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IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0069 - pg. VI.1050 - VI.

1062

Módulo de Elasticidade de um Concreto de Alta Resistência ao Longo


do Tempo

Paulo de Araújo Regis(1); Romilde Almeida de Oliveira (2); Ézio da Rocha Araújo(1),
Arnaldo Manoel Pereira Carneiro (1), Natécia Shirley Nunes (4)

(1) Prof. Adjunto, Universidade Federal de Pernambuco


email: pregis@ufpe.br; ezio@ufpe.br, ampc@ufpe.br

(2) Professor Colaborador, Universidade Federal de Pernambuco


Prof. Titular, Universidade Católica de Pernambuco
email: romilde@unicap.br
(4) Enga. Civil e Mestre em Estruturas-UFPE

Rua Acadêmico Hélio Ramos, s/n – Departamento de Engenharia Civil/UFPE


Cidade Universitária – Recife – PE – CEP- 50740-540

Palavras Chaves: Módulo de elasticidade, concreto de alta resistência

Resumo
No projeto de estruturas as características mecânicas são grandezas importantes nas
verificações em serviço e na ruptura, no cálculo de tensões e flechas. As resistências à
compressão e à tração e o módulo de elasticidade são as mais utilizadas nos projetos de
estruturas de concreto armado e protendido. A resistência à tração na flexão, por sua vez,
é uma especificação importante nos projetos de pavimentos rígidos de concreto e obras
de barragem.
O módulo de elasticidade que é utilizado na avaliação das condições em serviço das
estruturas e é comum se fazer referência ao módulo tangente na origem ou módulo
secante e fazer correlações entre eles sendo comumente utilizada a relação de que o
módulo secante é 85% do módulo tangente na origem. Diversas normas de projeto
apresentam expressões para estimativa do módulo de elasticidade.
Neste trabalho são apresentados resultados de ensaios de módulo de elasticidade em
diversos corpos-de-prova em diferentes idades. A metodologia adotada foi a adotada na
NBR 8522 relativa ao plano de carga I. O testes foram realizados em corpos-de-prova
cilíndricos de dimensões 15x30cm , às idades de 1, 3, 7, 28, 49, 63 dias. O concreto
utilizado teve um consumo de material cimenticio (cimento + sílica) de 629,6 kg/m3. A
resistência média aos 28 dias para o traço utilizado foi de 75 MPa. Os resultados deste
trabalho fazem parte de uma dissertação de mestrado. Aqui, são apresentados os
resultados obtidos relativos ao módulo de elasticidade nas idades 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias.
Foram realizados 90 ensaios sendo que para cada idade estudada foram utilizados 15
corpos-de-prova. Em cada idade foram determinados os principais parâmetros
estatísticos: a média, desvio padrão e coeficiente de variação. Foram obtidos módulos de
elasticidade da ordem de 52 GPa aos 28 dias.

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IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0069 - pg. VI.1050 - VI.1062

