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Paulo de Araújo Regis(1); Romilde Almeida de Oliveira (2); Ézio da Rocha Araújo(1),
Arnaldo Manoel Pereira Carneiro (1), Natécia Shirley Nunes (4)
Resumo
No projeto de estruturas as características mecânicas são grandezas importantes nas
verificações em serviço e na ruptura, no cálculo de tensões e flechas. As resistências à
compressão e à tração e o módulo de elasticidade são as mais utilizadas nos projetos de
estruturas de concreto armado e protendido. A resistência à tração na flexão, por sua vez,
é uma especificação importante nos projetos de pavimentos rígidos de concreto e obras
de barragem.
O módulo de elasticidade que é utilizado na avaliação das condições em serviço das
estruturas e é comum se fazer referência ao módulo tangente na origem ou módulo
secante e fazer correlações entre eles sendo comumente utilizada a relação de que o
módulo secante é 85% do módulo tangente na origem. Diversas normas de projeto
apresentam expressões para estimativa do módulo de elasticidade.
Neste trabalho são apresentados resultados de ensaios de módulo de elasticidade em
diversos corpos-de-prova em diferentes idades. A metodologia adotada foi a adotada na
NBR 8522 relativa ao plano de carga I. O testes foram realizados em corpos-de-prova
cilíndricos de dimensões 15x30cm , às idades de 1, 3, 7, 28, 49, 63 dias. O concreto
utilizado teve um consumo de material cimenticio (cimento + sílica) de 629,6 kg/m3. A
resistência média aos 28 dias para o traço utilizado foi de 75 MPa. Os resultados deste
trabalho fazem parte de uma dissertação de mestrado. Aqui, são apresentados os
resultados obtidos relativos ao módulo de elasticidade nas idades 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias.
Foram realizados 90 ensaios sendo que para cada idade estudada foram utilizados 15
corpos-de-prova. Em cada idade foram determinados os principais parâmetros
estatísticos: a média, desvio padrão e coeficiente de variação. Foram obtidos módulos de
elasticidade da ordem de 52 GPa aos 28 dias.
1. Introdução
Nos últimos anos tem havido uma crescente utilização de concretos com valores da
resistência à compressão superior a aqueles que eram normalmente empregados. O uso
crescente de concreto de alto desempenho se deve não só à sua elevada resistência à
compressão, mas também, a um conjunto de outras propriedades, principalmente a
durabilidade que é proporcionada pela diminuição da permeabilidade e menor índice de
vazios.
No projeto de estruturas as características mecânicas são grandezas importantes nas
verificações em serviço e na ruptura, no cálculo de tensões e flechas. As resistências à
compressão e à tração e o módulo de elasticidade são as mais utilizadas nos projetos de
estruturas de concreto armado e protendido. A resistência à tração na flexão, por sua vez,
é uma especificação importante nos projetos de pavimentos rígidos de concreto e obras
de barragem.
Há diversos ensaios normalizados para a determinação de cada uma delas e diversas
expressões que as correlacionam com a resistência à compressão devido à sua facilidade
de obtenção (NBR6118/2003, CSA (1994), NS (1992), etc.).
As variáveis que interferem na determinação das resistências são inúmeras: tamanho dos
corpos de prova, idade do corpo de prova, tipo, forma e dimensão máxima do agregado,
granulometria, relação água/cimento, consistência, velocidade de ensaio, tipo de
carregamento, temperatura, condições de cura e umidade do corpo de prova na data do
ensaio AÏTCIN (1998), NEVILLE (1997).
A partir da década de 70, intensificaram-se as pesquisas sobre o CAD, em várias partes
do mundo, sobretudo graças ao uso de aditivos químicos superplastificantes, que
permitiram a fabricação de concretos com consistência plástica, apesar da relação
água/cimento baixa.
