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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - UTP

AIRTON JOSÉ PACHECO BARBOSA


GLEBERSON JOSÉ CONSTANTINO
JONICIR MAX SCHARMITZEL

EFEITOS DA INSALUBRIDADE NO REVESTIMENTO DE


ARGAMASSAS
EM CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS

CURITIBA
2008
1

EFEITOS DA INSALUBRIDADE NO REVESTIMENTO DE


ARGAMASSAS
EM CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS

CURITIBA
2008
2

Airton José Pacheco Barbosa


Gleberson José Constantino
Jonicir Max Scharmitzel

EFEITOS DA INSALUBRIDADE NO REVESTIMENTO DE


ARGAMASSAS
EM CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


para Curso de Pós-Graduação em Patologias em
Obras Civis no setor da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Professor orientador: Eng. Civil e Esp. César
Henrique Sato Daher

CURITIBA
2008
3

TERMO DE APROVAÇÃO
Airton José Pacheco Barbosa
Gleberson José Constantino
Jonicir Max Scharmitzel

EFEITOS DA INSALUBRIDADE NO REVESTIMENTO DE


ARGAMASSAS
EM CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS

Este trabalho foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Especialista em Patologias
nas Obras Civis do Curso de Pós-Graduação em Patologias nas Obras Civis da Universidade Tuiuti
do Paraná

Curitiba, de 2008

_____________________________________________

Programa de Pós-Graduação Lato – Sensu em Patologias nas Obras Civis


da Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Professor Eng. Civil, Esp. CÉSAR HENRIQUE SATO DAHER


Universidade Tuiuti do Paraná, Departamento de Engenharia Civil

Professor Eng. Civil, M.S.c LUIS CÉSAR S. DE LUCA


Universidade Tuiuti do Paraná, Departamento de Engenharia Civil

Professor Eng. Civil, M.S.c THOMAS CARMONA


Universidade Tuiuti do Paraná, Departamento de Engenharia Civil

Professor Eng. Civil, DR. ARMANDO EDSON GARCIA


Universidade Tuiuti do Paraná, Departamento de Engenharia Civil
4

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho ao nosso Professor


Eraldo Marino Miranda de Freitas.
Que nos ensinou e deixou Saudades. Mestre
de Nossas Vidas.
Aquele que te Ensina, te Orienta e Encaminha
na Vida e na Profissão.
Que não mede Esforços para vos ensinar.
Que mesmo Distante esteve sempre
Presente.
E a sua Maior Gratificação é ver o Sucesso de
cada um de Nós.
Aprendizes, para também um dia, Sermos
Mestres.
Por Termos cumprido nossa Missão.
5

AGRADECIMENTOS

Obrigado meu Deus por tudo que nos destes.


Por ter sempre colocado em nossa Vida Pessoas
Maravilhosas e dispostas a Ajudar em nosso caminho.
Por estarmos perto dos nossos amigos e pela Saudade dos que estão distantes.
Agradeço ao nosso professor, Orientador, por ter sido Paciente
E compreensivo conosco e ter-nos ajudado a finalizar este trabalho.
Também, agradecemos a todos que nos ajudaram a
Desenvolver este trabalho, pois se nós listássemos todos os nomes,
Com certeza não caberia nesta página.
6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 12
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 12
1.2 PROBLEMA ................................................................................................... 13
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................. 13
1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 13
1.3.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 14
1.4 HIPÓTESES .................................................................................................. 14
1.4.1 Hipótese Principal .................................................................................... 14
1.4.2 Hipótese Secundária................................................................................ 14
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 15
1.6 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO............................................................... 15
2.ARGAMASSA DE REVESTIMENTO, COMPONENTES E ATAQUES
QUÍMICOS............................................................................................................... 16
2.1 HISTÓRICO.................................................................................................... 16
2.2 DEFINIÇÃO ................................................................................................... 18
2.3 QUALIFICAÇÃO ............................................................................................ 20
2.4 CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................... 20
2.5 COMPONENTES .......................................................................................... 21
2.5.1 Cimento ................................................................................................... 22
2.5.1.1 Constituição do Cimento Portland ................................................. 22
2.5.1.2 Propriedades Físicas ..................................................................... 23
2.5.1.3 Propriedades Químicas ................................................................. 23
2.5.2 Cal ........................................................................................................... 24
2.5.2.1 Cal hidratada ................................................................................. 24
2.5.3 Areia ........................................................................................................ 26
2.5.3.1 Granulometria ................................................................................ 26
2.6 TIPOS DE ARGAMASSAS ............................................................................ 26
2.6.1 Argamassa para assentamento .............................................................. 27
2.6.2 Argamassa para revestimento ................................................................ 27
2.7 REVESTIMENTO .......................................................................................... 27
2.7.1 Definição .................................................................................................. 27
2.7.1.1 Chapisco ........................................................................................ 28
2.7.1.2 Emboço ......................................................................................... 28
2.7.1.3 Reboco........................................................................................... 28
2.7.2. Tipos de Revestimento ........................................................................... 28
2.7.2.1 Revestimento Comum ................................................................... 28
2.7.2.2 Revestimento Externo ................................................................... 29
2.7.2.3 Revestimento Interno .................................................................... 29
2.7.2.4 Revestimento Hidrófugo................................................................ 29
2.7.2.5 Revestimento Impermeabilizante .................................................. 29
2.8 DOSAGEM DAS ARGAMASSAS .................................................................. 30
2.9 DIRETRIZES PARA SELEÇÃO DAS ARGAMASSAS .................................. 30
7

2.10 UMIDADE NAS CONSTRUÇÕES................................................................ 31


2.10.1 Mecanismo de transferência de umidade.............................................. 31
2.10.2 Tipos de fixação de umidade................................................................. 32
2.10.2.1 Absorção................................................................................... 32
2.10.2.2 Condensação............................................................................ 32
2.10.2.3 Capilaridade ............................................................................. 33
2.10.3 Umidade Ascendente............................................................................ 33
2.10.4 Eflorescência......................................................................................... 36
2.10.4.1 Causas de Eflorescência........................................................... 37
2.10.4.2 Ácido Marinho............................................................................ 39
2.10.4.3 Chuva Ácida.............................................................................. 40
2.10.4.4 Águas Agressivas...................................................................... 40
2.10.5 Condições de manifestação de umidade em prédios........................... 41
2.10.5.1 Umidade do terreno .................................................................. 42
2.10.5.2 Umidade de construção ............................................................ 42
2.10.5.3 Umidade de precipitação .......................................................... 43
2.10.5.4 Umidade de condensação ........................................................ 43
2.10.5.5 Umidade decorrente da higroscopicidade ................................ 43
2.11 IMPACTO AMBIENTAL ............................................................................... 44
2.12 FUNDAMENTOS DA QUÍMICA .................................................................. 45
2.12.1 Reações de precipitações ................................................................... 45
2.12.2 Reações químicas e microorganismos ................................................ 48
3. ESTUDO DE CASO ............................................................................................ 50
3.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................... 50
3.2 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISES DE CAUSA E ORIGENS................. 52
4. RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................. 55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 63
5.1. SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS .............................................. 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 66
ANEXOS ................................................................................................................. 69
8

LISTAS DE FIGURAS

FIGURA 1 - ASCENÇÃO DA ÁGUA PELAS JUNTAS DA


ARGAMASSA..........................................................................................................34
FIGURA 2 - ESQUEMA GERAL DA ASCENÇÃO DE ÁGUA
CAPILARIDADE.......................................................................................................35
FIGURA 3 - FENOMENO DA HIGROSCOPICIDADE.............................................38
FIGURA 4 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO SUL NO
ESTADO DE SANTA CATARINA............................................................................51
FIGURA 5 - IMAGEM DE SATÉLITE DE SÃO FRANCISCO DO SUL...................52
FIGURA 6 - GRÁFICO DO RESULTADO DE NITRATO NAS AMOSTRAS DE
ÁGUA.......................................................................................................................56
FIGURA 7 - GRÁFICO DO RESULTADO DE SULFATO NAS AMOSTRAS DE
ÁGUA.......................................................................................................................57
FIGURA 8 - GRÁFICO DO RESULTADO DE CLORETOS NAS AMOSTRAS DO
SUBSTRATO...........................................................................................................58
FIGURA 9 - GRÁFICO DO RESULTADO DE NITRATO NAS AMOSTRAS DO
SUBSTRATO...........................................................................................................58
FIGURA 10 - GRÁFICO DO RESULTADO DE SULFATO NAS AMOSTRAS DO
SUBSTRATO...........................................................................................................59
FIGURA 11 - GRÁFICO DO RESULTADO DE PH NAS AMOSTRAS DE
ÁGUA.......................................................................................................................61
FIGURA 12 - GRÁFICO DO RESULTADO DE SALINIDADE NAS AMOSTRAS DE
ÁGUA.......................................................................................................................61
9

LISTAS DE TABELAS

TABELA 1 - REQUISITOS PARA CONCRETO EXPOSTO A SOLUÇÕES


CONTENDO SULFATOS.........................................................................................41
TABELA 2 - ANÁLISE DAS AMOSTRAS DA ÁGUA DO MAR................................56
TABELA 3 – ANÁLISE DAS AMOSTRAS DA ARGAMASSA..................................57
TABELA 4 - ANÁLISE DAS AMOSTRAS DA ÁGUA DO MAR DO PH, SALINIDADE
E COLIFORMES......................................................................................................60
10

