classificação dos pisos e revestimentos que produzem. Nesse cenário, a definição
do projetista consiste na escolha das peças conforme a utilização do ambiente.
De acordo com a NBR 15.575-3 (2013), as áreas podem ser consideradas
como secas, molháveis ou molhadas. As áreas secas não contam com presença de
água nem mesmo nos processos de limpeza; as áreas molháveis são aquelas onde
90

podem ocorrer respingos d’água em função de sistemas hidrossanitários ou limpeza;


as áreas molhadas são aquelas onde se prevê permanência de água, como áreas
de chuveiros. Para o caso do Prédio do CEng/1001, considerando os processos de
limpeza que utilizam água e a inexistência de chuveiros, é sensato prever que toda a
área térrea será considerada como área molhável, ao passo em que somente o
auditório, no andar superior, será considerado área seca. Banheiros superiores
também constarão como áreas molháveis.
Além da definição dos pisos de acordo com as áreas molhadas ou não, existe
um parâmetro fundamental para a escolha de um piso eficiente: o Porcelain Enamel
Institute (PEI), listado no Quadro 18. PEI é a sigla do instituto que estabeleceu a
classificação de pisos e revestimentos quanto às suas resistências à abrasão
superficial. O PEI leva em consideração a intensidade de tráfego, bem como as
cargas e sobrecargas que um piso irá receber, as quais geram atrito e abrasão,
podendo ocasionar desgastes, ruptura parcial ou total do sistema de piso.

Quadro 18 - Classificação quanto a resistência à abrasão (PEI)


Resistência à
PEI Uso recomendado
abrasão
0 Baixíssima não indicado para pisos
ambientes onde se caminha com pés descalços ou
1 Baixa
chinelos
ambientes residenciais sem portas para ambientes
2 Média
externos
ambientes residenciais com portas para ambientes
3 Média alta
externos
4 Alta ambientes residenciais com tráfego intenso
ambientes comerciais, públicos e industriais com alto
5 Altíssima
tráfego
Fonte: Revista AECweb, não datado.

Além dos parâmetros específicos da peça, deve-se observar outros critérios


que tratam a instalação das mesmas como um sistema único. Esses critérios são
sobre os desníveis, juntas, segurança e conforto do piso como um todo. De acordo
com a NBR 9.050 (2015), desníveis superiores a 5 mm são considerados degraus e
devem ser sinalizados e permitirem acesso através de mecanismos de
deslocamento vertical. As juntas, de acordo com a NBR 15.575-3 (2013), deverão
ser de, no máximo, 4 mm, o que torna mais seletiva a escolha de pisos para evitar
estufamentos por retração térmica e rupturas (Figura 57). A segurança trata sobre a
91

prevenção de quedas dos usuários, com a utilização de pisos antiderrapantes, e


sobre o retardo da propagação do fogo em situação de incêndio. O conforto trata
sobre uma execução estratificada e completa do sistema de pisos conforme a Figura
58.

Figura 57 - Estufamento e ruptura por retração térmica


Fonte: O autor, 2018.

Figura 58 - Exemplo genérico de um sistema de pisos e seus elementos


Fonte: ABNT NBR 15.575-3, 2013.

Retomando as premissas de acessibilidade, os pisos consistem em um


sistema fundamental para a promoção de deslocamento seguro e confortável. Além
das funções básicas desse sistema, os pisos também deverão funcionar como parte
de um sistema de sinalização e orientabilidade da edificação, através dos pisos
podotáteis. De acordo com a NBR 16.537 (2016):

A sinalização tátil no piso compreende a sinalização de alerta e a


sinalização direcional, respectivamente, para atendimento a quatro funções
92

principais: a) função identificação de perigos (sinalização tátil alerta) :


informar sobre a existência de desníveis ou outras situações de risco
permanente; b) função condução (sinalização tátil direcional): orientar o
sentido do deslocamento seguro; c) função mudança de direção
(sinalização tátil alerta): informar as mudanças de direção ou opções de
percursos; d) função marcação de atividade (sinalização tátil direcional ou
alerta): orientar o posicionamento adequado para o uso de equipamentos ou
serviços.)
(Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, 2016)

Isto é, além da paginação de pisos e revestimentos, o projetista deverá


paginar os pisos podotáteis, que devem seguir as premissas de acessibilidade para
pessoas com cegueira ou baixa visão. Revestimentos de parede têm poucas
interações que causem abrasão, podendo ser classificados com PEI mais baixo,
porém, mantendo critérios de estanqueidade, conforto e segurança.

5.2.8. Paleta de cores e decoração

A paleta de cores será norteadora das predominâncias e quantidade de


matizes utilizadas no projeto. Considerando um espaço com conceito “Celeiro de
Ideias”, adotando uma execução com as ideias do retrofit (modernização de
elementos já ultrapassados), prevê-se uma mescla da arquitetura industrial com um
design rústico, mantendo os aspectos originais da edificação e dando-lhe uma nova
função. Sendo assim, deseja-se propor tons terrosos, neutros e off-whites, evitando
contrastes berrantes que possam causar estímulos em excesso em pessoas
neurodivergentes. A decoração deverá contar com vegetação verde, itens de
reutilização, madeira em tom natural ou envernizada, metal na cor preta e tijolos à
vista. A paleta de cores a utilizar será conforme a Figura 59.

Figura 59 - Paleta de cores a utilizar


Fonte: O autor, 2018.
93

6. Resultados

Como resultado de um processo técnico e criativo, também considerando a


metodologia abordada, este item apresenta-se como um memorial de estudos e
cálculos, bem como um recurso visual para fundamentar e ilustrar uma proposta
projetual.

6.1. Estudos preliminares e visita exploratória

A acurácia dos levantamentos, métrico e fotográfico, foi parcialmente


comprometida em decorrência da quantidade de mobiliário e entulho que impediu a
identificação de todas as dimensões do ambiente. Entretanto, consultando os
levantamentos que foram possíveis ao longo deste trabalho, somando-se aos
levantamentos da COPF, pode-se elaborar um compilado de dados que
suficientemente estruturam a aplicação de um projeto confiável.

6.1.1. Aferições métricas

A planta baixa básica do Prédio do CEng/1001, elaborada pela COPF, tem as


medidas de testada e profundidade do terreno divergentes do seu respectivo
cadastro na Prefeitura, conforme pode ser observado na Quadro 19. Através do
levantamento métrico oficial da Universidade, constata-se que as medidas reais são
majoradas e que a alvenaria da lateral esquerda é compartilhada com o prédio da
Cotada, facilitando a construção de acessos entre os prédios.

Quadro 19 - Comparativo das medidas dos terrenos


Medidas do terreno Projeto básico COPF Cadastro Prefeitura
Testada (m) 13,87 13,50
Profundidade (m) 43,88 41,70
Área (m²) 608,61 562,95
Fonte: O autor, 2020.

Também fez-se o levantamento métrico, de acordo com o item 4.2, obtendo-


se dimensões que podem ser consultadas no Quadro 20. As medidas externas
foram registradas com auxílio de trena profissional (marca Eda, alcance 10,0 m),
conforme Figura 60, já que o medidor a laser pode ser ineficaz devido a
94

interferências da luz solar. Adotou-se cota de nível igual à 0,00 m para o passeio
público.

Quadro 20 - Dimensões encontradas na pesquisa


Largura interna do galpão (m) 13,50
Profundidade interna do galpão (m) 43,08
Pé direito até a face das tesouras (m) 6,03
Altura até a cumeeira (m) 10,63
Distância entre tesouras (m) ≈ 2,38
Distância entre tesoura e testada (m) ≈ 6,49
Cota de nível do Prédio do CEng/1001 (m) 0,05
Largura da calçada (m) 3,44
Largura da faixa carroçável (m) 11,20
Altura do meio-fio (m) 0,25
Cota de nível do térreo da Cotada (m) 0,24
Diferença entre térreo e segundo piso da Cotada (m) 3,93
Fonte: O autor, 2020.

Figura 60 - Medições externas feitas com trena


Fonte: O autor, 2020.

As medidas referentes às tesouras da cobertura têm o símbolo matemático “≈”


(aproximadamente) porque foram obtidas de forma indireta, já que não foi possível
subir até a altura do pé direito. Através da “função Pitágoras”, do medidor Bosch, é
possível obter-se dimensões indiretas de um cateto oposto, através da relação de
medidas de um triângulo-retângulo, quando é possível medir os outros dois lados do
triângulo. O aparelho calcula e fornece o resultado da medida indireta no visor.
As últimas medidas do Quadro 20, embora relacionadas ao Prédio da Cotada,
foram úteis ao estudo de viabilidade para a construção de acessos diretos ao Prédio
do CEng/1001. Nesta pesquisa, as primeiras hipóteses de interligações foram
95

concebidas para o térreo e o segundo pavimento dos prédios, respeitando os


desníveis entre eles. A Figura 61 foca nas paredes da Cotada que deveriam ter
aberturas para a instalação de portas no térreo e no segundo piso, respectivamente.
A Figura 62 ilustra as cotas de nível dos prédios e os desníveis entre eles.

