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31/07/2019

ESTÁDIOS DO CONCRETO ARMADO

Comportamento na Flexão

Comportamento na Flexão
Quando um carregamento crescente é introduzido em uma viga de concreto armado, uma seção (S1) qualquer sofre um
giro crescente, definindo uma região tracionada e outra comprimida na seção transversal da viga.

O aço e o concreto localizados na região tracionada, passam a experimentar um alongamento crescente, proporcional ao
giro da seção transversal. No momento em que a fibra mais tracionada de concreto atinge o valor limite de alongamento,
ocorre a ruptura dessa fibra, e o consequente o aparecimento de uma fissura.

Na medida em que o giro da seção aumenta, pois cresce o carregamento, as fibras vizinhas vão passando pelo mesmo
processo, e a fissura inicial vai crescendo, caminhando em direção à linha neutra da viga, a partir do bordo tracionado.

Na região comprimida o concreto experimenta, inicialmente, baixos níveis de tensão normal, mantendo uma relação
tensão-deformação linear. A medida em que o carregamento aumenta, a relação tensão-deformação deixa de ser linear,
assumindo a forma parabólica.

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Definição:
• A linha neutra é a superfície material
curva de um corpo deformado por
flexão que separa a zona
comprimida da zona tracionada.

Esse comportamento da viga de concreto é subdividido em diferentes fases, denominadas de estádios de flexão,
que apresentam comportamentos distintos do concreto tracionado e comprimido, de uma peça submetida à um
momento fletor, até que ela atinja a ruína sendo denominados de estádios I, II e II.
Normalmente as peças de concreto se encontram nos estádios I e II quando estão sob as ações de serviço.
Didaticamente, o estádio I será sub-dividido em Ia e Ib, como segue:
ESTÁDIO (Ia)
• O que caracteriza o estádio I é o fato da carga (P) ser de pequena intensidade e a viga apresentar pequena
deformação, de modo que o concreto na seção (S1) não se encontra ainda fissurado, significando que as tensões
de tração no concreto (σct) são inferiores à sua resistência à tração ftk.
• Nessa situação, supõe-se que haja linearidade entre tensão e deformação (Lei de Hooke) e as deformações
especificas do aço e do concreto são iguais (εs= εc) devido a aderência.

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ESTÁDIO (Ib)
• Aumentando gradativamente o valor da carga (P), haverá um ponto em que a tensão de tração no concreto atingirá o
valor limite de sua resistência à tração (σct=fct) e a seção transversal apresentará uma relação não mais linear entre
tensão e deformação para a região tracionada.

No estádio I as deformações ainda estão dentro do limite elástico, ou seja, são lineares, quando submetida a
um momento, a peça se deforma sem que as solicitações ultrapassem os limites de resistência dos materiais e
quando esse momento deixa de atuar, a peça retorna ao seu estado original, respeitando a Lei de Hooke.

ESTÁDIO (II)
• Com o crescimento do carregamento, a fibra mais tracionada de concreto irá romper-se, surgindo assim a
primeira fissura e a armadura passará a trabalhar de maneira mais efetiva na peça de concreto. A distribuição de
tensões na região comprimida ainda permanece linear.

• Aumentando progressivamente o carregamento, as fissuras irão aumentando de intensidade, caminhando em direção à


linha neutra da peça e as tensões de compressão no concreto deixarão de apresentar uma distribuição linear.
• Ocorre uma significativa influência da fissuração sobre a rigidez do elemento (diminuição da rigidez), sendo de difícil
análise, pois a rigidez depende do grau de fissuração, que é um fenômeno progressivo e dependente dos momentos
fletores, que também sofrem uma redistribuição na medida em que as fissuras se desenvolvem.
• Quando se adota a suposição que todo o concreto da região tracionada está sendo desprezado (a resistência à tração
do concreto é nula) e o esforço de tração é resistido somente pelas armaduras, tem-se a fase que é nomeada de
estádio II puro.

