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Capítulo 5

Torção

V.1 - Introdução

Seja a barra de seção transversal circular da Figura 1.a, rigidamente vinculada


em sua extremidade “A” a um sólido fixo, tendo a extremidade “B”, livre, onde é
aplicada uma carga momento “TS”, cujo vetor apresenta linha de ação alinhado
com o eixo longitudinal do membro estrutural. Em razão do carregamento
assim caracterizado, o elemento de comprimento infinitesimal “dx”, definido
pela seções S1 e S2 passa a ser solicitado mediante par de momentos de
intensidade T, Figura 1.b. O ponto sobre a superfície da barra que, antes da
ação dos citados momentos estava posicionado em “c”, em razão da ação do
referido carregamento passa a ocupar a posição “e”, enquanto, o ponto “d”
desloca-se para o ponto “g”, de modo que a seção “S2” gira em relação a “S1”,
em torno do eixo normal ao seu plano, de um ângulo “α”, Figura 1.b. Este tipo
de movimentação está associado a um padrão deformacional conhecido como
torção. Por esta razão, o momento “T” que solicita o elemento da barra objeto
de análise é denominado de momento Torsor, enquanto a carga momento “T S”
aplicada em sua extremidade livre representa o carregamento torsional.
Portanto, diante desta realidade, carregamento torsional é todo aquele que leva
ao surgimento de momento torsor em membros estruturais que, por sua vez,
provoca deformação de torção na massa sólida assim solicitada.

Figura 1 – Barra de seção circular solicitada em torção


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Membros estruturais solicitados mediante esforços de torção de intensidade


significativa estão longe de ser os mais frequentes na prática da construção
civil. Tais tipos de solicitação ocorrem em estruturas de concreto armado tais
como, vigas de suporte de marquises ou lajes em balanço, de escadas auto
portantes ou voadoras e aquelas posicionadas no polígono de contorno
delimitador da planta baixa do prédio, denominadas de vigas de extremidade.
Pode-se citar ainda as transversinas de pontes.

A ligação de uma laje em balanço, Figuras 2 e 3.a, à viga que lhe serve de
suporte não pode ser modelada como rótula, Figura 3.b, pois, se assim o fosse,
a laje seria instável. Para garantir a estabilidade da laje seria necessário
modelar tal ligação como engastamento, Figura 3.c.

Figura 2 – Laje embalanço

Uma vez modelando-se a ligação da laje em balanço à viga de apoio como


sendo rígida, a ação “p” ao solicitar a laje, é transmitida através desta,
mediante esforço cortante e o momento fletor M, à ligação com a viga de
suporte, Figura 4. O momento M representa então um carregamento torsional
exercido pela laje sobre sua viga de apoio, que é transmitido aos pilares
mediante momento torsor, que em virtude de seu modo de desempenho
mecânico, responde com o momento “T”, e assim, a viga em sua configuração
de equilíbrio fica solicitada à torção. Este tipo de torção que existe,
necessariamente, para garantir a estabilidade externa do elemento estrutural,
no caso em discussão, a laje em balanço, é denominada de Torção de
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equilíbrio que se for desconsiderada no dimensionamento de uma peça, pode


levar à ruína por instabilidade. Deve-se, nesse caso, providenciar o
detalhamento apropriado da armadura na ligação laje-viga, de modo que,
quando a laje trabalhar em flexão, a rigidez da ligação seja garantida e a viga
absorva o momento da ligação que é fletor para a marquise e carregamento
torsional para a viga. Assim, a viga trabalhará, inclusive, à torção.

Figura 3 – Modelagem da ligação Laje em balanço – viga de apoio

Figura 4 – Carregamento e Esforços da viga de suporte de laje em balanço


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A Torção de compatibilidade, por sua vez, é aquela cuja consideração é


desnecessária ao equilíbrio, de modo que pode ser desprezada, desde que a
peça tenha capacidade de adaptação plástica, o que acontece na maioria das
ligações viga-pilar e viga-laje de estruturas de concreto armado. De qualquer
forma, uma vez sendo desnecessário o detalhamento da armadura na ligação
em questão, para assegurar a rigidez da ligação, em essa armadura sendo
abstraída, ocorrerá fissuração compatível com os momentos solicitantes e a
rigidez a torção será expressivamente atenuada. Tal comportamento é comum,
inclusive, em vigas de bordo, Figura 5, que tendem a girar devido ao
engastamento na laje e são impedidas por força de sua ligação aos pilares.