1. Introdução
Nos últimos anos tem havido uma crescente utilização de concretos com valores da
resistência à compressão superior a aqueles que eram normalmente empregados. O uso
crescente de concreto de alto desempenho se deve não só à sua elevada resistência à
compressão, mas também, a um conjunto de outras propriedades, principalmente a
durabilidade que é proporcionada pela diminuição da permeabilidade e menor índice de
vazios.
No projeto de estruturas as características mecânicas são grandezas importantes nas
verificações em serviço e na ruptura, no cálculo de tensões e flechas. As resistências à
compressão e à tração e o módulo de elasticidade são as mais utilizadas nos projetos de
estruturas de concreto armado e protendido. A resistência à tração na flexão, por sua vez,
é uma especificação importante nos projetos de pavimentos rígidos de concreto e obras
de barragem.
Há diversos ensaios normalizados para a determinação de cada uma delas e diversas
expressões que as correlacionam com a resistência à compressão devido à sua facilidade
de obtenção (NBR6118/2003, CSA (1994), NS (1992), etc.).
As variáveis que interferem na determinação das resistências são inúmeras: tamanho dos
corpos de prova, idade do corpo de prova, tipo, forma e dimensão máxima do agregado,
granulometria, relação água/cimento, consistência, velocidade de ensaio, tipo de
carregamento, temperatura, condições de cura e umidade do corpo de prova na data do
ensaio AÏTCIN (1998), NEVILLE (1997).
A partir da década de 70, intensificaram-se as pesquisas sobre o CAD, em várias partes
do mundo, sobretudo graças ao uso de aditivos químicos superplastificantes, que
permitiram a fabricação de concretos com consistência plástica, apesar da relação
água/cimento baixa.
Ao longo de vários anos vêm sendo estudadas as propriedades mecânicas dos concretos
de alta resistência: CARRASQUILLO, NILSON E SLATE (1981a, b), AÏTCIN E METHA
(1990), GIACCIO, G. et al. (1992), GUTIERREZ E CANOVAS (1995), ALMUSALLAM E
ALSAYED [11], IRAVANI (1996), CHIN, M.S.. et all [13], CETIN E CARRASQUILLO
(1998), entre outros. Estes estudos abrangem diversos tipos de variáveis que interferem
nas propriedades mecânicas.
No Brasil, também, diversos pesquisadores vêm trabalhando neste assunto: Almeida
(1990, 1997), FONSECA (1997), FONSECA et al. (2000), Dal MOLIN (1998) entre outros.
HELENE (1998) fez um estudo sobre variação do módulo de elasticidade com a
composição e características do concreto fresco e endurecido onde chama a atenção da
importância de investigação das características mecânicas com materiais de cada região
do país.
Os resultados deste trabalho fazem parte da dissertação de mestrado de NUNES (2002).
Aqui, são apresentados os resultados obtidos relativos ao módulo de elasticidade nas
idades 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias. Para cada idade estudada, 15 corpos de prova foram
ensaiados. Em cada idade foram determinados os principais parâmetros estatísticos: a
média, desvio padrão e coeficiente de variação.

2. Propriedades mecânicas
Dos estudos realizados por diversos pesquisadores e propostas sugeridas pelas normas
de projetos de diversos países, as características mecânicas dos concretos são
correlacionadas com a resistência à compressão por ser esta a de mais fácil obtenção.
Em geral as correlações são da forma:
G = A fc α + B
Onde: G ⇒ grandeza desejada; Ec, fct, fr, por exemplo.
A, B e α ⇒ são constantes determinadas ajustando-se dados de ensaios.
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fc ⇒ resistência à compressão.
Em geral as expressões se referem à idade de 28 dias. As propriedades mecânicas são
funções de diversos parâmetros, como por exemplo: tipo, forma e tamanho dos
agregados, características da pasta, aditivos minerais e aditivos químicos, porcentagem
de argamassa, velocidade de carregamento, tamanho e forma do corpo de prova, tipo de
capeamento, tipo de cura do corpo de prova, etc. Diante da variedade de parâmetros que
interferem nas propriedades várias propostas de correlações são apresentadas.

2.1. Módulo de elasticidade


O módulo de elasticidade (Ec) é uma propriedade importante na verificação em serviço de
estruturas de concreto (armado e protendido), na determinação de flechas e cálculo de
perdas por fluência.
A determinação do módulo de elasticidade do concreto, em laboratório, não é simples
como a resistência à compressão. Requer um tempo maior de execução, além de
equipamentos especiais. O ensaio é feito em ciclos de carga e descarga. De acordo com
DAL MOLIN e MONTEIRO (1996) os concretos de alto desempenho apresentam
crescimento do módulo de elasticidade mais rápido que a resistência à compressão do
concreto, nas primeiras idades. Afirmam que: “a taxa de evolução do módulo de
elasticidade é bastante alta, chegando-se a obter em média 76% do Ec,28 em apenas 1
dia”. Várias expressões para estimar o módulo de elasticidade do CAD estão disponíveis
na literatura, algumas delas sendo abordadas a seguir. Em geral admite-se que o módulo
secante (Ecs) é 85% do módulo tangente inicial (Ec), Ecs = 0,85.Ec.
Com o desenvolvimento do CAD, algumas normas internacionais, tais como a norueguesa
(NS 3473), a americana (ACI 318), a européia MC-90 (FIB), e a canadense (CSA-94)
apresentam expressões para estimativas de Ec para resistências até 80MPa. Algumas
das equações de normas e pesquisadores para estimar o módulo de elasticidade
encontram-se resumidas na tabela (1).

