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ARMADO
APLICADO EM
VIGAS, LAJES E
ESCADAS
Propriedades físicas e
reológicas do concreto
Bruna Manica Lazzari
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O concreto é um material frágil que tem a característica de apresentar uma ruptura
brusca em diversos lugares. Esse material é considerado uma rocha artificial,
constituído basicamente de agregados (finos e graúdos) e cimento, que age como
aglutinante. Ele também pode conter aditivos que influenciam suas características
físicas e químicas. Entre suas funções, podemos destacar a proteção da armadura
contra oxidação, garantindo a durabilidade da peça, bem como proteção física
(cobrimento) e proteção química (ambiente alcalino).
Neste capítulo, você vai estudar a resistência à compressão e à tração do
concreto a partir de ensaios normalizados. Além disso, conhecerá características
de deformabilidade do concreto, que são extremamente importantes para avaliar
os deslocamentos na estrutura.
Figura 3. Curvas originais do estudo de Rüsch, em que o eixo vertical representa a razão
entre a tração do concreto e a força do cilindro e o eixo horizontal representa a deformação
do concreto.
Fonte: Rüsch (1960, p. 16).
Propriedades físicas e reológicas do concreto 5
Figura 4. Curva que relaciona a resistência à compressão do concreto com sua resistência
à tração.
Fonte: Santos ([201-?], documento on-line).
Parâmetros e características de
deformabilidade do concreto
No cálculo de estruturas em concreto armado, é importante conhecer o módulo
de elasticidade do concreto para poder avaliar as deformações dos elementos
de forma isolada e da estrutura como um todo. A NBR 6118:2014, no seu item
8.2.8, apresenta as formulações a seguir para estimar o valor do módulo de
elasticidade inicial para concretos do Grupo I e II, respectivamente. Observe
que o valor do módulo depende da resistência característica à compressão
do concreto e do tipo de agregado.
onde:
αE = 1,2 para basalto ou diabásio;
αE = 1,0 para granito;
αE = 0,9 para calcário;
αE = 0,7 para arenito.
8 Propriedades físicas e reológicas do concreto
Logo, comparando os resultados, percebemos um ganho de quase 42% no
valor do módulo de elasticidade para o concreto C70.
Coeficiente de Poisson
O coeficiente de Poisson é outro parâmetro importante que mede a defor-
mação transversal em relação à direção longitudinal de aplicação da carga
de um material. Esse valor é frequentemente exigido em software de análise
estrutural. A Figura 7 mostra um desenho esquemático e a formulação para
obter o coeficiente de Poisson. A NBR 6118:2014, no item 8.2.9, indica que
podemos utilizar como coeficiente de Poisson do concreto o valor de v = 0,2,
desde que as tensões de compressão sejam menores que 0,5fc e as tensões
de tração sejam menores que fct.
Referências
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Rio Grande, RS: DUNAS, 2014. v. 1 a 4.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014: projeto de estru-
turas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5738:2015: concreto: proce-
dimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739:2018: concreto: ensaio
de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
BRITO, L. B.; ALMEIDA, A. F. M.; OLIVEIRA, F. H. L. de. Análise da correlação entre re-
sistência à compressão axial e à tração na flexão em pavimentos rígidos. Revista
Tecnologia Fortaleza, v. 40, n. 2, p. 1–18, 2019. Disponível em: https://www.researchgate.
net/publication/337551432_Analise_da_correlacao_entre_resistencia_a_compres-
sao_axial_e_a_tracao_na_flexao_em_pavimentos_rigidos. Acesso em: 10 nov. 2020.
14 Propriedades físicas e reológicas do concreto
Leituras recomendadas
ARROYO PORTERO, J. C.; MORÁN CABRÉ, F.; GARCIA MESEGUER, Á. Jiménez Montoya
esencial: hormigón armado. Madrid: Cinter Div. Técnica SLL, 2018.
FUSCO, P. B. Estruturas de concreto: solicitações normais. Rio de Janeiro: LTC, 1985.
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.
Liana
Parizotto
Revisão técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS)
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG)
ISBN 978-85-9502-090-0
1. Concreto armado – Engenharia civil. I. Título.
CDU 624.012.45
Introdução
Para garantir a segurança das estruturas de concreto armado, é necessário
que cada um de seus elementos seja dimensionado no estado limite
último (garantindo, assim, a sua resistência ao colapso) e verificado no
estado limite de serviço (o que impõe limites quanto a sua utilização,
como deformações e fissurações excessivas). Em ambos os casos, o valor
da resistência do elemento deve ser superior ao valor dos esforços aos
quais ele será solicitado, empregando os coeficientes que ponderam as
resistências e os coeficientes que majoram as solicitações. As solicitações
nos elementos são geradas pelas ações que podem ocorrer sobre a
estrutura durante a sua vida útil. Como essas ações são de naturezas
diferentes, é necessário considerá-las conforme seus valores, sua duração
e sua probabilidade de ocorrência, e combiná-las com seus respectivos
coeficientes conforme o estado limite analisado. Como resultado, obtemos
o valor a ser comparado com a resistência do concreto armado. Neste
aos estados limites últimos (ELU) e aos estados limites de serviço (ELS),
respectivamente. Os estados limites são utilizados para verificar o comporta-
mento e a conformidade da estrutura para o seu uso. Ao atingir esses estados
limites, a estrutura se torna inadequada. Os estados limites podem ser (PFEIL,
1988):
Ações em estruturas
Por definição, as causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas
são chamadas ações, e o cálculo delas irá diferir do ELU para o ELS. As ações
são classificadas em 3 categorias, conforme a ABNT NBR 8681:2003, em
função da sua variabilidade no tempo:
Condições de segurança
Além dos requisitos construtivos de segurança exigidos, como detalhamento
constante das seções da estrutura e controle de materiais utilizados na cons-
trução e na execução da obra, existem requisitos analíticos. Os requisitos
analíticos de segurança surgem na análise estrutural e diferem do ELU
para o ELS. As condições apresentadas a seguir serão retomadas e melhor
esclarecidas nos próximos itens (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2003).