Figura 5 – Ligações de lajes a vigas de apoio

As ligações das escadas auto portantes às vigas de apoio, Figura 6, podem ser
modeladas alternativamente mediante o esquema da Figura 7.a ou mediante o
esquema da Figura 7.b.

Na hipótese de o projetista optar pela alternativa de modelar as ligações


escada-viga conforme o esquema da Figura 7.b, com a escada ligada
rigidamente às viga de apoio, para esta última seriam aplicados os mesmos
comentários acima apresentados para as vigas de apoio da laje em balanço.

No caso de superestruturas de pontes de concreto armado uma concepção de


projeto muito adotada é o de lajes apoiadas em vigas longitudinais, conhecidas
como longarinas, combinadas com vigas transversais, normalmente isoladas
da laje, denominadas transversinas, Figura 8, cuja finalidade precípua é
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conferir melhor rigidez transversal ao conjunto, uma vez que promove, entre
outros efeitos, o contraventamento lateral das longarinas.

Figura 6 -Escada auto portante

Figura 7 – Modelagens da ligação de escada portante à viga de apoio

No caso de estruturas de pontes, o carregamento permanente da estrutura é


praticamente simétrico, entretanto, as cargas acidentais variam amplamente de
intensidade e de região de atuação, de modo que pode ocorrer de uma
longarina estar carregada plenamente enquanto a outra permanece ociosa.
Assim, os momentos nos apoios da longarina plenamente carregada “M1”,
Figura 8, é bem mais intenso que o seu correspondente na longarina
descarregada “M2”. Tal diferença de momentos promove carregamento
torsional nas transversinas que pode apresentar intensidade significativa, de
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modo que a Transversina 2, por exemplo, ficaria submetida ao par um


momentos torcionais, e, portanto, solicitada em torção.

Figura 8 – Superestrutura de ponte

V.2 - Recomendações Normativas

Para a verificação de estados-limite últimos de grelhas e pórticos espaciais, a


NBR 6118 permite considerar a rigidez à torção de compatibilidade nula.

As condições fixadas na referida norma pressupõe um modelo resistente


constituído por treliça espacial, definida a partir de um elemento estrutural de
seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar.

As diagonais de compressão dessa treliça, formada por elementos de concreto,


têm inclinação que pode ser arbitrada em projeto no intervalo 30o ≤  ≤ 45o.

Condições gerais

Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio de elemento estrutural, deve


existir armadura destinada a resistir aos esforços de tração oriundos da torção.
Essa armadura deve ser constituída por estribos verticais periféricos normais
ao eixo do elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo do
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perímetro da seção resistente, calculada de acordo com as prescrições desta


seção e com a taxa geométrica mínima dada pela expressão:

Quando a torção for desnecessária ao equilíbrio, tratando-se, portanto, de


torção de compatibilidade, é possível desprezá-la desde que o elemento
estrutural tenha capacidade adequada de adaptação plástica e que todos os
outros esforços sejam calculados sem considerar os efeitos por ela
provocados. Em regiões onde o comprimento do elemento sujeito à torção seja
menor ou igual a 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de
adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar o
esforço cortante, tal que:

Vsd ≤ 0,7VRd2

Resistência do elemento estrutural – Torção pura

Admite-se satisfeita a resistência do elemento estrutural, em uma dada seção,


quando se verificarem simultaneamente as seguintes condições:

Onde TRd,2 representa o limite dado pela resistência das diagonais comprimidas
do concreto; TRd,3 representa o limite definido pela parcela resistida pelos
estribos normais ao eixo do elemento estrutural; e TRd,4 representa o limite
definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais, paralelas ao eixo do
elemento estrutural. he

Geometria da seção resistente

Seções poligonais convexas cheias

A seção vazada equivalente se define a partir da seção cheia com espessura


de parede equivalente “he”, dada por:
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Onde “A” é a área da seção cheia; “u” o seu perímetro; e, “c1” a distância entre
o eixo da barra de aço longitudinal do canto e a face lateral do elemento
estrutural.

Caso A/u seja inferior a 2c1, pode-se adotar he = A/u ≤ bw - 2c1.

Resistência da diagonal comprimida

A resistência decorrente das diagonais comprimidas do concreto deve ser


obtida por:

Onde “Ae” é a área limitada pela linha média da parede vazada, real ou
equivalente, no ponto considerado.

