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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

MINAS GERAIS – CAMPUS CONGONHAS


CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

Ana Júlia Damasceno Ribeiro

BIOCONSTRUÇÃO

CONGONHAS
2023
ANA JÚLIA DAMASCENO RIBEIRO

BIOCONSTRUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de
Minas Gerais – Campus Congonhas
para a obtenção do título de Técnico em
Edificações.

Orientador: Rodolfo Gonçalves O. da Silva

CONGONHAS
2023
Ana Júlia Damasceno Ribeiro

BIOCONSTRUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de
Minas Gerais – Campus Congonhas
para a obtenção do título de Técnico em
Edificações.

Aprovado em: / / pela banca examinadora:

Prof. Dr. Rodolfo Gonçalves Oliveira da Silva – IFMG


Engenheiro Civil

Prof. Me. Roberto Carlos da Silva– IFMG


Engenheiro Civil

III
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus e a todos meus protetores espirituais. Aos meus pais e


minha irmã Mariana, que são meus maiores exemplos, que estiveram do meu
lado, me apoiando. A minha família e meu avô que mesmo não mais presente
fisicamente, foi o meu maior incentivador e sempre me fez acreditar que eu podia
tudo. Aos meus amigos e companheiros de curso Felipe, Ana Clara Sol, Isabelly,
Manuella, Karine e Isabela, que tornaram as aulas mais divertidas e os dias mais
coloridos. Ao professor e meu orientar de TCC Rodolfo pela suas contribuições
para o aprimoramento do trabalho e para meu conhecimento. A todos os outros
professores que foram pacientes e me ensinaram muito mais que conteúdos,
mas ensinamentos sobre as pessoas e sobre a vida, meu eterno agradecimento.

IV
RESUMO

Diante da importância da sustentabilidade nas construções, neste trabalho serão


abordadas questões ligadas a responsabilidade ambiental a partir de discussão e
informações sobre a forma alternativa para a as constrções convencionais, a
metodologia da bioconstrução. Termo designado a construções onde há uma
preocupação ecológica fazendo uso de materiais e soluções tecnológicas que visam
o reaproveitamento, conforto e economia das matérias primas naturais e locais. Este
trabalho contém, atraves de pesquisas, uma explicação objetiva e detalhada sobre
a sustentabilidade no âmbito da construção civil. Analisando o impacto que este
setor causa na natureza, apresentando também as praticas e materiais necessários
para realização da bioconstrução. Essas tecnicas dispõe de um baixo impacto
ambiental, pois as mesmas desfrutam de um bom aproveitamento dos recursos
naturais encontrados e da utilização de energias renováveis.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Bioconstrução; Construções;


Responsabilidade ambiental.

V
ABSTRACT

Given the importance of sustainability in constructions, this work will address issues
related to environmental responsibility from discussion and information on the
alternative form for conventional constrictions, the bioconstruction methodology. Term
designated to buildings where there is an ecological concern making use of materials
and technological solutions aimed at the reuse, comfort and economy of natural and
local raw materials. This work contains, through research, an objective and detailed
explanation about sustainability in the field of civil construction. Analyzing the impact
that this sector causes on nature, also presenting the practices and materials
necessary for bioconstruction. These techniques have a low environmental impact,
because they enjoy a good use of the natural resources found and the use of renewable
energies.

Keywords: Sustainability; Bioconstruction; Constructions; Environmental responsibility.

VI
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de bioconstrução........................................................... 11


Figura 2– Técnicas para construções sustentáveis ...................................... 12
Figura 3 – Taipa de mão. ............................................................................... 13
Figura 4 – Processo de construção da taipa de pilão ................................... 14
Figura 5 – Casa feita com hiperadobe na África ........................................... 15
Figura 6 – Diferentes formas de tijolos ecológicos ....................................... 16
Figura 7 – Prensa manual utilizada para fazer tijolo ecológico ..................... 16
Figura 8 – Diferentes colorações de tintas ecológicas .................................. 18
Figura 9 – Placa de identificação da Vila Itatiaia .......................................... 19
Figura 10 – Construtor Eduardo em frente a edifiçação feita pelo sistema pau a pique
....................................................................................................................... 19
Figura 11 – Fotografia da parte externa da construção ................................ 20
Figura 12 – Detalhe construtivo acima da porta de entrada .......................... 21
Figura 13 – Sustentação telhado ................................................................... 21