Para o ELU, deve ser obedecida a seguinte condição:
Rd ≥ S d
em que:
Rd = esforço resistente de cálculo;
Sd = esforço solicitante de cálculo.
Para o ELS, deve ser obedecida a seguinte condição:
Sd ≤ Slim
em que:
Sd = esforço solicitante de cálculo;
Slim = esforço solicitante limite adotado para o efeito estrutural de interesse.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como principal;
FQj,k = valor característico das demais ações variáveis;
ψ0j = fator de combinação para ações variáveis;
γgi = coeficiente de ponderação para ações permanentes;
γq = coeficiente de ponderação para ações variáveis diretas;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como principal;
FQj,k = valor característico das demais ações variáveis;
ψ0j,ef = fator de combinação efetivo de cada uma das ações variáveis;
γgi = coeficiente de ponderação para ações permanentes;
γq = coeficiente de ponderação para ações variáveis diretas;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQ,exc = valor da ação transitória excepcional;
FQj,k = valor característico das ações variáveis;
ψ0j,ef = fator de combinação efetivo de cada uma das ações variáveis;
γgi = coeficiente de ponderação para ações permanentes;
γq = coeficiente de ponderação para ações variáveis diretas;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQj,k = valor característico das ações variáveis;
ψ2j = fator de redução (valor quase permanente) para ações variáveis;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como principal;
FQj,k = valor característico das demais ações variáveis;
ψ1 = fator de redução (valor frequente) para ações variáveis;
ψ2j = fator de redução (valor quase permanente) para ações variáveis;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
em que:
FGi,k = valor característico das ações permanentes;
FQ1,k = valor característico da ação variável considerada como principal;
FQj,k = valor característico das demais ações variáveis;
ψ1j = fator de redução (valor frequente) para ações variáveis;
m = número de ações permanentes;
n = número de ações variáveis.
Ações
Combinações Recalques
Permanentes Variáveis Protensão
de ações de apoio e
(g) (q) (p)
retração
D F G T D F D F
onde
D é desfavorável, F é favorável, G representa as cargas variáveis em geral e T é a
temperatura.
a
Para as cargas permanentes de pequena variabilidade, como o peso próprio das
estruturas, especialmente as pré-moldadas, esse coeficiente pode ser reduzido
para 1,3.
Efeito
Desfavorável
Combinação
Favorável
Tipo de ação
Coeficiente de
Combinação Tipo de ação
ponderação
γf2
Ações ψ0 ψ1a ψ2
fk
fd = γ
m
em que:
f k = resistência característica ( fck para o concreto e f yk para o aço);
γm = coeficiente de ponderação das resistências (γc para o concreto e γs
para o aço).
Veja os valores dos coeficientes de ponderação das resistências para o
concreto e para o aço no ELU na Tabela 5, retirada da ABNT NBR 6118:2014,
de acordo com o tipo de combinação última. Para o ELS, admite-se que
γm = 1, pois as resistências não necessitam de minoração nesse caso.
Concreto Aço
Combinações γc γs
Rd ≥ S d
Sd ≤ Slim
Liana
Parizotto
Revisão técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS)
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG)
ISBN 978-85-9502-090-0
1. Concreto armado – Engenharia civil. I. Título.
CDU 624.012.45
Introdução
Quando uma peça de concreto armado é ensaiada à flexão, sob a ação
de um carregamento gradativamente crescente, é possível observar que
as tensões passam por três etapas distintas durante o aumento de carga,
os denominados estádios de flexão.
Esses estádios são classificados como estádio I, estádio II e estádio III,
e diferem-se pelo comportamento característico do aço e do concreto
em cada um deles. O estádio I ainda é subdividido em estádio Ia e estádio
Ib, devido às considerações quanto à proporcionalidade das tensões e
deformações nos materiais.
O dimensionamento e a verificação dos estados limites são realizados
dentro dos critérios de equilíbrio dos estádios de flexão, tanto para evitar
a ruína da estrutura quanto para impor a ela um determinado compor-
tamento durante sua utilização.
Neste capítulo você vai conhecer os estádios de cálculo para elemen-
tos em flexão, bem como determinar suas tensões nos materiais e sua
utilização nos estados limites.
Estádio I:
■ Estádio Ia: quando se dá o início do carregamento; os materiais
trabalham em regime elástico, ou seja, as tensões são proporcionais às
deformações tanto na zona de compressão quanto na zona de tração
da viga; o concreto não está fissurado nem o aço está escoando.
■ Estádio Ib: chamado estado limite de fissuração da viga; as tensões
já não são mais proporcionais às deformações na zona tracionada,
mas seguem um diagrama praticamente linear na zona de compres-
são; o concreto ainda não está fissurado, mas é atingido o limite de
resistência à ruptura do concreto por tração na flexão (fct,f ) e, por
isso, o diagrama de tensões do concreto se plastifica (torna-se curvo).
Estádio II: chamado estado limite de abertura das fissuras da viga;
as tensões se mantêm proporcionais às deformações na zona compri-
mida, apesar de as tensões no concreto serem mais elevadas do que no
Estádio Ib; formam-se fissuras no concreto na zona tracionada, sendo
os esforços internos de tração absorvidos pela armadura, por isso, não
é mais representado o diagrama de tensões do concreto nessa zona;
ocorre a elevação da linha neutra (linha que divide as zonas tracionada
e comprimida), pois há alongamentos maiores na seção fissurada (zona
tracionada) do que na zona não fissurada (zona comprimida).
Estádio III: situação de ruptura da seção de concreto armado; as
tensões não são mais proporcionais às deformações, apresentando um
diagrama curvilíneo na zona comprimida (plastificação do concreto); o
colapso se dá ou pelo esmagamento do concreto ou pelo escoamento da
armadura na zona tracionada, junto com grandes aberturas de fissuras,
elevando a linha neutra.
em que:
ɛc = deformação do concreto na borda comprimida;
ɛt = deformação do concreto na borda tracionada;
ɛy = deformação do concreto em uma distância qualquer y da linha neutra;
ɛ2 = deformação da armadura comprimida;
ɛ1 = deformação da armadura tracionada;
h = altura da viga;
d = distância do centro da armadura tracionada até a borda tracionada;
d’ = distância do centro da armadura tracionada até a borda comprimida;
x = distância da borda comprimida de concreto até a linha neutra;
y = distância de uma seção comprimida qualquer de concreto até a linha
neutra.
