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TEMA – Engenharia e Arquitetura DOS PROFESSORES 2

APRESENTAÇÃO
Prof. Dr. Tadeu de Souza Oliveira
Ensino Médio: Téc. em Agrimensura - IFSC (ETEFESC) - Fpolis.
Graduação: Eng. de Agrimensura - UNESC (FUCRI) - Criciúma.
Engenharia Civil - FURB - Blumenau.
Mestrado: Engenharia de Produção. Elaboração de um manual
ergonômico de utilização pós-ocupação ao usuário de imóveis.
Doutorado: Engenharia Civil. Aplicação do cadastro técnico visando à
avaliação de inundações urbanas.

Atividade profissional:
- Coordenador do curso de engenharia civil da Faculdade
UNISOCIESC - Florianópolis/SC;
- Coordenador de Pós-Graduação UNISOCIESC - Joinville;
- Professor de Topografia, Mecânica, Resistência dos materiais,
Hidráulica, Hidrologia, Saneamento Básico (Drenagem,
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário);
- Consultoria: Projetos de drenagem urbana, prevenção de
inundações, planos de manejo, Aulas em Cursos de Pós Graduação,
Supervisão de obras.

Profª. Drª. Mirtz Orige Oliveira


Graduação: Arquitetura e Urbanismo/ Universidade Federal de Santa
Catarina-UFSC
Mestrado: Engenharia Civil/ Universidade Federal de Santa Catarina-
UFSC
Dissertação: Monitoramento da Paisagem urbana
Doutorado: Engenharia Civil/ Universidade Federal de Santa Catarina-
UFSC
Tese: Estruturação de dados geoespaciais temporais para apoiar o
Planejamento e a Gestão do território.

Atividade profissional:

Atualmente ministra aulas de Projeto Arquitetônico I e II,


Projeto IntegradoI no Curso de Eng. Civil na
UNISOCIESC/Florianópolis. Publicou em 2015 o livro "Monitoramento
da Paisagem Urbana". Tem experiência em sistema de informação
geográfica, infraestrutura de dados espaciais e geoprocessamento.
Foi consultora no "Plano de ocupação das margens do rio Criciúma e
seus afluentes" e "Reurbanização do Bairro Rio Bonito" em Criciúma -
SC.

SUMÁRIO
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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .....................................................................................................8
2 - APRESENTAÇÃO E NIVELAMENTO ...........................................................11
2.1 Contextualização do Curso ......................................................................... 11
2.2 Importância do Curso................................................................................... 11
2.3 Nivelamento de conceitos: Topografia. Hidrologia. Hidráulica. Chuva
12
2.4 Topografia ...................................................................................................... 12
2.5 Hidrologia ...................................................................................................... 17
2.6 Hidráulica ...................................................................................................... 30
2.6.1 Cálculo da Vazão – Fórmula de Manning ......................................... 30
2.6.2 Regimes de escoamento ........................................................................ 30
2.6.3 Escoamento livre. Escoamento em canais. ......................................... 32
2.6.4 Elementos geométricos de uma seção transversal ............................ 35
3 FOTOGRAMETRIA APLICADA À DRENAGEM URBANA ........................36
3.1 Caracterização da ocupação urbana utilizando fotointerpretação ........ 36
3.1.1 Definição e classificação do tipo de uso do solo com
impermeabilização do solo ................................................................................. 36
3.1.2 Definição e classificação do tipo de ocupação do solo "sem"
impermeabilização do solo ................................................................................. 37
3.2 Quantificação dos tipos de uso e ocupação do solo ................................. 38
3.2.1 Análise do grau de impermeabilização .............................................. 39
3.3 Identificação e caracterização da rede hidrográfica. ................................ 42
4 ESTUDO HIDROLÓGICO: ..................................................................................45
4.1 Bacias e sub-bacias hidrográficas................................................................ 45
4.2 Áreas de contribuição urbana. .................................................................... 46
4.3 Formação das áreas de contribuição .......................................................... 47
4.4 Caracterização morfométrica de bacias hidrográficas. ............................ 51
4.4.1 Características topográficas.................................................................. 51
4.4.2 Características morofométricas ........................................................... 51

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4.4.3 Tempo de concentração. ....................................................................... 54
4.4.4 Fórmula de Kirpich ou Califórnia Culverts Pratice (E.U.A.) .......... 55
4.4.5 Fórmula de Kirpich modificada por DER/SP. ................................... 56
4.4.6 Fórmula de Vem Te Chow. .................................................................. 56
4.4.7 Fórmula do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.) ..................... 56
4.4.8 Método Cinemático do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.) . 57
4.4.9 Fórmula de Bransby-Willians .............................................................. 57
4.4.10 Coeficiente de escoamento superficial:............................................... 59
4.4.11 Equação de chuva intensas e estações pluviométricas..................... 65
5 Modelo hidrológico ...............................................................................................69
5.1.1 Duração da chuva de projeto. .............................................................. 71
5.1.2 Método Racional e duração de chuva de projeto .............................. 71
5.1.3 Hidrograma Unitário (U.S. Soil Conservation Servic). .................... 74
5.1.4 As ruas como rede hidrográfica (como canais de drenagem). ........ 79
5.1.5 Potencialidade da bacia hidrográfica para retenções. ...................... 82
5.1.6 Avaliação modelos de solução para reduzir o volume de água
excedente dentro de uma bacia ou sub-bacia. .................................................. 86
6 - INUNDAÇÕES URBANAS ...............................................................................91
6.1 Tipos de inundações urbanas (enchentes e inundações bruscas). ......... 93
6.2 Impactos e medidas de controle.O sistema urbano de drenagem. ........ 94
6.2.1 Macro e Microdrenagem....................................................................... 94
6.2.2 Macrodrenagem. .................................................................................... 94
6.2.3 Micro Drenagem. ................................................................................... 95
7 - DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA URBANO DE DRENAGEM .........97
7.1 Ruas ................................................................................................................. 97
7.2 Classificação das vias públicas.................................................................... 99
7.3 Cruzamentos ................................................................................................ 100
7.4 Sarjetas .......................................................................................................... 101
7.5 Capacidade de escoamento da via pública – sarjeta .............................. 102
7.6 Cálculo da capacidade teórica de descarga da sarjeta ........................... 103

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7.7 Caixas coletoras ou bocas-de-lobo ............................................................ 105
7.8 Recomendações gerais para a escolha das bocas de lobo ..................... 108
7.9 Dimensionamento das bocas de lobo. ...................................................... 108
7.10 Método tradicional...................................................................................... 114
7.11 Poços de visitas............................................................................................ 121
7.12 Caixas de ligação ou passagem ................................................................. 125
7.13 Galerias. ........................................................................................................ 125
7.13.1 Generalidades....................................................................................... 125
7.13.2 Tubos de PEAD .................................................................................... 126
7.13.3 Diretrizes gerais ................................................................................... 127
7.13.4 Dimensionamento hidráulico das galerias ...................................... 128
8 - EXERCÍCIO 1 .....................................................................................................137
9 137
9.1 Avaliação e análise do levantamento topográfico ................................. 137
9.2 Formação das áreas de contribuição e declividade dos trechos........... 137
9.3 Preenchimento da planilha sarjeta-boca-de-lobo. .................................. 137
9.4 Definição das características das ruas. ..................................................... 141
9.5 Preenchimento da planilha galerias. ........................................................ 144
10 - EXERCÍCIO 2 .....................................................................................................147
10.1 Avaliação e análise do levantamento topográfico ................................. 147
10.2 Formação das áreas de contribuição e declividade dos trechos........... 147
10.3 Preenchimento da planilha sarjeta-boca-de-lobo. .................................. 147
10.4 Definição das características das ruas. ..................................................... 148
10.5 Preenchimento da planilha galerias. ........................................................ 149
11 - GESTÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM URBANA .................................153
11.1 Introdução .................................................................................................... 153
11.2 Levantamento de campo ............................................................................ 155
12 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................168

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1 - INTRODUÇÃO
No Brasil é comum a ocorrência de inundações urbanas. São os
conhecidos alagamentos nas áreas centrais, definidos como inundações
bruscas. Eles são causados pela ocupação antrópica, que não considera a
morfologia das bacias hidrográficas.
Para controlar esse tipo de evento é necessário conhecimento
específico e ao mesmo tempo interdisciplinar, os quais não costuma-se
conseguir durante a formação acadêmica de graduação.
É preciso evitar prejuízos materiais, danos ao meio ambiente e
perdade vidas. A aquisição dos conhecimentos acerca da drenagem urbana
é imprescindível não somente para obter o controle das águas pluviais, mas
também para apoiar a preservação dos recursos naturais e garantir a
qualidade de vida nas cidades.
Inundações em centros urbanos em sua grande maioria estão ligadas
a antropização desordenada, onde em áreas rurais se ocupa o solo de forma
irracional, gerando grandes volumes de erosão, carreação de sedimentos,
assoreamentos dos rios, e nas áreas urbanas se impermeabiliza o solo
aumentando o deflúvio, canalizam-se os rios, reduzindo sua capacidade de
transportar as águas resultantes do escoamento superficial.
Em alguns exemplos a nível mundial, podemos citar aquelas cidades
que conseguem amenizar os problemas de inundações com obras de grande
porte, como é o caso de Kuala Lumpur na Malásia, com a construção do
Smart Túnel, o qual possui 9,7km de extensão com raio de 13,6m (TAN,
2006). Nesta solução, o túnel além de servir para escoamento do trânsitoda
cidade, em dias de precipitações de alta intensidade, é fechado
aosautomóveis e disponibilizado para reservatório das águas pluviais,
evitando assim inundar a cidade.
Como exemplo nacional, a maior cidade do país, São Paulo, vive a
cadaverão o drama das inundações aumentarem a frequência. Opostamente
aKuala Lumpur que resolveu seus problemas com o Smart Tunel, asobras
implantadas, como os “piscinões” não tem proporcionadomelhorias e a
população vê-se obrigado a viver sob tensão e prejuízostanto de cunho
material e até humano.
Os centros destas cidades possuem rios que cortam a cidade e servem
dedrenagem para a bacia hidrográfica e estão sujeitos a inundações.

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Contrario aos casos anteriores, observam-se cidades que não possuemrios,
mas que também possuem alagamentos.
Com o acréscimo da população e sem políticas públicas adequadas
para ocupação do espaço urbano os planos diretores permitem verticalizar
as edificações e expandir a área urbana sem qualquer estudo da bacia
hidrográfica.
Diante de muitas transformações surgem os grandes problemas na
infraestrutura dos centros urbanos, relacionados à energia elétrica, esgotos
sanitários, abastecimento de água e a drenagem pluvial entre outros. Uma
das consequências desse aumento de área ocupada por edificações é a
significativa redução da área para infiltração das águas pluviais pelo
aumento do coeficiente de escoamento superficial.
Conhecer as propriedades físicas do solo estabelecendo uma taxa de
infiltração pode criar artifícios para reduzir os problemas que acontecem,
segundo Tucci, 2003, quando a precipitação é intensa e o solo não tem
capacidade de infiltrar, grande parte escoa para o sistema de drenagem,
superando sua capacidade natural de escoamento.
As precipitações de alta intensidade e baixa duração tem tornado
frequente, nos últimos anos, os alagamentos em grande parte das ruas do
centro de muitas cidades. Como consequências surgem os prejuízos,
desconfortos e riscos de doenças para a população.
A descarga causada pelas precipitações intensas tem superado as
máximas consideradas para o dimensionamento dos sistemas de drenagem
devido às alterações das características físicas da bacia hidrográfica como,
impermeabilização do solo, responsável pelo aumento do escoamento
superficial.
Os planos diretores tem permitido ao longo dos anos a expansão da
área urbana sem considerar as características principais da sub-bacia
hidrográfica, esse é o formato da grande maioria dos planos no Brasil.
Os planos diretores vêm sendo dimensionados de forma a permitir o
aumento da população dentro da mesma sub-bacia, tanto expandindo a área
urbanizada ou consentindo ampliação do gabarito, isso tem permitido
aumento da população em progressão geométrica dentro de um mesmo
lote.
Também não têm observado as características da sub-bacia, desde
fatores especificamente técnicos até os de origem humana demandada pelos
habitantes e usuários dos centros urbanos e suas infraestruturas.

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Nesse contexto, um plano diretor pode ser considerado um grande
sistema em intenso movimento e transformação, dimensionado para
ordenação e controle de um território inserido em uma sub-bacia
hidrográfica também em intensa transformação.
São inúmeros os agentes intervenientes e entre estes encontra-se uma
série de variáveis em constante mudança. São dados importantes para
dimensionamentos de trabalhos de engenharia; valores constantes como, a
precipitação, escoamento superficial, tempo de concentração, taxa de
infiltração, etc.
Esses dados tipicamente hidrológicos precisam ser monitorados
constantemente em função das alterações impostas ao meio ambiente pelas
ações antrópicas. Para Tucci (2005), em diferentes áreas técnicas, o homem
dimensiona o seu sistema, especificando todos os seus condicionantes
sobre o qual tem total controle, tais como a estrutura de um edifício ou um
circuito elétrico.
Um sistema como a bacia hidrográfica, não é dimensionado, mas é
resultado de processos naturais, os quais devem ser levados em
consideração nos dimensionamentos dos planos diretores. Sendo base para
o desenvolvimento sustentável da expansão urbana, o plano diretor deve
conter em suas diretrizes formulações que garantam o seu objetivo
principal, que é fazer com que a propriedade cumpra sua função social, de
forma a garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada, reconhecer a
todos os cidadãos o direito à moradia e aos serviços urbanos.
De acordo com o inciso IV do Artigo 2 da Lei n. 10.257 (Estatuto da
Cidade) uma das diretrizes é o planejamento do desenvolvimento das
cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas
do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e
corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre
o meio ambiente.

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2 - APRESENTAÇÃO E
NIVELAMENTO
2.1 Contextualização do Curso
A ideia deste curso surgiu em um momento de discussão sobre
drenagem de rodovias, durante uma aula de pós-graduação em
"Infraestrutura de Transportes e Rodovias", na disciplina de Fiscalização de
Obras e Topologia. Para atender aqueles que desempenham suas funções
em áreas urbanas, o tema "DRENAGEM" avançou também para o meio
urbano.
Notou-se então que os problemas de inundações urbanas pertencemà
maioria das cidades brasileiras, depois de discutir o tema em outros
estados, aliando a formação de duas graduações, engenharia civil e
engenharia de agrimensura, além do doutorado em controle de inundações.
O curso está fundamentado nas experiênciasdos professores e de sua
empresa com desenvolvimento de alguns projetos de drenagem e planos de
manejos de bacias hidrográficas.
Os trabalhos podem ser visualizados no site:
www.temaengenhariaearquitetura.com

2.2 Importância do Curso


A grande maioria das universidades brasileiras nas áreas de
engenharias civil, agrimensura, ambiental e de arquitetura, não têm
destacado com grande profundidade este tema voltado ao controle de
inundações.
É uma área complexa que necessita de maior aprofundamento, de
grande interdisciplinaridade e não há normas regulamentadoras no país, os
projetos vão sendo aperfeiçoado de acordo com a experiência de cada
projetista e também por aqueles que se dedicam a pesquisas em programas
de mestrados e doutorados.
É nesse contexto que o curso apresenta sua importância para o
profissional, ao juntar conhecimentos teóricos e práticos com experiência e
avanços de pesquisas e aplicações em casos reais. Para aquele que ainda é
estudante, uma grande oportunidade de despertar o interesse por uma área
ainda pouco frequentada por profissionais, ao mesmo tempo de poderá
desenvolver melhores profissionais nesta área.
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2.3 Nivelamento de conceitos: Topografia. Hidrologia. Hidráulica.
Chuva
Nivelar tem por objetivo alinhar e relembrar conceitos e fórmulas
aplicadas à dimensionamentos de elementos de engenharia, neste caso,
questões relacionadas à implantação ou monitoramento de um sistema de
drenagem urbana.

2.4 Topografia
A topografia está inserida dentro de qualquer atividade de
engenharia, pois é estudo básico necessário para construção de estradas,
redes de energia elétrica, redes de esgotos, redes de água, pontes,
loteamentos, implantação de qualquer edificação, seja residencial,
industrial ou comercial. Na implantação de qualquer estrutura de uma
cidade, mineração, e mais uma infinidade de atividades até mesmo de
outras engenharias.
Ao se projetar qualquer obra da área de engenharia e arquitetura, é
necessário primeiramente o levantamento topográfico da área onde será
materializado o projeto, devendo este ser com absoluta precisão no
levantamento dos detalhes e características do terreno. Com o projeto
definido, procede-se a implantação através da locação dos elementos
projetados, devendo fazê-los com absoluta precisão.
Através da topografia podemos determinar medidas lineares e
superficiais de terrenos, volumes de terra em terraplenagem, volumes de
águas, projetar cidades, loteamentos, estradas, e locar qualquer tipo de
obra.
Para qualquer sistema de drenagem e controle de inundações é
fundamental além da planimetria, a altimetria com dados precisos. É da
altimetria que geramos ou controlamos as velocidades mínimas e máximas,
as capacidades de descargas das seções transversais. Traçados muito planos
geram assoreamento dos elementos de drenagem assim como os de
inclinações elevadas podem provocar erosões e desgastes destes elementos,
assim sendo passa-se a descrever alguns conceitos e informações
importantes de topografia:
a) Planimetria:a planimetria ou o levantamento topográfico
planimétrico, compreende um conjunto de operações necessárias
para determinação da posição de pontos e geometria de

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terrenos(figura1), com projeções no plano horizontal de referência.
Tais pontos são representados em um sistema cartesiano tipo X,Y
sendo que o sistema de projeção utilizado no Brasil é a Projeção
Universal Transversa de Mercator - UTM (apenas coordenadas
planas N,E).
Além do sistema de coordenadas, devemos considerar que o
sistema de referência adotado no Brasil é o SIRGAS 2000,
obrigatório desde 01/01/2015 em substituição ao SAD69.O SIRGAS
2000 define como origem do sistema de coordenadas UTM:
N=10.0000,0000m e E=500.000,0000m.

Figura 1: Representação planimétrica de um terreno.

b) Altimetria: a altimetria ou o levantamento topográfico altimétrico,


compreende um conjunto de operações necessárias para
determinação da posição de pontos que além de projetados em um
plano horizontal de referência (figura 2), serão também
representados em relação ao um plano vertical de referência. Nesta
operação determina-se a terceira componente das coordenadas,
acrescentando-se às coordenadas N(Y) e E(X) a componente
altimétrica Z, cujo plano de referência é o nível médio dos mares.
Com a determinação destas três coordenadas podemos dfinir o
Modelo Tridimensional do terreno, no qual com o uso de software
adequado, determinamos o Modelo Digital do Terreno - MDT, de
grande valia e facilidade na elaboração dos projetos de drenagens.
O plano vertical de referência também é definido pelo
SIRGAS 2000, tendo como pondo base o Marégrafo de Imbituba,
localizado no porto da cidade, sendo considerado o nível ZERO.
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Figura 2: Representação altimétrica de uma terreno.

A junção dos dois levantamentos denomina-se planialtimétrico


e pode ser representado conforme a figura 3, onde expressam-se as
três coordenadas, X(E), Y(N) como planas e Z a altitude.

Figura 3: Representação da planialtimetria.

c) Traçado:é uma poligonal aberta ou enquadrada onde são definidos


os comprimentos de cada trecho e esses divididos em estacas e
marcados por ângulos de deflexões. Os ângulos de deflexões indicam
a mudança de direção de cada trecho.

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d) Estaqueamento:é a divisão de um traçado em segmentos iguais e
equidistantes. Comumente são subdivisões de 20m e 20m, no entanto
dependendo do projeto ou obra, podem-se apresentar novas
subdivisões maiores ou menores (figura 4). Por exemplo:
Em um projeto de desassoreamento de rio podem-se elevar as subdivisões
para 100m ou até mesmo 500m, dependendo de alguns fatores como relevo
ou mesmo as condições físicas, como as de um rio, por exemplo. Assim
como, para um traçado de drenagem de qualquer natureza, podemos
subdividir em menores espaços, como 10m, 5m e até mesmo de 1m em 1m.

Figura 4: Representação de um estaquemaneto 10 em 10m em sistema de drenagem.

e) Altitudes:são distâncias verticais medidas a partir do plano de


referância oficial o Datum SIRGAS 2000, no nível médio do mar,
tendo como ponto base o marégrafo de Imbituba - SC. Pode ser
positiva quando estiver acima do nível médio do mar e negativa
quando estiver abaixo (figura 5).

Figura 5: Representação de altitude.

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f) Cotas:são distâncias verticais medidas a partir de um referencial
arbitrário definido no local onde se encontra a área levantada
topograficamente (figura 6).
g)
Figura 6: Representação de cotas a partir de um plano arbitrário de referência.

Plano arbitrário de

h) Declividade:a declividade entre dois pontos em um traçado nada


mais é do que a relação entre diferença de nível com o comprimento
do trecho. Assim podemos caracterizar a declividade de um trecho
limitado por dois pontos, um a montante e outro a jusante pela
equação:
( − )
=
Onde:
I - Declividade (m/m);
AM - Altitude de Montante (m);
AJ - Altitude de Jusante (m);
L - Comprimento do trecho (m).

i) Distância entre dois pontos por coordenadas: calcular a distância


entre dois pontos de coordenadas conhecidas é aplicar a equação de
Pitágoras tendo como distância entre estes a hipotenusa e a diferença
entre as coordenadas os catetos, da seguite forma:

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= √∆ +∆ , onde:
D - Distância (m);
∆N - Diferença entre as coordenadas N (m);
∆E - Diferença entre as coordenadas E (m).

2.5 Hidrologia
a) Conceito de hidrologia:como conceito ou definição, trata-se da
ciência que estuda a água do Planeta Terra, consequentemente, as
ocorrências, circulação e distribuição, analisando e estudando física e
quimicamente quanto às propriedades bem como a inter-relações.

b) Ciclo hidrológico: no Planeta Terra nota-se a presença de água no


estado líquido, sólidos e gasoso, na atmosfera, na superfície, no solo,
no subsolo, nos rios, lagos oceano e mares, também nas calotas
polares, todos, seja em qualquer lugar, posição ou época, em
constante movimento, o qual chamamos ou denominamos
tecnicamente de “Ciclo Hidrológico” (figura 7).
Pelo Ciclo Hidrológico notamos as mudanças de estado ou posição em
relação ao Planeta Terra, seguindo:
- Precipitação;
- Escoamento superficial ou deflúvio;
- Escoamento (subterrâneo);
- Evaporação.

Figura 7: Representaçºao do ciclo hidrológico

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Do ciclo hidrológico, a maior preocupação para um sistema de
drenagem urbana é o escoamento superficial, este deve ser controlado e
captado no sistema a ser dimensionado e implantado. Sendo assim, quanto
maior a taxa de escoamento superficial, maior será nosso sistema de
drenagem urbana.
O ciclo hidrológico é um sistema fechado, a nível mundial, no qual
toda a água que precipita retorna para o ciclo, mas não podemos considerar
fechado a nível local.

c) Precipitação: em termos meteorológicos, corresponde à quantidade


de água resultante da condensação do vapor de água na atmosfera,
que se precipita de forma líquida dando origem a chuva, ou de forma
sólida originando neste caso neve ou granizo que se deposita na
superfice terrestre. Intervém no ciclo hidrológico onde exerce um
papel chave e indispensável.

A precipitação entra nos dimensionamentos de qualquer sistema de


drenagem com e equação de chuva intensareferente à estação
meteorológica mais próxima do local de estudos. Equação genérica:

K ×T m
i=
(t + b )n
Onde:
K, m, b e n são coeficientes ou parâmetros locais para ajuste da equação,
determinados para cada cidade ou região. T é o período de retorno e t o
tempo de duração.
As enxurradas estão atreladas entre outros fatores, ao tempo de
concentração e ao escoamento superficial, e esses dependem da topografia,
vegetação e ocupação da bacia hidrográfica.

d) Escoamento superficial ou deflúvio:é a parte do ciclo hidrológico


caracterizado pelas águas que escoam superficialmente, ou seja, aquelas
que não infiltram. São oriundas das precipitações, sendo maiores ou
menores dependendo da taxa de impermeabilização do solo urbano por
edificações e pavimentações. É a parcela a mais importante das fases do
ciclo hidrológico, no tocante à drenagem e inundações urbana além de

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erosões e contribuição de sedimentos em qualquer sistema de drenagem,
seja natural ou artificial.
As práticas correntes de estimativa do escoamento superficial com
objetivo de dimensionamento de obras hidráulicas têm sido feitos
baseados em dados da vazão, ou com base nos dados de precipitação,
ou ainda utilizando o método Racional para pequenas bacias,
geralmente consideradas com áreas inferiores a 1km².

O Método racional é dado pela fórmula:


C .I . A
Q=
360
Sendo:
Q = Vazão máxima do escoamento superficial, em m³/s;
C = coeficiente de escoamento;
I = intensidade da chuva, em mm/h;
A = área de contribuição da bacia, em ha.

Ou

Q = 0,278 × C × I × A
Q = Vazão máxima do escoamento superficial, em m³/s;
C = coeficiente de escoamento;
I = intensidade da chuva, em mm/h;
A = área de contribuição da bacia, em Km².

