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CAMILLA GERALDI MENEGON

LETICIA YAMADA BOTELHO


LUIZ GUILHERME M. S. MELO

ANÁLISE DE TECNOLOGIAS E DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE


NA CIDADE DE MOGI DAS CRUZES - SP

Projeto de Formatura apresentado à Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, no
âmbito do Curso de Engenharia Ambiental

São Paulo
2016
CAMILLA GERALDI MENEGON
LETICIA YAMADA BOTELHO
LUIZ GUILHERME M. S. MELO

ANÁLISE DE TECNOLOGIAS E DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE


NA CIDADE DE MOGI DAS CRUZES - SP

Projeto de Formatura apresentado à Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, no
âmbito do Curso de Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Theo Syrto Octavio de


Souza

São Paulo
2016
Catalogação-na-publicação

Menegon, Camilla Geraldi


ANÁLISE DE TECNOLOGIAS E DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE NA
CIDADE DE MOGI DAS CRUZES - SP / C. G. Menegon, L. Y. Botelho, L. G.
M. S. Melo -- São Paulo, 2016.
156 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São


Paulo. Departamento de Engenharia de Hidráulica e Ambiental.

1.Análise multicritério 2.ETE 3.Filtro biológico de alta taxa 4.Tratamento


de esgoto 5.UASB I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica.
Departamento de Engenharia de Hidráulica e Ambiental II.t. III.Botelho,
Leticia Yamada IV.Melo, Luiz Guilherme Mercurio de Souza
1

AGRADECIMENTOS

Agradecemos, em primeiro lugar, a nossos familiares: respectivos pai, mãe,


irmã(s) e irmão(s). Em segundo lugar, agradecemos ao nosso querido Professor
orientador, Prof. Dr. Theo Syrto Octavio de Souza, sem o qual o relatório não teria as
qualidades e resultados apresentados. Toda a sua orientação, paciência e tutela
foram essenciais para o cumprimento dos objetivos e a elaboração do trabalho ao
longo do cronograma.
2

SUMÁRIO

1 Introdução e objetivo ......................................................................................... 13


1.1 O crescimento das cidades ......................................................................... 13
1.2 Esgotos ....................................................................................................... 14
1.3 Os esgotos como poluição nos corpos hídricos .......................................... 18
1.4 Parâmetros de qualidade das águas na legislação brasileira ...................... 19
1.5 O tratamento dos esgotos ........................................................................... 20
1.6 Esgotamento sanitário no Brasil .................................................................. 23
1.7 Mogi das Cruzes ......................................................................................... 25
1.8 Objetivo ....................................................................................................... 28
1.9 Metodologia ................................................................................................ 29
2 Levantamento e análise dos dados ................................................................... 31
2.1 População ................................................................................................... 31
2.2 Custos ......................................................................................................... 36
2.3 Efluentes ..................................................................................................... 39
3 Escolha do local da ETE ................................................................................... 40
4 Eficiência do tratamento .................................................................................... 43
5 Alternativas para o tratamento .......................................................................... 47
5.1 Lagoas aeradas .......................................................................................... 47
5.2 Lodos ativados ............................................................................................ 50
5.3 Reator UASB seguido de filtro biológico...................................................... 56
6 Escolha da alternativa ....................................................................................... 62
6.1 Escolha do sistema de análise multicritério ................................................. 62
6.2 Justificativa dos valores da parametrização: ............................................... 64
6.3 Justificativa dos valores adotados para os critérios ..................................... 65
6.4 Método de tratamento escolhido ................................................................. 67
7 Dimensionamento do sistema ........................................................................... 71
7.1 Tratamento preliminar ................................................................................. 72
7.1.1 Escolha da Calha Parshall .................................................................... 73
7.1.2 Caixa de areia ...................................................................................... 74
7.1.3 Grade ................................................................................................... 76
7.2 UASB .......................................................................................................... 78
3

7.2.1 Dimensionamento dos reatores ............................................................ 79


7.2.2 Sistema de distribuição do esgoto afluente ........................................... 80
7.2.3 Sistema de digestão do lodo ................................................................. 81
7.2.4 Sistema de decantação ........................................................................ 81
7.2.5 Massa de lodo gerada .......................................................................... 82
7.2.6 Produção de gás .................................................................................. 83
7.2.7 Separador trifásico ............................................................................... 83
7.2.8 Remoção de DBO ................................................................................ 83
7.3 Filtro Biológico ............................................................................................ 84
7.3.1 Vazão de recirculação .......................................................................... 85
7.3.2 Carga de DBO afluente aos filtros ........................................................ 85
7.3.3 Volume útil ............................................................................................ 85
7.3.4 Verificação da taxa de escoamento superficial, com base na vazão média
de esgotos ........................................................................................................ 86
7.3.5 Verificação da taxa de aplicação hidráulica, incluindo as vazões de
recirculação ...................................................................................................... 86
7.3.6 Área necessária de aberturas para ventilação ...................................... 86
7.3.7 Área de drenagem dos esgotos à saída do filtro ................................... 87
7.3.8 Remoção de DBO ................................................................................ 87
7.4 Decantador secundário ............................................................................... 87
7.4.1 Diâmetro do decantador ....................................................................... 88
7.4.2 Cálculo da nova taxa de escoamento superficial .................................. 89
7.4.3 Profundidade lateral dos decantadores ................................................ 89
7.4.4 Verificação da taxa de escoamento linear ............................................ 89
7.4.5 Geração de sólidos ............................................................................... 89
7.5 Centrífuga ................................................................................................... 90
7.5.1 Número de unidades ............................................................................ 90
7.5.2 Pré-condicionamento ............................................................................ 91
7.5.3 Torta de lodo ........................................................................................ 91
8 Pós tratamento.................................................................................................. 92
8.1 Remoção de fósforo .................................................................................... 92
8.2 Desinfecção do efluente .............................................................................. 92
9 Equipamentos ................................................................................................... 93
9.1 Material de preenchimento do filtro biológico .............................................. 93
4

9.2 Queimador de biogás .................................................................................. 94


Dimensionamento das bombas ............................................................................ 96
9.3 Vazão de retorno do Decantador secundário para o UASB......................... 96
9.4 Vazão de retorno da centrífuga para o UASB ........................................... 105
9.5 Bombas do UASB ..................................................................................... 114
9.6 Bombas do Filtro Biológico ........................................................................ 121
9.7 Centrífuga ................................................................................................. 129
10 Layout da ETE ............................................................................................. 129
11 Custos .......................................................................................................... 129
11.1 Custos de implantação .......................................................................... 129
11.2 Custos dos equipamentos...................................................................... 132
11.3 custos operacionais ............................................................................... 133
11.3.1 Custos de transporte e disposição do lodo no aterro ....................... 134
11.3.2 Custos com energia elétrica ............................................................ 134
11.3.3 Custos totais ................................................................................... 135
12 Conclusão .................................................................................................... 137
13 Referências bibliográficas ............................................................................ 139
5

RESUMO EXECUTIVO
O presente trabalho tem como objetivo a análise e comparação de três tipos de
tecnologia diferentes e a escolha de uma delas para dimensionamento de uma
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na cidade de Mogi das Cruzes. Escolheu-se
essa cidade por ser uma das maiores do Brasil e por apresentar carência em relação
ao tratamento de suas águas residuárias: 50% da cidade lança seu esgoto bruto
diretamente no rio Tietê. A metodologia utilizada foi a análise do crescimento
populacional e a projeção das áreas que a nova ETE irá atender para o ano de 2040,
considerando 20 anos de projeto. Em seguida foi feito o levantamento de dados do
esgoto doméstico da cidade tendo como base o Plano Diretor de Esgoto de Mogi das
Cruzes e o cálculo da eficiência do tratamento a ser aplicado a partir da resolução
CONAMA 357 e de dados obtidos de pontos de monitoramento da CETESB e Sabesp
junto aos dados do Plano Diretor de Esgoto. Após definir o grau de tratamento que as
águas residuárias deveriam receber, foram escolhidas três tecnologias que
atendessem aos padrões de qualidade exigidos: lagoa aerada, lodos ativados e reator
UASB seguido de filtro biológico. Para comparar os diferentes tipos de tratamento e
escolher a melhor alternativa utilizou-se o método PROMETHEE II & GAIA que realiza
uma análise multicritério cuja decisão resultou no uso de reator UASB seguido de filtro
biológico. O local de instalação da ETE escolhido foi o ponto onde os padrões de
qualidade permitiam que fosse feita a descarga do efluente tratado, respeitando a
capacidade de autodepuração e a classe do trecho do rio. Além disso, foram levadas
em consideração as Áreas de Proteção Ambiental e seus limites de distância da
várzea do rio e uma região industrial onde não fosse causar interferência extrema para
a população. O dimensionamento realizado resultou em 6 unidades de reator UASB e
4 de filtro biológico para a ETE que contempla à demanda de tratamento atualmente
não atendida de Mogi das Cruzes. Além do dimensionamento das unidades de
tratamento, também foram escolhidas bombas de esgoto que atendem aos
parâmetros de projeto e outros equipamentos como centrífuga de desidratação de
lodo e queimadores de biogás. Calculadas as dimensões das unidades, foi
estabelecido um layout para a ETE e, por fim, custos de implantação de operação da
Estação foram estimados.

Palavras-chave: análise multicritério, ETE, filtro biológico de alta taxa, tratamento de


esgoto, UASB.
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução da taxa de mortalidade infantil e da população abastecida de água


na Região Metropolitana de São Paulo .................................................................... 14
Figura 2 - Percentual de municípios brasileiros com rede coletora de esgoto, segundo
as Grandes Regiões - 2008 ..................................................................................... 24
Figura 3 - Regiões atendidas pelas ETEs (tratamento em Mogi – área verde e
tratamento em Suzano – área azul) e região carente de atendimento (área amarela)
................................................................................................................................. 26
Figura 4 - Delimitação do Município de Mogi das Cruzes ......................................... 27
Figura 5 - Subcomitês do Alto Tietê ......................................................................... 28
Figura 6 - Inclusão das áreas das ZHs no atendimento à nova ETE ........................ 32
Figura 7 - Possíveis localizações da nova ETE, nas proximidades da ETE existente,
das indústrias Gerdau e Kimberly-Clark e da ETA de Mogi das Cruzes ................... 41
Figura 8 - Mapa de zona de centro meândrico. A área hachurada ilustra que a região
escolhida para a implantação da nova ETE se encontra nessa zona ....................... 42
Figura 9 - Pontos de monitoramento da CETESB .................................................... 43
Figura 10 - Esquemas de componentes das lagoas aeradas ................................... 50
Figura 11 - Fluxograma simplificado do sistema de tratamento por lodos ativados .. 51
Figura 12 - Principais modalidades do processo de lodos ativados.......................... 54
Figura 13 - Representação esquemática de um UASB ............................................ 58
Figura 14 - Partes componentes do filtro biológico ................................................... 59
Figura 15 - Filtro biológico da ETE de Londrina ....................................................... 60
Figura 16 - Esquema dos componentes de UASB e filtro biológico .......................... 61
Figura 17 - Comparação dos critérios dois a dois para a adoção de pesos .............. 66
Figura 18 - Representação gráfica da estabilidade dos intervalos ........................... 67
Figura 19 - Pontuação final das tecnologias utilizando-se o método PROMETHEE II
................................................................................................................................. 68
Figura 20 - Representação GAIA dos resultados da análise multicritério ................. 68
Figura 21 - Comparação A x B considerando-se área necessária e custo estimado 69
Figura 22 - Contribuição de cada critério nas diferentes tecnologias ........................ 70
Figura 23 - Gráfico em “teia de aranha” ressaltando os pontos fortes e fracos de cada
tecnologia ................................................................................................................ 71
7

Figura 24 - Fluxograma da nova ETE de Mogi das Cruzes ...................................... 72


Figura 25 - Fluxograma da nova ETE de Mogi das Cruzes com vazões .................. 92
Figura 26 - Fluxo cruzado do meio suporte BioDek .................................................. 93
Figura 27 - Exemplo de filtro biológico percolador com BioDek ................................ 94
Figura 28 - Exemplo de queimador flare .................................................................. 95
Figura 29 – Curvas características da bomba e do sistema ................................... 103
Figura 30 – Dimensões das bombas POND-100 e POND-150 .............................. 104
Figura 31 – Valores de submergência mínima ....................................................... 104
Figura 32 – Curvas características da bomba e do sistema ................................... 113
Figura 33 - Curvas características da bomba e do sistema .................................... 120
Figura 34 – Dimensões da bomba conforme catálogo do fabricante ...................... 121
Figura 35 - Curvas características da bomba e do sistema .................................... 128
Figura 36 - Exemplo de centrífuga ......................................................................... 129
Figura 37 - Distância da ETE até o aterro sanitário ................................................ 134
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros de qualidade dos esgotos .................................................... 15


Tabela 2 - Valores típicos referentes a sólidos presentes nos esgotos sanitários .... 16
Tabela 3 - Valores típicos referentes a características químicas dos esgotos sanitários
................................................................................................................................. 17
Tabela 4 - Níveis de tratamento e seus objetivos ..................................................... 21
Tabela 5 - População projetada pelo Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes . 34
Tabela 6 - Populações projetadas considerando-se as porcentagens de inclusão de
cada ZH ................................................................................................................... 35
Tabela 7 - Caracterização do consumo de cada ZH................................................. 37
Tabela 8 - Cálculo da vazão de projeto a partir das componentes ........................... 38
Tabela 9 - Custos estimados das tecnologias .......................................................... 39
Tabela 10 - Parâmetros de qualidade do esgoto sanitário de Mogi das Cruzes ....... 40
Tabela 11 - Parâmetros de qualidade da água......................................................... 44
Tabela 12 - Resultados de eficiências necessárias para cada parâmetro ambiental 45
Tabela 13 - Comparação entre padrões de emissões de esgoto federal e estadual 46
Tabela 14 - Principais parâmetros e características das lagoas aeradas tratando
esgotos domésticos ................................................................................................. 48
Tabela 15 - Classificação dos sistemas em função da idade do lodo ....................... 52
Tabela 16 - Comparativo entre processos de lodos ativados em relação à remoção de
carga de DBO e tempo de detenção hidráulica ........................................................ 56
Tabela 17 - Parametrização dos critérios escolhidos para decisão de tecnologia .... 63
Tabela 18 - Variações máximas de cada tecnologia ................................................ 64
Tabela 19 - Valores utilizados para os parâmetros .................................................. 65
Tabela 20 - Pesos associados aos critérios para decisão ........................................ 67
Tabela 21 - Dados iniciais para o tratamento preliminar ........................................... 72
Tabela 22 - Parâmetros para escolha da Calha Parshall ......................................... 73
Tabela 23 - Verificação das velocidades .................................................................. 77
Tabela 24 - Cálculo da perda de carga na grade ..................................................... 78
Tabela 25 - Dados iniciais para dimensionamento do UASB.................................... 79
Tabela 26 - Dados iniciais para calcular a massa de lodo gerada ............................ 82
Tabela 27 - Dados iniciais para dimensionar o filtro biológico .................................. 84
9

Tabela 28 - Dados iniciais para dimensionar o decantador secundário .................... 88


Tabela 29 - Dados para calcular o volume de sólidos gerado .................................. 89
Tabela 30 - Dados iniciais para dimensionar a centrífuga ........................................ 90
Tabela 31 - Perdas de carga localizadas ................................................................. 97
Tabela 32 - Somatório final das perdas de carga localizadas................................... 97
Tabela 33 - Cálculo das velocidades das bombas em paralelo ................................ 98
Tabela 34 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais ..................................... 99
Tabela 35 – Cálculo das perdas de carga distribuídas ........................................... 100
Tabela 36 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas ................. 101
Tabela 37 - Curva característica do conjunto motor-bomba ................................... 102
Tabela 38 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima ... 104
Tabela 39 –Perdas de carga localizadas ................................................................ 106
Tabela 40 – Somatório das perdas de carga localizadas ....................................... 107
Tabela 41 – Cálculo das velocidades do sistema ................................................... 108
Tabela 42 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais ................................... 109
Tabela 43 – Cálculo das perdas de carga distribuídas ........................................... 110
Tabela 44 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas ................. 111
Tabela 45 – Curva característica do conjunto motor-bomba .................................. 112
Tabela 46 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima ... 113
Tabela 47 –Perdas de carga localizadas ................................................................ 115
Tabela 48 – Somatório das perdas de carga localizadas ....................................... 115
Tabela 49 – Cálculo das velocidades do sistema ................................................... 116
Tabela 50 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais ................................... 117
Tabela 51 – Cálculo das perdas de carga distribuídas ........................................... 118
Tabela 52 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas ................. 118
Tabela 53 – Curva característica do sistema motor-bomba.................................... 119
Tabela 54 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima ... 121
Tabela 55 –Perdas de carga localizadas................................................................ 122
Tabela 56 – Somatório das perdas de carga localizadas ....................................... 123
Tabela 57 – Cálculo das velocidades do sistema ................................................... 123
Tabela 58 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais ................................... 124
Tabela 59 – Cálculo das perdas de carga distribuídas ........................................... 125
Tabela 60 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas ................. 126
Tabela 61 – Curva característica do sistema motor-bomba.................................... 127
10

Tabela 62 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima ... 128


Tabela 63 – Custos das principais unidades por módulo de tratamento I ............... 131
Tabela 64 - Custos das principais unidades por módulo de tratamento II .............. 132
Tabela 65 – Custos dos principais equipamentos utilizados nos módulos de tratamento
............................................................................................................................... 133
Tabela 66 – Valores das tarifas utilizados para cálculo de custos com energia ..... 135
Tabela 67 – Cálculos com energia elétrica ............................................................. 135
Tabela 68 – Cálculo dos custos totais de operação da ETE................................... 136
Tabela 69 - Custos totais da ETE........................................................................... 136
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LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

ABECE Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural


APA Área de Proteção Ambiental
C Comprimento da rede
CO2 Dióxido de carbono
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgotos
GAIA Geometrical Analysis for Interactive Aid
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
KC Kimberly-Clark
ka Razão aritmética de crescimento
kg Razão Geométrica de crescimento
N Nitrogênio total
NBR Norma Brasileira
N-NH4+ Nitrogênio amoniacal
N-NO2- Nitrogênio na forma de nitrito
N-NO3- Nitrogênio na forma de nitrato
OD Oxigênio Dissolvido
ONU Organização das Nações Unidas
P Fósforo total
pH Potencial Hidrogeniônico
Plansab Plano Nacional de Saneamento Básico
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PROMETHEE Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluation
Qi Vazão de infiltração
Qm Vazão média
Qp Vazão de projeto
12

RMSP Região Metropolitana de São Paulo


SEMAE Serviço Municipal de Águas e Esgoto
Sinduscon Sindicato da Indústria da Construção
TF Trabalho de Formatura
TI Taxa de infiltração
UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket
UGRHI Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
ZH Zona Homogênea
Ф+ Fluxo Positivo
Ф- Fluxo Negativo
13

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO

1.1 O CRESCIMENTO DAS CIDADES

O processo de urbanização se intensificou com a Revolução Industrial, que data


do século XVIII e provocou um crescimento acelerado das cidades devido à demanda
das fábricas por mão de obra. Atualmente, de acordo com o relatório publicado pela
ONU em 2014, 54% da população mundial é considerada como urbana e a projeção
para 2050 é que esse número atinja 66%.
De acordo com o documento “Um Exame dos Padrões de Crescimento das
Cidades Brasileiras”, publicado pelo IPEA em 2006, nos anos 2000, 80% da
população brasileira reside em centros urbanos e a previsão para os próximos 30 anos
é de que o crescimento ocorra somente nas grandes cidades, que se tornam atrativas
pela oferta de empregos e por possuir uma melhor qualidade de vida, como bons
hospitais, escolas e universidades em uma mesma cidade.
No entanto, quando o desenvolvimento da infraestrutura da cidade não
consegue acompanhar o demográfico, o resultado é um crescimento desordenado, e
a falta de planejamento urbano adequado pode acarretar em vários problemas, como:
esgotamento dos setores de saúde, desemprego, uso e ocupação irregulares do solo,
provocando deslizamentos que podem acarretar em mortes, e diversos tipos de
poluição, como a sonora, a visual e a dos corpos hídricos, por meio do despejo
inadequado de esgoto, e a transmissão de doenças devido aos esgotos a céu aberto,
principalmente nas periferias.
Esses impactos negativos causados pelo homem comprometem a sua própria
saúde e bem estar, principalmente quando há falta de saneamento básico. A
Organização Mundial da Saúde define saneamento como “controle de todos os fatores
do meio físico do Homem que exercem ou podem exercer efeito contrário sobre seu
bem estar físico, social ou mental” e, segundo Jordão e Pessôa (2014), há uma estrita
correlação entre a diminuição da mortalidade infantil e o aumento da oferta de
saneamento básico. Também se afirma que apenas 34,6% dos esgotos coletados no
Brasil são tratados e que, desse valor, 15% corresponde à população urbana,
comprometendo a qualidade da água e agravando o problema relacionado ao
descarte de resíduos, nesse caso, o esgoto.
14

Figura 1 - Evolução da taxa de mortalidade infantil e da população abastecida de água na


Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: Jordão e Pessôa (2014)

1.2 ESGOTOS

Os despejos resultantes das diversas atividades de uso das águas (doméstico,


comercial, industrial, de utilidades públicas, entre outros) são conhecidos como
esgotos, podendo também ser chamados de águas servidas ou residuárias.
De acordo com Jordão e Pessôa (2014), é usual classificar os esgotos em dois
grupos: sanitários e industriais, sendo o primeiro grupo constituído de efluentes
domésticos, águas de infiltração, uma parte de águas pluviais e uma parcela não
significativa de despejos industriais.
Esgotos domésticos são constituídos de água de banho, urina, fezes, restos de
comida, papel, sabões e detergentes, e são originados em edificações com banheiros,
cozinhas, lavanderias ou que tenha instalado qualquer outro dispositivo que requeira
o uso da água para o seu funcionamento. Além disso, esses esgotos são compostos
por cerca de 99,9% de água e 0,1% de sólidos (orgânicos e inorgânicos, suspensos e
dissolvidos e microrganismos), responsáveis pela necessidade de tratamento das
águas servidas (VON SPERLING, 2005a). Por outro lado, os esgotos industriais são
15

muito diversos e são caracterizados pelo processo industrial em questão. Este


Trabalho de Formatura tem foco no tratamento de efluentes do primeiro grupo.
Embora a caracterização das águas servidas dependa do uso em questão, é
comum utilizar parâmetros indiretos referentes à qualidade do esgoto para esse fim.
Tais parâmetros são divididos em: físicos, químicos e biológicos. A Tabela 1 contém
alguns exemplos desses três tipos de parâmetros.