Apenas para os estádios I e II (excluindo-se, portanto, o estádio III), as
tensões são consideradas proporcionais às deformações, ou seja, é válida a
lei de Hooke (σ = E × ɛ). Para encontrar as relações escritas anteriormente
em termos das tensões (σ) em cada parte da seção, basta multiplicar todas as
parcelas de (1) pelo módulo de elasticidade do concreto (EC):
Sendo assim:
em que:
σc= tensão no concreto na borda comprimida;
σt= tensão no concreto na borda tracionada;
σ y= tensão no concreto em uma distância qualquer y da linha neutra;
σ2= tensão na armadura comprimida;
σ1= tensão na armadura tracionada.
Para o estádio II, σt já não é mais válida, pois o concreto já fissurou à tração:
ável, esse estádio é pouco utilizado para analisar seções de concreto armado
(PFEIL, 1988).
O estádio Ib é utilizado para calcular o momento teórico de fissuração da
seção de concreto armado. Nesse estádio já pode ser evidenciada a ocorrência
de um estado limite de serviço (ELS), o estado limite de formação de fissuras
(ELS-F). De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, esse é o estado em que
a formação de fissuras se inicia, portanto, admite-se que a tensão de tração
máxima do concreto é igual à resistência do concreto à tração na flexão ( fct,f ).
No estádio II a seção já está fissurada e, por isso, ele representa as condições
de trabalho da seção sob cargas de serviço, ou seja, é possível verificar outros
estados limites de serviço (ELS): o estado limite de abertura das fissuras
(ELS-W) e o estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF). O Estádio
II foi, por muito tempo, usado como base para o dimensionamento de seções
de concreto armado, mas aos poucos foi sendo substituído por métodos com
base na ruptura da seção (PFEIL, 1988).
No estádio III, por sua vez, a máxima capacidade portante da estrutura
é atingida, podendo ocorrer o escoamento da armadura tracionada ou o es-
magamento do concreto na parte comprimida, evidenciando o estado limite
último (ELU). É nesse estádio em que é feito o dimensionamento das seções
de concreto armado.
em que:
a = fator que correlaciona, aproximadamente, a resistência à tração na
flexão ( fct,f ) e a resistência à tração direta ( fct), sendo a = 1,2 para seções T
ou duplo T, e a =1,5
f ct= resistência à tração direta do concreto, devendo-se adotar fctk,inf para
o estado limite de formação de fissura (ELS-F) e fct,m para o estado limite de
deformação excessiva (ELS-DEF);
Ic= momento de inércia da seção bruta de concreto;
y t = distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada.
em que:
fct,m = resistência média à tração do concreto (MPa);
fctk = resistência característica à tração do concreto;
fck = resistência característica à compressão do concreto (MPa).
Figura 3. Domínios de estado limite último de uma seção transversal de concreto armado.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O dimensionamento de uma estrutura em concreto armado inicia pela análise das
ações às quais a estrutura está submetida, como cargas permanentes e variáveis.
Assim, realizada a descida de cargas na edificação, obtemos as solicitações nos
elementos estruturais. A partir desses esforços, juntamente com as relações de
tensão versus deformação dos materiais e das relações de compatibilidade de
deformações, é possível fazer o cálculo da armadura necessária em cada elemento.
Neste capítulo, você vai aprender a definir as ações encontradas em uma
edificação, bem como a realizar as combinações de cargas referentes ao Estado-
-Limite Último (ELU) e ao Estado-Limite de Serviço (ELS). Serão apresentadas as
hipóteses básicas para o dimensionamento de elementos em concreto armado,
detalhando o diagrama de domínios de deformação conforme a NBR 6118:2014.
2 Domínios da NBR-6118, diagrama e ábaco de interação
Bases do dimensionamento
Na análise estrutural, deve ser considerada a influência de todas as ações
que possam produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura
em exame, levando-se em conta os possíveis ELU e ELS. As ações a consi-
derar classificam-se de acordo com a NBR 8681:2003 (Ações e segurança
nas estruturas — Procedimento), subdivididas em permanentes, variáveis
e excepcionais.
As ações são classificadas segundo sua variabilidade no tempo. As ações
permanentes estão presentes em toda ou quase toda vida útil da estrutura.
Elas podem ser separadas em ações permanentes diretas ou indiretas. Como
exemplo de ações permanentes diretas, podemos citar: peso próprio dos
elementos de construção e peso próprio de equipamentos fixos à estrutura. Já
as ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas,
como a força de protensão, efeito de retração e fluência, recalque de apoio
e imperfeições geométricas.
Por sua vez, as ações variáveis podem estar presentes ou não na es-
trutura. Também são chamadas de cargas acidentais da construção. Como
exemplo, podemos citar: carga móvel, carga de aceleração e frenagem,
variação de temperatura, carga de vento e pressão hidrostática. As ações
excepcionais raramente ocorrem e estão ligadas a catástrofes. Terremotos,
explosões, choques de veículos, incêndio e enchentes são alguns exemplos
de ações excepcionais (ARAÚJO, 2014). Na Figura 1 temos um exemplo de
cada ação (permanente, variável e excepcional), respectivamente. Na Figura
1a, observamos a ação permanente na consideração do peso próprio da
estrutura. Na Figura 1b, já temos pessoas caminhando sobre a passarela,
indicando uma carga variável, que pode estar ou não presente na estrutura.
E a Figura 1c mostra o resultado de uma ação excepcional (terremoto) em
uma edificação.
Exemplo 1
Neste exemplo, você pode conferir uma aplicação da formação das combi-
nações referente ao ELS. Imagine um edifício hipotético de concreto armado
de uso residencial, submetido às seguintes ações:
(Continuação)
peça ocorre de forma frágil, sem aviso, pois o concreto rompe antes
que a armadura tracionada se deforme excessivamente.