Tabela 1- Algumas expressões para obtenção do módulo de elasticidade (MPa)


Autor Expressão Observações
Carrasquillo et Ecs = 3320 f cm + 6900 E cs - 21< fcm < 83
al. (1981) (MPa)
ACI 318-R95 Ecs = 4733 f cm Ecs - 0,45fc'
CSA-94 Ecs - 0,4fc’
Ecs = (3300 f cm + 6900) (γc/2300)1,5
1500 ≤ γc ≤ 2500 kg/m3
MC-90 (FIB) Ec = αEEco(fcm/10)1/3 Ec - 28 dias;
fck≤80 MPa
Eco = 21500 MPa;
NBR 6118/2003 Ec = 5600 f ck Ec – tangente j ≥ 7
dias
NOTA: Ecs módulo secante; Ec módulo tangente
αE é função do tipo de agregado, a saber

NATUREZA αE
Basalto e 1,2
diabásio
Granito e 1,0
gnaisse
Calcário 0,9
Arenito 0,7
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A variação do módulo de elasticidade em função do tempo é fornecida pelo MC-90 na


forma:
Ec (t) = Ec28. βE (Equação 1)

βE = (β1)0.5

β1 = exp{ s.[1-(28/t/t0)0,5 ] }

onde s – fator que depende do tipo do cimento com s igual a:


0,38 para concreto de cimento CPIII e IV, ou
0,25 para concreto de cimento CPI e II, ou
0,20 para concreto de cimento CPV-ARI;
t0 = 1 dia;
Ec28 - é o módulo de elasticidade aos 28 dias;
Ec - é o módulo de elasticidade na idade t dias;

As outras normas apresentam para o módulo de elasticidade no tempo a mesma


expressão sendo o valor de fcm ou fckj na idade desejada.

3. Materiais utilizados
A produção de Concreto de Alto Desempenho (CAD) exige uma cuidadosa seleção dos
materiais componentes a fim de se obter um produto final com características desejadas
de trabalhabilidade, resistência e durabilidade. O CAD pode ser considerado um material
composto das seguintes fases: pasta de cimento endurecida, o agregado e a zona de
transição agregado-pasta. Estas três fases devem ser criteriosamente consideradas no
processo de produção de concreto.
As características da pasta dependem da composição do cimento, da relação a/c, das
propriedades e composição de aditivos, e do procedimento de cura. Por outro lado, a
escolha dos agregados é de suma importância no controle das propriedades do concreto.
É importante o bom funcionamento das betoneiras ou misturadores, pois os CADs
geralmente possuem baixa dosagem de água, alta dosagem de cimento, além de
incorporarem materiais muito finos na sua composição (caso da sílica ativa), o que
dificulta a obtenção de uma mistura homogênea.
A partir de um traço existente, executado com brita cujo diâmetro era de 25 mm e
resistência aproximada de 75,0 MPa foram feitos ajustes para a brita com diâmetro 19
mm e consistência em torno de 70±10 mm.
O traço empregado na mistura é apresentado na tabela 2:

Tabela 2 – Traço unitário em massa – 1:0,08:0,79:2,11:0,30:0,01905


Materiais kg/m3
Cimento 583
Sílica ativa 46.6
Areia 460.6
Brita (19mm) 1230.1
Água 174.9
Superplastificante 11.1

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3.1. Cimento
Cimento composto com adição de filler calcário (CP II F-32), fornecido a granel,
atendendo às prescrições das normas NBR 5732/91 e NBR 11578/91.

3.2. Água
Água potável, proveniente da rede de abastecimento fornecida pela Companhia
Pernambucana de Saneamento.

3.3. Agregados Graúdos


O agregado graúdo foi obtido de rocha Gnaiss. Para obtenção da composição
granulométrica, foram realizados dois ensaios: um com a brita no seu estado natural e
outro com a brita lavada. A brita no seu estado natural apresentou módulo de finura igual
à 6,48, densidade aparente 1,40 g/ml e densidade real 2,90 g/ml. No entanto, a brita
lavada apresentou módulo de finura igual à 6,46, densidade aparente 1,34 g/ml e
densidade real 2,78 g/ml. O diâmetro máximo da brita é de 19 mm de acordo com a
norma de agregados para concreto armado.

3.4. Agregados Miúdos


O agregado miúdo utilizado foi areia quartzosa, silicosa, de granulometria média, seca,
coloração creme amarelada. Teor de material pulverulento de 0%, esfericidade 0,90. A
dureza dos grãos constituintes da areia é igual à 7,0 medida na escala Mohr. O agregado
apresentou módulo de finura igual a 2,81, dentro do recomendável levando-se em
consideração a elevada dosagem de finos provenientes do cimento. Densidade aparente
igual à 1,45 g/ml e densidade real igual a 2,65 g/ml.