• Fatores que influenciam o escoamento superficial


Os principais fatores que exercem influência no escoamento
superficial são de natureza climática (relacionados à precipitação),
fisiográficos (determinados pelo relevo da bacia) e decorrentes da ação
antrópica (uso do solo e obras hidráulicas realizadas no rio e no seu
entorno).
i. Fatores climáticos
Os fatores de natureza climática que influenciam o escoamento
superficial resultam das características de intensidade e duração da
precipitação. Complementarmente, o escoamento superficial é influenciado
pelas condições de umidade conferida ao solo decorrente de uma
precipitação anterior. Em relação a essas características, pode-se afirmar:

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- quanto maior a intensidade da precipitação, mais rápido o solo atingirá a
sua capacidade de infiltração, situação em que o excesso da precipitação
poderá, então, escoar superficialmente;
- a duração da precipitação tem influência direta no escoamento superficial:
haverá tanto mais oportunidade de ocorrer escoamento superficial quanto
maior for a duração da chuva;
- a precipitação que ocorre quando o solo já está úmido, devido a uma
chuva anterior, terá maior chance de produzir escoamento superficial.

ii. Fatores fisiográficos


Os fatores fisiográficos mais importantes a influenciar o escoamento
superficial são a área e a forma da bacia hidrográfica, a capacidade de
infiltração e a permeabilidade do solo, além da topografia da bacia. A
influência da área da bacia hidrográfica é óbvia, pois esta corresponde à
superfície coletora da água de chuva: quanto maior a sua extensão, maior a
quantidade de água que a bacia pode captar. Além disso, a área constitui-se
em elemento básico para o estudo das demais características físicas.
A respeito da influência da forma da bacia hidrográfica sobre o
escoamento superficial gerado por uma dada chuva, pode-se dizer que as
bacias compactas tendem a concentrar o escoamento no canal principal que
a drena, aumentando os riscos de inundação.
Para uma dada chuva, quanto maior a capacidade de infiltração do
solo, menor o escoamento superficial resultante. A permeabilidade do solo
influi diretamente na capacidade de infiltração, isto é, quanto mais
permeável for o solo, maior será a velocidade do escoamento da água
subterrânea e, em consequência, maior a quantidade de água que ele poderá
absorver pela superfície por unidade de tempo. Assim, ao aumento da
permeabilidade do solo corresponde uma diminuição do volume do
escoamento superficial.
O efeito da topografia sobre o escoamento superficial se faz sentir
através da declividade da bacia, do traçado e da declividade dos cursos
d’água que drenam a bacia, bem como da presença de depressões
acumuladoras na superfície do solo. Bacias íngremes produzem
escoamento superficial mais rápido e mais volumoso, por ser menor a
chance de infiltração. Já a presença das depressões acumuladoras de água
retarda o escoamento superficial, que passa a ocorrer somente após terem

TEMA – Engenharia e Arquitetura 20


sido excedidas estas capacidades retentoras. Vem daí a concepção das
bacias de retardo.
O traçado e a declividade dos cursos d’água definem a maior ou
menor velocidade com que a água de chuva, escoando superficialmente,
atinge as calhas naturais e deixa a bacia.

iii. Obras hidráulicas construídas na bacia


Uma barragem, por exemplo, acumulando a água em seu reservatório
por ocasião de uma chuva intensa, reduz as vazões máximas do escoamento
superficial e retarda a sua propagação para jusante. A presença da barragem
propicia, ainda, a regularização das vazões: as águas reservadas nos
períodos chuvosos podem permitir a manutenção de uma vazão
aproximadamente constante a sua jusante, sobretudo nos períodos de
estiagem. Já a retificação de um rio tem efeito inverso ao do retardamento
produzido pela barragem: em um curso d’água retificado tem-se aumentada
a velocidade do escoamento superficial. Ainda, a derivação de água da
bacia ou para a bacia (transposição), o uso da água para irrigação e
abastecimento e a drenagem do terreno podem se constituir em importantes
fatores a considerar.

e) Coeficiente de escoamento superficial: o coeficiente de escoamento


superficial, ou coeficiente de deflúvio, ou ainda coeficiente de
runoff, C, é definido pela razão do volume de água escoado
superficialmente por ocasião de uma chuva, Vesc, pelo volume total
da água precipitada, Vt:
Vesc
C=
Vt
Este coeficiente pode se referir a uma chuva isolada, ou
corresponder a um intervalo de tempo no qual várias chuvas
ocorreram. É um conceito sempre presente em estudos voltados para
a previsão da vazão de enchente produzida por uma chuva intensa.
Na prática, conhecido o coeficiente de runoff para uma determinada
chuva intensa de dada duração, pode-se determinar o escoamento
superficial de outra precipitação intensa de magnitude diferente da
primeira, mas de mesma duração.Oquadro1 apresenta uma série de
coeficientes para cada tipo de ocupação do solo.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 21


Quadro 1: Coeficiente de escoamento superficial (runoff) – “C”
Coeficiente
Tipologia da área de drenagem de
escoamento
superficial
Áreas Comerciais 0,70 – 0,95
Áreas centrais 0,70 – 0,95
Áreas de bairros 0,50 – 0,70
Áreas Residenciais
Residenciais isoladas 0,35 – 0,50
Unidades múltiplas, separadas 0,40 – 0,60
Unidades múltiplas, conjugadas 0,60 – 0,75
Áreas com lotes de 2.000 m2 ou maiores 0,30 – 0,45
Áreas suburbanas 0,25 – 0,40
Áreas com prédios de apartamentos 0,50 – 0,70
Áreas Industriais
Área com ocupação esparsa 0,50 – 0,80
Área com ocupação densa 0,60 – 0,90
Superfícies
Asfalto 0,70 – 0,95
Concreto 0,80 – 0,95
Blocket 0,70 – 0,89
paralelepípedo 0,58 - 0,81
telhado 0,75 – 0,95
Solo compactado 0,59 - 0,79
Áreas sem melhoramentos ou naturais
Solo arenoso, declividade baixa < 2 % 0,05 – 0,10
Solo arenoso, declividade média entre 2% 0,10 – 0,15
e 7%
Solo arenoso, declividade alta > 7 % 0,15 – 0,20
Solo argiloso, declividade baixa < 2 % 0,15 – 0,20
Solo argiloso, declividade média entre 2% 0,20 – 0,25
e 7%
Solo argiloso, declividade alta > 7 % 0,25 – 0,30
Grama, em solo arenoso, declividade baixa 0,05 - 0,10

TEMA – Engenharia e Arquitetura 22


< 2%
Grama, em solo arenoso,
declividademédia. 0,10 - 0,15
entre 2% e 7%
Grama, em solo arenoso, declividade alta > 0,15 - 0,20
7%
Grama, em solo argiloso, declividade baixa 0,13 - 0,17
< 2%
Grama, em solo argiloso, declividade
média 0,18 - 0,22
2% < S < 7%
Grama, em solo argiloso, declividade alta 0,25 - 0,35
> 7%
Florestas com declividade <5% 0,25 – 0,30
Florestas com declividade média entre 5% 0,30 -0,35
e 10%
Florestas com declividade >10% 0,45 – 0,50
Capoeira ou pasto com declividade <5% 0,25 – 0,30
Capoeira ou pasto com declividade entre 0,30 – 0,36
5% e 10%
Capoeira ou pasto com declividade > 10% 0,35 – 0,42

f) Período de retorno (T): é o período de tempo médio que um


determinado evento hidrológico é igualado ou superado pelo menos
uma vez. O evento de maior importância relacionado ao
dimensionamento de um sistema de drenagem urbana é uma chuva
de elevada intensidade e baixa duração. Não há normas para a
definição do período de retorno, o projetista deve ter levar em
consideração os custos das obras, prejuízos relacionados ao projeto
em curso e também bom senso, este pode-se adquirir com a
experiência, mas não somente com a elaboração de projetos, mas
também pelo monitoramento do desempenho destes projetos.
O período de retorno está relacionado com o risco assumido de
ocorrer uma precipitação maior que a utilizada no dimensionamento da
obra. Segundo Back (2002), a precipitação mais intensa é a menos
freqüente. Quanto maior for a chuva de projeto, maior o custo da obra e,
conseqüentemente, menor o risco. Entretanto, há certo ponto em que os
TEMA – Engenharia e Arquitetura 23
custos de seguridade do projetoultrapassam os benefícios de redução de
danos possíveis.
Por isso, a escolha de determinado período de retorno é uma questão
de otimização entre os fatores econômicos e de segurança da obra (Kessler
e Raad, 1978). Portanto a definição da chuva de projeto deve considerar a
natureza das obras a projetar e os riscos envolvidos quanto a segurança da
população e as perdas materiais.
Para obras de canalização de cursos de água de pequenas bacias
dedrenagem, para controle de inundação, o período de retorno adotado
varia entre 5 e 50 anos. Sendo os danos restritos somente á agricultura com
perda na redução da produção agrícola, como nos projetos de irrigação e
drenagem adota-se, em média,um período de retorno de 5 a 10 anos. O
DNIT (2005) recomenda para dimensionamento de bueiros em rodovias o
período de retorno entre 10 e 50 anos.
No Quadro 2 são apresentados alguns valores de período de retorno
recomendados para diferentes tipos de obras hidráulicas que podem ser
considerados como orientação.

Quadro 2: Períodos de Retorno (T) recomendados para diferentes ocupações


T- Período de
Tipo de obra Tipo de ocupação da área
Retorno (anos)
Residencial 2
Comercial 5
Área com edifícios de serviço
5
Micro drenagem público
Aeroportos 2a5
Áreas comerciais e artéria de
5 a 10
tráfego
Áreas comerciais e
50 a 100
residenciais
Macrodrenagem
Área de importância
500
específica
Pequenos canais sem Rural 5
endicamento Urbano 10
Grandes canais sem endicamento Rural 10

TEMA – Engenharia e Arquitetura 24


T- Período de
Tipo de obra Tipo de ocupação da área
Retorno (anos)
Urbano 25
Pequenos canais com Rural 10
endicamento Urbano 50
Rural 50
Grandes canaiscom endicamento
Urbano 100
Pequenos canais para drenagem urbana 5 a 10
Pontes em rodovias importantes 50 a 100
Pontes em rodovias comuns 25
Bueiros em rodovias importantes 25
Bueiros em rodovias comuns 5 a 10
Bocas de lobo 1a2
Vertedor de barragens importantes 10.000

A definição do período de retorno presume que se assume um risco


de ocorrer, em um ano qualquer, um fenômeno maior que a chuva de
projeto adotada. Esse risco pode ser calculado como:

N
 1
J = 1 − 1 − 
 T
J = índice de risco, variando entre 0 e 1 (0 e 100 %);
T = período de retorno (anos);
N = número de anos considerado.

Em função destes ajustes a vazão de descarga ou de projeto calculada


pelo Método Racional deve também ser corrigida para a ocorrência
das tormentas infrequentes, multiplicando-se por um coeficiente Cf,
que é tabelado em função do período de retorno (Quadro 3).

Dessa forma a vazão máxima é dada por:


Q = 0,278 C I A ⋅ Cf

Quadro 3: Coeficiente de ajuste para o método Racional


Período deretorno Cf

TEMA – Engenharia e Arquitetura 25


2 a 10 1,00
25 1,10
50 1,20

g) Tempo de concetração (tc):é o tempo necessário para a água


precipitada no ponto mais distante da bacia deslocar-se até a seção
principal de escoamento. Esse tempo é definido também como o
tempo entre o fim da precipitação e o ponto de inflexão do
hidrograma, ou ainda como o tempo relativo a uma seção transversal
do curso d’água contado a partir do início da precipitação, necessário
para que toda a bacia hidrográfica correspondente passe a contribuir
com a vazão na seção considerada. Os fatores que influenciam no
tempo de concentração de uma dada bacia são:

- Forma da bacia;
- Declividade média da bacia;
- Tipo de cobertura vegetal;
- Comprimento e declividade do curso principal e de seus afluentes;
- Distância horizontal entre o ponto mais afastado da bacia e sua
saída;
- Condições do solo em que a bacia se encontra no início da chuva.

O tempo de concentração pode ser calculado por formulas tais como:

i. Equação de Kirpich
Utilizada para bacias hidrológicas de até 50 há.

tc = 57 ×
(L )3 0 ,385

H
Ou

tc = 57 × L1,155 × H −0,385

Onde:
L – Comprimento do rio principal (km)
H – Diferença de cotas entre o ponto mais alto e o mais baixo (m)

TEMA – Engenharia e Arquitetura 26


ii. Vem Te Chow
Utilizada para bacias hidrológicas grandes
0 , 64

tc = 52,64 ×  L 

 S

Onde:
L – Comprimento do rio principal (km)
s – Declividade média da bacia (m /km)

iii. Ventura

A
tc = 7,63
I

Onde: A= Área da bacia hidrográfica (km2)


Tc = Tempo de concentração (minutos)
I = Declividade da bacia em m/Km

O tempo de concentração (tc) será determinado a partir da soma de


tempos distintos:

tc = tp + te

onde:
tp = tempo de percurso – tempo de escoamento dentro da galeria ou
canal, calculado por:

tp = L / (60 * Vo) – em minutos


L = comprimento do trecho em metros
Vo = velocidade média do escoamento (m/s)

te = tempo de entrada – tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos


mais distantes da bacia para atingirem o primeiro ralo ou seção
considerada;

TEMA – Engenharia e Arquitetura 27


O tempo de entrada (te) pode também ser subdividido em parcelas:

te = t1+ t2

onde:
t1 = tempo de escoamento superficial no talvegue – tempo de
escoamento das águas pelo talvegue até alcançar o primeiro ralo ou
seção considerada, calculado pela equação de Kirpich ou outra;
t2 = tempo de percurso sobre o terreno natural – tempo de
escoamento das águas sobre o terreno natural, fora dos sulcos, até
alcançar o ponto considerado do talvegue, calculado pela equação de
Kerby;

iv. Kerby
A equação de Kerby é adotada para calcular a parcela t2, relativa ao
percurso no terreno natural até alcançar o talvegue:

t2 = 1,44 [ L2 Ck (1/(S2)0,5)] 0,47

onde:
t2= tempo de percurso sobre o terreno natural, em min;
L2= Comprimento do percurso considerado, em km;
Ck = Coeficiente determinado pelo quadro 4;
S2 =Declividade média do terreno;

Quadro 4: Coeficiente Ck - equação de Kerby

Coeficiente
Tipo de superfície
Ck

TEMA – Engenharia e Arquitetura 28


Lisa e impermeável 0,02
Terreno endurecido e desnudo 0,10
Pasto ralo, terreno cultivado em fileiras
e superfície desnuda, moderadamente 0,20
áspera.
Pasto ou vegetação arbustiva 0,40
Mata de árvores decíduas 0,60
Mata de árvores decíduas tendo o solo
recoberto por espessa camada de 0,80
detritos vegetais

h) Bacia hidrográfica: Bacia hidrográfica (figura 8) é o conjunto de


terras drenadas por um rio principal e seus tributários. A bacia
hidrográfica é considerada como uma unidade de relevo que
contribui para um único coletor de águaspluviais. Em termos
ambientais, é a unidade ecossistêmica e morfológica que melhor
reflete os impactos das interferências antrópicas, seja na ocupação de
terras com atividades agrícolas ou na urbanização.
A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis
dos terrenos que direcionam os cursos da água, sempre das áreas
mais altas para as mais baixas, é essa uma tendência que a água tem
em seguir uma determinada orientação dada pelo relevo e pelo efeito
da gravidade.
Segundo Villela e Mattos (1975), a Bacia Hidrográfica é uma
área definida topograficamente, drenada por um curso d’água ou um
sistema conectado de cursos d’água tal que toda vazão efluente seja
descarregada através de uma simples saída.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 29


Figura 8: Representação de uma bacia hidrográfica

2.6 Hidráulica

2.6.1 Cálculo da Vazão – Fórmula de Manning


A fórmula mais utilizada para calcular vazão em canais é dada por:
2 1
1
Q = ⋅ AR 3 .I 2
n
Onde:
Q = Descarga (m³/s).
n = coeficiente de rugosidade
A= área (m²)
R= raio hidráulico, A/P
P= Perímetro molhado (m)
I= Declividade do leito do canal

2.6.2 Regimes de escoamento

Os regimes de escoamento podem ser definidos de acordo com a


direção da trajetória, quanto à variação do tempo e quanto à variação da
trajetória.
Quanto à direção da trajetória:
a) Escoamento Laminar: Ocorre quando as partículas de um fluido
movem-se ao longo de trajetórias bem definidas, apresentando
TEMA – Engenharia e Arquitetura 30
lâminas ou camadas, cada uma delas preservando sua característica
no meio. No escoamento laminar a viscosidade age no fluido no
sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência. Este
escoamento ocorre geralmente a baixas velocidades e em fluídos que
apresentem grande viscosidade (figira 9).
b) Escoamento Transição:Representa a passagem do escoamento
laminar para o turbulento ou vice-versa.
c) Escoamento Turbulento: Ocorre quando as partículas de um fluido
não movem-se ao longo de trajetórias bem definidas, ou seja, as
partículas descrevem trajetórias irregularesEste escoamento é
comum na água, cujaviscosidade é relativamente baixa (figura 10).
d)

Figura 9: Ilustração do escoamento laminar.

Figura 10: Ilustração do escoamento turbulento.

i. Quanto à variação do tempo:


a) Permanente:as características hidráulicas (força, velocidade,
pressão) não variam em cada seção relativamente ao tempo,
podendo, no entanto, variar de seção para seção sendo a vazão
constante. O movimento permanente ainda subdivide-se em:
- Movimento permanente uniforme:a velocidade e a vazão mantêm-
se constante ao longo do percurso. Q=Cte e V=cte.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 31


- Movimento permanente variado: (acelerado ou retardado) a vazão
mantém-se constante, mas a velocidade varia pelas variações das
seções, ao longo do percurso. Q=cte e V#cte.

b) Variado: quando ao menos uma grandeza ou propriedade do fluido


muda no decorrer do tempo.As características hidráulicas variam de
seção para seção e é função do tempo, poisse alteram em cada
instante e de forma imprevisível.

ii. Quanto a variação da trajetória:


a) Uniforme: todos os pontos de uma mesma trajetória possuem a
mesma velocidade (seção constante);
b) Variado Variado: os pontos de uma mesmaλ trajet ória não
possuem a mesma velocidade.

2.6.3 Escoamento livre. Escoamento em canais.

a) Condutos livres
Os condutos livres estão sujeitos à pressão atmosférica, pelo menos
em um ponto da sua seção do escoamento. Também são denominados
canais e normalmente apresentam uma superfície livre de água, em contato
com a atmosfera. O movimento não depende como nos condutos sob
pressão, da pressão existente, mas da inclinação do fundo do canal e da
superfície de água.
Como exemplos podemos citar:
a) Calhas de águas pluviais;
b) Coletores de esgoto;
c) Canais naturais (rios, riachos, córregos, etc.);
d) Canais artificiais (irrigação, drenagem superficial, sarjetas, canaletas,
adutoras);
e) Drenagem Profunda (pluvial em tubos de concreto).

Os cursos d’água naturais constituem o melhor exemplo de condutos


livres. Além dos rios e canais, funcionam como condutos livres os coletores
de esgotos, as galerias de águas pluviais, as calhas, caneletas, etc.
São considerados canais todos os condutos que conduzem águas com
uma superfície livre, com seção aberta ou fechada:
a) Seção trapezoidal (figura 11);
TEMA – Engenharia e Arquitetura 32
b) Seção retangular (figura 12);
c) Seção circular (figura 13);
d) Seção semicircular (figura 14).

Figura 11: Canal de seção trapezoidal.

Figura 12: Canal de seção retangular.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 33


Figura 13: Canal de seção circular.

Figura 14: Canal de seção semicircular.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 34


2.6.4 Elementos geométricos de uma seção transversal
a) Profundidade (h): Distância entre o ponto mais baixo da seção do
canal e a superfície da água;
b) Declividades do talude (z): possui uma relação onde para cada 1 na
vertical há z na horizontal;
c) Larguras (bases), B, b;
d) Área molhada (Am): Seção transversal perpendicular à direção do
escoamento ocupado pela água.
e) Perímetro molhado (Pm): Comprimento da linha de contorno da área
molhada, exceto a superfície livre.
f) Raio hidráulico (Rh): É a relação entra a área molhada e o perímetro
molhado.

ℎ=

TEMA – Engenharia e Arquitetura 35


3 FOTOGRAMETRIA APLICADA
À DRENAGEM URBANA
Definição da Fotogrametria: é a “ciência e a tecnologia para se
obter informações seguras acerca de objetos físicos e do meio por meio de
processos de registro, medição e interpretação de fotografias aéreas”.
Objetivo da fotogrametria:é a medição sobre fotografias aéreas
gerar o mapa, seja cartográfico, topográfico, geológico, geomorfológico,
geográfico, etc.
Como a fotogrametria pode ser aplicada no dimensionamento da
drenagem urbana?
Com a fotointerpretação ao detectar as transformações nas bacias
hidrográficas.
Os registros em séries de fotografias aéreas com diferentes datas gera
dados da evolução histórica da ocupação urbana e sua expansãoao longo do
tempo. São estes os dadosessenciais para o dimensionamento eficaz de um
sistema de drenagem urbana por quantificar os diferentes usos e ocupações
do solo urbano.

3.1 Caracterização da ocupação urbana utilizando fotointerpretação

Identificar as características e quantificar os diversos tipos deusos e


ocupação do solo é de fundamental importância para o correto
dimensionamento de um sistema de drenagem urbana, no qual há uma
relação direta com as formas de impermeabilização do solo de uma bacia
hidrográfica.
A caracterização a partir da fotointerpretação leva a resultados mais
próximos da realidade existente, tornando-os mais confiáveis para o
dimensionamento adequado do sistema de drenagem urbana.

3.1.1 Definição e classificação do tipo de uso do solo com


impermeabilização do solo
A definição e classificação do tipo de uso e ocupação do solo deve
ser elaborada de modo a representar com segurança as características da
impermeabilização da bacia hidrográfica, assim distribuída:

TEMA – Engenharia e Arquitetura 36


a) Impermeabilização por vias públicas
Representada pela pavimentação de ruas urbanas e estradas
municipais e subdivididas por tipo de pavimento tais como, concreto,
asfálto, blocos de concreto hidráulico, paralelepípedo, saibro ou macadame
e os passeios públicos considerados todos como piso de concreto
hidráulico.

b) Impermeabilização por lotes compavimentação interna


Trata-se dos revestimentos utilizados para acessar as garagens e
caminhos para acessar a edificação dentro dos limites dos lotes. São as
calçadas internas que normalmente são constituidas por pisos cerâmicos,
concreto hidráulico, etc, podendo impermeabilizar 20% da área do lote.

c) Impermeabilização por edificações


As edificações são identificadas nas imagens pela cobertura
representativa das projeções sobre o solo de prédios de múltiplos
pavimentos, casas, galpões, escolas, igrejas e outros. A área
impermeabilizada, dependendo da área definida pelo zoneamento do
município podeatingir até 60% de ocupação.

3.1.2 Definição e classificação do tipo de ocupação do solo "sem"


impermeabilização do solo
A definição e classificação do tipo de uso e ocupação do solo deve
ser elaborada de modo a representar com segurança as características da
bacia hidrográfica "sem" impermeabilização, assim distribuída:

a) Solo exposto
A parcela de solo exposto é selecionada observando-se que nestas
áreas não há impermeabilização por vias públicas, por pavimentação
interna de lotes, ou por edificações, assim como também não há presença
de qualquer tipo de vegetação. Esta classificação abrange na bacia, áreas
em processo de terraplanagem e limpeza de terrenos para edificação,
exploração de argilas e área degradada pela atividade mineradora.

b) Solo com vegetação


A classificação para este tipo de ocupação do solo leva em
consideração a presença de qualquer tipo de vegetação, sendo esta de
pequeno, médio ou grande porte. Nesta parcela da bacia hidrográfica, pode

TEMA – Engenharia e Arquitetura 37


ser considerada também, se assim o plano diretor apontar, a reserva
individual dos lotes obrigatória para infiltração de águas da chuva, podendo
ser tratada como vegetação rasteira ou grama.

c) Área de rios e alagados


Esta classificação de uso e ocupação do solo compreende o rio
principal da bacia, afluentes e lagos permanentes.

3.2 Quantificação dos tipos de uso e ocupação do solo

Para a quantificação dos tipos de uso e ocupação do solo,


considerado um fator importante em um projeto ou gestão do sistema de
drenagem urbana, utiliza-se como ferramenta de análise o Sistema de
Informação Geográfica- SIG constituidos por software de
geoprocessamento (figura 15).
É imprescindível a utilização de um SIG capaz de documentar,
visualizar e analisar os fenômenos gerados pelos conflitos de uso e
ocupação do solo (ORIGE OLIVEIRA, et.al., 2015).
A partir da inserção das fotografias aéreas no software é possível
gerar polígonos representativos de cada uso e ocupação do solo e
determinar a sua área de abrangência. Cada figura geométrica encontra-se
em uma camada e a soma destas figuras representa o total da área
classificada como um tipo de uso e ocupação do solo.
Desta forma, tem-se as quantidades dos diversos tipos de uso do
solo em diferentes datas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 38


Figura 15: Determinação em software das áreas diversas (OLIVEIRA,2012).

3.2.1 Análise do grau de impermeabilização


As análises elaboradas por fotointerpretação permitem quantificar as
transformações causadas pelos diferentes usos e ocupação do solo na bacia
hidrográfica. Ao verificar temporalmente as alterações do meio físico
ligado ao sistema de drenagem da bacia hidrográfica, torna-se possível
detectar os avanços da urbanização se aproximando ou em alguns casos
suprimindo a drenagem natural da bacia hidrográfica.

A partir do cadastro de todos os tipos de uso e ocupação do solo é


elaborada a análise quantitativa. Efetua-se as medições das parcelas
determinando a área ocupada por cada classificação definida. Na sequência
analisa-se separadamente o grau de impermeabilização do solo por tipo de
uso e ocupação, onde cada tipo possui um grau de impermeabilização
diferente.
As avaliações devem ser feitas a partir das comparações entre as
quantidades de cada tipo de classificação de uso e ocupação do solo. A
relação destas áreas com a área total da bacia determinam as taxas que
identificam o grau de impermeabilização da bacia, facilitando a
determinação de um coeficiente de escoamento superficial médio (Cm)
utilizado no método racional para determinação de vazão.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 39


A figura 16 apresenta um exemplo de uso de fotogrametria para
determinação do grau de impermeabilização do solo e o coeficiente de
escoamento superficial C, médio para toda a área considerada, neste caso,
uma micro bacia, e o quadro 5 o cálculo de Cmédio. Neste sentido,
significa que 61% da precipitação escoa superficialmente.

