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Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro

Uma Contribuição ao Levantamento de Propriedades de


Argamassas para Recuperação de Estruturas de Concreto
Armado
MATTOS, F. V. (1), CALMON, J. L. (2); LORDÊLLO, F. S. S. (3); ZANDONADE, E. (4)

(1) Mestrando do Programa de Mestrado em Engenharia Civil da UFES.


E-mail: fvmeng@bol.com.br
(2) Dr. Ing., Professor do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFES.
E-mail: calmont@npd.ufes.br
(3) Mestre, Professor do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFES.
E-mail: fernalor@npd.ufes.br
(4) Dr., Professora do Departamento de Estatística da UFES.
E-mail: elianaz@rural.com.br

Universidade Federal do Espírito Santo - Centro Tecnológico – Departamento de Estruturas e


Edificações - Castelinho. Campus Universitário, Goiabeiras, Cx. Postal 01-9011, CEP 29060-900,
Vitória , ES - A/C Fernando Lordêllo Santos Souza
Tel.: (027) 3335-2702; 3335-2174; 3335-2709.

Palavras Chave: argamassa, sílica ativa, reparo

Resumo

Introdução: O concreto armado é um sistema construtivo de utilização


mundialmente conhecida. Isso se deve a facilidade de compor formas e
dimensões, que são de grande importância para produzir detalhes arquitetônicos e
estruturais. Porém, devido a problemas na concepção, construção ou utilização
das edificações e obras de arte, as mesmas podem apresentar problemas
patológicos. Intervenções, portanto, são necessárias para reabilitar as estruturas.
Nesse contexto, entram as argamassas de recuperação, materiais utilizados para
reabilitar as estruturas. Objetivo: Levantar propriedades e compará-las – quatro
argamassas de recuperação de concreto estrutural, dosadas em laboratório, com
uso de sílica ativa, um aditivo redutor de retração e um aditivo superplastificante,
com duas argamassas poliméricas encontradas no comércio para esse mesmo
fim. Metodologia: Executar ensaios mecânicos e físicos nas 6 argamassas, dentre
eles: resistência à compressão, à tração por compressão diametral, absorção por
imersão, absorção por capilaridade e retração. Resultados: Pretende-se aumentar
ainda mais o conhecimento a respeito das argamassas de recuperação, e,
também, comparar os resultados dos ensaios das argamassas estudadas, visando
encontrar onde as argamassas de sílica ativa devem melhorar para aumentar sua
qualidade.
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1 Introdução

O concreto armado é um sistema construtivo de grande utilização mundial, devido


à facilidade de compor formas e dimensões, que são de grande importância para
produzir detalhes arquitetônicos e estruturais.

Contudo, devido às falhas em algumas destas etapas, tais como: planejamento,


projeto, escolha dos materiais, execução e uso, propiciam o aparecimento de
patologias nas estruturas (ANDRADE ,1997).

A partir da análise do problema patológico, a intervenção na estrutura às vezes é


necessária, com o objetivo de a estrutura retomar as suas características de
projeto ou aumentar a sua vida útil.

Em função do tipo, local e tamanho (dentre outros) da reabilitação, o projetista da


recuperação irá fazer a escolha do material. Dentre os materiais escolhidos, pode-
se citar:
Argamassas,
Grautes,
Microconcretos,
Concreto Projetado,
Concreto Convencional

Esses materiais podem fazer uso de aditivos, adições, polímeros, redutores de


retração, dentre outros, para melhorar suas propriedades tanto no estado fresco
como no estado endurecido.

Também se deve dar atenção a todo conjunto a ser reparado, pois torna-se
importante uma compatibilidade entre o material de reparo e o elemento ou
estrutura a ser recuperado.

EMMOSNS & VAYSBURD (1996) consideram que, para um reparo ser durável, o
mesmo deve possuir uma compatibilidade dimensional, química, de
permeabilidade e eletroquímica com a estrutura, principalmente no que se refere à
compatibilidade dimensional, visando a evitar fissuras e, finalmente,
desprendimento do material de reparo.

A modo de introdução, sem intenção de exaurir o estado da arte sobre o assunto,


apresentam-se a seguir alguns critérios exigidos para argamassas de recuperação
estrutural.