Tabela 1 - Parâmetros de qualidade dos esgotos

Físicos Químicos Biológicos

Sólidos Matéria orgânica Bactérias

Temperatura Nitrogênio Vírus

Cor Fósforo Protozoários

Odor pH Helmintos

Turbidez Alcalinidade

Cloretos

Óleos e graxas

As características físico-químicas dos esgotos podem ser agrupadas em


valores típicos, que em muito podem variar, e são úteis na concepção de projetos. A
Tabela 2 e a Tabela 3 ilustram alguns desses valores, sendo que a primeira se refere
a faixas de concentrações usuais de sólidos e suas subdivisões e a segunda mostra
faixas de concentrações típicas de alguns parâmetros químicos.
16

Tabela 2 - Valores típicos referentes a sólidos presentes nos esgotos sanitários

Matéria Sólida Faixas (mg/L)

Sólidos totais 370 – 1.160

Sól. Suspensos Totais 120 – 360

Sól. Suspensos Voláteis 90 – 280

Sól. Suspensos Fixos 30 – 80

Sól. Dissolvidos Totais 250 – 800

Sól. Dissolvidos Voláteis 105 – 300

Sól. Dissolvidos Fixos 145 – 500

Sól. Sedimentáveis 5 – 20

Fonte: Jordão e Pessôa (2014)


17

Tabela 3 - Valores típicos referentes a características químicas dos esgotos sanitários

Parâmetro Faixa (mg/L, exceto pH)

DBO5 a 20°C 100 - 400

DQO 200 - 800

OD 0

Nitrogênio total 20 - 85

Nitrogênio orgânico 10 - 35

Amônia livre 10 - 50

Nitrito 0 - 0,10

Nitrato 0,10 - 0,40

Fósforo total 5 - 20

Fósforo orgânico 2-7

Fósforo inorgânico 3 - 13

Alcalinidade 100 - 250

pH 6,7 - 8

Fonte: adaptado de Jordão e Pessôa (2014) e Von Sperling (2005a).

É importante observar que as concentrações de DBO presentes nas águas


servidas estão intrinsecamente ligadas às quantidades de matéria orgânica presentes
nas mesmas. Os sólidos orgânicos encontrados nos esgotos são compostos
principalmente por carbono, hidrogênio e nitrogênio (JORDÃO E PESSÔA, 2014). As
concentrações de DQO, por sua vez, também estão ligadas à presença de matéria
orgânica no efluente, mas também dizem respeito à presença de matéria inorgânica.
Esse parâmetro é mais abrangente que o anterior, pois engloba todos os
componentes de um esgoto que são suscetíveis a demandas de oxigênio e não só os
que são oxidados biologicamente (característica medida pela DBO).
18

1.3 OS ESGOTOS COMO POLUIÇÃO NOS CORPOS HÍDRICOS

São diversos os inconvenientes gerados pelo despejo de águas servidas não


tratadas em corpos hídricos. Os mananciais são capazes de se autodepurar quando
recebem cargas de poluentes, mas, geralmente, as cargas de matéria orgânica e
nutrientes (como fósforo e nitrogênio) aportadas nos esgotos são muito elevadas em
relação à normalidade do ambiente em questão, e acabam prejudicando a vida em
suas mais diversas formas. Além disso, também existe uma série de doenças de
veiculação hídrica, associadas a esse tipo de poluição.
A poluição por matéria orgânica é caracterizada pela DBO do efluente
despejado, cujo desdobramento indireto é o consumo de oxigênio dissolvido em
função do metabolismo da microbiota responsável pelos processos de estabilização
de tal matéria. Em alguns casos, o corpo hídrico afetado chega a condições de
anaerobiose por conta destes fatores. Outras consequências relacionadas são a
elevação dos níveis de CO2 na água, o que reduz o pH do ambiente, a formação de
compostos como gás metano, gás sulfídrico, mercaptanas e outros, responsáveis por
exalar maus odores, e a morte de algas por conta da turbidez da água causada pela
presença de sólidos, o que prejudica a penetração da luz.
A eutrofização é o fenômeno caracterizado pelo excessivo aporte de nutrientes
no corpo d’água, como fósforo e nitrogênio, e está associada não só à poluição pontual
por esgotos como também à poluição difusa advinda do carreamento de tais
nutrientes, presentes em fertilizantes utilizados na agricultura, por exemplo. O
fenômeno pode ser observado em rios, porém é mais comum descrevê-lo em lagos e
represas. Entre suas consequências, pode ser citada a floração das águas, que causa
interferências com os usos desejáveis do corpo d’água, encarece o tratamento da
água e pode levar a condições anaeróbias no fundo do manancial em função da
extinção da atividade fotossintética nessa região, uma vez que a luz se torna ausente.
De acordo com Piveli (2001), o fósforo se apresenta em água sob as formas de
fosfatos orgânicos (compondo moléculas orgânicas), ortofosfatos (radicais PO43-,
HPO42- e H2PO4-) e polifosfatos (polímeros de ortofosfatos). Já as formas do nitrogênio
na água são nitrogênio orgânico (na composição de moléculas orgânicas), nitrogênio
amoniacal (N-NH4+), nitrito (N-NO2-) e nitrato (N-NO3-). Além da floração das águas,
esses compostos nitrogenados causam outros inconvenientes, como a mortandade
de peixes (causada pela presença de amônia livre, que é tóxica aos peixes e causa
19

consumo de oxigênio dissolvido na água em função de processos biológicos


oxidativos) e metahemoglobinemia infantil, doença que pode ser letal para crianças,
causada por nitratos.
Embora a presença de agentes transmissores de doenças (bactérias, vírus,
protozoários e helmintos) nas águas não gere impacto à biota do manancial, é
importante que esse fator seja estudado, pois ele afeta alguns dos possíveis usos da
água, como o abastecimento de água potável, a irrigação e a balneabilidade (VON
SPERLING, 2005a). Em geral, a origem de agentes patogênicos na água é humana e
reflete diretamente o nível de saúde da população e as condições de saneamento
básico da região em questão. As formas de transmissão de doenças relacionadas à
água são a ingestão de água contaminada, a penetração dérmica ao entrar em contato
com a água contaminada e a picada de inseto vetor que se reproduza na água ou
pique perto dela.

1.4 PARÂMETROS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS NA LEGISLAÇÃO


BRASILEIRA

No Brasil, há algumas normas de natureza federal que devem ser seguidas no


tocante à qualidade da água. A Resolução CONAMA 357/05 refere-se a padrões a
serem mantidos nos corpos d’água e a 430/11 complementa a anterior quanto a
padrões de lançamento de efluentes. Há também a Resolução CONAMA 274/00, que
define padrões de balneabilidade em corpos hídricos, e a Portaria 2.914/11 do
Ministério da Saúde, referente ao Padrão de Potabilidade para águas de consumo. Já
em nível estadual, São Paulo conta com o Decreto n° 8.468/76 para regular questões
referentes à prevenção e ao controle da poluição do meio ambiente, incluindo padrões
de qualidade e de emissão para águas.
No que concerne a este Trabalho de Formatura, são relevantes as duas
primeiras Resoluções CONAMA citadas e o Decreto no 8.468/76 de SP.
A CONAMA 357 determina os padrões de qualidade da água de acordo com o
enquadramento dos mananciais de águas doces e salgadas em classes de acordo
com seus usos preponderantes. São estabelecidos valores de concentrações de
oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio de 5 dias a 20oC (DBO5 a
20oC), cor e turbidez, nutrientes, cloretos, óleos e graxas, entre outros, a serem
seguidos para cada classe. Uma vez que esta Resolução determina a qualidade
20

admissível em um manancial, ela é importante para a determinação dos valores de


qualidade de um efluente a ser despejado no mesmo.
A CONAMA 430, por sua vez, tem uma de suas seções dedicada a padrões de
emissões de sistemas de tratamento de esgotos sanitários. São definidas condições
de pH, temperatura, DBO5 a 20oC, óleos e graxas e materiais sedimentáveis e
flutuantes para os efluentes com essa origem.
O decreto estadual citado traz classificações de águas doces de acordo com
seus usos e seus respectivos padrões de qualidade, como a CONAMA 357, e padrões
de emissão, como a CONAMA 430. Em alguns casos, ele é mais restritivo que as
normas federais. É o caso dos padrões de emissão de efluentes de estações de
tratamento de esgotos, que são mais restritivos em âmbito estadual. No Estado, o
valor máximo de DBO5 a 20oC num efluente de ETE é 60 mg/L e a mínima eficiência
na remoção de matéria orgânica é de 80%. No país, os valores análogos são 120
mg/L e 60%.

1.5 O TRATAMENTO DOS ESGOTOS

Conhecidos os padrões de qualidade dos mananciais e os padrões de emissão


dos efluentes, pode-se abordar o tratamento das águas residuárias. Esses dados
permitem que sejam definidos objetivos e nível do tratamento e também as eficiências
de remoção desejadas.
Como o despejo de esgoto in natura em um corpo d’água, em geral, excede a
capacidade de autodepuração do mesmo, fica evidente a necessidade de se implantar
sistemas de tratamento de águas residuárias já que estes atuam na remoção de
substâncias poluentes dos esgotos e na adequação dos parâmetros de qualidade dos
mesmos aos padrões de emissão e aos padrões de qualidade dos mananciais.
Um único sistema de tratamento pode conter dois ou mais níveis de tratamento.
A Tabela 4 traz um breve panorama dos níveis de tratamento e do que cada um se
propõe a remover.
21

Tabela 4 - Níveis de tratamento e seus objetivos

Nível de tratamento Objetivo

Preliminar Sólidos em suspensão grosseiros

Sólidos em suspensão sedimentáveis


Primário
DBO suspensa

DBO suspensa e solúvel


Secundário Eventualmente nutrientes
Eventualmente organismos patogênicos

Nutrientes
Material recalcitrante
Organismos patogênicos
Metais pesados
Terciário
Sólidos suspensos remanescentes
Sólidos inorgânicos dissolvidos

Fonte: adaptado de Von Sperling (2005a).

Todo sistema de tratamento conta com o tratamento preliminar. Já uma estação


de tratamento secundário pode, ou não, realizar tratamento primário. O tratamento
terciário não é usual em países em desenvolvimento.
Os tratamentos de esgotos podem ser divididos entre físicos, químicos e
biológicos. Processos físicos consistem na remoção de substâncias fisicamente
separáveis dos líquidos, os químicos são aplicáveis quando os processos físicos e
biológicos não suprem as necessidades do sistema e os processos biológicos tratam
do uso de microrganismos na oxidação biológica dos compostos que se deseja
remover e na digestão do lodo, que é o principal subproduto do tratamento da fase
líquida (JORDÃO E PESSÔA, 2014). Os tratamentos preliminar e primário são
majoritariamente físicos, enquanto no secundário predominam processos biológicos.
O tratamento terciário consiste na utilização de processos químicos e físicos.
Através da remoção de sólidos grosseiros, o tratamento preliminar visa à
proteção das bombas e tubulações do sistema, das unidades de tratamento
subsequentes e dos corpos receptores. Com a remoção de areia, atende-se ao
22

objetivo de evitar a abrasão em equipamentos e tubulações do sistema, de eliminar


ou reduzir as chances de haver uma obstrução no mesmo e também de facilitar o
transporte do líquido e do lodo em suas diversas fases. Tipicamente, este tratamento
atende a uma sequência de grade (que remove os sólidos grosseiros), desarenador
(que remove areia por sedimentação) e medidor de vazão (por exemplo, uma calha
Parshall, que é uma calha de medidas padronizadas e permite que a vazão seja obtida
pela medição do nível d’água).
Uma vez que a DBO suspensa sedimenta a taxas mais lentas que a areia, o
desarenador do tratamento preliminar não executa a remoção do efluente em questão.
Nos casos em que se deseja reduzir a carga de matéria orgânica por sedimentação,
o tratamento primário pode ser aplicado com o uso de decantadores, que podem ser
tanques circulares ou retangulares. Os sólidos que decantam são denominados lodo
primário bruto. Já o material flutuante, composto por substâncias como óleos e graxas,
é menos denso que o líquido circulante e pode ser retirado do tanque para então ser
encaminhado para tratamento específico. Von Sperling (2005a) relata que a eficiência
da remoção de sólidos em suspensão gira em torno de 60 a 70% e de DBO em torno
de 25 e 35%.

A fim de que sejam acelerados os processos degradativos de matéria orgânica


naturalmente ocorrentes nos corpos hídricos, aplica-se o tratamento secundário. Tal
matéria encontra-se na fase líquida em duas formas:

 DBO solúvel: não removível por processos físicos;


 DBO suspensa: como podem persistir sólidos de lenta sedimentabilidade na
massa líquida após o tratamento primário (se aplicado), eles podem também
ser removidos em tratamento secundário.

Neste tipo de tratamento, são predominantes reações bioquímicas realizadas


por microrganismos, como bactérias específicas, e observa-se a conversão da matéria
orgânica em gás carbônico, água, metano (se as condições forem anaeróbias) e
material celular (em função do crescimento e da reprodução dos microrganismos
ativos). Há uma grande variedade de tratamentos de nível secundário, sendo os mais
comuns:
23

 Lagoas de estabilização e variantes (processos aeróbios e anaeróbios);


 Processos de disposição sobre o solo;
 Reatores anaeróbios;
 Lodos ativados e variantes (processos aeróbios);
 Reatores aeróbios com biofilmes.

Visto que são aplicáveis tanto tratamentos aeróbios quanto anaeróbios, a


viabilidade dos mesmos pode ser discutida em função de razões entre valores de
alguns parâmetros de qualidade das águas residuárias. Conforme Piveli (2001)
descreve, razões DBO5:N:P de no mínimo 100:5:1 e DQO:N:P minimamente
equivalentes a 350:7:1 significam a viabilidade de tratamentos aeróbio e anaeróbio,
respectivamente. Outra razão útil na análise de tratamentos aplicáveis é a razão
DBO/DQO, cujos valores elevados são característicos de despejos industriais menos
facilmente biodegradáveis (JORDÃO E PESSÔA, 2014). O inverso disso é indicativo
de maior facilidade para tratamento biológico.

1.6 ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO BRASIL

Um sistema de esgotamento sanitário é, de acordo com a Pesquisa Nacional


de Saneamento Básico (PNSB) (IBGE, 2010), o conjunto de obras e instalações
destinadas à coleta, transporte, afastamento, tratamento e disposição final das águas
residuárias da comunidade, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário.

Ainda em concordância com a mesma pesquisa, em 2008, 55,2% dos


municípios brasileiros dispunham de rede coletora de esgoto. Quando se observam
dados referentes às regiões brasileiras, percebe-se que o Sudeste do país é a única
a superar 50% de municípios com rede coletora consolidada. Os Estados com dados
mais extremos, à época da pesquisa, eram São Paulo, com 99,8% de municípios
contemplados por este serviço, e Piauí, com 4,5% do mesmo índice. A Figura 2 é
representativa quanto aos percentuais de municípios do Brasil com rede coletora,
segundo as Grande Regiões:
24

Figura 2 - Percentual de municípios brasileiros com rede coletora de esgoto, segundo as


Grandes Regiões - 2008

Fonte: adaptado de IBGE (2010).

Não obstante, em relação a tratamento de esgoto, a situação brasileira é ainda


mais crítica. Apenas 28,5% dos municípios tratam suas águas servidas, sendo que
apenas o Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro superavam em
2008 a marca de 50% de esgoto tratado e Estados relevantes do ponto de vista
econômico, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, apresentaram resultados
inferiores à média nacional, respectivamente, 22,7% e 15,1%. Embora menos de um
terço dos municípios do país tratassem seu esgoto, o volume tratado representava
68,8% do que era coletado. O breve panorama apresentado resulta em uma série de
inconvenientes relacionados às condições de esgotamento sanitário no Brasil, sendo
um deles a poluição dos corpos hídricos receptores de águas residuárias.
Em 2007, foi sancionada na esfera federal a Lei n° 11.445, que estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal do mesmo.
Segundo a norma, o conceito de saneamento básico fica definido como o conjunto de
serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais
urbanas. A União, sob a coordenação do Ministério das Cidades, elaborou e publicou
em 2013 o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), em que propõe a
universalização do acesso da população brasileira ao saneamento básico. Entre as
diretrizes que guiaram a elaboração do documento, podem ser citadas:
25

 Prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no


acesso ao saneamento básico;
 Melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;
 Fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias
apropriadas e à difusão de conhecimentos gerados.

1.7 MOGI DAS CRUZES

Escolheu-se a cidade de Mogi das Cruzes como local de estudo por ser uma das
maiores cidades do Brasil e ainda possuir uma grande área carente de tratamento de
suas águas residuárias. Além disso, ela já apresenta um Plano Diretor de Esgoto com
as informações pertinentes para o presente trabalho e é relativamente próxima à
cidade de São Paulo, viabilizando, dessa forma, visitas técnicas a fim de coletar dados
primários. Segundo o Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes, apenas 50% do
esgoto da cidade é tratado e, desse valor, 37% são tratados pela Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) do SEMAE (empresa concessionária de tratamento e
abastecimento de água e tratamento de esgoto) e os outros 13% pela ETE da cidade
vizinha de Suzano. O mapa ilustrado na Figura 3 representa um esquema simplificado
das regiões da cidade que recebem tratamento de suas águas residuárias, a região
verde indica a área tratada pela ETE da SEMAE, a azul a área tratada pela ETE de
Suzano e em amarelo a região que não recebe tratamento e na qual o efluente é
lançado in natura.
26

Figura 3 - Regiões atendidas pelas ETEs (tratamento em Mogi – área verde e tratamento em
Suzano – área azul) e região carente de atendimento (área amarela)

Fonte: adaptado de Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes (2010).

A cidade de Mogi das Cruzes faz parte da Mesorregião Metropolitana de São


Paulo e possui uma área de 712,541 km², que está contida no bioma da Mata
Atlântica. A cidade tem população estimada em 2015 de 424.633 habitantes, de
acordo com a projeção do IBGE para o ano citado. A Figura 4 mostra a inserção do
município na RMSP:
27

Figura 4 - Delimitação do Município de Mogi das Cruzes

Fonte: IBGE (2016)

De acordo com o Plano Diretor de Esgoto, Mogi das Cruzes está inserida em
sua maior parte na UGRHI (Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos) do
Alto Tietê, no sub-comitê Tietê-Cabeceiras e o distrito de Sabaúna está na UGRHI da
Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba do Sul. No mapa da Figura 5, a região do Alto
Tietê está indicada pelo número 6.
28

Figura 5 - Subcomitês do Alto Tietê

Fonte: Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes (2010).

1.8 OBJETIVO

Tendo em vista a importância do tratamento das águas residuárias e a carência


do mesmo do município de Mogi das Cruzes, este Trabalho de Formatura visa ao
suprimento dessa demanda por meio do dimensionamento de uma nova Estação de
Tratamento de Esgotos.

Os objetivos específicos são:


 Seleção da área de implantação da nova ETE;
 Escolha da tecnologia que melhor atenda aos critérios a serem definidos;
 Tratar o esgoto que atualmente não é tratado na cidade de Mogi das Cruzes;
 Contemplar o tratamento do esgoto da população projetada para 2040;
 Calcular os custos decorrentes da implantação e operação da ETE;
 Dimensionar unidades de tratamento, bombas e equipamentos necessários.
29

1.9 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para atingir os objetivos deste projeto foi:


1) Levantamento de dados demográficos de Mogi das Cruzes;
O primeiro passo para começar o trabalho foi obter os dados da população de Mogi
das Cruzes, encontrados no Plano Diretor de Esgoto. A partir desses dados,
utilizaram-se diferentes formas de se projetar a população em 2040, utilizando-se os
métodos aritmético, geométrico e interpolação.
A partir daí, calculou-se a porcentagem de cada Zona Homogênea, ou ZH
(regiões delimitadas da cidade de acordo com padrões de ocupação), na região a ser
atendida pela estação de tratamento. Considerou-se as porcentagens de cada ZH
compondo a população total projetada.

2) Levantamento de dados referentes à qualidade dos esgotos domésticos


de Mogi das Cruzes;
Os dados do esgoto também foram obtidos do Plano Diretor de Esgoto, e os
valores dos outros parâmetros foram interpolados, a partir da DBO, da Tabela 3
(JORDÃO E PESSÔA, 2014).

3) Escolha de uma localidade adequada à instalação da nova ETE;


Para a escolha da localidade, foram consideradas diferentes condições essenciais,
como as características do terreno, a proximidade com o Rio Tietê e relativa distância
do centro urbano (devido aos odores). Não menos importante foi aproximar a estação
da região de expansão da cidade e, por fim, considerou-se a área disponível na região.

4) Cálculo da eficiência do tratamento a ser aplicado;


Para o cálculo das eficiências, foram obtidos os parâmetros necessários conforme
a legislação ambiental, e, além deles, foram considerados os dados referentes à
qualidade do esgoto de Mogi das Cruzes. Com os dados do afluente e os dados de
legislação do corpo hídrico, foi possível obter as eficiências necessárias.
30

5) Análise de alternativas de tratamento;


A partir das eficiências, definiu-se quais as soluções tecnológicas que atendem
aos requisitos necessários em termos de obediência à legislação pertinente, conforme
a classificação do corpo d’água.

6) Definição dos critérios de escolha das alternativas propostas;


Obtendo-se as alternativas tecnológicas viáveis, foram definidos critérios, na forma
de funções de preferência, as quais vão definir o posicionamento de cada solução
comparativamente às outras, para cada critério.

7) Escolha do tratamento a ser aplicado.


A escolha do tratamento é embasada utilizando-se como modelo de apoio o
método PROMETHEE II & GAIA, conforme tese “Modelo de apoio à decisão
multicritério para priorização de projetos em saneamento” (CAMPOS, 2011).

8) Dimensionamento do sistema
O dimensionamento das unidades necessárias ao tratamento teve base nos
materiais de JORDÃO e PESSÔA (2014) e de PIVELI (2013) e nos critérios
preconizados pela NBR 12.209. Conhecendo as unidades que viriam a compor a ETE,
puderam ser escolhidos equipamentos (como bombas) que satisfizessem as
necessidades do sistema.

9) Estimativa de custos
Os custos referentes ao projeto foram divididos em custos de implantação e custo
de operação. Os primeiros foram obtidos a partir de valores médios de insumos para
o Estado de São Paulo, de levantamentos de valores de equipamentos realizados
pelos autores e de estimativas baseadas em planilhas orçamentárias de outras ETEs.
Os custos operacionais são majoritariamente compostos por custos referentes à
energia elétrica gasta na operação dos equipamentos. Para sua estimativa, foi
definido a que grupo de consumidor a ETE pertence e então calculado seu gasto, de
acordo com a tarifa vigente.
31

2 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Nesta seção, apresentam-se dados levantados e analisados a respeito da


população do município de Mogi das Cruzes a ser atingida pelo tratamento proposto
e sobre o esgoto sanitário do mesmo município, considerados de relevância para o
futuro dimensionamento da nova ETE.

2.1 POPULAÇÃO

Para o cálculo da população a ser atendida, foram consideradas as Zonas


Homogêneas (ZHs), regiões delimitadas da cidade cujos imóveis nelas situados
possuam o mesmo padrão de ocupação e uso do solo, estabelecidas no Plano Diretor
de Esgoto de Mogi das Cruzes (Anexo 1). O primeiro passo foi determinar, para cada
ZH, a porcentagem que será atendida pela ETE a ser dimensionada no trabalho. Na
Figura 6, mostra-se, fora de escala, a porcentagem considerada para cada ZH.
32

Figura 6 - Inclusão das áreas das ZHs no atendimento à nova ETE

Fonte: elaboração própria.


