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CAIO AUGUSTO DE MELO

DENIS AFFONSO CHAGAS SOARES


EDUARDO GREGORIO PINTO MAAL
JULIANA BIANCHINI ORTONA

IMPLANTAÇÃO DE SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS EM


EDIFÍCIO DA CDHU LOCALIZADO NO CONJUNTO
RESIDENCIAL RUBENS LARA - CUBATÃO

Projeto de Formatura apresentado à


Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, no âmbito do Curso de
Engenharia Civil

São Paulo
2010
CAIO AUGUSTO DE MELO
DENIS AFFONSO CHAGAS SOARES
EDUARDO GREGORIO PINTO MAAL
JULIANA BIANCHINI ORTONA

IMPLANTAÇÃO DE SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS EM


EDIFÍCIO DA CDHU LOCALIZADO NO CONJUNTO
RESIDENCIAL RUBENS LARA - CUBATÃO

Projeto de Formatura apresentado à


Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, no âmbito do Curso de
Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira


Cardoso

São Paulo
2010
i

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso por nos orientar nesse
trabalho de formatura, proporcionando-nos contato com o CBCS e o projeto SUSHI.
Ao CBCS, por auxiliar-nos no contato e obtenção de informações junto à CDHU,
especialmente à Dra. Vanessa Montoro Taborianski e à Arquiteta Diana Csillag que
nos instruíram em diversas etapas na elaboração desse presente trabalho.
À CDHU, por nos receber, provendo-nos com valiosas informações através de
reuniões com seus técnicos e administradores, disponibilizando relatórios e dados.
Ao Prof. Dr. José Carlos Mierzwa, ao Prof. Dr. Roque Passos Piveli e à Profa. Dra.
Lúcia Helena de Oliveira por nos ajudarem na pesquisa sobre reúso de água cinza.
À Prof. Dra. Eliane Aparecida Faria Amaral Fadigas e ao Prof. Dr. José Aquiles
Baesso Grimoni por nos ajudar na pesquisa de painéis fotovoltaicos.
ii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1.1 Objetivo .......................................................................................................... 1
1.2 Justificativa ..................................................................................................... 1
1.2.1 Habitação de interesse social (HIS)......................................................... 1
1.2.2 Sustentabilidade ...................................................................................... 4
1.2.3 Sustentabilidade aplicada à Habitação de interesse social ..................... 5
1.3 Contexto ......................................................................................................... 6
1.3.1 Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de
São Paulo - CDHU ............................................................................................... 6
1.3.2 Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do
Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica............................................................... 9
1.3.3 Sushi...................................................................................................... 11
1.3.4 Oportunidade – Trabalho de Formatura e Sushi ................................... 11
1.4 Escopo ......................................................................................................... 12
1.5 Metodologia .................................................................................................. 12
1.5.1 Revisão bibliográfica.............................................................................. 12
1.5.2 Entrevistas na CDHU............................................................................. 12
1.6 Estrutura do texto ......................................................................................... 13
2 Caracterização dos temas.................................................................................. 14
2.1 Água ............................................................................................................. 14
2.2 Energia ......................................................................................................... 22
2.2.1 Contexto mundial ................................................................................... 22
2.2.2 Contexto brasileiro ................................................................................. 22
2.2.3 Habitação de interesse social e energia ................................................ 24
2.2.4 A influência do projeto de arquitetura na eficiência energética da
habitação............................................................................................................ 28
2.2.5 Sistemas alternativos de obtenção de energia ...................................... 34
2.3 Materiais de construção ............................................................................... 38
2.3.1 Consumo de materiais na construção civil ............................................ 38
2.3.2 Seleção de materiais na construção civil ............................................... 41
2.4 Canteiro........................................................................................................ 44
2.5 Social ........................................................................................................... 50
2.5.1 Situação brasileira ................................................................................. 50
3 Lições aprendidas no âmbito do projeto Sushi................................................... 55
3.1 Método de análise ........................................................................................ 55
3.2 Lições aprendidas em eficiência energética e conforto térmico ................... 56
3.2.1 Aquecedor solar de água ....................................................................... 56
3.2.2 Equipamentos e eletrodomésticos eficientes ......................................... 60
3.2.3 Uso de painel fotovoltaico ...................................................................... 63
3.2.4 Pé direto mais alto ................................................................................. 64
3.2.5 PLC – Power Line Communication ........................................................ 65
3.2.6 Uso de forro ........................................................................................... 67
3.2.7 Uso de telha de barro ............................................................................ 68
3.3 Lições aprendidas em gestão da água......................................................... 69
3.3.1 Medição individualizada ......................................................................... 69
3.3.2 Chuveiro híbrido .................................................................................... 71
iii

3.3.3 Retenção e utilização de água de chuva ............................................... 73


3.3.4 Aparelhos hidráulicos economizadores ................................................. 75
3.4 Lições aprendidas em paisagismo ............................................................... 76
3.4.1 Piso drenante......................................................................................... 76
3.5 Estacionamento sombreado......................................................................... 78
3.6 Lições aprendidas em projeto ...................................................................... 79
3.6.1 Modulação ............................................................................................. 79
3.6.2 Kit hidráulico e elétrico (cozinha e banheiros) ....................................... 80
3.6.3 QUALIHAB ............................................................................................ 80
3.6.4 Barramento elétrico ............................................................................... 81
3.6.5 Medição a distancia ............................................................................... 83
3.7 Lições aprendidas no campo social ............................................................. 84
3.8 Conclusões .................................................................................................. 85
4 CDHU – Residencial Rubens Lara ..................................................................... 86
5 Soluções escolhidas .......................................................................................... 92
5.1 Justificativa ................................................................................................... 92
5.2 Painéis fotovoltaicos..................................................................................... 93
5.2.1 Sistemas fotovoltaicos ........................................................................... 93
5.2.2 Metodologia para dimensionamento dos módulos fotovoltaicos ............ 95
5.2.3 Projeto do sistema fotovoltaico .............................................................. 95
5.2.4 Escolha do local para instalação dos módulos ...................................... 99
5.2.5 Dimensionamento do inversor ............................................................. 101
5.2.6 Dimensionamento da fiação ................................................................ 102
5.2.7 Concepção do sistema ........................................................................ 104
5.2.8 Instalação do Sistema ......................................................................... 104
5.2.9 Componentes do sistema e custos ...................................................... 104
5.2.10 Análise comparativa dos custos do Sistema Dimensionado X Compra
de energia da distribuidora local ...................................................................... 109
5.2.11 Conclusão sobre o uso dos painéis fotovoltaicos ............................. 111
5.3 Reuso de água cinza.................................................................................. 113
5.3.1 Economia de água com reuso de água cinza ...................................... 113
5.3.2 Legislação brasileira sobre reuso de água em edifícios ...................... 113
5.3.3 Água cinza bruta .................................................................................. 115
5.3.4 Consumo de água ............................................................................... 117
5.3.5 Estação de tratamento de esgoto ........................................................ 118
5.3.6 Implantação do sistema de reúso de água cinza tratada..................... 121
5.3.7 Escolha da bomba de recalque ........................................................... 122
5.3.8 Estudo de viabilidade financeira .......................................................... 128
5.3.9 Conclusão do sistema de reúso de água cinza ................................... 131
6 Conclusão ........................................................................................................ 132
7 Referência Bibliográfica ................................................................................... 133
8 Apêndices ........................................................................................................ 139
8.1 Apêndice 1 ................................................................................................. 139
8.2 Apêndice 2 ................................................................................................. 140
8.3 Apêndice 3 ................................................................................................. 141
8.4 Apêndice 4 ................................................................................................. 142
iv

RESUMO

A sustentabilidade é um conceito amplamente divulgado e discutido atualmente. A


necessidade de preservação dos recursos naturais ao ser percebida por toda
comunidade científica internacional, tornou-se pauta de debates políticos e
causadora de mudanças econômicas. É de fato um conceito não ignorável em nossa
sociedade. Está presente inclusive na construção civil, que é uma indústria com
grande consumo de recursos naturais e modificadora do meio ambiente natural.

Ao aplicar este conceito ao Brasil, em especial a um empreendimento destinado à


habitação de interesse social, é comum se deparar com barreiras que dificultam a
aplicação das práticas e tecnologias com caráter mais sustentável. O objetivo deste
trabalho é estudar essas aplicações, verificando tanto a viabilidade técnica quanto a
financeira.

Através de entrevistas e levantamentos junto à CDHU – Companhia de


Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo se criou uma base
de dados com as principais práticas e tecnologias utilizadas até então, permitindo
realizar uma análise crítica com os pontos positivos e negativos de cada tecnologia
em relação ao seu impacto ambiental, impacto social e custo, tanto de implantação
quanto de manutenção. Com o resultado desse trabalho concluído, foi feita a opção
por duas tecnologias ainda não presentes no empreendimento da CDHU estudado:
reúso de água cinza em bacias sanitárias, jardinagem e lavagem de áreas comuns
e; utilização de painéis fotovoltaicos para alimentação de sistemas elétricos das
áreas comuns. Foi projetada a implantação de ambas as tecnologias no edifício, e
estimados os custos de implantação, operação e manutenção.

O empreendimento da CDHU escolhido é o Conjunto Residencial Rubens Lara,


localizado em Cubatão – São Paulo, empreendimento que faz parte do Programa de
Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata
Atlântica.

Palavras-Chave: Construção sustentável; Habitação de interesse social; CDHU


v

ABSTRACT

Sustainability is currently a very commented and advertised concept. The scientific


community has been increasingly aware of the need to preserve natural resources,
and it has thus become the focus of political debates, and has undeniably worked as
a force to change economic policies. It is present, among other areas, in
Construction, an industry with big demand for natural resources, and an important
modifying agent in our natural environment.

When applied to Brazil, especially in a low income project, there are generally
financial barriers to the implementation of sustainable technologies. The objective of
this paper is to study these initiatives, studying their technical and financial feasibility.

Through interviews and research within the CDHU – São Paulo State Urban and
Residential Development Company, we developed a database of the main
technological solutions that have been adopted, enabling a critical analysis
containing the main advantages and disadvantages of each solution, relative to its
environmental and social impact, and cost (implementation, operational and
maintenance). With this stage concluded, we chose two solutions that hadn’t been
adopted in the studied project: Grey water reuse in lavatories, gardening and
washing common areas, and; the use of photovoltaic panels for the energy demand
in the common areas. We designed the implementation of both technologies in the
studied project, and we estimated the implementation, operational and maintenance
costs.

The project we studied was CDHU’s Residencial Rubens Lara, located in Cubatão,
SP. It is a part of the Socio-environmental Revival Program of the Serra do Mar e
Mosaics’ system of Mata Atlântica.

Key-words: Social housing; Sustainable building; CDHU


vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Área de Abrangência do Programa de Recuperação Socioambiental da


Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica ...................................... 10
Figura 2 - Relação entre Demanda e Disponibilidade (%) ........................................ 15
Figura 3 - Relação entre Demanda e Disponibilidade, para cada uma das principais
regiões brasileiras ..................................................................................................... 16
Figura 4 - Classes do IQA e pontuações equivalentes.............................................. 16
Figura 5 - Índice da Qualidade das Águas brasileiras em 2006. ............................... 17
Figura 6 - Índice de Estado Trófico de 2006.............................................................. 19
Figura 7 - Classes da relação carga lançada/carga assimilável e a respectiva
condição. ................................................................................................................... 20
Figura 8 - Qualidade das águas. ............................................................................... 20
Figura 9 - Origem da energia fiscalizada ................................................................... 22
Figura 10 - Fontes de energia - setor residencial ...................................................... 23
Figura 11 - Foto da fachada sul da Casa Eficiente.................................................... 31
Figura 12 - Temperaturas de Bulbo Seco Mensais (ano climático-TRY de
Florianópolis) ............................................................................................................. 32
Figura 13 - Amplitude térmica mensal (ano climático- TRY de Florianópolis) ........... 32
Figura 14 - Freqüência Mensal de Direção de Vento ................................................ 32
Figura 15 - Freqüência de ocorrência de ventos por direção em cada hora do dia-
dados climáticos do TRY de Florianópolis – SC dos meses de outubro a março (mais
quentes). ................................................................................................................... 32
Figura 16 - Umidade Relativa (%) mensal (ano climático TRY de Florianópolis) ...... 32
Figura 17 - Diagrama da Trajetória Solar na Latitude de Florianópolis (+/-) 27°60’ .. 32
Figura 18 - Carta Bioclimática Casa Eficiente ........................................................... 33
Figura 19 - Croqui ventilação da Casa Eficiente ....................................................... 34
Figura 20 - Painel fotovoltaico instalado .................................................................... 34
Figura 21 - Placas fotovoltaicas e coletores solares da Casa Eficiente .................... 35
Figura 22 - Aquecedor solar de Horace de Saussur ................................................. 36
Figura 23 - Coletor solar da marca TRANSSEN, instalado em Cafelêndia ............... 37
Figura 24 - Constituição do consumo de materiais em um empreendimento ............ 40
Figura 25 - IDH do Brasil no ranking mundial ............................................................ 50
Figura 26 - Evolução do IDH na América Latina ....................................................... 51
Figura 27 - As perdas do IDH em razão da desigualdade ......................................... 51
Figura 28 - Vista geral do conjunto habitacional em Cafelândia com coletores solares
instalados .................................................................................................................. 58
Figura 29 - Detalhe do coletor solar utilizado no conjunto habitacional da CDHU de
Cafelândia ................................................................................................................. 59
Figura 30 - Detalhe do boiler e caixa d água em tipologia do CDHU de Cafelândia . 59
Figura 31 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia e selo Procel ................. 60
Figura 32 - Avaliação de Mercado de Eficiência Energética no Brasil ...................... 62
Figura 33 - Sistema de energia fotovoltaica .............................................................. 63
Figura 34 - Esquema de macro funcionamento do sistema de PLC da Mobix S.A. .. 66
Figura 35 - Sistema de medição individualizada com tecnologia PLC na unidade
Mooca da CDHU ....................................................................................................... 67
Figura 36 - Sistema de medição individualizada remota na unidade Francisco Morato
.................................................................................................................................. 70
vii

Figura 37 - Sistema de medição individualizada remota na unidade Francisco Morato


.................................................................................................................................. 70
Figura 38 - Sistema de captação e utilização de água da chuva .............................. 74
Figura 39 - Dispositivos economizadores: válvula de acionamento duplo, bacia com 6
litros e arejadores e restritores de vazão .................................................................. 75
Figura 40 - Pisos permeáveis de concregrama e de blocos intertravados ................ 77
Figura 41 - Detalhe dos barramentos que substituem os três cabos flexíveis que
alimentam cada apartamento .................................................................................... 82
Figura 42 - Plug-in para conexão de barramento instalado ....................................... 82
Figura 43 - Detalhe do concentrador de medição e medidor eletrônico com PLC .... 84
Figura 44 - Cooperativa de reciclagem criada pelo Projeto Pantanal........................ 85
Figura 45 - Implantação dos loteamentos Bolsão 7, Bolsão 9 e Rubens Lara do
CDHU. ....................................................................................................................... 86
Figura 46 - Vista aérea do local de implantação do condomínio Rubens Lara em
Cubatão, em fase de movimentação de terra (destacado em vermelho) .................. 87
Figura 47 - Proposta de Implantação do condomínio Rubens Lara em Cubatão, em
simulação através de maquete 3D ............................................................................ 88
Figura 48 - Tipologia de edifício vertical de 8 pavimentos + térreo, em elevação e
planta do pavimento tipo ........................................................................................... 89
Figura 49 - Tipologia de edifício vertical de 4 pavimentos + térreo, em elevação e
planta do pavimento tipo ........................................................................................... 90
Figura 50 - Tipologia de casas superpostas, em elevação e planta dos pavimentos 91
Figura 51 - Sistema de geração de energia por painéis fotovoltaicos em uma
residência interligado à rede pública de distribuição de energia ............................... 94
Figura 52 - Gráfico dos resultados obtidos no Radiasol para irradiação média anual
diária ......................................................................................................................... 97
Figura 53 - Gráfico da radiação solar disponível e equivalente média anual durante
um dia ....................................................................................................................... 98
Figura 54 - Modelo tridimensional da cobertura da tipologia V052 utilizado para
simulação no Ecotect ................................................................................................ 99
Figura 55 - Resultado da simulação da cobertura da tipologia V052 nos meses de
junho e dezembro, entre as 9 e 17 horas. ............................................................... 100
Figura 56 - Local de implantação dos painéis fotovoltaicos (com hachura vermelha),
com sombreamento da cobertura durante o mês de Junho .................................... 101
Figura 57 - Gráfico da produtividade de sistema fotovoltaico conectado à rede (YF)
em função do tamanho relativo do inversor (FDI), para diversos inversores
comerciais, para a cidade de São Paulo. ................................................................ 102
Figura 58 - Painel fotovoltaico, da fabricante Mitsubishi ......................................... 105
Figura 59 - Inversor tipo grid tie – 700W, da fabricante Mastervolt ......................... 106
Figura 60 - Medidor de energia ............................................................................... 109
Figura 61 - Disjuntor termomagnético tripolar da Soprano ...................................... 109
Figura 62 - Reservatórios onde as águas eram coletadas separadamente ............ 116
Figura 63 - Equipamento em utilização ................................................................... 120
Figura 64 - Equipamento em utilização em área aberta, protegido apenas por uma
cobertura ................................................................................................................. 120
Figura 65 - Gráfico Q x Hman para escolha da bomba ........................................... 125
Figura 66 - Curvas do fornecedor (Dancor) das diferentes potências da bomba CAM
W-10 ........................................................................................................................ 126
viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de distribuição do investimento em habitação 2007-2010 .............. 4


Tabela 2 - Relação de limite máximo de comprometimento de renda com o salário da
família .......................................................................................................................... 9
Tabela 3 - Resumo das reuniões realizadas com os técnicos da CDHU no âmbito do
programa SUSHI ....................................................................................................... 13
Tabela 4 - Classe de Estado Trófico e suas principais características ...................... 18
Tabela 5 - Evolução no consumo residencial de energia .......................................... 24
Tabela 6 - Economia na utilização de aparelhos eficientes ....................................... 25
Tabela 7 - Projetos mais recentes que já tiveram início ou estão aguardando o
parecer da ANEEL .................................................................................................... 27
Tabela 8 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão . 29
Tabela 9 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno
.................................................................................................................................. 29
Tabela 10 - Níveis de iluminamento natural .............................................................. 30
Tabela 11 - Constituição do consumo de materiais em um empreendimento ........... 41
Tabela 12 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção
dos canteiros de obras – subsetor edificações.......................................................... 45
Tabela 13 - Aspectos ambientais relacionados a incômodos e poluição em função
das diferentes fases de uma obra e de suas principais atividades – subsetor
edificações. ............................................................................................................... 46
Tabela 14 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção
dos canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição ......... 47
Tabela 15 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção
dos canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição ......... 48
Tabela 16 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção
dos canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição ......... 49
Tabela 17 - Consumo de água por tipo de sistema de aquecimento de água .......... 72
Tabela 18 - Custo da água por banho com 8 minutos de duração ............................ 72
Tabela 19 - Custo de aquisição e instalação dos sistemas de aquecimento de água
.................................................................................................................................. 72
Tabela 20 - Consumo mensal das áreas comuns da tipologia V052 do condomínio
Rubens Lara .............................................................................................................. 96
Tabela 21 - Valores mínimos de seção transversal segundo a NBR 5410 ............. 104
Tabela 22 - Fluxo de caixa comparando custos com e sem sistema fotovoltaico ... 111
Tabela 23 - Parâmetros exigidos para água de reúso............................................. 114
Tabela 24 - Propriedades de água cinza bruta de chuveiros e lavatórios ............... 116
Tabela 25 - Consumo de água ................................................................................ 117
Tabela 26 - Consumo de água por aparelho sanitário ............................................ 117
Tabela 27 - Consumo de água nas áreas comuns .................................................. 118
Tabela 28 - Resumo da demanda de água em usos passíveis de substituição por
água cinza tratada ................................................................................................... 118
Tabela 29 - Resumo da oferta de água a ser tratada para reúso ............................ 118
Tabela 30 - Relação entre vazão na tubulação e carga transferida pela bomba ao
fluido ........................................................................................................................ 124
Tabela 31 - Propostas comerciais de estações de tratamento de água cinza ........ 129
Tabela 32 - Levantamento de quantidade e preços de materiais para ao sistema de
reúso de água cinza ................................................................................................ 129
Tabela 33 - Custos de operação ............................................................................. 130
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo
Este trabalho tem como objetivo a implementação de tecnologias sustentáveis em
um edifício de quatro pavimentos do condomínio Rubens Lara no município de
Cubatão-SP, construído pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano
(CDHU) dentro do projeto Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do
Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica.

A primeira etapa, concluída no primeiro semestre de 2010, visava a levantar


soluções sustentáveis, no estado da arte e tecnologias utilizadas pela CDHU,
incluindo as experiências nas unidades implantadas.

A segunda etapa, realizada no segundo semestre, compreende a avaliação das


tecnologias levantadas, a escolha das tecnologias a serem implantadas na tipologia
escolhida e a elaboração dos projetos das mesmas.

1.2 Justificativa

1.2.1 Habitação de interesse social (HIS)

Conceito

Segundo o Código Sanitário adotado no Estado de São Paulo (Decreto Estadual n˚


12.342, de 27 de Setembro de 1978, Artigo 95, Capítulo V), “Considera-se habitação
de interesse social, a habitação com o máximo de 60,00 m², integrando conjuntos
habitacionais, construída pôr entidades públicas de administração direta ou indireta.”

De maneira mais ampla, o Decreto Municipal n˚31.601, de 26 de Maio de 1992


define Empreendimento Habitacional de Interesse Social como:

“...parcelamento do solo, bem como construção de edificações – envolvendo ou não


o parcelamento do solo – destinado às famílias que vivem em habitação subnormal,
em condições de habitabilidade precária, ou auferem renda mensal inferior a 12
(doze) salários mínimos, ou seu sucedânio legal, ou ainda que se enquadrem nos
critérios do Sistema Financeiro da Habitação, e referentes à população
demandatária situada no limite de renda acima definido.”

No mesmo decreto, estabelecem-se os agentes considerados habilitados para


promover este tipo de empreendimento: órgãos da administração direta, empresas
de controle acionário público, entidades conveniadas com a Superintendência de
Habitação Popular (HABI) da prefeitura do município e entidade ou promotor privado,
desde que, simultaneamente, esteja conveniado com a Companhia Metropolitana de
Habitação de São Paulo (COHAB/SP), pelo Instituto de Previdência Social do Estado
de São Paulo (IPESP) e em terrenos de propriedade pública, independentemente do
agente promotor.
2

A habitação é um bem de consumo de características únicas, sendo um produto


potencialmente muito durável onde muito frequentemente são observados tempo de
vida útil superior a 50 anos (ORNSTEIN, 1992 apud WORLD BANK, 2002). Por ser
um produto caro, as classes menos privilegiadas constituem a maior demanda
imediata por habitação, no Brasil (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2001).

O termo Habitação de Interesse Social (HIS) define uma série de soluções de


moradia voltada à população de baixa renda. O termo tem prevalecido nos estudos
sobre gestão habitacional e vem sendo utilizado por várias instituições e agências,
ao lado de outros equivalentes, como apresentado abaixo (ABIKO, 1995):

• Habitação de Baixo Custo (low-cost housing): termo utilizado para designar


habitação barata sem que isto signifique necessariamente habitação para
população de baixa renda;

• Habitação para população de Baixa Renda (housing for low-income people): é


um termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma conotação que
habitação de interesse social.

• Habitação popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas


ao atendimento de necessidades habitacionais.

Déficit habitacional brasileiro

• Características da população brasileira

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população


brasileira em 2009 era de 193.733.795 habitantes, numa densidade demográfica de
22,75 habitantes/km². A taxa média de crescimento anual era de 0,98%.

Dessa população, 86,12% reside em área urbana e o Produto Interno Bruto (PIB)
per capita (2007) é de U$6.852, porém o país sofre com desigualdades sociais e
apresenta 7,5% da população em situação de extrema pobreza, que ganha menos
de U$1 por dia.

• Estudos para análise do déficit habitacional brasileiro

A Fundação João Pinheiro elaborou, em 2003, dois estudos para a Secretaria


Especial de Desenvolvimento Urbano (SEDU), atual Ministério das Cidades, por
meio de contrato com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e dentro do âmbito do projeto Habitar-Brasil do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), que caracterizaram a situação habitacional no Brasil,
servindo de base para diversos estudos que vieram posteriormente.

A metodologia para o cálculo das necessidades habitacionais foi originalmente


desenvolvida tendo como base de informações a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, os PINAD, do IBGE, estaticamente representativa somente para as
unidades da Federação e as nove regiões metropolitanas. Um dos objetivos do
3

estudo é adaptar essa metodologia de modo a fornecer o cálculo desses mesmos


indicadores para municípios.

Ao se analisar a questão habitacional a interface com outras políticas urbanas é um


dos aspectos a ser considerado. Em função da interdependência da moradia com
outros sistemas da cidade, segundo Azevedo (1996), nem sempre um simples
incremento dos programas de habitação proporciona melhoras nas condições
habitacionais da população mais pobre. Esses programas podem ser inviabilizados
se outras políticas urbanas como a de transporte, energia e saneamento não forem
integrados aos mesmos.

O conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às deficiências do


estoque de moradias, englobando tanto as sem condições de serem habitadas
devido a problemas de construção e desgastes da estrutura, quanto à necessidade
de aumento do estoque, decorrente da coabitação familiar ou da moradia em locais
destinados a fins não residenciais.

Os problemas habitacionais são proporcionalmente mais graves em aglomerações


populacionais maiores. Devido a essa constatação, o estudo priorizou as cidades
com população igual ou superior a 20 mil habitantes.

Os resultados obtidos nesse estudo indicam um déficit absoluto em 2003 de 3,4


milhões de moradias. 70% concentrado nas áreas urbanas. Do déficit habitacional
em regiões metropolitanas, 47,4% se concentram naquelas localizadas na Região
Sudeste.

Percentualmente, o déficit habitacional é mais relevante na Região Norte, que


representa 29% do estoque de domicílios e na Região Nordeste, 22,1%. Seguidos
da Região Centro-Oeste 12,2%, Sudeste, 8,2% e Sul, 7,2%.

Segundo relatório Déficit Habitacional no Brasil 2007 da Fundação José Pinheiro, o


déficit habitacional estimado era de 6,273 milhões de domicílios dos quais 82,6%
estão localizados nas áreas urbanas. Nessa versão do estudo, foram incluídas
perguntas nos questionários sobre a intenção de constituir domicílio exclusivo e os
motivos da coabitação. Pela primeira vez, isso permitiu excluir do cálculo do déficit
habitacional o montante das famílias conviventes para o qual a coabitação poderia
ser considerada voluntária. Percentualmente, a Região Norte ficou com 16,7% dos
domicílios, seguido da Nordeste, com 15%, Sudeste com 9,3% e Sul com 7,9%.
Esses dados mostram uma redução do déficit habitacional em relação a 2003,
quando o déficit era de 7,223 milhões a situação ainda continua crítica.

Iniciativas governamentais são essenciais para a redução desse déficit. A nível


federal, os investimentos em habitação de 2007 a 2010, segundo divulgado no site
da presidência da república, com fonte no Comitê Gestor do PAC é de 55,9 bilhões,
distribuídos entre as regiões da seguinte maneira:
4

Tabela 1 - Tabela de distribuição do investimento em habitação 2007-2010


Obs – Não inclui financiamentos para pessoa física (R$89 bilhões)
(Fonte: Comitê Gestor do PAC (Site da Presidência))

Os recursos financeiros a disposição da CDHU são, em maior parte, originados do


Adicional do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Atualmente, 1% é repassado pelo governo federal e dividido, com base na lei de sua
criação, cabendo 75% à administração estadual e 25% aos municípios, de acordo
com os respectivos índices de participação na arrecadação. Outra fonte de recursos
é a carteira de mutuários, que corresponde a cerca de 20% do total arrecadado.

1.2.2 Sustentabilidade

Definido no Relatório de Brundtland, em 1987, desenvolvimento sustentável é


aquele que garante “os recursos para o sustento desta geração e das próximas”.

A interferência no meio ambiente causada pela construção civil é grande e ocorre


em toda a cadeia produtiva (da construção à demolição). As decisões iniciais de
localização da obra, tipo de empreendimento a ser desenvolvido e materiais a serem
empregados são de grande influência no consumo de recursos naturais e energia.
Na execução da obra ocorre geração de resíduo, que pode ser tanto maior quanto
menor a otimização dos processos. Durante o uso e manutenção tem-se um grande
consumo de água e energia, além da geração de resíduos. Por fim, na demolição,
mais resíduos são gerados em grandes quantidades.

A conscientização do setor surgiu de forma tardia, de forma a minimizar os custos


com a construção, evitando perdas aumentando assim a lucratividade. Pontualmente
surgiram iniciativas de algumas prefeituras em regulamentar a disposição do
entulho, além de um interesse em se utilizar material reciclado para a produção de
componentes, como a barra de aço e o cimento.

Apesar dos resultados pouco significativos considerando a influência do setor como


um todo no meio ambiente, essas mudanças foram muito úteis para uma mudança
de mentalidade, fazendo com que surgisse o interesse na busca de projetos
sustentáveis.
5

Os principais aspectos e desafios para a construção sustentável, segundo a Agenda


21 para a Construção Sustentável são:

• Gerenciamento e Organização: devem compreender não só os aspectos


técnicos mas também os aspectos sociais, legais, econômicos e políticos. A
complexidade dada pela à amplitude do seu inter-relacionamento e à principal
característica do setor da construção,.