Com uma grande gama de materiais de recuperação no mercado, pode-se dizer


que não existe um tipo ideal. Diferentes tipos de material de reparo vão atender a
diferentes usos. Cabe então ao engenheiro analisar o ambiente em que o material
será inserido, visando a interação desse com o meio e o local - substrato de
concreto (MORGAN, 1996).
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Diante dessa situação surgem fatores que vão interferir na compatibilidade entre o
material de reparo e o substrato, já citado anteriormente, os quais devem ser
analisados: (EMMOSNS & VAYSBURD, 1996)

Compatibilidade: - Dimensional Retração por secagem


Expansão térmica
Creep (Fluência)
Módulo de elasticidade
- Química
- Permeabilidade
- Eletroquímica

VAYSBURD & EMMONS (2000) mostraram um modelo holístico da falência do


reparo. Avaliando as causas iniciais, verifica-se que a restrição da variação
volumétrica e a fraca aderência entre o material e o concreto ao longo do
perímetro do reparo facilitam a entrada de agentes agressivos, através de
caminhos preferenciais.

Diante o exposto, verifica-se a necessidade de quantificar as propriedades


exigidas da argamassa para um certo tipo de reparo e/ou estabelecer faixas de
valores para essas propriedades. Sendo assim, quanto mais dados científicos a
respeito de diferentes tipos de argamassa, melhor.

SILVA JUNIOR (2001) chegou à conclusão de que argamassas de reparo, de uma


forma mais abrangente, devem possuir os seguintes níveis mínimos para as
propriedades mais importantes (Quadro 1).

Quadro 1 – Níveis mínimos para propriedades das argamassas de reparo


(SILVA JUNIOR, 2001)
Propriedade Valor Mínimo
Resistência à compressão 10,0 MPa
Resistência à flexão 2,0 MPa
Resistência à tração 1,0 MPa
Módulo de elasticidade 5,0 GPa
Coeficiente de expansão térmica 7x10-6/°C
Absorção de água (%) em massa 0,1
Temperatura máxima de serviço 40°C

MAYS & WILKISON, apud MORGAN (1996) fizeram um resumo das propriedades
típicas para alguns materiais de reparo (Quadro 2). Já EMMONS et al (2000),
citaram critérios de desempenho preliminares para materiais de reparo, critérios
esses aplicados a reparos em superfícies de material com base cimenticia,
submetidos a ambientes e carga normais (Quadro 3).
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Quadro 2 - Propriedades mecânicas típicas para materiais de reparo


(MAYS & WILKISON, apud MORGAN, 1996, p.51).
Argamassas Argamassas de Argamassa de
Propriedades de resinas cimento cimento
modificadas com comum
polímeros
Resistência à
compressão (MPa) 50 - 100 30 - 60 20 - 50
Resistência à tração 10 - 15 5 - 10 2-5
(MPa)
Modulo de elasticidade
na compressão (GPa) 10 - 20 15 - 25 20 - 30
Coeficiente de expansão
térmica (por C°) 25 - 30 x 10-6 10 - 20 x 10-6 10 x 10-6
Absorção de água (% por
massa) 1-2 0,1 - 0,5 5 - 15
Temperatura máxima de
serviço (C°) 40 - 80 100 - 300 > 300

Quadro 3 – Critérios de desempenho preliminar (EMMONS et al, 2000, p.44).


Propriedades Método de ensaio Requisitos
Tensão de tração ASTM C 78 2,0 MPa 300 psi
mínima aos 7 dias (ASTM, 1994 C) 1
Tensão de tração ASTM C 496 2,75 MPa 400 psi
mínima aos 28 dias (ASTM, 1994 J) 2
Módulo de elasticidade ASTM C 469 25 GPa 3600 psi
máximo (ASTM, 1994 H) 3
Retração por secagem ASTM C 157 (modificada) 0,04 %
máxima aos 28 dias (ASTM, 1994 E) 4
Anel de Coutinho 0
Fissuração aos 28 dias Ângulo alemão 0
Indicador de mudança de 0
volume (SPS ensaio Plate)
Coeficiente de 11,7x10-6/°C 6,5x10-6/°F
expansão térmica CRD – C 39-81
máxima
Notas:
(1) ASTM C78 – Standard Test Method for Flexural Strength of Concrete (Using Simple Beam
with Third-Point Loading);
(2) ASTM C496 – Standard Test Method for Splitting Tensile Strength of Cylindrical Concrete
Specimens;
(3) ASTM C469 – Standard Test Method for Static Modulus of Elasticity and Poisson´s Ratio of
Concrete in Compression;
(4) ASTM C157 – Standard Test Method for Length Change of Hardened Hydraulic-Cement
Mortar and Concrete;
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Face à grande necessidade de pesquisas sobre argamassas de reparo e o


desempenho de sistemas de reparo, neste trabalho pretende-se dar uma
contribuição no sentido de melhorar o conhecimento das propriedades dessas
argamassas.