33

A partir dessas porcentagens, multiplicou-se pela população de cada ZH para


os anos (obtidos do Plano Diretor de Esgoto) utilizados no cálculo da projeção. Na
Tabela 6, estão os valores das populações de cada ZH nos anos considerados para
o cálculo das projeções. Na Tabela 5, estão os valores finais das populações,
considerando-se as porcentagens de cada ZH, apresentadas anteriormente.
34

Tabela 5 - População projetada pelo Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes

ZH Área (ha) 2025 2030 2035 2040

ZH-20 127,44 1592 1663 1738 1786

ZH-25 257,43 9487 9808 10253 10352

ZH-26 34,38 2020 2100 2196 2240

ZH-27 71,08 4081 4244 4437 4528

ZH-29 209,6 19061 19631 20522 20574

ZH-30 114,42 5074 5203 5439 5410

ZH-31 20,85 2932 3046 3185 3244

ZH-32 153,67 3434 3726 3895 4272

ZH-33 119,19 14062 14813 15486 16166

ZH-34 111,91 10521 11457 11977 13213

ZH-35 40,46 3310 3480 3638 3787

ZH-36 140,45 5933 6505 6800 7583

ZH-37 362,06 5242 5433 5679 5758

ZH-38 20,86 2600 2788 2914 3136

ZH-39 125,67 7781 8114 8483 8700

ZH-40 348,01 22762 23674 24749 25261

ZH-41 82,48 9311 9736 10178 10489

ZH-42 21,55 4981 5412 5657 6219

ZH-43 154,67 23770 25645 26809 29135

ZH-48 134,6 17097 17835 18645 19132

ZH-58 3128,75 3412 3545 3706 3775

SOMA 5779,53 178463 187858 196386 204760


Fonte: Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes (2010)
35

Tabela 6 - Populações projetadas considerando-se as porcentagens de inclusão de cada ZH

Área Porcentagem 2025 2030 2035 2040


ZH
(ha) considerada com % com % com % com %

ZH-20 127,44 10% 158 165 173 177

ZH-25 257,43 68% 6491 6711 7015 7083

ZH-26 34,38 45% 910 946 989 1009

ZH-27 71,08 55% 2225 2314 2419 2469

ZH-29 209,6 73% 13838 14252 14899 14937

ZH-30 114,42 100% 5074 5203 5439 5410

ZH-31 20,85 100% 2932 3046 3185 3244

ZH-32 153,67 100% 3434 3726 3895 4272

ZH-33 119,19 100% 14062 14813 15486 16166

ZH-34 111,91 100% 10521 11457 11977 13213

ZH-35 40,46 100% 3310 3480 3638 3787

ZH-36 140,45 100% 5933 6505 6800 7583

ZH-37 362,06 100% 5242 5433 5679 5758

ZH-38 20,86 100% 2600 2788 2914 3136

ZH-39 125,67 71% 5541 5778 6041 6195

ZH-40 348,01 59% 13461 14001 14637 14939

ZH-41 82,48 95% 8824 9227 9646 9940

ZH-42 21,55 69% 3422 3719 3887 4273

ZH-43 154,67 18% 4290 4629 4839 5259

ZH-48 134,6 0% 0 0 0 0

ZH-58 3128,75 100% 3412 3545 3706 3775

SOMA 5779,53 115682 121737 127263 132626


Fonte: Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes (2010)
36

2.2 CUSTOS

Para uma estimativa dos custos da ETE, é preciso, antes, estabelecer uma
vazão de projeto. Esta, por sua vez, é composta de duas vazões parciais: a vazão
média da população local (Qm) e a vazão de infiltração (Qi), portanto:

𝑄𝑝 = 𝑄𝑚 + 𝑄𝑖 (1)

É importante ressaltar que para este trabalho não serão contabilizados


efluentes industriais e consumidores especiais, como hospitais e shoppings, por
exemplo.

1. Obtenção de Qm
Para a obtenção de Qm, analisou-se cada ZH separadamente, atribuindo a cada
uma a magnitude da contribuição, de acordo com a ocupação local. Para isso, foram
utilizados os valores de esgoto (L/d) por atividade/usuário fixados pela NBR 7229,
ABNT, ref. 3.2, e as descrições de cada ZH do Plano Diretor de Esgoto.
Tomando a porcentagem de participação de cada ZH como referência, é obtida
a população de 132.626 habitantes para final de plano. Para fins de dimensionamento,
a população de 133.000 habitantes é adotada.
Os resultados dessa etapa podem ser visualizados na Tabela 7.
37

Tabela 7 - Caracterização do consumo de cada ZH


Área % Esgoto Contribuição
ZH População Caracterização
(ha) participação (L/d) (L/s)
ZH-20 127,44 0,13% 177 260 0,5 Hospital, escola, classe média
ZH-25 257,43 5,34% 7083 160 13,1 Classe alta, grandes lotes
ZH-26 34,38 0,76% 1009 130 1,5 Classe média
ZH-27 71,08 1,86% 2469 130 3,7 Classe média
ZH-29 209,6 11,26% 14937 160 27,7 Classe alta
ZH-30 114,42 4,08% 5410 100 6,3 Classe baixa
ZH-31 20,85 2,45% 3244 100 3,8 Classe baixa
ZH-32 153,67 3,22% 4272 160 7,9 Classe alta, Real Park
ZH-33 119,19 12,19% 16166 100 18,7 Classe baixa
ZH-34 111,91 9,96% 13213 130 19,9 Classe média
ZH-35 40,46 2,86% 3787 130 5,7 Classe média
ZH-36 140,45 5,72% 7583 130 11,4 Classe média
ZH-37 362,06 4,34% 5758 100 6,7 Classe baixa
ZH-38 20,86 2,36% 3136 100 3,6 Classe baixa
ZH-39 125,67 4,67% 6195 130 9,3 Classe média
ZH-40 348,01 11,26% 14939 130 22,5 Classe média
ZH-41 82,48 7,50% 9940 130 15,0 Classe média
ZH-42 21,55 3,22% 4273 160 7,9 Classe alta
ZH-43 154,67 3,97% 5259 160 9,7 Classe alta
ZH-48 134,6 0,00% 0 130 0,0 Classe média
ZH-58 3128,8 2,85% 3775 100 4,4 Classe baixa
SOMA 5779,5 100% 132626 Total 199,2 L/s

Fonte: Plano Diretor de Esgoto de Mogi das Cruzes - SP

Portanto, a partir dos cálculos realizados, obteve-se o resultado:

𝑄𝑚 = 199,2 𝐿/𝑠

2. Cálculo de Qi

Para o cálculo de infiltração, duas informações são necessárias: 1) o comprimento


da rede e 2) a taxa de contribuição de infiltração.
O comprimento da rede obtido pelo cálculo realizado em Autocad é de 191,137 km
(Anexo 1). A taxa de contribuição de infiltração utilizada foi de:

𝐿
𝑇𝐼 = 0,2 (2)
𝑠 × 𝑘𝑚
38

Este valor foi recomendado por BRUNO e TSUTIYA (1983), após análises de
reais infiltrações na cidade de São Paulo, seja em redes secas ou em carga, esta
última pelas vazões mínimas noturnas.
O valor de Qi é obtido multiplicando-se o comprimento da rede, C, pela taxa de
infiltração, TI:

𝑄𝑖 = 𝐶 × 𝑇𝐼 (3)

Organizando-se os dados calculados, obtém-se a Tabela 8.

Tabela 8 - Cálculo da vazão de projeto a partir das componentes

Dados

Comprimento da
C 191,137 km
rede

Taxa de infiltração TI 0,2 L/s.km

Cálculos

Vazão média Qm 199,20 L/s

Vazão de infiltração Qi 38,23 L/s

Vazão de projeto
Qp 237,43 L/s
média

A partir da vazão de projeto média, Qp, é possível estimar os custos de cada


alternativa tecnológica considerada utilizando-se as regressões lineares apresentadas
por JORDÃO e PESSÔA (2014), obtidas a partir de múltiplos empreendimentos de
mesma natureza, correlacionando a vazão de projeto e os custos. Os resultados são
apresentados na Tabela 9.
39

Tabela 9 - Custos estimados das tecnologias

Tecnologia Custo estimado

Lodos ativados R$ 14.813.391,66

Lodos ativados por Batelada R$ 12.956.021,57

Lagoas de estabilização R$ 5.636.233,41

UASB + Filtro biológico de alta


R$ 9.100.000,00
taxa
Fonte: adaptado de Jordão e Pessôa (2014)

2.3 EFLUENTES

Em concordância com o Plano Diretor de Esgotamento Sanitário do Município


de Mogi das Cruzes (2010), a DBO5 a 20°C do efluente que chega à atualmente
operante ETE Leste SEMAE é de 158 mg/L. Assim, este valor será considerado como
base para o dimensionamento que esse projeto se propõe a fazer.
O Plano Diretor, entretanto, não dispõe de outros dados referentes à qualidade
do esgoto, como a concentração de nitrogênio amoniacal e de fósforo total presentes.
Tais valores, que são importantes para a determinação da eficiência do tratamento a
ser aplicado, serão determinados com o auxílio da bibliografia existente sobre o
assunto.
A Tabela 10 dispõe dos valores dos parâmetros de qualidade do esgoto
sanitário de Mogi das Cruzes, sendo que os valores referentes às concentrações de
DQO, nitrogênio total, orgânico, amoniacal, em forma de nitrito e em forma de nitrato,
fósforo total e oxigênio dissolvido foram obtidos por interpolação. As referências
utilizadas para tal cálculo foram as concentrações usualmente encontradas para
esgotos fracos e médios, descritas por Jordão e Pessôa (2014).
40

Tabela 10 - Parâmetros de qualidade do esgoto sanitário de Mogi das Cruzes

Parâmetro Esgoto fraco Esgoto médio


Efluente (mg/L)
ambiental (mg/L) (mg/L)

DBO 158 100 200

DQO 316 200 400

Nitrogênio total 31,6 20 40

Nitrogênio
15,8 10 20
orgânico

N-NH4+ 15,8 10 20

N-NO2- 0,029 0,00 0,05

N-NO3- 0,158 0,10 0,20

Fósforo total 7,9 5 10

OD 0 0 0

Fonte: adaptado de João e Pessôa (2014)

A relação DBO:N:P dos valores obtidos é de 100:20:5 e a relação DQO:N:P é


de 350:35:9. São viáveis processos aeróbios e anaeróbios para o tratamento desse
esgoto, pois, como já mencionado, os valores mínimos aceitáveis para tratamentos
aeróbios são de DBO:N:P iguais a 100:5:1 e os para tratamentos anaeróbios são de
DQO:N:P iguais a 350:7:1.

3 ESCOLHA DO LOCAL DA ETE

Para a escolha do local onde seria instalada a ETE, levou-se em consideração


a Lei nº 5.598 de 06 de Fevereiro de 1987, que declara como área de proteção
ambiental (APA) toda a várzea do rio Tietê ao longo dos municípios de Salesópolis,
Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São
Paulo, Osasco, Barueri, Carapicuíba e Santana do Parnaíba. Ressalta-se que o
parágrafo 4º do artigo 6º implica que “Havendo interferência ou utilização, sob
qualquer forma, dos recursos hídricos, inclusive nas áreas de várzeas, deverá ser
obtida outorga junto ao Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE”.
41

Por questões de segurança, a distância da APA foi considerada como sendo


de 1 km para cada lado do rio. Além disso, Mogi das Cruzes possui uma região
industrial afastada dos bairros e próxima às ZH que o projeto visa a atender, como
mostra a Figura 7, em que aparece a Estação de Tratamento de Água e a Estação de
Tratamento de Esgoto do SEMAE e onde KC indica a indústria Kimberly Clark. A
contribuição das duas indústrias não foi contabilizada pelo fato de cada uma possuir
um sistema próprio de tratamento de esgoto e que após passarem por esse processo,
são despejados no corpo hídrico.

Figura 7 - Possíveis localizações da nova ETE, nas proximidades da ETE existente, das
indústrias Gerdau e Kimberly-Clark e da ETA de Mogi das Cruzes

Fonte: Google Earth (acesso em 04/05/2016)

De acordo com os anexos da Lei nº 5.598 de 06 de Fevereiro de 1987, esta


região faz parte da Zona de Cinturão Meândrico, como mostra a área hachurada de
azul na Figura 8 que no Artigo 21 do Capítulo III é definida como “Artigo 21 - A zona
de cinturão meândrico compreende a parte da faixa de terreno da planície aluvial do
Rio Tietê, constituída geralmente por solos hidromórficos não consolidados, sujeitos
a inundações frequentes por transbordamento do canal fluvial, podendo apresentar,
em alguns trechos, áreas de solos mais consolidados e ligeiramente elevados em
relação ao conjunto. Parágrafo único - A zona de cinturão meândrico tem por
finalidade o controle das enchentes, considerando-se suas características
geomorfológicas, hidrológicas e sua função ambiental”.
42

Figura 8 - Mapa de zona de centro meândrico. A área hachurada ilustra que a região escolhida
para a implantação da nova ETE se encontra nessa zona

Fonte: Anexo da Lei nº 5.598 de 06 de Fevereiro de 1987

No entanto, apesar de ser uma zona restritiva, o parágrafo 4º do Artigo 22


determina que “Podem ser realizadas obras, empreendimentos e atividades de
utilidade pública ou interesse social, desde que obedecido ao disposto no parágrafo
único do artigo 21”. Portanto, a ETE poderá ser instalada na região desde que esteja
de acordo com o Artigo 24 que impõe que “Em áreas situadas na zona de cinturão
meândrico podem ser admitidas atividades, obras ou empreendimentos, desde que
observadas as seguintes condições:
I - Tenha o terreno perdido as características geomorfológicas de planície
aluvial, em decorrência de ações humanas comprovadamente ocorridas até
180 (cento e oitenta) dias antes da vigência deste decreto;
II - Seja reservada para a manutenção ou a recomposição de área verde pelo
menos 50% (cinquenta por cento) da área do imóvel”.
O local ideal para a construção da nova ETE seria entre a Gerdau e a Kimberly-
Clark, já que é uma região industrial e afastada dos bairros. Para estipular o preço do
terreno, pesquisou-se em sites de venda de imóveis e loteamentos próximos à
Gerdau, que se encontra no bairro do Jardim Armênia. O terreno mais próximo e com
o melhor preço foi encontrado no site Viva Real, onde há um terreno a venda por R$
932/m².
43

4 EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO

Os parâmetros de qualidade do trecho do rio próximo à localização de


instalação da ETE foram obtidos pelo ponto de monitoramento da Sabesp e da
CETESB denominado TIET 02090. Sua localização pode ser observada na Figura 9.

Figura 9 - Pontos de monitoramento da CETESB

Fonte: CETESB (2016)

Os valores das concentrações de cada parâmetro podem ser encontrados na


Tabela 11. Preferiu-se utilizar os dados fornecidos pela Sabesp porque os da CETESB
eram somente sobre DBO, DQO, OD e coliformes fecais.
44

Tabela 11 - Parâmetros de qualidade da água

Fonte: SABESP (2005)

Para obtenção dos valores, foram utilizadas curvas com permanência de 90%
para o fósforo, nitrato, DBO5 a 20°C, nitrito, nitrogênio amoniacal e OD. Os resultados
podem ser encontrados na Tabela 12 como Prio.
Os parâmetros de qualidade do afluente, que é o esgoto que chegará à ETE,
foram retirados do Plano Diretor de Esgoto da cidade de Mogi das Cruzes e podem
ser encontrados na Tabela 11 e identificados na Tabela 12 como Pafluente.
Já os parâmetros máximos e mínimos de qualidade da água no corpo hídrico
foram obtidos da resolução CONAMA 357 para rios de classe 2 e são identificados na
Tabela 12 como Plegislação.
Para determinar os parâmetros de qualidade do lançamento do esgoto tratado
pela ETE, utilizou-se uma equação de balanço de massa, em que:

((𝑄𝑟𝑖𝑜 + 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜). 𝑃𝑙𝑒𝑔𝑖𝑠𝑙𝑎çã𝑜) − (𝑄𝑟𝑖𝑜. 𝑃𝑟𝑖𝑜)


𝑃𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = (4)
𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜

 Pefluente: Paramêtro do efluente tratado que será lançado no corpo hídrico;


 Qrio: Vazão do rio Tietê;
 Qprojeto: Vazão de projeto;
 Plegislação: Parâmetro determinado pela legislação referente ao enquadramento
do rio no trecho escolhido;
 Prio: Parâmetro de qualidade do rio no trecho escolhido.
A eficiência do tratamento foi calculada como sendo:
45

𝑃𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = (5)
𝑃𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒

Os valores de cada componente da fórmula e os resultados obtidos podem ser


visualizados na Tabela 12.

Tabela 12 - Resultados de eficiências necessárias para cada parâmetro ambiental

Dados

Qrio 3000 L/s

Qprojeto 237,43 L/s

Resultados

Eficiência
Parâmetro Pafluente Prio Plegislação Pefluente
necessária

Fósforo 7,90 0,114 0,1 -0,08 100%

Nitrato 0,16 0,207 10,00 135,858 0%

DBO5 a 20°C 158,00 2,900 5,00 31,989 80%

Nitrito 0,03 0,022 1,00 13,569 0%

Nitrogênio
15,80 0,144 1,00 12,001 24%
amoniacal

Fonte: elaboração própria e SABESP (2005)

Foram considerados como 0% de eficiência os parâmetros para os quais não seria


necessário um tratamento prévio para serem lançados no corpo hídrico, já que são
valores abaixo do máximo permitido pelo tipo de enquadramento do rio, considerando
a vazão de projeto.
A única exceção é o fósforo, parâmetro de qualidade da água que já se encontra
em desacordo com a legislação no trecho do rio analisado. Assim, mesmo que o
46

tratamento do esgoto tivesse eficiência de 100%, o parâmetro permaneceria num valor


que excede o limite estabelecido pela resolução CONAMA 357 para rios de classe 2.
De acordo com Piveli, o atendimento à legislação federal referente ao padrão de
qualidade do fósforo é uma dificuldade muito recorrente e independe da velocidade
da água no corpo receptor. O padrão é restritivo para evitar eutrofização que causa
um crescimento excessivo de algas, mas isso só ocorre em represas, onde a água
possui baixas velocidades, o que não seria o caso.
Além disso, a Tabela 13 compara o Decreto 8468 (legislação do Estado de São
Paulo) com a resolução 430 do CONAMA (legislação federal). Ambas determinam os
padrões de emissões de esgotos e ao se comparar com os parâmetros do efluente
tratado, conclui-se que ele atenderá aos padrões de qualidade em relação à DBO5 a
20°C, exigido pelo Decreto 8468 do Estado de São Paulo.

Tabela 13 - Comparação entre padrões de emissões de esgoto federal e estadual

Resolução 430
Parâmetro Decreto 8468
do CONAMA

pH Entre 5 e 9 Entre 5 e 9

Temperatura Inferior a 40°C Inferior a 40°C

Sólidos
Inferior a 1,0 mL/L Inferior a 1,0 mL/L
sedimentáveis

Inferior a 60 mg/L
DBO5 a 20°C ou 80% de -
redução

Amônia - Inferior a 5 mg/L

Fonte: elaboração própria e Piveli (2013)


47

5 ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO

Para o desenvolvimento deste projeto, foram selecionadas três alternativas de


tratamento disponíveis para análise e comparação a fim de que fosse escolhida a mais
adequada à situação observada.
Nesta seção, são apresentadas breves descrições do tratamento de águas
residuárias por lagoas aeradas, lodos ativados e por sistema composto de reator
UASB seguido de filtração biológica.

5.1 LAGOAS AERADAS

As lagoas aeradas classificam-se entre as lagoas de estabilização, e apresentam


três tipos:
 Lagoas aeradas de mistura completa;
 Lagoas aeradas facultativas;
 Lagoas aeradas aeróbias com recirculação de lodo.

A Tabela 14 apresenta alguns parâmetros e características para essas


variações.
48

Tabela 14 - Principais parâmetros e características das lagoas aeradas tratando esgotos


domésticos

Lagoa aerada Lagoa aerada Lagoa com


Característica Unidade
aeróbia facultativa recirculação

Todos os sólidos Parcela dos Efluente com


acompanham o sólidos menor teor de
Controle de efluente, sendo sedimenta, a sólidos.
-
sólidos necessária maior parte Controle de
separação acompanha o lodo
posterior efluente recirculado.

Sólidos em
suspensão mg/L 100-300 70-200 3000-5000
totais

Tempo de
dias <5 4 – 12 1 – 20
detenção

Eficiência de 90-95 70 – 80
remoção de % Com lagoa de Apenas com 95 – 98
DBO sedimentação lagoa aerada

Profundidade m 2,5 - 5,0 2,5 - 5,0 2,5 - 5,0

Densidade de
W/m³ > 10 >3 > 20
potência

Fonte: adaptado de Jordão e Pessôa (2014)

Como não existe recirculação da biomassa nas lagoas aeradas, diminui-se


consideravelmente a quantidade de sólidos em suspensão e, portanto, ocorre uma
redução considerável da população bacteriana. Dessa forma, os volumes necessários
são muito maiores comparativamente ao sistema de lodos ativados.
As lagoas aeróbias de circulação completa levam esse nome pois, por meio de
aeradores, têm o objetivo de manter uma concentração mínima de oxigênio em toda
a massa líquida. Com isso, no entanto, o efluente líquido costuma manter uma grande
quantidade de sólidos suspensos, sendo necessária, geralmente, uma lagoa de
49

sedimentação a fim de permitir a sedimentação desses sólidos. Para manter esse


nível de agitação, são necessários aeradores muito potentes, o que pode inviabilizar
a escolha tecnológica devido à quantidade de energia necessária.
Quanto às lagoas aeradas facultativas, que geralmente são denominadas de
lagoas aeradas por serem mais utilizadas, necessitam, por um lado, de menor
potência de agitação, de 3 a 5 W/m³, frente a 10 a 20 W/m³ necessários nas de
circulação completa (JORDÃO e PESSÔA, 2014); por outro lado, necessitam de
maiores profundidades. Na camada superficial da lagoa, processar-se-á
decomposição aeróbica (com a presença de O2), ao passo que nas camadas inferiores
haverá decomposição anaeróbia, com a presença dos sólidos em suspensão que vão
sedimentando, dada a baixa potência dos aeradores e as maiores profundidades da
lagoa.
As lagoas aeradas facultativas, embora possam apresentar menores tempos
de detenção em relação às lagoas facultativas convencionais em função da entrada
de oxigênio e, em consequência, da decomposição acelerada de matéria orgânica,
apresentam tempos de detenção maiores em relação às lagoas aeradas de mistura
completa.
Com relação às lagoas com recirculação de lodo, são muito semelhantes ao
sistema de lodos ativados, mas sem o decantador primário. A diferença em relação
aos outros sistemas de lagoas aeradas é que a recirculação aumenta
consideravelmente a concentração de sólidos no interior da lagoa (vide Tabela 14).
Com relação ao funcionamento das lagoas aeradas, elas obedecem a alguns
princípios comuns, com exceção da lagoa aerada de mistura completa, cujas
particularidades serão apontadas a seguir.
As principais reações biológicas que ocorrem nas lagoas aeradas são:
 Oxidação da matéria orgânica pelas bactérias;
 Oxigenação da camada superior por meio da aeração;
 Redução da matéria carbonácea por bactérias anaeróbias no fundo da lagoa
(exceto lagoas aeradas de mistura completa).
A Figura 10 mostra um esquema adaptado de Von Sperling (2005) de uma lagoa
aerada de mistura completa e de uma lagoa aerada facultativa.
50

Figura 10 - Esquemas de componentes das lagoas aeradas

Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)

Obrigatoriamente, em série com a lagoa aerada de mistura completa, deve


haver uma lagoa de sedimentação, a fim de reduzir a concentração de sólidos em
suspensão do efluente final (e, portanto, menor DBO). É esperada uma redução de
80 a 85% de sólidos em suspensão.
Em termos de tempo de detenção, recomenda-se uma variação de 1 a 2 dias,
de modo que seja possível ocorrer a sedimentação com redução da proliferação de
algas, e as limpezas de lodo acontecem de 2 a 4 anos.