• Aspectos do Produto e do Edifício: como otimizar as características dos


edifícios e dos produtos de forma a melhorar o desempenho sustentável,
levando-se em conta fatores básicos como clima, cultura, tradições
construtivas e fase de desenvolvimento industrial. Quanto à produção de
componentes e sistemas, são aspectos importantes: a redução do volume de
material e de energia, a redução das emissões dos produtos em uso e a
melhoria no quesito reparação e reciclagem. A qualidade do ambiente interno
deve ser aprimorada para alcançar condições de vida saudáveis e produtivas.

• Aspectos sociais, culturais e econômicos: a indústria da construção é a maior


contribuinte para o desenvolvimento socioeconômico de um país. Uma
construção sustentável pode ser encarada como uma contribuição para a
diminuição da pobreza, criando um ambiente de trabalho saudável e seguro,
distribuindo, equitativamente, custos sociais e benefícios da construção,
facilitando a criação de empregos, desenvolvimento de recursos humanos,
conquistando benefícios financeiros e melhorias para a comunidade.

1.2.3 Sustentabilidade aplicada à Habitação de interesse social

A questão habitacional no Brasil é motivo de grandes preocupações por parte da


sociedade, assim como a questão da sustentabilidade vem ganhando cada vez mais
força. A integração entre esses dois temas ainda pode ser considerado um
paradoxo: o custo para a implementação de soluções para tornar as construções
sustentáveis pode tornar-se um fator limitante para uma abrangência maior dos
programas habitacionais.

Ao mesmo tempo, a moradia sustentável tende a ser de grande interesse para a


população de mais baixa renda, pois pode gerar uma economia nas contas de água
e energia, além de uma habitação de maior qualidade.

Novas técnicas de projeto e execução, além de materiais de construção inovadores,


estão sendo utilizados para adaptar as construções de mais baixo padrão, reduzindo
os impactos ambientais causados pela obra e aumentando a eficiência energética
das mesmas. Algumas alternativas que são aprofundadas neste trabalho obtiveram
resultados muito satisfatórios e já viraram política pública da CDHU, o que é um
grande avanço no tema da sustentabilidade em habitação de interesse social.

Um levantamento do que existe no mercado, os resultados e custos de cada


alternativa disponível para uma análise embasada das necessidades deste setor,
são de fundamental importância para o avanço das pesquisas e inovações focadas
nas habitações populares.
6

É neste cenário que o presente trabalho pretende atuar, e para tanto, num primeiro
momento, busca entender o que já foi realizado, como foi implantado, o que pode
ser melhorado e os impactos dessas soluções no orçamento final da edificação,
servindo como referência para pesquisas futuras, poupando tempo e esforços no
levantamento das alternativas viáveis a este tipo de projeto. Em um segundo
momento, vai integrar estes conhecimentos em um projeto de conjunto habitacional
da CDHU.

1.3 Contexto

1.3.1 Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de


São Paulo - CDHU

1.3.1.1 Contextualização da CDHU

A CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São


Paulo - empresa do Governo Estadual, vinculada à Secretaria da Habitação, é o
maior agente promotor de moradia popular no Brasil. Tem por finalidade executar
programas habitacionais em todo o território do Estado, voltados para o atendimento
exclusivo da população de baixa renda - atende famílias com renda na faixa de 1 a
10 salários mínimos. (Fonte: Site da Secretaria da Habitação - Saiba como funciona
a CDHU).

Além de produzir moradias, a CDHU também intervém no desenvolvimento urbano


das cidades, de acordo com as diretrizes da Secretaria da Habitação.

A CDHU foi desenvolvida para substituir outras instituições semelhantes, que


evoluíram ao longo dos anos. Começou pela CECAP (Caixa Estadual de Casas para
o Povo) em 1949, pela Lei no. 483 e regulamentada em 1964 pelo Decreto 43.107,
subordinada à Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio, que buscava produzir
moradias para uma crescente população que se concentrava nas cidades por causa
da forte industrialização após a Segunda Guerra Mundial. Em 1968, a Lei 10.262
determinou as diretrizes que permitiram à CECAP utilizar recursos do SFH (Sistema
Financeiro de Habitação), atuando sob a tutela do BNH (Banco Nacional da
Habitação).

Em 1975, através da Lei 905, a CECAP passou a atuar em um setor mais específico,
de baixa renda, levando a uma mudança no significado da sigla para Companhia
Estadual de Casas Populares. O objetivo foi agilizar a produção de casas. Em 1980,
através do Decreto 29.335, a CECAP foi desativada, e em 1981 foi reativada com
outro nome, CODESPAULO (Companhia de Desenvolvimento de São Paulo). O
escopo de atuação e a fonte de financiamento não mudaram.

Em 1983, criou-se a Secretaria Executiva de Habitação, através do Decreto 21.592,


subordinada ao Governador do Estado. Em 1984, o Decreto 22.061 alterou o nome
da CODESPAULO para CDH (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do
Estado de São Paulo). Estabeleceu-se um novo perfil de atuação, utilizando os
7

recursos do Tesouro do Estado. Em 1987, alterou-se o nome da Secretaria


Executiva de Habitação para Secretaria de Estado da Habitação.

Finalmente, em 1988, houve a extinção da Secretaria da Habitação (assim como a


Secretaria dos Negócios Metropolitanos), criando-se a Secretaria de Habitação e
Desenvolvimento Urbano. A CDH passou a chamar-se CDHU, Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, absorvendo os
outros Órgãos e Companhias semelhantes, e passou a atuar como conhecemo-la
atualmente. (Fonte: Portal CDHU)

1.3.1.2 Evolução das ações da CDHU

Aspectos ambientais de planejamento urbano

A CDHU trabalha com o enfoque de providenciar moradia aos que não a tem, ou a
obtém ilegalmente. Entretanto, isto significa, em grande parte dos casos, que estas
pessoas moram em áreas de interesse público: terrenos de alto valor de mercado,
terrenos de risco (áreas com risco de desabamento ou fortes inundações), terrenos
de importância para a população (fontes de água, reservas ecológicas, entre outros).

Com o enfoque de planejamento urbano, isto é um grande desafio, pois há muitos


interesses que confluem quando se discute a moradia.

Por um lado, há o interesse de recuperar áreas invadidas, e devolvê-las aos


respectivos donos. É frequente que moradias irregulares se estabeleçam em áreas
de interesse comercial, próximo aos locais de trabalho, ou em áreas pertencentes ao
Estado. Nestes casos, a recuperação é interessante financeiramente. Há situações
onde a área invadida consiste de uma área de risco, por exemplo, o caso dos morros
no Rio de Janeiro, ou a Serra do Mar em São Paulo, com possibilidade de
desabamento. Neste caso, é interessante socialmente, pois um desabamento pode
causar – e causou muitas vezes no passado – tragédias. Finalmente, há os casos
onde invadem-se zonas de reserva natural, ou por onde passa uma reserva de
água, importante para o abastecimento da população, como por exemplo, nas
invasões próximas a Represa de Guarapiranga. Como não há controle nenhum no
local, há riscos de contaminação da água, por exemplo, ou desmatamento da
natureza. Socialmente e ambientalmente, há fortes benefícios em retirar estas
pessoas de lá.

Sob esta luz, a CDHU vem ganhando importância perante a sociedade, pela
magnitude dos benefícios de suas iniciativas. Com maior exposição, há maior
pressão para que demonstre resultados, mas ao mesmo tempo, tem maior
autonomia para buscá-los.

Desde que iniciou suas atividades, construiu e comercializou por volta 396 mil
habitações, número que compõe cerca de 2.349 conjuntos habitacionais em 609
municípios (94%) de um total de 645 em todo o Estado (dados de 2006).

Nessas casas moram cerca de 2 milhões de pessoas, número superior à população


da grande maioria dos municípios brasileiros. (Fonte: portal CDHU)
8

Aspectos ambientais de projeto das unidades

Historicamente, as obras da CDHU não tiveram enfoque ambiental (informação


verbal)1. O objetivo era construir, assegurando o volume de produção a baixos
custos. Apesar de economicamente eficiente, a qualidade da habitação ficava
comprometida.

Aspectos sociais

Geralmente as pessoas preferem ter sua própria casa a viver em condições


precárias de saúde e segurança em uma área invadida. Mas há outras
considerações importantes, entre elas:

• Quando a pessoa se muda para uma moradia regular, ela passa a pagar as
contas de eletricidade e água, que muitas vezes eram obtidas
clandestinamente. No caso dos edifícios, há despesas condominiais que se
somam às outras despesas.

• Especialmente em casos onde a moradia irregular encontra-se em uma área


próxima a áreas comerciais, a mudança para um local periférico significa
maior desconforto devido ao aumento no tempo de viagem ao trabalho (às
vezes de até 3 horas).

Essas questões devem ser consideradas em programas de reassentamento de


populações estabelecidas em áreas irregulares, afim de se obter sucesso no novo
empreendimento.

A Lei no. 6556, de 1989, define que “os recursos financeiros que vierem a ser
atribuídos à Caixa Econômica do Estado de São Paulo S.A., para o fim indicado
nesta lei, serão destinados obrigatoriamente ao financiamento de programas
habitacionais de interesse da população do Estado.

Os programas habitacionais referidos neste artigo serão desenvolvidos e executados


pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado – CDHU”

A CDHU agora é capaz de praticar financiamentos com juros baixos, de 1% a 5,5%


ao ano, para atender a famílias de 1 a 10 salários mínimos. Além disto, adotou uma
política de pagamento da habitação por comprometimento máximo da renda, de
acordo com os rendimentos da família, conforme ilustrado na Tabela 2.

1
Informação fornecida pela arquiteta Ana Maria Antunes Coelho, técnica de projetos de paisagismo
da CDHU, em entrevista em 6 de maio de 2010
9

o
Renda Familiar (n . de Limite Máximo de
Salários Mínimos) Comprometimento de Renda
1a3 15%
3a5 15% a 20%
5 a 8,5 20% a 25%
8,5 a 10 25% a 30%

Tabela 2 - Relação de limite máximo de comprometimento de renda com o salário da família


(Fonte: Gerência de Planejamento Econômico - CDHU)

Para famílias com renda muito baixa, que não conseguem atingir as prestações
necessárias de acordo com a tabela 2, estabeleceu-se um subsídio para completar a
diferença. Isto é feito através de uma bonificação diretamente à família, e é
intransferível, temporária, e seu valor diminui com o tempo. (Fonte: Portal CDHU)

Aspectos econômicos

A CDHU cresceu bastante nos últimos 10 anos, especialmente com a participação


do ICMS, e atualmente trabalha com um orçamento de em média R$750 milhões por
ano. Do total arrecadado pelo ICMS, 1% é dividido entre a administração estadual
(0,75%) e a administração dos municípios (0,25%). Estes recursos significam 80%
dos investimentos habitacionais realizados; os 20% restantes decorrem da carteira
de mutuários ao pagarem as parcelas dos financiamentos.

Há outras fontes (secundárias) de financiamento: eventuais contribuições do FGTS –


acesso na qualidade de agente do Sistema Financeiro de Habitação; contribuições
resultantes de operações financeiras com organismos internacionais; e ocasionais
contribuições da União. Estas fontes usualmente destinam-se a projetos específicos,
como reassentamento de populações residentes em áreas de risco, degradação
urbana ou preservação ambiental, por exemplo. (Fonte: Portal CDHU)

1.3.2 Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do Sistema


de Mosaicos da Mata Atlântica

A Serra do Mar, formação montanhosa no Estado de São Paulo, abriga grande parte
do restante da Mata Atlântica, hoje reduzida a 7,6% do original. Atualmente 15% de
suas áreas são protegidas em alguma categoria de proteção ambiental.

O Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do Sistema de


Mosaicos da Mata Atlântica tem como objetivo geral do projeto promover a
conservação, o uso sustentável e a recuperação socioambiental de importantes
unidades de conservação do bioma Mata Atlântica no estado de São Paulo, além de
gerar benefícios sociais e ecológicos tais como a proteção de mananciais da
Baixada Santista e a proteção da biodiversidade (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2009).

Para conseguir maior eficiência jurídica na proteção das unidades de conservação,


há um enquadramento das mesmas em diferentes categorias, os mosaicos. Esse
10

modelo leva em conta a existência de áreas ocupadas e reserva às populações que


lá habitam dois destinos:

1. Manejo da população e suas moradias, buscando tornar suas atividades


produtivas mais ambientalmente sustentáveis.
2. Realocação da população das áreas irregularmente ocupadas e para outros
locais (exemplo residencial Rubens Lara, que é objeto deste trabalho).

O Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria da Habitação (SH) e da


Secretaria do Meio Ambiente (SMA), em compromisso com o Banco Interamericano
de Desenvolvimento estruturou o processo em oito etapas:

1. Definição da estrutura de mosaicos, considerando as diferentes


características de cada área de proteção e as atividades nelas empreendidas.
2. Estabelecimento dos limites de cada mosaico.
3. Elaboração de planos de gestão específicos para cada mosaico.
4. Manejo das populações habitantes das áreas em questão, consolidando ou
realocando as mesmas para as áreas onde residirão definitivamente.
5. Recuperação das áreas degradadas.
6. Apoio a projetos sustentáveis empreendidos pelas populações consolidadas
nos mosaicos ou reassentadas em novos locais.
7. Planejamento das próximas etapas do projeto a serem realizadas.
8. Implantação do plano de manejo de cada uma das unidades de conservação.

Figura 1 - Área de Abrangência do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar


e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica
(Fonte: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009)
11

1.3.3 Sushi

O Projeto SUSHI, Sustainable Social Housing Iniciative (Iniciativa de Habitação


Social Sustentável), faz parte do SBCI Sustainable Building Iniciative (Iniciativa da
Edificação Sustentável) e é representado no Brasil pelo PNUMA - Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o CBCS - Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável. Está sendo feito com o apoio da Universidade de São
Paulo, da CDHU e da Caixa Econômica Federal.

O projeto tem como foco áreas urbanas de países em desenvolvimento, locais em


que existe grande crescimento populacional, forte urbanização e demanda de
habitação não atendida. O objetivo é trazer práticas sustentáveis a programas de
habitação social: abordando especificidades da habitação social e condições locais,
envolvendo todas as partes interessadas no processo, preparando uma metodologia
para reprodução (FERAUDY, 2010).

A implantação local do projeto piloto será feita em duas cidades: São Paulo e
Bangkok - Tailândia, com isso serão desenvolvidas metodologias e ferramentas
flexíveis para aplicação em outros países. O projeto será desenvolvido em três
fases, com duração de dezoito meses, a partir de Janeiro de 2009:

Fase 1 - Avaliação inicial e mapeamento


Utilizando o resultado do mapeamento foram elaborados planos de ação para
absorção das soluções, envolvendo: fornecedores das tecnologias, representantes
da demanda (entidades construtoras e imobiliárias) e apoio público.

Fase 2 - Implementação do plano de ação


Trata-se da elaboração de material de treinamento, e o treinamento, propriamente
dito, de: fornecedores, arquitetos, empresas de construção, projetistas,
empreendedores, autoridades públicas e os usuários finais. Inclui também, uma
experiência em campo com os projetos pilotos selecionados.

Fase 3 - Resultados e disseminação


Composta pela elaboração de metodologia e ferramentas para a implementação de
soluções sustentáveis nos projetos de habitação social, incluindo um modelo de
plano de ação e uma ferramenta de análise de suprimentos, demanda e políticas;
implementação das soluções nos projetos pilotos com estudos de caso e;
desenvolvimento de competências.

1.3.4 Oportunidade – Trabalho de Formatura e Sushi

A oportunidade de parceria com o projeto SUSHI foi proposta pelo orientador deste
presente trabalho, Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso, dada às semelhanças do
projeto com as expectativas do grupo sobre o tema a ser abordado – soluções
sustentáveis para habitações de interesse social.
12

Essa parceria permitiu o compartilhamento de informações e contatos, e união de


esforços para elaboração, tanto do relatório de lições aprendidas, quanto desta
primeira etapa deste trabalho de formatura.

O escopo do projeto SUSHI foca com maior intensidade as temáticas de eficiência


no uso de água e energia, enquanto este relatório aborda, além destes temas, os de
uso racional de materiais de construção, gestão do canteiro de obras e aspectos
sociais da HIS (Habitação de Interesse Social).

1.4 Escopo

A abordagem da sustentabilidade neste trabalho é feita em cinco grandes temas:


• Água
• Energia
Materiais de construção
• Canteiro
• Social

Todos os temas são abordados em seus estados da arte, em tecnologias disponíveis


no mercado, em análises de viabilidade econômica e, para o caso das duas
soluções escolhidas, ligadas mais aos temas de água e energia, o produto final é a
elaboração de projetos de implantação das mesmas, na tipologia do edifício de
quatro pavimentos do Residencial Rubens Lara, detalhado no capítulo 4.

1.5 Metodologia

1.5.1 Revisão bibliográfica

A avaliação das soluções é feita por critérios aceitos na comunidade científica.


Foram feitos levantamentos de textos técnicos, como os documentos de
levantamento do estado da arte do projeto da FINEP, da Estratégia Ambiental e
Social do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do Sistema
de Mosaicos da Mata Atlântica, teses de mestrado, materiais diversos divulgados
pela CDHU, pelo CBCS, entre outros.

Para determinar os dados relevantes de cada solução, foi necessário pesquisar junto
aos fornecedores, em casos de produtos industrializados – sempre buscando
publicações científicas, para analisar os dados de maneira crítica – ou estudos, nos
casos de outras soluções, como o macadame hidráulico e sombreamento, onde os
benefícios são menos tangíveis.

1.5.2 Entrevistas na CDHU

A CDHU, através dos projetos habitacionais já executados, possui vasta experiência


com inúmeras soluções sustentáveis. Como há poucos relatos documentados, com
13

o objetivo de aproveitar esta experiência, realizou-se entrevistas com membros das


diretorias setoriais e técnicos responsáveis pelos respectivos enfoques, dentro da
Companhia. O fato de tais entrevistas terem sido agendadas pelas responsáveis
pelo projeto SUSHI, fez com que os temas abordados tivessem maior enfoque na
temática de água e energia, outras temáticas também tiveram sua abordagem,
porém em segundo plano.

Assim puderam-se determinar as soluções que foram experimentadas, e os motivos


pelos quais algumas obtiveram sucesso e outras fracasso. Este panorama foi muito
valioso para nosso entendimento dos métodos da CDHU.

A tabela 3 traz o resumo das reuniões realizadas com os técnicos da CDHU no


âmbito do programa SUSHI.

Reuniões realizadas na sede da CDHU - Rua Boa Vista, 170


Data 17/03/2010* 25/03/2010* 22/04/2010
Pauta Aspectos gerais da CDHU Tecnologias sustentáveis Aquecedores solares
Eduardo Baldacci (CDHU) Vanessa Taborianski (CBCS) Vanessa Taborianski (CBCS)
Vanessa Taborianski (CBCS) Diana Csillag (CBCS) Diana Csillag (CBCS)
Participantes Diana Csillag (CBCS) Leonardo Macdowell (CDHU) Marcelo Takaoka (CBCS)
Marcelo Takaoka (CBCS) Altamir Tedeschi (CDHU) João Luis Neves (CDHU)
Stella Maris Bilemjian CDHU)
* Não houve participação dos integrantes do grupo da Escola Politécnica, porém foram disponibilizadas as
notas de informações disponibilizadas na reunião
Reuniões realizadas na sede da CDHU - Rua Boa Vista, 170
Data 06/05/2010 12/05/2010 19/05/2010 27/05/2010
Pauta Paisagismo Qualihab Trabalhos sociais Projetos
Ana Maria Antunes Coelho (CDHU) Fabio Leme (CDHU) Vanessa Taborianski (CBCS) Irene Rizzo (CDHU)
Vanessa Taborianski (CBCS) Vanessa Taborianski (CBCS) Diana Csillag (CBCS) Vanessa Taborianski (CBCS)
Participantes
Diana Csillag (CBCS) Diana Csillag (CBCS) Viviane Frost (CDHU) Leonardo Macdowell (CDHU)
Leonardo Macdowell (CDHU)
*Participaram das reuniões ao menos um integrante do grupo da Escola Politécnica
Tabela 3 - Resumo das reuniões realizadas com os técnicos da CDHU no âmbito do programa
SUSHI

1.6 Estrutura do texto

Neste primeiro capítulo, introduz-se o tema a ser abordado, definindo os conceitos-


chave do estudo - habitação de interesse social e sustentabilidade – e o cenário
atual dos mesmos e aponta-se em que contexto o trabalho está inserido, assim
como a metodologia utilizada.

Nos capítulo seguinte, elucida-se o estado da arte dos temas envolvidos. No terceiro
capítulo apresenta-se o fruto do estudo elaborado em conjunto com o projeto
SUSHI, onde se analisa a questão da sustentabilidade aplicada à CDHU.

No quarto capítulo apresenta-se o projeto no qual é estudada a implantação das


soluções sustentáveis.

O trabalho finaliza com a relação das referências bibliográficas.


14

2 CARACTERIZAÇÃO DOS TEMAS

2.1 Água

Introdução

Como é o caso da energia, a água potável é um recurso escasso. Embora haja


abundância de água, a exploração é economicamente viável para apenas uma
pequena porção. Ao mesmo tempo, observa-se um altíssimo consumo de água em
países desenvolvidos, algo que se torna um problema, devido ao crescimento
econômico dos países em desenvolvimento.

Sob esta perspectiva, deve-se buscar estimular a sustentabilidade, através de


educação, porém também pelo uso de equipamentos mais econômicos e buscando
diminuir as perdas.

A água no Brasil

Embora o Brasil possua grande parte das reservas mundiais de água, há


dificuldades geográficas para que esta água chegue aonde há demanda. Portanto,
há regiões onde há excelente relação entre demanda e disponibilidade, e há regiões
onde há uma relação muito crítica, como é exibido na figura 2.
15

Figura 2 - Relação entre Demanda e Disponibilidade (%)


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

Como se pode ver, no Nordeste brasileiro, assim como algumas regiões no Sudeste
e Sul, há uma relação crítica ou muito crítica, enquanto nas regiões Centro-Oeste e
Norte, a relação é predominantemente excelente.

Abaixo, um gráfico mostrando a situação separada pelas principais regiões


brasileiras, para mostrar com maior precisão a situação brasileira:
16

Figura 3 - Relação entre Demanda e Disponibilidade, para cada uma das principais regiões
brasileiras
(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

Percebe-se que há escassez de água nas regiões de interesse (São Paulo e


arredores).

Quanto à qualidade da água, também há preocupação. A disponibilidade geográfica


afetará o custo de infraestrutura de transporte da água, porém a qualidade da água
resultará em investimentos necessários para tratamento, deixando a água apta para
o consumo.

A situação brasileira foi estudada de acordo com três padrões (Site da Agência
Nacional de Águas), IQA (Índice de Qualidade das Águas), IET (Índice de Estado
Trófico) e a Capacidade de Assimilação das Cargas de Esgoto. O IQA reflete
principalmente a contaminação dos corpos hídricos pelo lançamento de esgoto
doméstico, visando avaliar a qualidade da água para o abastecimento público.
Busca-se prever os aspectos relativos ao tratamento da água (não ideal para avaliar
a água para outros usos, como recreação ou preservação de vida aquática).

O IQA tem nove parâmetros: oxigênio dissolvido, coliformes fecais, pH, demanda
bioquímica de oxigênio (DBO5,20), temperatura, nitrogênio total, fósforo total,
turbidez e resíduo total. A cada valor é atribuído um peso e uma nota, para cada
região estudada, e a soma dessas notas multiplicadas pelo respectivo peso
representa a pontuação total. As pontuações são avaliadas da seguinte maneira:

Figura 4 - Classes do IQA e pontuações equivalentes


17

(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

Assim, avaliou-se a qualidade (IQA) da água no Brasil:

Figura 5 - Índice da Qualidade das Águas brasileiras em 2006.


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)
18

Deste índice, percebe-se que a água na região de interesse (arredores de São


Paulo), variam de Boas (minoria) a Regulares, Ruins e Muito Ruins, enfatizando a
necessidade de incentivar a economia de água.

O Índice de Estado Trófico (IET) mede a eutrofização dos corpos d’água, um grande
problema pois provoca crescimento de plantas aquáticas, o qual compromete os
usos d’água. É uma ameaça à saúde pública reconhecida pela UNEP-IETC (2001).

Para rios ou reservatórios, o cálculo do IET foi realizado de acordo com a fórmula de
Lamparelli (2004), e entende-se pela pontuação do IET o seu potencial de
eutrofização, como apresentado na tabela 4.

Tabela 4 - Classe de Estado Trófico e suas principais características


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

De acordo com este critério também avaliou-se a água brasileira:


19

Figura 6 - Índice de Estado Trófico de 2006


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

Novamente, a avaliação mostra produção acima da natural de plantas aquáticas na


região de São Paulo, significando grandes custos e gastos de energia para o seu
tratamento.

O terceiro critério analisa a capacidade de assimilação das cargas de esgoto,


através de uma estimativa da produção de esgoto da região (baseado na população
urbana de cada município), e compara-se qual fração deste volume pode ser
assimilado pelo curso d’água (considerando que estão enquadrados na classe 2,
com limite máximo de 5mg/l de DBO 5,20). Desta relação, determinou-se os
seguintes critérios:
20

Figura 7 - Classes da relação carga lançada/carga assimilável e a respectiva condição.


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

A partir das estimativas, avaliou-se a condição brasileira:

Figura 8 - Qualidade das águas.


(Fonte: site da Agência Nacional de Águas)

A Habitação de Interesse Social

As famílias que são incapazes de adquirir sua própria residência sem a ajuda do
Estado em geral são famílias de baixíssima renda. Em casos de moradia irregular,
temos o agravante que estas famílias em geral não pagam por suas utilidades.
21

Como o orçamento já é limitado, gastos adicionais com utilidades, além da


mensalidade, podem levar à inadimplência. Por isso, é tão importante a medição
individualizada, que dá controle ao morador do que ele pagará mensalmente.

Power Line Communication e Medição Individualizada

O sistema de PLC (Power Line Communication) permite o uso da rede elétrica já


instalada para transmitir dados. Embora um equipamento precise ser instalado, é
uma solução muito menos custosa do que a instalação de uma nova rede de
monitoramento. Desta forma, é possível executar a medição individualizada de água
(gás e eletricidade também), assim como o corte no caso de suspeita de
vazamentos.

Este sistema funciona em dois níveis. Primeiro, realiza-se a medição individualizada,


que estima-se que leva a uma redução de 10-40%, pois ajuda a localizar
desperdícios e evita consumo excessivo, pois o morador é responsável pelo seu
próprio consumo.

Segundo, o sistema ajuda a manter a segurança da edificação, pois detecta


vazamentos, e permite o desligamento a distancia. Alem disso, não há necessidade
da visita do funcionário para a medição, diminuindo os custos de operação.

Retenção e utilização de água de chuva

A retenção de água da chuva é uma medida que tem duas funções. A principal é
diminuir o consumo de água potável fornecido pelas concessionárias (no caso, a
Sabesp), através da utilização da água de chuva tratada para fins não potáveis.
Usualmente, tem sido utilizada principalmente para lavagem dos pátios, calçadas e
armazenamento para posterior irrigação dos jardins.

Estuda-se a sua utilização para os lavatórios, através de um filtro mecânico simples.


Entretanto, este uso ainda encontra-se em estudo.

O segundo benefício obtido pela retenção e utilização de águas pluviais é a


diminuição do volume de água escoada para sistemas de drenagem urbana,
evitando que estes sejam sobrecarregados em eventos de chuvas muito intensas,
sobrecarga que, em muitos casos, resulta em inundações e enchentes, trazendo
grandes prejuízos à sociedade.

Aparelhos economizadores

Esta solução consiste na utilização de dispositivos e equipamentos hidrossanitários


que utilizem menos água para sua operação, em comparação com equipamentos
convencionais. Entre estes, podem ser citados, arejadores de torneiras, válvulas
reguladoras e restritores de vazão, bacias sanitárias com caixa acoplada de volume
reduzido, válvulas de descarga de acionamento duplo, mictórios com baixo consumo
de água e torneiras com fechamento automático.
22

2.2 Energia

2.2.1 Contexto mundial

As exigências da população quanto ao conforto domiciliar acarretam em uma


demanda crescente de energia para suprir novos equipamentos e sistemas que
surgem diariamente no mercado.

Os países mais desenvolvidos, aonde a população possui maior poder aquisitivo e


maior acesso a aparelhos da mais recente tecnologia, tendem a ser os maiores
consumidores de energia elétrica. Os países em desenvolvimento, como o Brasil,
têm como características um maior crescimento populacional e a migração dessa
população para as áreas urbanas, o que gera taxas de crescimento do consumo de
energia muito altas. Se não forem tomadas medidas para o controle dessas taxas de
crescimento do consumo dos países em desenvolvimento, os recursos naturais não
serão suficientes para atender a demanda dentro de alguns anos.

2.2.2 Contexto brasileiro

Segundo a Aneel, o Brasil possui no total 2.254 empreendimentos em operação,


gerando 109.590.937 kW de potência e Está prevista para os próximos anos uma
adição de 37.883.572 kW na capacidade de geração do País, proveniente dos
125empreendimentos atualmente em construção e mais 458 outorgadas.

Figura 9 - Origem da energia fiscalizada


(Fonte: dados da ANEEL – 2010)

Como pode ser observado no gráfico anterior, a matriz energética brasileira é


composta basicamente por potenciais hidrelétricos, uma vantagem grande sobre
outros países que não possuem a mesma auto-suficiência.