Quadro 5: Determinação do coeficiente de escoamento superficial médio da micro bacia da figura


16 (TEMA)
Tipo de uso e Área Área (%)
ocupação do solo m² Correspondente X Cm
Tipo de uso e ocupação Valor de
do solo Cm
Superfícies asfaltadas em
Pavimentação asfáltica 158.132,00 bom estado 0,875 0,08
Pavimentação de Superfícies asfaltadas em
passeios públicos 112.950,00 bom estado 0,875 0,06
Superfícies asfaltadas em
Pavimentação de lotes 158.404,85 bom estado 0,875 0,08
Telhados perfeitos sem
Edificações 681.332,00 fuga 0,825 0,34
Parques, jardins e
Solo com vegetação 521.472,00 gramados 0,105 0,03
Total da bacia 1.632.290,85
Cmédio 0,61

TEMA – Engenharia e Arquitetura 40


Figura 16: Ortofofoto aplicada a determinação do coeficiente C médio para drenagem urbana.
(TEMA)

TEMA – Engenharia e Arquitetura 41


3.3 Identificação e caracterização da rede hidrográfica.
A rede hidrográfica é um dos elementos mais importantes de
reconhecimento entre os fatores básicos da interpretação de fotografias
aéreas, por determinar o modelamento da superfície do terreno sob a ação
das águas.
O arranjo espacial ordenado de aspectos geológicos, topográficos ou
de vegetação são elementos que auxiliam o intérprete no reconhecimento
de feições existentes nas fotografias aéreas.
O uso da fotogrametria é imprescindível para a caracterização da
rede hidrográfica original ou primitiva por recorrer a séries históricas em
diferentes datas. Inicia-se a partir das séries mais antigas executando
sobreposições de fotografias e bases, comparando-as com as séries mais
recentes. Com a identificação dos canais reconhecidos na imagem mais
antiga (figura 17) é possível fazer a sobreposição nas imagens mais
recentes (figura 18), desta forma caracterizando a transformação da rede
hidrográfica.
Para que um projeto de drenagem seja eficaz no controle de inundações é
defundamental importância a leitura de uma imagem antiga, pois nela,
pode-se encontrar lagos e rios canalizados, por exemplo, que na situação
atual, mesmo "in loco" não é possível.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 42


Figura 17: Ortofoto de uma micro bacia em 1956 com a hidrografia original.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 43


Figura 18: Ortofoto da micro bacia da figura 17 em 2010 com sobreposição da hidrografia
original.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 44


4 ESTUDO HIDROLÓGICO:
4.1 Bacias e sub-bacias hidrográficas.
Inicialmente, em uma bacia hidrográfica, precisamos delimitar com
uma linha a área seguindo os pontos mais altos, denomina-se esta de Linha
de Cumeada. A partir desta, os dados importantes que deveremos coletar
são a área em quilômetros quadrados, o perímetro em metros e a maior e
menor altitude. Estes são os primeiros dados físico-topográficos
necessários para a geração de outros dados morfométricos.
A delimitação se faz utilizando-se uma planta topográfica
altimétrica, com curvas de nível preferencialmente de metro em metro para
as áreas urbanas. Para áreas rurais de grandes extensões, na falta de um
mapa altimétrico com curvas de nível em menores espaços, pode-se utilizar
o mapa do IBGE na escala 1:50.000.
Precisamos ter muito cuidado com mapas de escala pequena e com
curvas em demasiado espaçamento, como as cartas do IBGE, que
apresentam curvas de nível de 20m e 20m. Isto pode induzir a erros
grotescos, pois num espaço entre uma curva e outra, existe 20m de desnível
e em grandes extensões, neste trecho há omissões de relevos ou depressões,
figura 15.

Figura 19: Perfil com curvas de níveis de 20m e 20m.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 45


4.2 Áreas de contribuição urbana.
As áreas de contribuição urbanas são bem diferentes daquelas que
forma uma bacia ou sub-bacia hidrográfica, por esta razão não devemos
chamá-las de bacias, pois seus limites não são identificados pela linha de
cumeada como nas bacias hidrográficas.
Isto se dá porque a ocupação urbana altera completamente as
caracerísticas de uma bacia hidrográfica. Para tanto, basta lembrar que uma
bacia hidrográfica é definida pelo seu rio principal (figura 16), o qual é
responsável pelo escoamento das águas de precipitações através dos rios
intermitentes e também dos rios perenes.
A área urbanizada édividida em lotes com demarcação de muros e
dentro deste espaço, ocorre um alto grau de impermeabilização pelas
construções e pavimentações. Na bacia hidrográfica o escoamento das
águas para o rio principal ocorre pela declividade natural, enquanto que nas
áreas de contribuições urbanas, as águas são coletadas nos telhados das
edificações e pavimentações, dentro do lote delimitado por muros
(figura17) conduzindo-as vias canalizações até o sistema de drenagem
constituído pelas ruas, sarjetas, caixas coletoras, poços de visita, galerias e
canais.
Nas bacias naturais as águas de precipitação são distribuídas
uniformemente, enquanto que nas áreas de contribuições urbanas, são
armazenadas e concentradas em um único ponto de desague, gerando desta
forma gragalos de vazões com aumento de possibilidade de inundações.
Nota-se na (figura 17) que as curvas de níveis não poderão ser seguidas no
padrão de drenagem natural, o assentamento urbano fará com que o
escoamento superficial ocorra, agora, pelas as ruas, transformando estas
numa nova configuração hidrográfica, uma hidrografia artificial.
A grande diferença está no dimensionamento, enquanto a natural foi
esculpida pela natureza ao longo de anos, a artificial tem que ser estimada
em tempo muito curto e com conhecimentos específicos, por modelos
matemáticos e hidrológicos. Estes dois fatores tem levado a muitos
equivocos e problemas de dimensionamento, com cosequências desastrosas
para o meio ambiente assim como para as pessoas com perdas materiais e
até mesmo de vidas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 46


A coleta das águas pluviais pelas ruas acaba também se juntando
àquelas já naturalmente existentes, acumulando num mesmo lugar, onde
deverá ser feito a descarga no ponto de desague. Neste ponto há a
acumulação das vazões das águas das precipitações e também de nascentes
e subsolo, podendo gerar inundações a montante deste.

4.3 Formação das áreas de contribuição


As áreas de contribuição para o sistema de drenagem a ser
implantado passa a ser as quadras, considerando o limite pelo eixo das ruas
(figura 18), sendo a descarga das águas na rua adjacente. Quando temos
uma rua entre duas quadras, as áreas das quadras se somam contribuindo
para a mesma rua com suas sarjetas, caixas coletoras e galerias.
As divisões seguem um padrão semelhante à de um telhado de uma
casa, onde as declividades para as descargas das águas são impostas para
escolher o local de deságue.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 47


Figura 20: Bacia alterada pela urbanização e delinitação de lotes.

48
TEMA – Engenharia e Arquitetura
Figura 21: Assentamento urbano e alteração do padrão topográfico.

49
TEMA – Engenharia e Arquitetura
Figura 22: Formação das áreas de contribuição para o sistema de drenagem.

50
TEMA – Engenharia e Arquitetura
4.4 Caracterização morfométrica de bacias hidrográficas.
Sendo um país de clima tropical, a ocorrência de chuvas intensas
sazonais de alta intensidade é muito frequente. Esta condição ligada ao tipo
de solo, a crescente impermeabilização do solo e condições do relevo são
outros fatores que favorecem a eventos como inundações bruscas em
centros urbanizados, as quais são agravadas devido às características da
drenagem da bacia hidrográfica.
A caracterização morfométrica pode ser subdividida em
“características físico-topográficas” representando as medidas lineares e
superficiais e características hidrológicas.
As “características hidrológicas” representadas por coeficientes tais
como: Coeficiente de compacidade ou de Gravelius (Kc); Fator de forma
ou índice de conformação (Kf); Densidade hidrográfica (Dh); Densidade de
drenagem (Dd); Amplitude altimétrica (Aa); Relação de relevo (Rr); Índice
de rugosidade (Ir); e, Índice de circularidade (Ic).

4.4.1 Características topográficas


São medidas físicas ou dados topográficos que podem ser obtidos
diretamente no mapa topográfico planialtimétrico, em uma base
cartográfica ou mesmo em uma carta topográfica do IBGE. Lembrar que a
escala destes são de extrema importância, principalmente para a altimetria.
a) Área da bacia - A (Km²);
b) Perímetro da bacia - P (m);
c) Comprimento do rio principal - L (m): Distância do principal drenante
da bacia considerando todos os meandros;
d) Comprimento axial - Lx (m): Distância em linha reta entre o ponto mais
distante do rio principal e ponto da seção de descarga;
e) Altitude do ponto mais alto da bacia - AM (m);
f) Altitude do ponto mais baixo da bacia (exutório) - AJ (m);
g) Comprimento total das drenagens (hidrografia) LD (m).

4.4.2 Características morofométricas


O modelo a ser proposto para qualquer sistema de drenagem deve
considerar fundamentalmente as características físicas e geomorfológicas
da bacia, hábitos da população, forma de ocupação territorial e fazer com

TEMA – Engenharia e Arquitetura 51


que o planejamento urbano leve em conta a capacidade máxima de
ocupação e a capacidade de drenagem da sub-bacia.

As características físicas da bacia interferem diretamente no


comportamento da parcela das águas precipitadas que não infiltram e que
não são interceptadas pela cobertura vegetal. A declividade e a
impermeabilização do solo são fatores determinantes no comportamento do
escoamento superficial, tendo interferência direta também no tempo de
concentração.
As principais características morfométricas são dispostas a seguir:

a) Coeficiente de Compacidade ou de Gravelius (Kc), que é a relação


entre o perímetro P da bacia e a circunferência de um círculo de área igual
a da bacia, é dado pela equação
P
Kc = 0,28 , onde “Kc” é o coeficiente de compacidade, “P” é o
A
perímetro da bacia em Km e “A” a área da bacia em Km2. Quanto mais
próximo à unidade, maior a probabilidade de cheias.
b) Fator de Forma ou índice de conformação (Kf) é a relação entre a
largura média e o comprimento axial da bacia. O comprimento axial para
este caso foi definido com a distância em linha reta, medida entre a foz da
bacia e o ponto de cota mais alta no perímetro, com altitude de 272,90m. É
A
dado pela equação Kf = , onde “Kf” é o fator de forma, “A” é a área da
Lx 2
bacia hidrográfica em Km2 e “Lx” o comprimento axial da bacia em Km.
Uma bacia com um fator de forma baixo é menos sujeita a cheias que
outras de mesmo tamanho.
c) Densidade Hidrográfica (Dh), relação entre o número de rios e a área
N
da bacia hidrográfica, dada pela equação Dh = , onde “Dh” é a densidade
A
hidrográfica, “N” o número de canais (hidrografia) e “A” a área da bacia
hidrográfica em Km2.
d) Densidade de Drenagem (Dd) é a relação entre a soma total de todos
os canais (hidrografia) e a área da bacia, dada pela equação Dd = ∑
L
,
A
onde “Dd” é a densidade de drenagem em Km/Km2, “L” é a soma total
dos comprimentosdos canais em Km e “A” é a área da bacia hidrográfica
em Km2.
TEMA – Engenharia e Arquitetura 52
e) Amplitude Altimétrica da bacia hidrográfica (Aa), que é a diferença
de altitude entre a foz e um ponto qualquer com a maior altitude dentro do
limite da bacia, dado pela equação Aa = Ap − AF , onde “Aa” é a amplitude
altimétrica, “Ap” é a altitude do um ponto mais alto da bacia em metros, e
“Af” é a altitude da foz do rio principal expressa em metros.
f) Relação de Relevo (Rr), que é o quociente entre a amplitude
altimétrica máxima da bacia e seu comprimento, ou o comprimento axial,
Aa
expresso entre a foz e o ponto mais alto, dado pela equação Rr = , onde
Lx
“Rr” é a relação do relevo, “Aa” é a amplitude altimétrica máxima em
metros e “Lx” é o comprimento axial da bacia em metros.

g) Índice de Rugosidade (Ir), número admensional resultante do produto


entre a amplitude altimétrica “Aa” e a densidade de drenagem “Dd”.
Mostra a relação da declividade com os comprimentos dos canais, sendo
que quanto maior for o índice implica em relevo mais colinoso e dissecado
(maiores declividades) e canais mais entalhados. É dado pela equação
Ir = Aa • Dd , onde“Ir” é o índice de rugosidade, “Aa” é a amplitude
altimétrica e “Dd” é a densidade de drenagem.
h) Índice de circularidade (Ic) é um número admensional resultante da
relação da área da bacia e do perímetro indicando sua maior ou menor
12,57 * A
proximidade da forma circular. Calculado pela equação Ic = , onde
P2
“Ic” é o índice de circularidade, “A”, é a área da bacia em Km2 e “P” é o
perímetro da bacia em Km.

Semelhante ao coeficiente de compacidade, tende para a unidade a


medida que a bacia se aproxima da forma circular. Em bacias de forma
circular há maiores probabilidades de chuvas intensas ocorrerem em toda
extensão simultaneamente, concentrando seu volume no tributário
principal. O quadro 5 apresenta um modelo de planilha para determinação
dos característicos morfométricos.

Quadro 6: Valores característicos de uma bacia hidrográfica.


Característica Símbolo Unidade das
Variáveis envolvidas Valor
morfométrica adotado variáveis
Coeficiente de Perímetro da bacia km
compacidade Kc Área da bacia km2

TEMA – Engenharia e Arquitetura 53


Área da bacia km2
Fator de forma Kf
Comprimento axial km
Densidade Número de canais Admensional
hidrográfica Dh Área da bacia km2
Comprimento total dos
Densidade de km
canais
drenagem Dd km2
Área da bacia
Amplitude Altitude do ponto mais alto m
altimétrica Aa Altitude da foz m
Relação de Amplitude altimétrica m
relevo Rr Comprimento axial m
Índice de Amplitude altimétrica m
rugosidade Ir Densidede de drenagem
Índice de Perímetro da bacia km
circularidade Ic Área da bacia km2
Comprimento ___________________
do rio principal L km

A bacia a ser considerada em um projeto de drenagem urbana é


diferente desta, no entanto, aconselha-se um estudo da bacia onde o projeto
está sendo desenvolvido, lembarando sempre que qualquer parcela do
território está inserida em uma sub-bacia hidrográfica e que por sua vez
está inserida em uma bacia hidrográfica.

4.4.3 Tempo de concentração.


Sendo o escoamento superficial a parcela responsável pela formação
da vazão, esta também depende do tempo de concentração de uma bacia, o
qual pode ser considerado igual à duração da chuva quando utilizado o
método racional.
Para determinação do tempo de concentração citam-se alguns
métodos ou autores e suas respectivas equações, tais como:

4.4.3.1 Método Cinemático


O método cinemático consiste em dividir a bacia hidrográfica em
trechos homogêneos e calcular a velocidade do escoamento em cada um
deles. O tempo de concentração será dado pelo somatório dos tempos de
percurso por todos os trechos que compõe o caminho percorrido ao longo
do talvegue principal:

TEMA – Engenharia e Arquitetura 54


 1  L
tc =   x ∑
 60  v
Onde:
tc= tempo de concentração, em minutos;
L= comprimento de cada trecho, em metros;
v= velocidade de escoamento no trecho, em m/s.
sendo a velocidade definida por:
v = Cv * Si
Onde:
V= velocidade de escoamento no trecho, em m/s;
Si= declividade média do trecho, em porcentagem;
Cv= coeficiente de escoamento em superfícies e em calhas, apresentado no
quadro 6.

Quadro 7: Coeficiente de escoamento em superfícies (Cv).

(CV) Ocupação do solo Cv


Florestas densas 0,075
Campos naturais pouco 0,135
cultivados
Gramas ou pastos ralos 0,210
Solos quase nus 0,300
Canais gramados 0,450
Escoamento em lâmina sobre 0,600
pavimentos ou em sarjetas e
calhas rasas
(FONTE: TUCCI, 1995)

4.4.4 Fórmula de Kirpich ou Califórnia Culverts Pratice (E.U.A.)


É uma fórmula empírica muito usada, desenvolvida em 1940, com
dados de sete pequenas bacias rurais do Tenessee, com declividades de 3%
a 10% e áreas de, no máximo 0,50 km2. (FRANCO, 2004).

tc = 57 ×
(L )
3 0 ,385

H
Onde:
tc = tempo de concentração, em minutos;
L = comprimento do talvegue, em km;
H = declividade do talvegue, em m/m.
TEMA – Engenharia e Arquitetura 55
Retrata o escoamento em superfícies e canais, representados pelas
variáveis L e H. Quando L >10km a fórmula tende a subestimar o valor de
tc. Também no caso de bacias urbanas deve ser usada com cautela, pois
superestima o valor de tc. Há a recomendação (CHOW et al., 1988), em
reduzir o tempo de concentração em 40% no caso de bacias urbanas,
quando se utiliza a Fórmula de Kirpich. (FRANCO, 2004).

4.4.5 Fórmula de Kirpich modificada por DER/SP.


Segundo o DER/SP apud Franco (2004), para áreas de drenagem superiores
a 1 km2, o tempo de concentração poderá ser calculado pela fórmula de
KIRPICH modificada, expressa por:

tc = 85,2 ×
(L )
3 0 ,385

4.4.6 Fórmula de Vem Te Chow.


Utilizada para bacias hidrológicas grandes superior a 1Km².
0 , 64

tc = 52,64 ×  L 

 S
Onde:
L – Comprimento do rio principal (km);
s – Declividade média da bacia (m /km).

4.4.7 Fórmula do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.)


Foi deduzida para bacias rurais com áreas de drenagem de até 8 km²,
apresentada em 1975 (CHOW et al. 1988) apud Franco (2004), representa o
escoamento em superfícies:
0,7
 1000  
tc = 342 × L × 
0 ,8
 − 9 × S − 0,5
 CN  
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do talvegue, em km;
S = declividade do talvegue, em m/m;
CN = número da curva, pelo método do SCS.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 56


4.4.8 Método Cinemático do Soil Conservation Service – SCS (E.U.A.)
Apresentado em 1975 estabelece o tempo de concentração como a
somatória dos tempos de trânsito dos diversos trechos que compõem o
talvegue (FRANCO, 2004):
 1000  L
tc =   x∑
 60  V
Onde:
tc = tempo de concentração, em min;
L = comprimento do talvegue, em km;
V = velocidade de escoamento, em m/s.

A velocidade de escoamento é apresentada no quadro 7 para


escoamento em superfície e canais mal definido em função da superfície e
da declividade longitudinal.

Quadro 8: Velocidade média - Método Cinemático SCS – E.U.A


Descrição do escoamento Declividade em %
0a3 4a7 8 a 11 > 12
Em superfície de:
Florestas 0 a 0,5 0,5 a 0,8 0,8 a 1,0 > 1,0
Pastos 0 a 0,8 0,8 a 1,1 1,1 a 1,3 > 1,3
Áreas cultivadas 0 a 0,9 0,9 a 1,4 1,4 a 1,7 > 1,7
Pavimentos 0 a 2,6 2,6 a 4,0 4,0 a 5,2 > 5,2
Em canais
Mal definidos 0 a 0,6 0,6 a 1,2 1,2 a 2,1
Bem definidos Usar fómula de Manning

4.4.9 Fórmula de Bransby-Willians


tc = 14,6 × L × A −0,1 × S −0, 2
Onde:
tc = tempo de concentração em minutos;
L = comprimento do talvegue em Km;
A = área da bacia em Km²;
S = declividade média do talvegue em m/km

O uso de uma ou outra equação depende de alguns fatores que


cada um deve buscar dentro de seus conhecimentos e principalmente
TEMA – Engenharia e Arquitetura 57
depois de fazer alguns experimentos e comparações entre as várias
equações.
Nestes experimentos deve-se variar a área de contribuição,
comprimento do talvegue, declividade média da bacia e sem esquecer-se
das condições de uso e ocupação do solo. A seguir nas figuras 19, 20 e
21apresenta planilhas formatadas para testar algumas equações, estas
também se encontram no CD anexo a esta apostila.
Nas análises dos tempos de concentração demonstrado nas planilhas
observam-se dois completamente destoados dos demais, destacados em
vermelho, calculados pela Fórmula de Kirpich modificada pelo DER e
também pela fórmula de Ventura. Notam-se também grandes diferenças
entre outros e alguma proximidade.
Quando trata-se da média, observamos aqueles que possuem uma
proximidade ou uma regularidade, que é o caso da equação de Kirpich, o
qual fica com a melhor proximidade da média em torno de 83%. Talvez
este fator tenha levado ao uso em maior escala da equação de Kirpich.

Figura 23: Experimento com área até 1Km²

Figura 24: Experimento com área até 10000m².

TEMA – Engenharia e Arquitetura 58


Figura 25: Experimento com área até 5000m².

A transformação das bacias hidrográficas apresenta grande impacto


sobre o tempo de concentração, considerando a impermeabilização que
reduz consideravelmente este tempo.

4.4.10 Coeficiente de escoamento superficial:


A taxa de impermeabilização do solo depende não somente do
tipo de uso e ocupação, ou seja, das edificações e pavimentações, mas
TEMA – Engenharia e Arquitetura 59
também do tipo de solo que a bacia é formada. De nada adianta manter-se
grandes extensões de área sem edificações ou paavimentações se o tipo de
solo não apresenta boas características para infiltração, tais como solos
argilosos, rochosos, lençol freático elevado e terrenos alagadiços.

4.4.10.1 Impermeabilização das vias públicas


As vias públicas são compostas pelo leito carroçável e passeios
públicos, e apresentam alguns tipos de revestimentos de pavimentos:
concreto asfáltico, paralelepípedo, blocos de concreto (lajotas ou paver)
saibro e concreto em ruas e calçadas.

4.4.10.2 Impermeabilização dos lotes por pavimentação interna


A impermeabilização tratada neste item refere-se às calçadas ou
pavimentações dentro da unidade habitacional, ou o lote urbano. Este tipo
de pavimentação é realizado com concreto, blocos de concreto e pisos
cerâmicos. Há planos diretores que regulam e exigem preservação de área
mínima para facilitar a infiltração, no entanto, não apresentam qualquer
orientação sobre dimensões proporcionais ao tipo de solo. Apenas criam
valores fixos como 20% de área de infiltração e o restantepermitemedificar
e pavimentar.
Esta medida não apresenta solução plausível, haja vista que não leva
em consideração o tipo de solo, pois sabemos que em terrenos alagadiços,
por exemplo, em nada adianta reservar qualquer área que seja, pois não
permitirá infiltração, da mesma forma aqueles terrenos localizados em
regiões mais elevadas com afloramento de rochas.

4.4.10.3 Impermeabilização pelas edificações


As edificações apresentam alto grau de impermeabilização,
principalmente se considerarmos os índices ou taxas de ocupações
permitidas na grande maioria das cidades brasileiras, chegando a 80%. Para
além da taxa de ocupação (impermeabilização) das edificações, precisa-se
considerar também a alteração no padrão de coleta e transporte das águas
de precipitação. Anteriormente na respectiva área havia um padrão natural
de topografia, solo natural e vegetação, com alto grau de infiltração
dependendo do tipo de solo. Com a alteração destes padrões impostos pela
edificação e pavimentações, o sistema de drenagem natural fica alterado,
sendo desta forma, coletado e descarregado em um único ponto, enquanto
que anteriormente havia uma distribuição homogênea.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 60


4.4.10.4 Solo exposto
Define-se solo exposto às áreas urbanas as quais não possuem
nenhum tipo de vegetação e também não possuem qualquer tipo de
revestimento definidos. Este tipo de área ficam expostas a erosão,
geralmente pelas atividades de construção civil, por exemplo, (figura 22),
sendo estas parcelas contribuintes em alto grau, dos sedimentos
depositados em rios, córregos e sistema de drenagem urbana. Os
sedimentos produzidos por estes locais são responsáveis pela redução da
capacidade de vazão de sarjetas, caixas coletoras e galerias, quando não
interrompem completamente a passagem das águas.

Figura 26: Solo exposto

4.4.10.5 Solo com vegetação


O solo com vegetação representa a parcela com maior capacidade de
absorção e retenção de águas de chuvas, pela própria vegetação assim
como pelas características físicas do solo. Cabe salientar que pouco
contribui para absorção dessas águas, vegetações isoladas, é necessário
criar massas de vegetação com áreas maiores.

4.4.10.6 Áreas de rios e alagados


As áreas a computar com estas características compreendem os Rios,
áreas que formam lagos e aquelas que apresentam afloramento do lençol
freático. Estas áreas podem ser consideradas com fator zero de infiltração,
exceto aquelas que naturalmente ou forçosamente possuam alguma
capacidade de armazenamento, devendo nestes casos determinar-se o
volume que poderá reter antes de começar a contribuir para o escoamento
superficial.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 61


4.4.10.7 Coeficiente C
O coeficiente de escoamento superficial C, deverá ser o resultado da
média em função das características de cada área e seu respectivo
coeficiente tabelado.
Com a bacia transformada, as taxas de escoamento superficial
também se transformam proporcionalmente aos diferentes tipos de uso do
solo. Neste sentido, para representar este coeficiente, determina-se a média
ponderada proporcionalmente a cada área tomando como parâmetro os
coeficientes do quadro 8 e determinados pela equação a seguir, e no quadro
9 um exemplo de planilha para determinação de C mínimo, médio e
máximo:

C=
∑A 1−N
× C1− N
At
Onde:
A1-9 – Áreas de 1 a N;
C1-9 – Coeficientes de escoamento superficial de 1 a N;
At – Área total ou somatória das áreas 1 até N.