5.2 LODOS ATIVADOS

O tratamento por lodos ativados é aplicável quando se deseja obter elevada


qualidade do líquido efluente e são reduzidos os requisitos de área. O alto índice de
mecanização desse método, em relação a outros sistemas de tratamento, implica em
um consumo mais elevado de energia elétrica (VON SPERLING, 2005b).
Os microrganismos presentes nesse processo são principalmente bactérias, fungos,
protozoários, rotíferos e nematoides, sendo as primeiras as mais relevantes para o
tratamento (JORDÃO e PESSÔA, 2014). Sua matriz gelatinosa permite que elas se
aglutinem entre elas e aos demais tipos de microrganismos, caracterizando uma
biomassa de característica flocular.
51

As seguintes unidades, acompanhadas de suas respectivas funções, estão presentes


neste tipo de tratamento:
 Tanque de aeração (reator): remoção da matéria orgânica por atividade
microbiológica, podendo ocorrer remoção de matéria nitrogenada;
 Tanque de decantação (decantador secundário): sedimentação dos sólidos
(biomassa), permitindo saída de efluente final clarificado;
 Recirculação do lodo: os sólidos decantados na etapa anterior voltam ao
tanque de aeração, o que aumenta a concentração de biomassa no reator e
confere eficiência elevada ao sistema.
Conforme já mencionado na introdução deste Trabalho de Formatura, tratamentos
de nível secundário são sempre precedidos por tratamento preliminar. Assim, a Figura
11 representa simplificadamente a sequência de etapas envolvidas em um sistema de
tratamento de esgotos por lodos ativados. O lodo resultante da sedimentação ocorrida
no tanque de decantação pode ter três destinos, sendo os mais usuais a sua
recirculação e a sua disposição final. Alternativamente, apresenta-se a opção de
mesclar parte do fluxo recirculado ao afluente que entra no decantador primário.

Figura 11 - Fluxograma simplificado do sistema de tratamento por lodos ativados

Fonte: adaptado de Jordão e Pessôa (2014).

Uma vez que no tanque de aeração é contínua a entrada de alimento (em forma
de DBO dos esgotos), ocorre o crescimento e a reprodução contínua dos
microrganismos presentes. Para evitar que sejam atingidas concentrações excessivas
de biomassa no reator, fator que dificultaria a transferência de oxigênio a todas as
células, e que aconteça uma sobrecarga do decantador secundário, parte do lodo da
recirculação é extraído do processo. O tratamento recebido pelo lodo excessivo pode
ser sequencialmente descrito da seguinte forma:
 Adensamento: remoção de umidade/redução de volume;
 Estabilização: remoção da matéria orgânica;
52

 Condicionamento: preparação para a desidratação;


 Desidratação: remoção de umidade/redução de volume;
 Disposição final: destinação final do subproduto.
O processo de lodos ativados apresenta algumas variantes de acordo com a idade
do lodo, o fluxo e o afluente à etapa biológica do sistema. A idade do lodo é
inversamente proporcional à carga de DBO aplicada por unidade de volume e para a
modalidade convencional do tratamento, tal idade é da faixa de 4 a 10 dias. O fluxo,
por sua vez, pode ser subdividido entre contínuo e intermitente (reatores sequenciais
em batelada), sendo que o fluxo contínuo é observado no processo convencional ou
com a aplicação de aeração prolongada. A última categoria de variantes divide os
afluentes entre: esgoto bruto, efluente de decantador primário, efluente de reator
anaeróbio e efluente de outro processo de tratamento de esgotos. A Tabela 15
relaciona a idade do lodo à carga de DBO aplicada e à denominação usual do sistema.
A denominação “aeração modificada” refere-se a um grau de tratamento intermediário.

Tabela 15 - Classificação dos sistemas em função da idade do lodo

Carga de DBO
aplicada por Faixa de idade do Denominação
Idade do lodo
unidade de lodo usual
volume

Reduzidíssima Altíssima Inferior a 3 dias Aeração modificada

Lodos ativados
Reduzida Alta 4 a 10 dias
convencional

Intermediária Intermediária 11 a 17 dias -

Aeração
Elevada Baixa 18 a 30 dias
prolongada

Fonte: Von Sperling (2005b).

A Figura 12 representa as principais modalidades do processo de lodos


ativados. Além dos já citados, modelos convencional e de aeração prolongada do
tratamento, constam também:
53

 Sistema com mistura completa: com ocorrência de total dispersão das


partículas em todo o tanque de aeração, já que a vazão afluente alimenta o
tanque diretamente sobre os rotores de aeração;
 Sistema com aeração decrescente: com introdução do ar em quantidades
decrescentes ao longo do reator;
 Sistema com aeração escalonada: com introdução gradual do esgoto ao longo
do reator.
54

Figura 12 - Principais modalidades do processo de lodos ativados

Fonte: Jordão e Pessôa (2014).

Em variação às modalidades de lodos ativados em que o fluxo é contínuo, será


brevemente explanada a modalidade que faz uso de reatores sequenciais em
batelada. Eles constituem sistema de mistura completa, em um só tanque, no qual
ocorrem as seguintes cinco etapas:
 Fase de enchimento: preenchimento do reator com esgoto bruto ou primário,
com aeradores ligados por parte do tempo ou permanecendo desligados;
55

 Fase de aeração: aeradores ficam ligados por todo o tempo, reações


microbiológicas pertinentes ocorrem;
 Fase de sedimentação: aeradores são desligados e os sólidos em suspensão
sedimentam no interior do tanque, não se fazendo necessário que esse tipo de
sistema utilize decantador final ou tenha equipamentos específicos para a
sedimentação;
 Fase de retirada do efluente: um vertedor flutuante ou ajustável retira o efluente
clarificado, reduzindo a altura do nível d’água até a proximidade da camada de
lodo sedimentado. Deve ser tomado o cuidado de não chegar até o nível
superior da manta de lodo para que não sejam perdidos sólidos com o efluente;
 Fase de repouso: ajuste do tempo entre o fim de um ciclo e o início de outro.
Pode haver remoção de excesso de lodo nesta fase ou na fase de aeração.

Em geral, uma ETE que faz uso do sistema descrito conta com pelo menos dois
tanques, que funcionam simultaneamente, mas em fases de operação diferentes.
Os sistemas que aplicam aeração prolongada no tratamento possuem tempo de
detenção hidráulica no reator maior que os demais sistemas. Isso implica em custos
operacionais e custos de construção mais elevados, uma vez que mais energia
elétrica é requerida na operação e que esses reatores acabam precisando de maiores
áreas para implantação. A Tabela 16 apresenta um breve comparativo entre alguns
processos dos lodos ativados em relação à ordem da remoção de DBO observada e
ao tempo de detenção no reator.
56

Tabela 16 - Comparativo entre processos de lodos ativados em relação à remoção de carga de


DBO e tempo de detenção hidráulica

Ordem da remoção de
Processo Tempo de detenção (h)
DBO (%)

Convencional 85 – 95 4–8

Aeração prolongada 90 – 95 16 – 36

Mistura completa 85 – 90 3–5

Modificado 60 – 75 1–2

Fonte: adaptado de Jordão e Pessôa (2014).

Por fim, embora o tratamento por lodos ativados vise, principalmente, à remoção
de matéria orgânica, ele também pode desempenhar a remoção de nutrientes. Neste
caso, a remoção de matéria nitrogenada ocorre, em geral, em função de reações
convencionais de nitrificação e desnitrificação, que consistem na conversão de
amônia a nitrato e na conversão de nitrato a nitrogênio gasoso, respectivamente.
Apesar de a nitrificação ser uma reação aeróbia, a desnitrificação deve ocorrer em
condições anóxicas. Isso acarreta na necessidade de algumas adaptações nos
sistemas, como a criação de zonas anóxicas e recirculações internas. A remoção de
fósforo pela via biológica em sistemas de tratamento desse tipo carece da existência
de zonas anaeróbias e zonas aeróbias na linha de tratamento (VON SPERLING,
2005b). Nesse caso, a função da zona anaeróbia é funcionar como um seletor
biológico para microrganismos seletores de fósforo, que são favorecidos na
assimilação desse substrato nessa zona em relação a outros microrganismos.

5.3 REATOR UASB SEGUIDO DE FILTRO BIOLÓGICO

A última alternativa para o projeto seria o uso de reator UASB seguido de filtro
biológico. O Reator de Manta de Lodo, mais conhecido como reator UASB (Upflow
Anaerobic Sludge Blanket) é um tratamento anaeróbio dado ao lodo através da
granulação ou floculação dele, que facilita a sedimentação do fundo do reator,
permitindo que a sua operação seja feita com enormes cargas hidráulicas (relação
entre a vazão do esgoto aplicado e a área superficial útil do reator). Como a velocidade
57

de crescimento dos microrganismos anaeróbios é menor do que a dos aeróbios, a


formação dos grânulos ocorre em menor velocidade (SANT’ANNA JUNIOR, 2013).
Portanto, um fator que influiria na eficiência do processo seria um alto tempo de
retenção de sólidos biológicos (tempo em que uma partícula do lodo permanece no
sistema) e um baixo tempo de detenção hidráulico (tempo médio em que os despejos
líquidos permanecem em um sistema), além das características físicas favoráveis do
reator (JORDÃO E PESSÔA, 2014).
Esse tipo de tecnologia pode ser aplicado para o tratamento de esgotos
domésticos, que é o foco principal deste projeto. No entanto, sua eficiência é limitada
pelo tempo de detenção, e as faixas para remoção de DBO e DQO situam-se entre
45 a 85% e 40 a 75%, respectivamente (JORDÃO E PESSÔA, 2014), exigindo um
polimento do efluente tratado através do uso de filtro biológico após o esgoto passar
pelo reator UASB, já que o despejo será feito em um ponto no rio Tietê que é de classe
2.
O reator UASB é caracterizado pela sua eficiência em reter sólidos e facilidade
de separação de gás. A base do tanque pode possuir formato retangular ou circular
com profundidade de no máximo 6 metros (SANT’ANNA JUNIOR, 2013). A
alimentação é feita através de tubos ligados a ela distribuídos de forma homogênea e
o fluxo é ascendente. O desenho esquemático do reator e a descrição de suas partes
constituintes encontram-se a seguir:
 Câmara de digestão: é a região que se situa na base do reator e onde a manta
de lodo se concentra e ocorre a digestão anaeróbia;
 Separador de fases: caracterizado por ser um defletor de gases e separar as
fases líquida, gasosa e sólida;
 Zona de transição: separação entre a câmara de sedimentação superior da
câmara de digestão;
 Zona de sedimentação: o esgoto penetra nessa região com uma velocidade
favorável para que ocorra a sedimentação de flocos e sólidos, que retornam
para as zonas de digestão e transição. O líquido restante, caracterizado como
efluente clarificado, é recolhido e, no caso deste projeto, será direcionado para
o filtro biológico;
 Zona de acumulação de gás: onde fica o biogás que é gerado na zona de
digestão que pode ser aproveitado.
58

Figura 13 - Representação esquemática de um UASB

Fonte: Jordão e Pessôa (2014).

A alternativa escolhida para este projeto como pós tratamento do reator UASB
é o filtro biológico convencional. O filtro biológico é caracterizado pela oxidação
bioquímica do esgoto afluente com a massa microbiológica contida no meio suporte.
Essa reação ocorre em meio aeróbio no meio suporte, que é uma massa de sólidos
grosseiros (tais como: pedra britada, plástico ou escória de alto forno) depositados em
um tanque circular que agregam a biomassa que reagirá com o esgoto que irá percolar
por ele.
Nesse processo, a biomassa adere ao material do meio suporte através do
fenômeno da adsorção, preenchendo os espaços vazios entre o material e ficando
59

retida tempo suficiente para a sua estabilização (VON SPERLING, 2005a). Essa
adsorção dificulta a aeração do sistema, que é feita de forma natural, e a oxigenação
das camadas mais internas da massa biológica, que sofre oxidação anaeróbia. As
reações geram subprodutos como: gás carbônico (CO2), que pode permanecer em
solução ou ir para a atmosfera, ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3), que
acabam sendo neutralizados pelas substâncias alcalinas que compõem o esgoto e
formam sais solúveis em água (JORDÃO E PESSÔA, 2014).
A produção de gases na camada anaeróbia do filme biológico causa o
desprendimento do lodo do material do meio suporte, que é arrastado junto com o
fluxo de esgoto até chegar ao sistema de drenagem que é ligado ao decantador
secundário (JORDÃO E PESSÔA, 2014).
O meio suporte é alimentado constantemente por um mecanismo de
distribuição de esgotos, que possui braços distribuidores móveis dispostos na
horizontal que jorram o afluente transportado pela coluna de alimentação, como
mostra a Figura 14 (JORDÃO E PESSÔA, 2014).

Figura 14 - Partes componentes do filtro biológico

Fonte: Jordão e Pessôa (2014).


60

O movimento dos braços deve-se à direção de escoamento do esgoto, que é


contrária ao sentido de rotação, como mostra a Figura 15 (JORDÃO E PESSÔA,
2014).

Figura 15 - Filtro biológico da ETE de Londrina

Fonte: Jordão e Pessôa (2014).

Após o esgoto percolar por todo o tanque, ele é captado pelo sistema de
drenagem, que pode ser formado por blocos ou calhas dispostos no fundo do tanque.
Esse sistema direciona o efluente do filtro biológico para o decantador secundário e
dele o lodo gerado retorna para o reator UASB e o restante do efluente é despejado
no corpo receptor, como mostra a Figura 16.
61

Figura 16 - Esquema dos componentes de UASB e filtro biológico

Fonte: Von Sperling (2005)

Ainda de acordo com Von Sperling (2005a), essa configuração de sistema


composto por reator UASB seguido de filtro biológico possui as seguintes vantagens:
 Redução na produção de lodo;
 Redução no consumo de energia;
 Redução no consumo de produtos químicos para desidratação;
 Menor número de unidades diferentes a serem implementadas;
 Menor necessidade de equipamentos;
 Maior simplicidade operacional.
62

6 ESCOLHA DA ALTERNATIVA

6.1 ESCOLHA DO SISTEMA DE ANÁLISE MULTICRITÉRIO

O sistema PROMETHEE (Preferente Ranking Organization Method for


Enrichment Evaluation), desenvolvido por Brans et al., 1985, utiliza um sistema de
fluxos para cada alternativa, resultando em um ranking. Conforme o método, por
tradução livre, o fluxo positivo Ф+(a) expressa o quanto a alternativa “a” é melhor que
as outras, ao passo que o fluxo negativo Ф -(a) expressa o quanto a alternativa “a” é
superada pelas outras.
Cada alternativa é, então, avaliada sob a óptica de uma função de preferência
P(a,b) que vai mensurar, para cada critério, qual a melhor alternativa, entre a “a” e a
“b”. As funções de preferência podem ser modeladas não apenas linearmente, mas
podem ser gaussianas, também, por exemplo. Além disso, o método admite relação
de compatibilidade entre as alternativas e utiliza diferentes pesos para as funções de
preferência, diferentemente do ELECTRE IV, por exemplo, que é outra ferramenta
muito utilizada para análises multicritério. Por fim, vale ressaltar o uso da ferramenta
GAIA (Geometrical Analysis for Interactive Aid), que permite uma visualização
espacial a partir da decomposição dos fluxos Ф em uma matriz.
Uma vez decidido o sistema de decisão multicritério, o próximo passo foi a
decisão de quais critérios seriam considerados para a caracterização das funções de
preferência. Para isso, levaram-se em conta que 1) Gomes (2007) recomenda a
utilização de no máximo 7 critérios e 2) os critérios tenham aplicabilidade comprovada
na área de saneamento.
Com isso em mente, foram definidos 5 critérios e eles foram escolhidos
abordando-se quatro diferentes dimensões da área de projetos de saneamento
(CAMPOS, 2011), a saber: ambiental, social, técnico e econômico. A Tabela 17 indica
os critérios utilizados e seus parâmetros de PROMETHEE, além da dimensão
associada.
63

Tabela 17 - Parametrização dos critérios escolhidos para decisão de tecnologia


Parâmetros
Maximizar/ Limiar da Limiar da
Critério Função Escala Decimais Unidade Dimensão
minimizar indiferença preferência
Custo estimado Minimizar Linear 3 4 Numérica 1 1000000 R$ Econômica
Área necessária Minimizar Linear 0 0,1 Numérica 2 m²/hab Ambiental
Eficiência Maximizar Linear 0 1 Numérica 1 % Técnica
Produção de odores Minimizar Usual N/A N/A Qualitativa 0 - Social
Volume de lodo produzido Minimizar Linear 0 400 Numérica 1 l/(hab*ano) Ambiental

Fonte: elaboração própria.

Os critérios podem ser caracterizados pelos parâmetros a seguir:


 Maximizar/minimizar: o objetivo da função é maximizar ou minimizar dado
critério? Esse parâmetro indica se quanto maior o número melhor ou pior para
o critério;
 Função: indica o comportamento da função. No caso, todas as funções, com
exceção da produção de odores, foram consideradas de comportamento linear.
No caso dos odores, como não havia dados consolidados, foi utilizada uma
escala qualitativa;
 Limiar da indiferença: trata-se do valor até o qual não existe diferença
(tolerância). Por exemplo, um carro de R$ 25.000 é equivalente a um carro de
R$ 26.000, portanto, o limiar da indiferença é de R$ 1.000;
 Limiar da preferência: valor a partir do qual considera-se o critério na amostra.
Por exemplo, se uma pessoa deseja carregar consigo uma quantidade de
dinheiro reserva para o dia a dia, entre ela carregar R$ 30,00 ou R$ 50,00 reais
para este fim, ambos os valores são equivalentes, considerando-se que os
custos diários não ultrapassam esses valores. A partir do momento que ela
começa a carregar R$ 100,00, por exemplo, já existe uma diferença
significativa (pois se trata de um valor consideravelmente acima de seus gastos
diários), então pode-se dizer que o limiar da preferência, nesse caso, é de R$
100,00. É a partir desse valor que se considera que uma pessoa carrega mais
dinheiro que outra em um critério de comparação;
 Escala: é numérica quando se dispõe dos dados necessários e qualitativa
quando se obtidos a partir da análise dos participantes do processo decisório;
 Decimais: quantidade de casas após a vírgula a serem consideradas;
 Unidade: unidade utilizada para cada critério;
64

 Dimensão: embora um mesmo critério pode estar contido em mais de uma


dimensão, foi considerada aqui a dimensão predominante a qual teria mais
foco.

6.2 JUSTIFICATIVA DOS VALORES DA PARAMETRIZAÇÃO:

Limiar da indiferença: dado o alto grau de incerteza de alguns dos valores,


foram utilizados, como limiares da indiferença, as maiores magnitudes de variação
entre os valores das três tecnologias. A Tabela 18 mostra as variações para custos e
produção de lodo.

Tabela 18 - Variações máximas de cada tecnologia


Variação
Lodo
Sistema (milhões
[l/(hab*ano)]
de R$)
Lodos ativados 3 800
Lagoas aeradas 2 190
UASB 2 150
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005).

Portanto, para os custos das tecnologias, utilizou-se a maior variação (R$ 3


milhões) como limiar da indiferença, a fim de garantir que as incertezas das
estimativas de custos não interferissem nos resultados do processo.
Para o caso da produção de lodo, dadas as grandes diferenças entre as
variações, considerou-se metade da maior variação como limiar da indiferença, de
400 l/(hab*ano).
Limiar da preferência: obrigatoriamente maior que o limiar da indiferença,
utilizou-se a unidade mínima a se considerar para cada ordem de grandeza dos
critérios.
Os valores utilizados nos parâmetros estão na Tabela 19.
65

Tabela 19 - Valores utilizados para os parâmetros


Custo Área Volume de lodo
Alternativa Eficiência Produção
estimado necessária produzido
tecnológica (%) de odores
(mi R$/hab) (m²/hab) (L/hab.ano)
UASB 38,3 0,1 95 10 220
Lagoas aeradas 15,4 0,5 85 6 220
Lodos ativados 63,2 0,25 97 3 2000
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005) e João e Pessôa (2014)

Tais valores foram obtidos considerando-se os máximos dos intervalos


estimados com o auxílio dos dados disponibilizados por VON SPERLING (2005) e
JORDÃO E PESSÔA (2014). O parâmetro de produção de odores foi considerado
segundo uma escala adimensional, variando de 0 a 10, sendo 0 o valor referente ao
mínimo de produção e 10 ao máximo.
Os custos foram estimados considerando-se o custo de implantação e o custo
de manutenção durante 20 anos, sendo que os valores de implantação foram obtidos
das regressões lineares realizadas por JORDÃO e PESSÔA (2014), como se pode
ver na Tabela 19. Entretanto, para diminuir as incertezas, os valores foram
arredondados para cima. Os custos de manutenção foram obtidos de Von Sperling
(2005) e multiplicados por 20 anos. Com a soma dos respectivos valores de custo de
implantação e custo de manutenção por 20 anos, obteve-se uma estimativa para o
valor final do custo.

6.3 JUSTIFICATIVA DOS VALORES ADOTADOS PARA OS CRITÉRIOS

A partir da escolha dos critérios e sua parametrização, foi feita a pesagem deles
por meio da comparação dois a dois, obtendo-se o resultado da Figura 17.
66

Figura 17 - Comparação dos critérios dois a dois para a adoção de pesos

Feita a comparação dos critérios dois a dois, os resultados da Tabela 20 foram


obtidos.
67

Tabela 20 - Pesos associados aos critérios para decisão


Intervalos de
Peso mínimo Peso atual Peso máximo
estabilidade
Custo estimado 15,78% 19,36% 48,86%
Área necessária 16,98% 20,51% 100%
Eficiência 0% 41,99% 44,36%
Produção de odores 0% 5,95% 7,91%
Volume de lodo
9,62% 12,19% 100%
produzido

Os pesos finais estão representados na coluna “Peso atual”. A Tabela 20


também pode ser representado na forma gráfica, como mostra a Figura 18.

