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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL


DISCIPLINA CONCRETO ARMADO I
Prof.: ENGº. CIVIL ESP. ANTONIO CARLOS AMARAL
RIBEIRO

CONCRETO ARMADO I
AULA 03
AULA 03

RESISTÊNCIA DO
CONCRETO À TRAÇÃO
1.2 – CONCRETO ENDURECIDO

1.2.3.2 – Resistência a tração:


A resistência a tração do concreto pode está
relacionada com a capacidade resistente da peça,
como as sujeitas a esforço cortante, e,
diretamente com a fissuração, sendo necessário,
por isso seu estudo.
Os tipos de ensaio para obtenção da
resistência a tração do concreto são:
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

a) Por ensaio de tração axial (tração direta);


b) Por ensaio de compressão diametral (tração
indireta);
c) Por ensaio de tração na flexão (ou
flexotração);.
OBS: O ensaio de compressão diametral é
conhecido como ensaio brasileiro de resistência a
tração, por ter sido sistematizado pelo engenheiro e
professor Fernando Lobo Carneiro.
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

f
a) Ensaio de tração axial (ou tração direta, ct)
Neste ensaio, considerado o de referência, a
resistência à tração direta, fct, é determinada aplicando-se
tração axial, até a ruptura, em corpos-de-prova de concreto
simples. A seção central é retangular, medindo 9cm por 30cm,
e as extremidades são quadradas, com 15cm de lado.

Ensaio de tração direta


1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

b) Ensaio de tração na compressão diametral (fct,sp)


É o ensaio mais utilizado. Também é conhecido
internacionalmente como Ensaio Brasileiro. Foi desenvolvido
por Lobo Carneiro, em 1943. Para a sua realização, um corpo-
de-prova cilíndrico de 15cm por 30 cm é colocado com o eixo
horizontal entre os pratos da prensa da figura, sendo aplicada
uma força até a sua ruptura por tração indireta (ruptura por
fendilhamento).
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
O valor da resistência à tração por compressão
diametral, fct,sp, encontrado neste ensaio, é um pouco maior que
o obtido no ensaio de tração direta. O ensaio de compressão
diametral é simples de ser executado e fornece resultados mais
uniformes do que os da tração direta.
Devido à aplicação desta carga de compressão, surgem
tensões de tração praticamente constantes na direção
perpendicular ao carregamento
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

f
c) Ensaio de tração na flexão(ou flexotração, ct,f)
Para a realização deste ensaio, um corpo-de-prova de
seção prismática é submetido à flexão, com carregamentos em
duas seções simétricas, até à ruptura. O ensaio também é
conhecido por “carregamento nos terços”, pelo fato das seções
carregadas se encontrarem nos terços do vão.
Analisando os diagramas de esforços solicitantes pode-
se notar que na região de momento máximo tem-se cortante
nulo. Portanto, nesse trecho central ocorre flexão pura.
Os valores encontrados para a resistência à tração na
flexão, fct,f, são maiores que os encontrados nos ensaios
descritos anteriormente.
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

Relações entre os resultados dos ensaios


Como os resultados obtidos nos dois últimos ensaios são
diferentes dos relativos ao ensaio de referência, de tração direta,
há coeficientes de conversão.

Considera-se a resistência à tração direta, fct, igual a


0,9*fct,sp ou 0,7*fct,f, ou seja, coeficientes de conversão 0,9 e 0,7,
para os resultados de compressão diametral e de flexão,
respectivamente.

fct = 0,9 * fct,sp


fct = 0,7 * fct,f
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

De maneira análoga à resistência a compressão, a


resistência a tração do concreto apresenta uma significativa
variabilidade em torno de um valor médio, e é maior do que a
verificada para a resistência à compressão.
Assim, pode-se definir um valor médio (fctm) e um valor
característico (fctk).