Domínio 4a: este domínio se caracteriza por apresentar flexão com-
posta com armaduras comprimidas e ruptura à compressão do con-
creto (εc = εcu). A linha neutra corta a seção na região de cobrimento
da armadura menos comprimida.
Domínio 5: caracterizado pela compressão não uniforme, sem tração.
A linha neutra não corta a seção. Neste domínio, a deformação última
do concreto é variável, sendo igual a εc = εc2 na compressão uniforme
e εc = εcu na flexocompressão (linha neutra tangente à seção).
Reta b: compressão uniforme.
Exemplo 2
Considerando o Domínio 3, mostre as expressões para obter a deformação
das armaduras nas posições 1 e 2. Além disso, indique as expressões do Xlim,
ou seja, a posição-limite entre os Domínios 3 e 4.
A resposta está desenvolvida na Figura 11.
Referências
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Rio Grande, RS: DUNAS, 2014. v. 1 a 4.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014: projeto de estru-
turas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR8681:2003: ações e segurança
nas estruturas: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
CLÍMACO, J. C. T. Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto, dimensio-
namento e verificação. 3. ed. Brasília: Unb, 2016.
Leituras recomendadas
ARROYO PORTERO, J. C.; MORÁN CABRÉ, F.; GARCIA MESEGUER, Á. Jiménez Montoya
esencial: hormigón armado. Madrid: Cinter Div. Técnica SLL, 2018.
FUSCO, P. B. Estruturas de concreto: solicitações normais. Rio de Janeiro: LTC, 1985.
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.
ESTRUTURAS
EM CONCRETO
ARMADO
Priscila Correa
Revisão técnica:
NOTA
As Normas ABNT são protegidas pelos direitos autorais por força da legislação
nacional e dos acordos, convenções e tratados em vigor, não podendo ser
reproduzidas no todo ou em parte sem a autorização prévia da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas ABNT citadas nesta
obra foram reproduzidas mediante autorização especial da ABNT.
ISBN 978-85-9502-301-7
CDU 624.012.45
Introdução
Neste texto, você vai ver como funciona o sistema de protensão e os
materiais utilizados em estruturas protendidas. Além disso, você vai es-
tudar detalhadamente o traçado geométrico da estrutura de protensão.
Sistema de protensão
O sistema de protensão (ou protendido) tem sido uma solução para engenhei-
ros e arquitetos, quando se trata das limitações de projetos de construção e
execução de estruturas de concreto leves, sem sacrificar a sua resistência.
O uso de armaduras protendidas em estruturas vem crescendo nas últimas
décadas, principalmente para a construção de silos, tanques, pontes e viadutos.
Como a própria palavra já menciona, protensão ou pré-tensão é o processo
pelo qual se aplicam tensões de compressão prévia na peça concretada.
Para um melhor entendimento, imagine uma pessoa carregando vários
cadernos sobrepostos. Para que eles sejam erguidos até o alcance da estante
sem que caiam, ela precisará aplicar uma força horizontal, que gera uma força
de atrito entre as fileiras; essas forças são capazes de superar o peso próprio
2 Protensão: materiais e disposições construtivas
Concreto
O emprego da protensão requer técnicas mais elaboradas do que as utilizadas
para o concreto armado não protendido. Nesse sentido, o controle de qualidade
é necessário do início ao fim do processo.
A principal propriedade mecânica do concreto é a resistência a compressão
axial ( fck). Essa resistência é determinada em ensaios de ruptura de corpos de
prova normatizados. Por exemplo, o concreto não protendido apresenta uma
resistência na faixa de 20 a 30 MPa, quando, nos concretos com protensão, a
resistência é em torno de 30 a 40 MPa.
Geralmente é utilizado o cimento Portland CPIV, mas, em casos de con-
cretos especiais, como o concreto de alta resistência (CAR), é necessário o
uso de cimentos especiais, como o cimento de alta resistência inicial (CPV).
Armaduras protendidas
Os aços utilizados para a produção de armaduras de protensão são classifi-
cados como:
8 Protensão: materiais e disposições construtivas
Figura 8. Cordoalha.
Fonte: MFRural (2016).
Protensão: materiais e disposições construtivas 9
a) Ter uma boa barreira, para evitar a entrada da pasta para seu interior.
b) Ter tamanho suficiente para comportar os cabos e a passagem da pasta
de injeção.
10 Protensão: materiais e disposições construtivas
Ancoragem
Uma forma simples e econômica de fixação dos fios e das cordoalhas é por
meio de cunhas e portas-cunha. As cunhas se apresentam de duas formas: bi
ou tripartidas (Figura 11).
https://goo.gl/QYmTwN
Leitura recomendada
QCONCURSOS.COM. Questões de concursos. [200-?]. Disponível em: <https://goo.gl/
jiaV82>. Acesso em: 21 dez. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
ESTRUTURAS
EM CONCRETO
ARMADO
Priscila Correa
Revisão técnica:
NOTA
As Normas ABNT são protegidas pelos direitos autorais por força da legislação
nacional e dos acordos, convenções e tratados em vigor, não podendo ser
reproduzidas no todo ou em parte sem a autorização prévia da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas ABNT citadas nesta
obra foram reproduzidas mediante autorização especial da ABNT.
ISBN 978-85-9502-301-7
CDU 624.012.45
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar como funciona a estimativa da força de
protensão. Quando se projeta um elemento em concreto protendido,
sabe-se que a ideia principal é esticar as cordoalhas ou os fios de aço
de forma a comprimir o concreto. Desse modo, deseja-se reduzir a área
tracionada e melhorar assim a capacidade portante. Logo, estimar a força
de protensão é de suma importância para um bom dimensionamento.
Protensão completa
Essa modalidade de protensão deve ser utilizada para pré-tração com classes
de agressividade CAA III e CAA IV. Devem ser verificadas as combinações
frequentes e as raras.
Onde:
σ1g1 = tensões devido ao peso próprio do elemento estrutural; g
σ1g2 = tensões devido à carga permanente adicional;
σ1q1 = tensões devido à carga variável principal;
σ1q2 = tensões devido à carga variável secundária;
σ1p∞= tensões devido à força de protensão, após todas as perdas;
ψ1,1= coeficiente devido a combinações de serviço;
ψ2,2= coeficiente devido a combinações de serviço.