Quadro 9: Coeficiente C.
Natureza da superfície Valor de C
Telhados perfeitos sem fuga 0,70 a 0,95
Superfícies asfaltadas em bom estado. 0,85 a 0,90
Pavimentos de paralelepípedos, ladrilhos ou
0,75 a 0,85
blocos de madeira com juntas bem tomadas.
Para as superfícies anteriores sem juntas
0,50 a 0,70
tomadas.
Pavimentação de blocos inferiores sem juntas
0,40 a 0,50
tomadas.
Estacas macadamizadas. 0,25 a 0,60
Estradas de passeios de pedregulhos. 0,15 a 0,30
Superfícies não revestidas, pátios de estradas
0,10 a 0,30
de ferro e terrenos descampados.
Parques, jardins, gramados e campinas,
dependendo da declividade do solo e da 0,01 a 0,20
natureza do subsolo.
Fonte: VILLELA & MATTOS, 1975.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 62


Quadro 10: Planilha de cálculo de C.
Área
Tipo de uso e Valores de (%)
ocupação do solo Áreas Correspondente C X
Tipo de uso e ocupação
do solo Valor de C Utilizado Cmax
A1 - Pavimentação Superfícies asfaltadas em
asfáltica bom estado 0,85 a 0,90 0,9
Pavimentos de
A2 - Pavimentação paralelepípedos, ladrilhos
com blocos ou blocos 0,50 a 0,70 0,7
A3 - Pavimentação
com saibro Estradas macadamizadas. 0,25 a 0,60 0,6
A4 - Pavimentação Superfícies asfaltadas em
de passeios públicos bom estado 0,85 a 0,90 0,9
A5 - Pavimentação Superfícies asfaltadas em
de lotes bom estado 0,85 a 0,90 0,9
Telhados perfeitos sem
A6 - Edificações fuga 0,70 a 0,95 0,95
Superfícies não
revestidas, pátios de
A7 - Solo exposto estradas. 0,10 a 0,30 0,3
A8 - Solo com Parques, jardins,
vegetação gramados e campinas, 0,01 a 0,20 0,2
A9 - Rios e alagados Sem correspondência 1 1
TOTAIS

4.4.10.8 Coeficiente CN.


Utilizando a mesma metodologia para a determinação do coeficiente
de escoamento superficial C, determina-se os valores referentes aosgrupos
hidrológicos dos solos visando às análises das vazões pelo Método do Soil
Conservation Service – SCS, tomando como parâmetro os coeficientes no
quadro10 e determinados pela equação a seguir:

CN =
∑A 1− N
× CN 1− N
At
Onde:
A1-9 – Áreas de 1 a N;
CN1-9 – Parâmetros das áreas de 1 a N;
At – Área total ou somatória das áreas 1 até N.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 63


Quadro 11: Valores de cn para uso e ocupação do solo na condição ii (antecedentes de umidade do
solo)
Uso/Cobertura do Solo Tipos de solo
A B C D
Zonas cultivadas
Sem conservação do solo 72 81 88 91
Com conservação do solo 62 71 78 81
Pastagens ou terrenos baldios
Em más condições 68 79 86 89
Em boas condições 39 61 74 80
Bosques ou zonas florestais
Má cobertura 45 66 77 83
Boa cobertura 25 55 70 77
Espaços abertos, relvados, parques, campos de golfe, cemitérios
(em boas condições)
Com relva em mais de 75% da área 39 61 74 80
Com relva em 50% a 75% da área 49 69 79 84
Áreas comerciais e de escritórios 89 92 94 95
Distritos industriais 81 88 91 93
Áreas residenciais
Tamanho do lote ............% impermeável
Até 500m².............................65% 77 85 90 92
500 a 1000m²........................38% 61 75 83 87
1000 a 1300m²......................30% 57 72 81 86
1300 a 2000m²......................25% 54 70 80 85
2000 a 4000m²......................20% 51 68 79 84
Estacionamentos pavimentados, viadutos, telhados, etc. 98 98 98 98
Ruas e estradas
Asfaltadas, com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98
Pavimentadas com paralelepípedos 76 85 89 91
De terra 72 82 87 89
Ver fonte DEP/DOP, 2005

4.4.10.9 O solo e o grupo hidrológico.


O parâmetro CN depende da correlação de dois fatores importantes
com influência direta sobre a capacidade dos solos de absorção das águas
de escoamento superficial. O primeiro fator está ligado ao uso e ocupação
do solo e o segundo está relacionado às características geológicas deste
mesmo solo. Sendo assim, quanto mais argiloso for o solo menor é a
capacidade de infiltração. Contrariamente os solos arenosos com com
ausência de argila ou com pequena parcela destas, possuem maior

TEMA – Engenharia e Arquitetura 64


capacidade de absorção das águas superficiais, reduzindo as contribuições
superficiais nos sistemas de drenagem.
Para a determinação das características e tipo de solo de modo a
correlacionar com o grupo hidrológico, podemos utilizar boletins de
sondagens (figura 26) realizados por empresas de Fundações e Sondagens.

Figura 27: Boletim de sondagem

4.4.11 Equação de chuva intensase estações pluviométricas

Segundo Back (2002), o termo precipitação engloba todas as formas


de água proveniente da atmosfera que atinge a superfície terrestre,
incluindo neve, granizo, chuva, orvalho, neblina entre outras formas.
BACK, 2002 a partir de observações de pluviógrafos com durações
de 5, 10, 15, 25, 30, 45, 60, 75, 90 e 120 minutos descreveu a equação de
chuvas intensas para o Estado de Santa Catarina como sendo:
K ×T m
i=
(t + b)n

TEMA – Engenharia e Arquitetura 65


G. G. SANTOS et al, após a verificação da aderência dos dados à
distribuição de Gumbel, para cada série de duração de chuva, realizaramas
estimativas das chuvas máximas para diferentes períodos de retorno (5, 10,
25, 50 e 100 anos) para o Estado de Mato Grosso do Sul. Percebe-se que ae
equações para Santa Catarina e Mato Grosso do Sul são idênticas, o que vai
defirenciar são os parâmetros locais. Com os valores estimados de chuvas
máximas para diferentes tempos e períodos de retorno, encontraram os
parâmetros utilizados nas equações que expressam as relações IDF
(Intensidade-Duração-Frequência) para cada estação, pelo método dos
mínimos quadrados, conforme equação:

K *T a
i=
(t + b )c
Onde:
i - intensidade máxima média (mm*h-1);
T - período de retorno(anos)
t - tempo de duração da chuva (min)
K, a, b e c - coeficientes locais ajustados pelo método dos mínimos
quadrados, coeficientes são encontrados na tabela 1.

Tabela 1: Coeficientes K, a, b e c das equações de chuvas intensas ajustadas para várias localidades
no Estado de Mato Grosso do Sul e respectivos coeficientes de determinação (r2).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 66


TEMA – Engenharia e Arquitetura 67
TEMA – Engenharia e Arquitetura 68
5 MODELO HIDROLÓGICO
Um modelo hidrológico pode ser definido como uma representação
matemática do fluxo de água e seus constituintes sobre alguma parte da
superfície e/ou subsuperfície terrestre. Há uma estreita relação entre a
modelagem hidrológica, a biológica e a ecológica, pois o transporte de
materiais pela água é influenciado por atividades biológicas que podem
aumentar ou diminuir a quantidade desses materiais na água, e o regime do
fluxo de água pode afetar diversos habitats.
Além disso, a hidrologia está estreitamente relacionada às condições
climáticas e, portanto, modelos hidrológicos e atmosféricos deveriam estar
acoplados, sendo que, na prática, um estreito acoplamento torna-se bastante
difícil, uma vez que modelos atmosféricos trabalham com resoluções
espaciais muito maiores que as utilizadas na modelagem hidrológica
(Maidment, 1993).
A bacia hidrográfica é o objeto de estudo da maioria dos modelos
hidrológicos, reunindo as superfícies que captam e despejam água sobre um
ou mais canais de escoamento que desembocam numa única saída. A bacia
pode constituir a unidade espacial para modelos agregados que consideram
as propriedades médias para toda a bacia, ou então, pode ser subdividida
segundo diversas abordagens a fim de considerar suas características
espacialmente distribuídas. Para melhor entender os modelos hidrológicos,
é necessário analisar os componentes envolvidos no ciclo hidrológico.
Do ponto de vista hidrológico, o solo pode ser entendido como um
reservatório, cujo volume de água armazenado pode ser bastante variável
no tempo, dependendo de muitos fatores. O balanço de água no solo pode
ser resolvido computando-se todas as entradas e as saídas do sistema. A
principal entrada de água no sistema é a precipitação.
Considerando a existência de uma cobertura vegetal sobre o solo, a
água da chuva é primeiramente interceptada pelo dossel (a água poderá
também atingir diretamente o solo ou corpos d’água). Esta água
interceptada pode então ser evaporada. Da água que chega até a superfície
do solo, parte é infiltrada (entra no perfil de solo) e parte pode escoar
superficialmente.
A água infiltrada irá se redistribuir ao longo do perfil de solo.
Simultaneamente à entrada de água no solo, a água pode estar sendo
TEMA – Engenharia e Arquitetura 69
evaporada pela superfície ou retirada do solo pelas raízes e transpirada
pelas folhas do dossel. A água pode ainda descer o perfil de solo e chegar
ao lençol freático, ou, em algumas situações, pode haver um fluxo
ascendente de água no solo.
Em terrenos declivosos, pode ocorrer também um fluxo lateral sub-
superficial. Este processo é ilustrado na Figura 27. No terreno, pode se
formar canais por onde a água escoa preferencialmente. Estes canais podem
escoar água somente durante um evento de chuva ou durante algum tempo
depois, cessando o escoamento tão logo a água infiltre no solo (curso
influente). Outros canais, por sua vez, permanecem constantemente
escoando água (curso efluente) a menos que, por algum motivo, o nível do
lençol freático venha a baixar fazendo que o canal fique acima da zona de
saturação.

Figura 28: Componentes do balanço de água no solo considerando o declive do terreno.

Um modelo pode ser considerado como uma representação


simplificada da realidade, auxiliando no entendimento dos processos que
envolvem esta realidade. Os modelos estão sendo cada vez mais utilizados
em estudos ambientais, pois ajudam a entender o impacto das mudanças no
uso e cobertura da terra e prever alterações futuras nos ecossistemas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 70


5.1.1 Duração da chuva de projeto.
Quando se considera o tempo de duração da chuva menor que o
tempo de concentração da bacia, ocorrerá uma vazão de pico menor que a
máxima porque não haverá participação de toda a área de drenagem da
bacia hidrográfica no escoamento, propiciando uma vazão de pico menor.
Se for adotado o tempo de duração maior que o tempo de
concentração da bacia, também não se obterá vazão de pico máxima, uma
vez que a duração da chuva será consideravelmente alta, reduzindo sua
intensidade.
Neste caso, haveria a formação de um patamar no hidrograma
unitário. Sendo assim, é recomendável que para o cálculo da chuva de
projeto, seja considerado o tempo de duração igual ao tempo de
concentração da chuva. Na Figura 28, pode-se observar graficamente esta
situação.

Figura 29: Comportamento do hidrograma unitário de acordo com a duração da precipitação


considerada.

5.1.2 Método Racional e duração de chuva de projeto


Denomina-se de Método Racional dada a coerência na análise
dimensional das variáveis, no entanto, recomenda-se por ser o mais
simples, aplicação em áreas de pequenas proporções, caso das áreas de
contribuições para drenagem urbana. É um modelo empírico cujo objetivo
é aplicar um redutor na precipitação intensa, significando um percentual do

TEMA – Engenharia e Arquitetura 71


total precipitado que escoa, superficialmente sendo este redutor,
influenciado pela cobertura vegetal, classe de solos, declividade e tempo de
retorno da precipitação, existindo tabelas com valores propostos para este
fator (Tabela 2). A forma geral do método é:

∗ ∗
=
360

Onde:
Q - vazão (m³/s);
i - intensidade da precipitação (mm/h);
A-área da bacia (ha).

É importante observar que o método Racional transforma um


processo complexo, com muitas variáveis envolvidas, em algo bastante
simples, resumindo toda a complexidade apenas no fator C.
Os principais problemas deste método, quando aplicado a bacias
hidrográficas, são:
- Não existir nenhuma consideração sobre variabilidade espacial e temporal
da precipitação na bacia, assim como de fatores físicos, em especial
cobertura vegetal, classe de solo e declividade, os quais interferem
decisivamente no processo;
- Não considera a forma da bacia, apenas a área total;
- Todo o processo de geração do escoamento, a partir da precipitação e
infiltração, é resumido apenas no fator C, que implica numa proporção
direta da chuva em deflúvio;
- Recomenda-se este método para drenagens urbanas, onde as áreas de
contribuição são extremamente pequenas e os valores de C podem ser bem
definidos e com poucas variabilidades.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 72


Tabela 2: Valores de C para várias superfícies, declividade e tempo de retorno.

Para se determinar a chuva de projeto, utiliza-se a equação de chuvas


intensas, já mencionada anteriormente. Nesta equação, o tempo de duração
da precipitação para o projeto deve ser considerado como sendo igual ao
tempo de concentração da bacia.
TEMA – Engenharia e Arquitetura 73
5.1.3 Hidrograma Unitário (U.S. Soil Conservation Servic).
O hidrograma Unitário é um método para determinação de vazão de
projetos de drenagem largamente utilizada. Foi desenvolvido nos Estados
Unidos a partir de observações de formação de dados em diversas bacias,
as quais possuíam registros de vazão e de chuvas para então ser utilizado
em bacias com carência destes dados.
A estimativa de vazão de projetos para drenagem urbana se baseia
em modelos de transformação chuva-vazão que são aplicáveis a
determinados valores de áreas contribuintes. Para áreas contribuintes
menores que 1 a 2 km² ou 200 ha aplica-se o Método Racional, método
bastante difundido e utilizado mundialmente. Já para áreas maiores que 2
km², pode-se adotar para estimativa da vazão o Método do Hidrograma
Unitário do NRCS (Natural Resources Conservation Service). (Menezes
Filho e Costa, 2007).
O Hidrograma unitário-HU proposto pelo Soil Conservation Service
(SCS) dos Estados Unidos da América, atual Natural Resources
Conservations Service (NRCS), é considerado um triângulo, sendo sua área
igual ao volume precipitado.
Para a determinação do HU, é necessário determinar outros
elementos tais como a vazão de pico (Qp) e o tempo de pico (tp) pelas
equações:
2,08 × A
Qp =
tp
Onde:
Qp – Vazão de pico (m3/s)
tp – Tempo de pico (horas), e;
 tr 
tp =   + 0,6 * tc
2
Onde:
tp - tempo de pico (horas);
tr - duração da precipitação (horas);
tc - tempo de concentração da bacia (horas).
O quadro 11 apresenta as relações t/tp e q/qp, necessários a
interpoalção e determinação do hidrograma unitário.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 74


Quadro 12: da relação t/tp e q/qp.
t/tp q/qp t/tp q/qp t/tp q/qp t/tp q/qp
- 0 0,700 0,770 1,400 0,750 2,600 0,130
0,10 0,015 0,800 0,890 1,500 0,660 2,800 0,098
0,20 0,075 0,900 0,970 1,600 0,560 3,000 0,075
0,30 0,160 1,000 1,000 1,800 0,420 3,500 0,036
0,40 0,280 1,100 0,980 2,000 0,320 4,000 0,018
0,50 0,430 1,200 0,920 2,200 0,240 4,500 0,009
0,60 0,600 1,300 0,840 2,400 0,180 5,000 0,004

Segundo Braga (2003), o processo de urbanização e as alterações


decorrentes do uso do solo, como a retirada da vegetação e
impermeabilização do solo, causam um dos impactos humanos mais
significativos no ciclo hidrológico, principalmente sobre os processos de
infiltração, armazenagem nos corpos d água e fluxo fluvial: aumento do
escoamento superficial.
Com este desequilíbrio nos processos de drenagem natural da bacia,
surge como resultado as inundações urbanas, cada vez mais comuns.
Para determinação do Hidrograma Unitário, é nessário incorporar
outros fatores que no Método Racional não é necessário pela sua
simplicidade. O método do HU é mais completo e complexo, assim
precisa-se determinar também:

a) Volume de Escoamento Vesd ou chuva excedente


O volume de água que escoa superficialmente pode ser definido pela
equação:
Vesd = AD × hexc
Onde:
Vesd = volume de escoamento
AD = área de drenagem
hexc = lâmina de chuva excedente
Pelo Método de Soil Conservation Service (SCS)
2
 P − 0,2S 
hexc =   → P > 0,2S
 P + 0,8S 
Onde:

TEMA – Engenharia e Arquitetura 75


P = precipitação (mm)
S= retenção do solo (mm)
Ou
1000
CN =
S
10 +
25,4
Onde:
CN = número de curva (0 a 100), esse parâmetro depende do tipo de solo,
condições de uso e ocupação do solo e da unidade antecedente.
O parâmetro CN (capacidade máxima da camada superior do solo)
depende de fatores como: tipo de solo, condições de uso e ocupação do
solo e umidade antecedente do solo.

b) Tipos de solo
Grupo A - Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a
uns 8%, não há rocha nem camadas argilosas e nem mesmo densificadas
até a profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo
1%.
Grupo B - Solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e
com menor teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de
terras roxas este limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os
dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não
pode haver pedras nem camadas argilosas até 1,5m, mas é quase sempre
presente camada mais densificada que a camada superficial.
Grupo C - Solos barrentos com teor total de argila de 20 a 30% mas
sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até
profundidades de 1,2m. No caso de terras roxas, estes doislimites máximos
podem ser de 40% e 1,5m. Nota-se, a cerca de 60 cm de profundidade,
camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda longe das condições
de impermeabilidade.
Grupo D - Solos argilosos (30 - 40% de argila total) e ainda com
camada densificada a uns 50 cm de profundidade. Ou solos arenosos como
B, mas com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos
rolados.

Classificação pelas condições de umidade do solo

TEMA – Engenharia e Arquitetura 76


A classificação também se dá pelas condições antecedentes de
umidade do solo. As condições de umidade antecedente do solo pelo
método do SCS distinguem3 condições de umidade antecedente do solo.
I - Condição I - solos secos - as chuvas nos últimos 5 dias não
ultrapassaram 15 mm.
II - Condição II - situação média na época de cheias - as chuvas nos
últimos 5 dias totalizaram entre 15 e 40 mm.
III - Condição III - solo úmido (próximo da saturação) - as chuvas nos
últimos 5 dias foram superiores a 40 mm e as condições meteorológicas
foram desfavoráveis a altas taxas de evaporação.
Os de CN da tabela 5 atendema condição II de umidade antecedente
do solo, e quando for necessário classificar nas condições I e II, deve-se
proceder a conversaõ do valor de CN. O quadro 12 permite converter o
valor de CN para condição I ou III, dependendo da situação que se desejar
representar.
Quadro 13: conversão das curvas CN para as diferentes condições de umidade do solo.
Condições de umidade
I II III
100 100 100
87 95 99
78 90 98
70 85 97
63 80 94
57 75 91
51 70 87
45 65 83
40 60 79
35 55 75
31 50 70
27 45 65
23 40 60
19 35 55
15 30 50
Fonte: Tucci, 1998

c) O método dos blocos alternados


Para a determinação da chuva efetiva ou o escamento excedente, é
necessário realizar os arranjos das precipitações para cada intervalo de
tempo utilizando-se o método dos blocos alternados.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 77


O hietograma de projeto, ou chuva efetiva, exemplo na figura 29, é
uma seqüência de precipitações responsável em ocasionar a cheia de
projeto para qual determinada obra deve ser projetada. Sua obtenção
baseada nas equações de curvas IDF, utilizada para construção do
hidrograma unitário, exemplo na figura 30, do NRCS, baseia-se no Método
do Bureau of Reclamation ou Método dos Blocos Alternados e consiste em
três etapas:
a) discretizar o tempo de concentração em intervalos de tempo iguais e
para cada
Intervalo calcular a precipitação correspondente através das equações i-d-f;
b) determinar os incrementos de chuva correspondentes a cada incremento
de duração;
c) rearranjar os incrementos da chuva do seguinte modo: 5-3-1-2-4-6.
Para esta última etapa há referências como Tucci (1993) e também
no Caderno de Encargos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre
(DEP/DOP, 2005) para uma alteração da posição da maior precipitação do
terceiro para o quarto intervalo de tempo ficando a seqüência mencionada
acima da seguinte maneira 6-4-3-1-2-5.
A equação utilizada no método proposto pelo Soil Conservation
Service é representada pela Equação 9, tendo validade quando P>0,2 S, do
contrário, a precipitação efetiva é nula.
Segundo Tucci (2005), escoamento superficial é a parte do ciclo
hidrológico em que a água se desloca na superfície da bacia até encontrar
uma calha definida, sendo que em áreas urbanas é regido pela interferência
do homem através de superfícies impermeáveis e sistemas de esgotos
pluviais.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 78


60,000

50,000

40,000

Chuva (mm) 30,000


Chuva total
20,000 Chuva efetiva

10,000

0,000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Intervalo da chuva (15min)

Figura 30: Hietograma de projeto (chuva efetiva)

Hidrograma
300

250

200
Vazão (m³/s)

150

100

50

0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Intervalo de tempo(15min)

Figura 31: Hidrograma unitário.

Com os valores da chuva efetiva por intervalo de tempo passa-se a


determinar o hidrograma unitário definindo desta forma às vazões de pico e
máxima. Para a elaboração do hidrograma unitário utilizam-se as relações
entre t/tp e q/qp do método SCS interpolando os valores. Exemplo aplicado
na planilha eletrônica no CD anexo.

5.1.4 As ruas como rede hidrográfica (como canais de drenagem).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 79


Numa avaliação das características físicas, o sistema de drenagem
natural de uma bacia hidrográfica atende a um modelo de drenagem pluvial
maisadequado,retendo a maior parcela das precipitações dentro de
seuspróprios limites. Esta característica está ligada a baixa taxa
deimpermeabilização, apontada claramente pela presença de vales e canais
abertos que permitem oescoamento livre das águas superficiais. A figura 28
apresenta a bacia hidrográfica do Rio Criciúma no ano de 1956, com as
características descritas anteriormente.

Figura 32: Bacia hidrográfica do Rio Criciúma em 1956;

Estas condições da baciahidrográfica, também contribuíam para


ausências de inundaçõesbruscas, pois as características morfométricas
permitem que a maiorparcela das águas precipitadas fosse absorvida pelo
solo.
Com o crescimento da área ocupada pela urbanização,
aimpermeabilização do solo aumenta consideravelmente representandoum
acréscimo na vazão máxima. Vales, canais, nascentes e rios são canalizados
e inseridos no sistemade drenagem urbana, na qual toda a água precipitada
é captada etransportada até o ponto de descarga da bacia. As águas
presentes na área da bacia oriundas de nascentes passam a escoar por

TEMA – Engenharia e Arquitetura 80


galeriasfechadas e subterrâneas, integrando-se a microdrenagem
relocadasparalelamente e abaixo das vias de circulação pavimentadas.
Nesta novaconfiguração da drenagem, as águas não mais se infiltram,
somam-se àságuas perenes elevando as vazões descarregadas à
jusante,ultrapassando a capacidade de descarga do exutório. A figura 29
apresenta a mesma bacia, do rio Criciúma, em 2010 com suas
características originais completamente transformadas pela antropisação.

Figura 33: Bacia do Rio Criciúma em 2010. Transformação antrópica.

A ocupação do solo pela urbanização gera uma nova configuração


dosistema de drenagem superficial, é o sistema viário e seu sistema
dedrenagem que passa a exercer o papel da rede hidrográfica inicial.
Estanova configuração está atrelada aos métodos utilizados nos projetos
dedrenagem urbana, nos quais utiliza-se as ruas como dispositivos
decaptação das águas superficiais e transportes, bem como as
caixascoletoras e as galeriais subterrâneas.
Com esta nova configuração a densidadehidrográfica aumenta, ao
considerar que as vias de circulação passam a ser a rede dedrenagem

TEMA – Engenharia e Arquitetura 81


superficial e que cada rua representa um canal. Nesta configuração fica
praticamente impossível criar hierarquia de drenagem.
Sendo o índice de rugosidade determinado em função da densidade
dedrenagem, este aumenta na mesma proporção do aumento da densidade
de drenagem. Diante do aumanto destes valores e respectivas taxas de
crescimento da densidadehidrográfica, da densidade de drenagem e do
índice de rugosidade,aliado a redução do comprimento do rio principal, que
geralmente sofre redução por retificações, pode-se concluir queo aumento
da frequência de inundações urbanas em bacias transformadas
antropicamente, é resultado dasignificativa elevação taxa de
impermeabilização. A figura 30 apresenta o resultado da antropisação final
da bacia do Rio Criciúma, utilizada para demostração neste exemplo,
indicando as vias de circulação como a nova rede hidrográfica.

Figura 34: Rede hidrográfica artificial da bacia do Rio Criciúma, em 2010.

5.1.5 Potencialidade da bacia hidrográfica para retenções.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 82


Atualmente os modelos de drenagem urbana tem deixado a desajar
quanto a sua eficiência e tem culminado com inundações urbanas bruscas
com muita frequencia. Algums soluções tem-se procurado para remdiar o
problema, no entanto, sabemos que é uma solução de alto custo, a qual
poderia estar contemplada no projeto de drenagem.

Uma alternativa ao reforço, em pleno tecido urbano, dos coletores


existentes será a criação, a jusante dos novos loteamentos (figura 28), de
reservatórios ou bacias de acumulação de águas pluviais, permitindo
descarregar aí vazões que ultrapassem a capacidade de descarga da rede
existente. Uma bacia de retenção é uma estrutura que tem por objetivo a
regularização dos caudais pluviais afluentes, permitindo a restituição à
jusante de caudais compatíveis com um limite previamente fixado ou
imposto pela capacidade de vazão de uma rede ou curso de água existente.

Figura 35: Ilustração de uma bacia de retenção. Frescoule, França.

O problema para a maioria dos municípios brasileiros para o


posicionamento deste tipo de bacia é justamente ficar a jusante das áreas
urbanizadas, hava vista que na maioria dos casos as redes pluviais são
utilzadas para coleta e transportes de esgoto (figura 29). Por ficar a jusante,
este local também será um grande depósito de esgoto cloacal, gerando um
imenso universo de vetores de doenças.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 83


Figura 36: Presença de esgoto cloacal na rede pluvial.

Algumas alternativas podemos procurar e sempre motivada pela


eficiência bem como por custos mais baixos. As alternativas de tamques de
jusatnte são eficientes, mas apresentam problemas, devemos então estudar
a bacia hidrográfica e avaliar suas pontecialidades.

Área da bacia de contribuição é a área que terá suas águas pluviais


direcionadas para a estrutura (neste caso, o reservatório). No caso de
reservatórios de detenção, a área da bacia de contribuição deve ser maior
do que 2 ha, ou seja, 20.000 m². Em áreas menores que 2 ha, as medidas de
controle do escoamento já são classificadas como de controle na fonte.
Nível do lençol freático: O nível do lençol freático influencia o
desempenho dos dispositivos de infiltração. O nível máximo do lençol
freático deve ser de até 1 m abaixo do fundo do dispositivo. No caso de
nível do lençol freático estiver alto (acima de 1 m do fundo), a implantação
de reservatórios de detenção com fundo permeável deve ser evitada,
contudo a implantação de reservatórios com fundo impermeável é viável.
Neste caso deve-se provesr sistemas de drenagem de fundo para evitar
pressão ascendente e danificar o fundo do dispositivo.
Risco de contaminação de aquífero: Se o aquífero em questão for
muito sensível à poluição, não se recomenda a utilização de medidas que
promovam a infiltração, pois geralmente, as águas pluviais carregam esgoto
e poluentes de origem difusa. Os reservatórios de detenção só poderão ser

TEMA – Engenharia e Arquitetura 84


utilizados nesta situação se forem construídos com fundo
impermeabilizado.
Declividade do terreno: Altas declividades restringem a implantação
de reservatórios de detenção na medida em que diminuem o volume de
armazenamento e podem aumentar os custos. Ausência de local de destino
para a descarga do volume regularizado de água: Esta condição ocorre
quando não existe uma rede de drenagem ou um curso d’água nas
proximidades em que se possa efetuar a descarga dos volumes
armazenados, limitando, portanto, o uso de medidas de detenção.
Disponibilidade de área: Medidas que necessitam de espaços amplos,
como os reservatórios de detenção, podem ter sua implantação restrita pela
disponibilidade de área.
Presença de instalações subterrâneas: Instalações subterrâneas como
rede de água, esgoto, luz, telefone, etc. podem causar interferências e
impossibilitar a construção de algumas medidas.
Restrição de urbanização: Áreas com alta densidade populacional ou
vias com tráfego intenso podem ser restritivas na implantação de algumas
medidas tais como os reservatórios de detenção.
Afluência poluída: Em algumas áreas de contribuição, ocorrem
afluências com altas concentrações de poluentes (esgotos e carga difusa).
Nesta situação, recomenda-se a implantação de reservatórios que
armazenem as águas de primeira chuva e as encaminhem para uma estação
de tratamento. Os reservatórios de primeira chuva são estruturas que
possuem a função de reter a primeira parcela do escoamento superficial,
caracterizada por transportar a maior quantidade de poluentes do evento de
chuva, e enviar o volume armazenado para estações de tratamento,
reduzindo desta forma o impacto sobre o corpo hídrico receptor.
Afluência com alta taxa de sedimentos e lixo: Se não for possível
controlar a fonte de poluição, devese considerar a manutenção como rotina
ou a implantação de estruturas de retenção a montante. Assim, pode-se
projetar uma estrutura para a contenção dos sedimentos e resíduos sólidos.
Risco sanitário por falha de operação: Medidas de porte maior, como
os reservatórios de detenção, geralmente requerem o funcionamento de
equipamentos como bombas e comportas. Em casos de falhas em sua
operação podem ocorrer riscos sanitários como a geração de odores e
disseminação de vetores de doenças (dengue e leptospirose, etc.). Para
evitar tais falhas é essencial que se faça manutenção periódica.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 85


Risco sedimentológico por falha de operação: O risco
sedimentólogico trata-se da possibilidade de assoreamento do reservatório
por acúmulo de sedimentos como areia e argila. E, assim como no risco
sanitário, o uso de reservatórios de detenção não é recomendado caso não
existam meios de manter uma manutenção contínua dos equipamentos.
Esforços e tráfego intensos: Os reservatórios de detenção devem ser
projetados para receber esforços e tráfego de veículos pesados para evitar
danificações estruturais Flexibilidade de desenho: Os reservatórios de
detenção são medidas que podem ser desenhadas e projetadas de maneira
que se adequem ao local de instalação.