7
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 9
1.1 Problemas causados pela utilização de materiais industrializados ............... 9

2. BIOCONSTRUÇÃO ............................................................................................ 11

3. TECNICAS DE BIOCONSTRUÇÃO ................................................................... 13


3.1 Taipa de mão............................................................................................... 13
3.2 Taipa de pilão .............................................................................................. 14
3.3 Hiperadobe .................................................................................................. 14
3.4 Tijolo ecológico ............................................................................................ 15
3.5 Solo-cimento................................................................................................ 17
3.6 Tinta ecológica ............................................................................................ 17

4. ESTUDO DE CASO............................................................................................ 19

5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 22

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

8
1. INTRODUÇÃO

A responsabilidade com o meio em que vivemos e a sustentabilidade vem


ganhando uma notoriedade ao passar dos séculos. Com o crescimento significativo de
movimentos defensores do meio ambiente, essa resistência tem afetado o modo de vida
da sociedade, buscando soluções para viver sem prejudicar a natureza e sem contribuir
com o aquecimento global, poluição, desmatamento. Essas resoluções podem ser vistas
no uso consciente de recursos naturais e, consequentemente, nas construções civis.
As edificações e a sustentabilidade eram consideradas opostas anos atrás. As
indústrias presavam a maior quantidade e menor custo de produção, visando o lucro,
mesmo que isso custasse que o meio ambiente pagasse. Com o alto custo e maior
especialização de mão de obra para produzir produtos de formas mais sustentáveis, as
empresas preferiam não aderir esse tipo de modelo de produção. Entretanto, esse
pensamento foi mudado ao se descobrir métodos até mais baratos e um aumento na
demanda por produtos mais sustentáveis, pela população consumidora e até pelos
engenheiros e arquitetos. Atualmente, existem muitas formas de se construir edificações,
sem prejudicar a natureza. Uma das mais conhecidas é a bioconstrução, tema central
deste trabalho de conclusão.

1.1 Problemas causados pela utilização de materiais industrializados

As indústrias de materiais de construção tem uma forte participação na emissão


de gases tóxicos na atmosfera. E isso vem desde o estilo de produção que se instaurou
depois da primeira revolução industrial e a crescente demanda do capitalismo. Esse
molde aderiu inovações para otimizar a eficiência e a produtividade das industrias. Os
movimentos do fordismo (que foca na produção em massa), o toyotismo (que foca na
produção sobe demanda) e outros, foram essenciais para que as indústrias resolvessem
problemas frequentes, porém, trouxe impactos negativos como o aumento da poluição
global e a destruição do recursos naturais pela demanda cada vez maior de mais
industrias, mais produtos e mais dinheiro na mãos dos que já possuem demais.
Os impactos ambientais são consequências ruins das construções civis e das
indústrias que produzem os materiais. Pesquisas mostram que este setor é responsável
por 40% do consumo de energia e por 40% da emissão de CO2 no mundo. (UNUNEWS,
2020). Esses efeitos vão desde a extração da matéria prima como cimento, cal, aço,

9
agregados até a finalização da obra com a pintura. Os processos de obtenção de matéria
prima são grandes causadores do efeito estufa e aumentam a poluição do ar. A poluição
do solo também tem o poder de alterar as características físico-químicas, tornando-se o
ambiente propicio ao desenvolvimento de transmissores de doenças. A poluição da água
pode alterar as características do ambiente aquático, através do chorume, liquido gerado
pela decomposição da matéria orgânica presente no lixo. Sendo todos bem prejudiciais
à saúde humana.
Existe formas diferentes e sustentáveis para não contribuir com o aumento das
sequelas na natureza. Medidas como a adoção de energias renováveis nos projetos;
seleção de materiais e combustíveis com menores índices de emissões de gases;
seleção de fornecedores, incentivando-os para com a preocupação ambiental, entre
outros (DA SILVA, F.; VARGAS BENVEGNÚ, A.; FERNANDES DOS SANTOS, 2020).
A saúde humana e o futuro está nas mãos da sociedade, que a está destruindo, como
também, destruindo o meio ambiente.