Figura 61 - Possibilidades de aberturas na parede compartilhada


Fonte: O autor, 2020.

Figura 62 - Cotas de nível dos prédios vistas em corte


Fonte: O autor, 2020.

Para projeto de edificações, o pé direito mínimo estabelecido no Código de


Obras do Município (2008, p. 20) é de 2,40 m, ou seja, para respeitar essa medida, a
cota de nível máxima do segundo piso do Prédio do CEng/1001 deveria ser de 3,65
96

m, considerando que as tesouras estão a aproximadamente 6,0 m do piso acabado


(ver Figura 62). Para essas medidas máximas e mínimas, observa-se dois desníveis
entre os pisos dos prédios, que devem ser vencidos por rampa ou elevador: 19 cm
entre os térreos e 52 cm entre os segundos pavimentos.
Para viabilizar os custos de projeto, todo o deslocamento vertical do prédio
tem a proposta concebida para que não seja necessária a instalação de elevadores,
logo, restaria a execução de rampas para vencer os desníveis. A diferença de cotas
de nível de 19 cm, entre o térreo da Cotada e o térreo do Prédio do CEng/1001,
pode facilmente ser vencida por rampa com inclinação adequada para promoção de
acessibilidade. Entretanto, a interligação prevista para o segundo pavimento é
prejudicada porque, conforme ilustra a Figura 63, o acesso está localizado entre
duas tesouras do Prédio do CEng/1001.

Figura 63 - Hipótese de acesso pelo segundo piso da Cotada


Fonte: O autor, 2020.

A execução de uma rampa nesta localização é inviável por dois motivos:


a) O primeiro, considerando a instalação da rampa no sentido perpendicular
às tesouras, é porque a altura de 1,88 m (ver Figura 62) é menor que o pé direito
mínimo estabelecido no Código de Obras (2008). A rampa cruzaria com as tesouras
em uma altura insuficiente;
97

b) O segundo, tendo a rampa no sentido paralelo às tesouras, resultaria em


uma rampa suspensa extensa demais para vencer o desnível de 52 cm.13
Sendo assim, a interligação entre os prédios é garantida, de forma simples,
somente no térreo. Uma segunda interligação é feita entre os prédios CEng/1001 e o
prédio anexo ao fundo, na Rua Conde de Porto Alegre, nº 4.

6.1.2. Análise de patologia

Segundo Neufert e Neff (2019, p. 160), um processo de “reabilitação” de uma


edificação se dá pela “eliminação de danos graves decorrentes das influências
climáticas ou envelhecimento [...]”. Os autores (NEUFERT e NESS, 2019) destacam
que um edifício necessita de renovação quando apresenta algumas das
manifestações patológicas listadas no Quadro 21. Além das problemáticas
levantadas, os autores também listam as possíveis intervenções para um correto
processo de reabilitação da edificação. Considerando o caso do Prédio do
CEng/1001, as manifestações patológicas e medidas aplicáveis para correção são:

Quadro 21 - Problemáticas e soluções para renovação de edifícios


Manifestações Medidas usuais
Isolamento térmico e sonoro ruim, seja
de paredes externas ou internas, Melhorias no sistema termoacústico
coberturas e janelas
Melhor isolamento contra umidade e
Vazamentos em coberturas e chaminés
reparos na cobertura
Janelas com esquadrias empenadas, Melhor isolamento contra umidade e
com frestas melhorias no sistema termoacústico
Revestimentos de pisos danificados,
Melhor isolamento contra umidade
deteriorados
Ataque de plantas e animais daninhos Eliminação dos efeitos de plantas e
(por ex., fungos, cupins, etc) animais daninhos
Deterioração por umidade de partes
Melhor isolamento contra umidade
construtivas
Calefação e instalações sanitárias em Renovação das instalações e
estado precário ampliação de banheiros
Fonte: Peter Neufert e Ludwig Ness, 2019.

Os problemas relacionados a conforto termoacústico são aplicáveis porque o


prédio tem estrutura de galpão industrial, sem quaisquer sistemas de isolamento

13 Considerando percentual de inclinação máxima admitida do item 6.6 da NBR 9.050 (2015).
98

térmico ou acústico além das paredes de alvenaria estrutural, cobertura de


fibrocimento e aberturas sem perfeita vedação, como mostra a Figura 64. Como
proposta de solução, deseja-se projetar adequado isolamento termoacústico para
paredes internas, aberturas e cobertura. As paredes externas possuem um fator
limitante que é a impossibilidade de alteração de fachada ou volumetria, logo, a
parede de alvenaria estrutural deve ser mantida.

Figura 64 - Detalhes do sistema de vedação


Fonte: O autor, 2019.

O destaque para vazamentos em coberturas é aplicável ao Prédio do


CEng/1001 porque a vedação da cobertura demonstra vazamentos de luz, além das
telhas translúcidas, e apresenta remendos em telhas quebradas. A umidade é um
agente patológico severo na região pelotense, já que o município apresenta altos
percentuais de umidade relativa do ar ao longo do ano, de acordo com diversas
fontes de climatologia. A Figura 65 apresenta vazamento de luz natural nos
encontros das águas do telhado e a Figura 66 indica os remendos feitos na telha de
fibrocimento atual.
Também como visto no Quadro 21, muitas das medidas para renovação de
edifícios consistem justamente na eliminação ou mitigação da umidade. Portanto,
como medida de intervenção, propõe-se a substituição completa das telhas de
fibrocimento por telhas com melhor desempenho, além da manutenção de calhas e
vedação completa dos sistemas pluviais.
99

Figura 65 - Vazados de luz natural nos encontros de águas da cobertura


Fonte: O autor, 2019.

Figura 66 - Pontos claros na telha de fibrocimento revelam os remendos


Fonte: O autor, 2019.

O item relacionado às janelas tem sua pertinência comprovada ao verificar-se,


na Figura 67, a ausência de reflexos nos pontos destacados, indicando os vidros
que foram quebrados ou caíram ao sabor do tempo. Também verifica-se, na Figura
68, a quebra da alavanca do sistema basculante de uma das janelas da fachada. O
processo de renovação deste item tem, novamente, fatores limitantes dos trâmites
envolvendo intervenções no patrimônio. As aberturas devem ser mantidas originais,
porém, os vidros podem ser trocados por outros com melhores índices de
desempenho. As janelas também podem ser reformadas, devendo as aberturas dos
fundos também sofrerem renovação, considerando aspectos de fachada. As janelas
internas poderão ser inteiramente novas.
100

Figura 67 - Pontos com quebra de vidros


Fonte: O autor, 2019.

Figura 68 - Sistema basculante danificado


Fonte: O autor, 2019.

O sistema de piso integra as análises de patologia devido às infiltrações e


fissuras encontradas ao longo da pavimentação da edificação, como pode-se
observar na Figura 69. O prédio possui piso de concreto em toda sua extensão, o
qual deverá ser impermeabilizado antes da instalação de placas cerâmicas, ou
porcelanato, para evitar danos oriundos da umidade. Também deverá possuir
101

adequadas juntas de dilatação, pois, devido a contração e expansão dos materiais


por gradiente térmico, é possível a ocorrência de fissuras ou descolamento de
placas. Em virtude da necessidade de reforma do passeio que atualmente está
irregular (ver Figura 2), deve-se garantir diferença de cota igual à zero entre a
calçada e a entrada do prédio. A construção de adequado passeio passa a ser
obrigatória, de acordo com o Código de Obras (2008, p. 16-17), quando diz que:

Art. 84 - Todos os projetos submetidos à Aprovação junto ao município


deverão ser analisados em conjunto com os passeios públicos ou de uso
comum, constando suas características construtivas, especificações e
dimensões nas plantas do projeto arquitetônico.
Art. 85 - Os passeios de que trata a presente seção devem ter superfície
regular, firme, estável, antitrepidante e antiderrapante, sob qualquer
condição climática, contínuos, sem mudanças abruptas de nível ou
inclinações que dificultem a circulação, executados com pavimentação em
cor neutra, apresentar inclinação transversal da superfície entre 1% (um por
cento) e 2% (dois por cento), em direção ao sistema de captação de águas
pluviais.
Art. 90 - Deverá ser empregado o piso tátil, observadas as situações
previstas na norma [...].

Figura 69 - Fissuras e umidade no piso de concreto


Fonte: O autor, 2019.

O ataque de agentes biológicos pode ser verificado na Figura 24 e na Figura


70. Plantas e fungos têm desenvolvimento permitido em virtude da presença de
condicionantes como umidade, pouca entrada de luz natural e ausência de
constante ventilação e renovação do ar. A presença destes elementos deve ser
completamente eliminada através do reparo do reboco danificado, bem como pela
supressão ou mitigação dos condicionantes supracitados. A Figura 70 também
102

demonstra deterioração em decorrência da umidade, já mencionada anteriormente


como um dos mais ativos agentes patológicos.

Figura 70 - Presença de fungos e deterioração do acabamento da alvenaria


Fonte: O autor, 2019.