Segundo o BEN – Balanço Energético Nacional de 2010, a matriz energética


brasileira apresentou em 2009 uma proporção de energia renovável ainda maior do
que nos anos recentes, atingindo 47,3%.
23

Segundo o mesmo balaço, o total de energia consumida no país atingiu 243,9


milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep)2, significando uma redução de
3,4% em relação a 2008.

As prováveis causas dessa redução são o aumento na utilização de motores flex em


veículos leves e ao uso do bagaço na autoprodução de eletricidade.

Ainda segundo o Balanço Energético Nacional de 2010 é possível comparar o


consumo residencial e o consumo industrial de energia elétrica nos últimos anos.

O setor industrial é o que mais consome energia, em 2008 foram 197,2 TWh. Em
2009 houve uma redução e o consumo foi de 186,7TWh.

O setor residencial apresenta menor consumo, em 2008 foram, 95,6KWh. Já em


2009 houve um aumento do consumo do setor, que chegou a 100,6KWh.

A seguir apresenta-se o consumo energético residencial dividido conforme a fonte de


energia:

Figura 10 - Fontes de energia - setor residencial


(Fonte: BEN, 2009)

De acordo com o gráfico apresentado, o principal desafio para o setor residencial é a


redução do consumo de eletricidade, lenha e GLP, seja pela utilização de
equipamentos e execução de projetos de maior eficiência energética, seja pela
escolha de fontes de energia alternativas em substituição às usuais.

Ao analisar-se a evolução no consumo residencial de energia podemos verificar na


tabela 5 que houve um aumento do consumo de energia elétrica nas residências, de
2008 para 2009, reafirmando a necessidade de iniciativas para a diminuição desse
consumo nas habitações:

2
Tonelada equivalente de petróleo (tep): Corresponde a 10 000 Mcal, energia contida em uma
tonelada de petróleo.
24

Tabela 5 - Evolução no consumo residencial de energia


(Fonte: BEN, 2010)

2.2.3 Habitação de interesse social e energia

A ideia de sustentabilidade nas residências foi voltada inicialmente às construções


de alto padrão, já que os sistemas e materiais utilizados não eram adequados ao
orçamento de casas populares. Com a iminência de uma crise energética, a década
de 90 foi marcada por iniciativas para desenvolver novas tecnologias que
consumissem menos energia, com a preocupação de que fossem acessíveis à
maioria da população, para que surtissem algum efeito.

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) foi criado em


1985 pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio. O Procel –
que, em 1991, foi transformado em Programa de Governo e hoje tem suporte técnico
e financeiro da Eletrobrás.

Em 1993 foi criado o Selo Procel, a fim de identificar os produtos que apresentam os
melhores índices de eficiência energética, para a melhor escolha do consumidor.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO)


realiza os ensaios necessários e acordo com seus níveis de eficiência energética, os
aparelhos são classificados em categorias que vão de "A" a "G". Quando o aparelho
recebe a classificação A, ele recebe o Selo Procel. Segundo o Instituto, o referido
selo foi criado como um incentivo à competição entre as empresas, além de garantir
a qualidade dos produtos que chegam ao mercado.

Numa habitação de interesse social, pode-se constatar que os aparelhos elétricos


que mais consomem energia são as lâmpadas incandescentes, o chuveiro elétrico, a
geladeira e o ferro de passar roupa. A utilização de aparelhos mais eficientes gera
uma grande redução do consumo energético.

Pode-se relacionar o consumo mensal de uma família que utiliza os aparelhos


citados convencionais e de outra que faz uso desses aparelhos com o Selo Procel
além do aquecimento da água do chuveiro através de sistema solar:
25

Aparelho Potência - Potência -


Utilização Economia
elétrico Comum Eficiente
Lâmpadas 100W 15W 5 x 5h x 30 dias 63,75kWh/mês
Geladeira 100W 32W 24h x 30 dias 49kWh/mês
Chuveiro 3.500W ~0 (solar) 2/3h x 30 dias 70KWh/mês
Tabela 6 - Economia na utilização de aparelhos eficientes
(Fonte: FINEP – Energia)

Pode-se considerar que a segunda família economizou 182,75kWh/mês, o que


corresponde a aproximadamente R$55/mês, considerando a tarifa da Eletropaulo,
de aproximadamente R$0,3/kWh.

Em 24 de julho de 2.000, após a crise energética, foi criada a Lei 9.991/2.000 uma
iniciativa do governo federal para aumentar o investimento em pesquisa e
desenvolvimento.

O artigo 1° da referida lei estabelece:

“As concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de


energia elétrica ficam obrigadas a aplicar, anualmente, o montante de, no mínimo,
setenta e cinco centésimos por cento de sua receita operacional líquida em pesquisa
e desenvolvimento do setor elétrico e, no mínimo, vinte e cinco centésimos por cento
em programas de eficiência energética no uso final.”

Isentas da obrigatoriedade ficaram as empresas que geram energia exclusivamente


a partir da energia solar, de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa,
cogeração qualificada e usinas eólicas.

A obrigatoriedade na aplicação desses recursos está prevista na lei citada e nos


contratos de concessão, ficando a ANEEL responsável por regulamentar o
investimento no programa, acompanhar a execução dos projetos e avaliar seus
resultados.

Um dos resultados diretos dessa iniciativa federal foi a doação de sistemas de


aquecimento solar à CDHU, como detalhado adiante no Capítulo 3.

A lista dos projetos é pública e pode ser obtida no site da Agência reguladora. A
seguir, pode-se observar a tabela 7 com os projetos mais recentes que já tiveram
início ou estão aguardando o parecer da ANEEL:
26

Data de Custo do
Título do Projeto Inicio
Empresa Cadastro Projeto

Metodologia da Área de Influência


22/6/2010
Petróleo Brasileiro para Cálculo da Tarifa de Uso do R$ 387.608,00 -
S/A. 12:11
Sistema de Transmissão

Diagnóstico da corrosão em torres


de linhas de transmissão, utilizando
Centrais Elétricas análise de laboratório e de campo e
22/6/2010 R$ 2.058.196,60 -
do Norte do Brasil otimização na convivência com
S/A. correntes de desequilíbrio
circulantes em LTs

Análise Comparativa dos


Fragmentos e Reflorestamentos no
Furnas Centrais Entorno do Reservatório, Visando à 24/6/2010 R$ 665.527,52 -
Elétricas S/A. Readequação de Projetos de
Restauração na Eletrobrás Furnas

Medição da qualidade, densidade e


profundidade dos resultados dos
Companhia
projeto de eficiência energética - 22/6/2010 R$ 895.050,00 -
Energética de
Alagoas Metodologia, Instrumentação e
Apuração

Metodologia da Área de Influência


Petróleo Brasileiro para Cálculo da Tarifa de Uso do 22/6/2010 R$ 387.608,00 -
S/A. Sistema de Transmissão

Desenvolvimento de IED de
Central Geradora comunicação padrão IEC61850
22/6/2010 R$ 2.161.456,85 -
Termelétrica nacional para ambiente de
Fortaleza S/A subestações

Desenvolvimento e Construção de
Centrais Elétricas Sistema Robotizado para Reparos
22/6/2010 R$ 1.178.149,03 -
do Norte do Brasil de Falhas de Cavitação em
S/A. Turbinas Hidráulicas - FASE II

Emprego da Celulignina para


Termo Norte Geração de Energia Elétrica em 23/6/2010 R$ 468.000,00 -
Energia Ltda. Turbinas à Gás

Desenvolvimento de sistema para


avaliação e seleção de locais
Termo Norte 23/6/2010 R$ 500.400,00 -
adequados para armazenamento
Energia Ltda.
geológico de CO2

Desenvolvimento de Plataforma
Computacional para Integração
Centrais Elétricas Física e Lógica de Sistemas de
24/6/2010 R$ 1.431.333,28 -
do Norte do Brasil Proteção e Controle de
S/A. Subestações Baseado na Norma
IEC61850
27

Projeto e desenvolvimento de
Eletropaulo equipamento eletrônico e
Metropolitana metodologia de ação para auxílio na 24/6/2010 R$ 2.030.350,00 01/05/2010
Eletricidade de São detecção de fraudes e roubo de
Paulo S/A energia elétrica

Modelagem de arco elétrico e


Furnas Centrais interação arco-rede para uso de 24/6/2010 R$ 1.542.640,00 -
Elétricas S/A. Religamento Monofásico

APOGEU-Sistema Inteligente de
Light Serviços de Apoio à Gestão de Contratação em 28/6/2010 R$ 1.045.100,00 -
Eletricidade S/A. Unidades de Suprimento da Light

Modelo de Valuation Estocástico


Light Serviços de para Apreçamento de Empresas do 29/6/2010 R$ 299.927,92 -
Eletricidade S/A. Setor Elétrico no Brasil

Sistema de geração de alternativas


de expansão da distribuição através
Companhia
de combinações de reforços 29/6/2010 R$ 974.180,00 -
Energética do Rio
Grande do Norte distintos para composição do
planejamento da distribuição

Representação da Ação Antrópica


sobre o Meio Ambiente na Ilhas e
Centrais Elétricas Entorno do Reservatório da
30/6/2010 R$ 981.234,54 -
do Norte do Brasil Barragem da UHE de Tucuruí, com
S/A. a Utilização da Lógica Fuzzy e
Redes Neurais Artificiais

Elektro Eletricidade Medidores Eletrônicos de Energia 30/6/2010 R$ 701.089,68 -


e Serviços S/A.

Eletropaulo Desenvolvimento de Solução para


Metropolitana Iluminação de Interiores utilizando 1/7/2010 R$ 1.812.572,00 01/07/2010
Eletricidade de São Tecnologia de Estado Sólido
Paulo S/A

Tabela 7 - Projetos mais recentes que já tiveram início ou estão aguardando o parecer da
ANEEL
(Fonte: site da ANEEL)

Como pode ser analisado pela tabela apresentada, dos últimos projetos de pesquisa
e desenvolvimento, nenhum pode ser considerado promissor para a redução do
consumo de energia da população de baixa renda.

Com o propósito de reverter este quadro, o artigo citado da lei 9.991 foi modificado
pela Lei Nº 12.212, de 20 de janeiro de 2010, em seu artigo 11, que estabelece que
as concessionárias devem aplicar no mínimo 60% dos recursos dos programas de
P&D para as unidades consumidoras beneficiadas pela Tarifa Social.

Acredita-se que com essa nova obrigatoriedade o segmento da habitação de


interesse social tenha um volume maior de investimento com o consequente
surgimento de novas tecnologias, aparelhos e sistemas que atendam as
necessidades dos usuários e demandem uma quantidade inferior de energia.
28

Segundo artigo publicado no Jornal Valor Econômico, a ANEEL permite que o


investimento obrigatório das concessionárias seja adiado, desde que o saldo seja
corrigido pela taxa básica de juros, a CELIC. Isso fez com que as empresas
postergassem essas despesas e atualmente o volume de recursos a serem
aplicados chega a ser quatro vezes maior que a obrigação anual que elas têm.

Neste mesmo artigo são citadas as dívidas de algumas empresas de capital aberto,
como a Cemig, que possui um estoque a ser investido de R$ 400 milhões e a
Eletropaulo que totaliza R$200 milhões.

Uma das alegações é a demora da ANEEL em aprovar os projetos, porém


analisando a tabela 7, verifica-se que algumas propostas da Eletropaulo entraram
em execução antes mesmo do cadastramento na Agência, procedimento legalizado
desde 2008.

Portanto, são esperados maiores investimentos das concessionárias voltados às


HIS, principalmente devido à reforma da lei e ao montante da dívida acumulada das
empresas. Esse investimento pode ser chamado de doação, como os casos em que
a CDHU recebeu sistemas solarem a serem implantados em seus conjuntos
habitacionais, que são na realidade uma obrigação das empresas.

2.2.4 A influência do projeto de arquitetura na eficiência energética da


habitação

Além do aumento da eficiência energética dos aparelhos que utilizam a energia


elétrica, uma outra forma de redução do consumo é a realização de um projeto de
arquitetura que contemple soluções que aumentam o conforto térmico dos
ocupantes da habitação e que aproveitem ao máximo a iluminação natural.

O conforto térmico da edificação é influenciado diretamente pelo tipo de material e


cores empregados, a existência ou não de material isolante na cobertura e paredes,
o tamanho, posição e tipo de vidro utilizado nos vazios, além de características de
projeto adequadas ao clima da região aonde está implantada a habitação.

Existe em projeto um conjunto de normas de desempenho mínimo para edificações


de até 5 pavimentos (Projeto 02:136.01:2005, COBRACON/ABNT, 2005), que
explora as exigências do usuário quanto à segurança, habitabilidade e
sustentabilidade. Sendo estas:

Segurança:

• Segurança estrutural
• Segurança contra fogo
• Segurança no uso e na operação
29

Habitabilidade:

• Estanqueidade
• Conforto térmico
• Conforto acústico
• Conforto lumínico
• Saúde, higiene, qualidade do ar
• Funcionabilidade e acessibilidade
• Conforto tátil e antropodinâmico.

Sustentabilidade:

• Durabilidade
• Manutenibilidade
• Impacto ambiental.

No item conforto térmico, são definidos os critérios de desempenho térmico no


verão, de acordo com as zonas bioclimáticas da ABNT NBR 15220/3, sendo M o
nível mínimo para a aceitação.

Nível de Limites de temperatura do ar


Zona
desempenho interior no verão
M Tmáx interior < Tmáx exterior Zonas 1 a 8
Tmáx interior = 29°C Zonas 1 a 7
I
Tmáx interior = 28°C Zona 8
Tmáx interior = 27°C Zonas 1 a 7
S
Tmáx interior = 26°C Zona 8
Tabela 8 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão
(Fonte: Projeto 02:136.01-001/1:2005)

Para as condições de inverno são definidos:

Nível de Limites de temperatura do ar


Zona**
desempenho interior no inverno
M Tmín interior = 12°C Zonas 1 a 5
I Tmín interior = 15°C Zonas 1 a 5
S Tmín interior = 17°C Zonas 1 a 5
**Zonas 6, 7 e 8 dispensam avaliação
Tabela 9 - Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno
(Fonte: Projeto 02:136.01-001/1:2005)
30

Quanto à iluminação natural, são exigidos:

Iluminamento geral para os níveis de


Dependência desempenho (lux)
M I S
Sala de estar,
dormitório, copa,
60 90 120
cozinha, banheiro,
área de serviço
Corredores, escadas,
Não exigido 30 45
estacionamento
Tabela 10 - Níveis de iluminamento natural
(Fonte: Projeto 02:136.01-001/1:2005)

A fim de garantir o aproveitamento da iluminação natural, os projetos devem


considerar:

• A disposição dos cômodos: quanto menor o número de divisões internas da


habitação, melhor é o aproveitamento da iluminação natural;

• A orientação geográfica da edificação: a prática do mercado imobiliário em


São Paulo é valorizar as unidades com janelas voltadas ao Norte geográfico.
Cada região do país possui uma relação com a trajetória solar, cidades do
Norte possuem a característica do sol se apresentar em igual proporção nas
fachadas Norte e Sul;

• O dimensionamento e a posição das aberturas: depende também da região


aonde é construída a habitação. O projeto deve prever a conveniência de
incidirem ventos com origem em cada posição geográfica;

• O tipo de janela e de envidraçamento: influência direta na incidência dos raios


solares na habitação;

• Rugosidade e cor das paredes, teto e piso: interferem na absorção e retenção


do calor;

A título de exemplificar o tipo de projeto em que a preocupação com a orientação


geográfica mais eficiente para a habitação, pode-se citar o projeto Casa Eficiente,
uma iniciativa da Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) e da Eletrosul
(Centrais Elétricas S.A.) em parceria com a UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina).

O projeto foi desenvolvido para as condições climáticas da região litorânea de Santa


Catarina e foi implantado na cidade de Florianópolis.
31

Figura 11 - Foto da fachada sul da Casa Eficiente.


(Fonte: site do projeto Casa Eficiente)

A área destinada ao projeto apresenta grande potencial de aproveitamento da


energia solar por estar aberta, sem obstáculos, à insolação norte.

Neste projeto buscou-se as alternativas arquitetônicas mais adequadas para o


aproveitamento dos ventos predominantes no verão, barreiras contra os ventos frios
no inverno, a orientação e inclinação dos telhados para melhor aproveitamento da
radiação solar, para geração de energia e aquecimento de água. Para tanto, os
seguintes parâmetros regionais foram analisados:
32

Figura 12 - Temperaturas de Bulbo Seco Figura 13 - Amplitude térmica mensal (ano


Mensais (ano climático-TRY de Florianópolis) climático- TRY de Florianópolis)
(Fonte: GOULART, 1993) (Fonte: GOULART, 1993)

Figura 14 - Freqüência Mensal de Direção de


Vento Figura 15 - Freqüência de ocorrência de
(dados obtidos a partir de GOULART, 1993) ventos por direção em cada hora do dia-dados
climáticos do TRY de Florianópolis – SC dos
meses de outubro a março (mais quentes).

Figura 16 - Umidade Relativa (%) mensal (ano


climático TRY de Florianópolis)
Figura 17 - Diagrama da Trajetória Solar na
(Fonte: GOULART, 1993)
Latitude de Florianópolis (+/-) 27°60’
(Fonte: RORIZ, 1995)

(Gráficos obtidos no site do projeto Casa Eficiente)


33

A Carta Bioclimática apresenta diversas zonas, inclusive a Zona de Conforto


Térmico, definidas de acordo com limites de temperatura e umidade. A partir de tais
limites se definem as estratégias bioclimáticas de projeto recomendáveis para o
clima em estudo. Segue a carta obtida:

Figura 18 - Carta Bioclimática Casa Eficiente


(Fonte: site do projeto Casa Eficiente)

As estratégias que se apresentaram como mais efetivas para se alcançar o conforto


térmico, são: Ventilação com 35,7% (para resfriamento) e Inércia Térmica/
Aquecimento Passivo (para ganho de calor), com 35,4% como se pode observar nas
zonas enumeradas na Carta Bioclimática.

Através das análises dos gráficos anteriores, além da orientação da construção e


dos cômodos, foi possível estudar as diretrizes do projeto para que a ventilação
fosse adequada. O resultado pode ser observado no croqui abaixo:
34

Figura 19 - Croqui ventilação da Casa Eficiente


(Fonte: site do projeto Casa Eficiente)

Conclui-se com este subitem que o projeto de habitações no geral deve seguir
algumas diretrizes para que a eficiência da casa seja a melhor possível, reduzindo-
se gastos energéticos com sistemas de aquecimento/ar condicionado além de
reduzir o consumo de energia elétrica através de um melhor aproveitamento da
iluminação natural.

Adaptações do projeto no modelo usual das habitações de interesse social são


discutidas e implantadas na segunda fase do presente trabalho.

2.2.5 Sistemas alternativos de obtenção de energia

Painéis fotovoltaicos

Figura 20 - Painel fotovoltaico instalado


(Fonte: site do fabricante BlueSol)
35

Em países desenvolvidos como Estados Unidos e Canadá as habitações de


interesse social contam com a utilização da energia fotovoltaica, cuja instalação é
financiada pelo governo.

A energia fotovoltaica é a obtida pela conversão da energia solar em energia


elétrica, diretamente do contato dos elétrons liberados na interação da luz com
certos semicondutores, sendo o silício o mais utilizado. Sistema este ainda muito
caro para ser implantado às HIS no Brasil, apesar do potencial de radiação existente
na maioria das regiões.

De acordo com o fabricante Solenerg, os cinco parâmetros utilizados pelos


fabricantes para especificar a característica elétrica de seus módulos, sob
determinadas condições de radiação solar, temperatura ambiente e massa de ar
são: potência máxima (Pm), tensão e corrente de potência máxima (Vmp, Imp),
tensão de circuito aberto (Voc) e corrente de curto circuito (Isc), além da eficiência
do módulo.

Segundo a Eletrobrás, considerando custos de manutenção e de instalação, os


sistemas voltaicos podem ser economicamente viáveis em habitações de baixa
renda quando projetados para suprir entre 5 e 15kWh por residência ao mês.
Quando o número de residências não é superior a sete, a utilização de geradores a
diesel tornam-se sistemas de custos maiores do que os sistemas fotovoltaicos
individuais.

A utilização desse sistema em comunidades ribeirinhas, na chamada Amazônia


Legal, constituídas de pequenas comunidades normalmente formadas por conjuntos
de, no máximo, 20 residências, localizadas de forma bastante dispersa às margens
dos rios e igarapés da região, afastadas do centro urbanizado.

Em 2004 foram instalados sistemas fotovoltaicos em 170 domicílios nos municípios


de Manacapuru, Novo Airão e Silves atendendo a uma população de
aproximadamente 1.000 ribeirinhos. A casa Eficiente, projeto descrito anteriormente
também fez uso deste tipo de geração de energia.

O preço de cada módulo no mercado gira em torno de R$150 (5W) a R$950 (65W).

Figura 21 - Placas fotovoltaicas e coletores solares da Casa Eficiente


(Fonte: site do projeto Casa Eficiente)
36

Aquecedores solares

As primeiras experiências de aproveitamento da energia do sol aconteceram na


Holanda em 1767, pelo naturalista suiço Horace de Saussur, que utilizou uma caixa
revestida com isolamento térmico.

Figura 22 - Aquecedor solar de Horace de Saussur


(Fonte: site solarcooking)

Após alguns pesquisadores proporem sistemas semelhantes, porém com problemas


no armazenamento do calor, um norte americano, chamado Willian Bailen
desenvolveu e patentiou um sistema que é bastante semelhante aos encontrados
atualmente no mercado.

Geralmente os sistemas de aquecimento solar são compostos por coletores,


também chamados de placas e reservatório térmico, o qual pode ser encontrado de
diversos tipos, sendo o mais comum o tipo Boiler.

Os coletores são compostos por uma camada externa de vidro, por onde passam os
raios solares atingindo as aletas, feitas de cobre ou alumínio e cobertas com uma
tinta escura que facilita a absorção da energia solar.

Das aletas o calor passa pela serpentina, geralmente feita em cobre, que é
percorrida pela água. A água recebe então o calor e é destinada ao reservatório.

Os reservatórios podem ser de cobre, inox ou polipropileno, sendo geralmente


isolados termicamente com poliuretano expandido, segundo o fabricante Soletrol.

Devido à variação da radiação solar durante o ano e durante o dia, é desejável que o
sistema de aquecimento solar seja apoiado por algum outro sistema de aquecimento
seja ele elétrico ou a gás. O sistema resultante pode ser chamado de híbrido e
consiste numa alternativa de elevado custo-benefício, ideal para as HIS.
37

Figura 23 - Coletor solar da marca TRANSSEN, instalado em Cafelêndia


(Fonte: Relatório da CDHU - Projeto Piloto: Cafelândia C1)

O aquecimento solar começou a ser testado em habitações de interesse social pela


CDHU, no projeto Cafelândia, como descrito com maiores detalhes no Relatório do
SUSHI, devido à doação de 50 sistemas de aquecimento de água da empresa
TRANSSEN. Devido aos resultados positivos quanto à redução do consumo de
energia e a satisfação dos usuários, o aquecimento solar, apoiado por um chuveiro
elétrico, tornou-se política pública e é visto em praticamente todos os
empreendimentos de baixa renda entregues recentemente.

O projeto de lei nº 4.138, de 2001, institui o PROSOL – Programa Nacional de


Aquecimento Solar, responsável por propiciar financiamento para projeto, instalação
e compra de sistema de aquecimento solar de água que sejam etiquetados pelo
INMETRO. O projeto de lei propõe que a Caixa Econômica federal financie sistemas
de aquecimento solar para a população de baixa renda (até 10 salários mínimos) a
juros zero, prazo de 96 meses e carência de 4 meses.

Caso aprovada, a lei estimulará as famílias das HIS já existentes a instalarem o


aquecedor solar, reduzindo o valor de suas contas de energia, além de reduzir
substancialmente o consumo de energia elétrica do país.

Segundo a ata de registro de preços nº 007/09 da CDHU – processo geral


nº31.34.007 pregão nº 007/09, os kits de aquecimento solar voltados às HIS variam
de R$1.580,00 a R$1.635,00.
38

2.3 Materiais de construção

Ao utilizar grande quantidade de recursos naturais em seus processos produtivos, a


atividade da construção civil tem significativo impacto no ambiente em que se situa e
no ambiente da onde extrai seus recursos. Deve-se, além disso, acrescentar o
impacto gerado pelo processo de beneficiamento e transformação que a indústria
aplica sobre o recurso natural para torná-lo em um insumo ou componente utilizado
na construção civil e por último, porém com igual importância quanto ao seu impacto
no ambiente, o transporte destes materiais e componentes, aonde se deve levar em
conta diversos fatores como o custo do transporte utilizado, as emissões de gases
do efeito estufa e outros poluentes emitidos pelo processo de transporte.

Sabe-se também que o custo de materiais em uma obra podem chegar a


aproximadamente 50% do custo total desta, e, ao compará-la com a indústria
automobilística, a indústria da construção civil atualmente exige um consumo de
materiais entre 100 e 200 vezes maior, acarretando em até 50% dos recursos
naturais extraídos no planeta.(FINEP - Consumo de materiais apud SOUZA, 2005)

Sendo assim, ao se aplicar o conceito de sustentabilidade a um processo produtivo,


neste caso a construção civil, deve-se levar em conta tanto a seleção quanto ao
consumo de materiais, sendo este capítulo dividido em consumo e seleção de
materiais.

2.3.1 Consumo de materiais na construção civil

Pode-se dizer, de maneira simplificada, que um empreendimento é composto por


três grandes etapas, a concepção, aonde é definido o produto que será realizado, a
produção, que consiste em executar a obra em si e a utilização, que representa o
empreendimento ao longo de sua vida útil, sendo utilizado, mantido e reparado
(FINEP – Consumo de materiais)

• Concepção: exerce grande influência quanto à definição do futuro consumo


por metro quadrado da obra a ser produzida. Como exemplos pode-se citar a
modulação de paredes em função da geometria dos blocos, evitando cortes e
desperdícios e a utilização de ambientes com geometrias que minimizem a
quantidade de materiais para dada área útil.

• Produção: etapa aonde os insumos são utilizados e incorporados ao


empreendimento, cujos erros de execução e controle de determinados serviços
frequentemente implicam em aumento do consumo de materiais, como uma laje mal
acabada que necessita de maior espessura de contrapiso para regularizá-la ou o
gesso liso, grande gerador de resíduos e desperdícios em uma obra, na etapa de
acabamento.

• Utilização: primeiramente, o fato dos insumos utilizados na construção civil


terem certa vida útil, é de se esperar que ao se alcançar dado estágio da vida útil do
componente, este necessite de reparos ou reposição, o que acarreta em consumo
39

adicional de materiais. Outro fator importante que também acarreta em nova


demanda de insumos e materiais durante a utilização do empreendimento é que
muitas vezes, o usuário, por diversos motivos, como a estética, decide modificar ou
acrescentar elementos neste. Pode-se citar a mudança de cor de um ambiente ou a
troca de um revestimento cerâmico em boas condições para atender um padrão
estético do usuário.

Perdas

Segundo o Relatório FINEP, Consumo de Materiais: “Perda na produção é toda


quantidade de material consumida além da quantidade teoricamente necessária, que
é aquela indicada no projeto e seus memoriais, ou demais prescrições do executor,
para o produto sendo executado.”

Esta pode ser quantificada como a diferença entre o total de materiais realmente
demandados para dado empreendimento (Qreal ) e a quantidade de materiais que
teoricamente seria necessária para realizá-lo (Qteo ), podendo ser expressa da
seguinte maneira:

= −

Em termos percentuais, esta se expressa como ilustra a fórmula abaixo


% = . 100

Pode-se também expressar o consumo real em função das perdas percentuais:

= . 1+ %

Existem diversos indicadores na construção civil que servem de referenciais, sendo


estes essenciais em tomadas de decisão tanto de projeto e concepção quanto de
execução, entres estes pode-se citar os números médios e mínimos de dado setor,
normas técnicas e indicadores utilizados em orçamentos. Tais indicadores são
fundamentais para se calcular corretamente a quantidade de materiais que
realmente é demandada pelo empreendimento proposto.

Gestão do consumo de materiais no empreendimento

A gestão do consumo de materiais no empreendimento relaciona as ações que


garantem o uso adequado dos insumos no empreendimento, com início na
concepção, passando pela produção até alcançar a etapa de utilização do
empreendimento. Um estudo mais aprofundado da gestão do consumo de materiais
foge do escopo deste trabalho, porém é importante se definir alguns conceitos
essenciais quando se trata do assunto, sendo estes:
40

• Consumo unitário de materiais: é a quantidade de materiais necessária para


se produzir uma unidade do produto resultante do serviço em que o material está
sendo utilizado. Este conceito é facilmente exemplificado, a quantidade de blocos de
concreto necessários para se obter 1 m² de parede ou o consumo de cimento em kg
para se produzir 1 m³ de concreto.

• Resíduos sólidos de construção e demolição: também chamados de RCD,


constituem o entulho que sai da obra, como argamassa, gesso, madeira e blocos
quebrados, podem chegar a quantidades consideráveis dentro de um
empreendimento, apesar de não corresponder a todas as perdas intrínsecas no
processo produtivo, o volume de RDC gerado é um importante indicativo das perdas
ocasionadas no empreendimento, já que ao se comparar a quantidade de resíduos
gerados com outros empreendimentos de mesmo porte e características, pode-se
perceber se há discrepância razoável na geração de RCD em relação às outras
obras.