Ao longo de vários anos vêm sendo estudadas as propriedades mecânicas dos concretos
de alta resistência: CARRASQUILLO, NILSON E SLATE (1981a, b), AÏTCIN E METHA
(1990), GIACCIO, G. et al. (1992), GUTIERREZ E CANOVAS (1995), ALMUSALLAM E
ALSAYED [11], IRAVANI (1996), CHIN, M.S.. et all [13], CETIN E CARRASQUILLO
(1998), entre outros. Estes estudos abrangem diversos tipos de variáveis que interferem
nas propriedades mecânicas.
No Brasil, também, diversos pesquisadores vêm trabalhando neste assunto: Almeida
(1990, 1997), FONSECA (1997), FONSECA et al. (2000), Dal MOLIN (1998) entre outros.
HELENE (1998) fez um estudo sobre variação do módulo de elasticidade com a
composição e características do concreto fresco e endurecido onde chama a atenção da
importância de investigação das características mecânicas com materiais de cada região
do país.
Os resultados deste trabalho fazem parte da dissertação de mestrado de NUNES (2002).
Aqui, são apresentados os resultados obtidos relativos ao módulo de elasticidade nas
idades 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias. Para cada idade estudada, 15 corpos de prova foram
ensaiados. Em cada idade foram determinados os principais parâmetros estatísticos: a
média, desvio padrão e coeficiente de variação.
2. Propriedades mecânicas
Dos estudos realizados por diversos pesquisadores e propostas sugeridas pelas normas
de projetos de diversos países, as características mecânicas dos concretos são
correlacionadas com a resistência à compressão por ser esta a de mais fácil obtenção.
Em geral as correlações são da forma:
G = A fc α + B
Onde: G ⇒ grandeza desejada; Ec, fct, fr, por exemplo.
A, B e α ⇒ são constantes determinadas ajustando-se dados de ensaios.
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 VI.1051
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fc ⇒ resistência à compressão.
Em geral as expressões se referem à idade de 28 dias. As propriedades mecânicas são
funções de diversos parâmetros, como por exemplo: tipo, forma e tamanho dos
agregados, características da pasta, aditivos minerais e aditivos químicos, porcentagem
de argamassa, velocidade de carregamento, tamanho e forma do corpo de prova, tipo de
capeamento, tipo de cura do corpo de prova, etc. Diante da variedade de parâmetros que
interferem nas propriedades várias propostas de correlações são apresentadas.
NATUREZA αE
Basalto e 1,2
diabásio
Granito e 1,0
gnaisse
Calcário 0,9
Arenito 0,7
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βE = (β1)0.5
β1 = exp{ s.[1-(28/t/t0)0,5 ] }
3. Materiais utilizados
A produção de Concreto de Alto Desempenho (CAD) exige uma cuidadosa seleção dos
materiais componentes a fim de se obter um produto final com características desejadas
de trabalhabilidade, resistência e durabilidade. O CAD pode ser considerado um material
composto das seguintes fases: pasta de cimento endurecida, o agregado e a zona de
transição agregado-pasta. Estas três fases devem ser criteriosamente consideradas no
processo de produção de concreto.
As características da pasta dependem da composição do cimento, da relação a/c, das
propriedades e composição de aditivos, e do procedimento de cura. Por outro lado, a
escolha dos agregados é de suma importância no controle das propriedades do concreto.
É importante o bom funcionamento das betoneiras ou misturadores, pois os CADs
geralmente possuem baixa dosagem de água, alta dosagem de cimento, além de
incorporarem materiais muito finos na sua composição (caso da sílica ativa), o que
dificulta a obtenção de uma mistura homogênea.
A partir de um traço existente, executado com brita cujo diâmetro era de 25 mm e
resistência aproximada de 75,0 MPa foram feitos ajustes para a brita com diâmetro 19
mm e consistência em torno de 70±10 mm.
O traço empregado na mistura é apresentado na tabela 2:
3.1. Cimento
Cimento composto com adição de filler calcário (CP II F-32), fornecido a granel,
atendendo às prescrições das normas NBR 5732/91 e NBR 11578/91.