Figura 18 - Representação gráfica da estabilidade dos intervalos

Nota-se, por meio da Tabela 20 e da representação gráfica dos pesos, que a


área e o volume de lodo produzido são os critérios que apresentam maiores variações,
porém, como têm pesos menores, impactam menos no processo decisório. Enquanto
que a eficiência, com menor variação, apresenta o maior peso entre os critérios, com
quase 50% do peso total.

6.4 MÉTODO DE TRATAMENTO ESCOLHIDO

Quanto aos resultados da análise, a Figura 19 mostra as pontuações finais e


as respectivas contribuições de cada critério para a pontuação final.
68

Figura 19 - Pontuação final das tecnologias utilizando-se o método PROMETHEE II

Seria precipitado dizer que a opção do UASB com filtros biológicos é a melhor
opção e, por isso, foram utilizadas outras ferramentas de análise para realizar o
desempate.

Utilizando-se a representação GAIA, tem-se o resultado da Figura 20.

Figura 20 - Representação GAIA dos resultados da análise multicritério


69

A partir dessa representação vetorial das funções de preferência, nota-se que


os vetores referentes a área e eficiência tendem para as tecnologias de UASB seguida
de filtros biológicos e lodos ativados, ao passo que as lagoas aeradas apresentam os
melhores custos.
Dessa forma, foi preciso decidir quais os critérios seriam utilizados como
desempate em uma comparação de A x B, conforme a Figura 21. Os critérios
utilizados foram a área necessária, em face do desmatamento que seria causado e os
custos, já que se deve levar em consideração tal aspecto por se tratar de uma obra
pública cuja decisão é muito influenciada pelos valores econômicos.

Figura 21 - Comparação A x B considerando-se área necessária e custo estimado

UASB

Lodos
ativados

Lagoas
aeradas

Da Figura 21, fica evidente a superioridade da solução tecnológica UASB,


seguida de filtros biológicos, pois, além de utilizar uma menor área, é relativamente
mais barata, considerando-se esses dois critérios: área necessária e custo estimado.
70

Ainda assim, um questionamento importante é: por que não utilizar outros


critérios para o desempate? Para auxiliar na resolução dessa questão, outra análise
foi feita, que se refere à contribuição de cada critério para as diferentes tecnologias,
como mostra a Figura 22.

Figura 22 - Contribuição de cada critério nas diferentes tecnologias

O gráfico da Figura 22 mostra que a solução de UASB seguida de filtro biológico


recebe contribuições de diferentes critérios, como custos, volume de lodo produzido,
área necessária e eficiência. Enquanto que os lodos ativados recebem pequenas
contribuições de produção de odores e área necessária, mas uma grande contribuição
de eficiência. A eficiência, nessa análise, foi preterida, pois ambas as tecnologias
apresentam eficiências mais que suficientes para atender às restrições do corpo
d’água a ser receptor.
Ora, dadas as diferentes contribuições dos critérios e as melhores pontuações
quanto a área necessária e custos, o desempate tende a ser dado para a solução
UASB seguida de filtro biológico. Quanto ao critério de produção de odores, houve
menor priorização, pois o empreendimento será localizado em região industrial,
afastada do centro urbano.
Por fim, a Figura 23 traz outra representação comparativa das tecnologias, em
que há um posicionamento diferente entre elas, cada qual com pelo menos um ponto
forte bem definido. A solução de UASB seguida de filtros biológicos é bastante
vantajosa quanto a área necessária, os lodos ativados se sobressaem quanto a
71

eficiência e produção de odores, e as lagoas aeradas se destacam pelos menores


custos.

Figura 23 - Gráfico em “teia de aranha” ressaltando os pontos fortes e fracos de cada tecnologia

Dados os resultados apresentados, a melhor alternativa seria o uso de UASB


seguida de filtros biológicos.

7 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA

Uma vez selecionada a alternativa reator UASB seguido de filtro biológico,


pode-se prosseguir ao dimensionamento do sistema da nova ETE, que terá o formato
como o ilustrado na Figura 24.
72

Figura 24 - Fluxograma da nova ETE de Mogi das Cruzes

O sistema apresenta como principal vantagem a simplicidade do tratamento


ao que o lodo gerado deve ser submetido. Conforme o fluxograma mostra, o lodo
retirado do Decantador Secundário, com teor de sólidos variando entre 1 e 2%
(JORDÃO E PESSÔA, 2014), recircula para o reator UASB. Neste, o lodo retirado em
excesso normalmente se encontra bem estabilizado e com teor de sólidos variando
entre 3 e 5% (JORDÃO E PESSÔA, 2014), dispensando processos de adensamento
e digestão. Dessa forma, o lodo do UASB pode ser diretamente destinado a um
processo de desidratação, como a centrifugação.
Neste esquema, os fluxos que ocorrem por bombeamento são a recirculação
de lodo do decantador secundário e de líquido da centrífuga ao reator UASB. Além
destes dois, há bombas para fornecer carga às vazões de subida no UASB e no filtro.

7.1 TRATAMENTO PRELIMINAR

As vazões utilizadas para o dimensionamento constam na Tabela 21.

Tabela 21 - Dados iniciais para o tratamento preliminar


Ano Qmín (L/s) Qméd (L/s) Qmáx (L/s)
2020 120,85 203,5 335,74
2030 129,6 221 367,24
2040 137,8 237,4 396,76

Os valores adotados para os coeficientes de k1 (coeficiente do dia de maior


consumo), k2 (coeficiente da hora de maior consumo) e k3 (coeficiente da menor hora
de consumo) são:
73

 k1: 1,2
 k2: 1,5
 k3: 0,5
7.1.1 Escolha da Calha Parshall

Para atender vazões de 101,75 L/s a 427 L/s, usou-se a Tabela 22 para
determinar a largura nominal da Calha Parshall:

Tabela 22 - Parâmetros para escolha da Calha Parshall


Largura Nominal N K Capacidade (L/s)
Mín. Máx.
3'' 1,547 0,176 0,85 53,8
6'' 1,580 0,381 1,52 110,4
9'' 1,530 0,535 2,55 251,9
1' 1,522 0,69 3,11 455,6
1 1/2' 1,538 1,054 4,25 696,2
2' 1,550 1,426 11,89 936,7
Fonte: Piveli, 2013

Os dados utilizados para o dimensionamento são N = 1,522 e K = 0,69, para


Calha Parshall de largura nominal de 1’.

Fórmula da Calha Parshall:


𝑄 = 0,690 × 𝐻1,522 (6)

Para Qmín= 101,75 L/s o Hmím= 0,284 m


Para Qmáx= 427,3 L/s o Hmáx= 0,730 m

Cálculo do rebaixo z na entrada da Calha Parshall

𝑄𝑚í𝑛 𝐻𝑚í𝑛 − 𝑧
= (7)
𝑄𝑚á𝑥 𝐻𝑚á𝑥 − 𝑧

Temos que z= 0,145 m.


74

7.1.2 Caixa de areia

Adotou-se a velocidade na caixa de areia como Vcaixa= 0,3 m/s. A área da


secção transversal da caixa é:

𝑄𝑚á𝑥
𝐴𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = (8)
𝑉𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎
Acaixa= 1,4244 m ²

Largura da caixa:
𝐴
𝐵= = 2,44 𝑚 (9)
𝐻𝑚á𝑥 − 𝑧

O valor adotado será B= 2,5 m.


Verificação da caixa

𝐴𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = 𝐵 × (𝐻𝑚í𝑛 − 𝑧) (10)


𝐴𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = 2,5 × (0,2843 − 0,1451) = 0,35 m2 (11)
𝑄𝑚í𝑛
Vcaixa = = 0,29 m/s (12)
1000 × 0,35

Comprimento da caixa:

𝐿 = 22,5 × (𝐻𝑚á𝑥 − 𝑧) = 13,16 𝑚 (13)

Adotou-se L= 13,5 m.
Área superficial:
𝐴𝑠 = 𝐿 × 𝐵 = 33,75 𝑚 (14)

Abaixo, as taxas de escoamento superficial resultantes para as vazões


máximas de todas as etapas de plano são verificadas. Elas devem estar na faixa de
600 a 1300 m³/m².dia, segundo a NBR 12209.

Vazão máxima de início de plano:


75

366,3 × 86,4
𝑞𝐴 = = 937,73 𝑚³/𝑚². 𝑑𝑖𝑎 (15)
𝐴𝑠

Vazão máxima de meio de plano:

397,8 × 86,4
𝑞𝐴 = = 1018,37 𝑚³/𝑚². 𝑑𝑖𝑎 (16)
𝐴𝑠

Vazão máxima de final de plano:

427,32 × 86,4
𝑞𝐴 = = 1093,94 𝑚³/𝑚². 𝑑𝑖𝑎 (17)
𝐴𝑠

Cálculo do rebaixo da caixa de areia:


Adotou-se que a taxa de reposição de areia é de 30 L de areia para cada 1000
m³ de esgoto e o volume diário acumulado é calculado com a vazão média de final de
plano:

𝐿
𝑉𝑎𝑐 = 0,03 × 𝑄𝑚é𝑑 × 86,4 = 615,34 (18)
𝑑𝑖𝑎

Altura diária de areia acumulada:

𝑉𝑎𝑐 𝑚
ℎ= = 0,018 (19)
𝐵×𝐿 𝑑𝑖𝑎

Para um rebaixo de 0,2 m, a limpeza da caixa de areia deverá ser realizada a


cada 11 dias.
A NBR12209 determina que para vazões superiores a 100 L/s, a limpeza do
desarenador deve ser mecanizada e para este tipo de limpeza devem ser previstas
duas unidades, com a possibilidade de uma delas ser utilizada como reserva.
O tipo de desarenador mecanizado escolhido para o projeto foi o de fluxo
horizontal com seção retangular, onde a remoção de areia será feita por uma bomba
aspiradora.
76

7.1.3 Grade

Adota-se uma grade fina de aço inoxidável de dimensões:


 Espessura t = 5 mm;
 Espaçamento a = 15 mm.

Eficiência:
𝑎
𝐸= = 0,75 (20)
𝑎+𝑡

Adotando-se a velocidade de passagem como Vg= 0,8 m/s:


Cálculo da área útil:

𝑄𝑚á𝑥
𝐴𝑢 = = 0,53 𝑚² (21)
1000 × 0,8

Área total:

𝐴𝑢
𝑆= = 0,71 𝑚2 (22)
𝐸

Largura do canal da grade:

𝑆
𝑏= = 1,22 𝑚 (23)
𝐻𝑚á𝑥 − 𝑧

Velocidade de chegada:

𝑄𝑚á𝑥 𝑚
𝑉0 = = 0,6 (24)
1000𝑥𝑆 𝑠

De acordo com a NBR12209, a velocidade máxima através da grade é de 1,2


m/s.
Número de barras:
77

𝑏+𝑎
𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 1000⁄𝑡 + 𝑎 = 61,64 (25)
1000

Adota-se nbarras= 62.


Largura útil da grade:
(𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 − 1) × 𝑎
𝑏𝑢 = = 0,915 𝑚 (26)
1000

Realiza-se a verificação de velocidades nas situações de vazões mínimas e


máximas para início, meio e final de plano:

Tabela 23 - Verificação das velocidades


Q (L/s) H (m) (H-Z) (m) S (m²) Au (m²) v (m/s) v0 (m/s)
101,75 0,284316 0,139264 0,170598 0,127949 0,795241 0,596431
110,5 0,300152 0,1551 0,189997 0,142498 0,77545 0,581587
118,7 0,314606 0,169554 0,207704 0,155778 0,761983 0,571487
366,3 0,659643 0,514591 0,630373 0,47278 0,774779 0,581084
397,8 0,696384 0,551332 0,675381 0,506536 0,785334 0,589001
427,32 0,729919 0,584867 0,716462 0,537347 0,795241 0,596431

Observa-se que as velocidades não possuem uma diferença discrepante para


as vazões intermediárias.
Cálculo das perdas de carga com a grade desobstruída e 50% obstruída:

𝑉02 𝑉𝑗 2
𝑦0 + = 𝑦𝑗 + + ∆𝐻 (27)
2𝑔 2𝑔
1 𝑉𝑔2 𝑉02
∆𝐻 = ( ) × ( − ) (28)
0,7 2𝑔 2𝑔

Na Tabela 24 estão expressos os valores dos termos referentes ao cálculo da perda


de carga que ocorre ao esgoto passar pela grade.
78

Tabela 24 - Cálculo da perda de carga na grade


Desobstruída
Altura à montante y0 0,6052 m
Termo cinético à montante V0²/2g 0,0169 m
Termo cinético à jusante Vj²/2g 0,0181 m
Termo cinético passagem Vg²/2g 0,0303 m
Perda de carga ΔH 0,0192 m
Objetivo 0,0000
50% obstruída
Altura à montante y0 0,7015 m
Termo cinético à montante V0²/2g 0,0126 m
Termo cinético à jusante Vj²/2g 0,0181 m
Termo cinético passagem Vg²/2g 0,0904 m
Perda de carga ΔH 0,1111 m
Objetivo 0,0000

A NBR determina que a mínima perda de carga que deve ser considerada no
cálculo para estudar o escoamento de montante é de 0,15 m para grades de limpeza
manual e 0,10 m para grades de limpeza mecanizada.

7.2 UASB

É possível obter uma remoção de 65% de DBO com um tempo de detenção de


6 horas para a vazão máxima, que foi adotado para o projeto (PIVELI, 2013). Para
este tempo de detenção, Piveli (2013) recomenda que o dimensionamento seja
baseado na vazão máxima afluente ao sistema. Os demais dados encontram-se na
Tabela 25.
79

Tabela 25 - Dados iniciais para dimensionamento do UASB


Nome/Descrição da variável
Variável Valor Unidade
Dados iniciais
Tempo de detenção dos esgotos no reator θ 6 h
População de final de plano P 136000,00 hab
Vazão média de final de plano Qméd 237,4 L/s
Coeficiente de dia de maior consumo K1 1,2
Coeficiente da hora de maior consumo K2 1,5
Vazão máxima de final de plano Qmáx 427,4 L/s

7.2.1 Dimensionamento dos reatores

Apesar da vazão máxima de projeto ser Qmáx= 427,4 L/s, a vazão máxima
horária de esgoto foi de Qmáx= 428,8 L/s devido às recirculações provenientes do
decantador secundário e da centrífuga, que foram adicionadas ao Qmáx, que foi
iterado em todos os cálculos, resultando nesta vazão.

𝑄𝑚á𝑥 = 𝑄𝑚á𝑥, 𝑝 + 𝑄𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 + 𝑄𝑙𝑜𝑑𝑜 = 1543,8 𝑚³/ℎ (29)

No qual:
 Qretorno: Vazão retirada da centrífuga que é separada da torta de lodo;
 Qlodo: Vazão de lodo restante do decantador secundário.
O volume útil dos reatores será:

𝑉ú𝑡𝑖𝑙 = 𝑄𝑚á𝑥 ∗ 𝜃 = 9263 𝑚3 (30)

Serão adotados 6 reatores e o volume de cada reator será:

𝑉ú𝑡𝑖𝑙
𝑉𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 = = 1544 𝑚3 (31)
6

As dimensões de cada reator foram adotadas como:


 Comprimento: 17,2 m;
 Largura: 17 m;
80

 Profundidade útil: 5,3 m.

𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 = 17,2 × 17 × 5,3 = 1550 𝑚3 (32)


𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 × 6 = 9298 𝑚3 (33)

De acordo com a NBR 12209, a profundidade útil do UASB deve estar entre 4
m e 6 m.
A área unitária será de:
𝐴𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 = 292,4 𝑚² (34)
7.2.2 Sistema de distribuição do esgoto afluente

O esgoto afluirá a uma caixa de distribuição no topo de cada reator, de onde


partem os tubos de distribuição, até uma distância de 0,15 m do fundo do tanque (a
NBR determina que a entrada do esgoto no reator deve estar a uma altura entre 0,10
m e 0,20 m do fundo). Foi adotado o número de tubos por reator igual a 169 tubos.
Área de influência de cada tubo:

𝐴𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎
𝐴𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = = 1,73 𝑚2 /𝑡𝑢𝑏𝑜 (35)
169

Conclui-se que a área de influência é adequada pois 1,73 < 3,0 m²/tubo, valor
este recomendado por JORDÃO e PESSÔA, 2014.
Foram adotados 13 tubos no comprimento e 13 na largura de cada reator. Além
disso, o material de cada tubo será de PVC com diâmetro de 75 mm, que é o valor de
diâmetro mínimo exigido pela NBR 12209. Além disso, a mesma Norma também
determina que o sistema de distribuição possua algum modo para identificar
entupimentos e este deve impedir o arraste de ar para o interior do reator. A seção de
cada tubo é:

𝜋 × 0,0752
𝑆= = 0,0044 𝑚2 (36)
4
A velocidade de escoamento deve ser menor do que 0,2 m/s (JORDÃO e
PESSÔA, 2014) e fazendo a verificação:
81

𝑄𝑚á𝑥 𝑚 𝑚
𝑣= = 0,10 ≤ 0,2 (37)
𝑆 × 169 × 6 𝑠 𝑠

7.2.3 Sistema de digestão do lodo

Verificação da velocidade ascensional do lodo na câmara de digestão:

𝑄𝑚á𝑥
𝑉𝑎𝑠𝑐 = = 0,88 𝑚/ℎ (38)
𝐴𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑎 × 6

A velocidade ascensional para Qmáx deve ser menor que 1,2 m/h para a vazão
máxima, segundo a NBR 12209.
Verificação do tempo de detenção hidráulico:

𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 × 6
𝑡𝑑 = = 6,02 ℎ (39)
𝑄𝑚á𝑥

O tempo de detenção hidráulico deve ser maior do que 6 horas para Qmáx
(JORDÃO e PESSÔA, 2014).

7.2.4 Sistema de decantação

A primeira etapa é a obtenção do número de compartimentos por decantador.


A largura do compartimento de decantação deve ser de 2,5 a 3,5m (JORDÃO
e PESSÔA, 2014). Os dados iniciais adotados foram:
 Comprimento do compartimento de decantação: 17 m;
 Largura de cada coletor de gás adjacente ao compartimento: 0,4 m.

Cálculo da quantidade de compartimentos de decantação:

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑛𝑑 = = 5,06 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 (40)
0,4 + 3

Área superficial de cada compartimento de decantação:

𝐴𝑠𝑢𝑝 = 17 × 6 = 51 𝑚2 (41)
82

Área de decantação por reator:

𝐴𝑑 = 𝐴𝑠𝑢𝑝 × 𝑛𝑑 = 258 𝑚2 (42)

Velocidade ascensional do esgoto nos compartimentos:

𝑄𝑚á𝑥 𝑚
𝑣𝑑 = = 0,99 (43)
6 × 𝐴𝑑 ℎ

A velocidade deve ser inferior à 4 m/h (PIVELI, 2013).

7.2.5 Massa de lodo gerada

Dados iniciais são encontrados na Tabela 26.


Tabela 26 - Dados iniciais para calcular a massa de lodo gerada

DBO gerada na cidade de Mogi das Cruzes 158 mg/L


Fator de conversão de DBO para DQO 2 mg DQO/mg DBO
Produção de lodo em esgotos domésticos 0,18 kg SST/kg DQO afluente

O fator de conversão de DBO para DQO está dentro do número definido por
Jordão e Pessôa, que está entre 1,7 a 2,5 vezes a DBO. O mesmo ocorre com a
produção de lodo em esgotos domésticos, o qual o número está entre 0,15 e 0,20
kg/kg DQO afluente (JORDÃO e PESSÔA, 2014).

𝑚𝑔
𝐷𝑄𝑂 = 158 × 2 = 316 (44)
𝐿

Cálculo da DQO total:

𝐷𝑄𝑂 𝑘𝑔
𝐷𝑄𝑂𝑡 = × 𝑄𝑚á𝑥 = 11708,1 (45)
1000 𝑑𝑖𝑎

Massa de lodo gerada:


83

𝑆𝑆𝑇
𝑀 = 𝐷𝑄𝑂𝑡 × 0,18 = 2107,5 𝑘𝑔 (46)
𝑑𝑖𝑎

Para o cálculo do volume gerado de lodo, foram adotados de Jordão e Pessôa


(2014) teor de sólidos igual a 4% e densidade do lodo de 1020 kg/m³.

𝑀
𝑉𝑙𝑜𝑑𝑜 = = 51,7 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎 (47)
1020 × 0,04

Este volume gerado de lodo é levado para a centrífuga.

7.2.6 Produção de gás

De acordo com Piveli (2013), a produção de gás por kg de DQO é de 0,12


Nm³/kg DQO aplicada e a produção diária de gás é de:

𝑃𝑔á𝑠 = 0,12 × 𝐷𝑄𝑂𝑡 = 1405 𝑁𝑚3 (48)

Por exigências da norma, como a estação não fará o aproveitamento do biogás,


ele deverá ser queimado e preferencialmente com queima completa.

7.2.7 Separador trifásico

56° × 𝜋
Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 = = 0,802 𝑟𝑎𝑑 (49)
180°
𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 = 𝑡𝑔(0,802) × (3,0 − 0,3) = 2,8 𝑚 (50)

Em que:
 0,3 m é a abertura superior do separador trifásico.
Piveli (2013) recomenda que o separador trifásico tenha suas abas um ângulo
de, no mínimo, 55º com a horizontal.

7.2.8 Remoção de DBO

Considerando uma eficiência no tratamento de 65%, temos que a carga de


DBO afluente é:
84

𝐷𝐵𝑂𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝐷𝐵𝑂
𝐷𝐵𝑂𝑎𝑓𝑙𝑢 = = 5854 𝑘𝑔 (51)
𝑄𝑚á𝑥 𝑑𝑖𝑎
Carga de DBO efluente:

(100 − 65) 𝐷𝐵𝑂


𝐷𝐵𝑂𝑒𝑓𝑙𝑢 = = 2049 𝑘𝑔 (52)
100 × 𝐷𝐵𝑂𝑎𝑓𝑙𝑢 𝑑𝑖𝑎

Cada reator deve possuir um sistema para coleta de amostragem de lodo em


diferentes alturas, desde o fundo até o nível de entrada dos compartimentos de
decantação, segundo a NBR 12209.