Tendo todos os valores, consegue-se o valor de σ 1p ∞, aplicando-o na
Equação 2, que é uma equação da resistência dos materiais, em uma com-
binação de tensão na compressão com tensão na flexão.
Protensão: critérios de projeto 117
Onde:
P∞ est = força de protensão final estimada;
ep = excentricidade da força de protensão em relação ao eixo baricêntrico;
Ac = área de concreto (bw.h);
W1 = módulo de resistência à flexão (momento de inércia dividido pela
distância da linha neutra até a fibra mais externa).
Na Figura 1, são apresentados os diagramas de tensão para cada um dos
carregamentos. O primeiro representa a carga permanente; o segundo, a carga
permanente adicional; o terceiro, a carga variável; e o quarto é a força devido
ao efeito da protensão. É importante notar que o sentido do diagrama está ao
contrário, em relação aos outros três, o que está correto, pois a protensão é
realmente uma força contrária, que visa reduzir os efeitos da tração na borda
inferior. Foi considerado, neste exemplo, que a carga q2 é igual a zero.
Onde:
σ1g1 = tensões devido ao peso próprio do elemento estrutural;
118 Protensão: critérios de projeto
Dessa forma, pode-se estimar os valores de σ1p∞ por meio da Equação 4, que
é uma equação da resistência dos materiais, em uma combinação de tensão
na compressão com tensão na flexão.
Onde:
Protensão: critérios de projeto 119
Protensão limitada
Essa modalidade de protensão deve ser utilizada para pré-tração com CAA II
ou para pós-tração com classes de agressividade CAA III e CAA IV. Devem
ser verificadas as combinações quase permanentes e as frequentes.
Onde:
σ1g1 = tensões devido ao peso próprio do elemento estrutural;
σ1g2 = tensões devido à carga permanente adicional;
σ1q1 = tensões devido à carga variável principal;
σ1q2 = tensões devido à carga variável secundária;
σ1p∞= tensões devido à força de protensão, após todas as perdas;
ψ2,1= coeficiente devido a combinações de serviço;
ψ2,2= coeficiente devido a combinações de serviço;
Dessa forma, o valor adotado para σ1p ∞ resulta da Equação 6:
Onde:
P∞ est = força de protensão final estimada.
ep = excentricidade da força de protensão em relação ao eixo baricêntrico;
Ac = área de concreto (bw.h);
W1 = módulo de resistência à flexão (momento de inércia dividido pela
distância da linha neutra até a fibra mais externa).
120 Protensão: critérios de projeto
Onde:
σ1g1 = tensões devido ao peso próprio do elemento estrutural;
σ1g2 = tensões devido à carga permanente adicional;
σ1q1= tensões devido à carga variável principal;
σ1q2 = tensões devido à carga variável secundária;
σ1p∞= tensões devido à força de protensão, após todas as perdas;
ψ1,1= coeficiente devido a combinações raras de serviço;
ψ2,2= coeficiente devido a combinações raras de serviço;
Para se obter o valor de σ1p∞, tem-se a Equação 8:
Onde:
P∞ est = força de protensão final estimada.
ep = excentricidade da força de protensão em relação ao eixo baricêntrico;
Ac = área de concreto (bw. h);
W1 = módulo de resistência à flexão (momento de inércia dividido pela
distância da linha neutra até a fibra mais externa).
Assim, deve-se escolher o maior valor entre os dois.
Protensão parcial
Essa modalidade de protensão deve ser utilizada para pré-tração com CAA I
ou para pós-tração com classes de agressividade CAA I e CAA II. Devem ser
verificadas as combinações de ações quase permanentes e as frequentes. A
NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)
não estabelece essa limitação, mas pode ser adotada uma estimativa de P∞.
Para respeitar o estado limite de descompressão na borda inferior, segue-se
a Equação 9:
Protensão: critérios de projeto 121
Onde:
σ1g1 = tensões devido ao peso próprio do elemento estrutural;
σ1g2 = tensões devido à carga permanente adicional;
σ1q1= tensões devido à carga variável principal;
σ1q2 = tensões devido à carga variável secundária;
σ1p∞= tensões devido à força de protensão, após todas as perdas;
ψ2,1= coeficiente devido a combinações raras de serviço;
ψ2,2= coeficiente devido a combinações raras de serviço.
Onde:
P∞ est = força de protensão final estimada.
ep = excentricidade da força de protensão em relação ao eixo baricêntrico;
Ac = área de concreto (bw.h);
W1 = módulo de resistência à flexão (momento de inércia dividido pela
distância da linha neutra até a fibra mais externa).
Determinação da força Pi
A força Pi é a força inicial, sem as perdas. Ela deve ser calculada a partir da
força final, com todas as perdas; assim, consegue-se estimar qual a força inicial
que deve ser aplicada para se obter o resultado final P∞. Devem ser realizados
os seguintes passos:
a) De acordo com Hanai (2005), a perda de protensão total deve ser ar-
bitrada com base em projetos e na experiência. Logo, deve-se estimar
uma perda de 20 a 30% na protensão (nessa estimativa, não estão
computadas as perdas por atrito dos cabos).
b) Determina-se a força no “macaco”, a partir da Equação 11.
122 Protensão: critérios de projeto
Onde:
P∞ est = força de protensão final estimada;
Δ Parb = perda de força estimada;
Pi, est = força de protensão inicial estimada.
Onde:
Pi est = força de protensão correspondente aos valores limites de tensões
na armadura ativa;
Ap,est = área da seção transversal da armadura ativa;
σ p i, lim = tensão de protensão correspondente aos valores limites de tensões
na armadura ativa.
Onde:
Pi ef = força de protensão correspondente aos valores limites de tensões na
armadura ativa;
Pi = valor adotado em projeto;
Ap, ef = área da seção transversal da armadura ativa;
σ p i, lim = tensão de protensão correspondente aos valores limites de tensões
na armadura ativa.