LISTAS DE ANEXOS

ANEXO 1 - FOTO 1: FACHADA LATERAL ESQUERDA........................................70


ANEXO 2 - FOTO 2: FACHADA FRONTAL............................................................71
ANEXO 3 - FOTO 3: FACHADA FRONTAL............................................................72
ANEXO 4 - FOTO 4: FACHADA FUNDOS..............................................................73
ANEXO 5 - FOTO 5: FACHADA FUNDOS..............................................................74
ANEXO 6 - FOTO 6: FACHADA FUNDOS..............................................................75
ANEXO 7 - FOTO 7: FACHADA LATERAL DIREITA..............................................76
ANEXO 8 - FOTO 8 :REGISTRO DA RETIRADA DAS AMOSTRAS DO
SUBSTRATO...........................................................................................................77
ANEXO 9 - FOTO 9 : REGISTRO DA RETIRADA DAS AMOSTRAS DA ÁGUA
MARINHA PONTO 01..............................................................................................78
ANEXO 10 - FOTO 10 : REGISTRO DA RETIRADA DAS AMOSTRAS DA ÁGUA
MARINHA PONTO 06..............................................................................................79
ANEXO 11 - FOTO 11 : EFLORESCÊNCIA NA PAREDE INTERNA DO
MUSEU....................................................................................................................80
ANEXO 12 - FOTO 12 : EFLORESCÊNCIA NA PAREDE INTERNA DO
MUSEU....................................................................................................................81
ANEXO 13 - CARTA DE PEDIDO DE PERMISSAO DE RETIRADA DE
AMOSTRAS.............................................................................................................82
ANEXO 14 - OFICIO DE AUTORIZACAO PARA RETIRADA DE
AMOSTRAS.............................................................................................................83
ANEXO 15 - MAPA LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DAS COLETAS DAS
AMOSTRAS.............................................................................................................84
ANEXO 16 - RELATORIO DO ENSAIO DAS AMOSTRAS DA AGUA DO MAR E
DO SUBSTRATO AFETADO E NAO AFETADO.....................................................85
ANEXO 17 - RELATORIO DO ENSAIO DAS AMOSTRAS DA AGUA DO MAR
DETERMINAÇÃO DO PH, SALINIDADE E COLIFORMES....................................91
ANEXO 18 - FOLHA DAS ASSINATURAS DAS REUNIÕES COM O
COORDENADOR....................................................................................................92
11

RESUMO

O Museu Nacional do Mar, conjunto arquitetônico de antigos armazéns, situado no


município de São Francisco do Sul – Santa Catarina apresenta vários locais cujos
revestimentos em argamassa apresentam problemas de degradação que colocam
em risco as funções de proteção na alvenaria. Este trabalho tem como objetivo
investigar as causas e origens que acarretaram os problemas de degradação do
revestimento de argamassas. Esta pesquisa iniciou-se com o levantamento da
patologia na argamassa de revestimento encontrada no objeto de estudo. Em
seguida foram realizadas análises químicas de amostras, tanto no substrato do
revestimento, quanto no meio marinho próximos ao Museu Nacional do Mar.Após a
realização das análises, foi possível identificar que as principais causas da
degradação foram: umidade e salinidades.

Palavras chaves: Patrimônio Histórico, degradação, argamassa, umidade,

salinidades.
12

1. INTRODUÇÃO

No trabalho a seguir, será tratado o tema manifestações patológicas e suas

possíveis causas no revestimento externo e dos danos existentes no edifício

histórico do “Museu Nacional do Mar”, com destaque para aqueles provocados pela

umidade e salinidade em alvenarias revestidas com emboço, reboco e pintura a

cal, que além de ocasionarem problemas de insalubridade e estética aos

ambientes, contribuem para uma acelerada deteriorização dos materiais afetados

(tijolos e argamassas). Contudo os materiais e tecnologias construtivas mais

adequadas à nossa realidade são ainda muito incipientes de fato agravados

quando se trata de patrimônio histórico, visto que neste caso defronta-se muitas

vezes, com materiais e técnicas não mais utilizadas comercialmente.

Todavia, o uso de produtos e técnicas inadequadas de conservação e

reforma, resultam quase sempre em danos ainda maiores aos edifícios históricos.

A aplicação adequada de tecnologia de recuperação de alvenarias, emboço

e reboco são indicados para o tratamento de imóveis antigos, como também para

todas as construções contemporâneas que estão submetidas às condições do

meio ambiente. (NAPPI, 1998).

1.1 JUSTIFICATIVA

As construções históricas no município de São Francisco do Sul que

apresentam diversas patologias nas argamassas de revestimento e assentamento,

são edificações antigas que sofreram reformas recentes. O tipo de argamassa

utilizado tem gerado um grande transtorno na aparência visual e não está


13

correspondendo às expectativas de duração, pois estão sujeitas às intempéries e

exigem novas reformas no revestimento das paredes em curto prazo de utilização.

Assim propõe-se analisar as causas e origens destas manifestações patológicas, a

fim de atender às expectativas sócio–econômicas, pois atualmente nenhuma

argamassa está correspondendo às expectativas de durabilidade, considerando

que não existe impermeabilização nas paredes, uma vez que a pintura é à base de

cal, deixando dessa forma que ela transpire. Ecologicamente há desperdício de

materiais que não podem ser reciclados e nem reaproveitados, devido a grande

contaminação de sais minerais. Tecnologicamente deve-se apresentar uma

solução para impermeabilização das paredes e também na base superior das

fundações, fazendo desta forma uma prevenção contra a infiltração de umidade

nestas construções.

1.2 PROBLEMA

Quais são as possíveis causas e origens da deteriorização das argamassas

de revestimento a base de cal no Museu Nacional do Mar?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Determinar as possíveis causas e origens da deteriorização na argamassa

de revestimento a base de cal nas construções do patrimônio histórico nacional

“Museu Nacional do Mar” no município de São Francisco do Sul - SC.


14

1.3.2 Objetivo Específico

- Prospectar a análise da composição química das argamassas de revestimento

existentes e também análise química da água marinha que circunda os prédios em

estudo.

- Determinar as possíveis causas e origens das manifestações patológicas,

analisando a prospecção da composição química da argamassa de revestimento

na construção histórica Museu Nacional do Mar.

1.4 HIPÓTESES

1.4.1 Hipótese Principal

A principal origem das manifestações patológicas, é a contaminação da

água na foz do rio Pedreira, que fica próximo às construções do patrimônio

histórico já referido, com efluentes cloacais clandestinos, juntamente com a água

marinha “salina” ou “salobra” que penetra pelas infiltrações existentes mantendo a

umidade que pode reagir com o carbonato de cálcio das argamassas existentes,

causando a desagregação dos revestimentos pela alta concentração de ácido

nítrico.

1.4.2 Hipótese Secundária

Os agentes agressivos, sulfatos, nitratos, nitritos e cloretos, que estão

solúveis na água do mar e da foz do rio, nas proximidades do Museu Nacional do


15

Mar em constante contato com as paredes não impermeabilizadas, podem ser a

causa de desagregação do revestimento.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para concretização deste trabalho foram feitos levantamentos e estudos de

materiais bibliográficos, tais como: livros e normas (ABNT) e realizados testes de

ensaio, prospecção de análise química e complementos fotográficos dos elementos

da construção em estudo.

1.6 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

No capítulo 1, será realizada uma introdução do tema e serão apresentados:

Justificativa, objetivos gerais e específicos, hipóteses principal e secundaria e os

procedimentos metodológicos. No capítulo 2, será abordada a conceituação de

argamassas e seus componentes e ataques químicos. No capítulo 3, será

abordada a área de estudo e os procedimentos de análises químicas com

evidência de degradações nas argamassas do revestimento externo. No capítulo 4

serão abordados os resultados obtidos conforme a realização das análises das

amostras do revestimento externo do Museu Nacional do Mar e também das

amostras coletadas no meio marinho. No capítulo 5, será feita uma integração

entre o conteúdo dos capítulos 2, 3 e 4 mediante o estudo de caso das causas e

origens da degradação da argamassa e apontando suas possíveis soluções.


16

2. ARGAMASSA DE REVESTIMENTO, COMPONENTES E ATAQUES

QUÍMICOS.

No presente capítulo será apresentado a pesquisa bibliográfica sobre os

tipos de argamassas, seus componentes e os tipos ataques que as argamassas

sofrem.

2.1 HISTÓRICO

Desde sempre que a tecnologia tem tentado combater os problemas

associados à umidade em edifícios. Vitrúvio (Sec. I a.C.) já recomendava a

utilização de paredes duplas de modo a minimizar a penetração das chuvas e

reboco hidráulico para a redução de ascensão capilar na base dos paramentos.

Por muito tempo, mostrou-se pouco interesse no estudo destes tipos de problemas,

(CABAÇA, 2002).

As alvenarias e os revestimentos de argamassa são tecnologias construtivas

que, na sua essência, remontam seu uso desde a Idade Média. Inicialmente, as

alvenarias eram utilizadas simultaneamente como vedações e como estrutura, e

eram constituídas na sua grande maioria por tijolos de origem cerâmica,

assentados e revestidos com argamassa proveniente da mistura de cal e areia

(ibid).

Grande parte dos edifícios construídos na idade média e nos Séculos XVII e

XVIII não possui qualquer proteção contra a umidade, tanto ascendente de solo,

quanto da que incide diretamente nas paredes (ibid).


17

O grande avanço foi feito nos Século XIX, na América. Pedras de origem

calcárea foram largamente utilizadas, especialmente em edifícios públicos, para

prevenção da ascensão capilar do solo, bem como barreiras à penetração de água

de chuvas (ibid).