Cálculo de armaduras

Devem ser consideradas efetivas as armaduras contidas na área


correspondente à parede equivalente, sendo que:

a) a resistência decorrente dos estribos normais ao eixo do elemento estrutural


é dada pela expressão:

b) a resistência decorrente das armaduras longitudinais é dada por:

Onde “Asl” é a soma das áreas das seções das barras da armadura longitudinal
e “ue” é o perímetro da área “Ae”

A armadura longitudinal de torção, de área “Asl”, pode ter arranjo distribuído ou


concentrado, mantendo-se obrigatoriamente constante a relação ΔAsl/Δu onde
Δu é o trecho de perímetro, da seção efetiva, correspondente, a cada barra ou
feixe de barras de área ΔAsl.
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Nas seções poligonais, em cada vértice dos estribos de torção, deve ser
colocada pelo menos uma barra longitudinal.

Estado-limite de fissuração inclinada da alma – Força cortante e torção

Usualmente, é desnecessário verificar a fissuração diagonal da alma de


elementos estruturais de concreto. Em casos especiais, em que isso seja
considerado importante, deve-se limitar o espaçamento da armadura
transversal a 15 cm.

Solicitações combinadas

Flexão e torção

Generalidades

Em elementos estruturais submetidos a torção e a flexão simples ou composta,


as verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as
solicitações normais.

Armadura longitudinal

Na zona tracionada de flexão, a armadura de torção deve ser acrescentada à


armadura necessária para solicitações normais, considerando-se em cada
seção os esforços que agem concomitantemente.

Torção e força cortante

Generalidades

Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de


inclinação das bielas coincidentes com os dois esforços.

A resistência da diagonal comprimida deve ser satisfeita considerando-se:


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A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras


calculadas separadamente para “VSd” e “TSd”.

Armadura para torção

A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção


deve ser constituída por estribos normais ao eixo da viga, combinados com
barras longitudinais paralelas ao mesmo eixo.

Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras


longitudinais contidos no interior da parede da seção vazada equivalente.

Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno,


envolvendo as barras das armaduras longitudinais, e com as extremidades
adequadamente ancoradas mediante ganchos em ângulo de 45o.

As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou


concentrado ao longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo
em 350 mm.

Deve-se respeitar a relação ΔAsl/Δu, onde Δu é o trecho de perímetro, da


seção efetiva, correspondente, a cada barra ou feixe de barras de área ΔAsl,
exigida pelo dimensionamento.

As seções devem conter, em cada vértice de estribos de torção, pelo menos


uma barra de armadura longitudinal.

O diâmetro mínimo da barra que constitui o estribo deve ser de 5 mm e o


máximo deve ser da ordem de 1/10 da largura da alma da viga. Quando for de
barra lisa seu diâmetro não pode ser superior a 12 mm.

O espaçamento mínimo entre duas peças consecutivas de estribo, medido


segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural, deve ser suficiente para
permitir a passagem da agulha do dispositivo adensador, de modo que um
limite em torno de 100 mm é satisfatório.

O espaçamento entre os estribos destinados a absorver tensão cisalhante


decorrente de esforço cortante, não deve ser superior a:
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s max  0,6d  300mm quando Vd  0,67VRd 2

s max  0,3d  200mm quando Vd  0,67VRd 2

A versão correspondente para o caso de Torção seria:

E, em flexo-torção seria:

V.3 – Modelagem
Preâmbulo
O dimensionamento de membros estruturais solicitados à torção baseia-se em
princípios idênticos aqueles adotados para os demais esforços. Uma vez que a
fragilidade do concreto às tensões de tração representa realidade inexorável,
compete a esse material, exclusivamente, a absorção das tensões de
compressão, e às armaduras de aço a função de absorver as tensões de
tração.
Uma proposta de modo de distribuição de tensões decorrentes da torção é
formulada através do modelo da treliça espacial generalizada, desenvolvido por
Thürlimann e Lampert, de concepção semelhante àquela que norteia a
analogia da treliça de Mörsch, para a qual a massa de concreto em
compressão exerce a função das diagonais comprimidos, as bielas, e, as
barras da armadura de aço, os elementos tracionados, desempenham o papel
dos tirantes. Tal modelo herda algumas características do modelo de Bredt,
segundo o qual, uma vez que a massa de um sólido de concreto, Figura 9.a,
fissura, Estádio II, e que as tensões tangenciais decorrentes dos momentos
torsores, Figura 9.b, para a maioria das seções, são nulas em seus centros e
máximas em suas extremidades, seu comportamento à torção pode ser
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assimilado ao de peças ocas de paredes finas, Figura 9.c, ainda não


fissuradas, Estádio I.