Protensão: critérios de projeto 123
É uma situação em que se tem apenas o g1, que é o peso próprio, e a força
da protensão P0.
Nessa circunstância, agem somente o peso próprio e a protensão antes da
perda progressiva.
Em uma seção aleatória de uma peça, σ 1v lim e σ2v lim são valores limites das
tensões normais no concreto, como apresentado na Figura 3.
Protensão: critérios de projeto 125
Onde:
σ1p0 = tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão;
σ1g1 = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso próprio;
σ1v = tensão na borda inferior, referente à sobreposição de efeitos;
σ1v, lim = tensão limite na borda inferior.
Na borda superior, segue-se a Equação 15:
Onde:
σ2p0 = tensão na borda superior de compressão, referente à protensão;
σ2g1 = tensão na borda superior de tração, referente ao peso próprio;
σ 2v = tensão na borda superior, referente à sobreposição de efeitos;
σ 2v, lim = tensão limite na borda superior.
126 Protensão: critérios de projeto
Considerando uma seção aleatória de uma peça, em que σ1v lim e σ2v lim são os
valores das tensões normais no concreto, tem-se a seguinte situação, apre-
sentada na Figura 4:
Onde:
σ1p∞= tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão;
σ1g = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso próprio;
σ1q = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso próprio;
σ1s = tensão na borda inferior, referente à sobreposição de efeitos;
σ1s, lim = tensão limite na borda superior para o estado em serviço.
Na borda superior, segue-se a Equação 17:
Onde:
σ2p∞ = tensão na borda superior de tração, referente à protensão;
σ2g = tensão na borda superior de compressão, referente ao peso próprio;
Protensão: critérios de projeto 127
Onde:
σ1p0 = tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão;
σ1p0, m = tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão no
meio do vão;
σ1v, lim = tensão limite na borda inferior para o estado vazio;
σ1g1 = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso próprio;
σ1v = curva limite devido à protensão no estado vazio.
Onde:
σ2p0 = tensão na borda superior de tração, referente à protensão;
σ2p0, m = tensão na borda superior de tração, referente à protensão no meio
do vão;
σ2v, lim = tensão limite na borda superior para o estado vazio;
σ2g1 = tensão na borda superior de tração, referente ao peso próprio;
128 Protensão: critérios de projeto
Onde:
σ1p∞ = tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão;
σ1p∞, m = tensão na borda inferior de compressão, referente à protensão no
meio do vão;
σ1s, lim = tensão limite na borda inferior para o estado de serviço;
σ1g = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso próprio;
σ1q = tensão na borda inferior de tração, referente ao peso acidental;
σ1s = curva limite devido à protensão no estado de serviço.
Onde:
σ2p∞ = tensão na borda superior de tração, referente à protensão;
σ2p∞, m = tensão na borda superior de tração, referente à protensão no meio
do vão;
σ2s, lim = tensão limite na borda superior para o estado de serviço;
σ2g = tensão na borda superior de compressão, referente ao peso próprio;
σ2q = tensão na borda superior de compressão, referente ao peso acidental;
σ2s = curva limite devido à protensão no estado de serviço.
Estado em vazio
Onde:
a1v = excentricidade limite do centro de pressão.
Onde:
e k1 = excentricidade limite do núcleo central da seção.
Desse modo, para que a tensão limite na borda inferior não seja extra-
polada, o centro de pressão não poderá estar a uma extensão do centro de
gravidade da seção transversal maior que abv, de acordo com a Equação 27 e
representado na Figura 6.
Figura 6. Limite para o fuso no estado em vazio, considerando a borda inferior como crítica.
Fonte: Bastos (2015).
Quando σtv = σtv, lim, então (ep – emg1) = atv, e segue-se a Equação 29:
Protensão: critérios de projeto 131
Entre abv e atv, deve-se tomar o valor mais antagônico para definir o limite
para a armadura de protensão.
Estado em serviço
Figura 7. Tensões no estado em serviço, com o momento fletor externo devido à carga
permanente total e à carga variável.
Fonte: Bastos (2015).
Quando σ bs = σ bs, lim, então (ep – emgq) = abs, de acordo com a Equação 31:
Quando σts = σts, lim, então (ep – emgq) = ats, de acordo com a Equação 33:
Adota-se o valor mais desfavorável entre abs e ats, como na Equação 34:
https://goo.gl/F51YDZ
Protensão: critérios de projeto 133
Leitura recomendada
VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR., K. M. L. Concreto protendido: fundamentos básico. 1998.
Disponível em: <http://wwwp.feb.unesp.br/lutt/Concreto%20Protendido/CP-vol1.
pdf>. Acesso em: 17 jan. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
ESTRUTURAS
EM CONCRETO
ARMADO
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar flexão em elementos de concreto armado,
mas, para isso, você deve compreender como o concreto armado se
comporta. Sabe-se que o concreto armado é uma combinação entre um
material quase-frágil e um material dúctil: o concreto resiste aos esforços
de compressão, enquanto o aço suporta os esforços de tração.
Neste texto, você vai aprender a realizar o dimensionamento e o
equacionamento interno de forças e momentos, para que, então, você
chegue ao resultado para o dimensionamento da área de aço.
Dimensionamento de cálculo
O concreto armado surge da união entre um material quase-frágil — o concreto
— e um material dúctil — o aço. Essa junção proporciona uma combinação
de um material com excelente capacidade de compressão com um material
resistente à tração. Sabe-se que um dos esforços principais que acometem
vigas e lajes em concreto armado é o esforço de flexão. O estudo dos efeitos
da flexão no concreto protendido, devido aos fatores relatados, deve ser rea-
lizado com cuidado.
136 Protensão: dimensionamento I
Hipóteses de cálculo
Quando se estuda flexão em vigas de concreto, deve-se utilizar algumas
hipóteses de cálculo para o estado limite último de ruptura ou de deformação
plástica excessiva. Os diferentes tipos de flexão (simples, composta, normal
ou oblíqua) e de compressão ou tração são apresentados a seguir.