Na publicação “The Archtectur in Country Houses”, Andrew Jackson,

(1850), tinha consciência dos problemas relativos à água proveniente do solo e que

sua ascensão deveria ser prevenida antes das fundações serem construídas,

através de uma fiada de pedra ou tijolo, precedida de uma camada de argamassa

de cal hidráulica no topo da fundação (in CABAÇA, 2002).

Ao mesmo tempo, foram experimentadas técnicas de impermeabilização de

paredes. Alguns construtores impregnavam tijolos e pedras com soluções de

gordura animal ou silicatos insolúveis provenientes da cal. Embora grande parte

destas soluções tenha-se mostrado ineficazes, no final do século, começou a ser

introduzidas “regras de construção“ relativas ao tratamento das águas provenientes

dos solos e também a penetração das águas das chuvas (ibid).

Com a invenção do Cimento Portland, as argamassas sofreram uma

evolução. Com a adição desse produto, conseguiram ter sua resistência

aumentada e a aderência às bases onde eram aplicadas muito melhoradas, já nas

primeiras idades. Com a invenção do concreto armado, o sistema de construção

mudou profundamente e as alvenarias deixaram de exercer sua função estrutural,

sendo utilizadas somente como elementos de vedação. Os problemas de

fissuração e destacamento das argamassas tiveram início nessa mesma época,

embora não tenham sido percebidos na ocasião (ibid).

A conseqüência foi inevitável, com um aumento muito grande nas

patologias.
18

Entre as guerras, foram pela primeira vez executados vários estudos

relativos à ascensão capilar e ao aparecimento de eflorescência, formando uma

base cientifica para compreensão desses fenômenos (ibid).

Com o final da 2º Guerra Mundial, deu-se início a era dos materiais

sintéticos e da alta tecnologia da indústria da construção.

Os silicones, inicialmente utilizados na impermeabilização das superfícies

das estradas, começaram a ser experimentados em impermeabilizações das

paredes. Na década de “sessenta”, na Inglaterra e Alemanha, misturas de silicone

e látex eram injetados dentro das paredes, em bandas horizontais de forma a

construírem barreiras contra a capilaridade, mostrando-se como um dos métodos

mais eficazes utilizados contra a umidade em edifícios antigos (ibid).

Todavia, é conveniente que os edifícios antigos, não devem ser alvos de

testes de materiais não experimentados. Antes de proceder qualquer tipo de

reparação, há que se compreender e analisar os tipos e as causas fundamentais

das patologias relativas à umidade. Por sua vez, os técnicos terão de estar aptos a

executarem diagnósticos e selecionar o tratamento adequado a cada tipo de

situação (ibid).

2.2 DEFINIÇÃO

Na construção civil as argamassas têm finalidades diversas, sendo

empregadas durante a execução das edificações, desde a implantação do canteiro

até a conclusão da obra. Deste modo, diversos conceitos podem ser-lhe atribuídos,
19

A depender da finalidade que lhes for estabelecida. Oliveira (1959) definia

argamassa como sendo “uma massa plástica, capaz de endurecimento posterior e

resultante de uma mistura de ligante, areia e água”.

Atualmente, no entanto, podem-se encontrar conceitos mais completos e

particularizados, em função do tipo da argamassa. A NBR 13530 (ABNT, 2002) por

exemplo, define a argamassa para revestimento como sendo “uma mistura

homogênea de agregado miúdo (s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo

ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento”, por

outro lado, define argamassa colante como sendo uma “mistura constituída de

aglomerante(s) hidráulico (s)”.

Na NBR 13530 (ABNT, 2002), nessa mesma norma também são definidos

outros termos usuais envolvendo o revestimento executado à base de cimento, cal

ou ambos. Quanto ao campo de sua aplicação, podem-se encontrar definições

como:

Adições – materiais inorgânicos naturais ou industriais finamente divididos,

adicionados às argamassas para modificar as suas propriedades e cuja quantidade

é levada em consideração na proporcionalidade;

Argamassa de cal – argamassa preparada com cal, como único aglomerante;

Argamassa de cimento – argamassa preparada com cimento como único

aglomerante.

Segundo Petrucci (1998), Os aglomerantes podem ser adicionados a

materiais inertes.

Ainda segundo Petrucci (1998), no caso de emprego de um aglomerante e

água forma uma pasta e quando misturamos ao agregado miúdo obtemos a

argamassa. Além desses componentes essenciais, presentes nas argamassas


20

podem ainda ser adicionados produtos especiais “outros materiais” com a

finalidade de melhorar determinadas propriedades na argamassa.

2.3 QUALIFICAÇÃO

Qualificação das argamassas segundo Petrucci (1998):

As condições a que uma boa argamassa deve satisfazer são:

• Resistência mecânica

• Compacidade

• Impermeabilidade

• Constancia de volume

2.4 CLASSIFICAÇÃO

Classificação das argamassas segundo Petrucci (1998):

As argamassas são classificadas dependendo do ponto de vista:

Segundo o emprego pode ser classificadas em :

• Comuns, as que se destinam a obra correntes que subdividem em:

1. Argamassa para rejuntamento nas alvenarias.

2. Argamassas para revestimentos.

3. Argamassas para pisos.

4. Argamassas para injeções.

• Refratárias, quando resistem a elevadas temperaturas:

Segundo o tipo de aglomerantes pode ser classificadas em :


21

• Aéreas, de cal aérea e gesso.

• Hidráulicas, de cal hidráulica ou cimento.

• Mistas, com um aglomerante aéreo e um hidráulico.

Segundo o número de elementos ativos, podem ser classificadas em :

• Simples, quando possuem apenas um elemento ativo.

• Compostas, quando possuem apenas um elemento ativo

Segundo a dosagem, podem ser classificadas em :

• Pobres ou magras, quando o volume de aglomerantes é insuficiente para

preencher os vazios entre os grãos do agregado.

• Cheias, quando os vazios acima referidos são preenchidos exatamente pela

pasta.

• Ricas ou Gordas, quando há um excesso de pasta.

Segundo a consistência, podem ser classificadas em :

• Secas.

• Plásticas.

• Fluidas.

2.5 - COMPONENTES

Segundo Bauer (1995), os componentes da argamassa são :

1 – Cimento, cal, areia e a água.

2 – Outros materiais

Ainda segundo Bauer (1995), quanto maior a plasticidade das argamassas na hora

do uso, maior será a sua aderência, o que é uma grande vantagem em certas
22

aplicações. Para aumentar a plasticidade é adicionado um quarto componente à

mistura. Pode ser cal, saibro, barro, caulim ou outros, dependendo da região. De

todos esses materiais, chamados de plastificantes, o mais recomendado é a cal,

também conhecida como cal hidratada, por três motivos:

- a sua obtenção e o seu uso são regidos pelas Normas Técnicas Brasileiras;

- o seu desempenho está comprovado por institutos de pesquisa oficiais;

- a existência, no mercado, de marcas com selo de qualidade da ABPC –

Associação Brasileira dos Produtores de Cal.

Ainda segundo Bauer (1995), o saibro, o barro, o caulim e outros materiais locais

podem ser usados de acordo com os procedimentos consagrados na região.

2.5.1 Cimento

2.5.1.1 Constituição do Cimento Portland

Cimento “Portland” é o produto obtido pela pulverização do “clinker”

constituído essencialmente de silicatos hidráulicos de cálcio, com certa proporção

de sulfato de cálcio natural, contendo eventualmente, adições de certas

substancias que modificam suas propriedades ou que facilitam o seu emprego.

O “clinker” é um produto de natureza granulosa, resultante de calcinação de

mistura de materiais, conduzida até a temperatura de sua fusão incipiente

(BAUER,1995).
23

2.5.1.2 Propriedades Físicas

As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos:

- Propriedades do produto em sua condição natural, em pó;

- Da mistura do cimento e água e proporções convenientes de pasta;

- Da mistura da pasta com agregado padronizado (ibid).

As propriedades da pasta e argamassa estão relacionadas, com o comportamento

desse produto para a elaboração de concretos e argamassas (ibid). Tais

propriedades são:

- Densidade;

- Finura:

- Tempo de pega;

- Pasta do cimento;

- Resistência;

- Exudação.

2.5.1.3 Propriedades Químicas

As propriedades químicas do cimento Portland estão ligadas ao processo de

endurecimento por hidratação. O processo é complexo, compreendendo a

dissolução da água, precipitações de cristais e gel com hidrólise e hidratações dos

componentes de cimento (ibid).


24

As propriedades da pasta e argamassa são relacionadas com o

comportamento desse produto para a elaboração de concretos e argamassas

(ibid). Tais propriedades são:

- Estabilidade na expansão volumétrica;

- Calor de hidratação:

- Resistência a agentes agressivos;

- Reação álcali agregado.

2.5.2 Cal

2.5.2.1 Cal Hidratada

A cal hidratada é um aglomerante que adiciona vários benefícios a uma

argamassa (ibid).