• Perda incorporada: este tipo de perda, menos perceptível que a perda


representada pelos RCD, pode significar muitas vezes na maior fração das perdas
em dado empreendimento. Pode se citar como exemplos uma laje mal executada,
que para sua regularização exige maior quantidade de argamassa.

Como se pode notar, são diversos os fatores que influenciam no consumo de


materiais em um empreendimento, na figura 24, pode ser visualizado como se
distribui o consumo de materiais em um empreendimento, nesta também existe a
parcela de perdas por furtos, que em alguns casos pode ter relevância significativa,
porém, este tipo de perda foge do escopo do trabalho:

Figura 24 - Constituição do consumo de materiais em um empreendimento


(Informações extraídas de FINEP – Consumo de materiais)

Estatísticas gerais de perdas, em âmbito nacional e internacional

Através de pesquisas e levantamentos referentes às perdas, pode ser percebido


que, devido à grande variabilidade destes indicadores de um empreendimento para
outro, utilizar um valor médio de perda para determinado insumo pode mascarar o
real cenário em que este se situa. Utiliza-se a mediana, junto com valores máximos
41

e mínimos de perda, como indicadores mais claros do comportamento das perdas


em cada um dos insumos de construção civil, como se pode observar na tabela 11.

Tabela 11 - Constituição do consumo de materiais em um empreendimento


(Fonte: FINEP – Consumo de materiais)

2.3.2 Seleção de materiais na construção civil

Sabe-se que a grande quantidade de materiais de construção civil fabricados, causa


significativos impactos ambientais, sendo que dificilmente a extração de alguma
matéria prima não resultará na destruição de algum bioma. A utilização indevida de
recursos naturais como madeira não manejada corretamente e os processos
produtivos de insumos como cimento, blocos, aço entre outros, dependentes de
processos térmicos, acarretam em grandes impactos ao meio ambiente, seja através
da emissão de gases e produtos químicos que influenciem em mudanças climáticas
ou pela destruição de ecossistemas naturais anteriormente não alterados pelo
homem (CBCS - Comitê Temático de materiais, 2009).

Além do impacto gerado pela extração e transformação das matérias primas, deve
se levar em conta o impacto gerado ao longo do ciclo de vida do material, desde a
energia necessária para seu transporte até o fim de sua vida útil, onde este se torna
um resíduo e novamente acarreta em impactos ambientais e sociais.

A seleção de materiais com base na sustentabilidade tem a seu dispor diversas


ferramentas e critérios, estas com o objetivo de avaliar sob diversas perspectivas, o
quanto e como cada material exerce impacto na sociedade, na economia e no meio
ambiente. Podem-se citar algumas das ferramentas e critérios utilizados para avaliar
um material quando ao seu caráter sustentável, sendo estas descritas mais a frente,
como:
42

• ACV – Análise de Ciclo de Vida


• Utilização de resíduos como matéria prima
• Normas de desempenho e qualidade

Análise do Ciclo de Vida

“A ACV é uma ferramenta para a avaliação quantitativa dos impactos originados por
um produto durante todo o seu ciclo de vida. A base de uma ACV é o Inventário do
Ciclo de Vida (ICV), uma quantificação de todas as cargas ambientais “do berço ao
túmulo” ou “berço ao berço” de um produto. A ACV é normalizada pela série ISO
14040-14042 e é amplamente documentada”. (FINEP – Seleção de materiais).

Esta visa contemplar as etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-
primas elementares que entram no sistema produtivo (berço) até a disposição do
produto final (túmulo), tendo como considerações mais significativas os seguintes
aspectos:

• Processos que envolvem a extração e manufatura


• Questões relacionadas com as embalagens e geração de resíduos;
• Transporte;
• Consumo de energia não renovável;
• Impactos relacionados com o uso
• Reuso do produto e questões relacionadas à sua reciclabilidade

Ao se interpretar uma ACV, é necessária a ponderação de diferentes impactos


ambientais, de modo a reduzir o número de critérios de avaliação, na busca de
índice único que facilite tomadas de decisão. Devido às diferentes prioridades de
cada região ou país, pode haver diferentes pesos relativos para cada categoria de
impacto avaliada, o que dificulta a comparação e a seleção de materiais por este
método. Apesar de ser um dos métodos de avaliação de materiais mais completos
utilizados atualmente, a ACV não considera alguns elementos importantes como a
emissão e absorção de massa durante a vida útil do material.

O produto final da Análise do Ciclo de Vida de um dado material, resulta na


Declaração Ambiental do Produto, aonde é apresentado em detalhes todas as
emissões e consumos de recursos para dado produto, fornecendo ao fabricante
informações de desempenho ambiental, econômico e social do produto, podendo
investir em melhorias nos pontos fracos expostos pela ACV (CBCS - Comitê
Temático de materiais, 2009).

Utilização de resíduos como matéria prima

Ao se utilizar materiais reaproveitados ou que incorporem conteúdo reciclado, pode-


se evidenciar claramente benefícios como a redução de consumo de recursos
virgens e a redução da deposição de resíduos no ambiente. Na construção civil,
pode-se encontrar grande variedade de insumos com conteúdo reciclado
incorporado, principalmente o cimento, que utiliza escória de alto forno e cinzas
43

volantes de outras indústrias e o aço, este com características recicláveis


identificadas desde os primórdios.

Na reciclagem dos materiais de construção, existem resíduos que são facilmente


reciclados e utilizados, podendo ser utilizados para fabricação de agregados para
pavimentação e em concretos não estruturais. Porém, é necessário ponderar os
benefícios obtidos com a redução da utilização de matéria prima virgem e a
qualidade do produto obtido com material reutilizado, algumas vezes o produto final
possui durabilidade e desempenho reduzidos em relação ao com matéria prima
virgem, podendo em longo prazo esta substituição não ser tão vantajosa.

Normas de desempenho e qualidade

No Brasil, o Programa Nacional da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H)


promove a produtividade na cadeia de suprimento de materiais para habitações,
usando o poder de compra do Estado para estimular o atendimento das normas
técnicas, o desenvolvimento de normas de desempenho e de novas tecnologias
construtivas. Apesar de não envolver aspectos ambientais e sociais como extração e
manufatura, o acesso a preço compatível com a disponibilidade da população,
principalmente para a de baixa renda, é importante para a solução do déficit
habitacional brasileiro. As questões relacionadas ao uso dizem respeito
principalmente à saúde dos usuários (FINEP – Seleção de materiais). Já as
questões construtivas, atender às normas de desempenho mínimo contribui para
obtenção de um produto final com melhor desempenho, tanto em relação à sua
finalidade durante vida útil quanto durante o processo produtivo, reduzindo
problemas como perdas e retrabalhos causados por insumos com qualidade inferior.
Outro fator relevante quanto à legalidade e atendimento às normas, quando se trata
do Brasil, é a utilização de madeira, cuja maior parte é extraída ilegalmente, e
Segundo o WWF (2005) o crime florestal prejudica particularmente a parcela mais
pobre da população, pois, em longo prazo, causa crescimento econômico distorcido
e perda de receitas públicas, o que, por sua vez, resulta em prejuízo à saúde
pública, à infra-estrutura sanitária e às oportunidades de educação.

Para combater este cenário, é necessário obter madeiras de fornecedores e


produtores com cadeia de custódia certificados por órgãos como o Forest
Stewardship Council (FSC), porém ainda são poucos no Brasil os fornecedores com
estes requisitos, não atendendo à demanda nacional.
44

2.4 Canteiro

O canteiro de obras gera diversas alterações no local de implantação, desde as


atividades preliminares até a entrega da obra. As atividades realizadas durante a
obra têm, relacionadas a elas, aspectos ambientais, que podem gerar impactos
ambientais tanto positivos quanto negativos. Não há necessidade de preocupação e
estudo dos impactos positivos, pois como o próprio nome diz, são benéficos a algo
ou alguém. Os impactos ambientais negativos, por sua vez, devem ser estudados e
caso demonstre-se suficiente relevância, devem ser consideradas atitudes para
minimizá-los ou eliminá-los.

Para o caso de obras de grande porte, maiores que 100ha, ou em áreas de


relevantes interesse ambiental, deve ser realizado o estudo de impacto ambiental e
o relatório de impacto ambiental (EIA-RIMA), que é uma exigência legal e trata-se de
um estudo muito mais detalhado que o descrito neste relatório.

Para obras de edificações que não se enquadram nos requisitos descritos acima, o
relatório da FINEP – Levantamento do estado da arte: Canteiro de obras,
recomenda o agrupamento dos aspectos ambientais em quatro categorias:

• Infra-estrutura do canteiro de obras


• Recursos
• Resíduos
• Incômodos e poluição.

O relatório sobre o estado da arte trata do assunto de maneira geral, apontando


pontos que podem pertencer a quaisquer obras, não pretendendo por si só ser um
guia de como agir em relação ao assunto, mas sim, dar diretrizes para aplicação dos
conceitos. Para aplicar os conceitos a uma obra específica, devem-se realizar
reuniões que abranjam todos os stakeholders a ela ligados: empreendedores,
projetistas, gerenciadores, construtores, empreiteiros, representantes da vizinhança,
etc. para discutir-se quais aspectos são aplicáveis a obra, qual a relevância e como
deve-se agir quanto a eles. Com isso é possível realocar recursos para essas tarefas
e tomar medidas gerenciais, como contratação de equipamentos, serviços ou
sistemas, visando minimizar os impactos ambientais em todos os meios: fisíco,
biótico e sócio-econômico.

A seguir, temos as tabelas retiradas do relatório da FINEP – Levantamento do


estado da arte: Canteiro de obras. A tabela 12 relaciona os aspectos ambientais,
divididos nas quatro categorias já mencionadas, identificáveis em obras de
edificação, com os impactos ambientais por eles causados nos meios físicos,
bióticos e antrópicos. A tabela 13 relaciona as atividades da obra com os aspectos
ambientais referentes a incômodos e poluição. As tabelas 14, 15 e 16 relacionam os
aspectos ambientais e atividades apontados na tabela 13 com seus respectivos
impactos ambientais. Todas as tabelas diferenciam os itens usualmente mais
relevantes dos menos relevantes.
45

Tabela 12 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção dos
canteiros de obras – subsetor edificações.
(DEGANI, 2003; ENVIRONMENT AGENCY, 2005; PULASKI, 2004; CASTEGNARO, 2003;
ENTERPRISE, 2002) - (Fonte: FINEP – Canteiro de obras)
46

Tabela 13 - Aspectos ambientais relacionados a incômodos e poluição em função das


diferentes fases de uma obra e de suas principais atividades – subsetor edificações.
(Fonte: FINEP – Canteiro de obras)
47

Tabela 14 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção dos
canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição
(DEGANI, 2003; ENVIRONMENT AGENCY, 2005; PULASKI, 2004; CASTEGNARO, 2003;
ENTERPRISE, 2002) - (Fonte: FINEP – Canteiro de obras)
48

Tabela 15 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção dos
canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição
(DEGANI, 2003; ENVIRONMENT AGENCY, 2005; PULASKI, 2004; CASTEGNARO, 2003;
ENTERPRISE, 2002) - (Fonte: FINEP – Canteiro de obras)
49

Tabela 16 - Matriz Aspectos & Impactos ambientais para as atividades de produção dos
canteiros de obras – subsetor edificações. Tema: Incômodos e Poluição
(DEGANI, 2003; ENVIRONMENT AGENCY, 2005; PULASKI, 2004; CASTEGNARO, 2003;
ENTERPRISE, 2002) - (Fonte: FINEP – Canteiro de obras)

Essas tabelas visam apenas listar os impactos ambientais que uma obra pode
apresentar. Para estudá-los mais a fundo, de maneira que seja possível mitigá-los
caso haja a necessidade, uma bibliografia específica e técnicos especializados
devem ser consultados.

Recomenda-se a empresa construtora, que implemente um Sistema de Redução


dos Impactos Ambientais (FINEP – Canteiro de obras, 2007). Para que este sistema
aconteça e seja eficiente, deve ser pensado a longo prazo, fazendo-se um
planejamento estratégico que envolva as mais altas instâncias da empresa e que
alinhe-se com os demais sistemas de gestão já existentes (NBR ISO, por exemplo).

Para que esse Sistema de Redução dos Impactos Ambientais funcione, ele deve ser
implementado em cada obra da empresa, levando em conta os aspectos
anteriormente discutidos, as particularidades da obra em questão e deve-se ter bem
definidas as responsabilidades e obrigações de cada um dos envolvidos. Para que
isso ocorra, é necessário que a empresa construtora possua todas as informações
50

necessárias, desde informações do terreno, do clima e do ecossistema local, até


expectativas do cliente e possibilidade de fornecedores locais.

A comunicação da empresa, tanto interna quanto externa, deve ser eficiente para
que todos conheçam os objetivos de redução de impactos ambientais e como eles
devem ser alcançados. A relação com fornecedores deve ser boa e de confiança,
para que com o tempo fiquem alinhados os sistemas de gestão das empresas,
trazendo assim uma maior naturalidade ao Sistema de Redução dos Impactos
Ambientais, com o qual todas as partes já devem estar acostumadas.

Para a avaliação dos impactos ambientais da obra, e como documentos de


referências, podem ser utilizados os referenciais de avaliação de sustentabilidade de
edifícios. Citam-se: HQE®, H&E, BREEAM, GBTool, LEED® for Homes, CASBEE,
Eco-Homes e LEED-NC, sendo os dois primeiros mais completos quanto ao tema
canteiro de obra.

2.5 Social

2.5.1 Situação brasileira

Neste capítulo aborda-se o estado da arte da questão social. Questões relacionadas


à habitação já foram abordadas no capítulo 1.2.1, incluindo: definição de habitação
de interesse social, situação do déficit habitacional brasileiro e investimentos
públicos em habitação.

O Brasil é um país que historicamente apresenta desigualdade social. Reflexo do


período de escravidão, as diferenças de renda, acesso à educação e serviços entre
as classes mais baixas e as mais altas duram até hoje.

Apesar de, no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) referente ao ano de


2007 divulgado pela PNUD, estar entre os países com o desenvolvimento humano
elevado – o índice do Brasil é de 0,813 em uma escala que varia de 0 a 1, sendo os
países com índices entre 0,800 e 0,899 considerados como países com o
desenvolvimento humano elevado – o Brasil possui uma situação muito pior quando
considera-se Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade (IDH-D).
Esse índice penaliza as diferenças de rendimentos, de escolaridade e de saúde e
não deve ser confrontado com o IDH, por obedecer a diferentes critérios de cálculo.

Figura 25 - IDH do Brasil no ranking mundial


51

(Fonte: site da PNUD Brasil)

Figura 26 - Evolução do IDH na América Latina


(Fonte: site da PNUD Brasil)

Segundo reportagem publicada no site da PNUD em 23 de Julho de 2010, no Brasil,


de acordo com cálculos baseados em números de 2008, o IDH-D sem ajuste de
desigualdade é de 0,777, e o com ajuste, 0,629. No ranking dos dois índices o Brasil
fica em oitavo na América Latina. A desigualdade de renda é a que mais pesa sobre
o IDH-D brasileiro ajustado (queda de 22,3%).

Figura 27 - As perdas do IDH em razão da desigualdade


(Fonte: site da PNUD Brasil)

A gestão de programas sociais vem, nos últimos tempos, sofrendo drásticas


mudanças. As comunidades-alvo dos investimentos, antes apenas beneficiárias dos
programas implementados, agora são consideradas partes importantes do processo.
Reconhece-se que a eficácia de projetos sociais é maior, quanto maior for a
participação das pessoas envolvidas. (KLIKSBERG, 1999 apud SALLES; ROSA,
2008)
52

Segundo Pereira apud Salles; Rosa (2008) existem diversas metodologias de


intervenção social, das quais seis sintetizam bem os trabalhos conhecidos:

1. Comunidades eclesiais de base

Esta metodologia propõe a construção de um pensamento dialético junto a camadas


populares, de acordo com as seguintes etapas:

a) Inserção/Imersão: de maneira a criar vínculos e conhecer a comunidade-alvo.


b) Observação/Diálogo/Participação: para levantamento dos problemas a serem
resolvidos.
c) Ver/julgar/agir: para poder implementar as soluções para os problemas da
comunidade.

2. Modelo psicossocial

O modelo pressupõe que os reais executores das ações de melhorias, são as


próprias pessoas beneficiadas pelos programas sociais. As soluções são
implementadas segundo as seguintes etapas:

a) Familiarização com a comunidade através de diálogo e visitas.


b) Análise das demandas e acordo com estabelecendo deveres,
responsabilidades e direitos de cada um.
c) Identificação das necessidades/problemas/desejos organizando as tarefas de
acordo com a necessidade.
d) Formação do grupo de coordenação responsável pela condução do projeto.
e) Execução das tarefas propostas
f) Avaliação e revisão de forma crítica e construtiva

3. Corrente Institucionalista

A idéia neste modelo é aproveitar-se da sabedoria popular, possibilitando assim


promover uma auto-gestão e auto-análise da população. Isso se faz nas etapas:

a) Análise da produção da demanda e do encaminhamento, com informações


levantadas junto às lideranças comunitárias.
b) Análise da demanda implícita, levantada junto à comunidade de fato.
c) Análise da implicação, para a coordenação elucidar os propósitos da atuação.
d) Levantamento de questões analisáveis. Exemplo: dinheiro, organograma,
fluxograma, planta física, ou ainda questões sociais de gênero, ecológica,
religiosa.
e) Montagem de um diagnóstico provisório da situação atual da instituição.
f) Delinear a política, estratégia, tática e técnica de diagnóstico provisório a
serem implementadas.
g) Estabelecer o diagnóstico definitivo – Planejamento da intervenção.
h) Execução da intervenção com participação ativa de toda a população, de
modo a induzir a auto-gestão.
53

i) Elaboração de prognóstico, avaliação e propostas de intervenção periódica


para avaliação do processo de auto-gestão estabelecido.

4. Método ZOPP

Baseia-se na participação comunitária através de um trabalho em grupo, onde são


levantados os principais problemas, a partir dos quais se constrói a árvore de
problemas e objetivos. Com base nas informações obtidas pela própria comunidade,
estabelece-se a matriz de planejamento do projeto. As etapas de elaboração são:

a) Realização de oficinas e reuniões para aflorar as habilidades dos


participantes.
b) Levantamento das demandas da população através de um brainstorm.
c) Matriz de Planejamento do Projeto (Quadro Lógico), que ordena os objetivos,
resultados esperados estabelecendo “metas objetivamente comprováveis” e
os cenários em que são potencialmente realizáveis.
d) Plano de Atividades contendo todas informações necessárias sobre as ações
a serem executadas.
e) Plano de Recursos necessários para a realização das atividades.
f) Plano de Monitoramento objetivando o alcance de indicadores de resultados.

5. Agenda 21 global

A Agenda 21 é um guia para ações do governo, das empresas e das comunidades


em busca de um desenvolvimento sustentável, entendo-se para tanto um
desenvolvimento que satisfaça as necessidades atuais sem comprometer as
necessidades das futuras gerações. Aborda os seguintes temas:

a) Dimensões sociais e econômicas.


b) Conservação e Gestão de Recursos para o Desenvolvimento.
c) Fortalecimento dos papéis dos principais grupos sociais.
d) Meios de Implementação.

A Agenda 21 aborda as intervenções nos diferentes níveis dos governos: federais,


estaduais, municipais e locais, atuando da seguinte maneira:

a) Sensibilização dos envolvidos para a questão do desenvolvimento sustentável


e para a necessidade do envolvimento de todos.
b) Diagnóstico Sócio-Ambiental da comunidade estudada.
c) Reuniões temáticas e fórum final para se discutir como se dará o trabalho
para a comunidade e para o poder público.
d) Acompanhamento permanente possibilitando revisão de posturas e atitudes.

6. Editais de seleção pública: o modelo da Petrobrás

Algumas empresas tem como modelo de atuação a divulgação de editais de seleção


pública de projetos. Os editais devem conter objetivos que perseguidos, critérios de
54

classificação, documentação necessária, pré-requisitos de participação e plano de


concepção do projeto.

Análise dos modelos citados

Diferentes organizações, sejam elas estatais ou não, podem utilizar diferentes


modelos de atuação em programas sociais, de acordo com a estrutura já
estabelecida na própria organização e necessidades específicas do projeto em
questão.

O que verifica-se tanto na literatura especializada quanto em dados obtidos de


experiências práticas é que, a participação de todos os envolvidos no processo,
aumenta as chances de sucesso do programa implementado.
55

3 LIÇÕES APRENDIDAS NO ÂMBITO DO PROJETO SUSHI

O projeto SUSHI tem como um dos objetivos levantar as tecnologias e práticas de


caráter sustentável utilizadas pela CDHU. Com isso, cria-se um banco de dados a
ser utilizado para que erros cometidos no passado tornem-se acertos no futuro e
para garantir que todas as boas práticas já utilizadas, continuem a ser empregadas
em novos empreendimentos, além de buscar novas soluções que tenham
possibilidade de se tornarem política pública da CDHU. As tecnologias e práticas
aqui listadas buscam contribuir para a sustentabilidade do edifício e da sociedade
como um todo, levando também em conta sua viabilidade econômica considerando
que são destinados a populações de baixa renda.

3.1 Método de análise

O levantamento das soluções sustentáveis foi realizado através de entrevistas com o


corpo técnico da CDHU, realizadas em conjunto pelos alunos da Escola Politécnica
da USP que participam deste trabalho de formatura e por membros do CBCS -
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável. As entrevistas se deram na sede da
CDHU no período de março a junho de 2010, na busca de se conhecer as soluções,
sob o ponto de vista de quem vivenciou e atuou diretamente na evolução das
práticas e tecnologias sustentáveis nos empreendimentos da empresa.

Estas informações, devidamente complementadas com revisão bibliográfica de


documentos e relatórios de desempenho referentes às soluções implantadas,
possibilita um mapeamento completo tanto em relação aos aspectos técnicos como
às dificuldades de implantação e manutenção, quanto aos fatores de viabilidade
econômica e de impacto social gerado.

Através destas informações, se definiu alguns itens essenciais para realizar o


mapeamento das soluções de maneira organizada, facilitando uma posterior
pesquisa sobre o assunto. Tais itens são:

Caracterização da tecnologia ou prática

Descreve a solução de maneira geral, em relação aos produtos, tecnologias e


soluções existentes, fazendo suas principais características quanto ao
funcionamento, aspectos construtivos, custos de implantação e manutenção,
entre outras informações relevantes.

Aspectos positivos

Descreve os benefícios esperados pela adoção da tecnologia ou prática,


levando em conta a sua aplicação no contexto de habitações de interesse
social, em especial da CDHU.
56

Aspectos negativos

Cita as principais dificuldades encontradas ao se utilizar certa tecnologia ou


prática sustentável no contexto da HIS, levando em conta aspectos técnicos
como implantação e manutenção, custos e impactos sociais gerados ao
utilizá-la.

Experiência na CDHU

Relata como se deram as primeiras utilizações da tecnologia e prática


sustentável pela CDHU e se esta se tornou política pública ou foi descartada,
buscando se conhecer o porquê desta decisão.

3.2 Lições aprendidas em eficiência energética e conforto térmico

Quanto ao tema eficiência energética, foram caracterizadas tecnologias e práticas


relacionadas a:

• Aquecedor solar de água


• Equipamentos eletrodomésticos eficientes
• Uso de painel fotovoltaico
• Pé direito mais alto
• PLC – Power Line Communication
• Uso de forro
• Uso de telha de barro

3.2.1 Aquecedor solar de água

Caracterização

Um sistema básico de aquecimento de água por energia solar é composto de


coletores solares (placas) e um reservatório térmico (boiler).

As placas coletoras são responsáveis pela absorção da radiação solar, aonde o


calor irradiado do sol é captado pelas placas do aquecedor solar e transferido para a
água que circula no interior do coletor por tubulações, usualmente de cobre.
Normalmente os coletores solares recebem pintura especial escura para aumentar a
absorção de radiação solar.

O reservatório térmico, também conhecido por boiler, é um recipiente para


armazenamento da água aquecida. São cilindros de cobre, inox ou polipropileno,
com camada térmica isolante, normalmente poliuretano expandido, poliestireno ou
manta de lã mineral. Desta forma, conserva-se a água aquecida para consumo
posterior. A caixa de água fria alimenta o reservatório térmico do aquecedor solar,
mantendo-o sempre cheio.
57

Em sistemas convencionais, a água circula entre os coletores e o reservatório


térmico através de um sistema natural chamado termossifão. Nesse sistema, a água
dos coletores fica mais quente e, portanto, menos densa que a água no reservatório.
Assim a água fria contida no boiler, por estar em nível mais alto em relação à água
quente do coletor, gera um deslocamento de água quente ascendente e água fria
descendente, originando uma circulação natural de água no sistema.

A circulação da água também pode ser feita através da utilização de conjuntos


motor-bomba em um processo chamado de circulação forçada ou bombeado, e são
normalmente utilizados em piscinas e sistemas de grandes volumes.

Aspectos positivos

A utilização de aquecimento de água em habitações utilizando energia solar


apresenta grande potencial como alternativa para as fontes de energia
convencionais, como gás e eletricidade, dada a grande intensidade de insolação que
ocorre no Brasil (FINEP-Solar, 2007).

“Em um estudo comparativo de custo entre os sistemas de aquecimento solar, a gás


e chuveiro elétrico, realizado para um conjunto residencial localizado na cidade de
São Paulo, verificou-se que em apenas cinco anos o custo de operação e
manutenção do sistema de aquecimento a gás supera o do sistema de aquecimento
solar” (TABORIANSKI, 2002 apud FINEP-Solar, 2007).

Aspectos negativos

O grande investimento inicial, com coletor, reservatório, tubulações, equipamentos e


instalações, quando comparado com os sistemas convencionais, é a maior barreira
para a ampla utilização do aquecedor solar de água no Brasil. Existem também
alguns aspectos técnicos que devem receber cuidados especiais, como por exemplo
os mecanismos de proteção dos coletores e tubulações contra impacto e
congelamento, pois, segundo relatos do corpo técnico da CDHU, no conjunto
habitacional da CDHU de Atibaia, diversos coletores solares e tubulações foram
danificados em um dia aonde as temperaturas atingiram valores abaixo de zero.
Outro fator que complica a utilização deste sistema é a necessidade de manutenção
dos componentes do sistema, como limpeza dos coletores solares.

Além dos problemas técnicos e econômicos encontrados, deve-se ter cuidado com o
aspecto sanitário do aquecedor de água solar, onde pode ocorrer o crescimento de
bactérias na água quente dos reservatórios dos aquecedores. Segundo Taborianski
(2002) apud George (1999), temperaturas de água aquecida, mas abaixo de 58°C,
podem ajudar o desenvolvimento da bactéria responsável pela legionelose e pela
febre de Pontiac, a Legionella Pneumophila. Em temperaturas maiores que 58°C
essas bactérias morrem.
58

Experiência na CDHU

A primeira experiência da CDHU com projetos que envolvem aquecedores solares


foi motivada pela Crise Energética que culminou no “Apagão” em 2000. A falta de
energia motivou medidas para a redução do consumo e a consciência da
necessidade de buscar novas fontes e soluções tecnológicas para a crescente
demanda.

Até o ano 2000, o segmento residencial era responsável por 33% do consumo
energético nacional, o que incentivou campanhas de conscientização da população
e consequente aumento na demanda por projetos sustentáveis.

Foram implementadas algumas medidas de contenção, dentre elas a Lei Federal


9991/2000 (ANEEL), que obriga as concessionárias de energia a investir 1% do
faturamento em pesquisa, desenvolvimento e projetos de eficiência energética.
Pesquisas começam então a ser financiadas e passam a ser desenvolvidas também
pelo setor industrial, gerando bons resultados (CDHU - Cafelândia, 2008).

A fim de reduzir o consumo residencial, foram desenvolvidos sistemas de


aquecimento alternativos aos chuveiros elétricos, que segundo estimativas, são
responsáveis por 30% da demanda energética dos domicílios brasileiros (CDHU -
Cafelândia, 2008). A tendência destes sistemas de aquecimento é de serem cada
vez mais simples e de menores custos, o que motivou o uso dos aquecedores
solares nas moradias de interesse social construídas pela CDHU.

O primeiro empreendimento piloto na utilização de aquecedores solares para água


realizada pela CDHU se deu no Projeto Cafelândia, realizado no conjunto
habitacional de casas Cafelândia C1. Teve como objetivo avaliar o desempenho do
sistema de aquecimento solar e do impacto social gerado na população do
empreendimento quanto aos procedimentos de uso e manutenção necessários para
este sistema.

Figura 28 - Vista geral do conjunto habitacional em Cafelândia com coletores solares


instalados
(Fonte: CDHU, 2008)
59

Em 2002 a empresa Transsen Aquecedores Solares doou e supervisionou a


instalação de 50 sistemas de aquecimento solar para um conjunto habitacional da
CDHU, este constituído por residências térreas que foram construídas no ano de
2000, na Vila Belém, município de Cafelândia-SP, região bastante quente do estado.

O sistema é composto de um coletor solar e um reservatório térmico e é apoiado por


um chuveiro elétrico. Instalado pelos mutirantes após treinamento dado pelo
fabricante, pôde ser instalado após a edificação ser entregue, não exigindo a quebra
de paredes.

