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EM CONCRETO
ARMADO
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar flexão em elementos de concreto armado,
mas, para isso, você deve compreender como o concreto armado se
comporta. Sabe-se que o concreto armado é uma combinação entre um
material quase-frágil e um material dúctil: o concreto resiste aos esforços
de compressão, enquanto o aço suporta os esforços de tração.
Neste texto, você vai aprender a realizar o dimensionamento e o
equacionamento interno de forças e momentos, para que, então, você
chegue ao resultado para o dimensionamento da área de aço.
Dimensionamento de cálculo
O concreto armado surge da união entre um material quase-frágil — o concreto
— e um material dúctil — o aço. Essa junção proporciona uma combinação
de um material com excelente capacidade de compressão com um material
resistente à tração. Sabe-se que um dos esforços principais que acometem
vigas e lajes em concreto armado é o esforço de flexão. O estudo dos efeitos
da flexão no concreto protendido, devido aos fatores relatados, deve ser rea-
lizado com cuidado.
136 Protensão: dimensionamento I
Hipóteses de cálculo
Quando se estuda flexão em vigas de concreto, deve-se utilizar algumas
hipóteses de cálculo para o estado limite último de ruptura ou de deformação
plástica excessiva. Os diferentes tipos de flexão (simples, composta, normal
ou oblíqua) e de compressão ou tração são apresentados a seguir.
Protensão: dimensionamento I 137
Onde:
d = altura útil da viga (em cm);
h = altura da seção;
LN = linha neutra da seção;
εs = deformação da armadura convencional;
εc,u = encurtamento último do concreto.
O concreto protendido pode romper, de acordo com a quantidade de arma-
dura de protensão. As hipóteses podem ser de ruptura da armadura, logo após
o início da fissuração (ruptura brusca); esmagamento do concreto comprimido,
após o aço entrar em escoamento da armadura; e o esmagamento do concreto
antes de a armadura entrar em escoamento.
Pré-alongamento
Deve-se empregar uma força Pd, que corresponde a P, com coeficiente de
segurança. Acrescida a essa força, deve-se considerar a variação de força
que corresponde ao efeito das cargas permanentes e de serviço, que causam
o encurtamento por deformação imediata do concreto — também chamadas
de forças de neutralização. Essas forças anulam a tensão no concreto no
centro da armadura. Assim, pode-se ter, ao final, a força de protensão inicial
Pnd, de acordo com a Equação 1.
138 Protensão: dimensionamento I
Onde:
Pnd = força de protensão inicial de cálculo;
𝜎cpd = tensão de cálculo do concreto em nível de protensão;
Pd = força de cálculo do concreto;
Ap = área da armadura de protensão;
αp = razão modular entre o módulo do aço e do concreto
Pode-se utilizar a lei de Hooke para determinar a deformação de pré-
-alongamento, de acordo com as Equações 2 e 3.
𝜎 = E × 𝜀 Equação 2
Onde:
σ = tensão;
E = módulo de elasticidade;
ε = deformação.
Equação 3
Onde:
ԑpnd = deformação no pré-alongamento de projeto;
Pnd= força de protensão inicial de projeto;
Ap= área da armadura ativa;
Ep= módulo de elasticidade das cordoalhas de aço.
Pode-se calcular a força de protensão (Pd) no estado limite último, após
as perdas, com a Equação 4.
Equação 4
Equação 5
Onde:
Ac = área de concreto;
Ic = inércia do concreto;
ep = excentricidade do centro de gravidade da armadura protendida.
Quando se aplica a protensão Pd, surgem deformações devido a essa força.
A borda superior sofre alongamento, e a inferior sofre encurtamento; quando
se acrescentam as cargas externas, ocorrem deformações em função dessas
cargas. Deve-se equilibrar todas essas cargas e, assim, deve-se conhecer os
domínios de deformações.
O diagrama tensão × deformação do concreto é paraboloide, de acordo com
a Figura 3. Observa-se que a resistência à tração do concreto é desprezada,
pois o concreto apresenta uma baixa resistência à tração. Então, na região da
seção abaixo da linha neutra, a parte tracionada não existe, pois se admite que
ele esteja fissurado. Em função disso, utiliza-se a armadura como incremento
da resistência à tração.
Como a distribuição das tensões é um diagrama paraboloide, pode-se
aproximar por um comportamento retangular, utilizando-se a relação y = 0,8 x,
sabendo que y é a distância da face superior à linha neutra da seção. A tensão
desenvolvida no concreto é 0,85 fcd (resistência de cálculo do projeto), para
quando a largura da seção se mantiver constante; caso contrário, considere
uma tensão de 0,80.
É importante adotar uma forma para a distribuição de curvas de tensões
de compressão na seção de concreto para realizar o dimensionamento. Para
isso, adote uma parábola de 2º grau como forma para o dimensionamento,
considerando desde a linha neutral até a fibra, com deformação de 0,2%,
completada com uma linha reta, até a borda comprimida. Nesse caso, a
tensão de 0,85 fcd é condizente com os resultados obtidos experimentalmente
(HANAL, 2005).