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2. BIOCONSTRUÇÃO

O tema sustentabilidade vem sendo cada vez mais posto em discussão. Com o
aumento das taxas de desmatamento, poluição, efeito estufa; areas como a engenharia
civil e a arquitetura vem utilizando de forma mais consciente os recursos da natureza,
visando um maior cuidado com o meio ambiente e uma diminuição nessas taxas.

Em decadas passadas, tecnicas mais dificies porém mais sustentaveis eram as


mais utilizadas, um exemplo a ser exposto, é a bioconstrução, termo designado a
construões onde há uma preocupação ecologica desde da escolha dos seus materias
até o acabamento da edificação.

Para se entender melhor, devemos utilizar definição de biocontrução criada por


André Soares (1998), como o tipo de construção que visa a utilização de materiais
ecológicos, reduzindo o impacto ao meio ambiente por meio de técnicas da arquitetura
vernácula mundial, algumas delas com centenas de anos de história e experiência, tendo
como característica a preferência por materiais do local, como a terra, reduzindo gastos
com fabricação e transporte e construindo habitações com custo reduzido e que
oferecem excelente conforto térmico (Figura 1). Porém, para usar corretamente a
metadologia, é necessario fazer a escolha dos materiais certos e naturais.

A biconstrução comparada com outras tecnicas sustentaveis, conta com o


diferencial de mesmo tendo um foco no uso de recursos naturais, utiliza recursos
industrializados como a reciclagem ou reuso. Tem como caracteristica a
“autoconstrução”, que pode ser explicada como a participação ativa do futuro
proprietario, além da ajuda da comunidade externa no seu processo de construção.

Figura 1. Exemplo de bioconstrução

Fonte: https://www.vivadecora.com.br/
11
Além das tecnicas mais noticiadas, nós temos a utilização de aplicações da
arquitetura moderna, com tecnologias mais avançadas e pelo o uso de energias
renovaveis (Figura 2). Na interação com o ambiente, o que se pretende com a
bioconstrução é:

• Eficiência energética: Ter um bom aproveitamento da luz natural, por meio do


correto posicionamento de janelas e entradas de luz.

• Adequação bioclimática: Levando em consideração o tipo climatico, dos solos e da


vegetação do local da edificação, para evitar que medidas que causam a poluição
precisem ser utilizadas, além da maior durabilidade da construção.

• Uso correto da água e da localização para a construção de saidas de esgoto, caidas


de água, para que não haja a possibilidade de contaminação do solo e nem do
lencol freatico.

• Tratamento adequado dos residuos.

Figura 2. Técnicas para construções sutentáveis

Fonte: http://portalamazonia.com/2016

12
3. TECNICAS DE BIOCONSTRUÇÃO

3.1 Taipa de mão

A taipa de mão (Figura 3), ou pau-a-pique, é um sistema de vedação mais utilizado


na bioconstrução. O material utilizado é a terra crua misturada com água e fibra vegetal,
sendo associada a uma estrutura em madeira para a formar as paredes de uma
edificação. Mesmo tendo água em sua composição, quando seco, é vital evitar o contato
dos mesmos. Se utilizado em áreas molhadas como banheiros, deve-se empregar outro
material com melhor desempenho ou então executar revestimento impermeável sobre
sua superfície. Suas vantagens podem ser vistas por causa do custo reduzido, bom
desempenho estético, de durabilidade, térmico e acústico, menores chances de
incêndios e sem consumo de energia e nem poluição ambiental causada em sua
produção.

