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4. FLEXÃO SIMPLES
Para o estudo das estruturas em concreto armado devemos estudar os esforços internos
gerados pelas cargas, neste primeiro momento iremos estudar a flexão.
a) Flexão Pura: Quando não há esforço cortante atuando na seção, ou seja só atua o
momento fletor. Como na região central do exemplo abaixo.
a) Estádio I
Esta fase corresponde ao início do carregamento. As tensões normais que surgem são de
baixa magnitude e dessa forma o concreto consegue resistir às tensões de tração. Tem-se
um diagrama linear de tensões, ao longo da seção transversal da peça. Levando-se em
consideração a baixa resistência do concreto à tração, se comparada com a resistência à
compressão, percebe-se a inviabilidade de um possível dimensionamento neste estádio. É
no estádio I que é feito o cálculo do momento de fissuração, que separa o estádio I do
estádio II. Conhecido o momento de fissuração, é possível calcular a armadura mínima, de
modo que esta seja capaz de absorver, com adequada segurança, as tensões causadas por
um momento fletor de mesma magnitude. Portanto, o estádio I termina quando a seção
fissura.
b) Estádio II
Neste nível de carregamento, o concreto não mais resiste à tração e a seção se encontra
fissurada na região tracionada. A contribuição do concreto tracionado é desprezada. No
entanto, a parte comprimida ainda mantém um diagrama linear de tensões, permanecendo
válida a lei de Hooke. Basicamente, o estádio II serve para a verificação da peça em serviço.
Como exemplos, citam-se o estado limite de abertura de fissuras e o estado limite de
deformações excessivas. Com a evolução do carregamento, as fissuras caminham no
sentido da borda comprimida, a tensão na armadura cresce, podendo atingir o escoamento
ou não. O estádio II termina com o inicio da plastificação do concreto comprimido.
c) Estádio III
No estádio III, a região comprimida encontra-se plastificada e o concreto dessa região está
na iminência da ruptura. Admite-se que o diagrama de tensões seja da forma parabólico-
retangular, também conhecido como diagrama parábola-retângulo. É no estádio III que é
feito o dimensionamento estrutural, situação que se denomina “cálculo na ruptura” ou
“cálculo no estádio III”.
A Norma Brasileira permite, para efeito de cálculo, que se trabalhe com um diagrama
retangular equivalente com altura do diagrama é igual a 0,8x. A tensão limite é σcd =
0,85*fcd.
Onde:
d = altura útil, distância do da fibra mais comprimida de concreto até o centro de gravidade
da armadura tracionada.
Considerando que na flexão simples não ocorrem forças normais solicitantes, e que a força
resultante das tensões de compressão no concreto deve estar em equilíbrio com a força
resultante das tensões de tração pode-se escrever:
𝑅𝑐𝑐 = 𝑅𝑠𝑡
F
Tomando da Resistência dos Materiais que σ = , a força resultante das tensões de
A
compressão no concreto, considerando o diagrama retangular simplificado, pode ser escrita
como:
Rcc
σcd =
Ac
Rcc = σcd ∗ 𝐴𝑐
onde:
σcd = máxima tensão de cálculo resistida pela fibra mais comprimida (0,85*fcd);
Rst
σsd =
As
Rst = σsd ∗ 𝐴𝑠
Rst = fyd ∗ 𝐴𝑠
com
𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐 = 𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 = 𝑀𝑑
𝑀𝑑 = 𝑅𝑐𝑐 ∗ 𝑍
𝑀𝑑 = 𝑅𝑠𝑡 ∗ 𝑍
onde:
𝑀𝑑 = 𝑅𝑐𝑐 ∗ 𝑍
𝑀𝑑 = 𝑅𝑠𝑡 ∗ 𝑍
𝑀𝑑
𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑑 ∗ (𝑑 − 0,4𝑥)
Domínio 2: O aço está sob deformação máxima (εs = 10 ‰) e o concreto sob deformação
(εc < 3,5 ‰), ou seja, sob a deformação de 10 ‰ a tensão na armadura corresponde à
máxima permitida no aço (fyd), portanto, a armadura tracionada é econômica, isto é, a
máxima tensão possível no aço pode ser implementada nessa armadura, e o concreto não
trabalha na sua capacidade máxima, pois a deformação estará abaixo ou igual aos 3,5 ‰ .
Na questão relativa à segurança, no caso de ocorrer ruptura, esta será com “aviso prévio”,
porque como a armadura continuará escoando além dos 10 ‰, a fissuração na viga será
intensa e ocorrerá antes de uma possível ruptura por esmagamento do concreto na região
comprimida. A intensa fissuração será visível e funcionará como um aviso aos usuários de
que a viga apresenta um problema sério, alertando-os, de modo que sejam tomadas
medidas visando à evacuação do local, antes que a ruptura venha a ocorrer.
0,0035 0,01
=
𝑥23 𝑑 − 𝑥23
0,0035 ∗ 𝑑
𝑥23 =
0,0135
𝑥23 = 0,259 ∗ 𝑑
0,0035 𝜀𝑦𝑑
=
𝑥34 𝑑 − 𝑥34
0,0035 ∗ 𝑑
𝑥34 =
0,00557
0,0035 ∗ 𝑑
𝑥34 =
0,00598
Quando a posição da linha neutra ultrapassar 0,628*d para elementos com aço CA-50 e
0,585*d para elementos com aço CA-60, os materiais da seção de concreto armado terão
uma deformação de acordo com o domínio 4.
As vigas não podem ser projetadas à flexão simples no domínio 4, pois além da questão
econômica, a ruptura, se ocorrer, será do tipo “frágil”, ou “sem aviso prévio”, onde o concreto
rompe (esmaga) por compressão, causando o colapso da viga antes da intensa fissuração
provocada pelo aumento do alongamento na armadura tracionada. Segundo a ABNT NBR
6118:2014 a “ruptura frágil está associada a posições da linha neutra no domínio 4, com ou
sem armadura de compressão.”
Como conclusão podemos afirmar que as vigas e lajes devem ser projetadas à flexão
simples nos domínios 2 ou 3, e não podem ser projetadas no domínio 4. Para
complementar essa análise, é importante observar que a ABNT NBR 6118:2014 no item
14.6.4.3 apresenta limites para a posição da linha neutra que visam dotar as vigas e lajes de
ductilidade, afirmando que quanto menor for a relação x/d (x = posição da linha neutra, d =
altura útil da viga), maior será a ductilidade. Os limites são:
𝑥
≤ 0,45, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎
𝑑
𝑥
≤ 0,35, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑐𝑘 > 50 𝑀𝑃𝑎
𝑑
BIBLIOGRAFIA