A situação das instalações de água fria e águas pluviais encontra-se em


estado alarmante. A Figura 70 apresenta um dos tubos de queda aparentes, com
presença de umidade e mofo no seu entorno. Já na Figura 71, nota-se o piso de
concreto dos fundos encharcado pelo gotejamento constante de uma das torneiras
com defeito. Como proposta de solução, prevê-se renovação integral dos sistemas
de abastecimento de água fria, captação de águas pluviais e esgoto cloacal.

Figura 71 - Instalações dos fundos apresentam gotejamento


Fonte: O autor, 2019.

Além das medidas usuais listadas no Quadro 21, reitera-se a importância da


implementação de um Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI), garantindo a
preservação das estruturas e sistemas. Também faz-se uma ressalva para a
103

urgência da manutenção das edificações pertencentes à Universidade Federal de


Pelotas, independentemente se estão com uso atribuído ou não. A NBR 5.674
(1999) que trata sobre manutenção de edificações estabelece que “manutenção” é:

Conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a


capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de
atender as necessidades e segurança dos seus usuários.

A norma (NBR 5.674, 1999) também elenca que:

É inviável sob o ponto de vista econômico e inaceitável sob o ponto de vista


ambiental considerar as edificações como produtos descartáveis, passíveis
da simples substituição por novas construções quando seu desempenho
atinge níveis inferiores ao exigido pelos seus usuários. Isto exige que se
tenha em conta a manutenção das edificações existentes, e mesmo as
novas edificações construídas [...].

A vida útil de uma edificação depende diretamente do seu estado de


conservação. Se uma edificação está sob estado precário, além de geralmente
observar-se diversos agentes que ferem o meio ambiente, a segurança e a saúde
pública, torna-se ainda mais oneroso e dificultoso o processo de reciclagem ou
reforma.

6.1.3. Vedação externa e sistema estrutural

Analisando a atual situação estrutural do prédio e definindo aspectos de


design e arquitetura, deseja-se respeitar uma atmosfera rústica e peculiar de um
galpão. Para tal, todo o sistema estrutural proposto envolverá estruturas metálicas
para pilares, vigas e escadas. O sistema de lajes poderá ser feito com “laje seca”,
com a instalação de painéis de madeira ou cimentícios. Para manter o sistema de
vedação externa original, propõe-se reparos nos acabamentos externos e remoção
do reboco interno, deixando os tijolos de alvenaria estrutural aparentes, em
referência à Biblioteca de Ciências Sociais da UFPel (ver Figura 18). Os tijolos
devem receber tratamento de impermeabilização com produto transparente,
devendo os entalhes, por onde passam as atuais tubulações pluviais, serem
preenchidos com novas fiadas de tijolos ou receberem cobrimento em madeira.
104

6.2. Programa de necessidades

O programa de necessidades dos usuários foi elaborado acerca dos


resultados do questionário online, relatado no item 4.3. Os resultados embasaram as
tomadas de decisões sobre o que deveria ser proposto para o projeto do prédio. A
primeira seção de perguntas visava a coleta de dados relacionados aos usuários em
si, já a segunda seção era voltada à identificação das demandas dos usuários para
com o espaço a intervir.
Com a primeira pergunta, desejava-se identificar se os respondentes eram
alunos ou servidores, permitindo o estabelecimento das taxas de participação da
comunidade acadêmica.

Quadro 22 - Pergunta: Aluno ou servidor?


Total de Percentual da Percentual
Categoria
respostas amostra relativo
Alunos 245 94,96 % 15,73 %
Servidores 13 5,04 % 8,78 %
Fonte: O autor, 2020.

Considerando o total de 258 participantes, no Quadro 22 encontram-se os


percentuais da amostra de alunos e servidores participantes. A grande diferença
entre os números aponta uma massiva participação dos alunos, se comparados aos
servidores (que somam professores e técnicos administrativos). O percentual relativo
faz inferência aos dados de população levantados no item 1 deste trabalho,
projetando os números de respostas em razões com os números totais de alunos e
servidores da Unidade. Entende-se que 15,73 % da população total de alunos do
CEng garantiu sua participação, enquanto a população total de servidores do Centro
participou em 8,78 % de seu pessoal. Com esses dados, pode-se concluir que a
categoria com maiores urgências foi a que mais se envolveu na pesquisa, portanto,
a dos alunos.
A segunda pergunta desejava quantificar o percentual da comunidade
acadêmica que, de fato, sabia o que era e onde se localizava o objeto de estudo
desta pesquisa: o Prédio do CEng/1001. O levantamento desse percentual permitiu
identificar o quanto a comunidade acadêmica do CEng reconhece suas instalações e
estruturas.
105

Quadro 23 - Pergunta: Você sabe qual é o Prédio do CEng/1001?


Total de Percentual da População
Resposta
respostas amostra relativa
Sim 138 53,49 % 912
Não 120 46,51 % 793
Fonte: O autor, 2020.

As respostas obtidas nessa pergunta configuraram um dos resultados mais


inesperados e impactantes desta pesquisa. O percentual da comunidade acadêmica
que desconhece a existência do prédio, pelo nome, é muito expressivo. Analisando
o Quadro 23, quase metade dos respondentes não sabiam o que era ou onde se
localizava o prédio em questão. Estimando que os percentuais obtidos possam se
aplicar na população total do CEng (alunos + professores + técnicos
administrativos), encontra-se uma população relativa que deve-se aproximar da
quantidade de pessoas que conhecem ou desconhecem o prédio, respectivamente.
A terceira pergunta, que finaliza a primeira seção, era precedida de uma
imagem da fachada do Prédio do CEng/1001. A pergunta tinha o intuito de identificar
se a comunidade acadêmica era capaz de reconhecer o prédio, agora, visualmente.

Quadro 24 - Pergunta: Após a imagem, você reconhece o prédio?


Total de Percentual da População
Resposta
respostas amostra relativa
Sim 233 90,31 % 1540
Não 25 9,69 % 165
Fonte: O autor, 2020.

O percentual da amostra, no Quadro 24, indica que a densa maioria


reconhece, visualmente, a estrutura do prédio e onde ela se encontra. A população
relativa assume que, podendo-se esses percentuais serem projetados na população
total da comunidade acadêmica, é estimável o número de pessoas do CEng que,
após visualizar a imagem da fachada, conheceria ou desconheceria a localização do
prédio, respectivamente. Tais dados evidenciam a necessidade de alunos e
servidores se apropriarem do espaço público, já que somente assim poderão exigir
que seu patrimônio seja devidamente protegido e preservado. Também é
fundamental que a população do CEng saiba quais são os prédios passíveis de
reforma ou revitalização, permitindo que suas condições acadêmicas sejam
melhoradas, no que se refere ao espaço físico. A sequência composta pelo
106

reconhecer, apropriar e exigir, dentro das políticas públicas, que o espaço tenha uso
atribuído de forma viável, é um ato de cidadania. É um ato visivelmente necessário.
A quarta pergunta objetivava identificar o quanto os usuários do CEng,
independentemente de seu curso ou campus, consideravam necessária a proposta
de uma ampliação para expansão da Unidade. A escala de classificação
estabelecida foi de 0 (desnecessária) a 5 (urgentemente necessária), conforme
Quadro 25.

Quadro 25 - Pergunta: Qual a urgência de ampliação do CENg?


Avaliação de 0 a 5 (0) (1) (2) (3) (4) (5)
Total de respostas 1 0 7 33 65 152
Percentual da
0,387 % 0,00 % 2,71 % 12,79 % 25,19 % 58,92 %
amostra
População relativa 7 0 46 218 429 1005
Fonte: O autor, 2020.

Pode-se presumir, a partir do Quadro 25, que estatisticamente projetando os


percentuais da amostra na população total, mais de mil usuários considerariam
como urgente a ampliação do Centro de Engenharias. Este valor tende a cair quanto
mais se percorre à esquerda da escala, porém, cerca de 96,9% da amostra da
pesquisa declara que acha necessária, ou mais que necessária, a ampliação do
Centro. Esse valor, projetado na população total da Unidade, revela um aproximado
de 1652 pessoas que defendem a necessidade de expansão da Unidade.
A quinta e última pergunta desempenha o mais importante dos papéis para o
estabelecimento de um projeto condizente com as necessidades dos usuários. A
pergunta funcionou como um sistema de mapeamento para identificar quais são as
maiores carências por espaços físicos nas instalações do Centro.

Quadro 26 - Pergunta: Qual a prioridade de ambientes a propor?


Ambiente Votos Percentual
Estudos Individuais / Grupos 135 52,3 %
Cantina 133 51,6 %
Biblioteca e Acervos 130 50,4 %
Lab. Pesquisa ou Aulas Práticas 129 50,0 %
Xerox 122 47,3 %
Convivência e Lazer 108 41,9 %
Sala de Palestras / Auditório 101 39,1 %
Salas de Aula 94 36,4 %
Copa 82 31,8 %
107

Lab. Informática 75 29,1 %


Sanitários 61 23,6 %
PET / Emp. Júnior / Grupos 53 20,5 %
Lab. Desenho Técnico 44 17,1 %
Salas de Professores 18 7,00 %
Fonte: O autor, 2020.