5.1.6 Avaliação modelos de solução para reduzir o volume de água


excedente dentro de uma bacia ou sub-bacia.

a) Dispositivos de retardo nos lotes.


Os dispositivos de dentro da unidade habitacional devem ser
executados por seus proprietários e as dimensões devem atender ao mínimo
estipulado pela taxa de infiltração específica. Os telhados e as lajes de
cobertura devem ser utilizados para captação das águas pluviais para
alimentar os dispositivos.
Estes dispositivos podem ser executados em concreto, blocos de
concreto ou mesmo caixas em plásticos. Se dimensionamento pode ser feito
pela equação do método racional já estudada, considerando o coeficiente
C=1, e a área de contribuição a área do telhado somando-se a outras áreas
impermeabilizadas, como as pavimentações.
O dispositivo pode servir para o aproveitamento da água acumulada
ou mesmo ser provido de aberturas que permita a esvaziamento gradual
para o solo.
Como exemplo, podemos aplicar a um lote de 360m² com taxa de
ocupação de 80%, em um local com intensidade de chuva de 180 mm/h, o
volume e dimensões de um reservatório seria assim calculado:

"#$∗$,%
i ∗ A 150 ∗ &$.$$$
= = = 0,012m³/s
360 360

TEMA – Engenharia e Arquitetura 86


Se considerarmos a duração da chuva torrencial de 15 minutos poderíamos
acumular 10,8m³, um dispositivo com dimensões de (2x3x1,8)m.

b) Dispositivos de retardo em áreas públicas e APP´s.


São dispositivos de responsabilidade da gestão pública municipal
quando em área públicas, mas também podem acontecer em áreas
reservadas para Preservação Permanente. Neste caso o poder público
poderá ter participação, podendo ser executados em duas modalidades:
- sob praças, ruas, parques e jardins (figura 30 e 31), onde para estes casos
o dispositivo também serve para escoamento das águas pluviais em grandes
volumes.

Figura 37: Modelo de amortecimento sob-ruas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 87


Figura 38: Modelo de amortecimento sob praças.

- em áreas de proteção permanente como nas vertentes dos morros, em


grandes depressões e declividades, como ilustram as figuras 32 e 33, além
de outras em área planas como mostra a figura 34. Na figura 35, apresenta-
se um sistema de contenção com represamento do canal e controle de
descarga na parte inferior da barragem.

Figura 39: Área propícia à construção de amortecimento.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 88


Figura 40: Área propícia à construção de amortecimento.

Figura 41: Bacias de amortecimento em APP.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 89


Figura 42: Sistema de construção de represas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 90


6 - INUNDAÇÕES URBANAS
A conjugação de relevos acentuados com áreas planas nos
centros urbanos aliados a obstrução ou confinamento da drenagem
principal da bacia hidrográfica pode apresentar-se como cenário adequado
para ocorrência de inundações bruscas.
A alta intensidade de chuvas cada vez mais frequente em qualquer
parte do país, não é a única preocupação. Outros fatores contribuem muito
para a ocorrência de inundações bruscas, praticamente todos relacionados
com o comportamento humano dentro das áreas urbanizadas. São a
impermeabilização do solo, as erosões, a disposição de lixos nas sarjetas, a
falta de manutenção do sistema de drenagem, seja de responsabilidade do
usuário ou do poder público.
A forma de urbanização proporciona impactos em uma bacia, sendo
as inundações uma das mais problemáticas, podendo causar perdas
materiais e até vidas humanas. Devemos encontrar soluções que permitam
a manutenção da vazão de pico em níveis relacionados a uma bacia pré-
urbanizada. São medidas para controlarem-se as vazões de pico como se a
bacia não estivesse ocupação do solo avançada. É um controle para a
preservação do ciclo hidrológico com as características de um território
ainda não urbanizado.
O comportamento da população ou do usuário do sistema de
drenagem tem influenciado fortemente para o aumento do escoamento
superficial. São questões relacionadas à impermeabilização do solo, com a
expansão urbana, ocupação de áreas de encostas, depósito e acumulo de
lixos em sarjetas, e caixas coletoras (figuras 31, 32 e 33).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 91


Figura 43: Depósito de resíduos de construção civil - RCC

Figura 44: Exposição de solo com lançamento de


sedimentos no sistema de drenagem

Figura 45: Degradação dos dispositivos de drenagem

Segundo Choudury et al (2004), as inundações podem ser


classificadas em fluvial, brusca e costeira. A inundação fluivial ocorre
quando o fluxo de água ultrapassa as margens de um rio. A inundação
brusca ocorre com eventos de chuvas intensas e concentradas com rápida
elevação do nível da água. A inundação costeira ocorre com a elevação do
nível do mar.

Para Marecelino et al (2004)


"as inundações bruscas destacam-se dos demais
fenômenos em virtude de seu potancial destrutivo e da
elevada frequencia de ocorrências. São popularmente
conhecidas como enxuradas, sendo gradualmente

TEMA – Engenharia e Arquitetura 92


desencadeadas por chuvas convectivas intensas e
concentradas, que ocorrem em curto espaço de tempo”.

6.1 Tipos de inundações urbanas (enchentes e inundações bruscas).

A inundação fluvial ou enchentes ocorrem com chuvas de baixas


precipitações e de elavada duração. Neste caso, necessariamente tem que
haver a presença de o Rio. O solo satura gradualmente e aos poucos o nível
do Rio se eleva ocupando as planícies de inundação, área naturalmente
ocupada em épocas de cheias. A figura 31 ilustra a ocupação gradual de um
Rio de suas planícies de inundação. Se estas áreas estiverem ocupadas por
atividades humanas, ou urbanizadas, serão tomadas pelas águas e não há o
que se previnir para evitar tal evento. Neste caso não são as águas dos Rios
que invadem as áreas urbanizadas, mas estas áreas que invadem as
planícies de inundação.

Figura 46: Inundação fluvial ou enchentes.

As inundações bruscas ocorrem sem necessariamente ter um Rio


inserido na área urbana. Estas são decorrentes da ineficiência do sistema de
microdrenagem e obras de macrodrenagem implantadas sem os devidos
critérios hidrológicos e morfométricos da bacia de contribuição. A figura
32 apresenta um exemplo de inundação urbana (brusca) motivada apenas
pela ineficiência do sistema de drenagem, no local nã há Rio próximo.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 93


Figura 47: Inundação brusca.
É de extrema importânica para a correta arrecadação de recuros, a
definição exata do tipo de inundação que estã ocorrendo, se fluvial ou
brusca. Isto importa o tipo de projeto a desenvolver; Em muitos casos de
inundações fluviais, não há obra estrutural que resolva, a solução passa pela
desocupação das planícies de inundações dos rios.
Para as inundações bruscas pode haver mais de uma solução que
projetos de engenharia resolvem para isso o projetista deve ter alguns
conhecimentos sobre a bacia hidrográfica, principalmente séries históricas.
É comum encontrar-se moradores de áreas que nem sempre estão
muito próximas à Rios informarem que moram neste local há mais de 20 0u
30 anos e jamais foram atingidos por enchentes.O que ocorre é que aquele
cheia que agora os atingiu está relacionada a períodos de retornos maiores
do que aqueles anos que eles ali habitam, 40, 50 ou até mesmo 100 anos.

6.2 Impactos e medidas de controle.O sistema urbano de drenagem.

6.2.1 Macro e Microdrenagem.


Paral elaboração e gestão de drenagem urbana é necessário
diferenciar Macro Drenagem e Micro Drenagem, sendo o entendimento
importante para a definição do projeto a propor.

6.2.2 Macrodrenagem.
A macrodrenagempode ser entendida como o sistema de drenagem
de uma bacia hidrográfica na qual os ecoamentos ocorrem em fundos de

TEMA – Engenharia e Arquitetura 94


vale, bem definidos mesmo que não corresponda a um curso d´água perene.
Os canais de escoamento fazem parte de do sistema hidrográfico de uma
bacia, contendo rios perenes, intermitentes e efêmeros, assim definidos:
a) Perenes:são rios que contêm água todo o tempo, durante o ano
inteiro. Eles são alimentados por escoamento superficial e
subsuperficial. Este último proporciona a alimentação contínua,
fazendo com que o nível do lençol subterrâneo nunca fique abaixo do
nível do canal. A maioria dos rios do mundo é perene.
b) Intermitentes (temporários): rios por onde escorre água por
ocasião da estação chuvosa, porém, no período de estiagem, esses
rios desaparecem, mas os canais por onde escoam permanecem. Os
rios intermitentes, também chamados de temporários, são
alimentados por escoamento superficial e subsuperficial. Eles
desaparecem temporariamente no período de seca porque o lençol
freático se torna mais baixo do que o nível do canal, cessando sua
alimentação.
c) Efêmeros: os rios efêmeros se formam somente por ocasião das
chuvas ou logo após sua ocorrência. São alimentados exclusivamente
pela água de escoamento superficial, pois estão acima do nível do
lençol freático (água subterrânea).
No que diz respeito às relações da drenagem com as águas de subsuperfície
os rios podem ser:
a) Efluentes: rios que recebem contribuição de água do subsolo e
aumentam sua vazão em direção à jusante. São característicos de
regiões úmidas.
b) Influentes: rios que perdem água para o subsolo (infiltração), além
da perda por evaporação. Eles diminuem sua vazão em direção à
jusante e podem secar antes de atingir o mar. São típicos de climas
áridos.

6.2.3 Micro Drenagem.


A microdrenagemé definida como aquelas determinadas pela
ocupação e uso do solo. Não ocorre naturalmente, é artificial, por esta razão
necessita de dimensioanmentos baseados em conhecimentos científicos. O
escoamento se dá pelas ruas que são as receptoras das áreas de
contribuições. São definidas pelo sistema de drenagem urbana, composta

TEMA – Engenharia e Arquitetura 95


pelas ruas, sarjetas, caixas coletoras, caixas de ligação e poços de visita.
Todos dimensionados e construídos artificialmente.
A principal função do sistema de Microdrenagem é coletar e
conduzir a água pluvial apenas de redes primárias de drenagem, como a
drenagem das ruas urbanas e conduzirem até o sistema de Macrodrenagem.
Possui importante papel na retirada de águas pluviais de pavimentos evias
públicas, evitar alagamentos, oferecer segurança aos pedestres e motorístas
e evitar danos.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 96


7 - DIMENSIONAMENTO DO
SISTEMA URBANO DE
DRENAGEM
Para o dimensionametno de um sistema de drenagemn urbana, se faz
necessário dominar alguns conceitos e práticas. Passa-se a seguir a
conceituar todos os elementos que compõem um siatema de drenagem
urbana e respectivos dimensionamentos.

7.1 Ruas
As ruas devem ser projetadas para receber as águas
precipitadas sobre os lotes urbanos, quando passam a desempenhar o papel
que naturalmente os rios ou canais intermitentes possuem dentro de uma
bacia hidrográfica. Configuram um novo elemento dentro de uma bacia
hidrográfica, transformando-se numa hidrografia artificial. As figuras 33,
34 e 35 ilustram cruzamentos de ruas em distintas situações relacionadas ao
sistema de drenagem urbana projetada.

Figura 48: Cruzamento de ruas ideal sem alagamentos.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 97


Figura 49: Cruzamento de ruas com pequennas alagamentos.

Figura 50.: Cruzamento de ruas com total alagamento

As ruas devem apresentar uma capacidade de escoamento, a qual


faz-se pelas sarjetas, caixas coletoras e galerias, elementos de drenagem
das vias públicas.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 98


7.2 Classificação das vias públicas

a) Rua secundária: é aquela destinada ao tráfego local, de uma área e


é geralmente caracterizada por duas faixas de transito, com
estacionamento permitido ao longo do meio fio.
b) Rua principal: a função da rua principal é coletar e distribuir o
tráfego, proveniente de vias de maior movimento para as
secundárias. Pode ter várias faixas, e o estacionamento junto ao
meio fio poderá ser permitido ou não. Tem seu trânsito preferencial
sobre as secundárias.
c) Avenidas devem permitir um movimento de trânsito rápido e
relativamente desimpedido através de uma cidade. Pode ter várias
faixas e o estacionamento em geral não é permitido. O trânsito pelas
avenidas tem preferência sobre as secundárias e principais. As
avenidas apresentam freqüentemente uma faixa ou canteiro central
para separação dos dois sentidos de trânsito e sinais em cruzamento.
d) Via expressa: é uma via de transito rápido e sem interrupção (figura
36). Elas foram concebidas para se assemelharem a uma auto-
estrada cortando as cidades por amplos setores. Por definição devem
evitar terem instaladas em sua adjacência estruturas que demandem
transito intenso como supermercados ou centros universitários.

Figura 51: Desenho esquemático de uma via expressa.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 99


7.3 Cruzamentos
Entender e definir os tipos de cruzamento influencia na distribuição
dos dispositivos de drenagem e os pontos onde se pode ou não permitir
uma determinada lâmina de água.

a) Rua secundária com secundária: neste tipo de cruzamento não há


preferencial. (figura 37)

Figura 52: Cruzamento ruas secundárias.

b) Rua secundária com principal (figura 38).

Figura 53: Cruzamento rua principal com secundária.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 100


c) Rua Principal com principal (figura 39).

Figura 54: Cruzamento ruas principais.

7.4 Sarjetas
São canais, em geral de seção transversal triangular, situados nas
laterais das ruas, entre o leito viário e os passeios para pedestres, destinados
a coletar as águas de escoamento superficial e transportá-las até ascaixas
coletoras.
São limitadas verticalmente pela guia do passeio, têm seu leito em
concreto ou no mesmo material de revestimento da pista de rolamento
(Fig.40). Em vias públicas sem pavimentação é freqüente a utilização de
paralelepípedos na confecção do leito das sarjetas, sendo neste caso,
conhecidas como linhas d'água.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 101


Figura 55: Corte transversal esquemático de uma sarjeta.

7.5 Capacidade de escoamento da via pública – sarjeta


Uma sarjeta pode transportar determinada vazão limitadasobre
alguns aspectos de segurança, dirigibilidade dos veículos e conforto dos
transeuntes.
O sistema de galeria (no caso da primeira boca de lobo) deverá
iniciar-se no ponto onde é atingidoo limite de capacidade de escoamento da
rua.
Cada rua, de acordo com sua classificação possui uma faixa onde se
pode admitir alguma parcela de inundação máxima, sem transtorno aos
usuários e sem colocá-los em risco, o quadro 13, apresenta um resumo.

Quadro 14: Faixas de inundações para classificação de ruas.


Classificação da rua Inundação máxima admissível
Rua secundária Até a crista da rua sem transbordar a
guia
Rua Principal Deve preservar pelo menos uma
faixa livre para o trânsito, em torno
de 1/3 na faixa central.
Avenida Deve preservar pelo menos uma
faixa livre para cada direção.
Via expressa Nenhuma inundação é permitida em
qualquer faixa de trânsito. Neste
caso o sistema de coleta e transporte
das águas pluviais não pode ocorrer
por sarjetas, a exemplo das outras
ruas. Para garantir que a pista não
seja alagada, a calha deve ficar em
cota abaixo da pista.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 102


7.6 Cálculo da capacidade teórica de descarga da sarjeta

a) Fórmula de Manning modificada por Izzard


.
= 0,375 ∗ ∗ &/ ∗ 0 %/"
/
Onde:
Q – Descarga (m3/s);
Z – Inverso da declividade transversal (1/Z);
I – Declividade longitudinal (m/m);
Y – Profundidade junto à linha de fundo (m);
n – Coeficiente de Manning (n=0,016 na maioria dos casos) -
Adimensional.

b) Fórmula de Manning

= ∗ ℎ /"
∗ &/
/
Onde:
Q – Descarga (m3/s);
A = área molhada da seção transversal (m²);
n = Coeficiente de Manning (n=0,016 na maioria dos casos) -
Adimensional.
Rh = raio hidráulico (m);
I = declividade longitudinal (m/m).
No quadro 14sãoapresentados alguns coeficientes de escoamento
superficiais mais utilizados.

Quadro 15: Coeficiente de rugosidade.


Superfície “n”
- sarjeta em concreto com bom de acabamento 0,012
- revestimento de asfalto
(A) textura lisa 0,013
(b) textura áspera 0,016
- revestimento em argamassa de cimento
a) acabamento com espalhadeira 0,014
b) acabamento manual alisado 0,016

TEMA – Engenharia e Arquitetura 103


c) acabamento manual áspero 0,020
-revestimento com paralelepípedos 0,020
argamassados
-sarjetas com pequenas declividades longitudinais (até 2%) 0,002
sujeitas a assoreamento a
0,005

Além da recomendação de que as entradas de veículos devam ficar


para dentro da guia, uma série de recomendações práticas devem ser
observadas na definição dos perfis longitudinais e transversais das pistas de
rolamento, para escoamento superficial e a sua condução e captação sejam
facilitadas. O quadro 15 expõe uma série de valores limites e usuais, ou
fatores de redução que devem ser observados quando da elaboração de
projetos de vias públicas.

Quadro 16: Fatores de redução para escoamento nas sarjetas.


Fatores de redução de escoamento das sarjetas (DAEE/CETESB, 1980)
Declividade da sarjeta - % Fator de redução
0,4 0,50
1a3 0,50
5,0 0,50
6,0 0,40
8,0 0,27
10,0 0,20

Para atender alguns requisitos mínimos, o quadro 16 apresenta


sugestões de alguns valores para desenvolvimento de projetos com objetivo
de criar condições favoráveis ao bom desempenho do sistema de drenagem
projetado.

Quadro 17: Valore de projetos de Ruas e Avenidas


Máximo Mínimo
Dados característicos Usual

declividade longitudinal do pavimento - - 0,4%


declividade transversal do pavimento 2% 2,5% 1,0%

TEMA – Engenharia e Arquitetura 104


declividade transversal da sarjeta 5% 10% 2,0%
coeficiente de Manning 0,016 0,025 0,012
altura da guia 0,15m 0,2m 0,1m
altura da água na guia - 0,13m -
velocidade de escoamento na sarjeta - 3,0m/s 0,75m/s
largura da sarjeta -
a) sem estacionamento 0,6m - -
b) com estacionamento 0,9m - -

7.7 Caixas coletoras ou bocas-de-lobo


Boca-de-lobo ou caixa coletora (figura 43)é um dispositivo especial
que tem por finalidade captar as águas pluviais que escoam pelas sarjetas,
para em seguida conduzi-las às galerias ou tubulações subterrâneas e
devem ser localizadas nos dois lados da rua.

Figura 56: Tipos de boca-de-lobo.

Basicamente podem ser classificadas em quatro tipos:


a) Boca de lobo simplesé a caixa destinada a coletar águas superficiais
com uma única entrada e posicionada na guia, com a abertura na
vertical (figura 42).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 105


Figura 57: Boca-de-lobo simples.

b) Boca de lobo com grelha (figuras43 e 44) é o dispositivo destinado


a coletar as águas superficiais posicionada na sarjeta e abertura na
horizontal. A grelha possui a função de proteção e segurança de
pedestre, ciclistas e veículos.

Figura 58: Dimensões da grelha.

Figura 59: Boca-de-lobo com grelha.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 106


c) Boca de lobo combinada (figura 45) éum dispositivo para coletar
águas superficiais das ruas, combinando de guia e de sarjeta com
grelha.

Figura 60: Boca-de-lobo combinada.

d) Boca de lobo múltipla (figura 46) são caixas coletoras posicionadas


e dimensionadas em conjunto e em sequência com a finalidade de
aumentar a capacidade de captação das águas superficiais.

Figura 61: Boco-de-lobo múltipla.

Além destes tipos podem ainda ser classificadas quanto à


localização:
a) Boca de lobo situada em pontos intermediários das sarjetas:
localizam-se em trechos contínuos e de declividade constantes das
sarjetas. A entrada das águas pluviais se dá através de apenas uma
das extremidades da boca de lobo.
b) Boca de lobo situada em pontos baixos das sarjetas: Localizam-se
em pontos baixos das sarjetas, decorrentes da mudança de
declividade a rua, ou junto da curvatura das vias, no cruzamento de
duas ruas. A entrada das águas pluviais ocorre pelas duas
extremidades da boca de lobo.
Devem ser localizadas de maneira a conduzirem
adequadamente as vazões superficiais para as galerias.
Nos pontos mais baixos do sistema viário deverão ser
necessariamente colocadas bocas-de-lobo com visitas a fim de se
evitar a criação de zonas mortas com alagamentos e água parada.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 107


7.8 Recomendações gerais para a escolha das bocas de lobo

a) Pontos intermediários das sarjetas: os espaçamentos devem ser


projetados de modo que 90 a 95% da vazão pela sarjeta
sejaminterceptadas, deixando a parcela restante para a boca de lobo
de jusante, contando que a vazão excedente não seja muito alta. Para
ruas com declividades suaves, de até 5%, recomenda-se a utilização
de boca de lobo simples, com ou sem depressão, dependendo da
vazão a ser captada. O uso de outros tipos depende de considerações
a respeito dos seguintes fatores:
• Vazão de projeto;
• Possibilidade de obstruções, e;
• Interferências com o tráfego de veículos.

b) Pontos baixos das sarjetas: Nesse caso a boca de lobo deverá ser
projetada cuidadosamente com o uso de preferência dos tipos
simples ou combinadas, sendo conveniente prever uma segurança
adicional, em face a possibilidade de obstrução das bocas de lobo de
montante.

7.9 Dimensionamento das bocas de lobo.


As caixas coletoras devem ser posicionadas de modo a oferecer o
maior conforto e segurança aos usuários, seja eles pedestres, ciclistas ou
motoristas. A figura 47 apresenta um exemplo esquemático de onde deve-
se colocar as caixas coletoras em cruzamentos, que são pontos críticos em
ruas urbanas. E a figura 48 a distribuição na rua em projeto.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 108


Figura 62: Disposição das caixas coletoras visndo maoir conforto ao usuário.

A seguir passa-se a estudar os dimensionamentos das bocas-de-lobo.

Figura 63: Distribuição em projeto das caixas coletoras.

a) Boca-de-lobo de Guia sem grelha e sem depressão para


pontos baixos: A capacidade hidráulica das bocas de lobo de
guia pode ser considerada como um vertedor de parede
espessa, cuja expressão é:
Q = 1,71 * L * H3/2- em m3/s

TEMA – Engenharia e Arquitetura 109


L – comprimento da abertura em metro;
H – altura da água (m) – altura do meio fio.
NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA GUIA-SG-PB NO
ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".

b) Boca-de-lobo de Guia sem grelha e com depressão para


pontos intermediários e cruzamento: São caixas coletoras
situadas sob passeios e com cobertura na guia, dotadas de
depressão como mostrado a Figura 49. De posse da vazão de
projeto a ser captada e da lâmina de água junto à guia,
procura-se uma vazão, por metro linear, para uma depressão
adequada, de modo que o comprimento da abertura não seja
inferior a 0,60 m e nem superior a 1,50 m.
A introdução de uma depressão calculada e executada
adequadamente aumenta significativamente a capacidade de
engolimento de uma boca-de-lobo quando comparada esta sem
depressão. Isso pode levar a maiores espaçamentos além de
melhorar a captação das águas das sarjetas. O método de
cálculo é o chamado Método de Hsiung-Li.

Figura 64: Caixa coletora de guia com depressão

TEMA – Engenharia e Arquitetura 110


MÉTODO HSIUNG-LI
Para bocas coletoras padrões com dimensões em função da
depressão "a", conforme mostrado na Figura 40, a equação é:
= ∗ (1 + ) ∗ (2 " ∗ 3)$,4 +
Onde:
K = 0,23 se z = 12 e K = 0,20 se z = 24 e 48;
C é determinado pela expressão:
0,45
=
1,126
Sendo "M" definido como:
∗7
=
8 ∗ tan <
Sendotg <:
?
tg < = A
@BCD EFG + 8
Onde W é a largura do rebaixamento.

Para definição de F a equação é:

7 = (2 ∗ H − 1I)$,4
2

O valor de "E" é calculado pela equação:

JK
= + 2K + 8
2∗3
e "y" em função de E e Qo

NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA GUIA-SG-CD-INTER


NO ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".

c) Boca-de-lobo de Sarjeta sem grelha e sem depressão para


pontos intermediários e cruzamentos: Para as bocas de lobo
de sarjeta pode ser utilizada a mesma expressão, substituindo-
se L pelo perímetro (P) da área livre do orifício.
Para bocas de lobo mista (sarjeta e guia combinadas) a capacidade
hidráulica é a soma das vazões calculadas para a guia e para a sarjeta.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 111


Q = 1,71 * P * H3/2- em m3/s
No entanto, caixas coletoras neste formato são inconvenientes pela
abertura totalmente exposta, pois este tipo de caixa, a entrada é no nível do
pavimento, ao contrário das de guia, que ficam com a abertura na vertical.
Neste caso, deve-se utilizar grelhas, quando os cálculos são
diferenciados em consequência das barras que compõe a grelha.
NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA GUIA-SG-PB NO
ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".

d) Boca-de-lobo de Sarjeta Intermediária e de Cruzamentos


com grelha e sem depressão:
EQUAÇÃO DE CHIN: Para as bocas de lobo de sarjeta pode
ser utilizada a mesma expressão, substituindo-se L pelo
perímetroConforme Chin, 2000 as grelhas funcionam como
um vertedor de soleira livre, para profundidade de lâmina até
12 cm. As grelhas apresentam o grande inconveniente de
entupirem e as pesquisas demonstraram que as melhores
grelhas são aquelas que possuem as lâminas de ferro paralelas,
o que é pior para quem anda de bicicleta.