3.2. Água
Água potável, proveniente da rede de abastecimento fornecida pela Companhia
Pernambucana de Saneamento.
4. Corpos-de-Prova
Para a determinação do módulo de elasticidade os corpos de prova foram moldados em
formas metálicas cilíndricas de tamanho 15cmx30cm. O número de corpos de prova
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utilizados para os ensaios foi 15 para cada uma das idades estudadas: 1, 3, 7, 28, 49 e 63
dias. Os corpos de prova 15x30 foram adensados com vibradores de imersão e curados
imersos em água saturada com cal. A temperatura média diária da água onde foram
imersos os corpos de prova foi de 26oC.
60
55
Módulo de Elasticidade (GPa)
53,8
52,9
51,3
50 49,4 49,5
45
44,0
40
35
30
0 10 20 30 40 50 60 70
idade (dias)
1,05
1,02
1,00 1,00
0,97
0,95
Ec/Ec28
0,93 0,94
0,90
0,85
0,83
0,80
0 10 20 30 40 50 60 70
idade (dias)
Os valores de módulo de elasticidade pela proposta acima foram ajustados até os 49 dias.
6. Comentários Finais
Foram ensaiados 90 corpos-de-prova com dimensões 15x30cm para ensaio de módulo de
elasticidade (ME) em seis idades diferentes: 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias. Para cada idade
foram realizados 15 ensaios. Foram obtidos valores médios de módulo de elasticidade de
44 GPa em 1 dia e 52,3 GPa aos 28 dias. Foi determinado o valor relativo entre os ME de
cada idade relativamente ao obtido aos 28 dias. Os valores obtidos são semelhantes aos
encontrados em outras referências. O ME em um dia atinge cerca de 83% do valor aos 28
dias. O valor médio obtido para o módulo de elasticidade aos 63 dias apresentou uma
redução com relação aos valores obtidos nas idades de 49 e 28 dias. Não se tem, até o
momento, uma explicação para o fato. Outros estudos serão realizados para investigar o
valor do ME aos 63 dias de idade.
7. Agradecimentos
FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e a Tecnologia do Estado de Pernambuco.
Cimento Poty – Grupo Votorantim.
Pedreira Guarani da Queiroz Galvão.
Reax.
8. Referências
AITCIN, P.-C.; MEHTA, P.K. Effect of coarse-aggregate characteristics on mechanical
properties of high-strength concrete. ACI Materials Journal, v.87, n.2, p.103-107,
Mar./Apr. 1990.
CARRASQUILLO, R.L.; NILSON, A.H.; SLATE, F.O. Properties of high strength concrete
subject to short-term loads. ACI Journal, v.78, n.3, p.171-178, May/Jun. 1981.
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 VI.1060
IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0069 - pg. VI.1050 - VI.1062
CARRASQUILLO, R.L.; NILSON, A.H.; SLATE, F.O. Microcracking and behavior of high
strength concrete subject to short-term loading. ACI Journal, v.78, n.3, p.179-186,
May/Jun. 1981.
CHIN, M.S., MANSUR, M.A.; WEE, T.H. Effects of shape, size, and casting direction of
specimens on stress-strain curve of high-strength concrete. ACI Materials Journal, v.94,
n.3, p.209-219, May/Jun. 1997.
COLLINS, M.P.; MITCHELL, D.; MACGREGOR, J.G. Structural design considerations for
high-strength concrete. Concrete International, v.15, n.5, p.27-34, May 1993.
FONSECA SILVA, E..; RIBAS SILVA, M.; OLIVEIRA, M.O. F. Influência do tipo de
agregado graúdo na resistência à compressão de concretos de alto desempenho.
XXIX Jornadas Sudamericanas de Ingenieria Estructural. Punta del Este, Uruguai. Nov.
2000.
NEVILLE, A.; AITCIN, P.C. High performance concrete: an overview. Materials and
Structures, v.31, p.111-117, Mar. 1998.