Figura 29 - Detalhe do coletor solar utilizado no conjunto habitacional da CDHU de Cafelândia


(Fonte: CDHU - Cafelândia, 2008)

O coletor solar utilizado foi um Modelo Horizontal TR5, apresentando os seguintes


parâmetros de operação e desempenho:

Modelo Horizontal TR5


Pressão máxima de operação: 400kPa
Classificação INMETRO: B
Eficiência térmica: 53,2%
Produção mensal de Energia: 128,3 kWh/mês

Figura 30 - Detalhe do boiler e caixa d água em tipologia do CDHU de Cafelândia


(Fonte: CDHU - Cafelândia, 2008)
60

O reservatório utilizado foi um reservatório econômico com bóia, com finalidade de


apenas reservar a água quente, sem dispositivo elétrico de apoio de aquecimento,
com circulação natural por termossifão. Opera com pressão de trabalho de 50kPa e
possui volume de armazenamento de 200l.

Neste projeto, há o apoio de um chuveiro elétrico. Ele deve permanecer desligado,


sendo apenas acionado em dias de baixa insolação, quando a radiação solar não é
suficiente para fornecer o aquecimento necessário. É chamado de chuveiro híbrido,
como é detalhado adiante.

Os resultados desta experiência foram decisivos para a nova postura da CDHU em


seus projetos. 95% das famílias se declararam satisfeitas, 69% indicaram redução
do consumo de energia elétrica. O sistema mostrou-se eficaz, porém ocorreram
alguns problemas nos misturadores externos, feitos em cobre, devido à sua
movimentação, além de um vazamento na tubulação (CDHU - Cafelândia, 2008).

Em 2009, mais de 15 mil unidades foram entregues com sistemas de aquecimento


solar pela CDHU. A única exigência da Companhia é que a tubulação seja em cobre.
O projeto executivo fica a cargo da construtora, com abertura a sistemas de outros
fornecedores, O projeto deve ser aprovado pelos técnicos da CDHU.

3.2.2 Equipamentos e eletrodomésticos eficientes

Caracterização

Esta estratégia consiste no fornecimento de equipamentos e eletrodomésticos para


os moradores dos conjuntos habitacionais da CDHU, devendo estes equipamentos
possuir eficiência energética superior à dos demais produtos semelhantes
encontrados no mercado. A comprovação desta eficiência superior, no caso do
Brasil, pode ser feita através do selo Procel de eficiência energética, que tem como
objetivo orientar o consumidor, indicando que dado equipamento elétrico atingiu os
melhores níveis de eficiência dentro da categoria em que o equipamento se
enquadra. Outro objetivo do selo é estimular a fabricação e comercialização de
produtos mais eficientes (PROCEL, 2005).

Figura 31 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia e selo Procel


(Fonte: PROCEL, 2005)
61

Aspectos positivos

A utilização de equipamentos eficientes pela CDHU, como geladeiras e outros


eletrodomésticos com Selo Procel e lâmpadas fluorescentes, ao invés de se utilizar
as lâmpadas incandescentes convencionais, contribuem para redução do consumo
de energia de cada unidade.

Aspectos negativos

Apesar do benefício proporcionado tanto ao usuário quanto à sociedade pela


redução do consumo de energia, ao se trabalhar com HIS, deve-se sempre ter em
mente que, caso não seja feito um bom trabalho pós-ocupação, conscientizando o
usuário quanto ao funcionamento e benefícios trazidos pela utilização dos
equipamentos eficientes, pode levar muitas vezes o usuário sem instrução a vender
o produto de maior valor e adquirir um equivalente menos eficiente, criando a
sensação de “lucrar” com este, pelo menos em curto prazo, já que normalmente
estes equipamentos têm valor de mercado mais elevado em relação a um substituto
menos eficiente. Em pesquisa realizada por Lamberts, (2009), os resultados obtidos
foram: “Questionados sobre o selo Procel, 44,4% dos entrevistados disseram
conhecê-lo, destes, 33,5% sabem o que ele representa, porém 76,6% não sabem o
quanto podem economizar mensalmente ou anualmente com a compra de produtos
eficientes.”

A figura 32 apresenta o grau de conhecimento do consumidor em relação ao selo


Procel, desde sua identificação em um produto etiquetado quanto ao real benefício
em redução do consumo de energia ao se adquirir um produto com o selo de
eficiência energética.
62

Figura 32 - Avaliação de Mercado de Eficiência Energética no Brasil


(Fonte: LAMBERTS, 2009)

Experiência na CDHU

Foram doadas a moradores de conjuntos residenciais da CDHU, geladeiras com


selo Procel e lâmpadas fluorescentes para as unidades habitacionais e áreas
comuns. Porém, esta ação, talvez por falta de planejamento ou estudo mais
aprofundado sobre a aceitação do usuário, houveram alguns problemas de
aceitação e venda de lâmpadas. No entanto o programa, de maneira geral, teve
resultado eficiente.

Por aspectos logísticos, os eletrodomésticos fornecidos, no caso geladeiras, foram


desembalados para reduzir seu volume unitário, permitindo transporte de mais
unidades por traslado e consequentemente uma redução do custo de transporte de
cada eletrodoméstico. Porém, ao receberem produtos sem embalagem, alguns
usuários os rejeitaram, por acreditarem ser um produto de segunda mão ou baixa
qualidade.

Já a doação de lâmpadas fluorescentes, teve um fim diferente. Alguns usuários, por


perceber que esta tem maior valor de mercado, venderam a lâmpada fluorescente
para adquirir uma lâmpada incandescente, mais barata como substituta, com
aparente benefício de receber a diferença entre os valores das lâmpadas. Fato que
gerou uma sensação de benefício, ao adquirir um produto que aparentemente
cumpre do mesmo modo a função de iluminação e ainda gerou certa receita. Por
falta de instrução, o usuário não levou em conta que o acréscimo do consumo de
energia ao longo do tempo será menos benéfico para si do que a receita imediata
que obteve ao vender a lâmpada eficiente.
63

3.2.3 Uso de painel fotovoltaico

Caracterização

Um sistema de produção fotovoltaica é uma fonte de energia que, através da


utilização de células fotovoltaicas, converte diretamente a energia luminosa em
eletricidade (Fonte: site SOLARTERRA). Tem como objetivo prover energia elétrica
em locais distantes de uma rede elétrica ou simplesmente se utilizar da co-geração
de energia elétrica para reduzir os gastos com energia provinda das
concessionárias. Tem como principais componentes:

• Painéis ou módulos de células fotovoltaicas


• Suportes para os Painéis
• Controlador de carga de baterias (podem ser retiradas no caso da co-
geração)
• Banco de baterias
• Inversor de corrente (converte a corrente contínua das baterias em
corrente alternada)

A figura 33 traz o diagrama do funcionamento do sistema de energia fotovoltaica e


seus componentes.

Figura 33 - Sistema de energia fotovoltaica


(Fonte: site SOLARTERRA)

Aspectos positivos

Ao se utilizar uma fonte de energia renovável como a solar, têm-se os mesmos


benefícios que o aquecedor solar citado acima, reduzindo a demanda por outras
fontes de energia não renováveis, além da redução do valor da conta de energia
64

provinda de uma concessionária. A diferença aqui é que a energia pode ser


empregada em qualquer uso, e não apenas para o aquecimento de água.

Aspectos negativos

Quando se consideram as HIS com energia fotovoltaica, é possível observar


diversos exemplos em outros países, como Estados Unidos e Alemanha, já que
nestes é possível obter maior viabilidade econômica no uso da energia fotovoltaica,
visto que o governo financia grande parte da sua instalação para poder expandir o
seu uso e torna-la viável para os consumidores. No entanto, no Brasil não se tem
uma política neste sentido, o que o torna o sistema ainda muito caro. (FINEP-
Energia, 2007).

Experiência na CDHU

Ainda está em estudo o uso de células fotovoltaicas nos empreendimentos da


CDHU, no intuito de diminuir a conta de energia elétrica que os moradores pagam, já
que é alto o índice de inadimplência nas contas condominiais. Atualmente não foi
utilizada esta tecnologia nos empreendimentos da CDHU devido ao alto investimento
inicial, limitando a capacidade de inovação nas obras.

3.2.4 Pé direto mais alto

Caracterização

A dimensão do pé-direito é uma propriedade arquitetônica que influencia


diretamente no conforto térmico. Devido ao gradiente térmico, propriedade física que
faz com que o ar quente armazene-se na parte superior do ambiente e o ar frio, na
parte inferior, ambientes que possuem pé-direito maior distancia o usuário desse
estoque de ar quente. Porém, para que o efeito desejado seja observado, deve ser
combinado com outros elementos arquitetônicos que melhorem a circulação interna
do ar e isolem o ambiente termicamente.

Aspectos positivos

Ao situar o usuário em faixa de temperatura mais baixa, obtém-se uma sensível


melhora no conforto térmico deste, especialmente em regiões tropicais, onde a
insolação é mais intensa e as temperaturas mais elevadas. Ao situar o usuário em
uma faixa adequada de conforto térmico, é possível reduzir o consumo de energia
com equipamentos condicionadores ou de ventilação de ambientes.
65

Aspectos negativos

Utilizar pé-direito maior, caso haja a necessidade de manter-se a altura do edifício,


resulta em menos andares, o que implica em menor adensamento populacional e
aumento do custo do m² construído, já que o custo do terreno está “diluído” em
menos unidades.

Experiência na CDHU

Na CDHU sempre foram utilizadas tipologias com 2,60m de pé-direito, considerado


valor adequado para prover bom conforto térmico ao usuário. Houve algumas
exceções, como duas tipologias de cinco pavimentos que utilizaram pé-direito de
2,40m, medida proposta na década de 90 e permitida pela legislação de alguns
municípios, com intuito adequar os cinco pavimentos ao gabarito máximo permitido
por alguns municípios, nessas duas tipologias, que mais tarde foram descartadas
dos projetos da CDHU. Atualmente, todas as tipologias utilizam pé-direito de 2,60m.

3.2.5 PLC – Power Line Communication

Caracterização

PLC consiste de uma tecnologia para a comunicação através da rede elétrica. É


possível utilizar esta tecnologia para transmitir as informações da medição
individualizada de eletricidade, gás e água, assim como oferecer serviços de internet
e TV a cabo (para os programas de inclusão digital). Também se busca usar esta
rede para efetuar o desligamento a distância, em casos de vazamento de gás, ou
outros. (AVILA, 2007)

Aspectos positivos

Por usar uma infra-estrutura já existente, não há necessidade de novas instalações.


Também dispensa infra-estrutura adicional de comunicação como cabeamento ou
antenas de transmissão, já que sua transmissão de dados é feita pela rede elétrica
existente, necessitando apenas dos equipamentos medidores. Outro ponto positivo é
que é possível fazer medição remota do consumo de luz, água e gás, pela
concessionária de energia.

Aspectos negativos

Atualmente, a tecnologia é utilizada apenas pela Eletropaulo, sendo a medição dos


consumos de água, luz e gás, feita somente por ela. Por isso existe o problema
dessa concessionária ficar com os dados da Sabesp e Comgás, o que acaba
levando a sua recusa por elas e limita muito sua aplicação nos diversos
empreendimentos da CDHU. Outro fator que atua contra a implantação do PLC é o
aumento do investimento inicial exigido em cada edifício, na aquisição dos
medidores com a tecnologia PLC.
66

Experiência na CDHU

O primeiro caso onde esta tecnologia foi implantada foi em um projeto piloto no
empreendimento no subdistrito Mooca – São Paulo, em 2003, através da tecnologia
da empresa Mobix S.A. A tecnologia foi utilizada para medição do consumo de água,
energia e gás, podendo ser feita a medição individualizada do consumo de cada
unidade do conjunto, para posterior rateio pela administração do condomínio.

Na figura 34 está ilustrado o esquema de funcionamento do sistema de medição


individualizada com tecnologia PLC, e a figura 35 traz fotos de alguns componentes
instalados em edifício da CDHU.

Figura 34 - Esquema de macro funcionamento do sistema de PLC da Mobix S.A.


(Fonte: MOBIX S.A., 2010)
67

Figura 35 - Sistema de medição individualizada com tecnologia PLC na unidade Mooca da


CDHU
(Fonte: CDHU - QUALIHAB, 2005)

3.2.6 Uso de forro

Caracterização

O uso de forro cria uma camada isolante térmica que separa o ambiente ocupado
pelo usuário do calor irradiado através do telhado durante o dia e diminui a perda de
calor durante a noite. Consiste em aplicar camada de revestimento, como gesso,
madeira, PVC entre outros, de modo a isolar a cobertura da residência do ambiente
em que o usuário se encontra. Tem melhor resultados em casas, particularmente
nas térreas.

Aspectos positivos

Além dos benefícios trazidos em relação ao conforto térmico, o uso de forro cria um
ambiente mais agradável e aconchegante ao morador, ocultando componentes
como telhas, fiação e tubulações hidráulicas. O fato de se morar em um ambiente
mais agradável cria maior vínculo do morador com sua moradia, fazendo com que
este tenha maior apreço e cuidados como manutenção por sua moradia.

Segundo o Documento Levantamento do estado da arte Energia (2007) "o uso de


forro associado ao telhado de toda a habitação é necessário para garantir-se um
desempenho térmico mínimo, e deveria ser um requisito básico e mínimo para
aprovação de projetos...".
68

Aspectos negativos

A utilização do forro tem como principal aspecto negativo o aumento do custo da


unidade habitacional, já que incorpora mais material de acabamento e requer mão
de obra adicional, fator muito relevante ao se considerar a construção de habitações
de interesse social.

Experiência na CDHU

Nos empreendimentos da CDHU, historicamente nunca havia sido utilizado forro.


Isso, porém vem sendo alterado juntamente com outras mudanças visando
aumentar a qualidade das habitações. Algumas tipologias novas são entregues com
forro.

3.2.7 Uso de telha de barro

Caracterização

Utilização de telhas de barro, substituindo as telhas de fibrocimento ou metálicas,


que possuem desempenho térmico inferior.

Aspectos positivos

“A telha cerâmica permeável apresenta um desempenho térmico superior às


impermeáveis, devido a ter uma estrutura porosa mais adequada para a fixação de
umidade, o que no período noturno faz com que se eleve a temperatura, ficando
com uma temperatura noturna maior que as demais; enquanto no período diurno a
telha apresenta uma temperatura menor devido ao processo de evaporação da
umidade incorporada na noite anterior” (FINEP-Energia, 2007).

Telhas metálicas, para oferecerem um desempenho térmico adequado, precisam ser


combinadas com camadas isolantes, o que aumenta o seu custo.

Aspectos negativos

A utilização de telha de barro implica em menor produtividade da mão de obra, em


comparação com coberturas de fibrocimento ou metálicas e, portanto maior custo
com a montagem.

Experiência na CDHU

Na CDHU sempre foi padrão a utilização de telhas de barro. Algumas tipologias de


edifícios de vários pavimentos voltaram a utilizar o fibrocimento como telha.
69

3.3 Lições aprendidas em gestão da água


Quanto ao tema gestão da água, foram caracterizadas tecnologias e práticas
relacionadas a:

• Medição individualizada
• Chuveiro híbrido
• Retenção e utilização de água da chuva
• Aparelhos hidráulicos economizadores

3.3.1 Medição individualizada

Caracterização

Segundo Gonçalves (2009), “entende-se por Medição Individualizada a setorização


do consumo de água com a instalação de pelo menos um hidrômetro – componente
de medição em cada unidade funcional, de forma que seja possível medir seu
consumo”.

Aspectos positivos

Como a pessoa é cobrada pelo próprio consumo, ao invés de pagar por rateio do
consumo do condomínio, sua variação de consumo impacta mais na sua própria
conta de água, resultando em uma redução significativa, especialmente em
unidades de baixo padrão. Adicionalmente, há um sentimento de que é cobrado o
preço justo, pois o usuário paga o que consome.

Aspectos negativos

Pelo fato dos medidores individuais serem localizados no interior do condomínio,


geralmente no andar da unidade a ser medida – necessitando a entrada do agente
de medição dentro do mesmo e, segundo relatado em entrevista realizada com o
corpo técnico da CDHU, o procedimento é considerado de risco pela Sabesp para
condomínios de interesse social, além de encarecer o serviço de medição, por
demandar tempo maior do agente medidor. Outro desafio encontrado, é realizar a
medição individualizada para edifícios com aquecimento solar, exigindo um medidor
para água fria e outro para água quente, aumentando as dificuldades técnicas de
instalações prediais e os custos da solução.

Experiência na CDHU

O primeiro piloto ocorreu na unidade Mogi Mirim, e atualmente há um sistema em


funcionamento na unidade Francisco Morato, fornecida pela empresa Mobix S.A.
Nas unidades da CDHU previstas para Cubatão, será utilizada tecnologia CAS,
também fornecida pela Mobix S.A., sob supervisão da empresa Tesis. Segundo o
corpo técnico da CDHU, a utilização da medição individualizada externa encarece o
70

custo de manutenção em R$ 4,00 por unidade medida. A adoção da medição


individualizada tornou-se política pública e foi instituída por decreto governamental,
em setembro de 2007. As figuras 36 e 37 ilustram a tecnologia.

Figura 36 - Sistema de medição individualizada remota na unidade Francisco Morato


(Fonte: MOBIX S.A., 2010)

Figura 37 - Sistema de medição individualizada remota na unidade Francisco Morato


(Fonte: MOBIX S.A., 2010)

Segundo o Manual Técnico de Projetos da CDHU:

Para água fria, "todas as edificações deverão possuir equipamentos para medição
de consumo individual. A definição destes equipamentos será feita pela CDHU,
podendo variar para cada edificação. A revisão/instalação de sistema de medição
individual não exclui a obrigatoriedade da instalação de medidor geral à disposição
71

da concessionária de água local a qual definirá sua padronização. Deverá ser


previsto sistema de medição/corte/religação remotos conforme diretrizes específicas
da CDHU e/ou da concessionária local. Dependendo do sistema remoto adotado,
poderão ser necessários pontos de energia elétrica e/ou dutos secos para passagem
de cabos".

Para água quente "em edificações multi-familiares, onde poderá haver sistema de
aquecimento coletivo, deverá ser estudada juntamente com a CDHU a solução para
se manter a medição de consumo individual".

Para gás natural (GN) - "todas as edificações deverão possuir equipamentos para
medição de consumo. A definição destes equipamentos será feita pela CDHU,
podendo variar para cada edificação. A previsão/instalação de sistema de medição
individual não exclui a obrigatoriedade da instalação de medidor geral à disposição
da concessionária de gás local a qual definirá sua padronização".

Para gás liquefeito de petróleo (GLP) - "para unidades habitacionais multi-familiares


verticais e/ou que utilizem aquecedores para água, equipamentos comunitários de
porte médio/grande e/ou outras edificações especiais definidas assim pela CDHU,
deve ser previsto a utilização de cilindro semi-estacionário tipo P190 (mínimo de 02
unidades, uma para consumo e outra para reserva), com medição individual. (...)
Todas as edificações que possuam sistema coletivo de armazenamento de gás
deverão possuir equipamentos para medição de consumo. Todas as unidades
habitacionais deverão possuir medição individual de consumo. A definição destes
equipamentos será feita pela CDHU, podendo variar para cada edificação. A
padronização destes medidores deve ser idêntica à exigida para o sistema
abastecido com gás natural (GN)".

3.3.2 Chuveiro híbrido

Caracterização

O chuveiro híbrido solar é um sistema composto de aquecedor solar com chuveiro


elétrico que foi considerado o mais eficiente do ponto de vista econômico, segundo
estudo realizado pelo Centro Internacional de Referência em Reúso de Água
(CIRRA), vinculado à USP, que comparou o sistema híbrido com o chuveiro elétrico
comum, aquecedor a gás, aquecedor solar e aquecedor de acumulação elétrico
(boiler) (PINI,2010). Nas tabelas 17 a 19 é feita uma comparação quantitativa entre
os diversos sistemas de aquecimento de água.
72

Consumo de água
(litros por minuto) Aumento do consumo em
Sistema de Aquecimento de Água
relação ao chuveiro elétrico

Chuveiro elétrico 4,0


Solar 8,7 +118%
Gás 9,1 +128%
Híbrido 4,1
Boiler 8,4 +110%

Tabela 17 - Consumo de água por tipo de sistema de aquecimento de água


(Fonte: site do CIRRA)

Custo do banho de Aumento do custo em relação


Sistema de Aquecimento de Água
8min (R$) ao chuveiro elétrico
Chuveiro elétrico 0,22
Solar 0,35 +59%
Gás 0,58 +164%
Híbrido 0,22
Boiler 0,78 225%

Tabela 18 - Custo da água por banho com 8 minutos de duração


(Fonte: site do CIRRA)

Sistema de Aquecimento de Água Custoaquisição Custoinstalação Total

Chuveiro elétrico 31,00 0 31,00


Solar 3965,00 350,00 4045,00
Gás 825,00 120,00 945,00
Híbrido 688,00 200,00 888,00
Boiler 1505,00 350,00 1855,00

Tabela 19 - Custo de aquisição e instalação dos sistemas de aquecimento de água


(Fonte: site do CIRRA)

A explicação para a maior eficiência dos chuveiros elétricos e híbridos solar é o


baixo consumo de água destes dois sistemas, outro fator analisado no estudo é que
quando um chuveiro com aquecedor separado é ligado, a água que já está no
encanamento, fria, é descartada. No caso do solar e do boiler, na família de quatro
pessoas, isso representa um desperdício de 600 litros por mês. O aquecedor a gás
gasta 540 litros mensais. O chuveiro elétrico não tem esse problema, uma vez que a
água já sai quente assim que ele é ligado (Fonte: site da PINI). Em contrapartida,
este gera maiores impactos ambientais, como aumento do efeito estufa e também
sobrecarrega a rede de transmissão de energia elétrica nos horários de pico
(TABORIANSKY, 2002).

Aspectos positivos

O aquecimento híbrido tem o beneficio de diminuir o consumo de energia da


residência, ao se utilizar parcialmente da energia solar para o aquecimento de água,
reduzindo seu impacto ambiental e econômico. Uma das dificuldades dos conjuntos
de baixo padrão é a inadimplência das contas de água e energia devido à baixa
renda dos moradores. A redução do consumo de energia implica em menor
73

comprometimento da renda do morador para o pagamento desta tarifa, reduzindo as


chances de inadimplência.

Aspectos negativos

Embora os chuveiros híbridos diminuam a conta de luz, esta diminuição


acompanhada da melhoria no conforto do banho, significa também uma maior
duração do tempo de banho, representando um maior consumo médio de água, fato
registrado em inúmeros casos. Ha também o custo mais elevado de manutenção,
devido à maior complexidade do sistema (CDHU - Cafelândia, 2008).

Experiência na CDHU

A primeira utilização do sistema de chuveiros híbridos se deu junto ao projeto piloto


de aquecimento solar no residencial da CDHU de Cafelândia, em 2006. Neste caso,
o apoio utilizado foi um chuveiro elétrico, devendo permanecer com a chave na
posição desligada durante a atuação do sistema de aquecimento solar, só sendo
acionado em períodos mais frios e de baixa ocorrência de insolação.

3.3.3 Retenção e utilização de água de chuva

Caracterização

A solução consiste na captação e armazenamento da água da chuva, para posterior


utilização desta em fins potáveis e não potáveis. Seus sistemas são divididos
basicamente em três processos (MIERZA, 2010):

• Coleta
• Tratamento
• Armazenamento

Para adequar a água de chuva coletada aos níveis de qualidade requeridos para o
consumo humano, é exigido um sistema de tratamento mais avançado que um
sistema de tratamento destinado para fins não potáveis. Portanto, levando em conta
o contexto de habitações de interesse social, esta solução é abordada apenas para
fins não potáveis, sendo os principais exemplos:

• Descargas de vasos sanitários


• Lavagem de veículos e vias
• Irrigação de áreas verdes
• Reservas de incêndio em edificações

A figura 38 traz um exemplo de sistema de captação e uso de água da chuva:


74

Figura 38 - Sistema de captação e utilização de água da chuva


(Fonte: MIERZA, 2010)

Aspectos positivos

A retenção de água da chuva é uma medida que tem duas funções. A principal é
diminuir o consumo de água potável fornecido pelas concessionárias (no caso, a
Sabesp), através da utilização da água de chuva tratada para fins não potáveis.
Usualmente, tem sido utilizada principalmente para lavagem dos pátios, calçadas e
armazenamento para posterior irrigação dos jardins.

Estuda-se a sua utilização para os lavatórios, através de um filtro mecânico simples.


Entretanto, este uso ainda encontra-se em estudo.

O segundo benefício obtido pela retenção e utilização de águas pluviais é a


diminuição do volume de água escoada para sistemas de drenagem urbana,
evitando que estes sejam sobrecarregados em eventos de chuvas muito intensas,
sobrecarga que, em muitos casos, resulta em inundações e enchentes, trazendo
grandes prejuízos à sociedade.

Aspectos negativos

A instalação de um sistema de captação e uso de águas pluviais exige projeto


hidráulico separado do sistema de água potável, de modo a não contaminar esta,
75

exigindo mais prumadas, maior número de tubulações, pontos de saída separados e


identificados e um reservatório de águas pluviais separado. Outro problema
existente é garantir a qualidade mínima desta água captada, havendo necessidade
de um sistema de tratamento de águas pluviais, normalmente com custo não tão
acessível e de manutenção complexa, levando em conta que esta seria feita pelos
próprios moradores.

Experiência na CDHU

Em alguns condomínios existentes da CDHU, já há captação de água pluvial.


Entretanto, seu uso não é bem definido, sendo diferentemente aplicado em cada
caso e, segundo sua equipe técnica, para este tipo de projeto ter viabilidade
econômica, seriam necessários 300 m² de área de captação de água da chuva por
edifício, não se enquadrando nas tipologias construídas pela CDHU. Para se
adequar a captação e utilização de água da chuva deve-se realizar um estudo de
viabilidade técnica e econômica para utilização de áreas de paisagismo para
captação de águas pluviais.

3.3.4 Aparelhos hidráulicos economizadores

Caracterização

Esta solução consiste na utilização de dispositivos e equipamentos hidrossanitários


que utilizem menos água para sua operação, em comparação com equipamentos
convencionais. Entre estes, podem ser citados arejadores de torneiras, válvulas
reguladoras e restritores de vazão, bacias sanitárias com caixa acoplada de volume
reduzido, válvulas de descarga de acionamento duplo, mictórios com baixo consumo
de água e torneiras com fechamento automático, conforme ilustrado na figura 39.

Figura 39 - Dispositivos economizadores: válvula de acionamento duplo, bacia com 6 litros e


arejadores e restritores de vazão
(Fonte: DECA, 2010)

Aspectos positivos

Grande parte dos dispositivos economizadores requer baixo investimento inicial e de


manutenção, não gerando impactos relevantes no custo total da edificação, além de
76

terem sua eficácia na redução do consumo de água comprovada. Têm boa


aceitação por parte dos usuários e possuem mercado consolidado no Brasil.

Aspectos negativos

Alguns dispositivos, como bacias de acionamento duplo, necessitam de constante


limpeza de membrana existente no equipamento para seu correto funcionamento.
Este dispositivo e outros que exijam maiores cuidados em relação à manutenção
devem ser cuidadosamente estudados quanto à sua aplicabilidade em moradias de
interesse social, já que para garantir seu correto funcionamento é necessário que o
usuário receba instruções de como operar e realizar corretamente a manutenção
destes equipamentos, o que exige um forte trabalho educacional pós-ocupação.

Experiência na CDHU

Atualmente a utilização de bacias com volume reduzido (6,8 litros) e a utilização de


arejadores nas torneiras são políticas públicas da CDHU, sendo aplicados em todas
as unidades construídas.

3.4 Lições aprendidas em paisagismo

Quanto ao tema paisagismo, foram caracterizadas tecnologias e práticas


relacionadas a:

• Piso drenante
• Estacionamento sombreado

3.4.1 Piso drenante

Caracterização

Utilizar materiais e componentes que permitam a passagem da água, possibilitando


a drenagem pelo solo, para revestir as áreas externas dos edifícios ou casas. Estes
materiais devem ter a capacidade de diminuir o escoamento superficial gerado pela
água da chuva, tendo como exemplos conhecidos os sistemas de pavimentos de
blocos de concreto intertravados e o concregrama, que consistem em um piso
composto por uma grelha de concreto com preenchimento dos vazios com solo e
grama ou brita, como ilustra a figura 40.
77

Figura 40 - Pisos permeáveis de concregrama e de blocos intertravados


(Fonte: site TECPAV)

Aspectos positivos

A utilização de pisos drenantes tem dois principais resultados benéficos:

• Redução do efeito de ilha de calor, já que estes não absorvem e


refletem de maneira tão intensa o calor do Sol (caso do concregrama e
macadame hidráulico), em comparação com pavimentos impermeáveis como
de concreto ou asfalto. A redução deste efeito implica em maior conforto
térmico dos usuários que circulam pelo piso, afetando tanto o homem quanto
reduzindo o impacto da edificação na fauna local.

• Redução da taxa de escoamento superficial, já que possui certa


permeabilidade, reduzindo a sobrecarga do sistema de drenagem de água
pluvial da rede urbana, gerada pela impermeabilização do solo, contribuindo
para se evitar enchentes.

Aspectos negativos

Estes pisos normalmente exigem investimento inicial e cuidados como manutenção


maiores, comparados com pisos de concreto convencionais.