Os benefícios da cal começam pela facilidade de obtenção da mesma, que

tem início com a extração de rochas carbonatadas. Para rochas carbonatadas de

calcário natural carbonato de cálcio, o agregado obtido é submetido sob a ação do

calor (processo denominado calcinação) em fornos apropriados, com temperatura

média de 900 ºC. Nesta reação química, o carbonato de cálcio, sob a ação do

calor, se decompõe, formando o óxido de cálcio (cal) e o dióxido de carbono,

sendo que este gás se desprende resultando basicamente a cal (ibid). A equação

química abaixo ilustra a reação ocorrida nesta fase:

CaCO3 + calor --> CaO + CO2, onde

CaCO3 -->carbonato de cálcio


25

CaO --> óxido de cálcio

CO2 --> dióxido de carbono

A cal, obtida por este processo, é denominada, cal viva , a qual ainda não

está pronta para ser utilizada, necessitando passar por um processo de moagem,

sendo então misturada com água em proporções adequadas (ibid). Deste processo

resulta o hidróxido de cálcio (cal hidratada), cuja equação química é mostrada

abaixo:

CaO + H2O --> Ca (OH)2 , onde :

CaO -->cal viva

H2O --> água

Ca (OH)2 -->cal hidratada

Quando a cal hidratada, é utilizada para a preparação de um tipo de

argamassa em mistura com água em proporções apropriadas, possuem

consistência plástica e estas endurecem pelos cristais ligarem permanentemente

os grãos de agregado, esse endurecimento se processa com lentidão e ocorre,

evidentemente de fora para dentro, exigindo certa porosidade, permitindo a

evaporação da água e a penetração do gás carbônico do ar atmosférico (ibid).

A reação de carbonatação é a seguinte:

Ca (OH)2 + CO2(g) --> CaCo3 + H 2O(g)

Ca (OH)2 --> Cal Hidratada

CaCO3 --> Carbonato de Cálcio

CO2 --> Dióxido de Carbono.

H 2O --> Água.
26

2.5.3 Areia

É o agregado natural lavado, que deve ser termo tratado como artificial de

granulometria controlada. Quanto à sua pureza as areias e argamassas devem ter

o teor de materiais finos de natureza argilosa ou barrosa não ultrapassando o limite

de 5% do seu peso, sendo estes materiais nocivos quando envolvem os grãos de

agregados, aderindo fixamente a eles ou quando o grão se apresenta em forma de

aglomerados. São definidos como materiais finos os grãos de granulometria inferior

a 0,09mm, conforme NBR7200 (ABNT,2002).

2.5.3.1 Granulometria

As areias devem possuir o menor espaço vazio para argamassas por isso

devem ser de grãos mistos dando como consideração para areias próprias , a

aquelas em que a fração do diâmetro de até 2 mm representa entre 10 e 25% em

peso. A dimensão máxima dos agregados a serem adotados nas aplicações das

camadas que constituem o revestimento é: para chapisco 5 mm; para emboço 3

mm; e para reboco 1 mm. (ibid).

2.6 TIPOS DE ARGAMASSAS

As argamassas são classificadas, segundo a sua finalidade, em argamassa

para assentamento e argamassa para revestimento (BAUER,1995).


27

2.6.1 Argamassas para assentamento

As argamassas para assentamento são utilizadas especificadamente para

unir blocos ou tijolos das alvenarias. Servem também para a colocação de

azulejos, tacos, ladrilhos e cerâmica (ibid).

2.6.2 Argamassas para revestimento

É recomendado que as três primeiras fiadas de uma parede de blocos ou

tijolos devam ser revestidas inicialmente com uma camada de argamassa de

impermeabilização, que protegerá a parede contra a penetração da umidade.

Todas as paredes e tetos devem receber uma camada de chapisco, qualquer que

seja o acabamento. Sem o chapisco, que é a base do revestimento, as outras

camadas podem descolar (ibid).

2.7 REVESTIMENTO

2.7.1 Definição

Revestimento é o recobrimento de uma superfície lisa ou áspera, o qual

pode ser constituído de uma fina camada de chapisco e mais outras duas possíveis

camadas sobrepostas de argamassas de espessura, que por via de regra seja

uniforme, chamadas emboço de reboco e que torna a parede apta a receber, sem

qualquer obstáculo, uma decoração final, NBR 7200 (ABNT, 2002).


28

2.7.1.1 Chapisco

É a camada de argamassa aplicada sobre o concreto ou alvenaria, com a

finalidade de dar aderência para o emboço, (ibid).

2.7.1.2 Emboço

É o primeiro nível de camada de argamassa de revestimento a ser aplicada, (ibid).

2.7.1.3 Reboco

É o segundo nível de camada de argamassa de revestimento a ser aplicada

após o emboço, permitindo que uma superfície possa receber a decoração final,

(ibid).

2.7.2 Tipos de revestimento

2.7.2.1 Revestimento comum

É o revestimento que permite a penetração de umidade entre a parte da

construção revestida e o ar ambiente ou ar externo. (ibid)


29

2.7.2.2 Revestimento Externo

É o revestimento para uso externo que deve ser resistente a intempéries (geada,

oscilações de temperatura, teor de umidade etc.). Quanto ao grau de permeabilidade ao

vapor de água, o revestimento usado externamente e o material usado para a construção da

alvenaria devem ser compatíveis (ibid).

2.7.2.3 Revestimento Interno

É o revestimento para uso interno que deve ter uniformidade nas suas características

superficiais, deve ser também permeável ao vapor de água, possuir absorção capilar e ser

apto a receber qualquer tipo de acabamento superficial (ibid) .

2.7.2.4 Revestimento Hidrófugo

É o revestimento que impede a entrada de umidade de precipitações

pluviais, mas em contrapartida também não dificulta a difusão do vapor de água.

(ibid)

2.7.2.5 Revestimento Impermeabilizante

É o revestimento que proporciona a estanqueidade da água,

permanentemente. (ibid)
30

2.8 DOSAGEM DAS ARGAMASSAS

Segundo Pinto (1996), a dosagem da quantidade de cada componente das

argamassas também é chamada de traço. O traço das argamassas varia bastante,

de acordo com a finalidade de aplicação:

• Argamassas estruturais;

• Argamassa de revestimento.

Os elementos básicos para dosagem de argamassa são:

• Destinos da argamassa.

• Volume total da argamassa.

• Volume de areia e volume de vazios da mesma.

• Volume de aglomerante.

• Volume de água de amassamento.

Informações básicas dos materiais utilizados em dosagem de argamassa:

• Massa específica aparente e absoluta da areia.

• Umidade crítica e coeficiente de inchamento da areia.

• Massa específica aparente e absoluta do aglomerante.

2.9 DIRETRIZES PARA SELEÇÃO DAS ARGAMASSAS

Para uma avaliação das argamassas e escolha do melhor tipo a ser adotado

e utilizado, tanto as industrializadas como as produzidas em canteiro, deverão ser

considerados os parâmetros especificados pelo projetista do revestimento, com

indicação clara dos intervalos aceitáveis para as seguintes determinações:

(CEOTTO; BANDUK; NAKAKURA, 2005)


31

a) Resistência à compressão e a tração na flexão (NBR13280);

b) Retenção de água (NBR 13277);

c) Módulo de elasticidade;

d) Resistência de aderência à tração (NBR 13528 e 13749); e

e) Resistência de aderência à tração superficial

2.10 UMIDADE NAS CONSTRUÇÕES

O acúmulo de umidade degrada os revestimentos de paredes e afeta a

estética dos prédios. A principal causa da degradação é a água, seja ela

proveniente da chuva ou das fundações. Utilizando técnicas atuais de

impermeabilização, pode-se impedir a água de chegar até as paredes das

construções. (VEIGA, 2002)

2.10.1 Mecanismo de transferência de umidade

As transferências de umidade ocorrem ao longo dos anos. Durante a

hidratação, uma parte da água forma o gel, enquanto que a água em excesso

evapora, deixando uma rede de poros que se denominam poros capilar. O

transporte e a fixação de umidade ocorrem com o processo de secagem do

material. Freqüentemente estes processos são combinados com outros processos

maciços de transporte ou com reações químicas, tais como a carbonatação ou a

penetração de agentes agressivos que indicam transferência de umidade.

(ROCHA; SANTOS, 2007)


32

Os mecanismos que regem a umidade nos materiais de construção são:

• Na forma líquida: a capilaridade, a gravidade e o efeito dos gradientes de

pressão fazem a transferência de umidade.

• Na forma gasosa: a difusão e os movimentos conectivos no interior dos

poros condicionam o transporte.

2.10.2 Tipos de fixação de umidade

Os três tipos de fixação de umidade são (ibid):

• Absorção

• Condensação

• Capilaridade

2.10.2.1 Absorção

• É a forma pela qual um material poroso varia seu conteúdo, aumentando

sua umidade em função da variação da umidade relativa. Os materiais que

apresentam tal comportamento são denominados de higroscópicos, que envolvem

a maior parte dos materiais da construção civil. (ibid)

2.10.2.2 Condensação

A argamassa, devido a sua porosidade e exposta às condições climáticas fixa

e transfere a umidade, seja na forma líquida ou gasosa.


33

A água absorvida é composta de camadas de moléculas que condensam

sobre a superfície dos poros. (ibid)

2.10.2.3 Capilaridade

É a propriedade que os materiais porosos têm de absorver e transportar a

água através de suas redes capilares porosas espessas e sem cortes de

capilaridade, onde as paredes antigas absorvem a água a partir das fundações. A

água sobe por capilaridade ascendente e adere às paredes, mas evapora com

facilidade para a parte externa, através do revestimento da cal, desde que as

condições climáticas permitam (ibid). Desta maneira podem estabilizar o equilíbrio

hídrico, conservando-as em razoáveis condições durante séculos (VEIGA, 2002)

2.10.3 Umidade ascendente

A umidade ascendente é considerada como o fluxo vertical d’água que

permite a umidade subir do solo para uma estrutura permeável.