Figura 3. Taipa de mão

Fonte: https://martaiansen.blogspot.com/2014

13
3.2 Taipa de pilão

Essa técnica construtiva bem antiga consiste na construção de paredes com a


utilização de terra compactada em formas de madeira (Figura 4). Para uma boa
aplicação da taipa, duas etapas são importantíssimas, a seleção e dosagem do solo e
a compactação. Depois da seleção do solo, faz-se o processo de compactação dentro
do taipal (MAURÍCIO, 2017), a cada 10 cm, aproximadamente, e as formas vão sendo
reposicionadas, para dar continuidade ao processo. Podemos citar como vantagens:
• material natural é reutilizável;
• tem um excelente isolamento termo acústico;
• mais econômica e durável;
• proporciona um ambiente saudável;
• a terra é atóxica;
• resistente ao fogo e tendo uma menor emissão de CO2.

Figura 4. Processo de construção da taipa de pilão

Fonte: https://www.historiadasartes.com/

3.3 Hiperadobe

O hiperadobe (Figura 5) foi desenvolvido a partir da criação do superadobe, que


utiliza um saco vazado, feito com o mesmo material plástico de tela de sombrite ou com
a utilização dos sacos de Raschel, o mesmo utilizado em embalagem de frutas e
legumes. A sua utilização é feita a partir da construção de paredes, que precisarão
14
sustentar o peso do telhado, por esse motivo precisam de um ótimo nivelamento e
impermeabilização do solo. Suas vantagens são que a espessura final da parede é
menor, economizando trabalho e terra, e que pelo saco ser vazado, a execução do
reboco é mais fácil do que no superadobe. Junto com outros benefícios como
flexibilidade de formas na hora da construção, rapidez, mantém o ar relativamente
úmido o que é bom para o ser humano e conta com a eficiência energética.

Figura 5. Casa feita com hiperadobe na África

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/

3.4 Tijolo ecológico

Também pode ser chamado de tijolo modular, por seu modelo de produção ser
por meio da prensa hidráulica ou manual. A sua composição, envolve uma mistura de
materiais como cimento, água e solo (Figura 6). E, em seu processo produtivo o tijolo
ecológico recebe até 6 toneladas de compressão em uma prensa (Figura 7), obtendo,
uma forte ligação do grão, fazendo com que o processo de queima, amplamente utilizado
na fabricação de tijolos tradicionais (além de bastante poluente), desnecessário.
Uma das suas vantagens são a inutilização de materiais como arame, madeira,
pregos e folhas de parede pronta para a instalação da rede elétrica, hidráulica etc. Reduz
a umidade nas paredes, mas não é indicado a sua instalação em locais de climas mais
úmidos por ter o risco de não absorver toda a umidade. Possui isolamento acústico e
térmico, o que possibilita tanto o aquecimento como o resfriamento do ambiente de
maneira natural. Seu molde tem o encaixo fácil e rápido, sem a utilização de gesso ou
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azulejos, aumentando a resistência da estrutura, porém precisa de uma mão de obra
mais qualificada para fazer a instalação e produção do tijolo ecológico.

Figura 6. Diferentes formas de tijolos ecológicos

Fonte: https://www.mapadaobra.com.br/inovacao

Figura 7. Prensa manual utilizada para fazer tijolo ecológico.

Fonte: https://www.jarfel.com.br/maquinas

Com o tijolo ecológico poupamos também o custo ambiental e econômico do


transporte, já que podemos fabricá-lo no canteiro de obras e usamos principalmente
matéria-prima local. Além do mais, não há desperdício de material em obra, já que os
tijolos quebrados podem ser moídos e reaproveitados (Cesar, Cauê, 2017).

16
3.5 Solo-cimento

O solo-cimento pode ser produzido igualmente no local com os materiais certos,


o que diminui o gasto na construção, sem agredir o meio ambiente e com uma mão de
obra menos qualificada. Possui conforto térmico, ajudando a diminuir a necessidade de
ar condicionado e calefação, novamente, ajudando o meio-ambiente e diminuindo a
demanda por energia.
Como pavimentos, sendo também compactada e moldada no local, com o auxílio
de formas, o piso fica constituído por placas maciças, totalmente apoiadas no chão. Ou
até mesmo como paredes maciças com uma técnica similar à taipa de pilão, sendo
moldada e montada no próprio lugar onde será a parede. Não há necessidade de revestir
as paredes feitas com solo-cimento, mas é indicado a pintura com a base de látex,
esmalte para impermeabilização e maior durabilidade.

