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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

CONCRETO PROTENDIDO

DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO DA
ARMADURA ATIVA LONGITUDINAL DE FLEXÃO

•INTRODUÇÃO

• DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA ATIVA NO ELU

• VERIFICAÇÃO DA ARMADURA ATIVA NO ELS


INTRODUÇÃO

O dimensionamento da armadura longitudinal de flexão deve


atender as condições dos ELU e ELS:

• Concreto armado: é usual dimensionar-se a armadura passiva


no ELU de ruptura e verificá-la no ELS.
• Concreto protendido: o dimensionamento da armadura ativa
pouco se difere do concreto armado, ou seja, dimensiona-se a
armadura ativa no ELU de ruptura e faz sua verificação no ELS.

ATENÇÃO: Em algumas situações pode-se fazer o inverso:


dimensionar a armadura no ELS e verificá-la no ELU de ruptura.
ESTADOS LIMITES

 Estado Limite Último (ELU): é aquele relacionado ao


colapso (ruptura), ou a qualquer outra forma de ruína
estrutural, que determine a paralisação do uso da
estrutura.

 Estado Limite de Serviço (ELS): é aquele relacionado à


durabilidade da estrutura, aparência, conforto do
usuário e boa utilização funcional da mesma, seja em
relação aos usuários, seja às máquinas e aos
equipamentos utilizados.
Para o dimensionamento da armadura ativa longitudinal de
flexão vamos realizar:

1) Dimensionamento da armadura ativa ELU de ruptura

2) Verificação da armadura ativa ELS: verificação da fissuração


DIMENSIONAMENTO DA
ARMADURA ATIVA

ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE


RUPTURA
HIPÓTESES BÁSICAS PARA O CÁLCULO DA
ARMADURA ATIVA (As)

As hipóteses para o cálculo da armadura ativa no ELU de seções


submetidas a solicitações normais são (praticamente igual ao CA):

a) As seções transversais permanecem planas após o início da


deformação e até o ELU (Hipótese de Bernoulli).

b) Admite-se solidariedade perfeita entre o concreto e a


armadura, dessa forma a deformação da armadura, em tração ou
compressão, é igual à deformação do concreto em seu entorno.

c) As tensões de tração no concreto, normais à seção transversal,


podem ser desprezadas.
HIPÓTESES BÁSICAS PARA O CÁLCULO DA
ARMADURA ATIVA (As)
d) A distribuição de tensões no concreto (tensões de compressão)
se faz de acordo com o diagrama parábola-retângulo ou então pelo
diagrama retangular de tensões.

e) A tensão na armadura é obtida a partir do diagrama tensão-


deformação, com valores de cálculo (fornecido pelo fabricante) ou
pela tabela dada mais adiante (Tabela 1 - Tensão no aço).
HIPÓTESES BÁSICAS PARA O CÁLCULO DA
ARMADURA ATIVA (As)
f) O ELU é atingido (ou seja, ocorre a ruína da estrutura) quando as
deformações de cálculo do concreto (εc) e/ou do aço (εs) atingem
os seus valores máximos (últimos) no domínio de deformação no
qual foi dimensionado.
CÁLCULO DA ARMADURA ATIVA (As)
Para calcular a armadura ativa longitudinal de flexão deve-se
resolver o seguinte problema:

Dada a seção transversal, a posição do centro de gravidade da


armadura ativa, as características dos materiais (aço e concreto), os
momentos atuantes (carga permanente e carga acidental) e a força
de protensão, qual deve ser a seção de armadura ativa longitudinal
de flexão que satisfaça à ruptura?

Há duas formas de calcular a amadura ativa longitudinal de flexão:


 Equacionamento
 Fórmulas adimensionais e tabelas

ATENÇÃO: A favor da segurança a AS deve ser calculada considerando a menor


força de protensão, ou seja, após todas as perdas (no tempo “infinito”).
CÁLCULO DE AS POR EQUACIONAMENTO

O cálculo de As é feito de maneira simples obedecendo algumas


etapas (praticamente igual ao CA):

a) Equilíbrio da seção: equilíbrio das forças atuantes normais à


seção transversal e equilíbrio dos momentos.
b) Posição da linha neutra (x): determinação de z (braço de
alavanca).
c) Cálculo da área necessária de armadura ativa (AS).
CÁLCULO DE AS POR FÓRMULAS
ADIMENSIONAIS E TABELAS
Sempre que possível é conveniente realizar o cálculo de As por
fórmulas adimensionais e tabelas.