A ascensão da umidade nas paredes ocorre até alturas consideráveis,

devido à:

• Condições de evaporação da água

• Porosidade do material

• Permeabilidade do material

• Quantidade de água que se encontra em contato com a parede


34

Nas paredes dos edifícios antigos em alvenaria, o meio mais fácil para a

água ascender, são as juntas ou ligantes de argamassa em torno do seu perímetro.

(CABAÇA, 2002).

Quando a água sobe pelo tijolo, terá primeiramente que percorrer as juntas

da argamassa em torno do seu perímetro. Deste modo, terão um caminho único e

continuo para sua subida. Se os tijolos da alvenaria possuírem um tratamento

repelente a água, mas a argamassa utilizada for comum, a ascensão se fará da

mesma forma. No entanto, se argamassa possuir propriedades hidrófugas o

fenômeno não acontecerá. Confirma-se desta forma que as argamassas utilizadas

nas alvenarias formam uma parte bastante importante no tratamento desta

patologia. (ibid).

Figura 1. Ascensão da Água Pelas Juntas da Argamassa

NOTA: Figura extraída do site www.construlink.com.br acesso em 12/Dez/07

A ascensão da água pelas juntas nas alvenarias de tijolos ou de pedras, é

usualmente identificável pelos sintomas de umidade ascendente, através de uma

linha horizontal na parede ou pela diferença de tonalidade de uma região mais

escura e de outra mais clara. (CABAÇA, 2002).


35

Esta linha forma-se no ponto de equilíbrio entre a capilaridade e a

evaporação, deixando muitas acumulações visíveis cristalizadas, usualmente

denominadas “Eflorescências”. (ibid).

Abaixo da linha da umidade ascendente por capilaridade, as eflorescências

não aparecem, pois a umidade mantém os sais em solução e acima dela, a

umidade varia de acordo com as condições climáticas; nesta área, chamada de

“Transição“, quando a umidade é alta a parede suporta a capilaridade e quando é

baixa só existe o vapor d’água que cristaliza os sais. (ibid).

Figura 2. Esquema Geral da Ascensão de Água por Capilaridade

NOTA: Figura extraída do site www.construlink.com.br acesso em 12/Dez/07

Os sais provenientes das fundações e dos materiais de construção mais

freqüentes que estão relacionados às manifestações patológicas são (CABAÇA,

2002):

• Nitratos – sais de origem orgânica;

• Sulfatos – sais higroscópicos e solúveis;


36

• Cloretos – originários dos materiais de construção, da água e de ambientes

marinhos.

• Carbonatos – estão nos materiais de construção.

2.10.4 Eflorescência

A eflorescência é decorrente de depósitos salinos, principalmente de sais de

metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalino-terrosos (cálcio e magnésio), na

superfície de alvenarias, provenientes da migração de sais solúveis presentes nos

materiais e ou nos componentes da alvenaria. (BAUER, 1987)

A eflorescência pode alterar a aparência do elemento sobre o qual se

deposita e, em determinados casos, os sais constituintes podem ser agressivos e

causar degradação profunda como, por exemplo, compostos expansivos. (ibid).

O aumento da temperatura ambiente e a diminuição da umidade relativa

fazem com que as águas salinas, que penetram no concreto, transportem parte dos

sais à superfície deste, causando as eflorescências. Em seguida, com o aumento

da umidade relativa e ação da água, esses sais são novamente dissolvidos e

reingressam ao interior do concreto. Após vários ciclos, forma–se uma crosta com

forte concentração salina que pode contaminar, dependendo da permeabilidade do

concreto, até 3,0 cm de espessura. Essa alteração e deterioração superficial que

pode atingir a armadura, são facilitadas pelas características de alguns sais que

apresentam alta higroscopicidade, podendo aumentar de volume e desagregar o

concreto superficialmente. Daí a necessidade de cobrimentos e concretos

adequados da estrutura, estudados especialmente para as regiões sujeitas a

variação da maré. (HELENE, 1986).


37

Os sais mais comuns em eflorescências são Carbonato de Cálcio (CaCO3),

Carbonato de Magnésio (MgCO3), Carbonato de Potássio (k2CO3) , Carbonato de

Sódio (Na2 CO3) , Hidróxido de Cálcio (Ca (OH)2) , Sulfato de Cálcio Desidratado

(CaSO4 2H2O) , Sulfato de Magnésio (MgSO4) , Sulfato de Cálcio (CaSO4) , Sulfato

de Potássio (k2CO4) , Sulfato de Sódio (Na2 SO4) , Cloreto de Cálcio (CaCL2),

Cloreto de Magnésio (MgCL2), Nitrato de Potássio (KNO3) , Nitrato de Sódio

(NaNO3) , Nitrato de Amônio (NH4 NO3), Obs.: O Cloreto de Cálcio é muito solúvel

em água (BAUER, 1987).

2.10.4.1 Causas da Eflorescência

A eflorescência é causada por três fatores:

• Teor de sais solúveis presentes nos materiais ou componentes,

• Presença de água

• Pressão hidrostática para propiciar a migração da solução para a superfície.

Todas as três condições devem coexistir e, se uma delas for eliminada, não irá

ocorrer o fenômeno (ibid).


38

O fenômeno se procede, conforme figura abaixo:

Figura 03. – Fenômeno da Higroscopicidade

Etapas da degradação da argamassa:

• 1 - Formação de sais no interior do poro.

• 2 - Crescimento do cristal no interior do poro.

• 3 - Fraturação do cristal de sal.

• 4 - Fortes tensões na argamassa provocada pelo cristal.

• 5 - Ruptura da argamassa.

• 6 – Degradação profunda da argamassa (Ibid).


39

2.10.4.2 Ácido Marinho

Durante a idade média, pelo fato de ser obtido do sal comum, o ácido

clorídrico era conhecido entre os alquimistas europeus como “espírito do sal” ou

“ácido do sal”. No estado gasoso era chamado de “ar ácido marinho”. O nome

ácido muriático tem a mesma origem (muriático significa “pertencente à salmoura

ou ao sal”). Basilius Valentinus, abade-alquimista da abadia de Erfurt (Alemanha),

produziu quantidade relevante do ácido durante o século XV. Temos então:

2NaCl + H2SO4 Æ Na2 SO4 + 2 HCl

NaCl --> Cloreto de Sódio (sal de cozinha).

H2SO4 --> Ácido Sulfúrico.

Na2 SO4 --> Sulfato de Sódio.

HCl --> Ácido Clorídrico.

O cloreto de cálcio é um produto resultante de dissolução usado na

preparação de carbonato de sódio. Também pode ser produzido fazendo reagir

ácido clorídrico com carbonato de cálcio. (MENEZES, 1964).

CaCO3 (s) + 2 HCl Æ CaCl2 (aq) + H2O(l) + CO2 (g)

CaCO3 --> Carbonato de Cálcio

HCl --> Ácido Clorídrico.

CaCl2 --> Cloreto de Cálcio.

H2O --> Água.


40

2.10.4.3 Chuva ácida

Chuva ou névoa ácida é um fenômeno não natural, provocado pelo homem.

Estes poluentes tais como o dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, são

transportados pela atmosfera a longas distancias de suas fontes. Edifícios,

monumentos e outras estruturas feitas pelo homem estão sendo erodidas pela

poluição do ar e poderiam ser as primeiras da chuva ou névoa ácida. (DALMOLIN,

1995).

A decomposição de materiais orgânicos em pântanos e mangues

freqüentemente leva à formação de ácido sulfídrico, que pode ser transformado em

ácido sulfúrico pela ação das bactérias.(ibid)

Segundo Lee (2001), os óxidos de nitrogênio, NO e NO2, que reagem com o

ar úmido das névoas salinas formando o ácido nítrico (HNO3), outro componente

da chuva ou névoa ácida:

4NO(g) +3O2(g) +2 H2O(l) Æ 4HNO3(l)

4NO2(g) +O2(g) +2 H2O(l) Æ 4HNO3(l)

2.10.4.4 Águas Agressivas

Segundo NBR 12655 (ABNT, 2006), o grau de agressividade das águas e

dos solos que umedecem os concretos expostos devem ser avaliados segundo os

valores limites indicados na Tabela abaixo:


41

Tabela 1 – Requisitos para concreto exposto a soluções contendo sulfatos

Condições de Sulfato solúvel Sulfato solúvel Máxima relação Mínimo fck

exposição em em água (SO4) água/cimento, (para concreto

função da (SO4) presente na em massa, para com agregado

agressividade presente no água concreto com normal ou

solo agregado leve)

% em massa ppm normal* Mpa

Fraca 0,00 a 0,10 0 a 150 - -

Moderada** 0,10 a 0,20 150 a 1500 0,50 35

Severa*** Acima de 0,20 Acima de 0,45 40

1500

Observações:

* Baixa relação água/cimento ou elevada resistência podem ser para a obtenção da baixa permeabilidade do

concreto ou proteção contra a corrosão da armadura ou proteção a processos de congelamento e degelo.

** Água do mar.

*** Para condições severas de agressividade, devem ser obrigatoriamente usados cimentos resistentes a

sulfatos.

Fonte: NBR 12655 (ABNT, 2006)

2.10.5 Condições de manifestação de umidade em prédios

A umidade em um prédio se manifesta de várias formas, dentre das quais se

destacam:

• Umidade do terreno

• Umidade de construção
42

• Umidade de precipitação

• Umidade condensação

• Umidade decorrente da “higroscopicidade”.

• Umidade proveniente de outras causas.