A vazão é calculada pela Equação:


= 1,66 ∗ ∗ 2 &,4
Onde:
Q - vazão de engolimento da grelha (m3 /s);
P -perímetro da boca de lobo (m);
y -altura de água na sarjeta sobre a grelha (m)

Quando a grelha é adjacente a uma boca de lobo simples, para a


contagem do perímetro é descontado o lado que está junto à boca de lobo.

Quando a lâmina de água for maior que 0,42m então teremos:


= 2,91 ∗ ∗ 2 &/

Onde:
Q -vazão (m3 /s);
A -área da grade excluídas as áreas ocupadas pelas barras (m2);
y - altura de água na sarjeta sobre a grelha (m).
TEMA – Engenharia e Arquitetura 112
O DNIT, 2006 aconselha que na faixa entre 12cm e 42cm a escolha de y
deve ser adotada pelo projetista dependendo da sua experiência. O
comprimento mínimo L (m) da grelha paralela a direção do fluxo da água
para permitir que a água caia pela abertura é determinado pela equação da
ASCE, 1992.
= 0,91 ∗ J ∗ (M + 2)$,4
Sendo: L= comprimento mínimo da grelha paralelo ao fluxo (m)
V= velocidade média da água na sarjeta (m/s)
t= espessura da grelha de ferro (m)
y= altura da água sobre a grelha (m)
NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA SARJETA-CG-SD-
INTER NO ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".
EQUAÇÃO DE WEN-HSIUNG-LI
Estudos realizados pelo Prof. Wen-Hsiung-Li, na Universidade Johns
Hopkins, Baltimore, E.U.A., indicaram para o cálculo das dimensões de
ralo grelhado a equação:
O
N∗ P Q ?K − ? &/
= 0,326 ∗ ( )R ∗ ( K&/ ∗ ( ))
/ N
onde, (Figura 50)
L - comprimento total da grade, em m;
z - inverso da declividade transversal;
I - declividade longitudinal, em m/m;
n - coeficiente de rugosidade de Manning;
Qo - vazão de projeto, em m³/s;
wo - largura do espelho d'água na sarjeta, em m;
w - largura horizontal da grade, em m.

Calculada a extensão pode-se agora verificar que tipo de gradeamento pode


ou deve ser utilizado. Para isto empregam-se as seguintes equações:
a) Lo = 4.vo.(yo/g)1/2, para barras longitudinais e
b) Lo' = 2.Lo, para barras transversais,
onde,
Lo - comprimento necessário para captar toda a vazão inicialmente sobre a
grade longitudinal;
Lo' - idem para grade transversal;
vo - velocidade média de aproximação da água na sarjeta;
g - aceleração de gravidade.
TEMA – Engenharia e Arquitetura 113
Figura 65: Caixa coletora com grelha e sem depressão

NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA SARJETA-CG-SD-


INTER NO ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".

7.10 Método tradicional


Pelos critérios adotados bem como as variáveis envolvidas
correlacionando inclusive o espaçamento e posição da grelha, este método
tem apresentado melhores resultados. Ao observarmos a figura 51,
notaremos o método estuda as correlações da largura da sarjeta com a
largura da grelha, das águas que passam pelas talas da grelha, etc.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 114


Figura 66: Esquema de uma boca de lobo com grelha

A importância da profundidade y’:


Se considerarmos que a parcela d’água na sarjeta ao longo da
largura W da grelha irá escoar longitudinalmente para seu interior, então a
parcela restante, com lâmina de largura (T – W) e profundidade y’ escoará
lateralmente em direção à grelha como se fosse uma boca-de-lobo simples.

Para que toda essa água seja esgotada longitudinalmente e


lateralmente, a grelha deverá possuir um comprimento mínimo L’,
calculado a partir da fórmula empírica seguinte:

´ = 1,2 ∗ JK ∗ M3< ∗ ( )$,4
3

Se for adotado um valor de L menor que L’ haverá um excesso de


água q2 que não será esgotado pela grelha, sendo calculado como:

T2 = 0,25 ∗ ( ´ − ) ∗ 3$,4 ∗ 2´&,4

TEMA – Engenharia e Arquitetura 115


Por outro lado, o comprimento da grelha deverá ser maior ou igual a
L0 para que todo o escoamento longitudinal na sarjeta dentro da
faixa W da grelha seja esgotado. Se L for menor que L0, as águas
pluviais não esgotadas ultrapassam as grelhas. O valor de L0 é
calculado por:
2
K = ∗ JK ∗ ( )$,4
3

O fator m é uma constante que depende da configuração da grelha e


os seus valores são tabelados em função do tipo de boca-de-lobo
(quadro 17).
Quadro 18: Valores de m.
ESPAÇO LIVRE ENTRE BARRAS 3 A 4 cm
Valores de m
Boca-de-lobo Grelhas com barras longitudinais 4
simples Grelhas com barras transversais 8
Boca-de-lobo Grelhas com barras longitudinais 3,3
combinada Grelhas com barras transversais 6,6

Em condições normais, as grelhas devem ser dimensionadas tal que


L ≥ L0.
Se, por algum motivo, L < L0, a vazão que ultrapassa a grelha pode
ser calculada como:

T3 = K ∗ (1 − )
K

Assim sendo, a vazão total que ultrapassa a grelha é calculada por:


T = T2 + T3

Finalmente, a vazão esgotada pela grelha será:


= K−T

TEMA – Engenharia e Arquitetura 116


Símbolos empregados na formulação matemática:

NOTA: DIMENSIONAMENTO NA PLANILHA SARJETA-CG-INTER


NO ARQUIO EXCEL "DIMENSIONAMENTOS".

Eficiência das Bocas-de-Lobo


Na prática, a capacidade de escoamento das bocas de lobo é menor
que a calculada, em razão de diversos fatores, entre os quais enumera-se:
a) Obstrução por detritos carregados pelas águas;
b) Irregularidades nos pavimentos das ruas junto às sarjetas e bocas de
lobo;
c) Hipótese de cálculo que nem sempre corresponde a realidade.

Assim sendo, para garantir maior segurança adota-seos valores do


quadro 18 como fatores de redução, o qual deverá ser multiplicado pela
vazão encontrada para a caixa coletora.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 117


Quadro 19: fatores de redução.
Fatores de redução para bocas de lobo (DAEE/CETESB, 1980)
Localização na % permitida sobre o valor
Tipo de boca de lobo
sarjeta teórico
Ponto baixo De guia 80
Com grelha 50
Combinada 65
Ponto
De guia 80
intermediário
Grelha longitudinal 60
Grelha transversal ou longitudinal com barras
60
transversais
110% dos valores
Combinada indicados p/grelhas
correspondentes

Posicionamento das Bocas-de-Lobo


- A melhor localização das bocas-de-lobo é em pontos um pouco à
montante das esquinas;
- Não se recomenda colocar bocas-de-lobo nas esquinas para que os
pedestres não corram o risco de ter que passar por pontos onde a descarga
superficial é máxima, formando nestes locais pequenas áreas alagadas na
rua.

Espaçamento de caixas coletoras.


O cálculo do espaçamento entre caixas coletoras pode ser feito
correlacionando-se as seguintes vazões:
a) Capacidade teórica de descarga da sarjeta - Qst;
b) Capacidade de engolimento da boca-de-lobo - Qbl;
c) Vazão de projeto - Qp = C*i*A
Analisando o gráfico da figura 52, das vazões de projeto, da
capacidade da sarjeta e da capacidade da boca-de-lobo, obesrva-se que:
a) o ponto de intersecção entrea as vazões indica a posição de uma boca-de-
lobo;
a) a vazão de projeto aumenta linearmente de acordo com o aumento do
comprimento do trecho L, atingindo podendo ser a maior;
b) a capacidade de descarga da sarjeta é constante, menor que a de projeto e
maior que a da boca-de-lobo;

TEMA – Engenharia e Arquitetura 118


c) a capacidade da boca-de-lobo também é constante, porém menor que as
outras duas.

Figura 67: Gráfico das vazões: Projeto, Sarjeta e Boca-de-lobo.

Observando o gráfico da figura 53, observa-se que se posicionarmos


as bocas-de-lobo em função da capacidade da descarga da sarjeta teríamos
o espaçamento e1.

Figura 68: Espaçamento das bocas-de-lobo em função da sarjeta.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 119


Agora, observando o gráfico da figura 54, observa-se que se
posicionarmos as bocas-de-lobo em função da capacidade da descarga da
própria boca-de-lobo teríamos o espaçamento e.

Figura 69: Espaçamento de bocas-de-lobo em função de sua capacidade de descarga.

Não há erro algum em calcular os espaçamentos em função de uma


ou de outra. O problema é que a sarjeta apresenta garnde capacidade de
descarga, fator que gera grandes dimensões de bocas-de-lobo para
engolimenhto de toda água carregada pela sarjeta, fugindo completamente
dos padrões.
Desta forma, devemos por coerência calcular o espaçamento
fundamentados na capacidade das bocas-de-lobo padrão, geralmente de
0,7m a 1,00m de soleira para entrada da água.

Observamos então a figura 55, a qual forma três triângulos semelhantes,


pois possuem como hipotenusa a vazão de projeto Qp.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 120


Figura 70: Demonstração do cálculo do espaçamento

Por semelhança de triângulos, podemos calcular os espaçamentos "e"


e "e1", no entanto a demonstração apresenta o cálculo do espaçamento "e"
em função da capacidade de descarga de uma boca-de-lobo - Qbl.
UV X
=
W
∗ UV
W=
X

7.11 Poços de visitas

São dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de


galerias para permitirem mudanças de direção, mudança de dcelividade,
mudança de diâmetro, inspeção e limpeza da canalização. Os espaçamentos
devem ser o máximo possível para atender critérios econômicos (figura
56).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 121


Figura 71: Ilustração corte vertical de um poço de visita convencional.

Um poço de visita convencional possui dois compartimentos


distintos que são a chaminé e o balão, construídos de tal forma a permitir
fácil entrada e saída do operador e espaço suficiente para este operador
executar as manobras necessárias ao desempenho das funções para as que a
câmara foi projetada.
O balão ou câmara de trabalho é o compartimento principal da
estrutura, de secção circular, quadrada ou retangular, onde se realizam
todas as manobras internas, manuais ou mecânicas, por ocasião dos
serviços de manutenção de cada trecho. Nele se encontram construídas em
seu piso, as calhas de concordância entre as secções de entrada dos trechos
a montante e de saída.
A chaminé, pescoço ou tubo de descida, consiste no conduto de
ligação entre o balão e a superfície, ou seja, o exterior. Convencionalmente
inicia-se num furo excêntrico feito na laje de cobertura do balão e termina
na superfície do terreno fechado por um tampão de ferro fundido.
O movimento de entrada e saída dos operadores é feito através de
uma escada de ligas metálicas inoxidáveis, tipo marinheiro afixada degrau
em degrau, na parede do poço ou, opcionalmente, através de escadas
móveis para poços de pequenas profundidades.
As calhas do fundo do poço são dispostas de modo a guiar as correntes
líquidas desde as entradas no poço até o início do trecho de jusante do
coletor principal que atravessa o poço, e de tal maneira a assegurar um

TEMA – Engenharia e Arquitetura 122


mínimo de turbilhonamento e retenção do material em suspensão, devendo
suas arestas superiores ser niveladas com a geratriz superior do trecho de
saída.
No caso de trechos de coletores chegarem ao PV acima do nível do
fundo são necessários cuidados especiais na sua confecção a fim de que
haja operacionalidade do poço sem constrangimento do operário
encarregado de trabalhar no interior do balão. Para desníveis abaixo de
0,50m não se fazem obrigatórias medidas de precaução, considerando-se a
quantidade mínima de respingos e a inexistência de erosão, provocados
pela queda do líquido sobre a calha coletora. Para desníveis a partir de
0,50m serão obrigatoriamente instalados os chamados "poços de queda"
(Figura 57).

Figura 72: Corte vertical de um poço de visita de queda.

Quando o poço de visita com quada estiver entre dois diâmetros


diferentes e no mesmo alinhamento, estes devem ser alinhados pelas suas
geratrizes superiores (figura 58).

Figura 73: Poço de visiat com queda alinhados pela geratriz superior.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 123


A localização pode ser nos pontos de deflexão (mudança de direção),
cruzamentos de ruas, conexão com vários coletores, mudança de cota e de
diâmetro.
Se o poço de visita for para atender a uma diferença de cota (nível)
de mais de 70 cm, é denominado de Queda - PV-Queda.
O espaçamento máximo recomendado para os poços de visita é:
a) para diâmetro entre 30 cm e 40 cm - espaçamento máximo de 120m;
b) para diâmetro entre 50 cm e 90 cm - espaçamento máximo de 150m;
c) para diâmetro 1,00m ou mais - espaçamento máximo de 180m.

A fim de permitir o movimento vertical de um operador, a chaminé,


bem como o tampão, terão um diâmetro mínimo útil de 0,60m. O balão,
sempre que possível, uma altura útil mínima de 2,0 metros, para que o
operador maneje com liberdade de movimentos, os equipamentos de
limpeza e desobstrução no interior do mesmo.
A chaminé, não deverá ter altura superior a 1,0 m, por
recomendações funcionais, operacionais e, até, psicológicas para o
operador.

A Tabela VII.1. mostra as dimensões mínimas recomendáveis para


chaminé e balão em função da profundidade e do diâmetro "D" da
tubulação de jusante, ou seja, a que sai do poço de visita.

Quadro 20: Dimensões mínimas para PV´s.


Profundidade h do PV Altura hc da chaminé Diâmetro Db do balão
e diâmetro D de saída (m) (m)
(m)
h<=1,5 e qualquer D hc=0,30 Db=D
1,5<h<2,5 e D<=0,60 hc=0,30 Db=1,20
1,5<h<2,5 e D>0,60 hc=0,30 Db=D+1,20
h>2,5 e D<=0,60 0,30<hc<1,00 Db=1,20
h>2,5 e D>0,60 0,30<hc<1,00 Db=D+1,20

TEMA – Engenharia e Arquitetura 124


7.12 Caixas de ligação ou passagem
São utilizadas para junção de bocas-de-lobo intermediárias ou de
modo a evitar a chegada em um mesmo PV de mais de quatro tubulações
(por exemplo). Possui função similar a de um PV, diferenciando-se apenas
por não terem entradas para visita (figura 59).

Figura 74: Caixa de ligação ou passagem.

7.13 Galerias.

7.13.1 Generalidades
São os condutos subterrâneosprojetados para coletar e conduzir as
descargas resultantes da chuva inicial de projeto, para um ponto de
lançamento dentro de um sistema geral de macro drenagem.
Diferente de outras áreas da engenharia, não existe norma da ABNT
sobre galerias de águas pluviais urbanas, assim como para todos os outros
componentes do sistema de drenagem.
Em 1986 foi lançado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE) e Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB), o livro Drenagem Urbana- manual de projeto, elaborado pela
equipe técnica do DAEE. Este livro tornou-se o padrão brasileiro de
drenagem sendo usado até hoje.
No Brasil as galerias de águas pluviais são calculadas como condutos
livres com os tubos trabalhando a seção plena ou em proporções variadas
tais como 2/3D, 0,80D, 0,83D ou 0,90D. Para um melhor aproveitamento
das galerias, é comum utilizar-se 0,90D, assim garante-se o escoamento
livre sem deixar em demasiado as tubulações ociosas.
Existem regiões como o County Clark nos Estados Unidos, que usam
a água pluvial como rede pressurizada até o máximo de 1,5m acima da

TEMA – Engenharia e Arquitetura 125


geratriz superior da tubulação. Para a pressurização é necessário que as
juntas sejam estanques ao vazamento ou que pelos menos suporte até 1,5m
de pressão, além dos cuidados projeto no tocante às cotas das caixas
coletoras e poços de visita, de modo a evitar o transbordamento. Assim são
usadas juntas elásticas ou juntas especiais. Nestas redes é comum se
calcular os dois gradientes, o hidráulico e de energia de modo que o
gradiente de energia não saia do perfil da vala de escavação.
No Brasil, com o dimensionamento como escoamento livre, torna-se
mais fácil os métodos de cálculos, sem necessidade de controle do
gradiente hidráulico e de energia (figura 60). Isto ocorre principalmente
pelo material comumente utilizado para os tubos, concreto com juntas sem
vedação, ou com vedação em argamassa. Este tipo de junta não resiste a
pressões.

Figura 75: Linha de carga e energia em tubulações.

7.13.2 Tubos de PEAD


Atualmente está sendo difundido o uso de tubos de PEAD -
Polietileno de Alta Densidade (figura 61), este tipo de material apresenta
algumas vantagens sobre os tradicionais de concreto, tais como:
a) Peças com 6m de comprimento e muito leves;
b) Coeficiente de rugosidade n = 0,009, enquanto que o concreto varia
de 0,014 a 0,018;
c) Rapidez na execução, sem necessidade de berço de concreto para
diâmetros maiores;
d) Conexão das juntas (PBA-Ponta, Bolsa e Anel) com anel de
borracha, mais estanqueidade;

TEMA – Engenharia e Arquitetura 126


e) Custo equivalente considerando todas as etapas.
Como desvantagem pode-se citar o número de diâmetro disponível,
que são:
a) DN 375mm (DI 382mm);
b) DN 450 mm (DI 460 mm);
c) DN 600 mm (DI 614 mm);
d) DN 750 mm (DI 774 mm);
e) DN 900 mm (DI 900 mm);
f) DN 1050 mm (DI 1060 mm);
g) DN 1200 mm (DI 1204 mm);
h) DN 1500 mm (DI 1500 mm).

DN - Diâmetro Nominal: nome de identificação do diâmetro da


tubulação;
DI - Diâmetro Interno: medida de referência da tubulação.

Figura 76: Tubos em PEAD - Criciúma-SC: TEMA.

Descrição do fabricante: tubos corrugados de polietileno de alta


densidade de dupla parede, parte interna lisa, para aplicações de drenagem.
Sistema de conexão mecânica, tipo bolsa-ponta integrada com vedação
elastomérica.

7.13.3 Diretrizes gerais


Inicialmente o projetista deve obter todas as informações relativas à
área em estudo, que possam apresentar interesse para o desenvolvimento do
projeto. A topografia de precisão é de fundamental importância para o
TEMA – Engenharia e Arquitetura 127
sucesso não somente do projeto, mas tabém para a eficiência do sistema.
Os dados básicos são:
a) Planta da área a ser drenada em escala 1:500 ou 1:1000, com curvas
de nível de 0,50m ou 1,00m;
b) Mapa geral da bacia de drenagem em escala de 1:5000 ou 1:10000;
c) Planta da área a ser drenada com indicação das ruas existentes e
projetadas, intersecção com obras de utilidade pública e tipos de
ocupação existentes e previstas para as áreas anda não urbanizadas;
d) Seções transversais típicas das ruas e avenidas;
e) Perfis longitudinais das ruas e avenidas das áreas;
f) Informações geotécnicas sob o lençol freático.
g) Localização e elevação (cota) do ponto final do lançamento do
sistema de galerias;
h) Curvas de intensidade de duração e freqüência da chuva da região.

7.13.4 Dimensionamento hidráulico das galerias

a) Hipótese de Cálculo: Princípios Técnicos para Eaboração de


Projetos de Microdrenagem
Admite-se um escoamento em conduto livre e em regime permanente
e uniforme. Isto quer dizer admitir-se que de cada trecho de galeria não
haverá variação de velocidades de escoamento e de lâmina de água no
tempo, enquanto este trecho funcionar com a vazão de projeto.
Seu cálculo obedecerá, pois, as fórmulas clássicas
Q = A.V, clássica equação da continuidade e que é conhecida como
teorema de Bernouilli (Daniel Bernouilli, cientista suíço criador da Física
Matemática, 1700-1782) para fluidos reais, onde

P = pressão, Kgf/m²
γ = peso específico, Kgf/m
V = velocidade do escoamento, m/s
g = aceleração da gravidade, m/s²
Z = altura sobre o plano de referência, m

TEMA – Engenharia e Arquitetura 128


hf= perda de energia entre as seções em estudo, devido à turbulência,
atritos, etc, denominada de perda de carga, m
α = fator de correção de energia cinética devido às variações de velocidade
na seção, igual a 2,0 no fluxo laminar e 1,01 a 1,10 no hidráulico ou
turbulento, embora nesta situação, na prática, sempre se tome igual a 1,00.
A Figura 50. ilustra os elementos componentes da equação.
b) Dimensões
O diâmetro mínimo recomendado para galerias pluviais é de 400 mm
no sentido longitudinal e 300 mm nas transversais, ou seja, nas ligações das
bocas-de-lobo com as galerias.
As dimensões das galerias são sempre crescentes para jusante não
sendo permitida a redução da seção no trecho seguinte mesmo que, por um
acréscimo da declividade natural do terreno, o diâmetro até então indicado
passe a funcionar superdimensionado.

c) Velocidades
Para que não haja sedimentação natural do material sólido em
suspensão na água, principalmente areia, no interior das canalizações, a
velocidade de escoamento mínima é de 0,75 m/s para que as condições de
autolimpeza sejam assim preservadas.
Por outro lado, grandes velocidades acarretariam danos às galerias,
tanto pelo grande valor de energia cinética como poder abrasivo do
material sólido em suspensão. O valor limite de velocidade máxima é
função do material de revestimento das paredes internas dos condutos. Em
geral, velocidades de escoamento superiores a 5,0 m/s carecem de
informações técnicas adicionais, justificando sua adoção pelo projetista.
A declividade mínima deve ficar em torno de 2% a 3% para evitar
ssoreamentos e como a declividade é fixada neste valor não possui riscos
de desgastaes e erosões.

Fórmula de Manning para obter a velocidade:


0,397 ∗ /"
∗ &/
J=
/
Onde:
V - velocidade média (m/s);
D - Diâmetro interno da tubulação (m);

TEMA – Engenharia e Arquitetura 129


I - Declividade (m/m);
n - coeficiente de rugosidade do concreto - entre 0,014 a 0,016.

d) Declividade
A declividade de cada trecho é estabelecida a partir da inclinação
média do terreno ao longo do trecho, do diâmetro equivalente e dos limites
de velocidade. Na prática os valores empregados variam normalmente de
0,3% a 4,0%, pois para declividades fora deste intervalo é possível a
ocorrência de velocidades incompatíveis com os limites recomendados.
Terrenos com declividades superiores a 10% normalmente requerem
dos projetistas soluções específicas para a situação. Em terrenos planos são
freqüentes problemas de lançamento final de efluentes.
Hidraulicamente tem-se que quanto maior a declividade das galerias
maior será a velocidade de escoamento e quanto maior as dimensões
transversais dos condutos, menor será a declividade necessária.

e) Recobrimento da Canalização
Função da estrutura da canalização adota-se como recobrimento
mínimo 1,0 m e como limite máximo 4,0 m. Valores fora do intervalo
citado, normalmente requerem tubos ou estruturas reforçadas e análises
especiais que justifiquem a opção do projetista.
Critério 1: Profundidades mínimas na geratriz inferior tabelada.
a) Tubo D = 30 cm - 1,20m;
b) Tubo D = 40 cm - 1,50m;
c) Tubo D = 50 cm - 1,60m;
d) Tubo D = 60 cm - 1,70m;
e) Tubo D = 80 cm - 1,90m;
f) Tubo D = 100 cm - 2,10m;
g) Tubo D = 120 cm - 2,30m;

Critério 2: Pode-se também determinar profundidade mínima (h)


admissível para a geratriz inferior interna do tubo é definida da seguinte

φ
h =φ + + 0,40
2
maneira:
onde:
h = profundidade mínima admissível (m);

TEMA – Engenharia e Arquitetura 130


∅ = diâmetro da tubulação (m).

f) Velocidade média, tempo de entrada e tempo de percurso para


as sarjetas

Velocidademédia:Estabelecida a capacidade de descarga da sarjeta,


calcula-se o tempo de percurso do escoamento, a partir de sua velocidade
média, pela equação:
1 $,4
JK = 0,958 ∗ $, 4 ∗ ( )"/Z ∗ [M $, 4
. /
Onde:
Vo -velocidade média (m/s);
Z - inverso da declividade transversal (m/m);
I - declividade longitudinal )m/m);
n - coeficiente de rugosidade de Manning;
Qst - vazão da sarjeta - capacidade teórica da sarjeta (m³/s).
Ou pela clássica equação de Manning:
1
JK = ∗ ℎ /" ∗ $,4
/
Onde:
Vo -velocidade média (m/s);
I - declividade longitudinal )m/m);
n - coeficiente de rugosidade de Manning;
Rht - raio hidráulico (m).

Tempo de entrada: tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos


mais distantes, a montante da bacia, para atingirem a seção considerada no
projeto. Em projetos de micro drenagem, quando a área a montante for
urbanizada ou estiver em processo de urbanização, o tempo de
concentração não necessita ser calculado, este pode ser igual ao tempo de
entrada. O tempo de entrada varia entre 5 minutos, no mínimo, e 20
minutos no máximo.
Até a primeira seção de drenagem tc=te.
A partir da primeira seção considerada, o tempo de concentração vai
aumentado conforme o tempo gasto para as águas coletadas nesta seção,
percorrerem a sarjeta. Desta forma o tempo de concetração - tc passa a ser
somado com o tempo de percurso, em cada trecho, sucessivamente.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 131


Na segunda seção de drenagem:
M\ = MW + MX
onde:
tp = tempo de percurso calculado por:

MX =
60 ∗ JK
te = tempo de entrada – tempo gasto pelas chuvas caídas nos pontos mais
distantes da bacia para atingirem o primeiro ralo ou seção considerada;
Vo - velocidade média de percuso.
E assim sucessivamente.

g) Intensidade de chuva (i)


A quantidade de águas pluviais a ser prevista, depende das condições
hidrológicas locais, em particular da escolha da chuva crítica e do
coeficiente de escoamento superficial.