O diagrama parábola-retângulo é válido para qualquer forma de seção
transversal e pode ser usado também na flexão oblíqua (Figura 3).
Conforme o tempo aumenta, a resistência à compressão do concreto reduz
(efeito Rusch). Isso ocorre por ações de longa duração e, também, pela eleva-
ção de parte da argamassa à superfície e a exsudação da água, que afetam a
resistência da parte superior de concreto, onde poderão ocorrer as máximas
tensões de compressão (HANAL, 2005).
140 Protensão: dimensionamento I
https://goo.gl/cLo0Cz
Dimensionamento de estruturas
submetidas à flexão
Onde:
Rcc = resultante da força do concreto;
Rsc = resultante da força da armadura de aço comprimida;
Rpt = resultante da força da armadura de aço de protensão;
Rst = resultante da força da armadura de aço convencional;
Logo, sabe-se que a reação do concreto é igual à Equação 7.
Onde:
Rcc = resultante da força do concreto;
fcd = resistência de projeto do concreto;
x = linha neutra;
bw = base da viga.
A reação da armadura comprimida corresponde à Equação 8.
Onde:
Rsc = resultante da força da armadura de aço comprimida;
σ’sd = tensão da armadura de aço comprimida;
A’s = área de aço da armadura comprimida.
A reação da armadura protendida corresponde à Equação 9.
Onde:
Rpt = resultante da força da armadura protendida;
σpd = tensão da armadura protendida;
Ap = área de aço da armadura protendida.
A reação da armadura tracionada corresponde à Equação 10.
Onde:
Rst = resultante da força da armadura de aço tracionada;
σsd = tensão da armadura de aço tracionada;
As = área de aço da armadura tracionada.
Sabe-se que a tensão da armadura é igual à Equação 11.
Equação 11
Onde:
fyd = resistência de projeto;
fyk = resistência de cálculo característica;
σsd = tensão da armadura de aço tracionada;
Ainda, sabe-se que a tensão da armadura comprimida é igual à Equação 12.
Equação 12
Onde:
f’yd = resistência de cálculo;
f’yk = resistência de cálculo de projeto;
σ’sd = tensão da armadura de aço comprimida;
A tensão da armadura protendida segue a Equação 13.
Equação 13
Onde:
fyd = resistência de cálculo;
fyk = resistência de cálculo de projeto;
σpd = tensão da armadura protendida;
Assim, substituindo-se na Equação 6, tem-se a Equação 14.
Equação 15
Protensão: dimensionamento I 147
Equação 16
Equação 17
Equação 18
Mud = 𝜎pd × Ap (dp – 0,4x) + fyd × As (ds – 0,4x) + f’yd × A’s (0,4x – d’) Equação 19
Onde:
Mud = momento de designer (m.máx. × 1,4 – em kN/cm);
bw = base da viga (em cm);
x = altura da linha neutra (em cm);
fcd = valor de cálculo da resistência do concreto ( fck/1,4 em kN/cm²);
d = altura útil da viga (em cm);
d’ = altura útil da armadura negativa (em cm).
Sabe-se que existe uma conexão entre x e y, de acordo com a Equação
20. Pode-se ainda conectar com os estados limites de serviço, pois, como a
curva tensão–deformação do concreto tem um comportamento paraboloide,
é adotado por simplificação um diagrama tensão–deformação retangular.
Equação 20
Equação 22
fck 20 25 30 35 40 45 50
(MPa)
Equação 23
Onde:
ac
= área de concreto da viga;
Isso decorre da necessidade de se assegurarem condições de ductilidade e de
se respeitar o campo de validade dos ensaios que deram origem às prescrições
de funcionamento do conjunto aço–concreto.
BASTOS, P. S. dos S. Concreto protendido. Bauru: UNESP, 2015. Disponível em: <http://
wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.pdf>. Acesso em: 19
jan. 2018.
[Diagrama paraboloide para seção transversal] [(200-?)]. Disponível em: <http://
www.scielo.br/img/revistas/riem/v8n4//1983-4195-riem-08-04-00547-gf18-pt.jpg>.
Acesso em: 19 jan. 2018.
FERNANDES, G. B. Solicitações normais cálculo no estado limite último. Campinas: UNI-
CAMP, 2006. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec702/APOS-
TILA-EC702-v2006.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018.
HANAI, J. B. de. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos: UFSCAR, 2005. Disponí-
vel em: <http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/protendido/arquivos/cp_ebook_2005.
pdf>. Acesso em: 17 jan. 2018.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de
concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
CARVALHO, R. C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado:
segundo a NBR 6118-2014. São Carlos: Edufscar, 2014. v. 1.
HANAL, J. B. de. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos: UFSCAR, 2005.