Os dados do Quadro 26 foram dispostos de forma decrescente, ilustrando


quais são os ambientes mais solicitados no projeto desta pesquisa. Os percentuais
indicam a parcela da amostra que marcou cada ambiente como prioridade de
implementação, porém, a soma não totaliza em 100%, visto que a marcação não
tinha modalidade de múltipla escolha, mas sim de caixa de seleção. Por exemplo,
52,3 % das pessoas que responderam o questionário marcaram salas de estudo nas
suas respostas, não as impedindo de também marcar outros ambientes. Destacando
os três primeiros itens da lista, temos que a maior carência da comunidade
acadêmica é por espaços para estudos individuais ou em grupo, sucedidos por
espaço de cantina e local de acervo de biblioteca.
O Centro de Engenharias é uma Unidade incorporada por cursos que
demandam domínio sobre disciplinas complexas, tais como cálculo, física,
representação gráfica, etc. Estas áreas do conhecimento exigem que alunos
despendam muitas horas dedicadas aos estudos ou ao desenvolvimento de
atividades correlatas. Mais especificamente, o ciclo inicial desses cursos tende a ser
mais severo com os alunos, considerando o choque de realidade entre o egresso do
Ensino Médio e o ingresso no Ensino Superior.
Os cursos de engenharia têm, em geral, altos índices de evasão acadêmica
ao longo dos anos, segundo fontes como Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
(INEP) e Confederação Nacional da Indústria (CIN). Um dos fatores para essa
realidade é justamente a dificuldade que diversos alunos têm ao estudar conteúdos
tão complexos. Como técnica para mitigar esses efeitos, a UFPel possui Projetos de
Ensino e bolsas de monitoria que auxiliam e encorajam alunos de diversos cursos e
disciplinas. Entretanto, os espaços reservados aos estudos e desenvolvimento de
monitorias é extremamente limitado, além de inapropriado. O item considerado mais
urgente pode ser facilmente compreendido ao analisar-se as Figuras 72, 73 e 74,
onde percebe-se os atuais espaços de estudos e seus aspectos que os tornam
desserviços para a concentração e rendimento acadêmico.
108

Figura 72 - Espaço aberto no piso 3A da Cotada


Fonte: O autor, 2019.

Figura 73 - Espaço aberto no piso 2A da Cotada


Fonte: O autor, 2019.

A Figura 72 ilustra uma mesa deteriorada, assentos anexos uns aos outros e
uma única tomada para conexão de notebooks ou smartphones. A Figura 73
também demonstra apenas um único ponto de tomada, mesas regulares e cadeiras
individuais, porém, assim como o espaço descrito na Figura 72 trata-se de um
ambiente com assentos insuficientes e em espaço aberto, em frente ao elevador,
integrando-se a uma rota com intenso fluxo de pessoas. A movimentação constante
cria um ambiente repleto de ruídos e distrações que tornam o local impróprio para os
estudos.
109

Figura 74 - Sala de estudos em grupo


Fonte: O autor, 2019.

A Figura 74 ilustra a sala que geralmente é utilizada para desenvolvimento de


monitorias ou estudos em grupo. Trata-se de um ambiente muito limitado, com
poucas tomadas, poucos assentos e mesas em desnível. O espaço não comporta,
suficientemente, a quantidade de alunos que precisa estudar, além de ter as
cadeiras constantemente removidas do local para suprir a falta de assentos nos
outros ambientes de estudo.
O segundo item mais urgente trata-se da promoção de um espaço para
alimentação. O único ponto de alimentação, em frente ao Prédio da Cotada, consiste
em um pequeno trailer móvel, que fornece seus produtos em um horário geralmente
compreendido entre as 8:00 às 18:00. Entretanto, o horário oficial das aulas
compreende o intervalo das 8:00 às 22:20, configurando a situação de mais de
quatro horas sem quaisquer recursos para alimentação de alunos e servidores. Após
as 19:00, quando iniciam-se as aulas noturnas, é justamente o horário em que
muitas pessoas chegam à Cotada após um dia inteiro de trabalho. Algumas delas
não alimentaram-se desde o almoço, podendo seguir sem ingerir qualquer alimento
até o final das aulas.
Sabe-se, através da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de diversos
pesquisadores da área da saúde, que um dos principais causadores do baixo
desempenho escolar consiste justamente nas deficiências da alimentação. Segundo
Silva (1978 apud CAVASSIN E PINHO, 2013), a boa alimentação tem importante
papel na atividade cerebral, que está diretamente ligada ao desempenho escolar.
Além disso, para muitos alunos e servidores, não há tempo hábil para fazer os
110

deslocamentos necessários para irem a um dos Restaurantes Universitários (RU) e


regressarem às suas aulas.
O terceiro item a ser priorizado trata-se de um espaço para disponibilização
de acervo de livros e semelhantes. Constantemente, alunos do CEng recorrem às
instalações das bibliotecas da Universidade na busca por bibliografias listadas nas
ementas das disciplinas. A biblioteca que comporta a maior parte do acervo
relacionado à engenharia é a do Campus Anglo, porém, a biblioteca mais próxima é
a Biblioteca das Ciências Sociais (BCS) que, embora o nome, também conta com
algumas bibliografias das ciências exatas.

Figura 75 - Distâncias entre Cotada e bibliotecas próximas


Fonte: Google Mapas, 2020.

A Figura 75 ilustra as distâncias das bibliotecas até o Prédio da Cotada e,


embora indiquem poucos metros e minutos a percorrer, trata-se de uma região focal
para assaltos à mão armada. Regularmente, nas redes sociais da Universidade,
estudantes relatam terem sofrido abordagens criminosas, nas proximidades dos
campi, que lhes custam seus aparelhos eletrônicos, dinheiro ou itens de vestimenta.
Considerando que há disponibilização de transporte público e transporte de
apoio (gratuito a estudantes e servidores), entende-se que as taxas de assalto
111

podem ser minoradas, entretanto, a necessidade de consulta aos acervos pode


ocorrer subitamente, ou apenas para uma tarde de estudos, onde o distanciamento
do Prédio da Cotada pode ser inviável, em vista que muitas das monitorias e dos
horários de atendimento dos professores são oferecidos neste prédio. Logo, seria
muito mais seguro, conveniente e óbvio que parcela das bibliografias relacionadas à
engenharia se encontrassem no cerne do Centro de Engenharias.

6.3. Zoneamento interno

Antes do lançamento de uma planta baixa, fez-se uma proposta de


zoneamento à mão livre, considerando os elementos que já existem no prédio. A
correta setorização do projeto é fundamental para estabelecer soluções coerentes e
viáveis executivamente. A Figura 76 ilustra o zoneamento estabelecido pelo autor.

Figura 76 - Zoneamento à mão livre


Fonte: O autor, 2020.

O zoneamento demonstra a criação de 5 (cinco) áreas e 3 (três) acessos para


o prédio. O acesso frontal, pela rua Benjamin Constant, deverá ser mantido original.
O acesso à Cotada deverá ser construído pela abertura da parede lateral esquerda e
instalação de porta. O acesso ao Prédio 4 deverá ser garantido e adaptado, visto
que já existe, mesmo que interditado. As zonas criadas para o novo projeto são:
1) Área molhada: onde se localizarão as principais instalações sanitárias, em
virtude de já existirem instalações de água e esgoto nos fundos do prédio. Também
112

será onde se preverá instalação de reservatórios de água e unidades


condensadoras de sistemas de ar-condicionado.
2) Área de estudos: será a área destinada à criação de salas de estudos e
disponibilização de mesas multiuso. É o local onde se deseja criar espaço de xerox
e cantina/cozinha. Propõe-se pé direito duplo nesta área, com iluminação zenital e
ventilação forçada por exaustores.
3) Salas de aula: esta área fará a transição entre a área de convivência e área
de estudos. Será o espaço destinado a criação de salas de aula e circulação
principal.
4) Área multimídia: este espaço se localiza perfeitamente sobre os
alinhamentos das salas de aula, devendo comportar espaços para recursos de
audiovisual, como por exemplo auditório ou salas de palestras.
5) Área de acessos e convivência: esta área deve permitir fluido acesso e um
amplo espaço de convivência. Trata-se de uma zona de lazer, onde também deverá
se vincular a portaria e uma pequena biblioteca para reserva de bibliografias. Da
mesma forma que a área 2, este espaço terá pé direito duplo e iluminação e
ventilação através do sistema de cobertura.

6.4. Proteção contra incêndio

Embora a elaboração de PPCI não esteja no escopo deste trabalho, é


necessário que alguns dimensionamentos sejam necessários para a elaboração de
projeto arquitetônico compatível.