• Seção transversal retangular:


Na forma adimensional, para uma seção transversal retangular, as
equações ficam:
CÁLCULO DE AS POR FÓRMULAS
ADIMENSIONAIS E TABELAS

Tabela 01 – Tensão no aço (Mpa)


Tabela 02 – Valores para o cálculo de armadura longitudinal de seções retangulares

Exercício 01
SEÇÃO TRANSVERSAL EM FORMA DE “T”

A seção T é aplicada em piso (laje) de concreto apoiado em vigas.

Como as estruturas de concreto são monolíticas, as lajes e as vigas


passam a trabalhar em conjunto, formando uma seção T.
SEÇÃO TRANSVERSAL EM FORMA DE “T”

A seção T é aplicada em piso (laje) de concreto apoiado em vigas.

Como as estruturas de concreto são monolíticas, as lajes e as vigas


passam a trabalhar em conjunto, formando uma seção T.
SEÇÃO TRANSVERSAL EM FORMA DE “T”

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:

a) A parte vertical da viga é chamada de alma (nervura), e a parte


horizontal de mesa, que é composta de duas abas (partes
salientes) com a seguinte notação:

MESA
ALMA
b) Uma viga só será considerada como de seção T se a mesa e parte
da alma estiverem comprimidas, caso contrário, se apenas a parte
superior da mesa ou inferior da alma estiverem comprimidas a viga
será calculada como seção retangular.

c) As vigas de seção T pode ser calculada usando as tabelas para


seções retangulares, para isso o cálculo deve ser dividido em duas
etapas: 1) calcula-se inicialmente o momento resistido pelas abas e 2)
o momento restante é absorvido por um elemento retangular (alma).
d) Nem toda largura da laje colabora com a viga, apenas a parte da
laje mais próxima da viga colabora com ela, essa parte é chamada
de largura colaborante ou efetiva (bf).

Cálculo da largura colaborante (bf):

Exercício 02
d) Nem toda largura da laje colabora com a viga, apenas a parte da
laje mais próxima da viga colabora com ela, essa parte é chamada
de largura colaborante ou efetiva (bf).

Cálculo da largura colaborante (bf):

Exercício 02
VERIFICAÇÃO DA ARMADURA
ATIVA

ESTADO LIMITE DE SERVIÇO:


VERIFICAÇÃO DA FISSURAÇÃO
INTRODUÇÃO
Quando se realiza o dimensionamento da armadura ativa no
estado limite último de ruptura a estrutura passa a ter segurança à
ruptura (não entrará em colapso).

Porém, além da segurança à ruptura, é preciso verificar a estrutura


em seu funcionamento, ou seja, em serviço.

Essa verificação correspondente ao estado limite de serviço:


verificação da fissuração.

ATENÇÃO: Não basta uma estrutura ter segurança à ruptura, também é preciso
que ela funcione adequadamente e que tenha durabilidade compatível ao que
foi projetada.
Porque verificar os estados limites de serviço de fissuração?

Os estados limites de serviço de fissuração devem ser verificados


pois a fissuração excessiva de uma peça de concreto protendido
pode provocar a corrosão na armadura ativa, comprometendo a
sua durabilidade.

Em geral, deseja-se evitar situações em que a fissuração do


concreto possa causar uma diminuição na vida útil da estrutura.