3.6 Tinta ecológica

São tintas feitas de matérias naturais e orgânicas, diferentes das tintas


comercializadas que utilizam os compostos orgânicos voláteis (como petróleo), que além
de contribuir com a poluição atmosférica, são prejudiciais à saúde das pessoas. As tintas
ecológicas possuem a vantagem de não poluírem a atmosfera, não destruírem a camada
de ozônio e não oferecerem risco a saúde. São três opções de componentes para a tinta
ecológica: mineral, vegetal ou com insumos naturais (caseína, derivado da vaca). Porém
para ser considerada ecologicamente corretas, todos os processos precisam ser
considerados, tais como: os tipos de produtos utilizados na higienização dos recipientes
onde serão fabricadas as tintas; o consumo de energia; a água utilizada na produção;
etc.

As opções mais utilizadas e mais naturais são as tintas feitas com solo em sua
composição (Figura 8). Podem ser feitas de forma caseira e é possível encontrar vários
tutoriais fáceis e rápidos de produção e aplicação, na internet. As tintas feitas com terra,
por não possuírem uma camada impermeável ajudam a parede a “respirar” melhor. Se
o cliente decidir adquirir a tinta de terra pronta, pode ter variação de tonalidade, já as
feitas em casa, obtém a tonalidade da tinta com a da terra local utilizada.

17
Figura 8. Diferentes colorações de tintas ecológicas

Fonte: https://www.ecycle.com.br/tinta-ecologica/

18
4. ESTUDO DE CASO

O exemplo de construção de pau a pique encontra-se na região conhecida como


Vila Itatiaia (Figura 9), pertencente ao município de Ouro Branco/MG. A visita técnica foi
realizada no dia 23 de dezembro de 2022, com o objetivo de conhecer algumas
edificações construídas utilizando o conceito de bioconstrução. Uma dessas edificações
fica localizada na Rua Prudencio Sabino Guimaraes e foi feita pelo proprietário Eduardo,
que mostrou a construção e deu detalhes do método construtivo realizado . A construção
estava sendo reformada para ser alugada, conforme mostrado na Figura 10.

Figura 9 - Placa de identificação da Vila Itatiaia

Fonte: próprio autor

Figura 10 - Construtor Eduardo em frente a edifiçação feita pelo sistema pau a pique

Fonte: próprio autor


19
O construtor contou que escolheu essa técnica construtiva após um pedido
inusitado de uma mulher de Belo Horizonte que queria morar numa casa feita de barro.
Os pais dele também tinham uma casa de pau a pique em Itatiaia. Apesar de não ter
experiencia em construir casas desse tipo, se prontificou a fazer, porém explicou a
mulher interessada que o processo era mais demorado se comparado à alvenaria feita
com tijolo convencional.
O proprietário Eduardo relatou que é preciso jogar barro de um lado da parede,
esperar de 30 a 40 dias, para depois vir do outro lado da parede dando acabamento,
porque não se consegue dar acabamento nos dois lados ao mesmo tempo (Figura 11).
O solo local utilizado foi coletado de um formigueiro. Ainda de acordo com ele, pode-se
usar qualquer terra de barranco, mas será preciso peneirar ela. Ainda contou que na
região é fácil encontrar solo argiloso, ideal para este tipo de sistema construtivo, o que
facilitou o processo.

Figura 11. Fotografia da parte externa da construção

Fonte: próprio autor

No dia da visita ventava e estava nublado, porém assim que entramos na casa, já
sentimos a mudança da temperatura e conforme relatado por Eduardo, o conforto termico
dentro de uma construção feita com pau a pique é melhor do que uma construída com o
tijolo convencional. Um aspecto construtivo que chamou a atenção na casa fica
localizado bem acima da porta de entrada, onde o mesmo preservou uma parte do
trançado do pau a pique, para que as pessoas conhecessem como era feito a construção,
20
conforme mosytrado na Figura 12. O forro escolhido para a edificação foi feito utilzando
bambu entrelaçado, conforme mostrado na Figura 13.