6.4.1. Classificação

De acordo com o Anexo A do Decreto 51.803 (2014), que “estabelece normas


sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndio nas edificações”, o objeto de
estudo deste trabalho se configura como ocupação E-1, que contempla “Escolas de
primeiro, segundo e terceiro graus [...]”. Entretanto, considerando a possibilidade de
criação de biblioteca e auditório, estes correspondem às ocupações F-1 e F-5,
respectivamente, definidas como lugares de reunião de público.
113

6.4.2. Dimensionamento por ambiente

De acordo com a Resolução Técnica CBMRS nº 11 - Parte 1 (2016), que


“estabelece os requisitos mínimos necessários para o dimensionamento das saídas
de emergência [...]”, deve-se dimensionar as rotas de fuga com base na população
do local, que está diretamente relacionada à área dos ambientes. Com base na
elaboração de anteprojeto, os Quadros 27 e 28 apresentam dimensionamento
individual:

Quadro 27 - Dados individuais para rotas de fuga


Cap. Cap. Cap.
Ambiente Área (m²)14 População15
Acessos16 Escadas16 Portas16
Biblioteca 30,49 1/3 100 75 100
Convivência Não se aplica17
Circulação Desnecessário18
TÉRREO

Sala de Aula 146,3 2/3 100 75 100


Sala Estudos 44,6 2/3 100 75 100
Mesas Multiuso 26,59 2/3 100 75 100
Cozinha/Cantina 11,91 2/3 100 75 100
Banheiros Desnecessário18
Convivência Não se aplica17
2º PAV.

Banheiros Não se aplica19


Depósitos Não se aplica19
19
Auditório Definidos pelo projetista 100 75 100
Fonte: O autor, 2020.

14 Com base no anteprojeto feito em plataforma CAD, sendo algumas áreas modificadas na
finalização do projeto. Essas alterações não foram suficientes para distorcerem os resultados dos
cálculos, visto que foram pequenas e, se uma área aumentou, outra diminuiu em igual proporção.
15 População / m², disponível no Anexo A, Tabela 1 da RT CBMRS nº 11 – Parte 1 (2016)
16 Capacidades do Anexo A, Tabela 1 da RT CBMRS nº 11 – Parte 11 (2016)
17 Com base no Anexo A, Tabela 1 da RT CBMRS nº 11 – Parte 1 (2016): “Uma pessoa por 1,5 m² de

área de sala de aula.” Logo, apenas as áreas de salas de aula configuram área para cálculo de
população. Áreas de estudos e cozinha também foram contabilizadas, apenas por segurança.
18 Conforme o item 5.3.4 da RT CBMRS nº 11 – Parte 1 (2016), para ocupações de escolas:

“Exclusivamente para o cálculo da população, são excluídas das áreas de pavimento as áreas de
sanitários, corredores e elevadores nas ocupações D e E.”
19 Conforme Anexo A, Tabela 1 da RT CBMRS nº 11 – Parte 11 (2016), para locais de reunião de

público (F): “Para o cálculo da população, será admitido o layout dos assentos fixos (permanente)
apresentado em planta baixa. Por área, entende-se a área do pavimento que abriga a população em
foco, quando discriminado o tipo de área [...] é a área útil interna da dependência em questão.” Logo,
a definição da população é fornecida pelo projetista, sendo apenas a área útil computada.
114

Quadro 28 - Dimensionamentos individuais para rotas de fuga


Vão Acessos Vão Escadas Vão
Ambiente População20
(m)20 (m)20 Portas (m)20
Biblioteca 10,16 1,10 Não possui Não possui
Convivência Não computável
Circulação Não computável
TÉRREO

Salas de Aula 97,53 NBR 9.050 21 Não possui 1,10


Sala Estudos 29,73 1,10 Não possui NBR 9.050 21
Mesas Multiuso 17,73 NBR 9.050 21 Não possui Não possui
21
Cozinha 7,94 NBR 9.050 Não possui NBR 9.050 21
Banheiros Não computável
Convivência Não computável
2º PAV.

Banheiros Não computável


Depósitos Não computável
Auditório 160 1,10 1,20 1,10
TOTAL 323,10
Fonte: O autor, 2020.

6.4.3. Dimensionamento por zoneamento

O dimensionamento individual, considerando este trabalho, não seria


suficiente para apresentar e aprovar um projeto no Corpo de Bombeiros, visto que
ele não contempla a edificação como um todo. A Figura 77 apresenta um croqui
explicativo, à parte das propostas de projeto para o Prédio do CEng/1001.

Figura 77 - Croqui explicativo para rotas de fuga


Fonte: O autor, 2020.

Calculados segundo o item 5.4.1.2 da RT CBMRS nº 11 – Parte 1 (2016).


20

Itens onde as diretrizes por ambientes não são definidas pela RT CBMRS nº 11 – Parte 11 (2016),
21

mas sim pela NBR 9.050 (2015).


115

Considerando uma edificação composta por quatro espaços, com uma única
saída compartilhada, cada espaço terá seu dimensionamento individual. Esse
dimensionamento servirá para os cálculos da população, dos vãos de acesso, vãos
de escada ou rampas para cada um. É como funciona uma galeria de lojas, por
exemplo, onde cada loja deverá apresentar seu alvará de licença dos bombeiros.
Entretanto, na Figura 77, verifica-se dois pontos onde o dimensionamento individual
não é válido:
a) Ponto compartilhado entre o Espaço 1 e o Espaço 2, local onde as
populações se somam e o dimensionamento deve ser feito considerando-o.
b) Ponto compartilhado entre todos os espaços, onde todas as populações
devem ser somadas, os vãos recalculados e o dimensionamento será efetivo em
situação de fuga para toda a edificação.
Considerando a existência de um auditório no segundo piso, segundo a
Resolução Técnica CBMRS nº 11 - Parte 1 (2016, p. 5):

Em edificações classificadas como locais de reunião de público, das


divisões F-5, F-6, F-11 e F-12, conforme Anexo "A”, do Decreto Estadual n.º
51.803, de 10 de setembro de 2014, deverá haver mais de uma saída de
emergência, sendo que estas deverão situar-se em paredes diversas, com o
afastamento mínimo de 10 metros.
O acesso principal deverá ter de 60% a 70% das unidades de passagens
exigidas para a edificação.

Neste caso, o segundo pavimento deverá ter uma saída frontal e outra de
fundos. O Quadro 29 apresenta o dimensionamento do Prédio do CEng/1001
considerando as somatórias por zoneamento:

Quadro 29 - Dimensionamento de rotas por zoneamento


Vão Vão Vão
Zoneamento População
Acessos (m) Escadas (m) Portas (m)
Auditório Saída Frontal 96,00 22 1,10 1,10 1,10
Auditório Saída Fundos 64,00 23 1,10 1,10 1,10
Estudos 119,40 24 1,10 Não possui Não possui
Aulas 216,93 25 1,65 Não possui Não possui
Acessos / Saída (máx.) 323,10 26 2,20 Não possui 2,20
Fonte: O autor, 2020.

22 60 % da população total do auditório, conforme Quadro 27.


23 40 % da população total do auditório, conforme Quadro 27.
24 Soma da população das salas de estudo, mesas multiuso e cozinha, conforme Quadro 27.
25 Soma da população do zoneamento “Estudos” com as salas de aula, conforme Quadro 27.
26 Soma de todos os espaços, conforme Quadro 27.
116

Salienta-se que adotou-se o acesso pela Rua Benjamin Constant como saída
de emergência principal. Também verifica-se, ao longo deste trabalho, que as
medidas foram majoradas em favor da segurança e estética do ambiente. Medidas
de vãos podem ser subdivididas em vãos menores, desde que estes não sejam
menores que 0,55 m, segundo a RT CBMRS nº 11 - Parte 1 (2016). O corredor
principal deverá respeitar a maior medida de vão do Quadro 29, visto que vincula-se
às rotas de fuga da maior parte das zonas do projeto.

6.5. Reserva de espaços

O Decreto nº 5.296 (2004), além de assegurar a implementação das normas


de acessibilidade no que tange os sistemas e equipamentos das edificações,
também assegura aspectos de acessibilidade no que concerne ao uso e gestão de
espaços da mesma. A reserva de espaços deverá ser garantida não apenas no
interior da edificação, mas também na área externa, como os estacionamentos.
Ademais, o Decreto também estipula critérios para estabelecimentos oferecerem
atendimento prioritário a pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou restrições.