2 Materiais Utilizados
Argamassa A

Argamassa à base de cimento e polímero, destinada a reparos superficiais. Uso


recomendado para espessuras entre 5 a 25mm. Embalagem: componente A
(líquido) e B (pó). Foi acrescentado + 5% de água em relação à massa de líquido.

Argamassa B

Argamassa à base de cimento modificada por polímero, destinada a reparos


superficiais. Uso destinado para espessuras de até 25mm. Embalagem:
componente A (pó) e B (líquido). Foi acrescentado + 25% de água em relação à
massa de líquido.

Argamassas com sílica ativa

As denominações e as proporções para as argamassas com sílica ativa


produzidas, estão mencionadas no Quadro 4.

Quadro 4 – Denominação e proporção das argamassas com s.a.


Denominação Relação Relação Teor de Aditivo Aditivo
das a/aglo 3 cimento:areia Sílica Ativa1 Redutor de SP2
2
Argamassas Retração
AJ2 0,40 (0,412) 1:3 10% 4% 2%
IPT 040 0,40 (0,400) 1:2,5 10% 2% -
IPT 035 0,35 (0,354) 1:2,5 10% 2% 0,7%
IPT 030 0,30 (0,324) 1:2,5 10% 2% 4%
Notas:
1
em relação à massa de cimento;
2
em relação à massa de aglomerante;
3
relação: (água + água do aditivo) / aglomerante.

Na produção das argamassas, sempre foi usada a dosagem em massa dos


componentes. No Quadro 5 apresenta-se o consumo de material em cada traço
produzido.
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Quadro 5 – Consumo de material em cada traço.


Argamassa Cimento Areia Sílica Aditivo Aditivo Àgua
(kg) (kg) Ativa (g) Redutor de SP (g)
Retração (g)
(g)
AJ2 1,0 3,0 100 44 22 440
IPT 040 1,0 2,5 100 22 0 440
IPT 035 1,0 2,5 100 22 7,7 385
IPT 030 1,0 2,5 100 22 44 330

Concreto Base

O concreto utilizado foi elaborado com o traço em massa: 1:3,226:1,387:2,08:0,63


(cimento: areia: brita 1: brita 2: relação a/c). Produziu-se assim um concreto de
resistência média aos 28 dias de 23 MPa, necessário na produção dos corpos-de-
prova cilíndricos que serão usados em ensaio, descrito na metodologia.

Aglomerante

Para a produção das argamassas com sílica ativa e do concreto base, foi utilizado
o cimento CP II E 32 – RS, com as propriedades físicas apresentadas na Tabela
1. Sua escolha foi baseada em sua disponibilidade na região e em possuir menor
quantidade de escória granulada de alto forno do que o CP III 32 – RS.

A silica ativa é de fabricação nacional, do tipo não densificada, fornecida em sacos


de 15 kg.

Tabela 1 - Ensaios de caracterização do cimento.


Propriedade (Norma Técnica) Resultado
C Finura, # N° 200 (NBR 11579 (1991)) 0,4 %
I Água da Pasta de Consistência Normal (NBR 11580 29,2 %
(1991))
M Tempo do Início de Pega (NBR 11581 (1991)) 2 h e 25 min
E Tempo do Fim de Pega (NBR 11581 (1991)) 4 h e 30 min
N Expansibilidade de Le Chatelier (NBR 11582 (1991)) 0 mm
T Massa Específica (NBR 6474 (1984)) 3,00 g/cm3
O Área Específica (NBR 7224 (1996)) 432 m2/kg

Aditivos

O aditivo superplastificante foi usado na forma como adquirido, líquido, dosado em


massa, sem descontar a água de diluição dos sólidos na relação
água/aglomerante. A base do mesmo é naftaleno. O aditivo usado como
compensador de retração estava em forma de pó.
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Agregado miúdo

O agregado miúdo, usado na produção da argamassa, foi uma areia de jazida


comprada no comércio local. As características do material estão na tabela 2.
Podendo ser graduada como uma areia muito fina, ficando até, em certos
intervalos, abaixo da Zona 1.