3.5. Aditivo Mineral


As primeiras aplicações da sílica ativa no concreto tiveram o propósito somente de reduzir
a quantidade de cimento na mistura. Entretanto, uma vez que a sílica ativa consiste de
partículas ultra finas, a sua adição ao concreto tende a aumentar a quantidade de água.
Daí a razão pela qual pode-se obter um concreto bastante resistente e durável pela
utilização combinada da sílica ativa e de um redutor de água. Foi empregada sílica ativa
nacional, com 90% de bióxido de silício, massa específica 2,23 kg/dm3.

3.6. Aditivo Químico


Os superplastificantes são usualmente utilizados com o intuito de melhorar algumas
características do concreto, tais como: aumentar a trabalhabilidade sem alterar a
composição do concreto; reduzir a quantidade de água na mistura e o valor da relação
água/cimento (a/c) com a finalidade de elevar a resistência e a durabilidade; reduzir a
fluência, a retração e as deformações térmicas causadas pelo calor de hidratação.
Daí a terminologia técnica utilizada para estes aditivos químicos, os quais são
denominados de aditivos redutores de água de alto efeito.
Resistências da ordem de até 70,0 MPa podem ser obtidas pela redução da relação a/c
com o uso de superplastificantes. Quando for necessária a obtenção de resistências
superiores, a utilização combinada de um superplastificante e de fumo de sílica parece
ser a melhor alternativa. O superplastificante utilizado foi o RX 3000A, à base de
naftaleno, com densidade de 1,275 g/cm3.

4. Corpos-de-Prova
Para a determinação do módulo de elasticidade os corpos de prova foram moldados em
formas metálicas cilíndricas de tamanho 15cmx30cm. O número de corpos de prova
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utilizados para os ensaios foi 15 para cada uma das idades estudadas: 1, 3, 7, 28, 49 e 63
dias. Os corpos de prova 15x30 foram adensados com vibradores de imersão e curados
imersos em água saturada com cal. A temperatura média diária da água onde foram
imersos os corpos de prova foi de 26oC.

5. Resultados dos Ensaios de Módulo de Elasticidade


A análise dos resultados para todas as amostras foi feita através de métodos estatísticos,
admitindo-se uma distribuição normal de probabilidades. Para a investigar se no conjunto
de dados de resistência obtida em cada grupo de amostras tinha valores excessivamente
altos ou baixos (outliers) determinaram-se os quartis (ou juntas - J1, J2 e J3), valores que
dividem a distribuição dos dados em quatro intervalos iguais. Para os dados
representados pela distribuição normal 25% deles estão abaixo do valor J1, 50% estão
abaixo do valor J2 e 75% estão abaixo do valor J3. Um critério para eliminação das
observações discrepantes (outliers), BUSSAB e MORETIN (1987), é eliminar os valores
abaixo de J1- 1,5dj ou acima de J3+1,5 dj, sendo dj = J3 - J1, ou seja, valores fora do
intervalo [J1- 1,5 dj ; J3+1,5 dj] são considerados discrepantes dos restantes. Após a
eliminação dos valores discrepantes os valores da média, desvio padrão e coeficiente de
variação são recalculados.

Figura 1- Definição do limite inferior e superior pelo critério dos quartis.

Na tabela 3 estão os resultados de todos os ensaios de módulo de elasticidade para todas


as idades e os parâmetros estatísticos correspondentes. Baseado nos parâmetros
obtidos, somente um único valor foi retirado da amostra, 66,5 na idade de 63 dias, porque
ficou fora dos limites pré-estabelecidos (LI e LS).

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Tabela 3 – Resultados dos ensaios e parâmetros estatísticos