Figura 9 – a – Sólido de concreto; b – Tensões cisalhantes; c - sólido oco de paredes finas

Base Preliminar da Mecânica dos Sólidos

Seja, então, o sólido vazado da Figura 10.a, de paredes de espessura he,


variável, e, muito pequena, comparativamente, às dimensões da seção
transversal. O momento torsor “T” provoca tensões cisalhantes “” em suas
seções transversais, cuja distribuição, Figura 10.b, pode ser considerada
uniforme na espessura, mas, é variável ao redor do perímetro da seção. As
tensões de cisalhamento que solicitam as faces “ab” e “cd” do elemento da
Figura 10.c, apresentam intensidades iguais àquelas que atuam nas faces “ad”
e “bc”, localizadas na seção transversal do sólido. As tensões de cisalhamento
nas faces “ab” e “cd” do elemento, Figura 10.c, apresentam como resultantes
as forças:

Onde “1” e “2” são as tensões cisalhantes que solicitam a superfície das áreas
bcc’b’ e cdd’c’, e, os parâmetros “he1” e “he2” representam as espessuras das
paredes bb’ e cc’. Em razão do equilíbrio do elemento da Figura 10.c, tem-se:

Logo:
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assim, portanto, o produto da tensão cisalhante pela espessura da parede ao


longo da seção transversal é constante. Tal produto é denominado de fluxo de
cisalhamento e definido na forma generalizada:

Figura 10 – Sólido vazado de parede fina

Com referência à seção transversal do sólido da Figura 11.a, note-se que a


força infinitesimal que atua no elemento sombreado será:

O momento da força infinitesimal “dF” em relação ao centro geométrico “o” da


seção transversal será:
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O momento total associado às tensões cisalhantes deve equilibrar o momento


torsor e é igual a:

O produto r.ds representa o dobro da área do triângulo sombreado de modo


que a integral da equação acima representa o dobro da área limitada pela linha
média da parede do sólido oco, região hachurada da Figura 11.b, ou seja:

Logo:

Figura 11 – Seção transversal de sólido vazado de parede delgada

Tal equação para o cálculo da tensão cisalhante pode ser aplicada a elementos
de concreto armado desde que “he” e “Ae”, sejam, respectivamente, a
espessura da parede da seção equivalente e a área interna delimitada pela
linha média dessa parede, Figura 9.c.

Treliça Thürlimann e Lampert

A treliça espacial do modelo de Thürlimann e Lampert, Figura 12.a, é composta


de quatro treliças planas posicionadas no plano médio das paredes finas do
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sólido vazado equivalente ao sólido objeto de dimensionamento. As bielas


estão inclinadas de um ângulo “θ” com o eixo “x” da peça. Os tirantes são
representados por barras da armadura longitudinal e pelas barras da armadura
transversal, no caso estribos. Esta concepção fundamenta-se na trajetória das
tensões de peças submetidas à torção, Figura 12.b. A disposição dos tirantes
deve-se ao fato das armaduras de aço absorverem esforços normais
decorrentes da decomposição das tensões principais de tração, σI.

Figura 12 – a. Treliça espacial; b. Tensões principais na capa superficial do sólido em torção

Para efeito de dedução das equações voltadas para o dimensionamento em


torção, será considerada uma seção quadrada com armadura transversal
constituída por estribos verticais, Figura 13.a, e armadura longitudinal formada
por quatro barras, uma em cada vértice da seção transversal, Figura 13.b.

Figura 13 – a. Treliça Espacial; b. Disposição dos tirantes


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V.4 – Torção Pura - Dimensionamento

Segurança das bielas à ruína

Seja o corpo sólido da figura 14.a, modelado em torção mediante a treliça


ilustrada na Figura 14.b. Se o parâmetro “Cd” representa o esforço normal
absorvido por uma das bielas, Figura 14.c, então sua componente na direção
vertical, Figura 14.d, será:

De análise detalhada das Figuras 14.b e 14.c pode-se deduzir que ao longo de
cada um dos segmentos AB, BD, DC e CA, do perímetro da seção ABDC há a
contribuição de ações resistentes desta magnitude com as direções e sentidos
indicados na Figura 14.e. Tais ações produzem dois conjugados, cada um de
intensidade:

Cuja resultante deve equilibrar o momento torsor solicitante, para que assim
seja garantida a estabilidade contra a ruína das bielas, Figura 14.b, de modo
que no plano ABDC, Figura 14.b, tem-se.