7.3 FILTRO BIOLÓGICO

Foi escolhido o filtro biológico de alta taxa para este projeto. O meio suporte
utilizado neste projeto será um enchimento estruturado de plástico da marca GEA, da
Linha BIOdek, que está em acordo com a norma, que permite a utilização de materiais
plásticos no meio suporte.
Dados iniciais:

Tabela 27 - Dados iniciais para dimensionar o filtro biológico


Nome/Descrição da variável
Variável Valor Unidade
Dados iniciais
Tempo de detenção dos esgotos no reator θ 6 h
População de final de plano P 136000,00 hab
Vazão média (final de plano) Qméd 237,4 L/s
Coeficiente de dia de maior consumo K1 1,2
Coeficiente da hora de maior consumo K2 1,5

Como no UASB foram adicionadas as vazões de recirculação provenientes do


decantador secundário e da centrífuga, a vazão diária máxima de projeto do filtro
também sofreu alteração e houve a subtração da vazão de lodo adensado do UASB
que vai para a centrífuga. Portanto Qmáx = 36988,8 m³/dia.
85

𝑚3
𝑄𝑚é𝑑 = 𝑄𝑈𝐴𝑆𝐵 − 𝑄𝐶𝐸𝑁𝑇𝑅𝐼𝐹𝑈𝐺𝐴 = 36988,8 (53)
𝑑𝑖𝑎
Sendo:
 Qméd: Vazão média de final de plano, utilizada no dimensionamento do filtro;
 QUASB: Vazão total efluente ao UASB;
 QCENTRIFUGA: Vazão do UASB que se dirige às centrífugas

7.3.1 Vazão de recirculação

Como há o reator UASB, por recomendação de Piveli (2013), a vazão de


recirculação do esgoto tratado é Qr=0.

7.3.2 Carga de DBO afluente aos filtros

Considerando que a DBO do esgoto afluente ao filtro biológico depois da


mistura com o reciclo seja Si= 0,1 kg/m³ (PIVELI, 2013):

𝑘𝑔
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐷𝐵𝑂 = (𝑄 + 𝑄𝑟) × 𝑆𝑖 = 2048,93 (54)
𝑑𝑖𝑎

7.3.3 Volume útil

Considerando que o material do meio suporte é de plástico, a taxa de aplicação


volumétrica de DBO = 1,2 kg/m³/dia (PIVELI, 2013):

𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝐷𝐵𝑂
𝑉𝑓𝑏 = = 1707,44 𝑚3 (55)
1,2

A profundidade útil (Pu) adotada é de 2,7 m e a área do filtro é calculada como:

𝑉𝑓𝑏
𝐴𝑓𝑏 = = 632,38 𝑚2 (56)
𝑃𝑢

Adotou-se o diâmetro do filtro como sendo Dfb= 15 m e o número de filtros é:

𝐴𝑓𝑏
𝑛𝑓𝑏 = = 3,58 (57)
𝐷𝑓𝑏2
𝜋× 4
86

Portanto, o número de filtros será 4, assim como o número de braços (com


tamanho de 7,5 m cada) e o volume por filtro será de:

𝐷𝑓𝑏²
𝑉 = 𝑃𝑢 × 𝜋 × = 477,13 𝑚³ (58)
4
𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑉 × 4 = 1908,52 𝑚3 (59)
Área por filtro:

𝐷𝑓𝑏²
𝐴= 𝜋× = 176,71 𝑚² (60)
4

7.3.4 Verificação da taxa de escoamento superficial, com base na vazão média


de esgotos

Dado: Qméd= 20511,4 m³/dia

𝑄𝑚é𝑑
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑢𝑝 = = 116,07 𝑚3 /𝑚²/𝑑𝑖𝑎 (61)
𝐴

7.3.5 Verificação da taxa de aplicação hidráulica, incluindo as vazões de


recirculação

𝑄𝑚á𝑥
𝑄𝑠 = = 52,33 𝑚3 /𝑚²/𝑑𝑖𝑎 (62)
𝐴×4

A NBR exige que para filtros biológicos que utilizam material plástico como
enchimento do meio suporte, o valor da taxa de aplicação hidráulica deve ser
compreendido entre 10 e 75 m³/m²/dia.

7.3.6 Área necessária de aberturas para ventilação

𝐴𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡 = 0,01 × 𝐴 = 1,8 𝑚2 (63)


87

As extremidades dos drenos que se comunicam com a atmosfera devem ter


área de no mínimo 1% da área horizontal do fundo (NBR 12209).

7.3.7 Área de drenagem dos esgotos à saída do filtro

𝐴𝑑𝑟𝑒𝑛 = 0,15 × 𝐴 = 26,5 𝑚2 (64)

De acordo com a NBR12209, é necessário que as aberturas para drenagem do


efluente possuam uma área que seja no mínimo 15% da área horizontal do fundo da
unidade para garantir a circulação de ar através do meio suporte. Além disso, a
declividade mínima dos drenos deve ser de 1%.

7.3.8 Remoção de DBO

Adotou-se como 80% a eficiência de remoção de DBO (JORDÃO e PESSÔA,


2014) e a carga afluente do UASB (Cafl) é de 2048,93 kg/dia. A carga efluente é:

100 − 80
𝐶𝑒𝑓𝑙 = = 409,8 𝑘𝑔/𝑑𝑖𝑎 (65)
100 × 𝐶𝑎𝑓𝑙

A carga removida é:

𝐶𝑟𝑒𝑚 = 𝐶𝑎𝑓𝑙 − 𝐶𝑒𝑓𝑙 = 1639,1 𝑘𝑔/𝑑𝑖𝑎 (66)


𝐶𝑒𝑓𝑙
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = = 11,1 𝑚𝑔/𝐿 (67)
𝑄𝑚á𝑥 × 1000

7.4 DECANTADOR SECUNDÁRIO

Dados iniciais para o dimensionamento do Decantador Secundário encontram-


se na Tabela 28.
88

Tabela 28 - Dados iniciais para dimensionar o decantador secundário


Nome/Descrição da variável
Variável Valor Unidade
Dados iniciais
População de final de plano P 136000 hab
Vazão média de projeto (final de plano) Qméd 237,4 L/s
Vazão média de projeto (dia, final de plano) Qméd 20511,4 m³/dia
Declividade do fundo 1:12

A taxa de escoamento superficial adotada foi qA= 24 m³/m².dia (valor máximo


exigido pela NBR12209).

7.4.1 Diâmetro do decantador

𝑄𝑚é𝑑
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = = 854,64 𝑚2 (68)
𝑞𝐴

O número de decantadores escolhido foi de 2 unidades e a área de cada


decantador será:

𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐴𝑑𝑒𝑐 = = 427,32 𝑚2 (69)
2

O diâmetro de cada decantador será:

4 × 𝐴𝑑𝑒𝑐
𝐷𝑑𝑒𝑐 = √ = 23,33 𝑚 (70)
𝜋

O valor adotado será de 24 m e a área real de cada decantador será:

24² × 𝜋
𝐴𝑑𝑒𝑐 = = 452,39 𝑚2 (71)
4
89

7.4.2 Cálculo da nova taxa de escoamento superficial

𝑄𝑚é𝑑
𝑞𝐴 = = 22,67 𝑚³/𝑚². 𝑑𝑖𝑎 (72)
2 × 𝐴𝑑𝑒𝑐

A NBR indica que para filtros biológicos a taxa de escoamento superficial deve
ser inferior a 24 m³/m².dia. Portanto, o projeto está de acordo com a norma exigida.

7.4.3 Profundidade lateral dos decantadores

Foi adotada uma altura útil h= 3,5 m, mínimo valor determinado pela norma.

7.4.4 Verificação da taxa de escoamento linear

𝑄𝑚é𝑑
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 = = 136,02 𝑚3 /𝑚². 𝑑𝑖𝑎 (73)
𝜋 × 𝐷𝑑𝑒𝑐 × 2

O valor está de acordo com os padrões exigidos, que deve ser abaixo de 380
m³/m².dia (NBR 12209).

7.4.5 Geração de sólidos

Os valores adotados de JORDÃO e PESSÔA (2014) estão na Tabela 29.

Tabela 29 - Dados para calcular o volume de sólidos gerado

Geração de sólidos Gs 0,7 kg SST/kg DBO removida


Teor de sólidos TS 1,5 %
Fração SSV/SST SSV/SST 78 %

Sólidos totais gerados:

𝑆𝑆𝑇 = 𝐺𝑠 × 𝐶𝑟𝑒𝑚 = 1147,4 𝑘𝑔 𝑆𝑆𝑇/𝑑𝑖𝑎 (74)

Sólidos voláteis gerados:


0,78 × 𝑆𝑆𝑇
𝑆𝑆𝑉 = = 895,0 𝑘𝑔 𝑆𝑆𝑉/𝑑𝑖𝑎 (75)
100
90

Vazão de lodo, considerando sua massa específica ρlodo= 1020,0 kg/m³:

𝑆𝑆𝑇
𝑄𝑙𝑜𝑑𝑜 = = 75,0 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎 (76)
𝑇𝑠 × ρlodo

7.5 CENTRÍFUGA

Os Dados iniciais para o cálculo das centrífugas são apresentados na Tabela


30.

Tabela 30 - Dados iniciais para dimensionar a centrífuga


Nome/Descrição da variável
Variável Valor Unidade
Dados iniciais
Vazão centrifugada Qcent 51,7 m³/d
Tempo de operação to 8 h/d
Coeficiente de pico CP 1,15

Vale ressaltar que a vazão da centrífuga provém do reator UASB, considerando


que uma parcela da vazão decorre da recirculação do decantador secundário para o
UASB, onde o lodo já sai adensado e o coeficiente de pico foi adotado como 1,15 com
base em JORDÃO e PESSÔA (2014).
A capacidade de cada centrífuga foi definida como:

𝑄𝑐𝑒𝑛𝑡
𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = = 8,6 𝑚3 /ℎ (77)
𝑡𝑜

Considerando o coeficiente de pico a capacidade total real será:

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙, 𝑟 = 𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 × 𝐶𝑃 = 9,9 𝑚3 /ℎ (78)

7.5.1 Número de unidades

Para este projeto, serão utilizadas 2 unidades de centrífugas e a capacidade


de cada uma será:
91

𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙, 𝑟
𝐶𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟 = = 5 𝑚3 /ℎ (79)
2

7.5.2 Pré-condicionamento

A relação de polieletrólitos e massa de lodo foi definida como 5 kg/ton SS. A


massa de lodo afluente à centrífuga foi calculada na equação 46 e é de 2107,5 kg
SST/dia.
Quantidade de polieletrólitos (PE) usada:

𝑀𝑝𝑜𝑙𝑖𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟ó𝑙𝑖𝑡𝑜𝑠 = 2,1 𝑡𝑜𝑛 𝑆𝑆𝑇/𝑑𝑖𝑎 × 5 𝑘𝑔 𝑃𝐸/𝑡𝑜𝑛 𝑆𝑆𝑇 = 10,5 𝑘𝑔/𝑑𝑖𝑎 (80)

7.5.3 Torta de lodo

O teor de sólidos na torta de lodo foi considerado 30% e a massa específica do


lodo foi adotada de JORDÃO e PESSÔA (2014) como 1060,0 kg/m³. Sendo M =
2107,5 kg SST/dia, o volume diário de torta gerado que será direcionado para o aterro
é:

𝑀
𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 = = 6,6 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎 (81)
1060,0 × 0,3

A vazão que retornará ao UASB é:

𝑄𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 = 𝑄𝑐𝑒𝑛𝑡 − 𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 = 45,0 𝑚3 /𝑑𝑖𝑎 (82)

A NBR 12209 exige que se faça uso de polímeros para uma adequada
recuperação dos sólidos. Neste caso, o projeto contará com o uso de polieletrólitos
para essa finalidade. Além disso, consta na referida Norma que o efluente líquido da
centrífuga deve retornar para o início do tratamento e que sua vazão seja contabilizada
nos cálculos, como foi feito no projeto.

Na Figura 25 está ilustrado fluxograma do sistema da ETE com as vazões


indicadas nos fluxos. Os anexos de 2 a 12 são referentes às unidades dimensionadas.
92

Figura 25 - Fluxograma da nova ETE de Mogi das Cruzes com vazões

8 PÓS TRATAMENTO

8.1 REMOÇÃO DE FÓSFORO

De acordo com a NBR 12209, a remoção de fósforo pode ser feita por adição
de produtos químicos, como sais de ferro trivalente e alumínio. Além disso, é possível
usar polieletrólitos para facilitar a separação dos sólidos em suspensão do líquido
efluente. Para o projeto, a aplicação será feita na entrada do decantador secundário,
que é uma das recomendações da norma.
A determinação da dosagem seguirá a relação molar para processos aeróbios
ou anaeróbios de íon Fe/P total de 1,5 e de íon Al/P total de 1,5.
A referida Norma exige que em decantadores secundários, a taxa de
escoamento superficial deve ser no máximo de 40 m³/m².dia quando há uso de
polieletrólitos.

8.2 DESINFECÇÃO DO EFLUENTE

O processo de desinfecção consiste na eliminação de organismos patogênicos


do efluente tratado. A NBR 12209 exige que um ou mais dos seguintes indicadores
devem ser acompanhados para fazer a desinfecção correta do efluente tratado:

 Número mais provável (NMP) de coliformes totais (CT)/100 mL;


 Número mais provável (NMP) de coliformes fecais ou termotolerantes
(CF, CTer)/100 mL;
 Concentração de Escherichia coli (EC)/100 mL;
 Concentração de estreptococos fecais (EsF)/100 mL;
93

 Concentração de enterococos fecais (EnF)/100 mL.

O método de desinfecção mais comum e mais antigo é por meio da cloração.


A estação de tratamento de esgoto fará uso do hipoclorito de sódio, que é
encontrado na fase líquida. As medições, acompanhamentos dos indicadores e
dosagens serão feitas no laboratório da própria estação.

9 EQUIPAMENTOS

9.1 MATERIAL DE PREENCHIMENTO DO FILTRO BIOLÓGICO

O material do meio suporte escolhido foi o BioDek, que consiste em um bloco


de chapa de polipropileno ou PVC em formato de colmeia, permitindo um fluxo em
canal cruzado do efluente. Esta tecnologia produz um material com até 97% de índice
de vazios, possuindo uma maior superfície disponível para fixação do biofilme e maior
contato de O2 para os microrganismos. Consequentemente maior será o material
removido e maior a eficiência do processo.
O fluxo cruzado que caracteriza o BioDek atua conforme ilustrado na Figura 26.
Na Figura 27 está exemplificado um filtro biológico em funcionamento preenchido com
BioDek.
Figura 26 - Fluxo cruzado do meio suporte BioDek

Fonte: GEA (2015)


94

Figura 27 - Exemplo de filtro biológico percolador com BioDek

Fonte: GEA (2015)


9.2 QUEIMADOR DE BIOGÁS

A composição do biogás gerado em reatores UASB que tratam esgoto


doméstico é em torno de 70 a 80% de metano e 20 a 30% de dióxido de carbono (Von
Sperling, 2005). Optou-se por não reaproveitar o biogás gerado no reator UASB neste
projeto devido à baixa concentração do esgoto da cidade. O gás será queimado por
um queimador aberto, que converterá o metano (CH4) em gás carbônico (CO2), que é
menos prejudicial à atmosfera, em relação ao efeito estufa, visto que o metano é 20
vezes mais potente para causar o efeito estufa. Um exemplo desse tipo de
equipamento pode ser observado na Figura 28.
95

Figura 28 - Exemplo de queimador flare

Fonte: Combustec Queimadores (2016)


96

DIMENSIONAMENTO DAS BOMBAS

Este projeto conta com quatro casas de bombas: uma para fazer a recirculação
de lodo da centrífuga para o UASB, outra do decantador secundário para o UASB e
mais duas cujos objetivos não são para recirculação: uma para o UASB e outra para
o filtro biológico.

9.3 VAZÃO DE RETORNO DO DECANTADOR SECUNDÁRIO PARA O


UASB

A vazão de retorno para o UASB é de 75 m³/dia, conforme calculado


anteriormente. Além disso, foram definidas as cotas das unidades, conforme os
cálculos anteriores de condutos livres. Dessa forma, existem três níveis relevantes
para os cálculos a seguir:
 Cota do NAmax: 745,15 m;
 Cota do NAmin: 741,65 m;
 Cota de lançamento: 745,5 m.

Logo, as alturas geométricas do problema são as seguintes:


 Altura geométrica máxima: 4,1 m;
 Altura geométrica mínima: 0,6 m.

Os limites de velocidade adotados foram (TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011):


 Máxima: 3,0 m/s;
 Mínima: 0,6 m/s

Foi adotado um diâmetro de 100 mm para a tubulação de recalque. Para o


cálculo das perdas de carga localizadas, foram utilizados os itens da Tabela 31. Os
valores de K foram retirados de TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011
97

Tabela 31 - Perdas de carga localizadas


Perdas de cargas localizadas
Vazão
Diâmetro Peça
Quantidade Item K considerada
(mm) pertence a
para K
2 Curva 90º 100 0,8 Q Barrilete
Válvula
1 100 0,2 Q Barrilete
gaveta
Válvula de
1 100 2,5 Q Barrilete
retenção
Tê, saída
1 100 1,3 Q Barrilete
de lado
Tê,
1 passagem 100 0,6 Q Barrilete
direta
Tê,
2 passagem 100 1,2 Q Barrilete
direta
Curva de Linha de
1 100 0,2 Q
45º recalque
Curva de Linha de
2 100 0,8 Q
90º recalque
Saída de
Linha de
1 canalizaçã 100 1 Q
recalque
o

Tabela 32 - Somatório final das perdas de carga localizadas


Somatório das perdas de
carga localizadas (m)
Q 8,6

Foram adotadas duas bombas, operando alternadamente para possíveis


intervenções ou manutenção, sendo que uma delas é reserva.
98

O cálculo de velocidades para a obtenção das perdas de cargas distribuídas


pode ser visualizado na Tabela 33. A expressão de velocidade é dada por:
𝑄
𝑉= (84)
𝐴
Com Q = vazão, e A = área.

Tabela 33 - Cálculo das velocidades das bombas em paralelo

Cálculo de velocidades
para bomba
Vazão Velocidade (m/s)
(l/s)
0 0
0,2 0,03
0,4 0,05
0,6 0,08
0,8 0,10
1 0,13
1,2 0,15
1,4 0,18
1,6 0,20
1,8 0,23
2 0,25
2,2 0,28
2,4 0,31
2,6 0,33
2,8 0,36
3 0,38
3,2 0,41
3,4 0,43

O cálculo das perdas localizadas foi realizado com o auxílio da seguinte


expressão:
99

∑ 𝑘 × 𝑉2
ℎ𝐿 = (85)
2𝑔
Sendo hL = somatório de perdas localizadas, k = coeficiente de perda, V =
velocidade e g = aceleração da gravidade, adotada como 9,81 m²/s. A Tabela 34
mostra as perdas de carga resultantes.

Tabela 34 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais


Cálculo de perdas
localizadas
Vazão Perda de
(L/s) carga (m)
0 0,00
0,2 0,01
0,4 0,04
0,6 0,08
0,8 0,14
1 0,22
1,2 0,32
1,4 0,43
1,6 0,56
1,8 0,71
2 0,88
2,2 1,06
2,4 1,26
2,6 1,48

Para o cálculo das perdas de carga distribuídas, foi utilizada a fórmula


universal:
𝐿 𝑉2
∆𝐻 = 𝑓 × × (86)
𝐷 2𝑔
Em que:
1 𝑘 5,62
= −2 × log ( + 0,9 ) (87)
√𝑓 3,71 × 𝐷 𝑅

Para os cálculos, adotaram-se:


100

 k = 0,02 mm;
 D = 100 mm;
 L = 10 m.

A Tabela 35 mostra os resultados obtidos da aplicação da fórmula universal.

Tabela 35 – Cálculo das perdas de carga distribuídas


Q Vrec
Q (L/s) Re f ∆H (m)
(m³/s) (m/s)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0E+00
0,20 0,00 0,00 51,23 0,40 5,3E-07
0,40 0,00 0,00 102,47 0,22 1,2E-06
0,60 0,00 0,00 153,70 0,17 2,0E-06
0,80 0,00 0,00 204,94 0,14 3,0E-06
1,00 0,00 0,00 256,17 0,12 4,1E-06
1,20 0,00 0,00 307,41 0,11 5,3E-06
1,40 0,00 0,00 358,64 0,10 6,7E-06
1,60 0,00 0,00 409,88 0,10 8,2E-06
1,80 0,00 0,00 461,11 0,09 9,8E-06
2,00 0,00 0,01 512,34 0,09 1,2E-05
2,20 0,00 0,01 563,58 0,08 1,3E-05

Somando-se as perdas de carga localizadas com as distribuídas, obtêm-se os


resultados apresentados na Tabela 36.
101

Tabela 36 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas


Somatório de perdas de carga distribuídas e localizadas
Q Perda de carga Perda de carga Perda de carga
(L/s) distribuída (m) localizada (m) total (m)
0 0 0 0
0,2 5,28E-07 0,01 0,01
0,4 1,17E-06 0,04 0,04
0,6 1,99E-06 0,08 0,08
0,8 2,97E-06 0,14 0,14
1 4,09E-06 0,22 0,22
1,2 5,34E-06 0,32 0,32
1,4 6,72E-06 0,43 0,43
1,6 8,21E-06 0,56 0,56
1,8 9,83E-06 0,71 0,71
2 1,16E-05 0,88 0,88
2,2 1,34E-05 1,06 1,06

O próximo passo, uma vez obtidas as perdas de carga totais, é a obtenção da


curva característica do sistema, de modo que seja possível se escolher uma bomba.
A Tabela 37 mostra as diferentes alturas manométricas considerando as perdas
de carga obtidas nos processos realizados anteriormente.
102

Tabela 37 - Curva característica do conjunto motor-bomba


Determinação da curva característica do sistema
Altura Perda de Altura geométrica
geométrica (m) carga total (m)
Vazão
mínimo máximo m mínimo máximo
(L/s)
0 0,60 4,10 0,00 0,60 4,10
0,2 0,60 4,10 0,01 0,61 4,11
0,4 0,60 4,10 0,04 0,64 4,14
0,6 0,60 4,10 0,08 0,68 4,18
0,8 0,60 4,10 0,14 0,74 4,24
1 0,60 4,10 0,22 0,82 4,32
1,2 0,60 4,10 0,32 0,92 4,42
1,4 0,60 4,10 0,43 1,03 4,53
1,6 0,60 4,10 0,56 1,16 4,66
1,8 0,60 4,10 0,71 1,31 4,81
2 0,60 4,10 0,88 1,48 4,98
2,2 0,60 4,10 1,06 1,66 5,16

O conjunto motor-bomba escolhido é o POND-150, cuja curva característica é


mostrada na Figura 29. A curva em vermelho da Figura 29 é a curva característica do
sistema.
103

Figura 29 – Curvas características da bomba e do sistema

Fonte: catálogo do Fabricante e elaboração própria.

Adotando-se um poço de lados de 0,7 m e altura de 1,0 m, o volume total é de


0,49 m³.
Os tubos devem ocupar um volume de 0,001 m³ (dois tubos de 100 mm de
diâmetro cada). A parede de dissipação, cujas dimensões são 0,1 m x 0,2 m x 0,7 m,
ocuparão um volume de 0,014 m³. Por fim, as duas bombas, cujas dimensões são
0,164 m x 0,024 m x 0,256 m ocuparão um volume de 0,002 m³. Com isso, o volume
útil final é de 0, 47 m³.
As dimensões das bombas foram obtidas conforme a Figura 30, obtida no
catálogo do fabricante.
104

Figura 30 – Dimensões das bombas POND-100 e POND-150

Fonte: catálogo do Fabricante

Agora, a submergência mínima da bomba será calculada. Para isso,


utilizaremos a Figura 31.

