Você está na página 1de 39

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DA HUÍLA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

BETÃO ARMADO II

AULA I

Teoria das Lajes

Lubango Domingos Waile, Engº.

2023 dwaile697@gmail.com
Sumário

1- INTRODUÇÃO:
CLASSIFICAÇÃO.
2 - CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO.
Objectivos
 Conhecer a classificação das Lajes

 Verificar os elementos necessário para o


dimensionamento das Lajes
INTRODUÇÃO
Introdução
Os elementos de uma estrutura são geralmente
classificados em função da sua natureza e
função, como vigas, pilares, lajes, paredes,
placas, arcos, cascas, etc.
Uma laje é um elemento cuja dimensão mínima
no seu plano não é inferior a 5 vezes a sua
espessura total.
Resumindo, as lajes são elementos laminares
que têm uma dimensão (espessura) muito
inferior às restantes. Por exemplo, elementos
estruturais usados nos pavimentos de edifícios.
• As lajes são elementos estruturais que constituem
os pisos e coberturas dos edifícios e as plataformas
de outro tipo de construções cuja função é formar
superfícies planas horizontais ou inclinadas
possibilitando a circulação e a colocação de
equipamentos.
• As lajes são normalmente solicitadas por cargas
perpendiculares ao seu plano médio. Tratando-se
de elementos em que as dimensões em planta são
muito superiores à espessura apresentam um
comportamento bidimensional.
CLASSIFICAÇÃO DAS LAJES

Apresenta-se, seguidamente, as denominações


usuais para as lajes consoante o tipo de apoio,
constituição, modo de flexão dominante e forma
de fabrico para a sua melhor compreensão em
termos de ensino e das características do seu
comportamento.
Tipo de Apoio
Lajes vigadas (apoiadas em vigas)
Lajes fungiformes (apoiadas directamente em pilares)
Lajes em meio elástico (apoiadas numa superfície
deformável – por exemplo ensoleiramentos,)
Constituição
Monolíticas (só em betão armado)
• Maciças (com espessura constante ou de
variação contínua)
• Aligeiradas
• Nervuradas
Mistas (constituídas por betão armado, em
conjunto com outro material)
• Vigotas pré-esforçadas
• Perfis metálicos
Modo de flexão dominante
Lajes “armadas numa direcção”
(comportamento predominantemente
unidireccional)
Lajes “armadas em duas direcções”
(comportamento bidireccional)
NOTA: Saliente-se, como se verá adiante, que as lajes têm sempre
armaduras nas duas direcções. Esta denominação usual tem a ver,
como referido, com a forma principal de comportamento.
Modo de fabrico
 Betonadas “in situ”
 Pré-fabricadas
• Totalmente (exemplo: lajes alveoladas)
• Parcialmente (exemplo: pré-lajes)
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

Pré-dimensionamento
A espessura das lajes é condicionada por:

• Resistência – flexão e esforço transverso

• Características de utilização –Deformabilidade,


isolamento sonoro, vibrações, protecção contra
incêndio, etc.
• A espessura das lajes varia em função do vão.
No que se refere a lajes maciças, em geral, a
sua espessura varia entre 0.12 m e 0.30 m. O
valor inferior é, em geral desaconselhável, até
porque com as exigências actuais de
recobrimento a sua eficiência à flexão é muito
reduzida, como se compreende. Por outro lado,
para espessuras acima dos 0.30 m, o recurso a
soluções aligeiradas é quase obrigatório, no
sentido de aliviar o peso da solução.
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Estados Limites Últimos
Flexão
O funcionamento das lajes relativamente à flexão é
idêntico ao das vigas. A diferença reside no facto
das vigas, sendo elementos lineares, apresentarem
um comportamento unidirecional, enquanto as
lajes, sendo elementos bidimensionais, apresentam
um comportamento bidirecional.
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Estados Limites Últimos
Flexão

Numa laje, as armaduras de flexão são


calculadas por metro de largura, ou seja,
considerando uma secção com 1 m de base, e
altura igual à altura da laje.