2.10.5.1 Umidade do terreno:

As águas do solo podem muitas vezes provocar problemas específicos de

umidade nas paredes de subsolo e pavimentos térreos (NAPPI, 1998).

A maioria desses elementos de construção possui uma capilaridade

elevada, permitindo que a água possa se transferir para as paredes, na ausência

de qualquer barreira que impeça este deslocamento; saturando os materiais e

transpondo a força da gravidade (ibid).

Considerando constantes as condições ambientais, conclui-se que, quanto

maior for a espessura da parede maior será a altura alcançada pela umidade ,

sendo que será também maior a quantidade de água a ser evaporada.

Atualmente existem dois tipos de agentes na transferência de umidade para as

paredes, águas freáticas e águas superficiais (ibid).

2.10.5.2 Umidade de Construção

As construções necessitam de água para sua edificação. Os materiais e a

própria edificação estão mais sujeitos a ação direta da água da chuva, aumentando

a quantidade de umidade nos materiais (ibid).


43

2.10.5.3 Umidade de Precipitação

A chuva acompanhada pelo vento gera um componente horizontal tanto

maior quanto for a sua intensidade e sua ação contínua faz com que corra pela

parede externa e que penetre por força da pressão causada pelo vento ou ação da

capilaridade dos materiais (ibid).

2.10.5.4 Umidade de Condensação

O vapor da água esta presente na atmosfera.

Denomina-se limite de saturação, a quantidade máxima de vapor em razão

da temperatura, ou seja, aumenta a saturação quando aumenta a temperatura e

vice-versa. Quando ocorre a baixa da temperatura de uma quantidade de massa

de ar saturado, parte do vapor da água se condensa, originando a formação do

nevoeiro. (ibid)

2.10.5.5 – Umidade Devido ao Fenômeno da Higroscopicidade

Muitos elementos de construção possuem sais solúveis na água. Também

os solos e principalmente aqueles ricos em matéria orgânica.

Quando a cristalização se dá no interior da superfície o fenômeno é denominado

criptoflorescência e quando ocorre no ambiente exterior é denominado

eflorescência. Os sais chamados Higroscópicos, têm a capacidade de absorver a

umidade do ar; são caracterizados pelo aparecimento de manchas de umidade e

pela degradação dos revestimentos das paredes (ibid).


44

2.11 IMPACTO AMBIENTAL

Os mais importantes impactos ambientais na área urbana são os aumentos

da produção de sedimentos, a degradação da qualidade da água drenada pelos

esgotos pluviais e a contaminação dos aqüíferos (TUCCI; et al, 1995).

A produção de sedimentos de uma bacia natural tem suas conseqüências

ambientais importantes para as áreas urbanas, tais como:

• Assoreamento de drenagem com redução de capacidade de escoamento

dos rios;

• O transporte de substâncias poluentes agregadas aos sedimentos. (ibid)

• Os esgotos podem ser combinados (cloacal e pluvial), devido ao

escoamento do esgoto jogado “in natura” ou à ligação clandestina de esgoto

cloacal na rede pluvial (ibid).

Os poluentes do ar depositam-se sobre os telhados, ruas e demais

superfícies da área urbana, resultando na deposição seca. A chuva lava essas

superfícies e desta forma os poluentes são transportados até aos corpos d’água.

Entre os poluentes mais presentes estão: o enxofre, metais, compostos orgânicos

e compostos inorgânicos, tais como: os óxidos, nitritos e nitratos, fluoretos e

silicatos (ibid).

A presença de coliformes fecais no corpo receptor das águas de drenagem

urbana ocorre devido às ligações clandestinas, vazamentos de fossa sépticas ou

dejetos de animais, visto que a morte dessas bactérias, ocorre de forma rápida

quando livres na água e no entanto são absorvidas no sedimento . Isto resulta em

menor taxa de mortalidade junto ao lodo do fundo, onde às bactérias protegidas da


45

ação dos raios solares, encontram altos teores de nutrientes para a sua

sobrevivência (ibid).

2.12 FUNDAMENTOS DA QUÍMICA

2.12.1 Reações de Precipitação

Para uma reação de dupla troca entre dois sais, portanto iônica, coexistirão

no meio reacional dois produtos, sendo que um deles irá apresentar Kps (produto

de solubilidade) inferior a qualquer um dos sais que lhe deram origem. Segundo

Lee (2001) serve como exemplos do mencionado processo, as seguintes reações:

Pb (NO3)2 + Na2SO4→ PbSO4↓ + 2NaNO3

BaCl + K2CrO4 → BaCrO4 ↓ + 2 KCl

A seta vertical direcionada para baixo indica que o composto a ela

correspondente é um precipitado, ou seja, em outras palavras, uma substância

com desprezível Kps (LEE, 2001).

De acordo com Lee (2001) a solubilidade de um sal decorre em função da

relação entre as energias de reticulação e de hidratação. Assim, segundo o autor,

“um sal é insolúvel em água se a energia de hidratação for menor que a energia de

reticulação.” Como para a maior parte dos compostos iônicos formados com

cátions da família 1-A a energia de reticulação é demasiadamente elevada e são

geralmente solúveis em água, salvo raras exceções como KClO4 e NaZn (UO2)

(Ac)9.H2O, explorados em química analítica (ibid).


46

Derivados iônicos com cátions de transição são solúveis, se o ânion nos

quais estiverem ligados possibilitarem alta energia de reticulação, fato que passa a

depender do número de ligantes capazes de realizar o metal (ibid).

Reações entre compostos iônicos cujos cátions pertencem à família 1-A

obedecem à afirmação feita por Lee (2001). No entanto, como a energia reticular

dos produtos ainda são maiores que a de hidratação, os compostos formados

permanecem em solução, altamente ionizados, como por exemplo, a reação

abaixo:

NaNO3 + KCl → KNO3 + NaCl

Ou ainda, envolvendo um elemento da família 2-A:

Ca (OH)2 +MgCl2 → Mg (OH)2 ↓ + CaCl2

Deve ser observado ainda que em ambas as reações, os metais que formam

os compostos mais solúveis são menos eletronegativos que os formadores do

composto precipitado. De fato, conforme Lee (2001), a eletro negatividade de cada

metal participante das reações mencionadas é:

Metal Eletronegatividade

Potássio –1 -A 0,8

Sódio – 1 –A 0,9

Cálcio – 2-A 1,0

Magnésio –2-A 1,2

Portanto, por ser a solubilidade dependente das forças coesivas inter-

atômicas, depende diretamente da eletronegatividade. Para ânions compostos,


47

como por exemplo nitratos e carbonatos, cujas estruturas apresentam covalência, a

eletronegatividade é a média geométrica das energias das ligações covalentes dos

pares simples vinculados a um produto composto em comum. (ibid)

Segundo Lee:

Sejam duas espécies A-A e B-B [...] as energias de suas ligações podem
ser medidas, logo E100%covalente A-B = (EA-A .EB-B)1/2 [...] Pauling por fim
estabeleceu que Δ = (energia da ligação real) - (EA-A .EB-B)1/2 ,onde Δ é a
energia de ligação adicional, referente à carga eletrônica dos átomos que
formam o composto. (2001, p.81).

Ainda segundo Lee (2001), normalmente o sentido das reações iônicas se

dá da esquerda para direita, ou seja, são tipicamente irreversíveis. No entanto

algumas exceções, sob condições, podem sofrer inversão no sentido. Um exemplo

é o processo de síntese da soda cáustica sem empregar como recurso, a eletrólise:

Na2CO3 + Ca (OH)2 → CaCO3 + 2NaOH

A reversibilidade da reação é possível devido à proximidade entre as

eletronegatividade do Cálcio e do Sódio (ibid).

Segundo Menezes (1964) ”apresenta uma tabela que relaciona a

solubilidade de vários sais a várias temperaturas, o que permite prever se uma

reação irá ou não produzir um precipitado”.

Ao contrário do que muitos imaginam, o meio ambiente comporta-se como

um verdadeiro tubo de ensaio onde se processa incalculável número de reações

químicas. Se avaliado sob o ponto de vista lógico, cada uma das reações

atualmente possíveis, inclusive os complexos mecanismos orgânicos vinculados à

síntese de ácidos nucléicos, tem como base processos inorgânico (LEE, 2001).
48

2.12.2 As Reações Químicas e os Microorganismos:

De acordo com Opárin (1962) “em um passado distante, ocorriam na

superfície da Terra reações elementares, formadoras de vasta quantidade de

compostos de baixo peso molecular,[...] dentre os quais se destacam óxidos de

enxofre, óxidos de nitrogênio e amônia, inorgânicos, bem como gases como

metano e aminas, orgânicos. Possivelmente [...] estes compostos geraram as

primeiras formas de vida por intermédio de coacervatos”.

Segundo Lee, atualmente existem na natureza, “bactérias capazes de

processar compostos químicos, reduzindo-os ou oxidando-os, como por exemplo

se verifica no ciclo do nitrogênio, onde o nitrogênio atmosférico é continuamente

reciclado, passando por uma série de compostos, dentre os quais se destacam

nitratos, nitritos e amônia”.

Ainda de acordo com Opárin (1962), dentre os microorganismos

mencionados por Lee, destacam-se os dos gêneros Azobacter e Clostridium, os

quais só desempenham seus papeis dentro do ciclo em questão, com a

participação de traços metálicos de transição, especialmente o ferro e o

molibdênio. Sob o aspecto bioquímico, as reações são complexas e envolvem

enzimas. Subentende-se todavia que o nitrogênio atmosférico chega aos vegetais

por intermédio da ação de raios:

N2 + O2 (centelha) → NO (+1/2 O2) →NO2.