Figura 31 – Valores de submergência mínima

Fonte: TSUTIYA E ALEM SOBRINHO, 2011


A partir da velocidade apresentada na Tabela 38, e da consulta à Figura 31, é
possível chegar à conclusão de que a submergência mínima, pelo critério de Metcalf
e Eddy, é de 0,30 m.

Tabela 38 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima


Vazão 0,00125 m³/s
Área 0,002 m²
Velocidade 0,637 m/s
105

9.4 VAZÃO DE RETORNO DA CENTRÍFUGA PARA O UASB

A vazão de retorno para o UASB é de 45 m³/dia, conforme calculado anteriormente.


Além disso, foram definidas as cotas das unidades, conforme os cálculos anteriores
de condutos livres. Dessa forma, existem três níveis relevantes para os cálculos a
seguir:
 Cota do NAmax: 744,9 m;
 Cota do NAmin: 743,8 m;
 Cota de lançamento: 745,5 m.

Logo, as alturas geométricas do problema são as seguintes:


 Altura geométrica máxima: 1,95 m;
 Altura geométrica mínima: 0,85 m.

Os limites de velocidade adotados foram (TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011):


 Máxima: 3,0 m/s;
 Mínima: 0,6 m/s

Foi adotado um diâmetro de 100 mm para a tubulação de recalque. Para o cálculo


das perdas de carga localizadas, foram utilizados os dados da Tabela 39. Os valores
de K foram retirados de TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011.
106

Tabela 39 –Perdas de carga localizadas


Perdas de cargas localizadas
Vazão
Diâmetro Peça
Quantidade Item K considerada
(mm) pertence a
para K
2 Curva 90º 100 0,8 Q Barrilete
Válvula
1 100 0,2 Q Barrilete
gaveta
Válvula de
1 100 2,5 Q Barrilete
retenção
Tê, saída
1 100 1,3 Q Barrilete
de lado
Tê,
1 passagem 100 0,6 Q Barrilete
direta
Tê,
2 passagem 100 1,2 Q Barrilete
direta
Curva de Linha de
1 100 0,2 Q
45º recalque
Curva de Linha de
2 100 0,8 Q
90º recalque
Saída de
Linha de
1 canalizaçã 100 1 Q
recalque
o
107

Tabela 40 – Somatório das perdas de carga localizadas


Somatório das perdas de
carga localizadas (m)
Q 8,6

Foram adotadas duas bombas, operando alternadamente para possíveis


intervenções ou manutenção, sendo que uma delas é reserva.
O cálculo de velocidades para a obtenção das perdas de cargas distribuídas
pode ser visualizado na Tabela 41. Foi utilizada a expressão 84 para o cálculo de
velocidades.
108

Tabela 41 – Cálculo das velocidades do sistema


Cálculo das
velocidades
Vazão Velocidade
(L/s) (m/s)
0 0,00
0,2 0,03
0,4 0,05
0,6 0,08
0,8 0,10
1 0,13
1,2 0,15
1,4 0,18
1,6 0,20
1,8 0,23
2 0,25
2,2 0,28
2,4 0,31
2,6 0,33
2,8 0,36
3 0,38
3,2 0,41
3,4 0,43

O cálculo das perdas localizadas foi realizado com o auxílio da expressão 85.
A Tabela 42 mostra as perdas de carga resultantes.
109

Tabela 42 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais


Cálculo de perdas
localizadas
Vazão Perda de
(L/s) carga (m)
0 0
0,2 0,01
0,4 0,04
0,6 0,08
0,8 0,15
1 0,23
1,2 0,33
1,4 0,44
1,6 0,58
1,8 0,73
2 0,91
2,2 1,10
2,4 1,31
2,6 1,53

Para o cálculo das perdas de carga distribuídas, foi utilizada a fórmula universal
(86 e 87). Para os cálculos, adotaram-se:
 k = 0,02 mm;
 D = 100 mm;
 L = 10 m.
110

A Tabela 43 mostra os resultados obtidos da aplicação da fórmula universal.


Tabela 43 – Cálculo das perdas de carga distribuídas
Q (L/s) Q (m³/s) Vrec (m/s) Re f ∆H (m)
0 0 0 0 0 0
0,2 0,0002 0,00 51,23 0,40 0,00
0,4 0,0004 0,00 102,47 0,22 0,00
0,6 0,0006 0,00 153,70 0,17 0,00
0,8 0,0008 0,00 204,94 0,14 0,00
1 0,0010 0,00 256,17 0,12 0,00
1,2 0,0012 0,00 307,41 0,11 0,00
1,4 0,0014 0,00 358,64 0,10 0,00
1,6 0,0016 0,00 409,88 0,10 0,00
1,8 0,0018 0,00 461,11 0,09 0,00
2 0,0020 0,01 512,34 0,09 0,00
2,2 0,0022 0,01 563,58 0,08 0,00

Somando-se as perdas de carga localizadas com as distribuídas, obtêm-se os


resultados apresentados na Tabela 44.
111

Tabela 44 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas


Somatório de perdas de carga distribuídas e localizadas
Q Perda de carga Perda de carga Perda de carga
(L/s) distribuída (m) localizada (m) total (m)
0 0 0 0
0,2 5,28E-07 0,01 0,01
0,4 1,17E-06 0,04 0,04
0,6 1,99E-06 0,08 0,08
0,8 2,97E-06 0,15 0,15
1 4,09E-06 0,23 0,23
1,2 5,34E-06 0,33 0,33
1,4 6,72E-06 0,44 0,44
1,6 8,21E-06 0,58 0,58
1,8 9,83E-06 0,73 0,73
2 1,16E-05 0,91 0,91
2,2 1,34E-05 1,10 1,10

O próximo passo, uma vez obtidas as perdas de carga totais, é a obtenção da


curva característica do sistema, de modo que seja possível se escolher uma bomba.
A Tabela 45 mostra as diferentes alturas manométricas considerando as perdas
de carga obtidas nos processos realizados anteriormente.
112

Tabela 45 – Curva característica do conjunto motor-bomba


Determinação da curva característica do sistema
Altura Perda de Altura geométrica
geométrica (m) carga total (m)
Vazão
mínimo máximo m mínimo máximo
(L/s)
0 0,85 1,95 0 0,85 1,95
0,2 0,85 1,95 0,01 0,86 1,96
0,4 0,85 1,95 0,04 0,89 1,99
0,6 0,85 1,95 0,08 0,93 2,03
0,8 0,85 1,95 0,15 1,00 2,10
1 0,85 1,95 0,23 1,08 2,18
1,2 0,85 1,95 0,33 1,18 2,28
1,4 0,85 1,95 0,44 1,29 2,39
1,6 0,85 1,95 0,58 1,43 2,53
1,8 0,85 1,95 0,73 1,58 2,68
2 0,85 1,95 0,91 1,76 2,86
2,2 0,85 1,95 1,10 1,95 3,05

O conjunto motor-bomba escolhido é o POND-100, cuja curva característica é


mostrada na Figura 32, na qual a curva em vermelho é a curva característica do
sistema.
113

Figura 32 – Curvas características da bomba e do sistema

Fonte: catálogo do Fabricante e elaboração própria.

Adotando-se um poço de lados de 0,7 m e altura de 1,0 m, o volume total é de


0,49 m³.
Os tubos devem ocupar um volume de 0,001 m³ (dois tubos de 100 mm de
diâmetro cada). A parede de dissipação, cujas dimensões são 0,1 m x 0,2 m x 0,7 m,
ocuparão um volume de 0,014 m³. Por fim, as duas bombas, cujas dimensões são
0,164 m x 0,024 m x 0,256 m ocuparão um volume de 0,002 m³. Com isso, o volume
útil final é de 0, 47 m³.
Será calculada agora a submergência mínima da bomba. Para isso,
utilizaremos a Figura 31. A partir da velocidade apresentada na Tabela 46, e da
consulta à Figura 31, é possível chegar à conclusão de que a submergência mínima,
pelo critério de Metcalf e Eddy, é de 0,30 m.

Tabela 46 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima

Vazão 0,00125 m³/s


Área 0,002 m²
Velocidade 0,637 m/s
114

9.5 BOMBAS DO UASB

A vazão que chega ao UASB é de 37051 m³/dia, conforme calculado


anteriormente.
As alturas geométricas do problema são as seguintes:
 Altura geométrica máxima: 5,3 m;
 Altura geométrica mínima: 0 m.

Os limites de velocidade adotados foram (TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011):


 Máxima: 3,0 m/s;
 Mínima: 0,6 m/s

Será adotado um diâmetro de 500 mm para a tubulação de recalque. Para o cálculo


das perdas de carga localizadas, foram utilizados os itens da Tabela 47. Os valores
de K foram retirados de TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011.
115

Tabela 47 –Perdas de carga localizadas


Perdas de cargas localizadas
Vazão
Diâmetro Peça
Quantidade Item K considerada
(mm) pertence a
para K
2 Curva 90º 300 0,8 Q/3 Barrilete
Válvula
1 300 0,2 Q/3 Barrilete
gaveta
Válvula de
1 300 2,5 Q/3 Barrilete
retenção
Tê, saída 300 para
1 1,3 Q/3 Barrilete
de lado 500
Tê,
1 passagem 500 0,6 2Q/3 Barrilete
direta
Tê,
2 passagem 500 1,2 Q Barrilete
direta
Curva de Linha de
1 500 0,2 Q
45º recalque
Curva de Linha de
2 500 0,8 Q
90º recalque
Saída de
Linha de
1 canalizaçã 500 1 Q
recalque
o

Tabela 48 – Somatório das perdas de carga localizadas


Somatório das perdas de
carga localizadas (m)
Q/3 4,8
2Q/3 0,6
Q 3,2
116

Serão adotadas quatro bombas, sendo 3 operando paralelamente, sendo que


uma delas é reserva. O cálculo de velocidades para a obtenção das perdas de cargas
distribuídas pode ser visualizado na Tabela 49. Foi utilizada a expressão 84 para o
cálculo de velocidades.

Tabela 49 – Cálculo das velocidades do sistema


Vazão (L/s) Velocidade (m/s)
1 bomba 2 bombas 3 bombas D 300 mm D 500 mm D 500 mm
20 40 60 0,28 0,20 0,31
40 80 120 0,57 0,41 0,61
60 120 180 0,85 0,61 0,92
80 160 240 1,13 0,81 1,22
100 200 300 1,41 1,02 1,53
120 240 360 1,70 1,22 1,83
140 280 420 1,98 1,43 2,14
160 320 480 2,26 1,63 2,44
180 360 540 2,55 1,83 2,75
200 400 600 2,83 2,04 3,06
220 440 660 3,11 2,24 3,36
240 480 720 3,40 2,44 3,67
260 520 780 3,68 2,65 3,97
280 560 840 3,96 2,85 4,28
300 600 900 4,24 3,06 4,58
320 640 960 4,53 3,26 4,89
340 680 1020 4,81 3,46 5,19
360 720 1080 5,09 3,67 5,50

O cálculo das perdas localizadas foi realizado com o auxílio da expressão 85.
A Tabela 50 mostra as perdas de carga resultantes.
117

Tabela 50 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais


Vazão (L/s) Perda de carga (m)
1 bomba 2 bombas 3 bombas
1 bomba 2 bombas 3 bombas D 300 mm D 500 mm D 500 mm Total
20 40 60 0,02 0,00 0,02 0,04
40 80 120 0,08 0,01 0,06 0,14
60 120 180 0,18 0,01 0,14 0,33
80 160 240 0,31 0,02 0,24 0,58
100 200 300 0,49 0,03 0,38 0,90
120 240 360 0,71 0,05 0,55 1,30
140 280 420 0,96 0,06 0,75 1,77
160 320 480 1,25 0,08 0,98 2,31
180 360 540 1,59 0,10 1,23 2,93
200 400 600 1,96 0,13 1,52 3,61
220 440 660 2,37 0,15 1,84 4,37
240 480 720 2,82 0,18 2,20 5,20
260 520 780 3,31 0,21 2,58 6,10
280 560 840 3,84 0,25 2,99 7,08

Para o cálculo das perdas de carga distribuídas, foi utilizada a fórmula universal
(86 e 87). Para os cálculos, adotaram-se:
 k = 0,02 mm;
 D = 500 mm;
 L = 8,5 m.

A Tabela 51 mostra os resultados obtidos da aplicação da fórmula universal.


118

Tabela 51 – Cálculo das perdas de carga distribuídas


Q (L/s) Q (m³/s) Vrec (m/s) Re f ∆H (m)
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
60,000 0,060 0,154 76851,640 0,019 0,000
120,000 0,120 0,307 153703,280 0,017 0,001
180,000 0,180 0,461 230554,920 0,016 0,003
240,000 0,240 0,615 307406,560 0,016 0,005
300,000 0,300 0,769 384258,200 0,015 0,008
360,000 0,360 0,922 461109,840 0,015 0,011
420,000 0,420 1,076 537961,480 0,015 0,014
480,000 0,480 1,230 614813,120 0,014 0,018
540,000 0,540 1,383 691664,759 0,014 0,023
600,000 0,600 1,537 768516,399 0,014 0,028
660,000 0,660 1,691 845368,039 0,014 0,034

Somando-se as perdas de carga localizadas com as distribuídas, obtêm-se os


resultados apresentados na Tabela 52.
Tabela 52 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas
Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas
Vazão (L/s) Perda de carga (m)
Distribuída Localizada Total
0 0,00 0 0,00
60 0,00 0,04 0,04
120 0,00 0,14 0,15
180 0,00 0,33 0,33
240 0,00 0,58 0,58
300 0,01 0,90 0,91
360 0,01 1,30 1,31
420 0,01 1,77 1,78
480 0,02 2,31 2,33
540 0,02 2,93 2,95
600 0,03 3,61 3,64
660 0,03 4,37 4,40
119

O próximo passo, uma vez obtidas as perdas de carga totais, é a obtenção da


curva característica do sistema, de modo que seja possível se escolher uma bomba.
A Tabela 53 mostra as diferentes alturas manométricas considerando as perdas
de carga obtidas nos processos realizados anteriormente.

Tabela 53 – Curva característica do sistema motor-bomba


Determinação da curva característica do sistema
Vazão Altura geométrica Perda de carga Altura geométrica total
(l/s) (m) (m) (m)
mínimo máximo mínimo máximo
0 0 5,3 0,0 0,0 5,3
60 0 5,3 0,0 0,0 5,3
120 0 5,3 0,1 0,1 5,4
180 0 5,3 0,3 0,3 5,6
240 0 5,3 0,6 0,6 5,9
300 0 5,3 0,9 0,9 6,2
360 0 5,3 1,3 1,3 6,6
420 0 5,3 1,8 1,8 7,1
480 0 5,3 2,3 2,3 7,6
540 0 5,3 2,9 2,9 8,2
600 0 5,3 3,6 3,6 8,9
660 0 5,3 4,4 4,4 9,7

O conjunto motor-bomba escolhido é o KSB 300-340, cuja curva característica


é mostrada na Figura 33 - Curvas características da bomba e do sistema, assim como
a curva do sistema.
120

Figura 33 - Curvas características da bomba e do sistema

Fonte: catálogo do Fabricante e elaboração própria.

Adotando-se um poço de lados de 4 m e 6,3 m e altura de 1,5 m, o volume total


é de 37,8 m³.
Os tubos devem ocupar um volume de 0,141 m³ (dois tubos de 300 mm de
diâmetro cada). A parede de dissipação, cujas dimensões são 0,1 m x 0,2 m x 0,8 m,
ocuparão um volume de 0,016 m³. Por fim, as duas bombas, cujas dimensões são 0,9
m por 1,175 m por 0,7 m, ocuparão um volume de 0,74 m³. Com isso, o volume útil
final é de 37 m³.
As dimensões das bombas foram obtidas por meio da Figura 34, obtida no
catálogo do fabricante.
121

Figura 34 – Dimensões da bomba conforme catálogo do fabricante

Fonte: catálogo do Fabricante

Será calculada agora a submergência mínima da bomba. Para isso,


utilizaremos a Figura 31. A partir da velocidade apresentada na Tabela 54, e da
consulta à Figura 31, é possível chegar à conclusão de que a submergência mínima,
pelo critério de Metcalf e Eddy, é de 1,80 m.
Tabela 54 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima

Vazão 0,42 m³/s


Área 0,20 m²
Velocidade 2,14 m/s

9.6 BOMBAS DO FILTRO BIOLÓGICO

A vazão que chega ao Filtro Biológico é de 36989 m³/dia, conforme calculado


anteriormente. Dessa forma, existem três níveis relevantes para os cálculos a seguir:
As alturas geométricas do problema são as seguintes:
 Altura geométrica máxima: 2,7 m;
122

 Altura geométrica mínima: 0 m.

Os limites de velocidade adotados foram (TSUTIYA e ALEM SOBRINHO, 2011):


 Máxima: 3,0 m/s;
 Mínima: 0,6 m/s

Será adotado um diâmetro de 500 mm para a tubulação de recalque. Para o


cálculo das perdas de carga localizadas, foram utilizados os dados disponíveis nas
Tabela 55 e Tabela 56. Os valores de K foram retirados de TSUTIYA e ALEM
SOBRINHO, 2011.
Tabela 55 –Perdas de carga localizadas
Perdas de cargas localizadas
Vazão
Quantidad Diâmetro Peça
Item K considerada
e (mm) pertence a
para K
2 Curva 90º 300 0,8 Q/3 Barrilete
Válvula
1 300 0,2 Q/3 Barrilete
gaveta
Válvula de
1 300 2,5 Q/3 Barrilete
retenção
Tê, saída 300 para
1 1,3 Q/3 Barrilete
de lado 500
Tê,
1 passagem 500 0,6 2Q/3 Barrilete
direta
Tê,
2 passagem 500 1,2 Q Barrilete
direta
Curva de Linha de
1 500 0,2 Q
45º recalque
Curva de Linha de
2 500 0,8 Q
90º recalque
Saída de Linha de
1 500 1 Q
canalização recalque
123

Tabela 56 – Somatório das perdas de carga localizadas


Somatório das perdas de
carga localizadas (m)
Q/3 4,8
2Q/3 0,6
Q 3,2

Serão adotadas quatro bombas, sendo 3 operando paralelamente, sendo que


uma delas é reserva. O cálculo de velocidades para a obtenção das perdas de cargas
distribuídas pode ser visualizado na Tabela 57. Foi utilizada a expressão 84 para o
cálculo de velocidades.

Tabela 57 – Cálculo das velocidades do sistema


Vazão (L/s) Velocidade (m/s)
1 bomba 2 bombas 3 bombas D 300 mm D 500 mm D 500 mm
20 40 60 0,28 0,20 0,31
40 80 120 0,57 0,41 0,61
60 120 180 0,85 0,61 0,92
80 160 240 1,13 0,81 1,22
100 200 300 1,41 1,02 1,53
120 240 360 1,70 1,22 1,83
140 280 420 1,98 1,43 2,14
160 320 480 2,26 1,63 2,44
180 360 540 2,55 1,83 2,75
200 400 600 2,83 2,04 3,06
220 440 660 3,11 2,24 3,36
240 480 720 3,40 2,44 3,67
260 520 780 3,68 2,65 3,97
280 560 840 3,96 2,85 4,28
300 600 900 4,24 3,06 4,58
320 640 960 4,53 3,26 4,89
340 680 1020 4,81 3,46 5,19
360 720 1080 5,09 3,67 5,50
124

O cálculo das perdas localizadas foi realizado com o auxílio da expressão 85.
A Tabela 58 mostra as perdas de carga resultantes.
Tabela 58 - Cálculo das perdas de carga localizadas totais
Vazão (L/s) Perda de carga (m)
1 bomba 2 bombas 3 bombas
1 bomba 2 bombas 3 bombas D 300 mm D 500 mm D 500 mm Total
20 40 60 0,02 0,00 0,02 0,04
40 80 120 0,08 0,01 0,06 0,14
60 120 180 0,18 0,01 0,14 0,33
80 160 240 0,31 0,02 0,24 0,58
100 200 300 0,49 0,03 0,38 0,90
120 240 360 0,71 0,05 0,55 1,30
140 280 420 0,96 0,06 0,75 1,77
160 320 480 1,25 0,08 0,98 2,31
180 360 540 1,59 0,10 1,23 2,93
200 400 600 1,96 0,13 1,52 3,61
220 440 660 2,37 0,15 1,84 4,37
240 480 720 2,82 0,18 2,20 5,20
260 520 780 3,31 0,21 2,58 6,10
280 560 840 3,84 0,25 2,99 7,08

Para o cálculo das perdas de carga distribuídas, foi utilizada a fórmula universal
(86 e 87). Para os cálculos, adotaram-se:
 k = 0,02 mm;
 D = 500 mm;
 L = 7,5 m.

A Tabela 59 mostra os resultados obtidos da aplicação da fórmula universal.


125

Tabela 59 – Cálculo das perdas de carga distribuídas


Q (L/s) Q (m³/s) Vrec (m/s) Re f ∆H (m)
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
60,000 0,060 0,154 76851,640 0,019 0,000
120,000 0,120 0,307 153703,280 0,017 0,001
180,000 0,180 0,461 230554,920 0,016 0,003
240,000 0,240 0,615 307406,560 0,016 0,004
300,000 0,300 0,769 384258,200 0,015 0,007
360,000 0,360 0,922 461109,840 0,015 0,009
420,000 0,420 1,076 537961,480 0,015 0,013
480,000 0,480 1,230 614813,120 0,014 0,016
540,000 0,540 1,383 691664,759 0,014 0,020
600,000 0,600 1,537 768516,399 0,014 0,025
660,000 0,660 1,691 845368,039 0,014 0,030

Somando-se as perdas de carga localizadas com as distribuídas, obtêm-se os


resultados apresentados na Tabela 60.
126

Tabela 60 – Somatório de perdas de cargas localizadas e distribuídas


Vazão (L/s) Perda de carga (m)
Distribuída Localizada Total
0 0,00 0 0,00
60 0,00 0,04 0,04
120 0,00 0,14 0,15
180 0,00 0,33 0,33
240 0,00 0,58 0,58
300 0,01 0,90 0,91
360 0,01 1,30 1,31
420 0,01 1,77 1,78
480 0,02 2,31 2,33
540 0,02 2,93 2,95
600 0,02 3,61 3,64
660 0,03 4,37 4,40

O próximo passo, uma vez obtidas as perdas de carga totais, é a obtenção da


curva característica do sistema, de modo que seja possível se escolher uma bomba.
A Tabela 61 mostra as diferentes alturas manométricas considerando as perdas
de carga obtidas nos processos realizados anteriormente.
127

Tabela 61 – Curva característica do sistema motor-bomba


Determinação da curva característica do sistema
Vazão Altura geométrica Perda de carga Altura geométrica total
(l/s) (m) (m) (m)
mínimo máximo mínimo máximo
0 0 2,7 0,0 0,0 2,7
60 0 2,7 0,0 0,0 2,7
120 0 2,7 0,1 0,1 2,8
180 0 2,7 0,3 0,3 3,0
240 0 2,7 0,6 0,6 3,3
300 0 2,7 0,9 0,9 3,6
360 0 2,7 1,3 1,3 4,0
420 0 2,7 1,8 1,8 4,5
480 0 2,7 2,3 2,3 5,0
540 0 2,7 2,9 2,9 5,6
600 0 2,7 3,6 3,6 6,3
660 0 2,7 4,4 4,4 7,1

O conjunto motor-bomba escolhido é o KSB 300-340, cuja curva característica


é mostrada na Figura 35, juntamente com a curva do sistema.
128

Figura 35 - Curvas características da bomba e do sistema

Fonte: catálogo do Fabricante e elaboração própria.