Tabela 2 - Ensaios de caracterização da areia


Propriedade (Norma Técnica) Resultado
A Massa Unitária (NBR 7251 (1982)) 1,5 kg/dm3
R Dimensão Máxima Característica (NBR 7217 (1987)) 2,4 mm
E Massa Específica (NBR-9776 (1987)) 2,63 g/cm3
I Módulo de Finura (NBR-7217 (1987)) 1,51
A Materiais Pulverulentos (NBR-7219 (1987)) 1,5 %
Impurezas Orgânicas (NBR-7220 (1987)) Superior

Foi verificado, através de peneiramento, que o material “pó” usado na argamassa


industrializada é menor que 1,0 mm, então se optou por retirar a fração 2,4 mm da
areia desta pesquisa. Isso teve como objetivo, diminuir o diâmetro dos grãos, de
modo a se ter uma graduação próxima a da industrializada, e também melhorar o
acabamento superficial da argamassa aplicada.

Nas argamassas da série IPT, foi utilizado quatro graduações de areia fornecida
pelo mesmo, na proporção de: 250 g da 1,2mm; 500g da 0,6mm; 750g da 0,3mm
e 1000g da 0,15. Gerando os 2,5Kg de areia usados nos traços.

3 Metodologia

Antes da moldagem da argamassa, era moldado o concreto que seria usado como
substrato para um ensaio de aderência, e outro para um ensaio de retração
restringida, ambos testes adaptados. A idade de uso desse concreto foi de 28
dias, sendo a cura realizada em câmara úmida, durante esse período.

O ensaio de aderência consistia, inicialmente, em cortar os corpos-de-prova (cps)


de concreto, cilíndricos de 10x20 cm, diagonalmente. Esse corte proporciona duas
faces com planos de ~ 60° com as bases do cp.

As superfícies resultantes desse corte eram lixadas com o auxilio de uma escova
de aço tipo copo, acoplada a uma máquina de furar, com o objetivo de aumentar a
rugosidade da mesma e uniformiza-las.

Posteriormente, era aplicada a argamassa em estudo nas faces obtidas no corte,


sendo unidas através do confinamento na forma metálica cilíndrica 10x20 cm, com
aplicação de pressão sobre o topo do cp para preenchimento total da face, sendo
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desformado no dia seguinte (ver Figura 1). Na idade correta, os cps “colados” eram
rompidos à compressão axial. A condição adotada para o substrato das faces foi o
saturado superfície seca.

Concreto Concreto

Corte Corte

Concreto Concreto

Ângulo de 60 graus Argamassa de


Recuperação
Figura 1 – Corpo-de-prova do ensaio de aderência

A areia utilizada na argamassa AJ2 foi seca ao ar, peneirada na # 2,4 mm e então
seca em estufa por 24h (temperatura de 105 ± 5°C) e armazenada em sacos
plásticos.

As diversas argamassas foram misturadas em um mesmo balde de latão, com o


auxílio de um misturador acoplado a uma furadeira elétrica, por um tempo
aproximado de 3 minutos até a aparência de consistência satisfatória. A
quantidade de material no balde não podia ultrapassar 5,0 kg de material.

As moldagens dos materiais para ensaio foram divididas em duas fases. Em um


dia, eram moldados os cps cilíndricos 5x10 cm, para atender os ensaios de
resistência à compressão axial e resistência à tração por compressão diametral,
capilaridade, absorção por imersão, índice de vazios e massa específica no
estado fresco e endurecido. Na segunda fase, outro dia, eram moldados os cps
para retração livre, e os cps 10x20 cm colados para verificação da aderência.

A moldagem dos corpos de prova cilíndricos de 5x10 cm era executada em 3


camadas de 20 golpes cada. Já na colagem dos cps cilíndricos, a argamassa era
passada em ambas às metades, com uso de uma espátula, sendo então unidas e
novamente posicionadas no molde original do cp, para manter o alinhamento.

A cura dos cps foi feita, em todos os casos, em câmara úmida nas primeiras 24h e
o restante do tempo em ambiente de laboratório. Local esse protegido do sol e do
vento, com temperatura média variando em torno dos 27°C e umidade relativa
entre 60 e 85%.
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As resistências à compressão (NBR 5739(1994)) e à tração por compressão


diametral (NBR 7222(1994)) foram medidas a 3, 7 e 28 dias; absorção, porosidade
e massa específica no estado endurecido (NBR 9778(1987)), aos 28 dias. No caso
da aderência, aos 7 dias de idade para as argamassas.