Art. 25. Nos estacionamentos externos ou internos das edificações de uso


público ou de uso coletivo, ou naqueles localizados nas vias públicas, serão
reservados, pelo menos, dois por cento do total de vagas para veículos que
transportem pessoa portadora de deficiência física ou visual definidas neste
Decreto, sendo assegurada, no mínimo, uma vaga, em locais próximos à
entrada principal ou ao elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres,
com especificações técnicas de desenho e traçado conforme o estabelecido
nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. (BRASIL, 2004)

Sublinhou-se a terminologia “pessoa portadora de” para reiterar sobre a


nomenclatura correta que é “Pessoa com Deficiência”. Sabe-se, portanto que, tanto
o Prédio do CEng/1001 quanto o Prédio da Cotada, não possuem vagas dedicadas
somente a Pessoas com Deficiência. Para o projeto de reciclagem do objeto deste
trabalho, propor-se-á uma vaga de estacionamento próxima ao acesso do prédio.
Para tal, é necessária uma solicitação frente à SGCMU.
O Decreto nº 9.404 (2018) altera o Decreto nº 5.296 (2004) nos textos
que tratam sobre “reserva de espaços e assentos em teatros, cinemas, auditórios,
estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares
para pessoas com deficiência [...]”. Estipula-se que:
117

Art. 23. Nos teatros, cinemas, auditórios [...] serão reservados espaços
livres para pessoas em cadeira de rodas e assentos para pessoas com
deficiência ou com mobilidade reduzida, de acordo com a capacidade de
lotação da edificação [...].
§ 1º Os espaços e os assentos a que se refere o caput, a serem instalados
e sinalizados conforme os requisitos estabelecidos nas normas técnicas de
acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT,
devem:
I - ser disponibilizados, no caso de edificações com capacidade de lotação
de até mil lugares, na proporção de:
a) dois por cento de espaços para pessoas em cadeira de rodas, com a
garantia de, no mínimo, um espaço; e
b) dois por cento de assentos para pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida, com a garantia de, no mínimo, um assento. (BRASIL,
2018)

O auditório proposto tem previsão de lotação máxima de 160 lugares,


considerando plateia e proscênio. Para a plateia, estipula-se população de 144
lugares. Para o proscênio, em situação de formatura, estipula-se 16 lugares (12
formandos e 4 servidores para composição de banca). Um percentual de 2% da
população máxima é igual a 3,2 lugares, que deverá ser majorada para o próximo
número inteiro, portanto, 4 lugares.
O Decreto 9.404 (2018) inclui que:

§ 2º Cinquenta por cento dos assentos reservados para pessoas com


deficiência ou com mobilidade reduzida devem ter características
dimensionais e estruturais para o uso por pessoa obesa, conforme norma
técnica de acessibilidade da ABNT, com a garantia de, no mínimo, um
assento.
§ 3º Os espaços e os assentos a que se refere este artigo deverão situar -se
em locais que garantam a acomodação de um acompanhante ao lado da
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, resguardado o direito
de se acomodar proximamente a grupo familiar e comunitário.
§ 4º Nos locais referidos no caput, haverá, obrigatoriamente, rotas de fuga e
saídas de emergência acessíveis, conforme padrões das normas técnicas
de acessibilidade da ABNT, a fim de permitir a saída segura de pessoas
com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.:

Como a proposta de projeto está encalçada na premissa de planejamento


empático, deseja-se permitir condições não apenas mínimas de acessibilidade, mas
além, permitindo ocorrência de eventos voltados principalmente ao público-alvo de
pessoas com deficiência. Para tal, na plateia prevê-se 4 lugares para cada condição
estipulada na Norma de Acessibilidade: 4 espaços livres para PCR’s; 4 assentos
com braços escamoteáveis para Pessoas com Mobilidade Reduzida (PMR’s); 4
assentos com dimensões e resistência majoradas para pessoas com obesidade.
Para o proscênio, em situação de formatura, dos 12 lugares para formandos,
118

1 deles é um espaço para PCR. Além da reserva desses lugares, tanto para a
plateia quanto palco, a disposição deles não está fadada a situações de segregação
ou coexistência compulsória. A distribuição dos lugares permite que PCD’s
escolham estar, ou não, ao lado de outras PCD’s.

6.6. Proposta em planta baixa

A proposta em planta baixa é um dos resultados mais aguardados, quiçá o


resultado mais importante e revelador da pesquisa. Trata-se de um demonstrativo de
todas as maiores demandas da comunidade acadêmica do Centro de Engenharias,
bem como um compilado de soluções que pode ser executado para supri-las, se
custeadas pela União. A planta baixa é uma representação gráfica técnica, onde se
demonstra uma vista de topo de um corte feito a cerca de 1,5 m do piso acabado. As
plantas, por serem documentos de maiores dimensões, encontram-se nos
Apêndices A e B, não tendo qualquer cunho de obrigatoriedade de execução, sendo,
portanto, um referencial para dar visibilidade às necessidades da comunidade e a
um trabalho que envolve, majoritariamente, o empenho de alunos.

6.7. Proposta em fotorrealismo

Complementando a planta baixa, que é uma representação técnica e


comumente ilegível para pessoas leigas à área, o projeto apresenta-se mais
claramente com recursos visuais gráficos renderizados, com os quais é possível
criar ambientação fotorrealista de volumes, cores, luzes e texturas, tornando-se um
elemento-chave para a compreensão da proposta.

6.7.1. Imagens fotorrealistas

Para criar um ambiente sensorial, sem excessos, pode-se observar que o


design atribuído ao projeto conta com recursos que exploram os sentidos, a
criatividade e a imaginação do usuário. Ao analisar as imagens das Figuras 78 a 99,
percebe-se que o usuário é o grande protagonista do projeto — e não a edificação
em si — visto que ele é convidado a acessar e usufruir do ambiente como parte
integrante dele. A paleta de cores terrosas e quentes, a iluminação zenital, a
119

vegetação e os elementos decorativos, consagram um ambiente


predominantemente voltado ao convívio e proporcionando experiências relacionadas
à vida campeira e despreocupada das atribulações da intensa urbanização.

Figura 78 - Acesso ao prédio


Fonte: O autor, 2020.

Figura 79 – Área de convivência e bilhar


Fonte: O autor, 2020.
120

Figura 80 – Recepção, portaria e acervo


Fonte: O autor, 2020.

Figura 81 – Acesso ao prédio no sentido de saída


Fonte: O autor, 2020.
121

Figura 82 – Perspectiva do mezanino e iluminação zenital


Fonte: O autor, 2020.

Figura 83 – Interior da área de acervo e terminais de consulta


Fonte: O autor, 2020.
122

Figura 84 – Acesso à cotada, extensão do convívio e corredor principal


Fonte: O autor, 2020.

Figura 85 – Corredor principal, sentido de rota de fuga


Fonte: O autor, 2020.
123

Figura 86 – Acesso às salas de aula e armários


Fonte: O autor, 2020.

Figura 87 – Auditório nomeado “Maria Rosa” e mezanino


Fonte: O autor, 2020.
124

Figura 88 – Mezanino ao observar a testada do prédio


Fonte: O autor, 2020.

Figura 89 – Exemplo de sala de aula


Fonte: O autor, 2020.
125

Figura 90 – Área multiuso, ao final do corredor, nos fundos


Fonte: O autor, 2020.

Figura 91 – Salas de estudos coletivos e fotocopiadoras


Fonte: O autor, 2020.
126

Figura 92 – Sanitário acessível, cantina e escada de emergência


Fonte: O autor, 2020.

Figura 93 – Sanitários coletivos, canto do chimarrão e acesso ao Prédio 4


Fonte: O autor, 2020.
127

Figura 94 – Vista interna de sala de estudos coletivos


Fonte: O autor, 2020.

Figura 95 – Auditório, vista do acesso ao palco


Fonte: O autor, 2020.
128

Figura 96 – Vista do palco para o acesso


Fonte: O autor, 2020.

Figura 97 – Vista para a lateral direita


Fonte: O autor, 2020.
129

Figura 98 – Perspectiva na saída de emergência


Fonte: O autor, 2020.

Figura 99 – Acesso ao palco por rampa e escadas


Fonte: O autor, 2020.
130

6.7.2. Ambiente 360º

Para um melhor reconhecimento do ambiente, disponibiliza-se três links de


acesso via web para observação do ambiente em realidade virtual, com visão
panorâmica em 360º que pode ser visualizado em qualquer computador ou
smartphone.
Link 1: https://meutour360.com.br/tour-360/tg2-1001-mezanino
Link 2: https://meutour360.com.br/tour-360/tg2-1001-convivencia
Link 3: https://meutour360.com.br/tour-360/tg2-1001-estudos
Link 4: https://meutour360.com.br/tour-360/tg2-1001-auditorio

7. Análise de projeto e discussões

Este tópico ressalta alguns parâmetros para analisar o projeto e seu processo
de implementação, discutindo sobre os resultados obtidos, sobre como torná-los
exequíveis ou sobre a comprovação do respeito às leis e normas pertinentes no
processo de planejamento e graficação.

7.1. Processo de regularização

Todos os projetos e obras executadas em Pelotas devem tramitar em dois


processos distintos, que podem ser registrados separada ou concomitantemente:
aprovação de projeto e licença para a construção. Com ambos aprovados e após
vistoria, a edificação recebe o Alvará de Habite-se, o qual dá licença para
funcionamento a pleno da mesma. Entretanto, conforme visto anteriormente, o
Prédio do CEng/1001 integra o inventário do patrimônio municipal. Antes de aprovar
o projeto na SGCMU, o mesmo deve ser encaminhado a SECULT e, após a
comprovação do respeito aos critérios de preservação, a parte interessada (neste
caso, a UFPel) deverá protocolar uma solicitação, junto a SGCMU, que contenha os
documentos listados na Figura 100:
131

Figura 100 - Req. de Aprovação de Projeto / Reforma / Modificação e Licença para Construção
Fonte: Prefeitura Municipal de Pelotas, não datado.

7.2. Escolha de mobiliário

Para contemplar os aspectos subjetivos dos assentos, bem como os aspectos


concretos como as suas dimensões, estudou-se a possibilidade de cadeiras
específicas para as salas de aula propostas em projeto.