Adotando-se um poço de lados de 4 m e 6,3 m e altura de 1,5 m, o volume total


é de 37,8 m³.
Os tubos devem ocupar um volume de 0,141 m³ (dois tubos de 300 mm de
diâmetro cada). A parede de dissipação, cujas dimensões são 0,1 m x 0,2 m x 0,8 m,
ocuparão um volume de 0,016 m³. Por fim, as duas bombas, cujas dimensões são 0,9
m por 1,175 m por 0,7 m, ocuparão um volume de 0,74 m³. Com isso, o volume útil
final é de 37 m³.
Será calculada agora a submergência mínima da bomba. Para isso,
utilizaremos a Figura 31. A partir da velocidade apresentada na Tabela 62, e da
consulta à Figura 31, é possível chegar à conclusão de que a submergência mínima,
pelo critério de Metcalf e Eddy, é de 1,80 m.

Tabela 62 – Obtenção da velocidade para estimativa da submergência mínima

Vazão 0,42 m³/s


Área 0,20 m²
Velocidade 2,14 m/s
129

9.7 CENTRÍFUGA

As informações sobre o decanter centrífugo foram obtidas do dimensionamento


de custos da ampliação da ETE Araras (SAEMA, 2012).

Figura 36 - Exemplo de centrífuga

Fonte: Pieralisi

10 LAYOUT DA ETE

O layout da ETE está organizado conforme mostra o anexo 13.

11 CUSTOS

11.1 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO

A estimativa dos custos de implantação da nova ETE em Mogi das Cruzes foi
dividida em custos construtivos e custos de equipamentos.
Os custos construtivos são majoritariamente referentes a gastos com volume
de concreto para construção das unidades de tratamento e área construída de prédios
como administração, laboratório e casas de bombas e centrífugas. A cotação utilizada
para o metro cúbico de concreto armado e para metro quadrado de área construída
tem como fonte dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São
Paulo (Sinduscon/SP) que constam do site da Associação Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural (ABECE). Os valores considerados nas estimativas são
referentes ao mês de outubro de 2016 e são de R$ 1.985,08/m³ de concreto armado
e R$ 1.586,61/m² de área construída.
130

Para estimar o volume de concreto a ser utilizado na construção de cada


unidade, considerou-se que elas terão paredes de 30 cm e base de 40 cm. Além disso,
para estimativa do volume das fundações das unidades, foi suposto que as mesmas
serão do tipo radier, com altura de 1,80 m e acréscimo de 5 m ao diâmetro da unidade
(nos casos do Filtro Biológico e do Decantador Secundário) ou às suas dimensões de
largura e comprimento (nos casos do Tratamento Preliminar e dos reatores UASB).
Uma vez que não fazem parte do currículo do curso de Engenharia Ambiental da
Escola Politécnica disciplinas referentes ao dimensionamento de fundações, os
autores deste TF pesquisaram possibilidades para obras de saneamento e optaram
pela técnica citada, viável às grandes estruturas de estações de tratamento, segundo
o Manual de Obras de Saneamento da Companhia de Saneamento do Paraná
(Sanepar).
A cotação do preço das barras de ferro foi obtida do site da loja de materiais
de construção Balaroti. O total de custos de implantação para a estação de tratamento
de esgoto foi calculado na Tabela 63 e continua na Tabela 64.
131

Tabela 63 – Custos das principais unidades por módulo de tratamento I


Fase do Custo unitário Custo total
Unidade Especificações Quantidade
tratamento (R$) (R$)
m³ de
1.985,08 1,6 3.168,19
concreto
62 barras de
ferro de 5 mm
Grade
x 1,15 m (6
6,90 6,0 41,40
barras de ferro
de 5 mm x 12
m)
Tratamento m³ de
Passagem 1.985,08 3,0 6.037,36
preliminar concreto
m³ de
Caixa de areia 1.985,08 80,5 159.719,54
concreto
m³ de
Passagem 1.985,08 3,0 6.037,36
concreto
m³ de
Calha Parshall 1.985,08 3,0 5.939,57
concreto
m³ de
Fundação 1.985,08 356,9 708.398,55
concreto
m³ de
Tanque concreto, 6 1.985,08 1.249,3 2.480.047,79
tanques
m³ de
UASB concreto,
única,
Fundação 1.985,08 4.151,2 8.240.456,16
dimensões: 39
m x 56,6 m x
1,80 m
m³ de
Filtro Biológico Tanque concreto, 4 1.985,08 385,5 765.345,25
filtros
132

Tabela 64 - Custos das principais unidades por módulo de tratamento II


Fase do Custo unitário Custo total
Unidade Especificações Quantidade
tratamento (R$) (R$)
m³ de concreto,
Filtro Biológico Fundação dimensões: 20 1.985,08 2.261,9 4.490.145,18
m x 1,80 m
m³ de concreto,
Tanque 1.985,08 650,5 1.291.216,08
2 tanques
Decantador
m³ de concreto,
Secundário
Fundação dimensões: 29 1.985,08 2.033,7 4.037.014,69
m x 1,80 m
Tratamento do Casa de
m² construído 1.586,61 100,0 158.661,00
lodo centrífugas
Prédios Administração m² construído 1.586,61 500,0 793.305,00
administrativos Laboratório m² construído 1.586,61 150,0 237.991,50
Total 23.383.525

11.2 CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS

Os custos relativos à aquisição de equipamentos foram obtidos por


levantamentos próprios dos autores e por estimativas baseadas em cálculos
orçamentários de obras de implantação ou ampliação de ETEs com semelhanças em
relação à dimensionada neste projeto.
Para o cálculo de custo de equipamentos como as comportas e rosca
transportadora da caixa de areia, removedor de lodo do decantador secundário e a
centrífuga teve-se como base as estimativas da obra de ampliação da ETE de Araras.
O preço da Calha Parshall foi cotado no site do Mercado Livre, já a cotação do
queimador flare de biogás foi cotado pela empresa Combustec. Os braços rotativos
do filtro biológico serão feitos de canos de PVC próprios para esgoto e seu preço foi
obtido no site da Leroy Merlin.
Houve uma grande dificuldade na obtenção das cotações, em especial a do
BioDek, então utilizou-se a cotação do preço de material plástico do meio suporte de
R$ 512,94 (MELLER, H. S., 2009). A Tabela 65 mostra o total dos custos dos
equipamentos que serão utilizados na ETE:
133

Tabela 65 – Custos dos principais equipamentos utilizados nos módulos de tratamento


Custo Custo total
Equipamento Especificações Quantidade
unitário (R$) (R$)
Comportas 48.000,00 4 192.000,00
Rosca
Caixa de areia
transportadora de 60.000,00 2 120.000,00
areia

Calha Parshall 1', fibra de vidro 5.620,00 1 5.620,00

Queimadores
20.000,00 1 20.000,00
de biogás
cano PVC para
Braços
esgoto de 50mm de 19,99 20 399,80
rotativos
3 m cada
Material de
512,94 2261,95 1.160.242,95
preenchimento
Removedor de
24 m de diâmetro 120.000,00 2 240.000,00
lodo
Capacidade de 6
Centrífuga 201.510,00 2 403.020,00
m³/h
Bomba para
Capacidade de
subida na 15.000,00 4 60.000,00
1512 m³/h
unidade
Bomba para Capacidade de 4,5
20.000,00 6 120.000,00
recirculação m³/h
Total 2.321.283,00

11.3 CUSTOS OPERACIONAIS

Para o cálculo dos custos de operação da ETE foram considerados os gastos


com energia elétrica, transporte e disposição do lodo no aterro sanitário e com a
compra de polieletrólito para adensamento do lodo.
134

11.3.1 Custos de transporte e disposição do lodo no aterro

O aterro sanitário mais próximo da cidade de Mogi das Cruzes fica localizado
na cidade de Jambeiro, a uma distância de aproximadamente 87,5 km, conforme a
Figura 37.
Figura 37 - Distância da ETE até o aterro sanitário

Fonte: Google

O preço do frete do transporte do lodo até Jambeiro foi cotado pela Sinapi pelo
valor de R$ 0,81/ton·km para transporte de material de qualquer natureza para
distâncias acima de 10 km. A disposição do lodo foi obtida consultando-se a Essencis
Soluções Ambientais SA por R$ 70 a tonelada de lodo.

11.3.2 Custos com energia elétrica

De acordo com a Procel, em relação à classificação dos consumidores, a ETE


entrará no grupo A, que são consumidores atendidos em alta tensão (acima de 2300
volts). Dentro da classificação do grupo A, o projeto seria classificado como subgrupo
A4, para níveis de tensão de 2,3 a 25 kV.
A estrutura tarifária de energia será a verde, que é permitida para o subgrupo
A4. Este tipo de modalidade exige que seja feito um contrato que determina a
demanda pretendida pelo consumidor. Além disso, a tarifa é calculada pelas horas em
135

que os equipamentos funcionam, que podem ser na ponta (3 horas consecutivas,


onde o consumo de energia é mais elevado) e fora da ponta (as outras 21 horas
restantes do dia):

𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 𝑡𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 × 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎


+ 𝑡𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎
× 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 (89)

A concessionária de energia que atende a cidade de Mogi das Cruzes é o grupo


EDP Bandeirante e suas taxas para o subgrupo A4 são:

Tabela 66 – Valores das tarifas utilizados para cálculo de custos com energia
Subgrupo Tarifa na ponta (R$/kWh) Tarifa fora da ponta (R$/kWh)
A4 0,40717 0,25814

Os cálculos de gasto energético anual com as bombas encontram-se na Tabela 67.

Tabela 67 – Cálculos com energia elétrica


Gasto Gasto anual
Horas de Horas de
anual com com energia
Equipamento Quantidade Potência funcionamento funcionamento
energia na fora da ponta
na ponta fora de ponta
ponta (R$) (R$)
Conjunto de bombas
1 0,1 kW 3 44,00 21 195,00
da centrífuga
Conjunto de bombas
do decantador 1 0,15 kW 3 66,00 21 293,00
secundário
Conjunto de bombas
3 23,49 kW 3 10.329,00 21 45.841,00
do reator UASB
Conjunto de bombas
3 23,49 kW 3 10.329,00 21 45.841,00
do Filtro Biológico
Total anual 112.938,00

11.3.3 Custos totais

A cotação do preço de funcionamento da centrífuga foi obtido da planilha de


custos da ampliação da ETE Araras (SAEMA, 2012). Já o preço do polieletrólito da
marca Cleanwater foi cotado pelo preço de U$ 2500 por tonelada em média. A
136

conversão de dólar para real foi obtida pelo site da Bovespa como R$ 3,3565 no dia
21/11/2016. O total de custos anuais de operação encontra-se na Tabela 68.

Tabela 68 – Cálculo dos custos totais de operação da ETE


Custo
Categoria de Custo
Unidade Especificações unitário Quantidade
custo total (R$)
(R$)
Bombas 112.938,00
Energia elétrica Decanter
7.550,00
centrífugo
Tratamento do
Polieletrólito ton/ano 8.391,00 3,83 32.138,00
lodo
Transporte do km até o aterro x
0,81 214.962 174.119,00
lodo ton/ano
Disposição final custo por ton de
70,00 2529 177.027,00
do lodo lodo
Total anual 503.772,00

Além disso, de acordo com Gonçalves e Sampaio, os custos relacionados com


o salário dos funcionários, horas extras, adicional de periculosidade, adicional noturno,
entre outros somados aos custos com encargos sociais como INSS, FGTS e aviso
prévio com os custos com benefícios, que envolvem plano de saúde, plano de
aposentadoria privado e vales transporte e alimentação corresponderam cerca de
40% do custo da planta de uma ETE não automatizada de lodos ativados. Utilizou-se
a mesma porcentagem para o cálculo com a mão de obra por também ser um projeto
não automatizado e também será considerado um trabalho de 3 turnos. O resultado
dos custos totais da ETE encontram-se na tabela 73.

Tabela 69 - Custos totais da ETE


Tipos de custo Valor (R$)
Construção e operação 23.383.525
Equipamentos 2.141.283
Operação 503.772
Funcionários, encargos sociais e benefícios 10.209.923
Total 36.238.503
137

12 CONCLUSÃO

Uma vez identificada a demanda de Mogi das Cruzes por uma melhora em seu
sistema de saneamento, que tem 37% de seu esgoto doméstico tratado em uma
Estação de Tratamento de Esgotos no próprio município e 13% tratado no município
vizinho de Suzano, este projeto se propôs a dimensionar uma ETE com o objetivo de
suprir o atual déficit de 50% de tratamento de esgoto do município.
Estabelecido um horizonte de projeto de 20 anos, foram levantados dados
demográficos que contemplaram o crescimento populacional neste período e dados
relativos à qualidade do esgoto de Mogi. Também foi necessário selecionar um local
para a instalação da Estação de Tratamento de Esgotos e estes dois últimos fatores
combinados permitiram que, para cada parâmetro de qualidade do esgoto, fosse
calculada a eficiência de tratamento necessária. O principal parâmetro avaliado nos
dimensionamentos realizados foi a remoção de DBO5 a 20°C, que deveria ser de
80%.
Três alternativas para o tratamento dos efluentes foram apresentadas neste TF:
lagoas aeradas, lodos ativados e reator UASB seguido de filtro biológico. Para a
escolha do que seria mais vantajoso para o caso de Mogi das Cruzes, optou-se pelo
uso de um sistema de análise multicritério, o PROMETHEE II & GAIA. A atribuição de
notas às alternativas por esse método resultou em um empate técnico para o
tratamento por lodos ativados e o tratamento por reator UASB seguido de filtro
biológico. Uma análise da composição das pontuações recebidas pelas alternativas
mostrou que a pontuação do UASB e do filtro biológico foi formada equilibradamente
por vantagens em critérios como a estimativa do custo, a área necessária, a eficiência
do tratamento e o volume de lodo produzido. Por outro lado, a maior parte da
pontuação recebida pelos lodos ativados é resultado da alta eficiência do sistema.
Outras pequenas parcelas da pontuação se referiram à baixa produção de odores e à
área necessária para implantar esta alternativa. Uma vez que ambos os sistemas
atingiriam a eficiência necessária para o tratamento dos efluentes do município, esse
critério foi preterido. Assim, escolheu-se a alternativa reator UASB seguido de filtro
biológico para dimensionar uma ETE para Mogi das Cruzes.
O dimensionamento das unidades resultou em 6 reatores UASB e 4 filtros
biológicos, seguidos de 2 decantadores secundários. O sistema composto por reator
138

anaeróbio apresenta a vantagem de não necessitar de adensamento e digestão de


lodo, uma vez que o mesmo já pode ser removido suficientemente estabilizado do
reator. Assim, o material retirado do UASB pode prosseguir diretamente para um
decanter centrífugo para que seja desidratado e encaminhado à disposição final. Com
as dimensões das unidades, pôde-se organizá-las em um layout para a Estação.
Foram dimensionadas bombas, selecionados centrífugas, queimadores de
biogás e material de preenchimento do filtro biológico que atendessem aos
parâmetros de projeto da ETE e, embora com algumas dificuldades ao obter
orçamentos diretamente com fornecedores, os autores estimaram custos de
implantação e operação para a nova ETE de Mogi das Cruzes.
139

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Concreto no Estado de São Paulo. Disponível em:
<http://site.abece.com.br/index.php/cotacoes>. Acesso em: 15 nov. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, NB 569, Projeto de


estações elevatórias de esgoto sanitário - Procedimento. Rio de Janeiro – RJ, 1989.
5 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, NBR-12.209,


Elaboração de projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento de esgotos
sanitários. Rio de Janeiro – RJ, 2011. 53 p.

BALAROTI. Preço de barras de ferro de 5 mm x 12m. Disponível em:


<http://www.balaroti.com.br/produto/ferro-5mm--(316equot;)-ca-60-1.848kg-
12m/2395>. Acesso em: 15 nov. 2016.

BOTELHO, A. P. A., GOMES, C.C., OMOTE, M.Q. (2016). Estudo de caso: Ampliação
de uma ETE no Município de Indaiatuba – Análise comparativa entre sistemas de
lodos ativados convencional e de aeração prolongada. São Paulo – SP.

BRANS J. P.; MARESCHAL B. (1985). A preference making organizational method.


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BRASIL. (2016). IBGE: Dados sobre Mogi das Cruzes. Disponível em:
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140

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BRASIL, (1998). DECRETO ESTADUAL Nº 42.837 DE 03 DE FEVEREIRO DE 1998.


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BRUNO, D.; TSUTIYA, M. Infiltração de água nos coletores de esgotos sanitários.


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CAMPOS, V. R. Modelo de apoio à decisão multicritério para priorização de projetos


em saneamento. 25/11/2011. 175 p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). (2010).


Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – 2008. Rio de Janeiro, RJ.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). (2006). Um Exame dos


Padrões de Crescimento das Cidades Brasileiras. Disponível em:
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GONÇALVES, M., C., SAMPAIO, A. O. Custos operacionais de estações de


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Executivo e Construção de Interceptores, Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) e
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142

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<http://site.sanepar.com.br/sites/site.sanepar.com.br/files/informacoes-tecnicas/mos-
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SANT’ANNA JUNIOR, G. L. (2013). Tratamento biológico de efluentes: fundamentos


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VON SPERLING, M. (2005a). Princípios básicos do tratamento de águas residuárias.


3a ed. Belo Horizonte, MG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
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2a ed. Belo Horizonte, MG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
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TSUTIYA, M. (2006). Abastecimento de água. 3a ed. São Paulo, SP: Departamento


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TSUTIYA, M. e ALEM SOBRINHO, P. (2011). Coleta e Transporte de Esgoto


Sanitário. 3ª ed. São Paulo, SP: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
da Escolha Politécnica da Universidade de São Paulo. 548 p.
N

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP


DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 01
Comprimento da rede: 191.137,00 m
COMPRIMENTO PROJETADO DA
REDE DE ESGOTO
UNIDADES EM M
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

13.500

0.6100
0.8450

0.3050
1.500

A A

1.3709
0.6100

0.005
1.225
1.825

1.3440

0.015
ESPESSURA
ESPAÇAMENTO ENTRE
DAS
BARRAS
GRADES

CORTE A-A
0.9150
1.0000

0.5848
0.7299
0.150

0.6100

0.200
1.3440
N.A.

1.500

0.9150
0.696
0.769

0.0760
0.0300
1.3440

0.2290

0.2290
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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 02
TRATAMENTO PRELIMINAR
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR
52.8
17.2

REATOR REATOR REATOR


A A UASB UASB
17.0

UASB
34.9

REATOR REATOR REATOR


UASB UASB UASB

CORTE A-A

.3
PAREDE VÃO DA TUBULAÇÃO
5.8

DE FUNDO DE ESGOTOS
6.5

0.4
0.3

AFLUENTES

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 03
REATORES UASB
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

1.2
Ø0.2 1.2

A A

CORTE A-A
02
0.
Ø
0.40

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 04
DISTRIBUIÇÃO DE ESGOTOS
AFLUENTES
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

0.4
0.2
0.3

1.3

A A

CORTE A-A
0.9

0.4
2.8

56

3.0
°
3.0
2.7

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 05
SEPARADORES TRIFÁSICOS
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR
1.5
3.0
17.0

A A

CORTE A-A
4.3 8.6

1.1
15.4

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 06
CALHAS DO UASB
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

.6
15
Ø
5 .0
Ø1

A A

CORTE A-A 0.3

3.6
2.7

15.0
0.4

15.6

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 07
FILTRO BIOLÓGICO
DESENHO SEM ESCALA
UNIDADES EM METROS
VISTA SUPERIOR

4.0
Ø2

A A

Ø2
4.6

CORTE A-A

24.0
0.3
4.4

3.5

12.1

DECLIVIDADE DE FUNDO
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1 DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
12 EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 08
DECANTADOR SECUNDÁRIO
DESENHO SEM ESCALA
UNIDADES EM METROS
VISTA SUPERIOR

1.050

0.200
0.700
0.800

UASB
0.700
0
.05

50
DECANTADOR
SECUNDÁRIO

.0
Ø0

Ø0

030
Ø0.

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE EM
MOGI DAS CRUZES
ANEXO 09
POÇO E BOMBAS DO DECANTADOR
SECUNDÁRIO PARA UASB
UNIDADES EM M
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

1.050

0.200
0.700
0.800

UASB
0.700
0
.05

.0 50
CENTRÍFUGA

Ø0

Ø0

030
Ø0.

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE EM
MOGI DAS CRUZES
ANEXO 10
POÇO E BOMBAS DA CENTRÍFUGA
PARA UASB
UNIDADES EM M
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

7.25

0.80

4.00 1.85

Ø0.50
6.30

.3 0
Ø 0
.50
Ø0

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 11
POÇO E BOMBAS PARA AFLUENTE
DO UASB
UNIDADES EM M
DESENHO SEM ESCALA
VISTA SUPERIOR

7.25

0.80

4.00 1.85

Ø0.50
6.30

.3 0
Ø 0
.50
Ø0

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 12
POÇO E BOMBAS PARA AFLUENTE
DO FILTRO BIOLÓGICO
UNIDADES EM M
DESENHO SEM ESCALA
DECANTADORES SECUNDÁRIOS
52.8 FILTROS BIOLÓGICOS
Ø2
4.6
7.3
Ø15.6
BOMBAS S
RE
6.6
ATO B

34.9
UASB
RE AS BOMBAS
U DE RETORNO
BOMBAS
FILTROS
6.0

15.0

TRATAMENTO
PRELIMINAR

RI
100.6

O
TI
BOMBAS

ET
DE RETORNO 25.0

Ê
1.3
0.8

LABORATÓRIOS

10.0
10.0
PRÉDIO

10.5

20.0
6.5
ADMINISTRATIVO
GUARITA CASA DE
6.0

DE CENTRÍFUGAS 15.5
SEGURANÇA
5.0

200.6

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ETE
EM MOGI DAS CRUZES
ANEXO 13
LAYOUT DA ESTAÇÃO
UNIDADES EM METROS
DESENHO SEM ESCALA

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