A reação entre o dióxido de nitrogênio com a água leva a formação de ácido

nítrico, que cai sob a forma de chuva, que em contato com carbonatos alcalinos e

alcalinos terrosos, forma nitratos solúveis, indispensáveis aos vegetais.


49

A cadeia alimentar dá continuidade ao processo. Os animais herbívoros

consomem o nitrogênio vegetal. Após a morte ou a partir dos excrementos, o

nitrogênio volta ao solo na forma de uréia, onde bactérias promoverão a produção

de amônia e posteriormente em nitratos, absorvíveis pelos vegetais (LEE,2001).

Conforme Lee (2001) “o processo se resume em: NH4+ (nitrobactérias e

nitrossomas) →NO2- (nitrobactérias) →NO3-

Se o pH do local onde os compostos nitrogenados estão sendo depositados

estiver excessivamente alcalino, é possível que haja decomposição com liberação

de nitrogênio. Se o nitrogênio já estiver fixado na forma de nitratos, somente pelo

abaixamento do pH este retornará a atmosfera, o que implicará contudo a

dependência da reação com um ácido fixo, como o fosfórico ou o sulfúrico,

possíveis de serem formados naturalmente. Em qualquer caso, a reação será:

HX + YNO3 → HNO3 + XY

Onde HX é um ácido qualquer não volátil (ibid).

Por exemplo:

H2SO4 + 2NaNO3 --> 2HNO3 + Na2SO4

H2SO4 --> Ácido Sulfúrico.

NaNO3 --> Nitrato de Sódio.

HNO3 --> Ácido Nítrico.

Na2 SO4 --> Sulfato de Sódio.

O ácido nítrico é um poderoso oxidante que forma nitratos facilmente

solúveis em água. Em presença de alguns metais de transição, diluído e a frio,

forma nitratos correspondentes de NO, o qual é facilmente oxidado ou em anidrido

nítrico, conversível em HNO3 na presença de umidade” (ibid)


50

3. ESTUDO DE CASO

Neste capítulo será abordada a área de estudo e os procedimentos de

análises químicas com evidência de degradações nas argamassas do revestimento

externo do prédio em análise próximo ao mar e expostas continuamente a ação do

meio no decorrer de muitos anos, possui obviamente uma saturação de sais. Para

uma correta avaliação dos resultados é estritamente necessário o conhecimento

prévio desses sais, tanto na argamassa, como também no meio marinho próximo à

edificação.

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área delimitada para estudo é a Ilha de São Francisco do Sul, situada no

município de mesmo nome, no litoral Norte do Estado de Santa Catarina. O

município de São Francisco do Sul apresenta uma superfície de 496,9km2, sendo

que aproximadamente 60% dessa área constituí a Ilha de São Francisco do Sul e o

restante, faz parte da região continental. Este município está contido nas folhas

planialtimétricas SG-22-Z-V-II-2 de São Francisco do Sul e SG-22-Z-B-II-4 de

Araquari, editadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE na

escala 1:50.000 e suas coordenadas são: Latitude de 26º 14’ 36” S e Longitude de

48º38’17”.(FERNANDES, 1999). Limita-se ao Norte com os municípios de Itapoá e

Garuva, ao Oeste com o município de Joinville, ao Sul com os municípios de Barra

do Sul e Araquari e, ao Leste com o Oceano Atlântico. (FERNANDES, 1999). As

Figuras 1.1 e 1.2 mostram, respectivamente, a localização do município no Estado


51

de Santa Catarina e a área total da Ilha obtida por imagem de satélite, onde se

visualizam os centros urbanos.

Figura 4: Localização do município de São Francisco do Sul no Estado de Santa


Catarina.
52

Figura 5: Imagem de satélite cedida pela Prefeitura de São Francisco do Sul.

3.2 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISES DE CAUSA E ORIGENS

Para análise das causas das patologias encontradas na argamassa de

revestimento fez-se necessário conhecer:

• A composição básica do revestimento externo;

• A quantidade, tipo e distribuição dos sais nos revestimentos.

As informações foram obtidas sobre o traço da argamassa original é de 1:2:8

(cimento-cal-areia).
53

Para a análise da origem foi necessário conhecer o agente agressor da

argamassa do meio marinho. Os agentes agressores foram identificados através

de amostras retiradas da água do mar conforme mapa dos pontos locados (Anexo

15), nas quais foram encontradas concentrações excessivas de sais.

Para a realização dessas analises de causas e origens foram adotados os

seguintes procedimentos:

a) para analise das causas, foram retiradas uma amostra do revestimento em

um local da região afetada e a outra em um local da região não afetada pela

degradação, ambas a 1,00 m (um metro) de altura em relação à linha de base

superior da fundação em que a maré alcança o seu nível máximo, conforme mostra

a Foto n.º1, Anexo 1. Em função de que a capilaridade nos meios dos substratos

alcança altura de até 1,20m (um metro e vinte), foi conveniente proceder à coleta

de amostras em zona afetada e não afetada para servir de padrão aferidor. Tais

amostras foram retiradas usando-se como ferramentas um escopro (ponteiro) e

martelo. Foram coletados 500 gramas de material para cada amostra, sendo

recolhidos e armazenados em sacos plásticos devidamente identificados e

colocados imediatamente em estanque.

b) para realização da análise da origem águas do mar foram coletadas seis

amostras, em diferentes pontos, nas proximidades da edificação no sentido mar

para a foz do rio Pedreira. A coleta de água foi feita em frascos devidamente

descontaminados (esterilizados) na quantidade de 500ml, fornecidos pelo próprio

laboratório que realizou a análise química. Imediatamente após a coleta, os frascos

foram lacrados, identificados e armazenados em uma caixa térmica com gelo, até

serem entregues para o laboratório em tempo hábil.


54

Salientamos que para uma melhor amostragem desta água, tais amostras

foram coletadas em maré baixa.


55

4. RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo serão abordados os resultados obtidos conforme a realização

das análises das amostras do revestimento externo do Museu Nacional do Mar e

também das amostras coletadas no meio marinho. Destacamos que somente após

a autorização da direção do museu nacional do Mar, expedida em 02 de Julho de

2008 (ver anexo 14), atendendo ao pedido realizado pelos autores deste trabalho

em 22 de maio de 2008 (ver Anexo 15), é que foram realizadas as coletas das

amostras na área afetada e não afetada.

Salientamos que somente foram coletadas e analisadas essas duas

amostras, em virtude da permissão concedida pela de que a Diretoria do Museu

Nacional do Mar somente autorizava a coleta de pequenas amostras, o que

contrariava o pedido do laboratório de 500 gramas para cada amostra. Desta forma

foi impedida a retirada de mais amostras em diferentes locais do revestimento

externo.

O laboratório que realizou a analise das amostras foi o Instituto de Pesquisa

Química – IP localizado na cidade de Joinville-SC. A data de envio das amostras

para o laboratório foi 02 de julho de 2008 com a utilização das metodologias da

NBR 1006, e os resultados foram obtidos na data 29 de julho de 2008, de acordo

com o pedido.

As amostras na água do mar foram para a determinação da quantidade de

nitratos e sulfatos, onde foram coletadas seis amostras, ou seja seis pontos

diferentes devidamente identificados através de mapa conforme Anexo 15. As

amostras na argamassa foram para a determinação da quantidade de nitratos,


56

sulfatos e cloretos, onde foram coletadas duas amostras, uma na região afetada e

outra na região não afetada.

Na tabela 2 e figuras 6 e 7 abaixo, estão relacionados os resultados obtidos

da análise das amostras da água mar nos pontos 1 ao 6 conforme anexo 15, onde

se levantou a quantidade de nitratos e sulfatos demonstrando uma grande

quantidade de sulfatos na água do mar nos pontos de 1 a 4 e uma maior

quantidade de nitrato nos pontos 5 e 6 os quais obtiveram menos concentrações

de sulfatos.

Tabela 2 – Análise das amostras da água do mar (Unidade em mg/l)

Ensaios Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6

Nitratos 2,2 2,8 2,7 2,5 3,2 3,1

Sulfatos 496,0 492,0 514,0 475,0 232,0 234,0

NITRATO(mg/L)
GRAU DE CONCENTRACAO DO NITRAT

3,50
3,2
(mg/L) EM ÁGUA SALOBRA

3,1
3,00
2,8 2,7
2,50 2,5
2,2
2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
PONTO Nº

PONTO Nº
PONTO

PONTO

PONTO
PONTO

Nº02

Nº03

Nº04
Nº01

05

06

LOCAL DA COLETA DA AMOSTRA

Figura 6. Gráfico do Resultado de Nitrato nas Amostras de Água


57

SULFATO (mg/L) EM ÁGUA SALOBRA SULFATO(mg/L)


GRAU DE CONCENTRACAO DO

600

500 496 514


492 475
400

300
232 234
200

100

PONTO Nº

PONTO Nº
PONTO

PONTO

PONTO
PONTO

Nº02

Nº03

Nº04
Nº01

05

06
LOCAL DA COLETA DA AMOSTRA

Figura 7. Gráfico do Resultado de Sulfato nas Amostras de Água

Na tabela 3 e figuras 8 a 10 abaixo, estão relacionados os resultados obtidos

da análise das amostras da argamassa na região afetada e não afetada conforme

anexo 16, onde se levantou a quantidade de cloretos, nitratos e sulfatos,

demonstrando aumento na quantidade de nitratos da região afetada em relação a

região não afetada o mesmo acontecendo na quantidade de sulfatos e não

havendo grande variação na quantidade de cloretos.