Figura 101 - Cadeira Duo vista em planta


Fonte: Website Habto, 2020.
132

Figura 102 - Cadeira Duo vista em perspectiva


Fonte: Website Habto, 2020.

A empresa responsável pela confecção das cadeiras estabelece algumas


características que são importantes para o respeito aos critérios ergonômicos:
a) Tampo giratório, visível na Figura 101, facilitando o uso de cadernos ou
notebooks para alunos destros ou canhotos;
b) Espaço para materiais, visível na Figura 102, permitindo que o tampo seja
utilizado apenas com os materiais necessários para cada atividade;
c) Gancho para mochilas, localizado no eixo de giro da prancheta, permitindo
que as mochilas sejam penduradas e o espaço para materiais seja otimizado;
d) Rodízios nos pés da cadeira, facilitando a mobilidade e evitando emissão
de ruídos agudos gerados por arraste;
e) Disponibilização em várias cores, permitindo neutralidade com a paleta de
cores escolhida para o espaço;
f) Assento modelado para permitir confortável ajuste do quadril e das pernas,
garantindo adequada postura.

7.3. Preços e custos da construção civil

O Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do


Sul (SINDUSCON-RS) é o órgão responsável pela elaboração do Custo Unitário
Básico da Construção Civil no Estado (CUB-RS). O CUB-RS funciona como um
133

indicador de custos de insumos e mão de obra para a construção civil, considerando


o metro quadrado de área construída e o tipo de edificação, bem como seu padrão.
Todo mês é elaborado um novo CUB, o qual respeita o comportamento do mercado
do setor.
Para o mês de novembro, mês no qual fez-se esse estudo de custos, o CUB-
RS apresentou um valor de R$ 893,05 por m² para os Galpões Industriais,
classificação da edificação original, objeto deste trabalho. Para uma área total
construída obtida no projeto, totalizada em 897,55 m², obtém-se um valor de,
aproximadamente, R$ 801.557,03 para a reciclagem do imóvel, considerando
insumos e mão de obra. Entretanto, esse valor é apenas um estudo preliminar, pois
não considera as peculiaridades do projeto, do solo, das fundações, da estrutura a
utilizar, do estado de preservação atual e outros parâmetros adotados no processo
de planejamento.

7.4. Perícia para promoção de acessibilidade

Para análise do cumprimento dos elementos mínimos e obrigatórios que


compõem a acessibilidade de uma edificação de uso público, utilizou-se tabelas do
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Estado referência em estudos e
pesquisas envolvendo a área. Os itens marcados como “Não”, representam
elementos ou atividades de responsabilidade do corpo técnico e administrativo da
Universidade, não constando em projeto devido a impossibilidade de representação
gráfica ou por não fazer parte do escopo do trabalho.
Itens marcados como “Não se aplica” tratam de critérios que não estão dentro
do contexto universitário ou realmente não existem quaisquer previsões na Lei ou
em projeto. Evidentemente, buscou-se o máximo possível projetar em prol das
marcações em “Sim”, estabelecendo uma perícia positiva para o prédio público.
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188
189

8. Considerações Finais

Este trabalho compila dados, pesquisas e informações que envolvem ciências


da natureza, aplicadas e humanas, tecnologia, meio ambiente, legislação e outras
áreas do conhecimento. É, portanto, um trabalho de engenharia genuíno. Existe um
consenso equivocado e reducionista, porém muito comum, de que as engenharias
integram a área do conhecimento das ciências exatas, restringindo-se a números.
As engenharias, por sua vez, utilizam de fato muitos recursos e ferramentas
advindos das ciências exatas, mas não é apenas com calculadoras que se trabalha.
A engenharia, ao observar seu processo histórico, explora muito mais, avança muito
por entre as áreas do conhecimento, trabalhando em conjunto com outros
profissionais, objetivando constantemente a evolução, a perseverança e o bem-estar
da sociedade. Por isso, ressalta-se que, de acordo com o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a engenharia pertence à área do
conhecimento das “engenharias”.
Ao elaborar este trabalho de forma dinâmica e sob processos iterativos, pode-
se encontrar ordem e ilustrações dos caminhos a percorrer para atribuir-se novo uso
a uma edificação de interesse social, correlacionando estudos sociais e ambientais
que apresentam como resultado principal um projeto. Entrementes, outro estigma
perpetuado é o de que engenheiros não projetam e não intervém em espaços
edificáveis no que tange o planejamento arquitetônico destes. Este trabalho
representa uma forte evidência de que projetar é competência garantida a
engenheiros, fazendo-se jus às atribuições asseguradas na Lei nº 5.194, de 24 de
dezembro de 1966, que “regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto
e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências”.
Ainda sobre fragmentar e eliminar estigmas, sabe-se que a etimologia da
palavra Academia, conforme expõem diversos historiadores, provém da primeira
escola de Platão, custeada por Akadémus, nome próprio. Academus ou Hecademus,
nos dicionários, origina-se do grego hekás (quem age longe) com acréscimo de
dêmos (povo), ou seja, “aqueles que agem distantes do povo”. Existe um senso
comum, envolvendo principalmente as Universidades Federais, que são custeadas
pela União, de que a academia é um sistema fechado e segregacionista. Entretanto,
no decorrer destes estudos e propostas, através de consultas com a comunidade e
aplicando soluções pertinentes às necessidades dos usuários, pode-se verificar que
190

a Universidade tem potencial para desenvolver pesquisas e propostas que visem o


bem comum de toda a sociedade, não apenas atuando como um sistema fechado
que meramente se retroalimenta.
Uma pauta recorrente no desenvolvimento deste trabalho é sobre
acessibilidade e sobre as lutas das pessoas com deficiência, restrição ou mobilidade
reduzida. Explicitou-se sobre as conquistas ao longo da história e sobre os
regramentos atuais que garantem os direitos dessas pessoas. Entretanto, ao
frequentar estabelecimentos inóspitos, ao caminhar sobre as muitas calçadas
irregulares pela cidade, ao observar o comportamento das pessoas frente ao
desrespeito e falta de conscientização sobre as pessoas com deficiência, o cenário
ainda é infeliz. A realidade revela-se com desafios que precisam ser solucionados no
âmbito de infraestrutura e comportamental das pessoas. Felizmente, essa luta vem
ganhando força, visibilidade e obtendo resultados através de pesquisa, ciência,
tecnologia, engajamento e manifestações em prol de um mundo acessível.
Existe uma tênue linha que separa acessibilidade de inclusão. Essa
diferenciação é relatada neste trabalho e pode-se perceber que ambas precisam ser
aplicadas concomitantemente para obtenção de resultados satisfatórios, onde cada
pessoa possa não somente ter acesso a algo, mas também participar, ter um
ambiente de fala, de respeito e acolhimento. A revisão constante de normas, o
respeito a decretos e leis não torna um ambiente inclusivo, mas minimamente
acessível. A própria Norma de Acessibilidade (2015) não mostra-se inclusiva, ao
passo em que não trata sobre a diversidade das deficiências e não estabelece
quaisquer critérios acerca de neurodivergência, deficiência intelectual ou planos de
ação que permitam ao projetista um processo de planejamento empático.
Quanto a empatia, não pode-se deixar de registrar que esse elemento fez
toda a diferença no processo técnico e criativo deste trabalho. Embora conste
apenas o nome de um único autor, esta pesquisa foi produto de diversas consultas
de opiniões, fomentado por diversas pessoas que contribuíram para um trabalho
multidisciplinar, diverso e o mais completo possível. O tratamento empático permitiu
avançar sobre muitas dúvidas e indefinições encontradas ao longo do processo,
permitiu estabelecer critérios para os quais anteriormente não havia registros em
quaisquer plataformas. Um trabalho empático é feito de pessoas para pessoas, é
quando se aprende e se ensina ao mesmo tempo.
191

Não há uma definição concreta acerca do que é um bom projeto, pois existem
variantes infinitas para cada caso. Com essa ausência de definição, pode-se pensar
que uma proposta plenamente acessível e inclusiva é uma utopia, um sonho
distante, tal qual ocorre com os conceitos de Desenho Universal. Entretanto,
percorrendo-se o trajeto que visa a utopia, chega-se muito mais longe do que
quando percorre-se um trajeto que objetiva o mínimo admissível. Logo, a meta pode
ser a perfeição, mesmo que nunca chegue-se a atingi-la. Este raciocínio não aplica-
se apenas a propostas projetuais de intervenção. A intervenção pode acontecer em
qualquer âmbito social, em qualquer sistema de gestão, no pensamento coletivo e
individual. Reformas são necessárias e bem-vindas, desde que agreguem e somem.
Uma proposta para melhor gestão de espaços acessíveis, que evitaria
retrabalhos e realocação de turmas nas salas de aula disponíveis, seria uma
afirmativa de existência de deficiência no processo de matrículas. O Núcleo de
Gestão das Universidades teria conhecimento prévio de quantas turmas contam com
alunos com deficiência e quais estas seriam. Esse adiantamento seria
extremamente útil para o estabelecimento de quais salas de aula estariam mais
aptas a receber tais pessoas.
A diversidade é uma característica absoluta e imutável no planeta. Por mais
que a sociedade tente estabelecer rótulos ou sistemas de grupos por afinidade,
religião, cultura ou linhas filosóficas, é impossível unificar o todo e é um disparate
atribuir condições idênticas de sobrevivência para cada um. Logo, é evidente que a
diversidade se mostra um fator muito favorável ao erro, ao surgimento de
preconceitos e desigualdade. Por outro lado, muitos erros podem ser corrigidos,
preconceitos e estigmas podem ser mitigados e a desigualdade pode ser
transformada. Pelo viés da física, da biologia e da química, a diversidade é o que
sustenta o funcionamento não apenas do ecossistema do planeta, mas do universo.
Resistir aos efeitos da diversidade é como resistir à própria existência. O respeito e o
bom senso são fundamentais para estabelecimento de uma sociedade diversa,
porém harmônica. É falando sobre diversidade, sobre coletividade e harmonia que
este trabalho se sustenta e se conclui.
192