Experiência na CDHU

No conjunto habitacional da Vila Jacuí, no bairro União de Vila Nova, localizado no


extremo leste da cidade de São Paulo, foi adotado o bloco intertravado, como
solução de pavimentação em ruas com impossibilidade de se alargar o leito.
Atualmente estuda-se o uso de macadame hidráulico como piso nas áreas de
circulação de veículos. O macadame hidráulico consiste de uma série de camadas
de pedras. As camadas superiores com pedras de menor diâmetro que as inferiores,
compactadas e cobertas com os vazios enchidos por um enchimento composto de
pó de pedra com água. Sobre esta estrutura, planta-se grama, apenas liberando o
piso para circulação após o enraizamento.
78

Este piso proporciona a resistência necessária para veículos de baixo peso, e não
tem custo de manutenção. Além disto, em caso de chuvas, as águas são drenadas
pelo próprio piso. Um benefício é que consiste de uma área verde, além de tudo,
providenciando conforto térmico (o piso sempre estará em uma temperatura
agradável, devido à transpiração da grama).

3.5 Estacionamento sombreado

Caracterização

Consiste em criar anteparos naturais ou artificiais para diminuir a incidência dos


raios solares no solo e nos veículos, reduzindo os efeitos de ilha de calor, já citados
no caso do piso drenante.

Aspectos positivos

Os mesmos benéficos relacionados à redução de ilhas de calor que o piso drenante


oferece, porém com melhor desempenho quanto ao conforto térmico do ambiente
sombreado. A partir do momento que a árvore se estabelece no local, seu custo de
manutenção é quase zero, segundo equipe técnica responsável pelos projetos de
paisagismo da CDHU (informação verbal).3

Aspectos negativos

Segundo equipe de projetos da CDHU, devido ao limitado espaço destinado a


estacionamentos, a inserção de árvores dentro do terreno do empreendimento
implica em uma redução do espaço que se utilizaria para os mesmos. Outro fator
prejudicial é a redução da eficiência de iluminação externa noturna, barrada pela
copa das árvores, prejudicando a iluminação das áreas externas durante o período
noturno (informação verbal).3

Experiência na CDHU

A CDHU atrela a utilização de árvores em seus empreendimentos a limitações do


espaço físico. O manual de paisagismo da CDHU recomenda a arborização de
estacionamentos desde que não prejudique a circulação de veículos e as espécies
plantadas não possuam frutos que possam causar danos aos veículos.

3
Informação fornecida pela arquiteta Ana Maria Antunes Coelho, técnica de projetos de paisagismo
da CDHU, entrevista em 06 de maio de 2010
79

3.6 Lições aprendidas em projeto

Quanto ao tema projeto, foram caracterizadas tecnologias e práticas relacionadas a:

• Modulação
• Kit hidráulico e elétrico
• Barramento elétrico
• Medição à distância

3.6.1 Modulação

Caracterização

A coordenação modular é a técnica que permite, a partir de um módulo básico,


estabelecer as dimensões dos ambientes tanto na horizontal, através da modulação
horizontal, quanto na vertical, com a modulação vertical (MANZIONE, 2004). Isto
implica que tanto a altura quanto a largura das paredes são compostas por múltiplos
das dimensões dos blocos utilizados para compô-las.

Aspectos positivos

O benefício mais evidente da modulação dos blocos é a diminuição das perdas de


materiais que se derivam do corte manual dos blocos e no aumento da produtividade
do pedreiro. (FRANCO, 2000)

Segundo Razente (2004), "O fato dos blocos possuírem dimensões conhecidas e de
pequena variabilidade, possibilita a aplicação da técnica de coordenação modular.
Essa técnica consiste em se definir todas as dimensões da obra, verticais ou
horizontais, como múltiplos das dimensões da unidade, prevendo-se inclusive as
armações e demais instalações. Dessa forma evitam-se cortes e desperdícios
durante a execução da obra, sendo esse procedimento uma etapa fundamental do
processo de racionalização como um todo".

Aspectos negativos

O principal fator limitante da alvenaria estrutural é que esta restringe as


possibilidades arquitetônicas de uma edificação, já que esta deve ser condicionada
de acordo com a modulação utilizada nos blocos de alvenaria.

Experiência na CDHU

A CDHU sempre trabalhou com modulação de todos os sistemas. Uma das diretrizes
técnicas, como definido no Manual Técnico de Projetos da CDHU é "Procurar definir
as dimensões dos ambientes dentro de um sistema de coordenação modular,
80

adequando a modulação ao sistema construtivo adotado. Preferencialmente deverão


ser adotados componentes disponíveis no mercado, como portas e janelas".

3.6.2 Kit hidráulico e elétrico (cozinha e banheiros)

Caracterização

Consiste na pré-montagem de componentes como tubulações hidráulicas e


eletrodutos no canteiro de obras com o auxílio de um gabarito, de modo a padronizar
a produção e montagem dos sistemas prediais para sua posterior instalação na
residência.

Aspectos positivos

Ao se utilizar o kit hidráulico como método construtivo, pode-se citar como principais
benefícios trazidos o aumento da produtividade, a melhora da qualidade do serviço
realizado e a redução da quantidade de resíduos gerados no canteiro. A modulação
padronizada da alvenaria estrutural, devido à sua função autoportante, impossibilita
intervenções como quebras e cortes, normalmente feitas em blocos de alvenaria
sem função estrutural.

Aspectos negativos

A utilização de kit hidráulico em sistemas construtivos racionalizados, como a


alvenaria estrutural, exige devida adequação na concepção e detalhamento
específico na fase do desenvolvimento do projeto dos sistemas prediais hidráulicos e
sanitários.

Experiência na CDHU

Aparentemente apenas no edifício Fábio Neme, pois em demais localidades são


desconhecidos os usos.

3.6.3 QUALIHAB

O QUALIHAB ou Programa de Qualidade na Construção Habitacional do Estado de


São Paulo foi desenvolvido e é coordenado pela CDHU. Instituído em 1996, o
programa, pioneiro em questões relacionadas à qualidade e produtividade na
indústria da construção civil brasileira (JESUS, 2004), se deu como base para outro
programa, agora de âmbito nacional, o PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade do Habitat, este instituído em 1998.

Tal programa tem como principais objetivos declarados:


81

“Garantir a qualidade das habitações construídas pelo Estado é o compromisso


central do QUALIHAB, dentro do princípio de que a população de baixa renda tem o
direito à moradia de boa qualidade, durável e ampliável, para atender a necessidade
de crescimento da família.

(...)a qualidade do produto final da CDHU, a moradia popular, estará garantida em


todas as fases. Desde a concepção até a execução. Da prancheta ao canteiro de
obras. Das fundações à cobertura. Das alvenarias aos revestimentos” (CDHU,
2010).

Suas diretrizes são baseadas em três ações, interligadas entre si: o treinamento de
mão de obra, o desenvolvimento de normatização técnica e a implementação de
sistemas de gestão da qualidade.

Através do QUALIHAB, a CDHU se utiliza de seu poder de compra para exigir a


qualificação de seus fornecedores e incentivar a busca por qualidade na construção
civil no Estado de São Paulo (JESUS, 2004), além de certamente elevar os padrões
de qualidade das moradias de interesse social, já que neste tipo de empreendimento
ainda se dê a prática de menor preço.

3.6.4 Barramento elétrico

Caracterização

Os barramentos elétricos são barras rígidas de cobre isoladas e envelopadas com


derivação para cabos em cada pavimento.

Aspectos positivos

Pode-se citar como benefícios a eliminação do uso de eletrodutos nas prumadas, a


melhora nos aspectos de segurança das instalações, já que elimina a necessidade
de emenda de cabos. Também reduz efeitos negativos como a queda de tensão,
gerada pela resistência que os cabos condutores exercem sobre o fluxo de elétrons,
fenômeno significativo nos andares mais elevados dos edifícios, contribuindo para
redução do custo de energia que o consumidor paga.

Quanto aos aspectos construtivos, também existe redução nos custos com mão de
obra para a instalação das barras rígidas em comparação aos eletrodutos flexíveis,
contribuindo para a viabilidade econômica da solução (CDHU - QUALIHAB, 2005).

Aspectos negativos

Necessidade de quebras na vedação, com geração de resíduos e retrabalho, no


caso de manutenção de sistema embutido, problema não apresentado com o
cabeamento correndo dentro de eletrodutos.
82

Experiência na CDHU

A solução foi implantada na Unidade Mooca da CDHU, em 2005, em conjunto com


outras soluções como medição individualizada e medição à distância, ambas
apoiadas na tecnologia PLC. As figuras 41 e 42 fazem algumas ilustrações do
sistema implantado nestas unidades:

Figura 41 - Detalhe dos barramentos que substituem os três cabos flexíveis que alimentam
cada apartamento
(Fonte: CDHU, 2005)

Figura 42 - Plug-in para conexão de barramento instalado


(Fonte: CDHU, 2005)
83

3.6.5 Medição a distancia

Caracterização

Segundo Paulino (2006), "atualmente a medição de energia elétrica para residências


em centros urbanos é realizada por meio de medidores eletromecânicos lidos de
forma manual. Neste processo uma série de problemas foram observados, dos quais
se destacam: erros de leitura, dificuldade de acesso ao ponto de medição, bancos
de dados sem atualização, dentre outros. A automação do processo de medição e
da leitura, com base nos medidores existentes ou com o uso de medidores
eletrônicos da energia elétrica, além de resolver os problemas citados, tem
potencialmente uma série de vantagens, que incluem: combate a fraudes e furto de
energia, implementação de tarifas diferenciadas em função da hora de consumo
(tarifa amarela), corte e religamento remoto de energia, implementação de
programas de energia pré-paga, levantamento de curvas de carga e eliminação de
erros e custos do processo de leitura manual."

A CDHU prevê em seu manual técnico o uso de medição remota para água fria e
gás.

Aspectos positivos

Além dos anteriormente citados, “a medição à distância dispensa os centros de


medição de gás e energia, permitindo um uso mais nobre para estas áreas”
(CDHU,2005).

Aspectos negativos

A Sabesp, que é a concessionária responsável pelo fornecimento de água em São


Paulo, realiza a leitura de uma única fatura para o conjunto habitacional, devendo o
rateio ser feito através da medição fornecida pelo sistema individualizado, exigindo
que esta tarefa seja realizada pela administração do condomínio.

Experiência na CDHU

Foram implantadas no empreendimento CDHU Mooca, em 2005, a medição à


distância do consumo de água, energia e gás, aonde foram instalados medidores
eletrônicos em cada pavimento, e estes foram interligados a um concentrador de
dados localizado na caixa de medição. Utilizando-se da tecnologia PLC – Power
Line Communication, as informações das medições são transmitidas pelo
barramento elétrico existente no edifício. A figura 43 ilustra a tecnologia.
84

Figura 43 - Detalhe do concentrador de medição e medidor eletrônico com PLC


(Fonte: CDHU, 2005)

3.7 Lições aprendidas no campo social

As atuações da CDHU no âmbito social são divididas em duas áreas. A primeira


atua na urbanização e recuperação de favelas existentes e a segunda realiza
trabalhos de pós-ocupação nas novas moradias construídas.

Urbanização de favelas

Consiste na recuperação urbano-ambiental de favelas, com a manutenção do maior


número possível de edificações existentes e consequente preservação dos vínculos
sociais já estabelecidos. Tem diversas ferramentas de atuação, como projetos
sociais e mapeamento de indicadores sociais. Como exemplo recente, cita-se o
Projeto Pantanal, com objetivo de urbanizar a Favela União de Vila Nova, localizada
no extremo leste da cidade de São Paulo, área atingida por severas inundações em
períodos de intensas chuvas. Além da remoção da população das áreas com risco
de inundação e assentamento adequado destas em habitações dignas, se promoveu
diversos projetos de inclusão social, como oficinas e cooperativas de reciclagem. A
figura 44 traz fotos da cooperativa de reciclagem criada no Projeto Pantanal.
85

Figura 44 - Cooperativa de reciclagem criada pelo Projeto Pantanal


(Fonte: CDHU, 2010)

3.8 Conclusões

Ao analisar grande parte das iniciativas de caráter sustentável utilizadas pela CDHU,
pode-se perceber que é grande a gama de soluções que são passiveis de ser
aplicadas neste tipo de empreendimento. Porém, apesar da dedicação das equipes
técnicas na busca de novas soluções e práticas que visem à sustentabilidade, ainda
existe grande lacuna na comunicação entre as diversas áreas da CDHU, impedindo
a disseminação de conhecimento entre estas e consequentemente desacelerando o
processo de inovação da Companhia, visto que muitas informações valiosas são
mantidas em apenas um departamento ou área em que a informação foi criada,
gerando retrabalho para coletar e reorganizar estas informações. Outro fator que
deve ser fortemente desenvolvido e que levará a bons resultados é o investimento
em trabalhos pós-ocupação, com treinamento e conscientização dos moradores,
visto que diversas soluções dependem fundamentalmente da atenção do usuário
quanto à manutenção e preservação dos componentes do edifício.
86

4 CDHU – RESIDENCIAL RUBENS LARA

O projeto do Loteamento Rubens Lara – Jardim Casqueiro de autoria dos escritórios


dos arquitetos paulistanos Adriana Levisky e Eduardo Ferreira faz parte do
Programa de Recuperação Sócio-Ambiental da Serra do Mar promovido pelo
Governo do estado de São Paulo.

A proposta parte da construção de um bairro novo integrado à malha urbana


residencial existente e já consolidada. Os condomínios, de até 200 unidades, partem
de novas tipologias desenvolvidas para CDHU, focando na habitação de interesse
social em um loteamento de uso misto, ou seja, integradas a comércios e serviços,
bem como áreas institucionais e parques públicos. Na figura 45 tem-se uma prévia
da implantação dos loteamentos propostos no Programa.

Figura 45 - Implantação dos loteamentos Bolsão 7, Bolsão 9 e Rubens Lara do CDHU.


(Fonte: Documento BR-L1241 - Programa Serra do Mar, 2009)

Baseado em conceitos de construção sustentável, o projeto adota tecnologias


visando redução no consumo de energia e água por meio de placas solares e
medidores individualizados de água, busca manter maior permeabilidade do solo
utilizando pavimentação drenante e têm seu paisagismo integrando espaços livres
públicos aos espaços livres comuns dos condomínios.

Segundo os arquitetos, “O projeto do loteamento Rubens Lara – Jardim Casqueiro


tem origem na busca do atendimento de expectativas apontadas pelo Governo do
Estado de regularização e saneamento da Serra do Mar somados à requalificação
do modo de vida na unidade habitacional e em seu contexto urbano.”
87

Desta forma, a partir de gleba de aproximadamente 197.475 m² surge a proposta do


projeto: construir um bairro inserido no contexto urbano existente composto por
1.840 habitações de interesse social dispostas em pequenos condomínios
compostos por unidades e tipologias distintas, configurando riqueza ao tecido
urbano e mesclados com equipamentos públicos comunitários, sociais, infra-
estrutura de transporte coletivo, áreas de lazer, áreas institucionais e áreas
comerciais (site Arq!bacana).

O loteamento

O projeto já aprovado na Prefeitura de Cubatão e no Estado de São Paulo propõe a


aprovação de um loteamento que contém 26 lotes residenciais, lotes institucionais,
lotes comerciais e áreas verdes. O sistema viário proposto cria hierarquia de vias
composta por sistema de vias locais dando prevalência ao pedestre e um importante
eixo diagonal que concentra atividades, equipamentos e áreas de lazer e tem a
função de integrar a área de intervenção com os bairros existentes na envoltória
urbana já consolidada. A pavimentação do sistema viário, seja o público seja o de
áreas comuns privativas dos condomínios, adota mesmo sistema de pavimentação,
com o uso de blocos intertravados favorecendo uma paisagem integrada entre os
espaços públicos e privados bem como a capacidade drenante do solo. O perímetro
do loteamento proposto e delimitado por passeio destinado a pedestres e ciclovia,
oferecendo qualidade de vida não somente aos moradores do loteamento como dos
bairros vizinhos. Na figura 46, pode-se observar o local aonde se dará a implantação
do empreendimento, aonde, em imagem capturada por satélite em junho de 2009, já
se percebe movimentações de terra no canteiro.

Figura 46 - Vista aérea do local de implantação do condomínio Rubens Lara em Cubatão, em


fase de movimentação de terra (destacado em vermelho)
(Fonte: GoogleEarth em Julho de 2010)
88

Figura 47 - Proposta de Implantação do condomínio Rubens Lara em Cubatão, em simulação


através de maquete 3D
(Fonte: Apresentação do Programa da Serra do Mar)

Os condomínios

Visando à viabilidade de gestão condominial por seus usuários foram propostos


condomínios com até aproximadamente 200 unidades, de tal forma que as questões
administrativas e de manutenção coubessem na condição e capacidade gerencial de
seus condôminos. Cada condomínio, através de tipologias e composições diversas,
contém áreas arborizadas e de lazer, uma vaga de carro por unidade, centro
comunitário, equipamentos de lazer e divisas muradas com gradis e mourões.

As tipologias

Foram propostas 3 tipologias distintas para composição dos condomínios:

• Edifício vertical com térreo + 4 pavimentos com apartamentos de 2 ou 3


dormitórios
• Edifício vertical com térreo + 8 pavimentos com apartamentos de 2 ou 3
dormitórios
• Casas superpostas sendo sobrado inferior e térrea superposta superior
89

Edifícios com 3 dormitórios

As edificações de térreo + 4 pavimentos propõe nichos para instalação de futuros


elevadores. As edificações compostas por andar térreo + 8 pavimentos tipo são
equipadas com elevadores.

O terceiro dormitório foi proposto como cômodo flexível podendo ser utilizado como
dormitório ou acréscimo da sala de estar/área de escritório. Nas figuras 48 e 49 se
observa uma das elevações e planta do pavimento tipo das tipologias de 8 e 4
andares respectivamente.

Figura 48 - Tipologia de edifício vertical de 8 pavimentos + térreo, em elevação e planta do


pavimento tipo
(Fonte: Site ARQ!BACANA)
90

Figura 49 - Tipologia de edifício vertical de 4 pavimentos + térreo, em elevação e planta do


pavimento tipo
(Fonte: Site ARQ!BACANA)

Casas superpostas

Buscando otimizar custos dos terrenos foram propostas casas geminadas


superpostas que, segundo os projetistas, resultam em 33% de economia no custo de
produção comparada às benfeitorias destinadas a um lote unifamiliar. Trata-se de
um conjunto de sobrados geminados com uma casa térrea superior. Estes
condomínios contêm as áreas privativas da unidade residencial e as áreas comuns
do condomínio (churrasqueira) e vagas para autos. Na figura 50 tem-se uma das
elevações e os pavimentos da tipologia descrita.
91

Figura 50 - Tipologia de casas superpostas, em elevação e planta dos pavimentos


(Fonte: Site ARQ!BACANA)

Sistemas construtivos
Foram propostas algumas tecnologias sustentáveis buscando otimização no
consumo de energia e racionalidade e agilidade na construção das obras:
aquecimento solar, medidores individualizados de água e uso de dry-wall para as
divisórias internas das unidades.

Por se tratar de construção situada na Baixada Santista foram especificados


caixilhos de alumínio e fachadas revestidas em pastilha cerâmica.

As obras foram iniciadas em agosto de 2008 e o projeto recebeu Menção Honrosa


na Premiação IAB SP – 2008, na categoria Habitação de Interesse Social / Produção
Pública.
92

5 SOLUÇÕES ESCOLHIDAS

5.1 Justificativa

Ao disponibilizar moradia em conjuntos habitacionais às pessoas que anteriormente


viviam em condições irregulares e precárias, muitas vezes sendo supridas de
energia de forma clandestina, introduz-se um montante de despesas a serem pagas
pelo morador e uma delas é a taxa condominial.

A inadimplência no pagamento da taxa condominial nos conjuntos habitacionais de


interesse social, conforme relatado pelos técnicos e diretoria da CDHU, é bastante
significativo, podendo gerar problemas de relacionamento dentro do condomínio,
além de desconforto aos moradores, que podem ficar sem luz nas áreas comuns,
entre outros problemas, dependendo do conjunto habitacional.

A mensalidade pega pelos moradores no condomínio residencial Rubens Lara é de


extrema importância, pois a bomba de recalque requer energia para abastecer as
unidades com água para o consumo. Além disso, o projeto do condomínio em
estudo contempla uma ideologia de moradia de qualidade, com um paisagismo bem
trabalhado, repleto de áreas verdes, o que produz a necessidade de água para
irrigação e limpeza das áreas comuns.

Com o intuito de reduzir essa inadimplência, proporcionando melhores condições de


vida à população de baixa renda que irá habitar o condomínio, este trabalho busca
reduzir, ou até mesmo anular o valor mensal necessário para a manutenção do
mesmo, através do projeto de instalação dos sistemas de reúso de água e de
energia fotovoltaica.

Ambos os sistemas foram escolhidos por se tratarem de sistemas amplamente


adotados em construções sustentáveis e por se tratarem de tecnologias atualmente
não previstas no residencial Rubens Lara.

Nos capítulos seguintes os sistemas são descritos, projetados – incluindo sua


implantação no edifício estudado - e são feitas análises financeiras, justificando ou
não a utilização dos sistemas.
93

5.2 Painéis fotovoltaicos

5.2.1 Sistemas fotovoltaicos

Os telhados fotovoltaicos podem ser observados em grandes centros urbanos,


motivados pelos fatores ambientais e econômicos da geração de energia.

Em relação à energia necessária para produzir o painel levando em conta a energia


gerada pelo painel, o retorno energético se dá em cerca de 2 anos (ALSEMA, 2000).
Como o tempo de vida de um painel é de pelo menos 25 anos pode-se concluir que
um painel solar produzirá ao longo da sua vida dez vezes mais energia do que
aquela que foi necessária para fazê-lo.

Sistema fotovoltaico conectado à rede

O sistema proposto para o edifício escolhido do Condomínio Rubens Lara é o


conectado diretamente à rede pública. Quando se consideram as HIS com geração
de energia fotovoltaica interligada à rede pública de energia elétrica, é possível
observar diversos exemplos em outros países, como Estados Unidos e Alemanha.
Neles é possível obter maior viabilidade econômica no uso da energia fotovoltaica,
visto que o governo financia grande parte da sua instalação para poder expandir o
seu uso e torná-la viável para os consumidores. No entanto, no Brasil não se tem
uma política neste sentido, não oferecendo incentivos fiscais ou subsídios para a
instalação destes sistemas. Outro fator limitante é o fato de ainda não ter sido
aprovada uma legislação para regulamentar a interligação desses sistemas de
geração de energia à rede pública, seja por aspectos políticos, econômicos ou
técnicos.

Atualmente no Brasil, este sistema pode ser encontrado somente em laboratórios e


centros de pesquisa, como exemplos tem-se o prédio da administração do Instituto
de Eletrotécnica e Energia da USP, onde 50% da energia consumida é gerada por
um sistema fotovoltaico conectado à rede.

Ao se comparar um sistema de geração de energia conectado à rede em relação a


um sistema autônomo, pode-se dizer que o principal benefício é que o primeiro
dispensa o uso de acumuladores, pois atuam como usinas geradoras de energia
elétrica em paralelo às grandes centrais geradoras. Os sistemas integrados a
prédios urbanos são incorporados à fachada ou ao telhado do prédio, de modo que
virtualmente não ocupam espaço algum, sendo o único pré-requisito uma orientação
solar favorável.

Em sistemas fotovoltaicos residenciais interligados à rede elétrica, sempre que o


sistema gerar energia em excesso em relação ao consumo da residência, este
excesso é injetado diretamente na rede elétrica pública (o relógio medidor de
consumo “anda para trás” e a residência está “vendendo” energia para a rede).
Quando o sistema fotovoltaico gera menos energia do que a necessária para
atender à demanda da residência (períodos de elevado consumo elétrico, de baixa
94

incidência solar ou à noite), então a energia complementar necessária é extraída da


rede (RÜTHER, 1999).

Ao se igualar a tarifação de compra e venda de energia para a rede, um único


relógio é necessário, pois se faz a diferença entre a energia produzida e a
consumida para se determinar o valor a ser pago ou recebido. Quando há
diferenciação entre as tarifas de compra e venda de energia para a rede, faz-se
necessária a instalação de dois ou até três medidores, conforme indica a figura 51.
Este sistema solar dispensa assim o uso de baterias, pois utiliza a rede elétrica
como armazenador de energia. Além disto, não necessita ser superdimensionado
para atender aos picos de consumo da residência em função de sempre dispor da
rede elétrica como “back up”. Em centros urbanos, o uso intensivo de aparelhos de
ar-condicionado para refrigeração de ambientes coincide com a maior oferta solar e,
portanto com máximos na geração fotovoltaica. A geração fotovoltaica pode neste
caso apresentar vantagens para a concessionária elétrica local, no sentido de aliviar
picos de consumo na rede, aumentando assim a vida útil do sistema de transmissão
e distribuição e adiando os grandes investimentos e longos prazos de instalação
envolvidos na construção de centrais elétricas convencionais.

Figura 51 - Sistema de geração de energia por painéis fotovoltaicos em uma residência


interligado à rede pública de distribuição de energia
Fonte: (RÜTHER, 1999)
95

5.2.2 Metodologia para dimensionamento dos módulos fotovoltaicos

Para se dimensionar e detalhar o sistema fotovoltaico para o edifício adotou-se a


metodologia descrita sucintamente a seguir:

Inicialmente, realizou-se o levantamento das cargas de energia que devem ser


supridas pelo sistema fotovoltaico, aonde se definiu como objetivo prover energia
equivalente ao consumo da iluminação e equipamentos elétricos das áreas comuns
dos edifícios.

É então determinada a oferta de radiação solar para o local aonde se dará a


instalação dos painéis, através de simulação computacional pelo programa Radiasol.
Já com a quantidade de energia necessária e a incidência de radiação disponível no
local, escolhe-se o modelo de sistema fotovoltaico a ser utilizado, aonde são
definidos fatores como eficiência dos módulos, dos inversores de corrente e perdas
de transmissão no sistema.

Através da relação entre demanda e oferta de energia, já considerando as perdas


por transmissão e eficiência dos inversores, é determinada potência pico de painéis
a ser instalada.

Com a potência pico e a eficiência dos módulos fotovoltaicos, se obtém a área de


painéis necessária.

Deve-se então escolher o local adequado para a instalação dos painéis, aonde
através de simulação computacional pelo programa Ecotect, verifica-se, para a
cobertura do edifício, os locais que apresentam menor sombreamento, ao longo do
ano.

5.2.3 Projeto do sistema fotovoltaico

Área necessária de painéis

Como descrito anteriormente, foram levantados os componentes consumidores de


energia elétrica nas áreas comuns do edifício analisado e se constatou que o
consumo de energia para iluminação das áreas comuns, como áreas de circulação
nos andares, escadas e alimentação da bomba de recalque têm grande contribuição
nas despesas condominiais. A seguir apresenta-se a demanda mensal de energia
para uma das tipologias existentes no condomínio, denominada V052, composta de
térreo + quatro pavimentos tipo, como se pode observar na tabela 20. O
levantamento das cargas consumidoras foi feito baseado nos projetos e memoriais
de elétrica e hidráulica do edifício.
96

BOMBAS DE RECALQUE
Bomba (cada) - 2 por edif. 1950 W
Vazão bomba 7,2 m³/h
Consumo 150 l/dia/hab
População média por edif. (4habitantes/UH com 20
UHs/edifício) 80 pessoas
Consumo do edifício 12 m³/dia
Tempo de funcionamento da bomba 1,67 h/dia
Consumo diário da bomba 3,25 kW.h
Consumo mensal da bomba 97,5 kW.h/mês
ILUMINAÇÃO DAS ÁREAS COMUNS DO EDIFÍCIO
Luminária completa tipo globo vidro c/lâmpada
100w/220v incandescente 45 unid
Arandela tipo tartaruga c/ lâmpada 100w/220v
incandescente 3 unid
Aparelho de luz de obstáculo com 2 lâmpadas
incandescentes de 60w 1 unid

Potência total de iluminação instalada 4.920 W


Tempo de utilização médio diáro de cada lâmpada 1 h
Consumo médio diário de iluminação 4,92 kW.h
Consumo mensal de iluminação 147,6 kW.h/mês
Tabela 20 - Consumo mensal das áreas comuns da tipologia V052 do condomínio Rubens Lara

Consumo total = 245,1 kWh/mês = 8,17kWh/dia

Para o cálculo da radiação do local foi realizada uma simulação no programa


Radiasol 2.1, com as seguintes premissas, discutidas com a professora Dra. Eliane
Fadigas:

Parâmetros para determinação da oferta de radiação incidente no local de


implantação do sistema fotovoltaico:

Latitude: -23°93´
Longitude: 45°33´
Albedo local: 26 (concreto)
Ângulo de orientação das placas: 52° graus em relação ao Norte geográfico. Foi
adotada esta orientação devido à orientação do edifício estudado, de modo a alinhar
as placas com a orientação do edifício, evitando se utilizar suportes ou qualquer
outro elemento de sustentação necessário para um alinhamento ótimo das placas.
Inclinação de 24° em relação ao plano horizontal.

Na figura 52 observa o resultado da simulação obtido no Radiasol 2.1 para os


parâmetros acima, resultando em um valor de irradiação média anual de
4,21kWh/m² por dia.
97

Figura 52 - Gráfico dos resultados obtidos no Radiasol para irradiação média anual diária

O rendimento do sistema depende fundamentalmente do inversor de energia e será


utilizado o valor de 90%. Considera-se também a perda na fiação, que corresponde
a aproximadamente 3%, ou seja, uma eficiência na fiação de 97%. A energia
necessária que os painéis devem fornecer é calculada abaixo:

1 !
=
0 "#$#0 "

Eg = 9,36 kWh/dia

Os painéis fotovoltaicos são fornecidos na unidade Wp (Watt-pico), aonde sua


potência pico de geração é determinada para uma situação padronizada, de céu
sem nuvens e radiação incidente de 1000W/m². Obviamente, este tipo de situação
não é o mesmo obtido em situações reais, aonde a radiação solar varia ao longo do
dia, tendo seu valor pico próximo ao meio dia.