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ESTÁDIO (III)
• Com o aumento do carregamento na viga, o estado de fissuração vai se intensificando, com o aumento progressivo das
fissuras.
• Na região comprimida, as tensões no concreto passam do comportamento linear para uma fase de escoamento do
material, caracterizando a não linearidade das tensões de compressão, sendo esta fase é chamada de estádio III.
• Nas verificações dos Estados Limites Últimos, admite-se a peça de concreto armado trabalhando nesse estádio.

• É no estádio III que reside todo o problema, pois é nele que todas as resistências foram superadas.

• O concreto começa a escoar, assim a fissuração da peça aumenta e estas fissuras se aproximam cada vez
mais da linha neutra o que por consequência ocorre uma diminuição na região comprimida do concreto.
Todo esse conjunto faz com que a peça seja levada à ruína

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Cada estádio tem a sua importância, sendo as principais descritas a seguir:


• a) Estádio Ia: verificação das deformações em lajes calculadas segundo a teoria da elasticidade, pois essas lajes geralmente
se apresentam pouco fissuradas;
• b) Estádio Ib: cálculo do momento fletor de fissuração (solicitação que pode provocar o início da formação de fissuras);
• c) Estádio II: verificação das deformações em vigas (seções predominantemente fissuradas) e análise das vigas em serviço;
• d) Estádio III: dimensionamento dos elementos estruturais no estado limite último.

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DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO

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O estudo das seções de concreto armado tem por finalidade verificar se sob a ação das solicitações majoradas (solicitações
de cálculo) a peça não supera cada um dos estados limites, admitindo que os materiais (concreto e aço) tenham como
resistência real a resistência minorada (resistência de cálculo).
Denominam-se solicitações normais as que originam tensões normais nas seções transversais dos elementos estruturais.
Compreendem, neste caso, força normal e momento fletor, ambos referidos ao centro de gravidade da seção transversal de
concreto.
Uma seção de concreto armado, submetida a solicitações normais, pode atingir o estado limite último de
três formas:

• por excesso de deformação plástica do aço da armadura,


• por esmagamento do concreto na flexão ou
• por esmagamento do concreto na compressão.

a) Estado de deformação plástica excessiva: nas peças submetidas à tração ou à flexão com quantidades pequenas de
armadura, admite-se que o estado limite último seja atingido em virtude de deformação plástica excessiva da
armadura, cujo valor se fixa em 1%.
b) Estados de ruptura: em peças submetidas à flexão simples ou à flexão composta, com quantidades médias ou
grandes de armadura, o estado limite último é atingido por esmagamento do concreto comprimido para deformações
da ordem de 0,35% e em peças submetidas à compressão uniforme ou à compressão não uniforme o estado limite
último é atingido por esmagamento do concreto para deformações da ordem de 0,2%.

DIAGRAMASTENSÃO-DEFORMAÇÃO DOS AÇOS

DIAGRAMAS CARACTERÍSTICOS
• De acordo com a NBR-6118:2014, pode-se adotar o
diagrama tensão-deformação característico simplificado,
indicado na figura, para aços com ou sem patamar de
escoamento.
• Para os aços, adota-se um diagrama bi-retilíneo formado pela
reta de Hooke e um segmento reto paralelo ao eixo das
deformações, cuja ordenada corresponde à resistência
característica, fyk.

• Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelos fabricantes, a


NBR 6118:2014 admite a adoção do módulo de elasticidade
do aço: ES = 210.000 MPa
• Na parte correspondente à tração, o alongamento é limitado
em 1%, ou seja, ao valor que caracteriza o estado limite de
deformação plástica excessiva.
• Na parte correspondente à compressão, o encurtamento é
limitado em 0,35% porque o concreto comprimido solidário
às armaduras sofre ruptura com encurtamentos não
superiores a 0,35%.

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DIAGRAMAS DE CÁLCULO

• Os diagramas de cálculo dos aços são obtidos a


partir dos diagramas característicos mediante uma
translação efetuada paralelamente à reta de Hooke.

• As resistências de cálculo são obtidas a partir das


resistências características fyk e fyck e
determinadas experimentalmente.

DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO DO CONCRETO


A distribuição de tensões no concreto nas seções submetidas à flexão e à compressão, na proximidade da
ruptura, depende de muitos fatores tais como:

• Por essa razão, é praticamente impossível conseguir uma


- posição da linha neutra;
única distribuição real de tensões que corresponda a todas
- velocidade de aplicação da carga; as situações existentes.
- duração da carga; • Além disso, deve-se considerar que, durante os primeiros
- quantidade de armadura; anos de vida, o concreto passa por um período em que
sofre um amadurecimento acompanhado pela hidratação
- forma da seção; do cimento, pela transformação dos produtos da hidratação
- resistência do concreto; desde o estado de gel até a cristalização e por um processo
de secagem.
- idade do concreto ao ser aplicada a carga;
• Enquanto isso, a resistência, o módulo de deformação e as
- composição do concreto características de fluência do concreto sofrem variações
- condições climáticas. com o tempo.
• Simultaneamente, ocorrem deformações que dependem da
tensão no concreto e influem na distribuição das tensões.

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• Por todos esses motivos, a distribuição de tensões na zona comprimida pode oscilar entre um triângulo ligeiramente
arredondado e uma parábola, cujo valor máximo não está situado na borda da seção, mas no seu interior.
• Na borda comprimida a deformação poderá estar compreendida entre 0,2% e 1%.

• Esse diagrama não é cópia de alguma distribuição verdadeira de tensões. É um diagrama idealizado e que se justifica por
levar a resultados concordantes com os obtidos experimentalmente.
• Conforme a NBR 6118:2003, o diagrama tensão-deformação do concreto à compressão, a ser usado no cálculo,
compõe-se de uma parábola do 2º grau que passa pela origem e tem seu vértice no ponto de abscissa 0,2% e ordenada
0,85 fcd e de um segmento reto entre as deformações de 0,2% e 0,35% tangente à parábola e paralelo ao eixo das
abscissas.

HIPÓTESES DE CÁLCULO
• As hipóteses de cálculo no estado limite último de ruptura ou de deformação plástica excessiva, nos casos de flexão
simples ou flexão composta, normal ou oblíqua, e de compressão ou tração uniforme, excluídas as vigas paredes e os
consolos curtos, são as seguintes:

a) Sob a influência das solicitações normais, as seções transversais permanecem planas (hipótese de Bernouilli). Como
resultado, as deformações ε das fibras de uma seção são proporcionais às suas distâncias à linha neutra, ou seja, o diagrama de
deformações na seção transversal é retilíneo (figura).

b) A resistência à tração do concreto é desprezada. Em virtude da baixa resistência que o concreto apresenta quando
tracionado, na região da seção em que a solicitação produz tensões de tração admite-se que o concreto esteja fissurado.
Disso decorre que todas as forças internas de tração devem ser resistidas por armadura.
c) Admite-se que haja aderência perfeita entre a armadura e o concreto adjacente não fissurado. Em vista disso, a deformação
nas barras da armadura é a mesma do concreto que as envolve.
d) O alongamento específico εsu máximo permitido na armadura de tração é 1%.

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e) O encurtamento de ruptura do concreto nas


seções não inteiramente comprimidas é de 0,35%
e nas seções inteiramente comprimidas, o
encurtamento da borda mais comprimida, na
ocasião da ruptura, varia de 0,35% a 0,20%,
mantendo-se constante e igual a 0,20% a
deformação a 3/7 da altura total da seção a partir
da borda mais comprimida.

f) A distribuição das tensões no concreto na


seção transversal se faz de acordo com um
diagrama parábola - retângulo baseado no
diagrama tensão-deformação adotado para o
concreto.
Permite-se a substituição desse diagrama por um
retângulo de altura y = 0,8 x, com a seguinte
tensão:
• 0,85 fcd no caso em que a largura da seção
medida paralelamente à linha neutra não
diminui a partir desta para a borda
comprimida; g) A tensão na armadura é a correspondente à deformação determinada
• 0,80 fcd no caso contrário. de acordo com as hipóteses anteriores e obtida do diagrama tensão-
deformação do aço correspondente.

DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÕES
• Os domínio são representações das deformações que ocorrem na seção transversal dos elementos estruturais.
• As deformações são de alongamento e de encurtamento oriundas de tensões de tração e compressão
respectivamente.
• No total são 6 domínios. A ruptura convencional pode ocorre por deformação plástica excessiva da armadura (reta
a e domínios 1 e 2) ou por encurtamento excessivo do concreto (domínio 3, 4, 4ª e reta b).
• Os domínios de deformação, representam as diversas possibilidades dessa peça ruir, a partir de um conjunto de
deformações específicas do concreto e do aço, além de fornecer a altura da linha neutra (LN), que divide a seção
transversal em duas regiões: uma comprimida, acima da Linha Neutra (LN); e outra tracionada.

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No domínio 1, ocorre somente


tração simples, logo o aço tem
atuação total e concreto se
encontra fissurado, logo a LN se
encontra fora da seção.

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PONTE DO ARCO – SÃO JOÃO DA BOA VISTA

O aço no tirante, se
não chegar a 1% não
falha o aço à tração. O
concreto aqui só serve
de proteção.

Na face inferior de
uma viga o mesmo
mas na face superior
entre 0,35% e 1%.

Domínio 1

No domínio 2, já ocorre
flexão simples, a linha neutra
passa pela seção dividindo a
mesma em uma zona
comprimida e outra tracionada.
Nesse domínio o concreto não
alcança a ruptura.

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VIGA POUCO SOLICITADA- MUITA ALTURA


DE CONCRETO E POUC A ARMADURA

Domínio 2
• Por exemplo em um vão muito pequeno a viga foi dimensionada com
pouca armadura inferior (onde muita armadura seria desnecessária).
• Caso seja carregada por qualquer motivo (uma alteração no uso por
exemplo) antes do concreto romper o aço pode falhar à tração (chegar
a um alongamento maior do que 1% no base e não no topo)
• Atualmente com as grandes resistências do concreto é possível a falha
do domínio 2 em peças mal dimensionadas.

O domínio 3, é caracterizado pela


ruptura do aço e do concreto em
conjunto, o que é o ideal, pois os
dois materiais atingem sua
resistência máxima, apresentando
grandes deformações possibilitando
que a ruína seja prevista.

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Estádio 3
• Concreto chegou aos 0,35%. O aço está no limite,
no escoamento (já na resistência de cálculo).
• O ideal. O máximo de desempenho dos materiais.
• Os projetos estruturais são dimensionados neste
domínio de microfissuração do concreto (fissuras
limitadas).
• Caso ocorra uma falha o aço ainda suporta e o
concreto se rompe primeiro na zona tracionada.

No domínio 4, ocorre uma


ruptura frágil do concreto, ou seja,
o mesmo se rompe sem deformar
tanto, de maneira abrupta, sem
que o aço atinja sua deformação
de escoamento.
Como não há grandes
deformações do aço nem a
fissuração do concreto, não é
possível prever a ruína.

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No domínio 4, uma viga muito armada para pouco concreto relativo


por exemplo (um vão muito grande com limitação de altura da viga não é
correto colocar mais armadura do que o necessa´rio. Se romper, por
compressão do concreto (à tração aguenta muito!) será sem o “aviso”.
O aço não chega ao alongamento de cálculo e o concreto falha á
compressão.
Coloca-se armadura superior de compressão para voltar a “falhar” no
domínio 3 do concreto e não romper sem aviso.
Um pilar , por exemplo, que é uma peça preponderantemente solicitada à
compressão vai falhar à partir no domínio 4.

No domínio 4a, a seção resistente é


composta somente por aço e concreto
comprimidos, a LN está na região do
cobrimento inferior, área tracionada é
bem pequena e a ruptura é frágil.

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• No domínio 5, só há
predominantemente a
ocorrência de compressão na
seção.
• A LN não corta a seção e a
ruptura também é frágil.

• No domínio 5, rompe por compressão.


• A resistência do concreto é primordial.
• Um exemplo de peças de concreto armado
no domínio 5 são pilares robustos (como de
edifícios altos ou de pontes).

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Então resumidamente, os
estádios apresentam o que
acontece com o concreto na
peça até ela ruir e os
domínios, como essa ruína
pode ocorrer.

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