ATENÇÃO
Embora tenha se colocado como verificação o estado limite de
serviço, os estados limites referentes à fissuração podem, no caso
de concreto protendido, serem usados como procedimentos de
dimensionamento da armadura ativa longitudinal.
ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO DE FISSURAÇÃO
Os estados limites de serviço referentes à fissuração que devem
ser verificados são:
 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F): estado em que
se inicia a formação de fissuras, ou seja, o concreto não resiste
mais a tensão de tração.
 Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W): estado em
que as fissuras apresentam aberturas iguais aos máximos
especificados.
 Estado limite de descompressão (ELS-D): estado em que toda
seção transversal está comprimida, e em apenas um ou mais
pontos da seção a tensão é nula, não havendo tração no restante
da seção.
CURVA CARGA-DEFORMAÇÃO

Ruptura da estrutura

As fissuras apresentam aberturas


iguais aos máximos especificados

Inicia a formação de fissuras


(o concreto não resiste mais a tração)

Toda ST está comprimida


NÍVEIS DE PROTENSÃO
A verificação dos estados limites de serviço de fissuração depende
do nível de protensão da peça.
Cada nível de protensão requer um tipo (ou mais) de verificação no
estado limite de serviço de fissuração.

Os níveis de protensão estão relacionados com os níveis de


Intensidade da força de protensão, que por sua vez é função da
proporção de armadura ativa utilizada em relação à passiva.

Deste modo, há três níveis de protensão:


 Nível 1 – Protensão Parcial
 Nível 2 – Protensão Limitada
 Nível 3 – Protensão Completa
ESCOLHA DO NÍVEL DE PROTENSÃO:

 Segundo a NBR 71979:1982 (antiga norma)


A escolha do nível de protensão era feita em função da agressividade do meio
ambiente:

• Não agressivo: interior dos edifícios, em que uma alta umidade relativa
somente pode ocorrer durante poucos dias por ano, e em estrutura devidamente
protegida.
• Pouco agressivo: interior de edifícios, em que uma alta umidade relativa pode
ocorrer por longos períodos, e nos casos de contato da face do concreto próximo
à armadura protendida com líquidos, exposição prolongada a intempéries ou a
alto teor de umidade.
• Muito agressivo: nos casos de contato com gases e líquidos agressivos ou com
solo ambiente marinho.

Agressividade do meio ambiente Nível de protensão Na falta de


Não agressivo Protensão parcial conhecimentos mais
precisos para empregar a
Pouco agressivo Protensão limitada nova norma, podemos
Muito agressivo Protensão completa usar a antiga norma.
 Segundo a NBR 6118:2003

A escolha do nível de protensão é feita em função do tipo de


ambiente.
Sabendo o tipo de ambiente onde a estrutura protendida será
construída pode-se definir a classe de agressividade do ambiente
(CAA).
Definida a classe de agressividade do ambiente (CAA) e o tipo de
protensão, pode-se determinar o nível de protensão:
Após a escolha do nível de protensão, deve ser definido qual (ou
quais) verificação no estado limite de serviço de fissuração deve ser
realizada e a combinação de ações para proceder a verificação:
COMBINAÇÕES DE AÇÕES EM SERVIÇO

Para se realizar as verificações em serviço é preciso finalmente


definir as combinações de ações.
A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.

Onde:
Fd é o valor de cálculo das ações, Fgik são as ações permanentes, Fq1k é a ação
variável principal, Fqjk são as demais ações variáveis e Fpk protensão.
Valores dos coeficientes Ψ1 e Ψ2 para as combinações:
ABERTURA MÁXIMA DE FISSURAS

As fissuras são permitidas em estruturas de concreto, pois


elas são inevitáveis. Porém elas podem ser evitadas ou
limitadas.

As aberturas de fissuras devem ficar dentro de um limite que


não comprometa a funcionalidade e a durabilidade da
estrutura (ELS).

As aberturas, dentro desse limite, geralmente não causam


perda de segurança a ruptura (ELU).
No concreto protendido a abertura máxima de fissura
permitida é na ordem de 0,2 mm.
ABERTURA MÁXIMA DE FISSURAS

Há duas formas de controlar a fissuração no concreto


protendido:
• Controle de fissuração por meio da limitação da abertura
estimada das fissuras
É realizada uma estimativa (cálculos) da abertura de fissura(w) ,
após a estimativa é feita a verificação w ≤ 0,2 mm.
• Controle de fissuração sem a verificação da abertura de
fissuras
Considera que a peça atenderá a abertura máxima de fissura
quando forem atendidas as exigências quanto ao cobrimento,
quanto ao diâmetro máximo (Φmax) e ao espaçamento máximo
(Smax).

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