Tabela 3 – Análise das amostras da argamassa (Unidade em mg/kg)

Ensaios Região não afetada Região afetada

Cloretos 10. 696,82 11.188,43

Nitratos 702,93 1.365,09

Sulfatos 6,11 107,06


58

GRAU DE CONCENTRAÇÃO D
CLORETOS mg/Kg
CLORETO NA ARGAMASSA

11300
11200 11188,43
11100
11000
mg/Kg

10900
10800
10700 10696,82
10600
10500
10400
N AFETADA AFETADA
COLETA DA AMOSTRA

Figura 8. Gráfico do Resultado de Cloretos nas Amostras do Substrato

NITRATO mg/Kg
GRAU DE CONCENTRAÇÃO DE
NITRATO NA ARGAMASSA mg/K

1600
1400 1365,09
1200
1000
800
702,93
600

400
200
0
N AFETADA AFETADA
COLETA DE AMOSTRA

Figura 9. Gráfico do Resultado de Nitrato nas Amostras do Substrato


59

SULFATO mg/Kg
GRAU DE CONCENTRAÇÃO D

120
SULFATO NA ARGAMASSA

107,06
100

80
mg/Kg -

60

40

20

6,11
0
N AFETADA AFETADA
COLETA DE AM OSTRA

Figura 10. Gráfico do Resultado de Sulfato nas Amostras do Substrato

Obs.: As amostras da água do mar podem estar afetadas em função de terem sido

recolhidas durante o dia, quando o prudente era ser recolhidas á noite, mas devido

a grande dificuldade do acesso ao local, se tomou por segurança ser feita coleta

durante o dia, o que não impediu de analisar a crescente concentração de nitratos

no sentido do mar para Rio Pedreira e decrescente concentração de sulfatos no

inicio do Rio Pedreira.

A partir dos resultados de sulfatos e nitratos das seis amostras de água

marinha e em função do alto nível de nitrato encontrado nas amostras, decidiu-se

por uma nova análise para a determinação dos níveis de salinidade, pH, e

Coliformes Termotolerantes e Totais. Para isso foram coletados amostras de

quatro pontos dos seis pontos já coletados anteriormente identificados como e

pontos 02,03,04,05 conforme mapa em anexo, eliminando os dois pontos extremos

01 e 06 por invariabilidade de resultados.


60

Na tabela 4 e figuras 11 e 12 abaixo, estão relacionados os resultados

obtidos da análise das amostras da água do mar conforme anexo 17, onde se

levantou a quantidade de pH, salinidade, coliformes termotolerantes e coliformes

totais, demonstrando que não houve grande variação no pH mantendo-se base, já

na parte de salinidade demonstra uma pequena variação dos pontos 2 e 3 para os

pontos 4 e 5 mas ainda sendo todos considerados água salobra e por fim a

quantidade dos coliformes retratam grande porcentual de contaminação visto que

maioria dos resultados deram valores maiores do que o valor máximo que se

consegue quantificar.

Tabela 4 – Análise das amostras da água do mar pH, Salinidade e Coliformes

Ensaios Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5

pH 7,95 mg/L 7,98 mg/L 7,35 mg/L 7,08 mg/L

Salinidade 20.459,00 mg/L 23.739,00 mg/L 17.220,00 mg/L 14.727,20 mg/L

Coliformes

Termotolerantes >16NMP/100mL 9,2NMP/100mL 9,2NMP/100mL >16NMP/100mL

Coliformes

Totais >16NMP/100mL 16NMP/100mL >16NMP/100mL >16NMP/100mL

Obs: NMP significa (Número mais provável)


61

PH (mg/L)

8,2
GRAU DE CONCENTRACAO D

8 7,95 7,98
7,8
PH(mg/L)

7,6
7,4 7,35
7,2
7,08
7
6,8
6,6

PONTO Nº

PONTO Nº
PONTO

PONTO

PONTO
PONTO

Nº02

Nº03

Nº04
Nº01

05

06
PONTO DA COLETA DAS AMOSTRAS

Figura 11. Gráfico do Resultado de PH nas Amostras da Água

SALINIDADE(mg/L)

25000
GRAU DE CONCENTRACAO D

23739
20459
SALINIDADE (mg/L)

20000
17220
15000 14727

10000

5000

0
PONTO Nº

PONTO Nº
PONTO

PONTO

PONTO
PONTO

Nº02

Nº03

Nº04
Nº01

05

06

PONTO DE COLETA DAS AMOSTRAS

Figura 12. Gráfico do Resultado de Salinidade nas Amostras da Água

As análises foram realizadas pelo mesmo laboratório. A data de envio das

amostras para o laboratório foi 08/08/2008 com a utilização das metodologias de


62

Eletrométrico para a analise do pH, e de Condutivímetro para a determinação do

grau de salinidade. Já para a determinação dos Coliformes Termotolerantes e

Totais foram empregado o método dos Tubos Múltiplos.


63

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os teores de sais de cloretos e nitratos são bastante elevados conforme

analises químicas das amostras do substrato, assim como os teores de Coliformes

Termotolerantes e Totais e ainda o pH variando de base para neutro conforme a

analise química das amostras de água. Nestas mesmas amostras a água é

classificada como salobra, conforme teor de salinidade segundo o índice

determinado pelo (CONAMA, Resolução 357 de 17 de março de 2005) que

classifica como salobra, água com teores de salinidade entre 500 a 30.000 mg/L .

Observa-se que na parede interna, as eflorescências de sais higroscópicos

são visíveis nas superfícies dos tijolos, (ver anexo 12), que provoca a destruição da

argamassa (ver anexo 01).

A solução das causas da degradação da argamassa geralmente exige

medidas de secagem, pois é a umidade a transportadora de sais. Considerando

que a umidade da parede é devido a ação do vento que transportam a nevoa e a

chuva que aumenta a umidade e sua salinidade, é também fundamental

neutralizar a ação destes sais.

Conforme a segunda hipótese, a presença de agentes agressivos, tais

como: cloretos e nitratos na proximidade do Museu Nacional do Mar, devem ter

uma solução de impermeabilização, a fim que não haja desagregação da

argamassa, com a aplicação de materiais hidrofugantes na base das paredes que

foram afetadas, possibilitando uma intervenção e eliminando as causas da

degradação.
64

Também foi constatado ataque moderado de sulfato na água conforme NBR

12655 (ABNT, 2006). Porém, não se constatou, grau de concentração de sulfato no

substrato.

O revestimento das paredes afetadas deverá ser substituído por uma nova

argamassa. A argamassa utilizada no reboco deve ser pintada com tintas

especificas “minerais” que não prejudique desta forma a evaporação eficaz da

umidade ainda existente no interior do substrato.

Quanto à hipótese principal referente à origem, foi encontrado nas amostras

dos pontos de número 01 até ao número 06, quantidade relativamente alta de

teores de nitrato e Coliformes de Termotolerantes e Totais para parâmetros de

águas salobras e salinas conforme a Resolução n. 357 de 17 de março de 2005

esta classificada ou identificada na classe 2. Assim poderá haver a proliferação de

bactérias acarretando produção de ácidos e gases.

Para a causa principal, não conseguimos referência bibliográfica quanto ao

teor Máximo de nitrato no substrato, que aponte se a quantidade encontrada se é

tolerável ou demasiada.

No entanto, o sintoma deteriorização da argamassa evidencia a possível

reação do ácido nítrico com o carbonato de cálcio, resultando o nitrato de cálcio

como um produto, que segue:

CaCO3(s) + 2HNO3(l) --> Ca (NO3)2(s) + H2O(l) + 2CO2(g)

O procedimento adotado foi de grande valia na interpretação de dados da

causa da degradação, possibilitando desta forma, uma intervenção com mais

fundamento para uma solução difícil e complexa.


65

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Para uma interpretação melhor da causa da degradação da argamassa

seriam necessários testes de ensaio com ataques de agentes agressivos como

cloretos, sulfatos e nitratos, através de corpos de prova em sucessivos níveis

controlados de ataques destes sais e a verificação de sua resistência depois de

submetidos em grande número de ensaios e analises de sua dosagem na

composição química dos corpos de prova.

A verificação dos tipos de bactérias que estão se proliferando no meio

marinho próximo ao Museu Nacional do Mar deverá ser aprofundada (mais

analisada) para uma compreensão maior do que está ocorrendo com a argamassa.
66

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ou Destruir. 2002. 13 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – LNEC 2002.

www.construlink.com.br
69

ANEXOS
70

Anexo 01

Foto 1: Fachada Lateral Esquerda


71

Anexo 02

Foto 2: Fachada Frontal


72

Anexo 03

Foto 3: Fachada Frontal


73

Anexo 04

Foto 4: Fachada Fundos


74

Anexo 05

Foto 5: Fachada Fundos


75

Anexo 06

Foto 6: Fachada Fundos


76

Anexo 07

Foto 7: Fachada Lateral Direita


77

Anexo 08

Foto 8: Registro da retirada das amostras do substrato


78

Anexo 09

Foto 9 : Registro da retirada das amostras da água marinha ponto 01


79

Anexo 10

Foto 10 : Registro da retirada das amostras da água marinha ponto 06


80

Anexo 11

Foto 11 : Eflorescência na parede interna do Museu


81

Anexo 12

Foto 12 : Eflorescência na parede interna do Museu

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