A determinação da absorção por capilaridade foi baseada na NBR 9779(1995),


feita utilizando-se 4 corpos-de-prova na idade de 28 dias. Os mesmos foram secos
em estufa à temperatura de 105 ± 5°C, até a constância de massa. As massas
foram determinadas nos tempos: 3, 6, 24, 48, 72, 144, 168, 192 e 216 horas. Os
resultados foram calculados em g/cm2 e plotados em um gráfico – Figura 2.

No ensaio de retração livre (NBR 8490(1984)), foram moldados 6 cps para cada
argamassa. Eram moldados em duas camadas, 20 golpes cada com soquete
apropriado. O período de cura ao ar foi feito em uma sala do laboratório, e as
medidas realizadas após a desforma foram a 3, 7 e 28 dias.

No caso do ensaio de aderência ao cisalhamento oblíquo, a tensão foi calculada


dividindo-se a carga obtida à compressão dos cps “colados” pela média das áreas
das duas faces inclinadas.

Todas as argamassas foram dosadas em massa, sendo as comerciais dosadas de


acordo com a relação “líquido/pó”, obtida no catálogo do fabricante, visto que não
era viável a produção de todo um conjunto de uma argamassa de uma só vez.

4- Resultados Obtidos

Os resultados de resistência à compressão axial das argamassas, para as idades


de 3, 7, e 28 dias, estão na Tabela 3, como também: a média, o desvio padrão e o
coeficiente de variação dos mesmos.

Os resultados de resistência à tração por compressão diametral das argamassas,


para as idades de 3, 7 e 28 dias, estão na Tabela 4, como também: a média, o
desvio padrão e o coeficiente de variação dos mesmos.
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Tabela 3 – Resultados do ensaio de resistência à compressão axial


Resistência à Compressão Axial (MPa)
Traços 3 dias 7 dias 28 dias
A 24,28 Média: 27,69 Média: 33,20 Média:
23,99 24,4 34,26 31,3 34,22 33,6
24,82 31,35 34,28
24,47 s: 0,35 32,02 s: 2,73 32,81 s: 0,73
CV: 1,43% CV: 8,71% CV: 2,18%
- - -
B 20,96 Média: 24,65 Média: 26,09 Média:
26,14 23,2 31,18 27,1 30,02 28,9
21,83 23,68 30,46
23,82 s: 2,30 28,87 s: 3,53 28,85 s: 1,97
CV: 9,93% CV: 13,0% CV: 6,81%
- - -
AJ2 21,39 Média: 30,22 Média: 34,46 Média:
19,34 20,5 28,87 29,8 33,59 36,1
20,15 27,93 39,11
21,29 s: 0,98 32,28 s: 1,89 37,22 s: 2,54
CV: 4,75% CV: 6,33% CV: 7,03%
- - -
IPT 040 27,58 Média: 38,85 Média: 46,72 Média:
28,12 28,0 39,95 37,7 44,58 43,7
27,96 33,77 40,15
28,35 s: 0,32 38,17 s: 2,71 40,10 s: 3,40
CV: 1,15% CV: 7,20% CV: 7,78%
- - 46,98
IPT 035 22,33 Média: 32,98 Média: 43,42 Média:
22,94 22,9 34,26 34,4 44,20 43,3
23,43 34,11 39,37
22,56 s: 0,43 35,25 s: 1,00 43,22 s: 2,57
CV: 1,90% CV: 2,91% CV: 5,93%
23,08 35,48 46,48
IPT 030 20,67 Média: 35,86 Média: 36,31 Média:
19,68 21,0 33,63 34,3 38,74 40,3
20,87 33,54 39,47
21,99 s: 0,97 34,38 s: 0,95 42,81 s: 3,13
CV: 4,91% CV: 2,78% CV: 7,76%
21,96 33,89 44,00
Notas:
s = desvio padrão;
CV = coeficiente de variação.
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Tabela 4 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão


diametral.
Resistência à Tração por Compressão Diametral (MPa)
Traços 3 dias 7 dias 28 dias
A 3,77 Média: 3,31 Média: 6,58 Média:
3,44 3,55 4,27 4,24 6,36 6,40
3,18 4,64 6,17
3,83 s: 0,30 4,75 s: 0,65 6,49 s: 0,18
CV: 8,49% CV: 15,4% CV: 2,82%
- - -
B 3,06 Média: 2,99 Média: 4,73 Média:
3,51 3,40 3,71 3,53 4,51 4,56
3,05 3,77 4,48
4,00 s: 0,45 3,66 s: 0,37 4,54 s: 0,11
CV: 13,2% CV: 10,4% CV: 2,44%
- - -
AJ2 2,29 Média: 3,90 Média: 3,97 Média:
2,75 2,68 3,51 3,73 3,82 4,08
2,95 3,70 3,90
2,73 s: 0,28 3,83 s: 0,17 4,64 s: 0,38
CV: 10,5% CV: 4,60% CV: 9,20%
- - -
IPT 040 3,04 Média: 3,77 Média: 3,67 Média:
3,54 3,28 4,60 4,19 4,27 4,23
3,23 3,70 3,94
3,31 s: 0,21 4,72 s: 0,54 4,41 s: 0,45
CV: 6,36% CV: 12,8% CV: 10,7%
- - 4,85
IPT 035 3,28 Média: 3,57 Média: 5,95 Média:
3,09 3,23 4,42 3,72 4,41 4,91
3,10 4,13 3,93
3,26 s: 0,15 3,34 s: 0,54 4,83 s: 0,81
CV: 4,56% CV: 14,4% CV: 16,4%
3,45 3,15 5,44
IPT 030 3,28 Média: 3,74 Média: 4,84 Média:
2,87 2,95 3,62 4,03 4,80 5,10
2,97 4,13 5,05
3,35 s: 0,43 4,54 s: 0,36 5,98 s: 0,50
CV: 14,5% CV: 9,03% CV: 9,78%
2,27 4,13 4,84
Notas:
s = desvio padrão;
CV = coeficiente de variação.

Os resultados de absorção de água por imersão, massa específica, índice de


vazios, medidos aos 28 dias, encontram-se na Tabela 5.
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Tabela 5 – Resultados de absorção de água por imersão, índice de vazios e


massa específica.

IPT IPT IPT


Argamassa A B AJ2
Propriedade 040 035 030
Absorção de Média: 2,76 7,94 8,65 7,30 8,38 7,38
Água s: 0,05 0,14 0,09 0,12 0,11 0,06
(%) CV (%) 1,86 1,81 1,08 1,57 1,33 0,87
Massa Média: 1,94 1,86 1,97 2,04 2,03 2,03
Específica s: 0,001 0,007 0,006 0,009 0,004 0,008
(g/cm3) CV (%) 0,06 0,35 0,30 0,43 0,18 0,37
Índice de Média: 5,34 14,77 17,07 14,88 17,00 15,00
Vazios s: 0,10 0,22 0,16 0,21 0,20 0,14
(%) CV (%) 1,81 1,49 0,96 1,38 1,17 0,96
Número de corpos-de-prova: 3 3 4 4 4 4
Notas:
s = desvio padrão;
CV = coeficiente de variação.

Na Figura 2 encontram-se os valores de absorção de água por capilaridade (em


g/cm2), durante o intervalo estabelecido, sendo as alturas capilares encontradas
na Tabela 6.

Absorção de Água por Capilaridade


0,80
Absorção de água

0,70
0,60 A
(g/cm2)

0,50 B
0,40 AJ2
0,30 IPT 040
IPT 035
0,20
IPT 030
0,10
0,00
0 50 100 150 200 250
Tempo (h)
Figura 2 - Resultado do ensaio de absorção de água por capilaridade
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Tabela 6 – Altura capilar medida nos cps após o período de ensaio.


Argamassas Altura capilar – 216 h (mm) Média Desvio CV 1
(mm) Padrão (%)
cp 29 cp 30 cp 31 cp 32
(mm)
A 4,0 4,0 4,0 2,0 3,5 1,00 28,6
B 11,5 12,5 9,5 11,7 11,2 1,14 10,2
AJ2 10,0 16,6 11,6 18,3 14,1 3,96 28,0
IPT 040 26,7 26,3 27,5 26,8 26,8 0,50 1,86
2
IPT 035 29,4 25,5 24,0 31,2 27,5 3,34 12,1
IPT 030 11,2 10,2 8,1 12,4 10,5 1,82 17,4
Notas:
1
CV = Coeficiente de variação;
2
Altura capilar a 192h.