Módulo de Elasticidade tangente - Valores experimentais
Idade (dias) 1 3 7 28 49 63
37,9 42,3 45,5 47,5 45,0 46,1
39,6 43,9 45,5 49,1 46,3 46,5
39,6 46,5 45,5 50,0 49,7 46,7
39,6 47,3 47,0 50,2 50,1 48,2
39,7 47,6 47,0 51,0 50,9 48,5
41,1 48,5 47,2 51,0 51,0 48,7
41,1 48,6 47,2 51,3 51,3 49,2
41,3 49,3 51,0 52,2 51,5 49,5
42,7 49,8 51,0 52,5 53,1 49,5
46,5 50,5 53,2 54,3 55,9 50,7
47,3 51,2 53,5 54,3 57,0 51,3
47,5 52,5 55,3 55,5 58,7 52,0
51,8 52,8 56,7 56,4 59,2 52,5
51,8 53,6 56,7 57,3 60,0 53,7
51,9 57,1 67,5 60,8 67,7 66,5
Parâmetros Estatísticos
Ec(MPa) 44,0 49,4 51,3 52,9 53,8 50,6
S (MPa) 5,0 3,8 6,1 3,5 5,9 4,9
Cov (%) 11,4 7,7 11,8 6,7 11,0 9,7
J1 40,6 46,9 47,2 50,5 49,8 47,3
J2 47,3 52,0 55,4 55,3 57,8 54,0
dj 6,8 5,1 8,2 4,8 8,0 6,6
1,5*dj 10,2 7,7 12,3 7,1 12,0 10,0
LI 30,4 39,2 34,9 43,4 37,8 37,4
LS 57,5 59,7 67,7 62,4 69,8 63,9
Parâmetros Estatísticos recalculados
Ec(MPa) 44,0 49,4 51,3 52,9 53,8 49,5
S (MPa) 5,0 3,8 6,1 3,5 5,9 2,3
Cov (%) 11,4 7,7 11,8 6,7 11,0 4,7
Ec/Ec28 0,83 0,93 0,97 1,00 1,02 0,94

• Ec – módulo de elasticidade tangente – valor médio


• S – desvio padrão da amostra
• Cov – coeficiente de variação
• J1 – quartil 25%
• J2 – quartil 75%
• dj – diferença entre J2 e J1
• LI – Limite inferior = J1 -1,5dj
• LS – Limite superior = J2 +1,5dj

5.1. Módulo de elasticidade ao longo do tempo

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Foram confeccionados 90 corpos-de-prova com ensaios previstos para as idades de 1, 3,


7, 28, 49 e 63 dias, 15 para cada idade. Na tabela 4 apresentam-se os valores médios
dos resultados de módulo de elasticidade (tangente inicial), obtidos experimentalmente,
nas diferentes idades. Também são apresentados os valores relativos ao módulo aos 28
dias.

Tabela 4 – Valores experimentais do módulo de elasticidade estático tangente inicial.


Idade (dias) Ec (GPa) Ec/Ec,28 fcm (MPa)
1 44,0 0,83 49,2
3 49,4 0,93 60,1
7 51,3 0,97 64,0
28 52,9 1,00 75,1
49 53,8 1,02 74,3
63 49,5 0,94 82,7
NOTA: Todos os exemplares são cilíndricos de dimensões 150mm x 300mm
Ec – módulo de elasticidade tangente inicial (módulo estático) do concreto
Ec,28 – módulo de elasticidade tangente inicial (módulo estático) do concreto aos 28 dias
fcm – resistência à compressão axial do concreto – valores obtidos de um conjunto de 30 corpos de prova
para caracterização da mistura empregada, REGIS et all (2003).
Na figura 2 tem-se a curva de crescimento do módulo de elasticidade no tempo e
na figura 3 apresentam-se os valores relativos ao módulo de elasticidade aos 28 dias.
O comportamento do módulo de elasticidade em função do tempo é crescente até
os 28 dias, e aparentemente se estabilizou enter 28 e 49 dias. Não ficou evidenciada a
causa da redução no valor do módulo de elasticidade aos 63 dias. Novos estudos serão
realizados para verificar os resultados encontrados aos 63 dias.
Almeida (1990) encontrou, para concretos fabricados com microssílica e
pertencentes à mesma classe de resistência deste estudo, resultados de módulos de
elasticidade, aos 365 dias, praticamente iguais ao registrados na idade de 28 dias.

60

55
Módulo de Elasticidade (GPa)

53,8
52,9
51,3
50 49,4 49,5

45
44,0

40

35

30
0 10 20 30 40 50 60 70
idade (dias)

Figura 2 – Variação do módulo de elasticidade tangente inicial do concreto no tempo.

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1,05

1,02
1,00 1,00

0,97

0,95
Ec/Ec28

0,93 0,94

0,90

0,85

0,83

0,80
0 10 20 30 40 50 60 70
idade (dias)

Figura 3 – Variação da relação Ec/Ec,28 em função do tempo.