Observe-se que o esforço normal Cd, Figura 14.c, atua na área:

A tensão normal em tal área devida a Cd será:

Mas, da Figura 14.c pode-se deduzir que:

Consequentemente:
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e:

Por outro lado, da Figura 14.a conclui-se que:

Logo:

A tensão resistente reduzida nas bielas pode ser obtida mediante:

onde:

e o “fcd” é a resistência de cálculo do concreto em compressão.

Para que se verifique a segurança das bielas é necessário que a tensão


resistente equilibre a tensão solicitante, e, portanto:

ou seja:

ou ainda:

Assim:
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representa o momento torsor que levaria as bielas à ruina, e a equação V.24


pode ser reduzida a forma:

Segurança dos tirantes contra a ruína

Considerando-se o equilíbrios das ações horizontais no diagrama de corpo livre


da Figura 14.c, e que a componente horizontal do esforço normal absorvido na
biela, Figura 14.d é:

Para a estabilidade interna de uma barra da armadura longitudinal deve-se


considerar o equilíbrio de esforços na direção x, Figura 14.c, resultando então:

Onde “Rld” é o esforço normal absorvido em cada uma das quadro barras de
aço da armadura longitudinal, devendo ser obtido a partir da expressão:

Desde que “Asu” represente a área da seção transversal de cada uma das
quadro barras de aço da armadura longitudinal. Assim, a área total da
armadura longitudinal será:

De modo que:

e:
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Combinando-se as equações V.12, V.28 e V.32 tem-se:

Considerando-se a equação V.18 e promovendo-se a distribuição uniforme da


armadura no perímetro de comprimento ue = 4l, obtém-se:

e, por fim.

Com vista à verificação da estabilidade interna da armadura transversal contra


a ruína atente-se para o equilíbrio de esforços na direção vertical, Figura 14.c,
que pode ser expresso mediante:

Onde “Rwd” é o esforço normal em um tirante transversal.

Se “G” e “H” são os pontos médios dos segmentos FA e AE, então a distância
entre os pontos “G” e “H” é igual a distância entre os pontos “A” e “E” da treliça,
sendo dada mediante:

O segmento GH, representa o segmento de influência do tirante AC. Para se


promover melhor uniformidade de desempenho da armadura transversal a área
do tirante AC pode ser distribuída ao longo do segmento GH. Se “s” for o
espaçamento longitudinal dos estribos resultante de tal distribuição então o
total de estribos de armadura transversal distribuída ao longo do segmento GH
será:
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Figura 14 – Treliça espacial

Se “Ast” representa a área de um montante de estribo então:

Confrontando-se as equações V.37 e V.40 obtém-se:

E considerando a equação V.12 resulta:

Que tendo em vista a equação V.18 assume a forma:


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Exercício V.1 – Determinar a armadura atendendo ao estado-limite último de


ruína do material de uma viga com seção transversal retangular com
dimensões b = 35 cm e h = 50 cm, manufaturada em concreto C 30, armado
com barras de aço CA 50, solicitada em torção pura mediante um momento
torsor de intensidade T = 40,0 kNm, adotando-se cobrimento para as
armaduras de 25 mm.

Parâmetros Geométricos: Tome-se como base a Figura Ex 1.

Parâmetros Físicos

Armaduras mínimas:
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Momento Torsor de Projeto:

Biela Comprimida:
Adotar θ = 45o

Armadura longitudinal:

Armadura transversal:

Detalhamento:
Armadura longitudinal:

Armadura transversal:
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Figura
Ex1 – Seção Transversal

As armaduras devem então ser distribuídas conforme desenho da Figura Ex2.

Figura Ex2 – Distribuição da armadura

A inclinação da biela correspondente à distribuição da armadura tal qual foi


projetada, pode ser obtida da equação V.36 resultando a forma:

Que, uma vez substituída na equação V.43 tem-se a equação:


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O momento torsor resistente será então:

V.4 - Interação de Torção, Cisalhamento e Flexão

Boa parte dos estudos de torção é relativa a torção pura, isto é, aquela
decorrente da solicitação exclusiva de um momento torsor. Essa situação,
entretanto, não é usual. A grande maioria das vigas torcionadas também está
submetida a esforços cortantes e momentos fletores, o que dá origem a um
estado de tensões mais complexo e mais difícil de ser analisado.