Faz-se necessário o uso de um artifício que se considere que durante o dia houve
radiação incidente constante de 1.000W/m², durante um período em que o total de
radiação incidida seja de 4,21kWh/m², como ilustra a figura 53, fazendo com que as
áreas de radiação incidida e de radiação equivalente sejam iguais.

Em outras palavras, é considerada a incidência de radiação de 1.000Wh/m² durante


um período de 4,21 horas, totalizando a radiação total incidida encontrada na
simulação computacional.
98

Radiação (W/m²)

Figura 53 - Gráfico da radiação solar disponível e equivalente média anual durante um dia

O cálculo de potência pico instalada é determinado pela equação:

%& = ' () *#+ ,1

" -.#/012345
= , ,,#/(
+ ,11#678#)89:72345

Cerca de 90% dos painéis solares eléctricos instalados no mundo são feitos de
silício cristalino. Estes possuem uma eficiência de aproximadamente 13%. Existem
ainda fabricantes que produzem painéis em silício amorfo, que possuem uma
eficiência ainda mais baixa.

Analisando os custos dos módulos fotovoltaicos encontrados no mercado nacional,


foi escolhido o painel da Mitsubishi modelo UE125MF5N, de 125W de potência pico,
contendo módulos com 12,4% de eficiência.

Assim, para o cálculo da área de painéis necessária utiliza-se:

,.,,0;< = #=#$#>#$#1.000;2?@

, ,,?@
>= = 1 .0#?@
1, +%

A quantidade de painéis necessários é calculada abaixo:

CDEF #<FE #D E G F ,.,,0;<


AB = = = 1 #< FDKF
CDEF # #E #?H I 1,J;<2?H I

A área estimada ocupada pelos painéis é dada por:


99

L = 1 #< FDKF M 1 +"J? M 0 . +? = 1 ?@

5.2.4 Escolha do local para instalação dos módulos

Para a escolha do local de instalação dos módulos fotovoltaicos, foi utilizado o


programa Ecotect, pelo qual se simulou a incidência solar e o sombreamento gerado
pela caixa d´água do edifício nas áreas disponíveis da cobertura. A análise de
sombreamento da cobertura do edifício foi realizada para os períodos entre as 9 e às
17 horas, de maior incidência de radiação solar. Foi verificado o sombreamento de
cada mês, sendo o mês de junho o com maior sombreamento da cobertura e o de
dezembro o com menor sombreamento. Na figura 54 pode-se observar o modelo
tridimensional utilizado para a simulação da cobertura da tipologia V052 do conjunto
Rubens Lara. Já na figura 55 tem-se o resultado das simulações para os meses de
junho e dezembro.

Figura 54 - Modelo tridimensional da cobertura da tipologia V052 utilizado para simulação no


Ecotect
100

Figura 55 - Resultado da simulação da cobertura da tipologia V052 nos meses de junho e


dezembro, entre as 9 e 17 horas.

Nota-se que a maior incidência de sombreamento originado pelas platibandas e


caixa d´água ocorre no mês de junho, sendo o sombreamento deste mês utilizado
como parâmetro determinante para a escolha do local de implantação dos painéis.
Na figura 56, estão demarcados com hachura vermelha os locais escolhidos para
localização dos painéis, totalizando uma área de 25,6m², valor suficiente para dispor
os 18 painéis fotovoltaicos necessários.
101

Figura 56 - Local de implantação dos painéis fotovoltaicos (com hachura vermelha), com
sombreamento da cobertura durante o mês de Junho

5.2.5 Dimensionamento do inversor

Para se determinar a potência instalada de inversores, deve-se primeiro definir o FDI


(fator de dimensionamento do inversor) que será utilizado para o sistema de
módulos fotovoltaicos instalados. Este fator representa a relação entre a potência
nominal do inversor e a potência nominal pico dos painéis fotovoltaicos, ou seja, um
sistema com FDI igual a 0,7 com uma potência instalada de módulos de 1.000W,
utiliza-se um inversor com 700W de potência.

Pode-se observar, como indicado no gráfico da figura 57, que os inversores


apresentam valores maiores no parâmetro YF (que exprime a produtividade
kWh/kWp.ano), operando com um FDI de 0,6. Para valores de FDI superiores a 0,6
crescentes, percebe-se, para os diversos modelos de inversores analisados, que há
uma redução em YF e, consequentemente, uma redução na energia total gerada
para uma dada potência instalada. Deve-se observar que apesar do gráfico ser
referente à cidade de São Paulo, devido à proximidade de Cubatão, considera-se
que esta curva, devido ao caráter prático de sua aplicação, pode ser utilizada neste
caso.
102

Figura 57 - Gráfico da produtividade de sistema fotovoltaico conectado à rede (YF) em função


do tamanho relativo do inversor (FDI), para diversos inversores comerciais, para a cidade de
São Paulo.
Fonte: (MACÊDO, 2006)

Portanto, para o sistema projetado, será utilizado um FDI de 0,6 resultando na


potência de inversores calculada abaixo:

CDEF #FDN = CDEF #?H I M OPQ

CDEF #FDN = 1 M 1,J;< M 0 .# = 1.-,J;<

5.2.6 Dimensionamento da fiação

O dimensionamento dos cabos foi feito segundo os seguintes critérios: valores


mínimos de bitola, em mm², para se obter uma perda total por dissipação de energia
nos condutores de no máximo 2% da energia total produzida pelos módulos e
valores mínimos de bitola exigidos pela norma NBR 5410 – Instalações elétricas de
baixa tensão para condutores em circuitos de força.

Como primeiro passo, determina-se a máxima resistência elétrica admissível para


cada trecho do circuito, através da combinação da lei de Ohm e da fórmula de
potência dissipada, demonstradas a seguir:
103

S
R= #E ?TFD #E ?# = S M Q# → = R M Q@
Q

Onde:
R: Resistência elétrica, medida em Ohms ( )
P: Potência dissipada em Watts (W)
U: Diferença de potencial, em Volts (V)
I: Corrente elétrica, em Amperes (A)

O circuito foi dividido em dois trechos: dos painéis até cada inversor, operando em
corrente contínua, e do inversor até a central de medição predial, operando em
corrente alternada, admitindo 22,5W de perda de potência em cada um dos trechos
(1% do total de 2.250W gerados pelos painéis). Com a potência máxima dissipada
permitida e a corrente elétrica prevista para o trecho, determina-se a resistência
elétrica total de cada trecho, para, a partir desta, definir uma seção transversal
mínima para o conduto.

O cálculo da seção mínima de cada trecho do circuito pode ser determinado através
de fórmula que associa propriedades físicas e geométricas do material condutor:

W
R = #V M
>

Onde:

R: Resistência elétrica, medida em Ohms ( )


: Resistividade elétrica do cobre ( .mm²/m)
L: Comprimento do condutor em metros (m)
A: Área da seção do condutor (mm²)

O valor de resistividade utilizado foi considerado para uma situação de operação do


sistema, com condutos em uma temperatura de 70°C. O cálculo da resistividade é
determinado a partir da seguinte equação:

V = # VX M Y1 + Z M [ − [X \

Onde:

: Resistividade elétrica do cobre na temperatura θ ( .mm²/m)


ρ0 : Resistividade elétrica do cobre a 20°C (Ω.mm²/m)
: Coeficiente de variação da resistência em função da temperatura (°C-1)

Os resultados dos valores mínimos de seção transversal podem ser visualizados na


tabela 21, que contém o memorial de cálculo para determinação da bitola de cada
trecho do circuito.
104

Tabela 21 - Valores mínimos de seção transversal segundo a NBR 5410

Nota-se que a norma NBR 5410 é muito mais restritiva em relação à área da seção
do conduto, portanto esta definiu a bitola mínima admissível para estes, em 2,5mm².

5.2.7 Concepção do sistema

O sistema proposto para o edifício é composto por dois circuitos, cada um composto
por nove painéis fotovoltaicos de 125W e um inversor de frequência de 700W. Cada
circuito possui dois disjuntores termomagnéticos de 15A, um na parte alimentada por
corrente contínua e outro no trecho com corrente alternada. Os dois circuitos se
unem e possuem uma chave seccionadora para ambos, permitindo o desligamento
dos painéis da rede pública, de modo a permitir intervenções seguras em durante as
etapas de manutenção dos equipamentos. No apêndice 1, pode-se observar o
esquema multifilar do sistema projetado.

5.2.8 Instalação do Sistema

A instalação do sistema consiste basicamente das seguintes etapas

• Montagem dos suportes de fixação em aço galvanizado nas telhas de


fibrocimento, de acordo com o projeto específico de fixação.
• Fixação dos módulos solares no suporte de fixação.
• Interligação elétrica dos módulos solares em série, constituindo dois conjuntos
de painéis solares, cada um com potência máxima de 1.125Wp.
• Instalação dos inversores de conexão à rede elétrica, localizados no barrilete
do edifício, acondicionados em painel.
• Interligação dos painéis solares aos respectivos inversores.
• Instalação do medidor adicional para medição da energia gerada, localizado
no térreo.
• Interligação dos medidores à rede elétrica.
• Inicialização da operação do sistema e testes.

5.2.9 Componentes do sistema e custos

Modelo de painel utilizado

Os painéis utilizados possuem 36 células cada, de sílica policristalino, possuem


dimensões de 1.495x674x46mm, pesam 13,5 kg cada e possuem funcionamento
normal até a temperatura de 47,5°C.
105

A garantia máxima de geração de energia é de 25 anos. Garante-se 95% de sua


eficiência por 10 anos e 80% de sua eficiência por 25 anos.

A fabricante realiza diversos testes do produto tais como: teste de ciclo térmico, de
choque térmico, de isolamento elétrico, de impacto de graniza, resistência mecânica
de vento e torção, salinidade, exposição à água e luz e exposição no campo.

Segundo cotação realizada em dezembro de 2010, o fornecedor Go Nature oferece


o produto por R$ 1.299,00 cada painel com 125Wp, preço que será utilizado na
avaliação dos custos do sistema. Na figura 58 observa-se o painel fotovoltaico
escolhido.

Figura 58 - Painel fotovoltaico, da fabricante Mitsubishi


Fonte: site do fornecedor

Descrição do modelo de inversor utilizado

Os inversores autônomos, também chamados de off-grid inverter, são concebidos


para converter a energia acumulada em baterias em energia alternada para
alimentação de residências, sem ligação com a rede pública.

No caso do sistema escolhido para alimentação de energia do edifício do


Condomínio Rubens Lara é necessária a utilização de um inversor do tipo grid tie
inverter, que converte a energia produzida nos módulos para uma corrente alternada
além de sincronizar a frequência de acordo com a rede, no caso do Brasil 60Hz,
para que não ocorram efeitos indesejáveis no momento da “venda” da energia à
rede pública.

Considerando os tipos de inversores que podem ser encontrados no mercado, de


acordo com o dimensionamento demonstrado anteriormente, uma solução possível
seria a utilização de dois inversores Mastervolt Soladium 700 Grid-Tie Inverter,
ilustrado na figura 59.
106

Figura 59 - Inversor tipo grid tie – 700W, da fabricante Mastervolt


Fonte: site do fornecedor

Ficha técnica do inversor:

Temperatura de operação - 20 a 50 °C
Temperatura de armazenamento - 20 ° C a 70 ° C
Umidade relativa máxima de 95%
Para instalação em paredes,com bracadeiras inclusas.
Dimensões: 92 x 72x 225 mm
Peso: 2 kg
Garantia: 5 anos

Especificações de entrada do inversor:


Potência nominal: 700 W em corrente contínua
Potência de inicialização do sistema: 1 W em corrente contínua
Faixa de operação de voltagem: 35 – 150 V em corrente contínua
Corrente máxima: 8 A
Corrente maxima de curto circuito: 12 A
Possibilidade de se utilizar múltiplos inversores operando em paralelo.

Especificações de saída do inversor:


107

Potência nominal: 700 W em corrente alternada


Voltagem da rede: 230 V (185 – 264 V ajustável)
Frequência: 60 Hz (58 – 62 Hz ajustável)
Fator de potência: 0.99
Consumo em stand-by do aparelho: menor que 0,05 W
Eficiência maxima: 93%

Como esse tipo de sistema ainda não é permitido sem autorização da


concessionária, os valores encontrados nas páginas da internet de fornecedores do
Brasil são muito elevados em relação aos encontrados na Europa e EUA. Portanto,
para a análise de custos do sistema, será utilizado como premissa o fato dos
inversores serem importados, com a cotação da Libra a R$2,70 resultando num valor
estimado de R$1.800,00 para cada inversor.

Suporte

Os suportes para os módulos fotovoltaicos devem ser feitos em material


anticorrosivo, assim como o ferro galvanizado e o alumínio. Devem resistir a ventos
de até 150km/h e estar aterrado eletricamente.

O suporte dimensionado para o sistema é composto de duas hastes de 60 cm, duas


hastes de 20 cm e outras duas de 10cm.

De acordo com os preços praticados no mercado serão utilizadas hastes de ferro


galvanizado, garantindo os menores custos para o sistema.

Estima-se que os custos com as hastes, porcas, isolamento e mão de obra para
confecção do suporte sejam de R$300,00.

Cabeamento e eletrodutos

Segundo Orlando Lisita, os cabos escolhidos devem ser do tipo que limite ao
máximo a queda de tensão. Devem ser unipolares, possuir duplo isolamento, estar
separados por polos e em eletrodutos separados, além de serem dotados de um
isolamento para o funcionamento em temperaturas elevadas, diminuindo a
probabilidade de ocorrência de um curto circuito.

Vale ressaltar que a norma brasileira NBR 5410 menciona a diminuição da


capacidade de corrente elétrica em elevadas temperaturas. Considerando o sistema
onde as temperaturas podem ultrapassar os 50°C, a capacidade se limita a 40%
daquela a 30°C.

O comprimento total da fiação é de 100m. Será utilizado o cabo flexível encontrado


na loja Nardini Elétrica: R$73,00 o rolo de 100m (750V). Para evitar a falta de cabo
devido a um possível desperdício na instalação, serão contabilizados dois rolos na
análise de custos.
108

Considera-se a compra de 2 rolos de 50m de eletroduto da marca TIGRE,


encontrado por R$85,00 cada.

Relógios de medição

Países como Alemanha, Japão e Estados Unidos e Espanha, os quatro com maior
potência acumulada instalada de painéis fotovoltaicos no mundo, possuem
programas de incentivo fiscal e de regulamentação específica para a geração de
energia fotovoltaica interligada à rede pública. Já no Brasil, medidores disponíveis
no mercado geralmente giram em somente um sentido ou possuem uma trava para
evitar que sejam bidirecionais. A escolha do tipo de medidor utilizado pode ser feita
utilizando os seguintes critérios:

• Medidores bidirecionais: Utilizados em locais onde a tarifa de compra e de


venda de energia são iguais, onde o “saldo” de energia comprada ou vendida
no fim do mês permite definir o valor da tarifa a ser paga ou recebida.

• Medidores unidirecionais: Adequados para locais com tarifação de compra e


venda diferenciadas, ou seja, o valor do kWh vendido à concessionária é
diferente do valor do kWh dela comprado. Neste caso, um relógio mede a
energia consumida e a partir desta se gera uma tarifa a ser paga, enquanto
outro relógio mede a energia produzida que é inserida na rede pública para se
gerar outra tarifa, que deverá ser recebida pelo produtor.

Atualmente, no Brasil, existe a Resolução 112 da ANEEL, de 1999, que estabelece


os requisitos necessários à obtenção de Registro ou Autorização para a
implantação, ampliação ou repotenciação de centrais geradoras termelétricas,
eólicas e de outras fontes alternativas de energia, porém esta ainda é muito ampla e
não estabelece a regulamentação de tarifas cobras pela geração e venda de energia
por estas fontes.

Optou-se pela instalação de um novo medidor para se medir a energia produzida


pelos painéis, podendo este ser utilizado assim que entre em vigor a
regulamentação das tarifas de venda de energia fotovoltaica, sendo aplicável tanto
para tarifas iguais quanto para tarifas diferenciadas.

O medidor atotado é trifásico 220V da FAE, encontrado no mercado por R$370,00.


109

Figura 60 - Medidor de energia


Fonte: site do fornecedor FAE

Fusíveis e disjuntores

Com o objetivo de promover a segurança do sistema, além de um funcionamento


adequado, faz-se necessário a instalação de fusíveis entre os módulos e os
inversores, além de disjuntores.

Os fusíveis podem ser colocados em uma caixa adaptada e estima-se um custo de


R$200,00.

O disjuntor escolhido foi o termomagnético, por ser um sistema que pode apresentar
temperaturas elevadas.

Figura 61 - Disjuntor termomagnético tripolar da Soprano


Fonte: site do fornecedor

Será utilizado um disjuntor com capacidade de interrupção de 22kA em 220V da


marca Soprano, encontrado no mercado pelo preço de R$182,00.

5.2.10 Análise comparativa dos custos do Sistema Dimensionado X Compra de


energia da distribuidora local
110

Considera-se na ausência do sistema fotovoltaico para a alimentação das bombas


de recalque e iluminação de áreas comuns um consumo de 245 kWh/mês, numa
tarifa B1 (Residencial baixa renda) que corresponde a R$0,27443/kwh + impostos,
segundo site da Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, para a região
metropolitana de São Paulo, tarifa vigente de 04/07/2010 a 03/07/2011.

Os impostos incidentes na conta de energia elétrica são: Imposto sobre circulação


de mercadorias (ICMS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS), Programa de Integração Social, (PIS/PASEP) o que totalizam uma
cobrança de R$0,3760/kwh.

Estima-se, baseado na evolução dos valores das tarifas, um aumento real de 1% ao


ano, que também será considerado na análise de custos.

Para a análise dos custos do sistema de geração de energia proposto serão


adotadas as seguintes premissas:

• Módulos fotovoltaicos: 18 placas = R$ 23.382,00


• Inversores grid tie: 2 inversores = R$3.600,00
• Custo do suporte = R$300,00
• Custo de um relógio de medição extra = R$370,00
• Cabeamento e eletrodutos = R$ 316,00
• Fusíveis de proteção entre módulos e inversores = R$200,00
• Disjuntor termo magnético = R$182,00
• Mão de obra = R$700,00
• Custo total de implantação do sistema = R$29.050,00

• Custo de manutenção periódica = R$100,00 a cada três meses

A tabela 22 exprime o fluxo de caixa anual que compara os custos do sistema


fotovoltaico, confrontados com a redução de tarifa de energia elétrica produzida pela
utilização do sistema. Observa-se que o valor acumulado dos custos do sistema
fotovoltaico somente se torna menor do que os gastos acumulados com energia sem
o sistema no trigésimo primeiro ano. Nesta data a vida útil do sistema já se esgotou,
e se pode concluir que, para o edifício escolhido do condomínio Rubens Lara, um
sistema que utilize preços usuais do mercado não é viável para alimentar as bombas
de recalque e a iluminação das áreas comuns, levando em conta o ponto de vista
estritamente econômico.
111

Tabela 22 - Fluxo de caixa comparando custos com e sem sistema fotovoltaico

O valor encontrado para os módulos, mesmo sendo o melhor do mercado, é muito


elevado e inviabiliza o sistema. Para que o retorno do investimento do sistema se dê
no décimo quinto ano, o valor dos painéis de 1m² não pode ser superior a R$440, o
que representa cerca de 34% do valor orçado para o painel escolhido.

5.2.11 Conclusão sobre o uso dos painéis fotovoltaicos

O sistema fotovoltaico dimensionado para o edifício do Conjunto Residencial Rubens


Lara com o objetivo eliminar os custos de condomínio com energia elétrica constitui-
112

se uma alternativa limpa, renovável, silenciosa de grande apelo social. Porém o


sistema enfrenta uma barreira econômica bastante relevante, como descrito na
análise comparativa de custos.

Para que a ideia do presente trabalho seja concretizada, existe a necessidade de


maiores investimentos por parte da CDHU, o que implicaria numa redução do
número de famílias atendidas pela Companhia. Considerando o déficit habitacional
brasileiro, esse investimento em energia fotovoltaica provavelmente não será
viabilizado caso sejam mantidas as condições tributárias para os fabricantes e
importadores dos componentes do sistema.

Segundo o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, Roberto Zilles,


40% do preço final da célula voltaica corresponde a produção e purificação do silício
e estão sendo realizados esforços promissores pela indústria de silício semi-
condutor para a produção do silício solar, que exige uma menor pureza do que o
metalúrgico, podendo reduzir significativamente os custos dos módulos fotovoltaicos.
Em novembro de 2008 foi instituído pela Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, o Grupo de Trabalho
sobre a Geração Distribuída com Sistemas Fotovoltaicos, com o objetivo de estudar
políticas de incentivo a essa tecnologia. A proposta de uma tarifa-prêmio associada
a uma política de desenvolvimento da indústria brasileira pode-se mostrar mais
eficiente do que a isenção do Imposto de Importação para componentes do sistema
fotovoltaico.

Os custos da geração de energia pelo sistema proposto tendem a uma redução


significativa quando o desenvolvimento técnico for associado a uma política efetiva
de incentivo à produção de energia fotovoltaica. Apostando nessa redução de
custos, a adoção desse sistema nas habitações da CDHU pode atingir um patamar
economicamente viável daqui alguns anos.
113

5.3 Reuso de água cinza

5.3.1 Economia de água com reuso de água cinza

A utilização de água cinza tratada para fins não potáveis consiste em recircular a
água pelo sistema, otimizando sua utilização e destinando um produto menos nobre
a utilizações que não demandam maior qualidade em seu uso.

“O uso de água recuperada para fins não potáveis oferece o potencial para
exploração de um “novo” recurso, que pode ser substituir fontes potáveis existentes.”
(EPA - U. S. ENVIROMENTAL PROTECTION AGENCY, 2004)

O termo água cinza refere-se ao efluente de aparelhos sanitários como chuveiros,


banheiras, lavatórios, tanques, máquinas de lavar roupas, pias e similares. Na
literatura encontra-se a divisão entre água cinza clara e escura, onde a água cinza
clara refere-se ao efluente de aparelhos com menor carga química e orgânica e
água cinza escura ao efluente de aparelhos com maior carga química e orgânica.
Neste trabalho é estudado exclusivamente o efluente de chuveiros e lavatórios,
considerado como água cinza clara, denominado apenas água cinza.

Existe também o efluente de bacias sanitárias, denominado água negra,


caracterizado por possuir maior carga orgânica e química que a água cinza.

O projeto é composto por uma estação de tratamento de esgoto que trata o efluente
de quatro edifícios de quatro andares tipo mais térreo, a ser armazenado e utilizado
em bacias sanitárias, lavagem de áreas comuns e irrigação do paisagismo. São
feitas alterações nos projetos originais do edifício, inserindo as tubulações e
reservatórios necessários à implantação do sistema.

5.3.2 Legislação brasileira sobre reuso de água em edifícios

A legislação brasileira pouco regulamenta a utilização de sistemas de reuso de água


tratada em edifícios. Foram levantados informações e parâmetros em cinco
documentos:

• NBR 13.969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e


disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação.
• Documento “Conservação e Reúso da água em edificações” do Sinduscon-
SP.
• Portaria N.º 518 do Ministério da Saúde, de 25 de março de 2004.
• Guidelines for Water Reuse da U. S. Environmental Protection Agency.
• Resolução N.º 357 do Ministério do Meio Ambiente e do Conselho Nacional
do Meio Ambiente, de 17 de março de 2005.
114

A NBR 13.969 define quatro classes de utilização de efluentes tratados, divididas


pela qualidade necessária. Deve-se realizar o tratamento atendendo os requisitos do
uso mais restritivo previsto. As classes são as seguintes:

• Classe 1: lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do


usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador,
incluindo chafarizes.

• Classe 2: lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção


dos lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes. Nesse nível é
satisfatório um tratamento biológico aeróbio (filtro aeróbio submerso ou LAB)
seguido de filtração de areia e desinfeção.

• Classe 3: reuso nas descargas dos vasos sanitários.

• Classe 4: reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e


outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação
pontual.

O sistema projetado tem como uso mais restritivo a classe 2.

O Sinduscon-SP divide os usos em apenas duas classes:

• Classe 1: descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos e fins ornamentais


(chafarizes, espelhos de água etc.); lavagem de roupas e de veículos.

• Classe 2: lavagem de agregados; preparação de concreto.

A tabela 23 resume os parâmetros exigidos por esses documentos.

NBR 13.969 SINDUSCON EPA-Reúso CONAMA


Parâmetros
(classe 2) (classe 1) urbano 357/05
Coliformes fecais(NMP/100mL) < 500 Não detectáveis ND 1,00E+03
Coliformes totais (NMP/100mL) 5,00E+03
pH Entre 6,0 e 9,0 6a9 6a9
Cor (UH) ≤ 10 UH
Turbidez (UT) <5 ≤ 2 UT <2 100
Odor e aparência Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/l) ≤ 1 mg/l
DBO(mg/l) ≤ 10 mg/l < 10 <5
Compostos orgânicos voláteis Ausentes
Nitrato (mg/l) < 10 mg/l
Nitrogênio amoniacal (mg/l) ≤ 20 mg/l
Nitrito (mg/l) - NO² ≤ 1 mg/l
Fósforo total (mg/l) ≤ 0,1 mg/l
Sólido suspenso total (SST) (mg/l) ≤ 5 mg/l
Sólido dissolvido total (SDT) (mg/l) ≤ 500 mg/l
Cloro resídual (mg/l) > 0,5mg/L
OD (mg/l) >5
Cloretos (Cl- mg/l) 600 250
Tabela 23 - Parâmetros exigidos para água de reúso
115

Além dos parâmetros descritos, o documento do Sinduscon-SP estabelece que, para


o uso desejado para este projeto, o efluente tratado não deve:

• apresentar mal cheiro;


• conter componentes que agridam as plantas ou que estimulem o crescimento
de pragas;
• ser abrasiva;
• manchar superfícies;
• propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à
saúde humana.
• deteriorar os metais sanitários

5.3.3 Água cinza bruta

As propriedades da água cinza bruta varia de região para região e também entre
diferentes tipos de usuários. A água cinza clara, proveniente, por exemplo, de
chuveiros e lavatórios, possui menor carga química e orgânica que a água cinza
escura, efluente, por exemplo, de pias de cozinhas e máquinas de lavar pratos, que
liberam restos de alimentos.

O presente trabalho utiliza apenas água cinza clara, proveniente dos chuveiros e
lavatórios dos andares tipo, tratando-a em uma estação de tratamento de esgoto
compacta que recebe o efluente de quatro edifícios e, após o tratamento, recalca a
água cinza tratada para reservatórios superiores específicos de cada edifício. A água
é utilizada na descarga de bacias sanitárias, lavagem de áreas comuns e irrigação e
paisagismo.

Não há na literatura propriedades da água cinza estabelecida. Estudos empíricos


foram realizados para conseguir dados que permitam verificar a necessidade de
tratamento para posterior reúso, além de poder precisar qual o tipo de tratamento
necessário. Na tabela 24 apresentam-se resultados de dois estudos empíricos
realizados:
116

MAY FIORI, FERNANDES E PIZZO


Amostra 3
Amostra 1 Amostra 2
Máximo Mínimo Média (S/ crianças e s/
(Com crianças) (Com animais)
animal)
Coliformes fecais (NMP/100ml) 5,68E+03 5,96E+05 1,26E+05
Coliformes totais (NMP/100ml) 1,60E+04 1,10E+03 4,50E+03 6,40E+05 5,92E+06 5,39E+06
Coliformes termotolerantes
1,60E+04 1,10E+03 4,50E+03
(NMP/100ml)
pH 6,8 5,9 6,4 7,37 6,94 7,09
Alcalinidade (mg/l) 13 6 9
Cor (UH) 990 uC 240 uC 642 uC 328,63 243,43 247,13
Turbidez (UNT) 160 34 85 328,63 243,43 247,13
Odor e aparência
Óleos e graxas (mg/l) 140 82 114,8 16,9 13,53 17,93
DBO (mg/l) 255 105 181 324 299,33
DQO (mg/l) 690 295 390 664,33
Nitrogênio amoniacal (mg/l) 23,2 3,1 11,3
Sólidos totais ST (mg/l) 550 210 303
Sólido suspenso total (SST) (mg/l) 191 41 88 182,67 122,67 152,67
Sólido dissolvido total (SDT) (mg/l) 359 143 215
Sólidos sedimentáveis (ml/l) 0,15 0,1 0,1
OD (mg/l) 3,21 2,96 3,04
Surfactantes (mg/l) 3,86 3,89 3,67
Contag. Bactérias (UFC/ml) 4,43E+05 2,33E+05 2,92E+06
Cloretos (Cl- mg/l) 35 14 23,1 33,07 50,5 71,43
Dureza Total (CaCO3 mg/l) 22 4 9,6 4,35 10,55 19,6
Condutividade (μs/cm) 290 80 178 155,07 125,7 195,67
Cálcio (mg/l) 10,2 2,3 5,8
Magnésio (mg/l) 1,2 0,5 0,9
Sulfatatos (mg/l) 80 10 47,5
NKT - nitrogênio total Kjeldhal (mg/l) 30,8 8,7 17,4
COT - carbono orgânico total (mg/l) 135 46,6 82,5
Tabela 24 - Propriedades de água cinza bruta de chuveiros e lavatórios
Fonte: (MAY, 2009)

No estudo realizado por Simone May (2009), foi instalado um contêiner, com
diferentes aparelhos sanitários, cujos efluentes eram segregados em diferentes
reservatórios para se estudar suas propriedades específicas. Voluntários foram
selecionados buscando-se diversidade, entre eles homens, mulheres, crianças e
idosos, para simular a realidade da população. A tabela 24 resume os valores
máximos, médios e mínimos para efluente de chuveiros e lavatórios encontrados
pela autora. A figura 62 ilustra os reservatórios usados para coletar água cinza.