O valor médio da resistência à tração (fctm), pode ser


obtido da relação:
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

Pela norma, define-se dois valores característicos para a


resistência a tração: Um valor inferior, fctk,inf, e um valor superior,
fctk,sup. Esses valores característicos correspondem aos quantis
de 5% e 95%, respectivamente, e são dados por:

fctk,inf = 0,7* fctm


fctk,sup = 1,3* fctm
Pela NBR 6118:2014, item 8.2.5, temos

fctm = 0,3*fck2/3 para concretos classe até C50


para concretos de classe entre
C50 até C90
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
OBS: 1) Os valores característicos da resistência à tração são
empregados no projeto no sentido desfavorável. Por exemplo, o
f
valor característico inferior ( ctk,inf) é usado para determinar a
resistência da aderência entre o concreto e as barras da
armadura. Por outro lado, para o cálculo da área mínima da
armadura de flexão, emprega-se o valor característico superior
f
( ctk,sup), e para o cálculo da abertura das fissuras e para a
avaliação das flechas de vigas, emprega-se a resistência média à
tração (fctm).
1.2.3.2 – RESISTÊNCIA A TRAÇÃO
OBS: 2) A resistência a tração aumenta com o crescimento
da taxa de tensão. Por outro lado, em um estado biaxial de
tensões (tração-compressão), ocorre uma redução da
resistência à tração com o crescimento da tensão de
compressão.

3) No dimensionamento dos elementos estruturais, a


resistência à tração é desprezada, pois ela tem pouca
importância na capacidade de carga da estrutura. Entretanto,
na verificação das deformações da estrutura sob cargas de
serviço, é importante levar em conta a colaboração do
concreto tracionado.
1.2 – CONCRETO ENDURECIDO
1.2.3.3 – Módulo de deformação longitudinal do concreto( ou
módulo de elasticidade)
O Módulo de elasticidade (Ec) é a relação entre a tensão
atuante e a deformação longitudinal resultante desta tensão. Por
esta definição, temos que seu valor em um determinado ponto M
deve ser dado por:
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE

É uma grandeza mecânica que mede a rigidez de uma


material sólido, e pode ser definido a partir das relações entre
tensões e deformações, de acordo com o diagrama acima
(tensão x deformação)
Levando em consideração que a adoção de coeficientes
de segurança impostos ao cálculo das estruturas faz com que,
em serviço, o concreto trabalhe com uma tensão fs não superior a
40% da sua tensão de ruptura e que da origem até o ponto de
tensão fs, a inclinação não varia significativamente, podemos
tomar como módulo de elasticidade tangente para este trecho, o
valor em sua origem:
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE

Na figura, Ec é o módulo de deformação longitudinal


tangente, representando a inclinação da reta tangente à curva na
origem do diagrama. Analogamente, o módulo secante Ecs
representa a inclinação da reta que passa pela origem e corta o
diagrama no ponto correspondente a uma tensão da ordem de
0,4*fc.
Sendo fc a resistência a
Compressão simples.
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE
Experimentalmente, verifica-se que o módulo de
deformação tangente, Ec, depende do valor da resistência à
compressão do concreto.
Para concretos com fck <= 50MPA, adotam-se os valores
médios = 2%0 e =3,5%0.
Na origem, os módulos tangentes e secantes coincidem.
O módulo de deformação tangente inicial do concreto (Eci),
ou simplesmente módulo de elasticidade inicial, deve ser
determinado segundo ensaios estabelecidos na NBR 8522:2008,
e considerando obtido aos 28 dias de idade. Quando não forem
realizados ensaios, ele pode ser estimado pelas expressões:
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE
NBR 6118:2014 – item 8.2.8
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE

 A deformação elástica do concreto depende da composição do


traço do concreto, especialmente da natureza dos agregados.
 Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou
seção transversal, pode ser adotado módulo de elasticidade
único, à tração e à compressão, igual ao módulo de
deformação secante Ecs.
 No cálculo das perdas de protensão, pode ser utilizado em
projeto o módulo de elasticidade inicial Eci.
 O módulo de elasticidade em uma idade menor que 28 dias
pode ser avaliado pelas expressões a seguir, substituindo fck
por fcj
1.2.3.3–MÓDULO DE ELASTICIDADE
1.2.3.4–COEFICIENTE DE POISSON

Quando uma força uniaxial é aplicada sobre uma peça de


concreto, resulta uma deformação longitudinal na direção da
carga e, simultaneamente, uma deformação transversal com sinal
contrário
Deformações longitudinais e transversais
1.2.3.4–COEFICIENTE DE POISSON