A experiência vem demonstrando que, de uma maneira geral, a filosofia e os


princípios básicos de dimensionamento propostos para a torção simples
também são adequados, com uma certa aproximação, para solicitações
compostas.

Por isso, em geral, o procedimento adotado para o dimensionamento a


solicitações compostas é realizada a partir da simples superposição dos
resultados obtidos para cada um dos esforços solicitantes considerados
separadamente, que se mostra a favor da segurança. Tal afirmativa pode ser
justificada pelo fato de a armadura longitudinal prevista para absorver tração
em torção distribuída na parte comprimida pela flexão poderia ser reduzida, se
fosse considerado o alívio sofrido por sua resultante de tração nessa região.
Estendendo a análise aos estribos, observe-se que, se um sólido está
solicitado exclusivamente em torção no modo apresentado na Figura 15.a, o
montante AC do estribo seria comprimido, ao passo que, na hipótese de
solicitação exclusiva em flexão ele estaria experimentando alongamento, de
modo que a ação simultânea dos dois tipos de solicitação levaria a uma tensão
solicitante inferior àquela verificada na análise considerando-se cada tipo de
solicitação, separadamente.
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Figura 15 – Superposição de esforços nos estribos

Para a verificação da tensão na biela comprimida da região em que ocorre a


superposição de tensões de flexão e de tensões de torção não bastará a
observação do comportamento das resultantes relativas à torção e ao
cisalhamento tomadas separadamente. Há a necessidade de uma análise que
considere a interação delas.
Na figura 16, apresenta-se uma superfície que mostra a interação dos três tipos
de esforços, com base em resultados experimentais. Qualquer ponto interior a
essa superfície indica que a verificação da tensão na biela foi atendida. Pode-
se observar que, para uma mesma relação Vsd/Vult o momento torsor resistente
diminui com o aumento da relação Msd/Mult.

Figura 16 – Envoltória de interação Flexão-Torção

Cabe a ressalva de que a superposição dos efeitos das treliças de


cisalhamento e de torção só estará coerente se for adotada nos dois casos a
mesma inclinação para as diagonais comprimidas.
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Em se tratando da interação entre os efeitos do Esforço Cortante e do


Momento Torsor, no que diz respeito à ruína das bielas, tem-se que se verificar
o atendimento à inequação:

Exercício V.2 – Determinar a armadura atendendo ao estado-limite último de


ruína do material de um trecho de viga manufaturada em concreto C 30,
armado com barras de aço CA 50, com seção transversal retangular de largura
b = 35 cm e altura h = 50 cm. Sabe-se que no trecho objeto do
dimensionamento, a viga é solicitada mediante a ação de Esforço Cortante,
Momento Fletor e Momento Torsor de intensidades V = 40,0 kN, M = 40,0 kNm
e T = 40,0 kNm, respectivamente. Recomenda-se a adoção de cobrimento
para as armaduras de pelo menos 25 mm.

Parâmetros Geométricos:

Conforme Figura Ex1 do exercício anterior.

Parâmetros Físicos
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Armaduras mínimas de flexão:


Longitudinal:

As min  0 ,15% Ac  0 ,15% x1750  2 ,63 cm2


Md min  0 ,8Wo fctk , sup  0 ,8 x0 ,0146x 3 ,77  0 ,044 MNm

Transversal:

As1, min fct , m 2 ,9


 1000 b  1000 0 ,35  2 ,03 cm 2 / m
s fywk 500

Armaduras mínimas de Torção:

Esforços:
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Biela Comprimida:
Adotar θ = 45o

Armadura longitudinal de flexão:

Armadura transversal de flexão:


Mecanismos Complementares - Esforço Cortante Básico:

Adote-se armadura mínima.

Armadura longitudinal de torção:

Armadura transversal de torção:


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Detalhamento: Tome-se por base a Figura Ex1, do exercício anterior.


Armadura longitudinal:
Bordo inferior:

Bordo superior:

Faces laterais:

Armadura transversal:

As armaduras devem então ser distribuídas conforme desenho da Figura Ex3.

Figura Ex3 – Distribuição da armadura


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V.7 – Exercício Proposto

Calcular as armaduras atendendo ao estado-limite último de ruína do material,


para a viga V1 de suporte da marquise esquematizada na Figura EP1,
projetada em concreto C 30 armado com e aço CA-50, adotando-se cobrimento
para as armaduras de 25 mm.

Figura EP1 – Caracterização do membro estrutural

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