9. Referências bibliográficas

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198

Apêndices
E

S
N
O

4388
SINALIZAR NOVA TRAVESSIA 1200 1603 950

.60x2.50

.60x2.50
791,86 284,14 741,5 741,5 367,5 267,5

18,5
40 10 10 40 40 10 295 10 40 515 40

18,5
20

AP
45

58,5
P.C.R.
SOLICITAR FAIXA DE PEDESTRES
.80x2.10 .80x2.10

108,87
Sobe direto para o exaustor
P.C.R.
FAIXA DE ACOMODAÇÃO A CONSTRUIR Ø150 Ø60

FAIXA DE ACOMODAÇÃO A CONSTRUIR

ABERTURA EXISTENTE
RAMPA

200
Ø60

205
i = 5,97 % SALA DE AULA
A = 36,44 m²
Ø150

200
.80x2.10

.80x2.10

.80x2.10

108,87
330
Ø60
CONVIVÊNCIA

344
RAMPA RAMPA Ø60

ABERTURA EXISTENTE
360

i = 8,33% i = 8,33% A = 58,68 m²

433
Captação para ventilação mecânica
Ø60 185
Sobe direto para o exaustor

491,5
Captação para .80x2.10
ventilação mecânica .80x2.10
ESTUDOS Ø60

564,91
120

108,87
80

567,5
Ø150 A = 45,94 m² 347,5
Ø60

Sobe direto para o exaustor


P.C.R. P.C.R. .80x2.10
Ø60

236
Ø60

.80x2.10
332,5
15
.80x2.10
Ø60 Ø60

108,87
SALA DE AULA Ø150
Paletes A = 36,44 m²
Ø60 SANITÁRIO FEM.

120
com futon P.O.
FOTOCÓPIAS

202,5
A = 29,10 m² Ø60
Ø60 A = 6,32 m²

55
Projeção Mezanino P.O.

15
5.90x0.60/2.00 1.20x2.50 1.20x2.50 5.90x0.60/2.00 .80x2.10

108,87
290 344 P.C.R.
224 120

50
20 250 20 120 224

14,89 76,68
781,86 P.C.R. 274,14

.90x2.10
144

.80x2.50

.80x2.50
185 297,5 Ø60 Ø60

66
20
.60x2.50 20 630 20 509
1200 1603 195 140 317,5 297,5 252 96 207

ABERTURA EXISTENTE
.75x2.50

VÃO EXISTENTE

326,65
CIRCULAÇÃO ACESSO PRÉDIO 4

1387
1350

1387
215
.60x2.50

411

225,12
A = 90,71 m² A = 12,48 m²
PASSEIO COM .60x2.50 MULTIUSO
SINALIZAÇÃO HORIZONTAL

SOLICITAR RESERVA DE VAGA PCD


LADRILHO HIDRÁULICO P.C.R. A = 43,05 m²
i = 2% 314 318 15 182,01
128 58 128 180 133
.75x2.50

540
500
.60x2.50

.80x2.50

.80x2.50

55,2 15
66
514 238 188

.90x2.10
Ø60

.80x2.10

101,87
5.90x0.60/2.00 1.20x2.50 1.20x2.50 5.90x0.60/2.00

.80x2.10
P.O.
1 19 Acesso

55
189,2
.80x2.10 área

Sobe p/ exaustor
SINALIZAÇÃO VERTICAL 2 18 técnica
Ø150
3 17 SALA DE AULA Ø150 Ø60

ABERTURA EXISTENTE

101,87
Ø150 A = 36,44 m²
Ø60 Ø60
4 16 Ø60
SAN. ACESS.

223
5 15 A = 4,64 m²
.80x2.10
6 14 140 374 Ø150
Captação para

567,5
ventilação mecânica P.C.R.

247
20

7 13 Ø60 SANITÁRIO MASC.

101,87

530,2
A = 27,24 m²
Ø150 8 12 Captação para ventilação mecânica Ø60

491,5

U. Hidráulica

Q. de Força
1 2 3 4 5 6 7 8
9
Ø60
11 SALA DE AULA .80x2.10

420

420
10
A = 36,44 m² Ø60

ABERTURA EXISTENTE
P.C.R.
ESCADA
P.C.R.

IPTP-27
A = 15,07 m² ESCADA
Ø60

300
20 degraus A = 14,49 m²
298,26

200

T70-1/A
ACERVO h = 17,5 cm 17 degraus

Vigas de Fixação das Guias


p = 28 cm h = 17,64 cm CANTINA

214,6
17 16 15 14 13 12 11 10 9 P.C.R.

.80x2.10
A = 31,73 m² p = 28 cm A = 12,56 m² Ø150
P.C.R. P.O. Ø60

153
SINALIZAR NOVA TRAVESSIA
P.C.R.

T70-1/A
Ø60
.80x2.10 .80x2.10

58,5
18,5
20

AP

18,5
40 691 320 189 40 741,5 40 741,5 10 10 504 10 238 10 158 30 40 515 40
4308
4388

J2
3833 555
40 1200 275 1296,01 950 40

PLATIBANDA h = 1.10 m
Ventilação Mecânica
capta através do forro vazado

P.O.
ABERTURA EXISTENTE

Ø150 R1
203
,89
SAN. ACESS.

.80x2.10

.80x2.10
A = 2,47 m² P.O. UNIDADE UNIDADE
CONDENSADORA CONDENSADORA

Sobe para o exaustor


.80x2.50

Ventilação Mecânica Ventilação Mecânica Ventilação Mecânica


468

.80x2.10

Ø150
Capta ar pelas venezianas
e sobe para o exaustor .80x2.10 UNIDADE UNIDADE
CONDENSADORA CONDENSADORA

.80x2.10
.70x2.10

M.R. M.R.

P.O.

DEPÓSITO
A = 1,45 m²
UNIDADE UNIDADE
CONDENSADORA CONDENSADORA
P.C.R.

.90x2.50
ABERTURA EXISTENTE

P.C.R.

P.C.R.
AUDITÓRIO UNIDADE UNIDADE
1342,5

R1149,51
400

MEZANINO A = 195,21 m² CONDENSADORA CONDENSADORA


A = 47,36 m² P.C.R.

.90x2.50

P.C.R.
ÁREA TÉCNICA COM LAJE IMPERMEABILIZADA
A = 72,68 m²

20

1 19 MULTIM. Acesso
A = 1,45 m² área
2 18 técnica
P.O.
.70x2.10

3 17

4 M.R. M.R.
16

5 15 Sobe para o exaustor


6 14 RESERVATÓRIO 1 RESERVATÓRIO 2
Capta ar pelas venezianas
7 e sobe para o exaustor
13

Ventilação Mecânica Ventilação Mecânica 8 12 Ventilação Mecânica 1 2 3 4 5 6 7 8


474,5

U. Hidráulica

Q. de Força

.80x2.50

Ø150
9 11

10
ABERTURA EXISTENTE

ESCADA P.C.R.
A = 15,07 m² SAN. ACESS. ESCADA
IPTP-27

20 degraus A = 14,49 m²
A = 2,47 m² RESERVATÓRIO 3 RESERVATÓRIO 4
T70-1/A

h = 17,5 cm 17 degraus
Vigas de Fixação das Guias

p = 28 cm h = 17,64 cm
Ø150 Ventilação Mecânica .60x2.50 17 16 15 14 13 12 11 10 9
p = 28 cm
capta através do forro vazado
T70-1/A

.60x2.50
PLATIBANDA h = 1.10 m

691 320 189 280 1290,97 514 237,61 198 40 540


E

S
4388

N
3833 O
70 620 2453 620 70 540

70
CALHA 30 CM CALHA 30 CM CALHA 30 CM

EXAUSTOR

EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR

EXAUSTORES

TELHA TRAPEZOIDAL TELHA TRAPEZOIDAL TELHA TRAPEZOIDAL


i = original i = original i = original
1415
1275

CALHA 30 CM

CALHA 30 CM
TELHA TRAPEZOIDAL TELHA TRAPEZOIDAL TELHA TRAPEZOIDAL
i = original i = original i = original

EXAUSTORES

EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR EXAUSTOR

EXAUSTOR

CALHA 30 CM CALHA 30 CM CALHA 30 CM


70

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