Protensão: dimensionamento I 137
Onde:
d = altura útil da viga (em cm);
h = altura da seção;
LN = linha neutra da seção;
εs = deformação da armadura convencional;
εc,u = encurtamento último do concreto.
O concreto protendido pode romper, de acordo com a quantidade de arma-
dura de protensão. As hipóteses podem ser de ruptura da armadura, logo após
o início da fissuração (ruptura brusca); esmagamento do concreto comprimido,
após o aço entrar em escoamento da armadura; e o esmagamento do concreto
antes de a armadura entrar em escoamento.
Pré-alongamento
Deve-se empregar uma força Pd, que corresponde a P, com coeficiente de
segurança. Acrescida a essa força, deve-se considerar a variação de força
que corresponde ao efeito das cargas permanentes e de serviço, que causam
o encurtamento por deformação imediata do concreto — também chamadas
de forças de neutralização. Essas forças anulam a tensão no concreto no
centro da armadura. Assim, pode-se ter, ao final, a força de protensão inicial
Pnd, de acordo com a Equação 1.
138 Protensão: dimensionamento I
Onde:
Pnd = força de protensão inicial de cálculo;
𝜎cpd = tensão de cálculo do concreto em nível de protensão;
Pd = força de cálculo do concreto;
Ap = área da armadura de protensão;
αp = razão modular entre o módulo do aço e do concreto
Pode-se utilizar a lei de Hooke para determinar a deformação de pré-
-alongamento, de acordo com as Equações 2 e 3.
𝜎 = E × 𝜀 Equação 2
Onde:
σ = tensão;
E = módulo de elasticidade;
ε = deformação.
Equação 3
Onde:
ԑpnd = deformação no pré-alongamento de projeto;
Pnd= força de protensão inicial de projeto;
Ap= área da armadura ativa;
Ep= módulo de elasticidade das cordoalhas de aço.
Pode-se calcular a força de protensão (Pd) no estado limite último, após
as perdas, com a Equação 4.
Equação 4
Equação 5
Onde:
Ac = área de concreto;
Ic = inércia do concreto;
ep = excentricidade do centro de gravidade da armadura protendida.
Quando se aplica a protensão Pd, surgem deformações devido a essa força.
A borda superior sofre alongamento, e a inferior sofre encurtamento; quando
se acrescentam as cargas externas, ocorrem deformações em função dessas
cargas. Deve-se equilibrar todas essas cargas e, assim, deve-se conhecer os
domínios de deformações.
O diagrama tensão × deformação do concreto é paraboloide, de acordo com
a Figura 3. Observa-se que a resistência à tração do concreto é desprezada,
pois o concreto apresenta uma baixa resistência à tração. Então, na região da
seção abaixo da linha neutra, a parte tracionada não existe, pois se admite que
ele esteja fissurado. Em função disso, utiliza-se a armadura como incremento
da resistência à tração.
Como a distribuição das tensões é um diagrama paraboloide, pode-se
aproximar por um comportamento retangular, utilizando-se a relação y = 0,8 x,
sabendo que y é a distância da face superior à linha neutra da seção. A tensão
desenvolvida no concreto é 0,85 fcd (resistência de cálculo do projeto), para
quando a largura da seção se mantiver constante; caso contrário, considere
uma tensão de 0,80.
É importante adotar uma forma para a distribuição de curvas de tensões
de compressão na seção de concreto para realizar o dimensionamento. Para
isso, adote uma parábola de 2º grau como forma para o dimensionamento,
considerando desde a linha neutral até a fibra, com deformação de 0,2%,
completada com uma linha reta, até a borda comprimida. Nesse caso, a
tensão de 0,85 fcd é condizente com os resultados obtidos experimentalmente
(HANAL, 2005).
O diagrama parábola-retângulo é válido para qualquer forma de seção
transversal e pode ser usado também na flexão oblíqua (Figura 3).
Conforme o tempo aumenta, a resistência à compressão do concreto reduz
(efeito Rusch). Isso ocorre por ações de longa duração e, também, pela eleva-
ção de parte da argamassa à superfície e a exsudação da água, que afetam a
resistência da parte superior de concreto, onde poderão ocorrer as máximas
tensões de compressão (HANAL, 2005).
140 Protensão: dimensionamento I
https://goo.gl/cLo0Cz
Dimensionamento de estruturas
submetidas à flexão
Onde:
Rcc = resultante da força do concreto;
Rsc = resultante da força da armadura de aço comprimida;
Rpt = resultante da força da armadura de aço de protensão;
Rst = resultante da força da armadura de aço convencional;
Logo, sabe-se que a reação do concreto é igual à Equação 7.
Onde:
Rcc = resultante da força do concreto;
fcd = resistência de projeto do concreto;
x = linha neutra;
bw = base da viga.
A reação da armadura comprimida corresponde à Equação 8.
Onde:
Rsc = resultante da força da armadura de aço comprimida;
σ’sd = tensão da armadura de aço comprimida;
A’s = área de aço da armadura comprimida.
A reação da armadura protendida corresponde à Equação 9.
Onde:
Rpt = resultante da força da armadura protendida;
σpd = tensão da armadura protendida;
Ap = área de aço da armadura protendida.
A reação da armadura tracionada corresponde à Equação 10.
Onde:
Rst = resultante da força da armadura de aço tracionada;
σsd = tensão da armadura de aço tracionada;
As = área de aço da armadura tracionada.
Sabe-se que a tensão da armadura é igual à Equação 11.
Equação 11
Onde:
fyd = resistência de projeto;
fyk = resistência de cálculo característica;
σsd = tensão da armadura de aço tracionada;
Ainda, sabe-se que a tensão da armadura comprimida é igual à Equação 12.
Equação 12
Onde:
f’yd = resistência de cálculo;
f’yk = resistência de cálculo de projeto;
σ’sd = tensão da armadura de aço comprimida;
A tensão da armadura protendida segue a Equação 13.
Equação 13
Onde:
fyd = resistência de cálculo;
fyk = resistência de cálculo de projeto;
σpd = tensão da armadura protendida;
Assim, substituindo-se na Equação 6, tem-se a Equação 14.