Com base nos ensaios realizados neste trabalho se propõe uma expressão para
estimativa do módulo no intervalo de 1 a 49 dias. A equação tem a forma:

Ec(t) = Ec28.[ 0,04.ln(t/t1) + 1,0 ] (Equação 2)

Ec(t) – módulo de elasticidade na idade t dias;


Ec28.- módulo de elasticidade aos 28 dias;
t – idade do concreto; t1 = 28 dias. 1 [ t [ 49 dias
(OBS: t e t1 podem ser em qualquer unidade desde que t1 seja correspondente a 28
dias – por exemplo, se t – horas t1 = 672 h)

Na tabela 5 apresentam-se os erros relativos obtidos utilizando-se a equação (2)


comparado com os resultados deste trabalho.

Tabela 5 - valores estimados pela equação (2)


Idade (dias) Ec (GPa) Ec est (GPa) Erro (%)
1 44,0 45,8 -4,09
3 49,4 48,2 2,43
7 51,3 50,0 2,53
28 52,9 52,9 0,00
49 53,8 54,1 -0,56
Ec – módulo de elasticidade obtido nos ensaios
Ec est – valor estimado pela expressão proposta
Erro (%)= 100(Ec - Ec est)/ Ec,

Os valores de módulo de elasticidade pela proposta acima foram ajustados até os 49 dias.

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5.2. Correlação entre Ec e fc


As normas de projeto, geralmente, apresentam expressões correlacionando o módulo de
elasticidade do concreto com sua resistência à compressão.
O módulo de deformação longitudinal (Ec) é estimado através de expressões
preconizadas por normas técnicas e alguns artigos científicos.A NBR 6118/03, ACI 318 R-
95, CSA-94, CEB-FIP MC-90 (1991) e os artigos publicados de Carrasquillo et al. (1981)
trazem expressões que estimam o módulo de deformação longitudinal, na falta de dados
experimentais.
Analisaram-se os valores obtidos experimentalmente (Ec), comparando-os com os
encontrados nas expressões das referências citadas. Os resultados dos módulos de
elasticidade (Ec) estão expostos na tabela 6.

Tabela 6 – Módulo de elasticidade experimental e os propostos nas referências

fcm(MPa) 49,2 60,1 64 75,1 74,3 82,7


E NBR03 39,3 43,4 44,8 48,5 48,3 50,9
E Carq 35,5 38,4 39,4 42,0 41,8 43,6
E EC2 34,8 37,2 38,0 40,1 39,9 41,4
E CSA 38,9 42,0 43,1 45,9 45,7 47,7
E MC90 36,6 39,1 39,9 42,1 42,0 43,5
E ACI 39,1 43,2 44,5 48,3 48,0 50,6
Ec(MPa) 44,0 49,4 50,2 52,3 52,8 49,5
Idade (dias) 1 3 7 28 49 63

Como as expressões de módulo de elasticidade dos artigos publicados por Carrasquillo et


al. (1981), pelas normas americana (ACI 318 R-95) e canadense (CSA-94) são
especificamente para módulo secante, utiliza-se, em geral, uma correspondência entre o
módulo tangente inicial (Ec) e o módulo secante (Ecs), que é Ecs = (0,85) Ec.
Os valores fornecidos pelas expressões das normas foram menores que os valores
experimentais exceto para algumas expressões aos 63 dias, NBR 6118/2003 e ACI que
têm expressões semelhantes.
As relações simples levando em consideração apenas o valor da resistência do concreto
não conduzem a resultados tão bons em concretos de alto desempenho, Aitcin (1998).

6. Comentários Finais
Foram ensaiados 90 corpos-de-prova com dimensões 15x30cm para ensaio de módulo de
elasticidade (ME) em seis idades diferentes: 1, 3, 7, 28, 49 e 63 dias. Para cada idade
foram realizados 15 ensaios. Foram obtidos valores médios de módulo de elasticidade de
44 GPa em 1 dia e 52,3 GPa aos 28 dias. Foi determinado o valor relativo entre os ME de
cada idade relativamente ao obtido aos 28 dias. Os valores obtidos são semelhantes aos
encontrados em outras referências. O ME em um dia atinge cerca de 83% do valor aos 28
dias. O valor médio obtido para o módulo de elasticidade aos 63 dias apresentou uma
redução com relação aos valores obtidos nas idades de 49 e 28 dias. Não se tem, até o
momento, uma explicação para o fato. Outros estudos serão realizados para investigar o
valor do ME aos 63 dias de idade.

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7. Agradecimentos
FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e a Tecnologia do Estado de Pernambuco.
Cimento Poty – Grupo Votorantim.
Pedreira Guarani da Queiroz Galvão.
Reax.

8. Referências
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