Figura 12. Detalhe construtivo acima da porta de entrada

Figura 13. Sustentação telhado

Figura 7. Fotografia do design e da técnica usada no teto

21
5. CONCLUSÃO

O grande desafio encontrado atualmente, tem sido em adequar a modernidade


a um estilo sustentavel de construção. Contudo, diante dos topicos abordados neste
trabalho percebe-se que esta além de ser uma discussão urgente devido ao grande
aumento do aquecimento global, é possivel, graças a mudança de metodologias que
não prejudiquem o ambiente em que vivemos. Nesse trabalho vimos que a
bioconstrução é um técnica de construção tão segura, confortavel e útil quanto, as
edificações com produtos industrializados. Esses materiais podem ser substituidos por
outros tipos mais sustentáveis, utilizados para a realização dessa técnica, além da
simplicidade e economia para a realização de um trabalho com uso adequado de
recursos naturais e com um despejo correto dos residuos.
Diante disto, é necessário mais estudos e maior difusão do conhecimento na
comunidade da engenharia civil e da arquitetura, sobre a bioconstrução e seus
beneficios tanto ambientais como, na maioria das vezes economico e social.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento


Rural Sustentável. Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável. Curso de
Bioconstrução. Brasília: MMA, 2008.

CAMPOS, I. M. Solo-cimento, solução para economia e sustentabilidade. Disponível


em:< http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=124>. Acesso
em: ago.2022.

DA SILVA, F.; VARGAS BENVEGNÚ, A.; FERNANDES DOS SANTOS, F. Emissão de


CO2 na Construção Civil. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão,
v. 5, n. 1, 14 fev. 2020.

DA SILVA, Gabriela Karine Leão; PEREIRA, Samuel Gomes. Bioconstrução.


Bioconstrução como alternativa construtiva. Anápolis, 2019.

FREITAS, Tiago Santos. Bioconstrução. Edifícios- Ambiente Interior e Saúde. Covilhã-


Portugal, 2014.

GOMES, Juliana Cristina de Mello. Bioconstrução. Uso de bioconstruções e construções


sustentáveis no ambiente urbano. Anápolis, 2017.

JORNAL CRUZEIRO DO SUL. Tintas ecológicas, cores mais ‘verdes’ em sua casa.
Disponível em:<https://www.jornalcruzeiro.com.br/suplementos/casa-e-
acabamento/tintas-ecologicas-cores-mais-verdes-em-sua-casa/>. Acesso em: ago.2022

MAPADAOBRA. Tijolo Ecológico: Vantagens e Desvantagens. 2018. Disponível


em:<https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/tijolo-ecologico/>. Acesso em:
mar.2022.

MAURICIO, Cauê Cesar. Bioconstrução. Estudo de caso: Projeto e construção da casa


ecológica modelo. Relatório final de pesquisa de iniciação científica. Centro Universitário
de Brasília. Brasília, 2017.

ONUNEWS. Mudanças no setor da construção civil podem ajudar a


combater aquecimento global. Disponível em: <https://ipoema.org.br/7-tecnicas-de-
bioconstrucao-para-fazer-uma casa-ecologica/>. Acesso em: jul.2022.

SILVA, L. H. V.; BITTENCOURT, D. V.; MARTINS, G. O.; MARTINS, K. K. M.; OLIVEIRA,


M. A.; KLOTH, M.; ANTIQUEIRA, L. M. O. R; DIAS, J. Bioconstrução: Estudo de caso no
sul do Brasil. Revista Espacious, vol. 38 (Nº 02), pág. 13. Ano 2017.

SILVA, M. N. Construções em taipa de mão: conheça as possibilidades para a sua obra.


2020. Disponível em:< https://www.sienge.com.br/blog/construcoes-em-taipa-de-mao/>.
Acesso em: mar.2022.

SUSTENTARQUI. Hiperadobe: O que é e quais suas vantagens. 2019. Disponível em:


<https://sustentarqui.com.br/hiperadobe-o-que-e-vantagens/>. Acesso em: jul.2022.

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