Na Figura 3 estão os valores obtidos para retração livre nas argamassas, nas
idades de 3, 7 e 28 dias.

Retração Livre
0,14
0,12
A
Retração (%)

0,10
B
0,08
AJ2
0,06 IPT 040
0,04 IPT 035

0,02 IPT 030

0,00
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (dias)

Figura 3 – Resultados dos ensaios de retração livre nas argamassas.

Os resultados do ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento da junta


inclinada estão na tabela 7, na idade de 7 dias.
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Tabela 7– Resultados do ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento da


junta inclinada.
Resistência de Aderência ao Cisalhamento da Junta Inclinada (MPa)
Traços Cps 1 2 3 4 5 6 7 8
A Tensão
de 6,24 8,83 9,03 9,52 9,81 8,64 9,44 8,48
ruptura
Tipo 1 1 1 1 1 1 1 1
Média 8,68 s: 1,27 CV: 14,63%
B Tensão
de 8,64 6,87 7,48 7,94 9,26 6,18 - -
ruptura
Tipo 1 1 2 1 1 1 - -
Média 8,04 s: 1,13 CV: 14,08%
AJ2 Tensão
de 9,53 9,02 10,11 8,38 11,05 8,76 8,31 9,07
ruptura
Tipo 1 1 2 1 2 1 1 1
Média 9,62 s: 0,98 CV: 10,18%
IPT Tensão
040 de 10,29 11,53 10,42 11,58 12,32 11,49 12,28 8,57
ruptura
Tipo 1 2 1 2 2 1 2 2
Média 11,23 s: 0,77 CV: 6,88%
IPT Tensão
035 de 10,18 12,46 11,24 12,01 10,42 10,90 10,70 11,50
ruptura
Tipo 1 2 2 1 1 2 1 2
Média 11,26 s: 0,89 CV: 7,94%
IPT Tensão
030 de 12,10 11,66 11,14 12,71 10,79 11,36 11,68 12,07
ruptura
Tipo
Média 11,68 s: 0,69 CV: 5,93%
Notas:
s = desvio padrão;
CV = coeficiente de variação;
Tipos de ruptura:
1 = rompeu só em uma das interfaces argamassa x substrato;
2 = ruptura começou em uma das interfaces, passou pela argamassa e terminou na outra
interface: argamassa x substrato.

5- Conclusões
A partir dos experimentos realizados até o momento, pode-se extrair as seguintes
conclusões:

§ O efeito do polímero é considerável nas propriedades de absorção de água


por imersão e absorção de água por capilaridade, onde se observa uma
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melhor impermeabilização da argamassa provocada pelo mesmo;


§ As argamassas com sílica ativa proporcionam resistência à compressão axial
maiores que as argamassas poliméricas. Isso pode não ser favorável, pois
partindo do pressuposto que o material de reparo deve ter propriedades
compatíveis com o substrato, a resistência das argamassas deveriam ser
menores para atender a concretos que tenham no máximo 30 MPa;
§ A argamassa polimérica A mostrou grande qualidade na resistência à tração
na compressão diametral, seguida da argamassa IPT 035;
§ Todos os valores de retração livre ficaram acima de 0,04 % (a 28 dias),
mostrando que essa propriedade deve ser melhor analisada, levando-se em
conta: a faixa de valor máximo, metodologia de ensaio, tamanho do corpo-de-
prova e a composição das argamassas;
§ Considerando os níveis mínimos propostos por SILVA JUNIOR (2001),
verifica-se que as argamassas tiveram um bom comportamento, com relação
às propriedades analisadas neste trabalho;
§ No ensaio de aderência ao cisalhamento da junta inclinada, as argamassas
com sílica ativa tiveram uma certa vantagem sobre as poliméricas,
principalmente as argamassas com areia de granulometria mais grossa.

6- Referências Bibliográficas

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manifestações patológicas nas estruturas no estado de Pernambuco. Porto Alegre,
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Solto – Determinação da massa unitária. Rio de Janeiro, 1982.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9776. Agregado –


Determinação da massa específica de agregado miúdo por meio do frasco de Chapman.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778. Argamassas e


concretos endurecidos – Determinação da absorção de água por imersão – Índice de
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Determinação da finura por meio da peneira 75 micrômetros (número 200). Rio de
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Determinação da água da pasta de consistência normal.1991.

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