Figura 62 - Reservatórios onde as águas eram coletadas separadamente


Fonte: (MAY, 2009)
117

O estudo realizado por Simone Fiori, Vera Maria Cartana Fernandes e Henrique
Pizzo (2005) coletou amostras de nove apartamentos, representativos da população
de Passo Fundo, RS. Os apartamentos foram divididos em “com crianças”, “com
animais” e “sem crianças e sem animais”, sendo realizadas amostras em três de
cada tipo. O efluente foi coletado exclusivamente de chuveiros.

Ambos os estudos foram realizados em ambientes semelhantes ao encontrado no


presente estudo, e, portanto é possível considerar as propriedades medidas como
representativas das que serão encontradas nos edifícios do Residencial Rubens
Lara.

5.3.4 Consumo de água

A principal vantagem do reúso de água cinza tratada é a diminuição do consumo de


água potável. O volume per capita consumido varia de região para região e entre
classes sociais e culturas diferentes. Um número muito utilizado como consumo
médio de uma residência no Brasil é de 150 litros por habitante. Neste estudo,
considera-se que o edifício, com 20 apartamentos, possua 4 habitantes por
apartamento. A tabela 25 resume o consumo de água no edifício estudado; a tabela
26 estima a utilização diária de água por aparelho sanitário; a tabela 27 define a
utilização de água nas áreas comuns; a tabela 28 resume o volume diário de água
com possível substituição para água cinza tratada; a tabela 29 resume o volume
diário de água a ser tratada para reúso.

Estimativa de consumo de água (HIS) 150 l/pessoa/dia


população do edifício 80 pessoas
consumo diário de água 12 m³
consumo mensal de água 360 m³
Tabela 25 - Consumo de água
Fonte: (PCC-2465, 2009)

Classif.
Uso usos/dia acion. (min) vazão (L/min) consumo (L) contribuição
Água
vaso sanitário 5 6,8 34 29% negra
chuveiro 1 9 8 72 62% cinza
lavatório 5 0,5 6 3 3% cinza
pia cozinha 1 0,5 6 3 3% negra
lavagem-roupas 1 4 4 3% cinza
Tabela 26 - Consumo de água por aparelho sanitário
Fonte: (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2009)
118

frequência mês dias litros/m² consumo população consumo contribuição


Uso área (m²) contribuição
lavagem/rega correspondente /dia (litros) média litros/pessoa/dia pessoa
Lavagem pisos
90000 4 0,1333 0,5 6000,0 39,01% 7360 0,815 30%
externos
Áreas de
circulação/escadas
(V052) 125,52 4 0,1333 1 16,7 0,11% 80 0,209 8%
Área de convivência 231,84 4 0,1333 1 30,9 0,20% 80 0,386 14%
Irrigação do
paisagismo/jardins 35000 4 0,1333 2 9333,3 60,68% 7360 1,268 47%
consumo total áreas
15381,0 2,679 100%
comuns
Tabela 27 - Consumo de água nas áreas comuns
Fonte: (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2009)

litros/ pessoas/
Demandas litros/ dia m³/dia m³/mês
pessoa/dia edifício
Áreas
2,7 80 214 0,214 6,4
externas/comuns
Áreas privativas
(bacias sanit.) 34,0 80 2720 2,720 81,6
Total demandado 2934 2,934 88,0
Tabela 28 - Resumo da demanda de água em usos passíveis de substituição por água cinza
tratada

litros/ pessoas/
Ofertas litros/ dia m³/dia m³/mês
pessoa/dia edifício
Chuveiros 72,0 80 5760 5,760 172,8
Lavatórios 3,0 80 240 0,240 7,2
Total ofertado 75,0 160 6000 6,000 180,0
Tabela 29 - Resumo da oferta de água a ser tratada para reúso

Percebe-se que o volume ofertado de água cinza a ser tratada para utilização
(180m³/mês) é maior que o volume necessário para utilização em bacias sanitárias e
áreas comuns (88m³/mês). Isso é interessante por garantir uma segurança devido a
diferenças previstas entre os volumes de consumo nos aparelhos e as de fato
apresentadas. A água excedente durante a operação pode facilmente ser
descartada na rede pública de esgoto.

5.3.5 Estação de tratamento de esgoto

Devido ao pequeno volume de água a ser tratada, a estação de tratamento de


esgoto deve ser compacta. Muitas empresas apresentam soluções comerciais
aplicáveis, com diferentes tecnologias e preços. Após levantamento no mercado,
optou-se por utilizar um sistema fornecido pela Infinitytech. Trata-se de uma estação
de tratamento composta por tanque de equalização, reator aeróbico com tecnologia
de leito móvel (Moving Bed Process), tanque de sedimentação, filtro de areia
(zeólita), filtro de carvão ativo, sistema de cloração e reservatório de lodo.
119

• Tanque de equalização – Possui função de coletar a água cinza bruta e


garantir a regularidade no fornecimento para o sistema de tratamento.

• Reator aeróbico - A tecnologia de Leito Móvel (Moving Bed Bio Reactor)


aliada ao processo de biodegradação aeróbia, com aeração contínua dos
reatores através de compressores radiais. “O biorreator degrada por oxidação
a matéria orgânica dissolvida, produzindo dióxido de carbono que é liberado
para o ar, água que se incorpora ao sistema e ainda biomassa (lodo ativado).
Uma biomedia dentro do reator, constituindo-se em milhares de anéis
plásticos livres e flutuantes (Moving Bed Process), promove uma extensa
superfície de contato, que serve simultaneamente para fixar e acumular a
biomassa. O reator tem de 33 a 67% de seu volume preenchido com a
biomedia (Suportes Plásticos – Leito Móvel), dependendo da eficiência
desejada de projeto para suportar altas cargas orgânicas. Os suportes
plásticos oferecem uma superfície de 500 m²/m³ do reator para
desenvolvimento dos microrganismos.” (INFINITYTECH, 2008)

• Tanque de sedimentação – Após o processo de aeração, o efluente vai para o


tanque de sedimentação onde, por ação da gravidade, é depositado no fundo
e através de uma bomba de retorno de lodo, ativada periodicamente por um
temporizador, é escoado para o reservatório de lodo em estado líquido (até
1% de sólidos). Quando necessário, o efluente deve ser retirado por um
caminhão tipo limpa fossa, normalmente a cada dois meses. Caso seja
necessário, podem ser adicionados polímeros auxiliares nesse estágio, com o
objetivo de aumentar a sedimentação.

• Sistema terciário – O sistema terciário é composto pelos filtros de Zeólita


(alumínio-silicatos com alta capacidade de adsorção), e de carvão ativo. Isso
garante ao efluente a qualidade no que se refere a turbidez e cor.

• Sistema de desinfecção – É utilizada a adição de cloro para garantir a


desinfecção do efluente.
120

Figura 63 - Equipamento em utilização


Fonte: (INFINITYTECH, 2008)

Figura 64 - Equipamento em utilização em área aberta, protegido apenas por uma cobertura
Fonte: (INFINITYTECH, 2008)

As figuras 63 e 64 mostram o equipamento proposto em funcionamento em outra


edificação. Esse equipamento tem o nome comercial DAS/EEC High-Speed
5CON2STEEL20S ESP. Processa até 20m³/dia e, segundo o fornecedor, garante
até 90% de eficiência.

A implantação do sistema está descrita no projeto Implantação da estação de


tratamento de água cinza, referente ao apêndice 2.
121

5.3.6 Implantação do sistema de reúso de água cinza tratada

Para implantação do sistema foram necessárias algumas modificações no projeto


original do edifício. Para garantir o fornecimento de água cinza tratada durante um
dia, mesmo com a interrupção do sistema de tratamento, foi prevista a instalação de
dois reservatórios inferiores à jusante do tratamento, na área central reservada para
o sistema de tratamento, e um reservatório superior adicional em cada edifício
abastecido. Obedecendo ao critério de dimensionamento proposto em (PCC-2465,
2009), 60% do volume necessário em um dia é armazenado em dois reservatórios
inferiores de 4.000 litros cada e 40% em quatro reservatórios superiores (um em
cada edifício) de 1.000 litros cada (volumes de reservação aproximados para valores
encontrados no mercado), posicionados juntos com os reservatórios de água potável
dos edifícios.

Foi feita a opção por centralizar o tratamento de esgoto de quatro edifícios para
diminuir o custo do tratamento, dividindo por quatro o custo de implantação de uma
estação que custa pouco mais do que uma com capacidade para tratar o efluente de
apenas um edifício. Devido à distribuição dos edifícios analisados, que se situam
próximos uns dos outros, o custo de tubulações para levar a água cinza bruta até o
tratamento e para levar a água tratada até os reservatórios superiores é pequeno em
comparação com a economia de escala proporcionada por centralizar o sistema.

Em cada edifício as mudanças nos andares tipo foram pequenas:

• Separação do esgoto proveniente das bacias sanitárias, que se juntava com o


esgoto do ralo sifonado em apenas um tubo de queda, em dois tubos de
queda, um para a bacia sanitária, com diâmetro igual ao original, de 100mm
e, um tubo de queda exclusivo para o ralo sifonado, com diâmetro de 50mm,
que coleta água dos lavatórios e chuveiros. Ambos conectam-se ao tubo de
ventilação.

• Adição de novo reservatório, propriamente sinalizado sobre a não


potabilidade da água, de material plástico, com 1.000 litros de capacidade.
Interligado aos reservatórios inferiores de água tratada, com sistema de
recalque acionado por um automático-boia, e interligado com o sistema de
água potável, controlado por um registro gaveta apenas para caso de falha no
abastecimento. A ligação é feita por uma tubulação que liga o topo do
reservatório de água potável com o topo do reservatório de água tratada, que
é mais baixo que o de água potável, evitando assim que haja fluxo do
reservatório de água tratada para o potável.

• Adição de tubulações de água tratada, totalmente segregada do sistema de


água potável, devidamente sinalizada, pintada de roxo como recomendado
em (EPA - U. S. ENVIROMENTAL PROTECTION AGENCY, 2004). Toda a
tubulação possui 25 milímetros de diâmetro.
122

Não há medição de água tratada para os edifícios, pois a mesma já é cobrada,


através de leituras em medidores individuais, quando no estado de água potável. A
água cinza tratada é simplesmente uma recirculação dessa água, após tratamento.

Na área comum, central aos edifícios estudados, foi prevista a instalação da E.T.E.
em abrigo, com base de concreto armado para suportar o equipamento, gradil com
portão de acesso trancado para garantir a entrada somente de pessoas autorizadas
e cobertura em telha de fibrocimento. Trata-se de uma instalação simples e barata
para garantir a proteção do equipamento contra intempéries e acessos indevidos.

O caminhamento da tubulação de coleta de água cinza bruta deve ser feito com
tubulação branca de PVC, de 100 milímetros, declividade mínima de 1% como
recomendado em (PHD 2412, 2009), com o uso de caixas de inspeção em
mudanças de direção e reunião de coletores, estabelecendo como profundidade
mínima 30 centímetros.

A bomba de recalque escolhida é descrita no próximo capítulo.

5.3.7 Escolha da bomba de recalque

Para a escolha da bomba, há duas partes a se considerar. Primeiro, determinada a


vazão, deve-se determinar a tubulação que atenda aos critérios da NBR 5.686.
Segundo, a partir deste diâmetro, calcula-se a perda de carga total, a curva de
vazão, e finalmente o ponto de equilíbrio com o funcionamento de uma bomba.

Escolha do diâmetro da tubulação

Devido à baixa vazão, e modesta altura a ser vencida em cada edifício, decidimos
colocar apenas uma bomba, alimentando os 4 ramais que vão até os edifícios, e
alimentam as caixas d’água superiores. Cada caixa d’água tem uma boia que
bloqueia a vazão caso esteja cheia, e a bomba tem um medidor de vazão. Se não
houver vazão, a bomba desliga.

Nesta configuração, quase toda a tubulação é de recalque. Há uma pequena parte


de alimentação da bomba, de pequeno comprimento, desde o reservatório a jusante
da E.T.E.

As considerações significativas são:

• Há uma vazão máxima, quando apenas uma caixa d’água está sendo
enchida, de 4m³/h.
• Há uma condição de funcionamento onde as 4 caixas d’água estão sendo
enchidas, com vazão de 1m³/h cada.

De acordo com a fórmula de Forchheimer,

P =1-M_ M `a, onde:


+
E E
123

Qrec=1m3/h=0.00028m3/s, e

Ab - ! #cIDEF D D
a= = = 0 1,J
,+ ,+ ! #D # F

Drec=12,88mm

Entretanto, de acordo com a NBR 5686, a velocidade de escoamento em uma


tubulação não deve exceder 3m/s. Portanto, no tubo com vazão de 4m³/h:

+
d= = .0 M .0 = -?2
> P k
e M f ghi j
,

Dmin=21,7mm

D max(Dmin,Drec)=25mm (primeiro diâmetro comercial)

Cálculo da Perda de Carga

De acordo com a fórmula de Fair Whipple-Hsiao para pequenos diâmetros, tem-se


que, para tubos de PVC, com água a 20°C:

1 m no
m no f j
l = 0 000 J M = 0 000 J M .0 M .0p.no = , 0 M 10qk ?2?
Pp no ,J
f j
1000

∆s = l M Wth u , onde:

Lvirtual=Lreal+Lsingularidades 1,5MLreal=1,5M90=135m

∆s = , 0 M 10qk M 1-J? = , "?

Para a altura manométrica, tem-se:

s? ED = ∆v + ∆s = ,0 + , " = ,, "? ≈ ,-?, onde:

Δz=altura geométrica a ser vencida.

Escolha da Bomba

Seguindo a metodologia adotada em (MELLO & YANAGI), usa-se o H calculado


para determinar o coeficiente k, que é usado para construir a tabela de vazões.

s? D = ∆v + ∆s = ∆v + M 1 J
124

1-J -?
= 0 000 J M ≈ = + +- M 10o
0 0,J p no 0.000, m no

Desta maneira, pode-se construir uma tabela relacionando Hman com Q, como
mostrado na tabela 30.

3 3
Q (m /h) Q (m /s) Hman (m)
- - 20.00
0.50 1.39E-04 20.08
1.00 2.78E-04 20.27
1.50 4.17E-04 20.54
2.00 5.56E-04 20.89
2.50 6.94E-04 21.32
3.00 8.33E-04 21.81
3.50 9.72E-04 22.37
4.00 1.11E-03 23.00
4.50 1.25E-03 23.69
5.00 1.39E-03 24.43
Tabela 30 - Relação entre vazão na tubulação e carga transferida pela bomba ao fluido

A partir destes dados, partiu-se para a escolha da bomba. O objetivo era encontrar a
bomba mais econômica que pudesse oferecer valores próximos da perda de carga
necessária, próximo da vazão de 4m³/h.

A bomba escolhida foi da fabricante Dancor, modelo CAM W-10, de 3/4cv. Esta foi a
menor bomba dentre as estudadas, e alcançou uma vazão de equilíbrio de 4,1m³/h,
e Hman de 23,2m conforme figuras 65 e 66.
125

Figura 65 - Gráfico Q x Hman para escolha da bomba


126

Figura 66 - Curvas do fornecedor (Dancor) das diferentes potências da bomba CAM W-10
Fonte: (DANCOR)

Verificação da Bomba

Potência Utilizada

A potência necessária é determinada matematicamente pela seguinte fórmula:


127

xMyMz
A= , onde:
noM{

N= potência (CV)

|= peso específico da água (kg/m3)=9.777kg/m3 a 25oC,

Q= vazão total = 4m3/h = 0,00028m3/s,

H= Hman=22,91m,

== redimento (tabelado) 41%

Resultando em:

N=0,81CV

Verificação de NPSH

Para evitar a cavitação, deve-se ter NPSHdisponível > NPSHrequerido. O NPSHrequerido é


tabelado pelo fabricante, e neste caso é de aproximadamente 0,4m.

NPSHdisponível = Hatm – Hs – Hv - ΔHs, onde:

Hatm = Patm/#|= 10,33m (tabelado),

Hs = altura de sucção = 0m,

Hv = pressão de vapor da água em função da temperatura = 0,33 (tabelado),

ΔHs = perda de carga na linha de sucção 0m (desprezível).

Assim:

NPSHdisponível = 10,33-0,33=10m > NPSHrequerido (OK! Não haverá cavitação)

Verificação da perda de carga do reservatório até a coluna mais distante

Cálculo da vazão

•h k
= • #. €• Dh #. ‚ ƒ
}~

0 1J k 0, k
= 0 -#. €,0#. ‚ ƒ + +#. ‚ ƒ = 0 #2
}~
0- 0-
128

}~ = Vazão considerada no ponto estudado;


• = vazão de referência = 0,3 l/s;
Dh = número de aparelhos sanitários do tipo i;
•h = vazão unitária do aparelho do tipo i
• (bacia sanitária) = 0,15 l/s; • (torneira de jardim) = 0,20 l/s;
m no
l = 0 000 J#.
Pp no

0 000+1m no
l = 0 000 J#. = 0 0,J#?2?
0 0,1.p no

Wth u =W + W„hi… ≅ W #. 1 J = +- 1 #. 1 J = .+ ?

‡s = l#. Wth u = 0 0,J#. .+ = 1 .0?

Ou seja:

s = ‡v − ‡s = "0 − 1 .0? = . -0#? > J#?# → ‰Š

Obs - valores estimados para cima, por utilizar a vazão total em trechos após
ramificações.

5.3.8 Estudo de viabilidade financeira

O cálculo dos custos do sistema de reúso de água cinza projetado foi feito
levantando-se as quantidades de tubos, conexões e equipamentos necessários e
seus respectivos preços praticados no mercado.

As propostas de estações de tratamento compactas estudadas são resumidas na


tabela 31, sendo-se optado pelo equipamento da Infinitech, que apresentava menor
custo (R$134.000,00) e melhores características do efluente tratado
129

ALPINA SANEAMENTO INFINITYTECH / ACQUA


DESCRIÇÃO UN MIZUMO MIZUMO
S.A SYSTEMS

MB 20 – SISTEMA MB 30 – SISTEMA
HORIZONTAL HORIZONTAL
Retorno de Lodo Retorno de Lodo
Sistema DAS/EEC High-Speed Automatizado (Reatores Automatizado (Reatores
Estação compacta de tratamento de ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
5CON2STEEL20S ESP, anaeróbios + Filtro aeróbio anaeróbios + Filtro aeróbio
efluente sanitário incluindo sistema de (ET) COMPACTA AEROX® –
completo com sistema submerso + Decantador submerso + Decantador
reuso 500 – Reúso de Águas Cinzas
terciário para reuso secundário + Desinfecção por secundário + Desinfecção por
cloro + Soprador de ar + Painel cloro + Soprador de ar + Painel
de comando) de comando)

VAZÃO EFLUENTE MÉDIA A SER


TRATADA
m³/dia 54 20 20 30

DBO mg/L 300 500 400 400

DBO GARANTIDO APÓS O


TRATAMENTO
mg/L 30 20 40 40

VALOR ANUAL DA MANUTENÇÃO R$8.400,00 R$3.558,00 R$6.900,00 R$6.900,00

VALOR TOTAL EQUIPAMENTO R$225.500,00 R$134.000,00 R$119.100,00 R$152.100,00

Tabela 31 - Propostas comerciais de estações de tratamento de água cinza

O preço dos materiais necessários ao sistema, com suas respectivas quantidades,


encontram resumidos na tabela 32.
Preco Unitario
Componente Quantidade Unidade Total (R$) Link
(R$)
ETE 1 uni R$ 134.000,00 R$ 134.000,00 -

Tubo Marrom Soldavel, Tigre, diam. http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/tubos/tubo-


262,77 m R$ 4,28 R$ 1.124,66
25mm, compr. padrao 3m marrom-soldavel-25mmx6m?produto=1034242
o
http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/joelho-e-
Joelho 45 Marrom Soldavel, Tigre,
12 uni R$ 1,35 R$ 16,20 cotovelo/joelho-45-soldavel-25mm-
diam. 25mm
marrom?produto=1034276
o
http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/joelho-e-
Joelho 90 Marrom Soldavel, Tigre,
55 uni R$ 0,50 R$ 27,50 cotovelo/joelho-90-soldavel-25mm-
diam. 25mm
marrom?produto=1034269
o
Tê 90 Marrom Soldavel, Tigre, diam. http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/te/te-90-
24 uni R$ 0,95 R$ 22,80
25mm soldavel-25mm-marrom?produto=1034300
Tubo Branco Esgoto, Tigre, diam. http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/tubos/tubo-
33,6 m R$ 5,83 R$ 195,89
50mm, compr. padrao 3m para-esgoto-branco-50mmx3m?produto=1034424
Tubo Branco Esgoto, Tigre, diam. http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/tubos/tubo-
316,19 m R$ 6,63 R$ 2.096,34
100mm, compr. padrao 3m esgoto-100mm-x-3m?produto=1034426
o
Joelho 45 Esgoto, Tigre, diam. http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/joelho-e-
4 uni R$ 5,80 R$ 23,20
100mm cotovelo/joelho-45-esgoto-100mm?produto=1034414
o
http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/joelho-e-
Joelho 90 Esgoto, Tigre, diam.
3 uni R$ 17,50 R$ 52,50 cotovelo/joelho-90-com-visita-esgoto-
50x100mm
100x50mm?produto=1034406
http://www.lojavirtualsegura.com.br/produto_576_94384_
Bomba de agua, Dancor, modelo
1 uni R$ 567,40 R$ 567,40 bomba_centrifuga__serie_cam-
CAM W-10, 3/4hp
w10_34cv_trifasico_220380v_dancor.loja
http://www.cec.com.br/caixas-d-agua/caixa-d-agua/1-000-
3
Caixa D'Agua, Aqualimp, 1000m 1 uni R$ 499,90 R$ 499,90 litros/caixa-d-agua-agua-limpa-bege-1-000-litros-com-2-
acessorios?produto=1057307
Boia Eletrica Automatica, ate 3/4HP - http://www.luarrepresentacoes.com.br/produto.php?cod
4 uni R$ 23,99 R$ 95,96
125V, ate 1,5HP - 220V _produto=236460
Caixa de Inspeção, Tigre, Diâmetro http://www.cec.com.br/tubos-e-conexoes/caixa-
26 uni R$ 144,90 R$ 3.767,40
Nom. 100mm sinfonada/caixa-de-inspecao-dn-100?produto=1131276
http://www.cec.com.br/telhas-e-
2
Telha Ondulada Eternit (3,05x1,10) 64,55 m R$ 15,52 R$ 1.001,82 calhas/telhado/telha/telha-ondulada-305x110cm-
6mm?produto=1129856

Coluna 10x20x10mm, 3/8", Gerdau, http://www.cec.com.br/material-de-construcao/arame-e-


4 uni R$ 48,55 R$ 194,20
altura de 3m ferro/coluna-ca50-10x20x10mm-3/8-3m?produto=1070890

Tabela 32 - Levantamento de quantidade e preços de materiais para ao sistema de reúso de


água cinza
130

Mão de Obra

Para a quantificação da mão de obra necessária para a realização das instalações


hidráulicas, foi utilizado o dado da RUP cumulativa para instalações de água fria
estudada em (PALIARI, SOUZA, & SALES, 2003), de 0,33 Homens-hora/m de tubo
da instalação hidráulica. Somando o comprimento total de tubos de diferentes
diâmetros, tem-se um total de 612,56m. A tabela de novembro da Sinduscon-SP traz
o salário de um encanador como R$4,66/hora. Isto resulta em um custo total de
R$2.854,33.

Para a execução da cobertura de fibrocimento para a E.T.E., estima-se uma média


de 10 horas para a execução, de um pedreiro e um servente. De acordo com a
tabela de salários da Sinduscon-SP para Novembro, o salário de um pedreiro está
em torno de R$4,50/hora, e o de um servente em torno de R$3,72/hora. Isto resulta
em um custo de R$82,20 para a realização da cobertura.

Custo Total e Payback

O gasto anual com insumos foi providenciado pela empresa Infinitytech como
descrito na tabela 33.

INSUMOS
Cloro R$ 0,10/m³
LODO
Disposição do Lodo R$ 0,96/m³
MANUTENÇÃO
Manutenção Mensal R$ 0,69/m³
OPERAÇÃO
Supervisão (uma visita
R$ 0,55/m³
mensal)

Tabela 33 - Custos de operação


Fonte: (INFINITYTECH, 2008)

Como a previsão é de tratar 12m³/dia, ou 4.380m³/ano, isto resultaria em um custo


de R$10.074,00 ao ano. A E.T.E. tem um consumo de 3,7kW. Como ela funciona
apenas uma parte do dia, 12m³/(20m³/dia) = 0,6 dias/dia, o consumo anual é de
19.447,20kWh = 19,4MWh.

A bomba de recalque tem um consumo de eletricidade de 1,26KW. Como ela


funciona 3 horas por dia, isto resulta em um consumo anual de 1.379kWh=1,4MWh.

Como isto significa um consumo mensal de 1.713kWh, não há desconto na tarifa, de


R$161,32/MWh. O custo total adicional de eletricidade é de R$3.414,00 ao ano.
Fonte: (AES ELETROPAULO). Em total, há gastos anuais de operação e
manutenção é de R$10.074,00 + R$3.414,00 = R$13.488,00.
131

Considerando uma vida útil de 20 anos para o equipamento, tem-se o custo de


implantação de R$146.622,29 (R$143.685,76 de materiais + R$2.936,53 de mão de
obra) que dividido durante a vida útil resulta em R$7.331,11/ano.

Com isso tem-se que o custo total de implantação, operação e manutenção do


sistema é R$20.819,11/ano.

A economia de água é de 11,7m³/dia (0,9m³ na área comum e 10,8m³ nas


residências) de água, ou 4.271m³/ano.

A área comum teria um consumo total de 15m³/dia no condomínio todo, ou


450m³/mês. Isto significa que este consumo resultaria em uma tarifa de R$4,63/m³.
A economia de 0,9m³/dia (proporcional à área estudada), resultaria em uma
economia de 328,5m³/ano de economia, ou R$1.520,50.

Com a medição individualizada, cada residência teria um consumo diário de


0,464m³/dia, ou 13,92m³/mês. Com a redução de 4,08m³/mês (34l/dia.pessoa x 4
pessoas/residência), o consumo seria reduzido a 9,88m³/mês. Neste caso, há
mudança na base tarifária, e a Sabesp cobra um valor fixo mensal de R$4,81/mês,
ao invés de cobrar R$0,83/m³. Há uma redução no custo da água de R$11,55/mês
para R$4.81/mês, resultando em uma economia anual de R$6,74/mês para cada
residência. A economia total para as 80 residências atendidas seria de
R$6.473,90/ano.

O resultado é uma economia de água de R$7.994,40/ano, menos da metade do


custo anual apurado.

5.3.9 Conclusão do sistema de reúso de água cinza

O sistema de reúso de água cinza, na dimensão proposta, reciclando 12m³ de água


cinza por dia, não é viável economicamente na realidade do residencial Rubens
Lara. O fato de tratar-se de uma habitação de interesse social reduz ainda mais a
possibilidade de aplicação de um sistema que não se justifica financeiramente.
Possíveis melhorias tecnológicas que venham baratear os custos de manutenção,
ou incentivos financeiros a serem praticados pelo poder público poderiam justificar a
implantação.

Outra solução é a de se estudar a implantação de uma estação de tratamento que


processasse um volume maior de água, talvez de todo o residencial. Com isso, os
custos de operação e manutenção seriam divididos entre mais unidades e talvez
fossem justificados.
132

6 CONCLUSÃO

Percebe-se com este trabalho que algumas tecnologias ambientalmente


sustentáveis ainda encontram barreiras financeiras para serem implantadas. Existem
ainda poucas políticas que incentivem o uso delas, com o objetivo de torná-las mais
financeiramente atraentes que suas equivalentes menos sustentáveis. No caso da
habitação de interesse social, onde os recursos financeiros são usualmente mais
escassos, as tecnologias de reúso de água cinza e painel fotovoltaico ainda não são
aplicáveis. Com o barateamento da tecnologia e possível aumento de empresas
fornecedoras nos próximos anos, incentivadas por um mercado que demanda cada
vez mais sustentabilidade na construção, a implantação dessas soluções pode vir a
se tornar possível em habitação de interesse social.

O fato de que as soluções estudadas não se justificam financeiramente não deve


desincentivar projetistas e construtores a buscar outras alternativas sustentáveis.
Muitas das tecnologias já utilizadas pela CDHU se mostram financeiramente
vantajosas em relação a não adoção das mesmas, ou a adoção de suas
equivalentes não sustentáveis.
133

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138
139

8 APÊNDICES

8.1 Apêndice 1

Sistema fotovoltaico
140

8.2 Apêndice 2

Implantação da estação de tratamento de água cinza


141

8.3 Apêndice 3

Projeto V052 – Edifício 5 pav. (pilotis+4) – 2 dormitórios – Planta da cobertura /


caixa d’água - Instalações hidráulicas
142

8.4 Apêndice 4

Projeto V052 – Edifício 5 pav. (pilotis+4) – 2 dormitórios – Detalhes de esgoto /


isométricos – Pavimento tipo - 2° ao 4° - Instalações hidráulicas

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