O coeficiente de deformação transversal, ou coeficiente de


Poisson (ν) representa a relação entre as deformações
transversais e longitudinais na peça. Varia entre 0,15 e 0,25,
sendo sugerido pela NBR 6118:2014 o valor constante de 0,20,
devido a pequena variação que estes valores representam nos
cálculos. Esse valor, entretanto, válido para tensões de
compressão menores que 0,5*fc e tensões de tração menores
que fct.
1.2.3.4–COEFICIENTE DE POISSON

ABNT NBR 6118:2014 item 8.2.9

O coeficiente de Poisson mede a rigidez do material na


direção perpendicular àquela em que a carga está sendo
aplicada.
O módulo de elasticidade transversal (G) corresponde a
rigidez do material quando submetido a um carregamento de
cisalhamento.
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO
NBR 6118:2014 item 8.2.10

Para o dimensionamento de seções transversais de peças


de Concreto Armado no Estado Limite Último, a NBR 6118 (item
8.2.10.1), indica o diagrama tensão-deformação à compressão
com valores em função da classe do concreto, como segue.
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

a) Para concretos de classes até C50 (Grupo I)


O diagrama simplificado é composto por uma parábola do 2º
grau que passa pela origem e tem seu vértice no ponto de abscissa 2 ‰ e
ordenada 0,85fcd e de uma reta entre as deformações 2 ‰ e 3,5 ‰, tangente
à parábola e paralela ao eixo das abscissas (Figura 2.14).
A equação da parábola do 2º grau é:
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

b) Para concretos de classes C55 até C90


O diagrama simplificado é composto por uma parábola que
passa pela origem e tem seu vértice correspondente à deformação c2 e
ordenada 0,85fcd , e de uma reta entre as deformações c2 e cu.
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

EFEITO RUSCH:
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

O tempo decorrido entre o início do ensaio e a ruptura


teórica do corpo-de-prova foi variado desde 2 min até 70 dias,
com tempos intermediários de 20 min, 100 min e três dias.

O diagrama mostra também a linha descendente de


ruptura dos corpos-de-prova.

A análise das curvas permite observar que, conforme


aumenta o tempo de aplicação do carregamento, menor é a
resistência do concreto. Entre os tempos de 2 min e 70 dias por
exemplo, ocorre uma diminuição de quase 20 % na resistência do
concreto carregado durante 70 dias.
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

Esta característica apresentada pelo concreto foi chamada


de efeito Rüsch, isto é, quanto maior é o tempo de carregamento
para se alcançar a ruptura, menor é a resistência do concreto.

O efeito Rüsch é a diminuição da resistência do concreto


com o aumento do tempo na aplicação da carga.

Para levar em conta o efeito Rüsch as normas


acrescentaram o fator redutor de 0,85 na tensão máxima fcd que
pode ser aplicada no concreto.
1.2.3.4–DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

DEFORMAÇÕES
As deformações do concreto dependem essencialmente de
sua estrutura interna.
 Retração

Denomina-se retração à redução de volume que ocorre no


concreto, mesmo na ausência de tensões mecânicas e de
variações de temperatura.
As causas da retração são:
• Retração química: contração da água não evaporável, durante
o endurecimento do concreto.
• Retração capilar: ocorre por evaporação parcial da água capilar
e perda da água absorvida. O tensão superficial e o fluxo de água
nos capilares provocam retração.
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

• Retração por carbonatação: Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 +


H2O (ocorre com diminuição de volume).

Os fatores que mais influem na retração são:


a) composição química do cimento: os cimentos mais
resistentes e os de endurecimento mais rápido causam maior
retração;
b) quantidade de cimento: quanto maior a quantidade de
cimento, maior a retração;
c) água de amassamento: quanto maior a relação
água/cimento, maior a retração;
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

d) umidade ambiente: o aumento da umidade ambiente


dificulta a evaporação, diminuindo a retração;

e) temperatura ambiente: o aumento da temperatura,


aumenta a retração;

f) espessura dos elementos: a retração aumenta com a


diminuição da espessura do elemento, por ser maior a superfície
de contato com o ambiente em relação ao volume da peça,
possibilitando maior evaporação.
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

 Expansão

Expansão é o aumento de volume do concreto, que


ocorre em peças submersas. Nessas peças, no início tem-se
retração química. Porém, o fluxo de água é de fora para dentro.
As decorrentes tensões capilares anulam a retração química e,
em seguida, provocam a expansão da peça.
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

 Deformação imediata
A deformação imediata se observa por ocasião do
carregamento. Corresponde ao comportamento do concreto como
sólido verdadeiro, e é causada por uma acomodação dos cristais
que formam o material.