Equação 15
Protensão: dimensionamento I 147
Equação 16
Equação 17
Equação 18
Pode-se fazer o equilíbrio de momentos de acordo com a Equação 19:
Mud = 𝜎pd × Ap (dp – 0,4x) + fyd × As (ds – 0,4x) + f’yd × A’s (0,4x – d’) Equação 19
Onde:
Mud = momento de designer (m.máx. × 1,4 – em kN/cm);
bw = base da viga (em cm);
x = altura da linha neutra (em cm);
fcd = valor de cálculo da resistência do concreto ( fck/1,4 em kN/cm²);
d = altura útil da viga (em cm);
d’ = altura útil da armadura negativa (em cm).
Sabe-se que existe uma conexão entre x e y, de acordo com a Equação
20. Pode-se ainda conectar com os estados limites de serviço, pois, como a
curva tensão–deformação do concreto tem um comportamento paraboloide,
é adotado por simplificação um diagrama tensão–deformação retangular.
Equação 20
Para isso, deve-se comparar os resultados do Bhaskara, transformados em
x, os quais devem estar dentro do intervalo de x23 e x34.
Equação 21
Equação 22
Existe uma quantidade mínima e máxima de aço que se deve colocar na
viga, conforme o Quadro 1.
148 Protensão: dimensionamento I
fck 20 25 30 35 40 45 50
(MPa)
Equação 23
Onde:
ac
= área de concreto da viga;
Isso decorre da necessidade de se assegurarem condições de ductilidade e de
se respeitar o campo de validade dos ensaios que deram origem às prescrições
de funcionamento do conjunto aço–concreto.
BASTOS, P. S. dos S. Concreto protendido. Bauru: UNESP, 2015. Disponível em: <http://
wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.pdf>. Acesso em: 19
jan. 2018.
[Diagrama paraboloide para seção transversal] [(200-?)]. Disponível em: <http://
www.scielo.br/img/revistas/riem/v8n4//1983-4195-riem-08-04-00547-gf18-pt.jpg>.
Acesso em: 19 jan. 2018.
FERNANDES, G. B. Solicitações normais cálculo no estado limite último. Campinas: UNI-
CAMP, 2006. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/APOS-
TILA-EC702-v2006.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
HANAI, J. B. de. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos: UFSCAR, 2005. Disponí-
vel em: <http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/protendido/arquivos/cp_ebook_2005.
pdf>. Acesso em: 17 jan. 2018.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de
concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
CARVALHO, R. C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado:
segundo a NBR 6118-2014. São Carlos: Edufscar, 2014. v. 1.
HANAL, J. B. de. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos: UFSCAR, 2005.
ESTRUTURAS
EM CONCRETO
ARMADO
Introdução
Quando se emprega a protensão em elementos, existem diversas melho-
rias que podem ser observadas, como a redução dos esforços solicitantes
e também o aumento do desempenho quanto à resistência à flexão. Além
disso, modificações também são conferidas ao efeito do cisalhamento.
A protensão faz com que se modifique o ângulo de inclinação das
tensões de tração, e, desta forma, as fissuras de cisalhamento têm o
seu ângulo reduzido. Essas e outras alterações serão estudadas neste
capítulo.
Equação 1
Onde:
Vsd = esforço cortante de projeto.
Vd = esforço cortante.
Pd = força de protensão.
Uma outra condição, que deve ser estabelecida, é que a armadura longitu-
dinal de tração junto à face tracionada por flexão deve atender à Equação 2.
Equação 2
Pode-se observar na Figura 5, o banzo de concreto comprimido e as ar-
maduras convencionais e de protensão:
Existem vigas com diversas seções que podem ser retangulares ou em T. Basicamente,
o dimensionamento é muito parecido entre as duas vigas, quando se dimensiona uma,
deve-se levar em consideração a colaboração da mesa.
Protensão: dimensionamento II 155
Equação 3
E Vrd2 pode ser encontrado de acordo com a Equação 4.
Equação 4
Onde:
fcd = resistência de projeto do concreto.
bw = base da viga.
d = altura útil.
Equação 5
Assim, se pode calcular a contribuição do concreto no cálculo da armadura
que corresponde a VC0 e deve ser calculado de acordo com a Equação 8.
Equação 8
Onde:
bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d,
contudo, quando existirem bainhas injetadas com diâmetro , a largura
resistente deve ser recalculada de acordo com a Equação 9.
156 Protensão: dimensionamento II
Equação 9
Deve-se calcular a variável Asw,α/s conforme a Equação 10.
Equação 10
Como se tem uma combinação de esforços, que é compressão mais flexão,
deve-se utilizar a Equação 11 para encontrar Vc, que será incorporado ao
cálculo da área de aço final.
Equação 11
Onde:
M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda
da seção (tracionada por Md,máx), provocada pelas forças normais de diversas
origens concomitantes com VSd, sendo esta tensão calculada com valores de γf e
γp iguais a 0,9, respectivamente; M0 corresponde ao momento fletor que anula a
tensão normal na borda menos comprimida, ou seja, corresponde ao momento
de descompressão referente a uma situação inicial de solicitação em que atuam:
a) a força normal e o momento fletor (Npd e Mpd) provocados pela protensão,
ponderados por γp = 0,9.
b) as forças normais oriundas de carregamentos externos (Ngd e Nqd), afe-
tados por γf = 0,9 ou 1,0, desconsiderando-se a existência de momentos
fletores concomitantes.
Equação 12
Onde:
Wb/Ac = corresponde à distância da extremidade superior do núcleo central
de inércia da seção ao centro de gravidade, ou seja, corresponde à excentri-
cidade do centro de pressão com a qual a tensão na borda inferior se anula.
P∞= força de protensão.
ep = excentricidade.
MSd,max = momento fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que
pode ser tomado como o de maior valor no semitramo considerado (para este
Protensão: dimensionamento II 157
Leituras recomendadas
CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais
de concreto armado. 4. ed. São Carlos: Edufscar, 2015.
HANAL, J. B. de. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos: UFSCAR, 2005. Disponí-
vel em: <http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/protendido/arquivos/cp_ebook_2005.
pdf>. Acesso em: 22 jan. 2018.