A intensidade de chuva a ser utilizada para os dimensionamentos é


calculada pela equação

K *T a
i=
(t + b )c
onde:
i - intensidade máxima média (mm*h-1);
T - período de retorno (anos)
t - tempo de duração da chuva (min)
K, a, b e c - coeficientes locais ajustados pelo método dos mínimos
quadrados, coeficientes são encontrados na tabela 6 referente ao estado de
Mato Grosso do Sul.

h) Vazão (m³/s)
A vazão é dada pelo método racional:
∗ ∗
=
360
Onde:
Q - vazão (m³/s);
i - intensidade da precipitação (mm/h);
A - área da bacia (ha).
TEMA – Engenharia e Arquitetura 132
i) Cálculo das galerias
- Fórmula de manning
D = 1,511 * (n * Q * I-1/2)3/8(mm) - para altura de lâmina de 0,90D
D = 1,548 *(n * Q * I-1/2)3/8 (mm) - para seção plena.
No entanto, a fórmula de Manning é resultado das relações
trigonométricas da seção circular apenas baseadas na relação entre a altura
da lâmina de água (y) e o diâmetro (D), figura 62.

Figura 77: Seções circulares e relações y/D.

- Principais relações trigonométricas da seção circular com ânguloØ em


radianos.
∗a
Ø = 2 ∗ arc. cos (1 − )
b
c eFfØ
= 0,5 ∗ (1 − )
d

gh ØijkDØ
=
dP %
lm ØijkDØ
=
d ZØ

gh ØijkDØ
= Ø
cP Z∗(&ieFf )
P

lm (ØijkDØ)
= Ø
c ∗(&ieFf )
P
A partir da equação de Mannig:

TEMA – Engenharia e Arquitetura 133


= ∗ ℎ /"
∗ &/
/

Tem-se a equação, obtém-se um fator hidráulico (m) correspondente


à relação y/D, resultando na tabela 18:
∗/
= %/" &/

Assim da fórmula de Manning podemos apresentar da seguinte
forma e genérica:
= ∗ (/ ∗ ∗ i&/
)"/%
Onde:
m - fator hidráulico na tabela 18 (adimensional);
n- coeficiente de rugosidade (adimensional;
Q - vazão (m³/s);
I - declividade em m/m.

Com esta equação basta aplicar o "m" referente à relação y/D. No


quadro 20 estão destacados os valores de "m" utilizados nas equações
acima para 90% (Y/D=0,9) de ocupação da seção e 100% (seção plena com
y/D=1).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 134


Quadro 21: Valores de m para a relação y/D.
y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T y/D m T
0,01 0,000 31,622777 0,21 0,030 3,719954 0,41 0,109 2,295964 0,61 0,215 1,780586 0,81 0,308 1,554658
0,02 0,000 24,384494 0,22 0,033 3,589752 0,42 0,115 2,251758 0,62 0,220 1,764377 0,82 0,312 1,548091
0,03 0,001 17,293633 0,23 0,036 3,471237 0,43 0,120 2,216740 0,63 0,225 1,748697 0,83 0,315 1,541991
0,04 0,001 13,872638 0,24 0,039 3,362706 0,44 0,125 2,182982 0,64 0,231 1,733798 0,84 0,318 1,536340
0,05 0,002 11,454227 0,25 0,043 3,262793 0,45 0,130 2,150414 0,65 0,236 1,719353 0,85 0,321 1,531122
0,06 0,002 9,921823 0,26 0,046 3,170386 0,46 0,135 2,119559 0,66 0,241 1,705341 0,86 0,324 1,526322
0,07 0,003 8,724476 0,27 0,050 3,082239 0,47 0,140 2,089708 0,67 0,246 1,691996 0,87 0,326 1,521926
0,08 0,004 7,856083 0,28 0,053 3,000351 0,48 0,145 2,061344 0,68 0,251 1,679277 0,88 0,329 1,518096
0,09 0,005 7,186191 0,29 0,057 2,925913 0,49 0,151 2,034341 0,69 0,256 1,666902 0,89 0,331 1,514644
0,10 0,007 6,609331 0,30 0,061 2,854311 0,50 0,156 2,008109 0,70 0,261 1,655092 0,90 0,332 1,511733
0,11 0,008 6,143132 0,31 0,065 2,787132 0,51 0,161 1,983075 0,71 0,266 1,643584 0,91 0,334 1,509521
0,12 0,010 5,732627 0,32 0,069 2,723929 0,52 0,167 1,958708 0,72 0,271 1,632816 0,92 0,335 1,507827
0,13 0,011 5,371500 0,33 0,073 2,664318 0,53 0,172 1,935826 0,73 0,275 1,622303 0,93 0,335 1,506814
0,14 0,013 5,081867 0,34 0,078 2,607966 0,54 0,177 1,913490 0,74 0,280 1,612465 0,94 0,335 1,506645
0,15 0,015 4,818187 0,35 0,082 2,555751 0,55 0,183 1,892459 0,75 0,284 1,602843 0,95 0,335 1,507151
0,16 0,017 4,578600 0,36 0,086 2,504998 0,56 0,188 1,871878 0,76 0,289 1,593842 0,96 0,334 1,508842
0,17 0,020 4,369221 0,37 0,091 2,457755 0,57 0,193 1,852094 0,77 0,293 1,585024 0,97 0,332 1,511904
0,18 0,022 4,183998 0,38 0,096 2,411728 0,58 0,199 1,833056 0,78 0,297 1,576780 0,98 0,329 1,516712
0,19 0,025 4,012355 0,39 0,100 2,368711 0,59 0,204 1,815050 0,79 0,301 1,569083 0,99 0,325 1,524734
0,20 0,027 3,858682 0,40 0,105 2,328381 0,60 0,209 1,797355 0,80 0,305 1,561713 1,00 0,312 1,548463

Esta tabela encontra-se formatada em Excel no arquivo DIMENSIONAMENTOS, na planilha "VALORES DE m".

135
TEMA – Engenharia e Arquitetura
j) Traçado das galerias
Preliminarmente, o traçado das galerias deve ser
desnvolvidosimultaneamente com o projeto das vias públicas e parques,
para evitar imnposições ao sistema de drenagem que geralmente conduzem
a soluções mais onerosas.
Deve haver homogeneidade na distribuição das galerias para que o
sistema possa proporcionar condições adequadas de drenagema todas às
áreas da bacia.

Para aplicar todos os conhecimentos expostos aqui acerca de


drenagem urbama, passa-se a seguir para um exercício prático, um projeto
de uma área a ser urbanizada.

Exercício 1: calculos utilizando-se bocas-de-lobo de sarjeta com grelha,


aplicando a planilha eletrônica cujo arquivo é: Planilha_Sarjeta_Boca-de-
lobo_Grelha.

Exercício 2: calculos utilizando-se bocas-de-lobo de guia sem grelha, ou


seja, bocas-de-lobo simples, aplicando a planilha eletrônica cujo arquivo é:
Planilha_Guia_Boca-de-Lobo_Simples.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 136


8 - EXERCÍCIO 1
APLICAÇÃO:
9
APLICAÇÃO I:
Dimensionamento de um sistema de drenagem urbana
com bocas-de-lobo de sarjeta e com grelha

9.1 Avaliação e análise do levantamento topográfico


Nesta etapa, faz-se um estudo detalhado verificando medidas
limeares, altitudes, curvas de níveis, cadastros, marcos topográficos e tudo
que for necessário ou terá influência no projeto. Dado o levantamento
planialtimétrico com o projeto de urbanização (fiura 60).

9.2 Formação das áreas de contribuição e declividade dos trechos.


Nesta etapa, faz-se o lançamento dos eixos das ruas e divisão das
contribuições indicando a área em metros quadrados de cada uma e
também os sentidos dos escoamentos. Nesta etapa também identifica-se os
trechos (figura 61).

9.3 Preenchimento da planilha sarjeta-boca-de-lobo.


Nesta etapa, numeram-se os pontos para identificar os trechos,
coletam-se os comprimentos dos trechos e as altitudes dos pontos. Com os
dados levantados, preenche-se a planilha da "Sarjetas-Boca-de-Lobo",
anotando-se em cada coluna como segue:
- Coluna A - Nome das Ruas;
- Coluna B - Identificação dos trechos;
- Coluna C - Comprimento dos trechos Lt (m);
- Coluna D - Altitude de Montante A.M (m);
- Coluna E - Altitude de Jusante A.J (m);
- Coluna F -Declividade do trecho I (m/m) calculada automaticamente por:
. − .
=

TEMA – Engenharia e Arquitetura 137


TEMA – Engenharia e Arquitetura 138
Figura 78: Levantamento topográfico planialtimétrico e projeto.

139
TEMA – Engenharia e Arquitetura
Figura 79: Definição das áreas, trechos e escoamentos.

140
TEMA – Engenharia e Arquitetura
9.4 Definição das características das ruas.
Nesta etapa deve-se definir ou já estar definido por quem fez os
projetos das ruas, a seção tipo, indicando largura das ruas, declividade
transersal e altura do meio-fio. Para este exemplo didático, iremos utilizar a
lagura das ruas com 12,00m no total, sendo 7,00m de pista de rolamento e
mais 2,50m de calçada para cada lado. A declividade transversal será de
3,50% e altura do meio fio 15 cm.
Com estas definições, dá-se sequência ao preenchimento da planilha,
começando pelo quadro "Entrada de Dados".

- Coluna G - Cálculo da capacidade teórica da sarjeta Qst (m³/s) pela


equação de Manning:

= ∗ ℎ /"
∗ &/
/
- Coluna H - Cálculo da área da calha da sarjeta A (m²), considerando de
forma simplificada como triangular, cuja base é 1/3 da lagura da rua (La)e
a altura é proporcionalmente a esta lagura e a declividade transversal (yo).
?K ∗ 2K
=
2
- Coluna I - Cálculo da velocidade média Vo (m/s) pela equação:
1 $,4
JK = 0,958 ∗ $, 4 ∗ ( )"/Z ∗ [M $, 4
. /
- Coluna J - Cálculo do tempo de percurso pela equação:

MX =
60 ∗ JK
- Coluna K - Vazão de projeto Qp (m³)/s: este valor vem importado
automaticamente da planilha galerias.
- Coluna L - Largura da grelha W (m): este valor pode ser manipulado
para aumentar ou diminuir a capacidade de vazão da grelha;
- Coluna M - Comprimento da grelha L (m): este valor pode ser
manipulado para aumentar ou diminuir a capacidade de vazão da grelha;
- Coluna N - Determinação do valor de "y" utilizando-se a declividade Z
ea largura da grelha "W".
?∗.
2=
100
A figura 62 apresenta a indição dos valores de y, yo, W, Wo, L e Lo.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 141


Figura 80: Seção tipo de uma caixa de sarjeta com grelha.

- Coluna O - Determinação do valor de "L´" utilizando a equação:



´ = 1,2 ∗ JK ∗ M3< ∗ ( )$,4
3

- Coluna P - Verificação dos valores L e L´. Se L>L´não utilizar do valor


de "q2", considerar igual a zero. Se L<L´, utilizar o valor de "q2"
encontrado na coluna Q.

- Coluna Q - Determinação do valor de "q2" utilizando a equação:


Se for adotado um valor de L<L’ haverá um excesso de água q2 que
não será esgotado pela grelha, sendo calculado como:
T2 = 0,25 ∗ ( ´ − ) ∗ 3$,4 ∗ 2´&,4

- Coluna R - Determinação do valor de "Lo" utilizando a equação:


L>= L0 para que todo o escoamento longitudinal na sarjeta dentro da
faixa W da grelha seja esgotado. Se L<L0, as águas pluviais não
esgotadas ultrapassam as grelhas. O valor de L0 é calculado por:
2
K = ∗ JK ∗ ( )$,4
3

- Coluna S - Verificação dos valores L e Lo. Se L>Lo não utilizar do valor


de "q3", considerar igual a zero. Se L<Lo, utilizar o valor de "q3"
encontrado na coluna T
- Coluna T - Determinação do valor de "q3" utilizando a equação:
TEMA – Engenharia e Arquitetura 142
Em condições normais, as grelhas devem ser dimensionadas tal que
L ≥ L0.
Se, por algum motivo, L < L0, a vazão que ultrapassa a grelha pode
ser calculada como:

T3 = K ∗ (1 − )
K

- Coluna U - Determinação do valor de "q" utilizando a equação:


Assim sendo, a vazão total que ultrapassa a grelha é calculada por:
T = T2 + T3

- Coluna V - Determinação do valor da vazão "Q" esgotada pela grelha


utilizando a equação:
= K−T

- Coluna W - Fator de redução FR:


- Coluna X - Determinação do valor da vazão admissível "Qadm"
considerando o fator de redução FR:
8n = ∗ 7
- Coluna Y - Determinação do valor da vazão admissível "Qadm*2"
considerando que teremos sempre um par de bocas-de-lobo, uma em cada
lado da rua.
8n ∗ 2 = 8n ∗ 2

- Coluna Z - Determinação do espaçamento máximo "emax" entre as


bocas-de-lobo:
M ∗ ( 8n ∗ 2)
W 8o =
X

- Coluna AA - Determinação do número mínimo de conjunto "N°CBL" de


bocas-de-lobo calculadoconsiderando os dois lados da pista de rolamento,
no trecho considerado:
M
° q = ∗2
W 8o
- Coluna AB

TEMA – Engenharia e Arquitetura 143


- Determinação do número mínimo "N°BL" de bocas-de-lobo adotado,
somatório total no trecho considerado.
°q
= ° q
+J r r sr r s r

9.5 Preenchimento da planilha galerias.

Nesta etapa, a planilha da "Sarjetas-Boca-de-Lobo" já estará


preenchida e calculada:
- Coluna A - Identificação das ruas: importada automaticamente da
planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna B - Identificação dos trechos: importada automaticamente da
planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna C - Identificação dos comprimentos dos trechos: importada
automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna D - Área de contribuição.
- Coluna E - Área de contribuição, tomada no prejeto (m²).
- Coluna F - Definição do tempo de concetração pela fórmula de Kirpich,
que deve ser igual ao tempo de entrada, variando entre 5minutos e 20
minutos, a critério do projetista, porém justificado pelas características
topográficas e morfológicas da área de contribuiçõ a montante. Este valor é
para o primeiro tracho, para o segundo este valor é somado ao tempo de
percurso tp do primeiro trecho.

tc = 57 ×
(L )
3 0 ,385

- Coluna G - Tempo de percurso, importado automaticamente da planilha


Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna H - Cálculo da intensidade de chuva "i" dado pela equação das
chuvas intensas:
K *T a
i=
(t + b )c

TEMA – Engenharia e Arquitetura 144


Neste exemplo, estamos utilizando a Estação Pluviométrica de Campo
Grande identificada com número 2054014 cujos parâmetros são:
K = 864,75; a=0,1458; b=10; c=0,7419 e T=10 anos.
- Coluna I - Coeficiente de escoamento superficial "C". Neste caso
aconselha-se verificar a taxa de ocução do solo, assim determinar a taxa de
impermeabilização permitida, geralmente 80% incluindo edificações e
pavimentações. Nestes casos podemos adotar C=0,8.
- Coluna J - Cálculo da vazão de projeto "Qp". É calculada pelo métdo
racional, utilizando a área de contribuição A (ha), a intensidade de chuva
i(mm/h) e o coeficiente C, tudo isso dividido por 3,6 para ajuste com a
unidadee em hectare (ha).
∗ ∗
X=( )
3,6
- Coluna K - Vazão admissível da boca-de-lobo, capacidade de
engolimento. Esta vazão é transferida para as galerias a cada conjunto de
bocas-de-lobo. É importada automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-
Lobo-Grelha.
- ColunasL e M - Definição da profundidade da galeria de montante e
jusante, medida na geratriz superior do tubo de acordo com as orientações
abaixo:
a) Tubo D = 30 cm - 1,20m;
b) Tubo D = 40 cm - 1,50m;
c) Tubo D = 50 cm - 1,60m;
d) Tubo D = 60 cm - 1,70m;
e) Tubo D = 80 cm - 1,90m;
f) Tubo D = 100 cm - 2,10m;
g) Tubo D = 120 cm - 2,30m;
Para necessidade de profundidades menores, podemos utilizar tudos
de concreto armado, com uma ou duas armações, conforme a necessidade.
Lembrar que a profundidade é a proteção mecânica dos tubos.
Com a manipulação das profundidades podemos controlar a
declividade e com isso controlar também as velocidade míminas e
máximas.
- Coluna N e O - Altitude de montante e jusante, cotas altimétricas do
pontos. É importada automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-
Grelha.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 145


- Coluna P - Cálculo da declividade da galeria, dada pela relação entre as
diferença de nível entre os pontos e a distância entre eles.

=
M
- Coluna Q - Cálculo do diâmetro mínimo pela equação de Manning,
definindo-se também a relação altura da lâmina de água e o diâmetro.
Neste exemplo estamos utilizando a relação y/D=0,9 cuja equação é:
= 1,511 ∗ (/ ∗ ∗ i&/ )"/%
- Coluna R - Diâmetro adotado "Dadot". O Diêmtro calculado é um valor
que não encontraremos no mercado, ou pode estar abaixo do mínimo
permitido. Assim precisamos adotar um diâmtro que satisfaça as condições
de disponibilidade do mercado com também atender as exigências
mínimas.
- Coluna S - Cálculo da velocidade de projeto "Vp", definida a partir das
condições já estabelecidas como o diêmetro adotado, a declividade da
tubulação e o coeficiente de rugosidade. O valor encontrado deve ser
comparado com a velocidade mínima de 0,75m/s e 5,0m/s, dado pela
equação:
0,397 ∗ /"
∗ &/
JX =
/
- Coluna T- Verificação das velocidades mínima com a velocidade de
projeto. Se a velocidade de projeto Vp estiver acima da mínima, na coluna
S aparecerá "OK", mas se estiver abaixo aparecerá "AUMENTAR A
DECLIVIDADE". Para aumentantar a declividade basta manipular as
profundidades de montante e jusante.
- Coluna U- Verificação das velocidades máxima com a velocidade de
projeto. Se a velocidade de projeto Vp estiver a abaixo da máxima, na
coluna T aparecerá "OK", mas se estiver acimao aparecerá "DIMINUIR A
DECLIVIDADE". Para diminuir a declividade basta manipular as
profundidades de montante e jusante.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 146


10 - EXERCÍCIO 2
APLICAÇÃO II: Dimensionamento de um sistema de
drenagem urbana com bocas-de-lobo de guia e sem
grelha. Boca-de-lobo simples.

10.1 Avaliação e análise do levantamento topográfico


Nesta etapa, faz-se um estudo detalhado verificando medidas
limeares, altitudes, curvas de níveis, cadastros, marcos topográficos e tudo
que for necessário ou terá influência no projeto. Dado o levantamento
planialtimétrico com o projeto de urbanização (fiura 60).

10.2 Formação das áreas de contribuição e declividade dos trechos.


Nesta etapa, faz-se o lançamento dos eixos das ruas e divisão das
contribuições indicando a área em metros quadrados de cada uma e
também os sentidos dos escoamentos. Nesta etapa também identificam-se
os trechos (figura 61).

10.3 Preenchimento da planilha sarjeta-boca-de-lobo.

Nesta etapa, numeram-se os pontos para identificar os trechos,


coletam-se os comprimentos dos trechos e as altitudes dos pontos. Com os
dados levantados, preenche-se a planilha da "Sarjetas-Boca-de-Lobo",
anotando-se em cada coluna como segue:
- Coluna A - Nome das Ruas;
- Coluna B - Identificação dos trechos;
- Coluna C - Comprimento dos trechos Lt (m);
- Coluna D - Altitude de Montante A.M (m);
- Coluna E - Altitude de Jusante A.J (m);
- Coluna F - Declividade do trecho I (m/m) calculada automaticamente
por:
. − .
=

TEMA – Engenharia e Arquitetura 147


10.4 Definição das características das ruas.
Nesta etapa deve-se definir ou já estar definido por quem fez os
projetos das ruas, a seção tipo, indicando largura das ruas, declividade
transersal e altura do meio-fio. Para este exemplo didático, iremos utilizar a
lagura das ruas com 12,00m no total, sendo 7,00m de pista de rolamento e
mais 2,50m de calçada para cada lado. A declividade transversal será de
3,50% e altura do meio fio 15cm.
Com estas definições, dá-se sequência ao preenchimento da planilha,
começando pelo quadro "Entrada de Dados".
- Coluna G - Cálculo da capacidade teórica da sarjeta Qst (m³/s) pela
equação de Manning:

= ∗ ℎ /" ∗ &/
/
- Coluna H - Cálculo da área da calha da sarjeta A (m²), considerando de
forma simplificada como triangular, cuja base é 1/3 da lagura da rua (La) e
a altura é proporcionalmente a esta lagura e a declividade transversal (yo).
?K ∗ 2K
=
2
- Coluna I - Cálculo da velocidade média Vo (m/s) pela equação:
1 $,4
JK = 0,958 ∗ $, 4 ∗ ( )"/Z ∗ [M $, 4
. /
- Coluna J - Cálculo do tempo de percurso pela equação:

MX =
60 ∗ JK
- Coluna K - Vazão de projeto Qp (m³)/s: este valor vem importado
automaticamente da planilha galerias.
- Coluna L - Capacidade de descarga da boca-de-lobo Qbl, importada
automaticamente da planilha Boca-de-Lobo;
- Coluna M - Determinação do valor da vazão admissível "Qadm"
considerando o fator de redução FR:
8n = ∗ 7
- Coluna N - Fator de redução FR:

TEMA – Engenharia e Arquitetura 148


- Coluna O - Determinação do valor da vazão admissível "Qadm*2"
considerando que teremos sempre um par de bocas-de-lobo, uma em cada
lado da rua.
8n ∗ 2 = 8n ∗ 2

- Coluna P - Determinação do espaçamento máximo "emax" entre as


bocas-de-lobo:
M ∗ ( 8n ∗ 2)
W 8o =
X

- Coluna Q - Determinação do número mínimo de conjunto "N°CBL" de


bocas-de-lobo calculado considerando os dois lados da pista de rolamento,
no trecho considerado:
M
° q = ∗2
W 8o
- Coluna R
- Determinação do número mínimo "N°BL" de bocas-de-lobo adotado,
somatório total no trecho considerado.
°q
= ° q
+J r r sr r s r

10.5 Preenchimento da planilha galerias.

Nesta etapa, a planilha da "Sarjetas-Boca-de-Lobo" já estará


preenchida e calculada:
- Coluna A - Identificação das ruas: importada automaticamente da
planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna B - Identificação dos trechos: importada automaticamente da
planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna C - Identificação dos comprimentos dos trechos: importada
automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna D - Áreas de contribuição.
- Coluna E - Área de contribuição, tomada no prejeto (m²).
- Coluna F - Definição do tempo de concetração pela fórmula de Kirpich,
que deve ser igual ao tempo de entrada, variando entre 5minutos e 20
TEMA – Engenharia e Arquitetura 149
minutos, a critério do projetista, porém justificado pelas características
topográficas e morfológicas da área de contribuiçõ a montante. Este valor é
para o primeiro tracho, para o segundo este valor é somado ao tempo de
percurso tp do primeiro trecho.

tc = 57 ×
(L )
3 0 ,385

H
- Coluna G - Tempo de percurso, importado automaticamente da planilha
Sarjeta-Boca-de-Lobo-Grelha.
- Coluna H - Cálculo da intensidade de chuva "i" dado pela equação das
chuvas intensas:
K *T a
i=
(t + b )c
Neste exemplo, estamos utilizando a Estação Pluviométrica de Campo
Grande identificada com número 2054014 cujos parâmetros são:
K = 864,75; a=0,1458; b=10; c=0,7419 e T=10 anos.
- Coluna I - Coeficiente de escoamento superficial "C". Neste caso
aconselha-se verificar a taxa de ocução do solo, assim determinar a taxa de
impermeabilização permitida, geralmente 80% incluindo edificações e
pavimentações. Nestes casos podemos adotar C=0,8.
- Coluna J - Cálculo da vazão de projeto "Qp". É calculada pelo métdo
racional, utilizando a área de contribuição A (ha), a intensidade de chuva
i(mm/h) e o coeficiente C, tudo isso dividido por 3,6 para ajuste com a
unidadee em hectare (ha).
∗ ∗
X=( )
3,6
- Coluna K - Vazão admissível da boca-de-lobo, capacidade de
engolimento. Esta vazão é transferida para as galerias a cada conjunto de
bocas-de-lobo. É importada automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-
Lobo-Grelha.
- Colunas L e M - Definição da profundidade da galeria de montante e
jusante, medida na geratriz superior do tubo de acordo com as orientações
abaixo:
a) Tubo D = 30 cm - 1,20m;
b) Tubo D = 40 cm - 1,50m;
c) Tubo D = 50 cm - 1,60m;
d) Tubo D = 60 cm - 1,70m;
e) Tubo D = 80 cm - 1,90m;
TEMA – Engenharia e Arquitetura 150
f) Tubo D = 100 cm - 2,10m;
g) Tubo D = 120 cm - 2,30m;
Para necessidade de profundidades menores, podemos utilizar tudos
de concreto armado, com uma ou duas armações, conforme a necessidade.
Lembrar que a profundidade é a proteção mecânica dos tubos.
Com a manipulação das profundidades podemos controlar a
declividade e com isso controlar também as velocidade míminas e
máximas.
- Coluna N e O - Altitude de montante e jusante, cotas altimétricas do
pontos. É importada automaticamente da planilha Sarjeta-Boca-de-Lobo-
Grelha.
- Coluna P - Cálculo da declividade da galeria, dada pela relação entre as
diferença de nível entre os pontos e a distância entre eles.