 Fluência
Define-se fluência como o aumento da deformação no
concreto ao longo do tempo quando submetido à tensão de
compressão permanente e constante. São as deformações ecc
que aparecem na figura.
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

A deformação que antecede a fluência é chamada


deformação imediata (eci), que é aquela que ocorre
imediatamente após a aplicação das primeiras tensões de
compressão no concreto, devida basicamente à acomodação dos
cristais que constituem a parte sólida do concreto.
1.2.3.5–DEFORMAÇÕES DO CONCRETO

Os fatores que mais influem na fluência são:


a) idade do concreto quando a carga começa a agir;
b) umidade do ar - a deformação é maior ao ar seco;
c) tensão que a produz - a deformação lenta é proporcional
à tensão que a produz;
d) dimensões da peça - a deformação lenta é menor em
peças de grandes dimensões.
Deformações térmicas
Define-se coeficiente de variação térmica αte como sendo
a deformação correspondente a uma variação de temperatura de
1°C. Para o concreto armado, para variações normais de
temperatura, a NBR 6118 permite adotar αte = 10-5 /°C.
ATIVIDADES PRÁTICAS

ATIVIDADES
01) Considerando que a resistência característica à
compressão de determinado concreto seja de 55Mpa, pede-se:
a) Estimar da sua resistência a tração direta
segundo as recomendações da NBR 6118/2014;
b) Estimar a força que conduziria à ruptura de um
corpo de prova cilíndrico de diâmetro 10cm e altura 20cm,
empregando o “método brasileiro” para a determinação da tensão
de ruptura de tração por compressão diametral para o concreto
considerado no item anterior;
c) Fazer um croqui que ilustre o princípio que se
baseia o método de ensaio;
ATIVIDADES PRÁTICAS

ATIVIDADES
d) Estimar a força total que conduziria à ruptura do
corpo de prova prismático, nas mesmas condições do item (a),
empregando o método de tração na flexão para a determinação
da tensão de ruptura à tração. As dimensões do corpo de prova
são: comprimento total é igual a 105cm, seção transversal
quadrada 15cmx15cm e distâncias entre os eixos dos apoios
igual a 90cm. Fazer um desenho que ilustre o princípio em que se
baseia o método de ensaio;
e) Para esse concreto, esboce seu diagrama
TensãoxDeformação em compressão e tração.
ATIVIDADES PRÁTICAS

ATIVIDADES
02) Você é o responsável técnico pela execução da
estrutura de concreto armado de um Resort localizado numa zona
litorânea do nordeste do Brasil, onde o risco de deteriorização da
estrutura é grande e a agressividade pode ser considerada forte.
Para tal, decidiu especificar um concreto C60. Sob estas
condições responda:
Determinada peça comprimida de concreto desta
obra não pode apresentar deformação maior do que 1,8mm/m (ou
1,8%0. Sabendo deste fato você deve limitar o nível de tensão
que atua nessa peça a que valor?
ATIVIDADES

Teste seu conhecimento


8. Como são os ensaios de tração indiretos para
determinação da resistência do concreto à tração?
9. Quais as equações indicadas pela NBR 6118 para a
resistência à tração direta?
10. Definir o que significa módulo de elasticidade. Como
são determinados os módulos tangente na origem e secante?
11. Desenhar o diagrama s x e de cálculo do concreto à
compressão.
12. Explicar o que é o Efeito Rüsch.
13. Definir o que é retração do concreto e os tipos de
retração.
ATIVIDADES

Teste seu conhecimento


14. Quais soluções podem ser adotadas para diminuir os
efeitos da retração?
15. Por que a retração é maior no início e se estabiliza com
o passar do tempo?
16. O que é deformação imediata do concreto?
17. Definir o que é fluência do concreto?

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