=
M
- Coluna Q - Cálculo do diâmetro mínimo pela equação de Manning,
definindo-se também a relação altura da lâmina de água e o diâmetro.
Neste exemplo estamos utilizando a relação y/D=0,9 cuja equação é:
= 1,511 ∗ (/ ∗ ∗ i&/ )"/%
- Coluna R - Diâmetro adotado "Dadot". O Diêmtro calculado é um valor
que não encontraremos no mercado, ou pode estar abaixo do mínimo
permitido. Assim precisamos adotar um diâmtro que satisfaça as condições
de disponibilidade do mercado com também atender as exigências
mínimas.
- Coluna S - Cálculo da velocidade de projeto "Vp", definida a partir das
condições já estabelecidas como o diêmetro adotado, a declividade da
tubulação e o coeficiente de rugosidade. O valor encontrado deve ser
comparado com a velocidade mínima de 0,75m/s e 5,0m/s, dado pela
equação:
0,397 ∗ /"
∗ &/
JX =
/
- Coluna T- Verificação das velocidade mínima com a velocidade de
projeto. Se a velocidade de projeto Vp estiver acima da mínima, na coluna
S aparecerá "OK", mas se estiver abaixo aparecerá "AUMENTAR A
DECLIVIDADE". Para aumentantar a declividade basta manipular as
profundidades de montante e jusante.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 151


- Coluna U- Verificação das velocidade máxima com a velocidade de
projeto. Se a velocidade de projeto Vp estiver a abaixo da máxima, na
coluna T aparecerá "OK", mas se estiver acimao aparecerá "DIMINUIR A
DECLIVIDADE". Para diminuir a declividade basta manipular as
profundidades de montante e jusante.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 152


11 - GESTÃO DO SISTEMA DE
DRENAGEM URBANA

11.1 Introdução

Se implantação de um novo sistema de drenagem parece complexo


fazer a gestão se torna ainda mais, haja vista que ao entrar em operação fica
exposto a toda ação da natureza e dos usuários do sistema. Esta diferença
surge no momento em que colocamos em prática tudo que projetamos,
afinal, em termos de projeto, em papel tudo pode ser aceitável, no entanto,
na prática observamos muitas situações diferentes da que propomos em
projetos.
Fazer a gestão de um sistema de drenagem urbana significa
acompanhar o desempenho e do estado de conservação, para que a partir de
diagnósticos possa indicar a manutenção correta e devolver ao sistema ou
mais precisamente aos dispositivos sua funcionalidade. Para tanto é
necessário obtermos um diagnóstico da situação de todo o sistema,
incluindo a micro drenagem e a macro drenagem.
Para tanto, precisa-se fazer um levantados de dados de modo a
representar ascaracterísticas atuais do sistema de drenagem da bacia,
considerando a hidrografia e dispositivos da infraestrutura urbana de coleta
e transporte das águas pluviais, além de nascentes e da presença de
sedimentos.
A investigação deve ser realizada do geral ao particular, sendo
primeiramente pesquisada a macro drenagem compreendida pela rede
hidrográfica e o Rio principal de. A rede hidrográfica é formada pelo Rio
principal e seus afluentes, considerando os rios perenes, intermitentes e
efêmeros. As figuras 77, 78, 79 e 80 apresentam situações diferentes da
macro drenagem e transformações pela antropização.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 153


Figura 82: Rio perene em meio a bacia Figura 81: Transição de um Rio Perene para o
urbanizada. sistema de drenagem artificial

Figura 84: Macro drenagem canalizada. Figura 83: Transição do sistema de drenagem
Rio perene. artificial para o natural.

Posteriormente o levantamento deve seguir namicrodrenagem com o


levantamento dos dispositivos de drenagem urbana tais como, altura de
meio fio, largura de ruas, dimensões de caixas coletoras, poços de visita, e
galerias de águas pluviais. Estes dados devem ser obtidos com
levantamento de campo com tomada de fotografias digitais, medições dos
dispositivos com o uso de trena e georeferenciamento com GPS.
De posse dos dados levantados, utiliza-se a base cartográfica
eimagem de aéreas obtidas por voos fotogramétricos ou mesmo por satélite
para validação dos dados.
Para além das informações geométricas do sistema não podemos
deixar de levantar um dos principais problemas no sistema de drenagem, os
sedimentos, comumente presentes no sistema (figura 81),são responsáveis
pela redução da capacidade de descarga de calhas, canais e galerias pela
diminuição de seções transversais ou até o completoentupimento.
.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 154


Figura 85: Produção de sedimentos para o sistema de drenagem.

11.2 Levantamento de campo

O levantamento de campo é necessário para gerar dados e que se


tenha conhecimento das potencialidades e fragilidades instaladas, além da
geometria dos dispositivos do sistema de drenagem.

a) Avaliação quantitativa
Com os dados produzidos em campo utiliza-se para gerar os dados
calculados a partir do levantamento “in loco”. Quanto à macrodrenagem,
analisa-se a rede hidrográfica de modo a reconhecer os canais que ainda
permanecem com escoamento a céu aberto, aqueles que estão totalmente
canalizados e a transição de aberto para a canalização subterrânea.
Para a hidrografia canalizada, analisa-se a capacidade de descarga
utilizando-se dos dados e variáveis hidrológicas determinadas
anteriormente, assim como os modelos matemáticos da hidráulica. Para
determinação das vazões máximas e de pico é utilizado o método racional
na análise da canalização da hidrografia. Para avaliação do Rio principal
deve-se utilizar o hidrograma unitário, método do Soil Conservacion
Service (SCS) com a distribuição das chuvas pelo método dos blocos
alternados.
Além da análise técnica quantitativa relativa à dimensionamentos,
analisa-se também qualitativamente quanto ao estado de conservação e
funcionamento. Aanálise damicro drenagem também se dá
quantitativamente nos aspectos técnicos de dimensionamento e
TEMA – Engenharia e Arquitetura 155
qualitativamente emrelação ao estado de conservação e funcionamento do
dispositivo e de todo o sistema.
O dimensionamento das seções é realizado pela equação de Maninng
comas variáveis definidas nos levantamentos dos dados desta pesquisa nos
dispositivos de macro e micro drenagem. Relaciona-se, áreas de
contribuição, coeficiente de escoamento superficial, CN (CurveNumber),
tempo de concentração, declividades transversais e longitudinais,
coeficiente de rugosidade.
Os pontos potenciais de produção de sedimentos devem
seranalisados segundo tipologia e modo de deposição de resíduos sólidos
(lixos eRCD´s), assim como a contribuição dos solos expostos sujeitos ao
carreamento pelas águas das chuvas.
Para avaliar os resultados gerados em cada seção de drenagem
(ponto), procedem-seas comparações das seções levantadas em campo
(situação real) com as mínimas necessárias dimensionadas a partir das
características reais encontradas na bacia hidrográfica.

b) Avaliação qualitativa
Na avaliação qualitativa do sistema, procura-se identificar aspectos
geométricos e também de manutenção capaz de reduzirem a eficiência dos
dispositivos a nível local ou pontual, e do sistema a nível geral ou
integrado.
Quanto às áreas potencialmente produtoras de sedimentos para a rede
de drenagem, avaliam-se os tipos de material encontrado, a origem e os
modos de carreamento para o sistema de drenagem.
Todo novo projeto de drenagem urbana tem como produto final as
dimensões determinadas por modelos matemáticos que se utilizam de
variáveis definidas via hidráulica e hidrologia. O diagnóstico de um sistema
de drenagem urbana compreende o levantamento das dimensões
anteriormente definidas em projeto com a finalidade de verificaçãoda
funcionalidade e eficiência do sistema implantado.
Sendo assim podemos tratar esta metodologia como sendo o
processo inverso de definição de um sistema de drenagem, onde as
dimensões estão definidas e avaliam-se os resultados de um projeto.

c) Cadastro do sistema de macro drenagem

TEMA – Engenharia e Arquitetura 156


Para a realização do cadastramento do sistema de drenagem pluvial
urbana da bacia é necessário o levantamento dos dados em campo a partir
da leitura de mapas tais como do sistema viário e base cartográfica,
disponibilizados para reconhecimento do local.
A coleta de dados em campo pode ter início com a tomada de
medidas, georeferenciamento e registro fotográfico da micro e
macrodrenagem. O cadastro refere-se à tomada de medidas como
posicionamento por coordenadas UTM, largura de rios intermitentes e
perenes, largura das ruas, abertura das caixas coletoras, declividades
transversais e longitudinais das ruas, tipo de revestimentos de ruas e canais,
dimensões de canalizações, entre outras.
No levantamento podem-se encontrar situações em que projeto
algum de drenagemtem previsto, tal como a figura 82, com o Rio principal
totalmente coberto e sob a garagem de u Shopping, na figura 83, onde o
Rio Principal está confinado por residências com suas fundações e paredes
coincidentes com a margem.

Figura 86: Rio principal confinado sob a garagem de Figura 87: Rio principal confinado
um shopping. lateralmente por residências.

Além destes tipos de confinamento, devemos também levantar a


situação das canalizações sob-ruas e sob a cidade de um modo geral e
também aqueles pontos que são fechados somente no cruzamento de ruas,
servindo como pontes (figura 84 e 85).

TEMA – Engenharia e Arquitetura 157


Figura 88: Rio principal sob a cidade. Figura 89: Rio principal sob transposição de
ruas.

O adensamento populacional e a pressão urbana contribuem para


uma significativa alteração da paisagem, substituindo ao longo dos anos o
leito natural do Rio principal e seus afluentes por lajes de concreto e
edificações.
Uma análise de uma boa base cartográfica e fotografias aéreas de
anos anteriores com a sobreposição com outras atuais permitem a avaliação
da extensão da urbanização e a quantificação dos trechos já canalizados. As
figuras 86 e 87 apresentam um exemplo da pressão urbana sobre o Rio
principal, gerando não somente a canalização, mas também retificações e
redução do comprimento.

Figura 90: rio principal em 1956 em seu leito natural.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 158


Figura 91: Rio principal em 2010 com retificação e canalização.

d) Cadastro do sistema de micro drenagem


O diagnóstico da micro drenagem abrange todos os dispositivos
implantados para comporem a drenagem urbana tais como, vias de
circulação, tipo de pavimentação, sarjetas, meio fio, caixas coletoras de
águas pluviais, poços de visita e galerias.
Como visto no item 4.5.4, a bacia hidrográfica tem como nova
configuração hidrográfica a malha viária, funcionando como uma nova
rede de drenagem, podendo ser chamada de “hidrografia viária”. Nesta
nova configuração e denominação da bacia transformada, os canais
coletores das águas de escoamentos superficiais são as vias públicas, as
quais levam as águas até as caixas coletoras, estas as transferem para as
tubulações subterrâneas instaladas sob as vias, que por sua vez descarregam
nas galerias, e estas finalmente desembocam no Rio Principal.

O levantamento para reconhecimento dos dispositivos do sistema de


drenagem urbana de toda a bacia hidrográfica deve ser realizado a partir da
seleção da base cartográfica e ortofotos recentes de modo a planejar as
estartégias de ação do trabalho de campo. Para facilitar o trabalho sugere-se
que a bacia seja subdividida em micro bacias.
Os dados a serem coletados das caixas coletoras de águas pluviais
deve ser a largura (L), a altura (H) e o rebaixo quando houver, como
TEMA – Engenharia e Arquitetura 159
apresentado na figura 88 para as caixas de guia e figura 89 para as caixas
de sarjeta com grelha. Estas são as dimensões que devem ser determinadas
de acordo com sua capacidade de descarga, utilizando-se a equação já
apresentada anteriormente.
Q = 1,71 × L × H 3 / 2

Figura 92: Coleta de dados da caixa coletora de Figura 93: Coleta de dados da caixa coletora de
guia. sarjeta com grelha.

As figuras 90 e 91 mostram a coleta de dados como altura do meio


fio ou guia das ruas e declividades transversais à formação das sarjetas.
Estes dados serão utilizados para a detreminação da capacidade de descarga
das sarjetas podendo ser calculadas pela equação de Manning, já
apresentada anteriormente:

A
Q= × Rh 2 / 3 × I 1/ 2
n

Figura 94: Coleta de dados da sarjeta.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 160


Figura 95: Representadção dos dados coletados na sarjeta.

A declividade transversal em porcentagem foi determinada por


semelhança de triângulos formada:
Declividade transversal – DT (%) = (100*Alt. Transv.)/1,50.

As fotografias são de grande importância para a posterior avaliação e


controle dos dados. As figuras 92, 93, 94 e 95 apresentam exemplos onde
as informações podem ser observadas diretamente na imagem. No primeiro
caso (92) é uma caixa coletora considerada em boas condições, com
dimensõesaparentemente compatíveis, mas que serão recalculadas
posteriormente. No segundo caso (93), a caixa coletora apresenta
sedimentos sendo captados, estes irão depositar-se no fundo das galeriais.
No terceiro (94), a caixa coletora está com sua capacidade de captação de
água reduzida a zero, resultado de vandalismos provocados pelos próprios
usuários. E, no quarto caso (95), a caixa coletora também está com a
capacidade reduzida à zero por falta de manutenção.

Figura 96: Caixa coletora em boas condições. Figura 97: Caixa coletora com sedimentos.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 161


Figura 98: Caixa inudtilizada. Vandalismo. Figura 99: Caixa inutilizada. Falta de
manutenção.

Quando a área urbana apresenta-se com seus dispositivos de


drenagem conforme as imagens acima, em situação precária, destruídas por
vandalismos ou falta de limpeza, certamente tem uma tendência aumentada
em ocorrer inundações bruscas.
É importante ressaltar que em qualquer um destes casos há a
participação com ações negativas por parte da população ou mesmo a falta
de ações por parte da prefeitura.

e) Produção de sedimentos no sistema de drenagem


São vários os agentes responsáveis pelo aumento da concentração de
sedimentos no meio urbano. Diante da constatação que sedimentos
reduzem significativamente a capacidade de descargas das tubulações pela
redução da área das seções tranversais, deve ser realizado um levantamento
criterioso das áreas que compreendem a bacia onde está instalada a
urbanização. O trabalho pode ser realizado diretamente em campo com
registros fotográficos, GPS e identificação do tipo de sedimentos, origem e
forma de lançamento no sistema de drenagem.
Observa-se que a construção civil é responsável por grande parte dos
sedimentos produzidos e lançados no sistema de drenagem. Durante a
execução das obras o solo decapado fica completamente exposto à ação das
chuvas e sem contenção no limite do terreno com a via pública. A figura 96
demonstra este evento, com um solo argiloso resultado de terraplanagem
para construção de uma residência. As marcas no pavimento indicam o
carreamento desta argila para a caixa coletora situada em cota abaixo do
imóvel.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 162


Figura 100: Produção de sedimentos em obras de construção civil.

Esta argila entra nas tubulações subterrâneas e nas áreas mais baixas
e com pouca declividade, deposita-se na geratriz inferior interna das
canalizações reduzindo a capacidade de vazão (figura 97).

Figura 101: Garelias entupida por sedimentos.

Para este forma de ação comum nos processos de produção da


constrção civil, não é comum haver por parte da gestão pública normas
para coibir, e a falta de consciência acabam agravando a siuação nos
eventos de chuvas intensas.
Também ligado à obras de construção civil é a deposição de
materiais granulares como britas, areias e argamassas prontas sobre as
calçadas, figuras98 e 99, sendo que nesse caso em muitas vezes,
depositados próximos e mesmo sobre uma caixa coletora, figura 83. Como
consequência deste ato, a sarjeta deixa de cumprir sua função de transporte

TEMA – Engenharia e Arquitetura 163


das águas até as caixas coletoras, e em dias de chuvas este material
transforma-se em sedimentos dentro do sistema de drenagem.

Figura 102: Depósito de areia e argamassa sobre


Figura 103: Depósito de brita sobre a calçada e
a calçada e caixa coletora. caixa coletora.

As obras públicas também apresentam suas parcelas de contribuição


na produção e lançamento de sedimentos no sistema de drenagem. São
obras de pavimentação e drenagem onde o excesso de materiais de
construção acaba sendo os primeiros sedimentos no novo sistema
implantado.
A figura 100 apresenta o resultado da implantação de um sistema de
drenagem com pavimentação da rua em lajotas de concreto antes mesmo da
conclusão da obra. A pavimentação em blocos exige o preenchimento das
juntas com areia ou material de granulometria fina de modo a fornecer
estabilidade às peças. Da forma como é executado, o material granular fino
é colocado em quantidade muito acima do volume disponível entre os
blocos. As chuvas encarregam-se de transportar e depositar em caixas
coletoras e galerias pluiais.

Figura 104: Sedimento de material de pavimentação.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 164


O comportamento da população, ou o usuário, participam neste
processo de sedimentação do sistema de drenagem urbana com resíduos
sólidos lançados nas vias de circulação. Estes são carreados para as caixas
coletoras e tubulações impedindo ou alterando o escoamento adequado
dentros das galerias. A figura 101 apresenta uma caixa coletora de sarjeta
com grelha com resíduos sólidos carregados pelas águas das chuvas.

Figura 105: Caixa coletora entupida de lixo.

A grande quantidade de matariais depositados dentro das galerias


subtarrâneas e das caixas coletoras é facilmente percebida logo após uma
inundação brusca. As águas emergem das galerias via caixa coletora e
devolvem o material sedimentado novamente para a superfície da rua. As
figuras 102 e 103 indicam respectivamente a deposição de sedimentos
oriundos das galerias subterrâneas e de pontos a montante em cotas mais
alta.

Figura 106: Sedimentos retirados das galerias


pela inundação.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 165


Figura 107: Sedimentos depositados na rua,
retirados das galerias pela inundação.

f) Esgotos sanitários no sistema de drenagem


Mesmo que o município tenha implantado seu sistema de coleta,
transporte e tratamento de esgoto sanitário é comum encontramos ligações
diretamente nas redes pluviais. Desta forma, o sistema de drenagem ainda
continua recebendo grandes cargas de esgotamento sanitário e até mesmo
de pequenas indústrias instaladas nos limites da bacia hidrográfica.
No levantamento de campo também encontra-se ligações de esgoto
de maneira muito precária como é o caso apresentado nas figuras104 e 105
com ligação diretamente na caixa coletora e tubulações expostas
externamente.

Figura 108: Ligação de esgoto cloacal na rede Figura 109: Ligação de esgoto cloacal na caixa
pluvial. coletora.

Estes dados coletados e tratados de forma sistematizada fornecem


subsídios para fazer a gestão do sistema de drenagem não importando se
instalado recentemente ou se a urbanização já é antiga. Com todos os dados
TEMA – Engenharia e Arquitetura 166
relativo a bacia hidrográfica, de tosos os dispositivos do sistema de micro
drenagem, da micro drenagem, potencialidades e fragilidades alem de
conhecer a hidrologia local, pode-se desenvolver sistemas próprios para a
gestão, como softwares, SIG e até mesmo planilhas, que são mais
acessíveis.
No CD anexo a esta aplostila, encontra-se um exemplo de aplicação
de uma planilha eletrônica, na qual encontra-se todos os dados levantados
na área urbana e cálculos dimensionais comparativos com a situação
encontrata e a situação ideal.
Nome do arquivo: Planilha_Gestão_Drenagem.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 167


12 - REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.13, (Suplemento),
p.899–905, 2009 Campina Grande, PB, UAEA/UFCG –
http://www.agriambi.com.br Protocolo 054.08 – 19/03/2008 • Aprovado
em 18/05/2009.

ORIGE OLIVEIRA, M., OLIVEIRA, T.S. JULIÃO, R.P. Integração de


informações geoespaciais para analisar a ocupação do solo na área de
preservação permanente da bacia hidrográfica do Rio
Criciúma/SC/BRASIL. São Paulo, UNESP, Geociências, v. 34, n.1, p145-
152, 2015.

OLIVEIRA, TADEU DE SOUZA. Aplicação do Cadastro Técnico


Visando a Avaliação de Inundações Urbanas. Tese de Doutorado. UFSC.
Florianópolis. 2012.

TEMA – Engenharia e Arquitetura 168


TEMA – Engenharia e Arquitetura 169
DRENAGEM URBANA - SARJETAS E BOCAS-DE-LOBO SIMPLES Vazões Espaçamento

Trech A.M. Qst(m3/s tp emax( N°CBL(cal N°BL(adot


Rua o Lt (m) (m) A.J. (m) I (m/m) ) A (m2) Vo(m/s) (min.) Qp Qbl(m³/s) Qadm FR Qadm*2 m) c) )

Projetada 6.1--6 78,700 145,500 136,000 0,1207 3,3103 0,09528 8,7000 0,15 0,128 0,04326 0,035 0,800 0,069 42,71 1,84 4,00

Projetada 6.1--7 98,068 145,000 132,700 0,1254 3,3743 0,09528 8,8681 0,18 0,193 0,04326 0,035 0,800 0,069 35,20 2,79 4,00

Projetada 7--8 158,903 132,700 119,000 0,0862 2,7976 0,09528 7,3525 0,36 0,541 0,04326 0,035 0,800 0,069 20,34 7,81 10,00

Projetada 4--7 59,959 135,80 132,70 0,0517 2,1665 0,09528 5,6937 0,18 0,052 0,04326 0,035 0,800 0,069 80,11 0,75 4,00

Entrada de dados
Largura pista -
LP 7,00
Largura lámina de água -
Wo 2,33
Altura da guia -
h 0,150
Altura de água máxima -
yo 0,1225
Altura de água 1/3 da
pista - y 0,0817
Declividade transversal -
z 3,500

Valor de m 4,000
Coeficiente de manning -
n 0,018

Tg Ø 28,571

170
TEMA – Engenharia e Arquitetura
DRENAGEM URBANA - GALERIAS - BOCA DE LOBO SIMPLES Data
i
Área(Km tc(mi tp(mi (mm/h Qp(m3 Qadm*2(m Prof. Prof I D(mm) Dadot( Vp(m/ Velocidade Mínima Velocidade Máxima
Rua Trecho Lt (m) Área 2) n) n) ) C /s) 3/s) Mont Jus A.M A.J (m/m) calc m) s) >=0,75m/s <=5,0m/s

162,23 0,8 144,00 134,50


Projetada 6.1--6 78,700 A13+A16 3.538,05 5,00 0,15 6 0 0,128 0,06922 1,500 1,500 0 0 0,1207 0,1829 0,40 4,16 OK OK

A13.1+A 161,03 0,8 143,50 131,20


Projetada 6.1--7 98,068 16.1 5.387,89 5,15 0,18 7 0 0,193 0,06922 1,500 1,500 0 0 0,1254 0,1816 0,40 4,24 OK OK

158,90 159,59 0,8 131,20 117,50


Projetada 7--8 3 A14+A17 8.350,66 5,34 0,36 9 0 0,541 0,06922 1,500 1,500 0 0 0,0862 0,1948 0,40 3,52 OK OK

162,23 0,8 134,30 131,20


Projetada 4--7 59,959 A9+A10 1.436,91 5,00 0,18 6 0 0,052 0,06922 1,500 1,500 0 0 0,0517 0,2144 0,40 2,72 OK OK
ENTRADA DE
DADOS

K 864,75

a 0,1458

b 10

c 0,7419

T 10

n 0,018

171
TEMA – Engenharia e Arquitetura
DRENAGEM URBANA - SARJETAS E BOCAS-DE-LOBO DE SARJETA COM
GRELHA - Boca de lobo com Grelha Espaçamento
I tp Ver Ver
Trech A.M. A.J. (m/m Qst(m3/ A Vo(m/ (min. Le Le Qad Qadm* emax( N°CBL(cal N°BL(ado
Rua o Lt (m) (m) (m) ) s) (m2) s) ) Qp W L y' L' L´ q2 Lo Lo q3 q Q FR m 2 m) c) t)

Projetad 145,50 136,00 0,120 0,0952 0,12 0,3 1,8 0,0 9,7 q2=q 0,006 3,8 q3=q 0,0787 0,0854 0,04 0,8 0,03
a 6.1--6 78,700 0 0 7 3,3103 8 8,7000 0,15 8 0 0 1 6 2 7 9 3 5 6 2 0 4 0,067 41,56 1,89 4,00

Projetad 145,00 132,70 0,125 0,0952 0,19 0,3 1,8 0,0 9,9 q2=q 0,006 3,9 q3=q 0,1214 0,1283 0,06 0,8 0,05
a 6.1--7 98,068 0 0 4 3,3743 8 8,8681 0,18 3 0 0 1 5 2 9 6 3 9 6 4 0 2 0,103 52,45 1,87 4,00

Projetad 158,90 132,70 119,00 0,086 0,0952 0,54 0,3 0,9 0,0 8,2 q2=q 0,006 3,2 q3=q 0,4627 0,4689 0,07 0,8 0,05
a 7--8 3 0 0 2 2,7976 8 7,3525 0,36 1 0 0 1 5 2 2 9 3 1 0 2 0 8 0,115 33,79 4,70 10,00

Projetad 0,051 0,0952 0,05 0,3 1,5 0,0 6,3 q2=q 0,004 2,5 q3=q 0,0220 0,0261 0,02 0,8 0,02
a 4--7 59,959 135,80 132,70 7 2,1665 8 5,6937 0,18 2 0 0 1 9 2 1 5 3 6 8 6 0 0 0,041 47,45 1,26 4,00

Entrada de dados

Largura
pista -
LP 7,00
Largura lámina
de água - Wo 2,33
Altura
da guia
-h 0,150
Altura de água
máxima - yo 0,1225
Altura de água
1/3 da pista - y 0,0817
Declividade
transversal - z 3,500
Valor
de m 4,000
Coeficiente de
manning - n 0,018

Tg Ø 28,571

172
TEMA – Engenharia e Arquitetura
DRENAGEM URBANA - SARJETAS E BOCAS-DE-LOBO SIMPLES Vazões Espaçamento

Rua Trecho Lt (m) A.M. (m) A.J. (m) I (m/m) Qst(m3/s) A (m2) Vo(m/s) tp (min.) Qp Qbl(m³/s) Qadm FR Qadm*2 emax(m) N°CBL(calc) N°BL(adot)

Entrada de dados

Largura pista - LP

Largura lámina de água - Wo

Altura da guia - h

Altura de água máxima - yo

Altura de água 1/3 da pista - y

Declividade transversal - z

Valor de m

Coeficiente de manning - n

Tg Ø

173
TEMA – Engenharia e Arquitetura
DRENAGEM URBANA - GALERIAS - BOCA DE LOBO SIMPLES Data

Lt Áre Área(Km tc(mi tp(mi i Qp(m3/ Qadm*2(m3/ Prof. Prof A. I D(mm) Dadot(m Vp(m/ Velocidade Mínima Velocidade Máxima
Rua Trecho (m) a 2) n) n) (mm/h) C s) s) Mont Jus M A.J (m/m) calc ) s) >=0,75m/s <=5,0m/s

ENTRADA DE
DADOS

174
TEMA – Engenharia e Arquitetura
DRENAGEM URBANA - SARJETAS E BOCAS-DE-LOBO DE SARJETA
COM GRELHA - Boca de lobo com Grelha Espaçamento
I tp Ver Ver
Trech Lt A.M. A.J. (m/m Qst(m3/ A Vo(m/s (min. Le Le F Qad Qadm* emax(m N°CBL(cal N°BL(ado
Rua o (m) (m) (m) ) s) (m2) ) ) Qp W L y' L' L´ q2 Lo Lo q3 q Q R m 2 ) c) t)

Entrada de dados

Largur
a pista
- LP (U
Largura lámina
de água - Wo
Altura
da guia
-h
Altura de água
máxima - yo
Altura de água
1/3 da pista - y
Declividade
transversal - z
Valor
de m
Coeficiente de
manning - n

Tg Ø

175
TEMA – Engenharia e Arquitetura
TEMA – Engenharia e Arquitetura 176

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