O momento flector reduzido (µ) deve estar


contido no intervalo 0.10 < µ < 0.20.
Nalguns casos poderá ser mesmo inferior a 0.10,
sem inconveniente. Relativamente ao valor superior
não deverá ser ultrapassado, excluindo-se,
nalgumas situações, a zona de momentos negativos
sobre os apoios directos em pilares (solução
fungiforme). Verifica-se, assim, que a ductilidade
das lajes é uma característica intrínseca da solução
o que, como sabemos, representa uma mais valia
importante do comportamento, com vantagens
conhecidas na verificação da segurança à rotura.
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Estados Limites Últimos
Esforço Transverso
Em lajes, a transmissão de cargas para os apoios faz-
se por efeito de arco e de consola.
A participação relativa dos dois mecanismos na
resistência ao esforço transverso depende da
esbelteza da laje. Para esbeltezas baixas ou para
cargas mais importantes próximas do apoio, o efeito
de arco é mobilizável, mas para as situações correntes
de esbeltezas mais elevadas e cargas distribuídas a
participação do efeito de arco tende a ser pequena.
(ii) Verificação ao Estado Limite Último de Esforço
Transverso
De acordo com o EC2, para elementos que não
necessitam de armadura de esforço transverso,
adopta-se uma verificação com base numa
expressão, validada experimentalmente, mas que
não é deduzível directamente de um mecanismo
resistente, como no caso das vigas, tal que:
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Estados Limites de Utilização
Fendilhação
A verificação ao estado limite de fendilhação
pode ser efectuada de forma directa ou
indirecta tal como no caso das vigas.
A verificação directa consiste no cálculo da
abertura característica de fendas e
comparação com os valores admissíveis.
O controlo indirecto da fendilhação, de acordo
com o EC2, consiste, em :
• Adopção de armadura mínima
• Imposição de limites ao diâmetro máximo
dos varões e/ou afastamento máximo
dos mesmos (Quadros 7.2 e 7.3).
VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Estados Limites de Utilização
Deformação

Para os casos correntes de edifícios de


escritórios, comerciais ou de habitação, o
EC2, define os seguintes objectivos
máximos de deformação, em função do
vão:
Deformação
𝐿
para a deformação total devida combinação de acções quase-
250
permanentes
𝐿
para o incremento de deformação após construídas as paredes
500
de alvenaria das divisórias. Este limite será mais ou menos
importante face à sensibilidade da solução construtiva.
Tal como acontece para o caso da fendilhação, a verificação ao
estado limite de deformação pode ser efectuada de forma directa
ou indirecta.
A forma directa consiste no cálculo da flecha a longo prazo (pelo
Método dos Coeficientes Globais, por exemplo) e comparação com
os valores admissíveis.
Conforme preconizado no EC2, o cálculo das
flechas poderá ser omitido, desde que se respeitem
os limites da relação vão / altura útil estabelecidos
no Quadro 7.4N. Na interpretação deste quadro,
deve ter-se em atenção que:

• Em geral, os valores indicados são


conservativos, podendo os cálculos revelar
frequentemente que é possível utilizar
elementos menos espessos;
Os elementos em que o betão é fracamente solicitado
são aqueles em que ρ<0.5%, podendo na maioria
dos casos admitir-se que as lajes são fracamente
solicitadas (o betão é fortemente solicitado se
ρ>1.5% e estas percentagens de armadura não são
das lajes).

Para lajes vigadas armadas em duas direcções, a


verificação deverá ser efectuada em relação ao
menor vão. Para lajes fungiformes deverá considerar-
se o maior vão.
DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS
Recobrimento das armaduras

Em lajes, por se tratar de elementos laminares


(de pequena espessura), podem adoptar-se
recobrimentos inferiores, em 5 mm, aos
geralmente adoptados no caso das vigas, ou
seja, 0.02 m a 0.04 m (caso de lajes em
ambientes muito agressivos).
Recobrimento das armaduras

É necessário ter em atenção que o recobrimento


adoptado não deve ser inferior ao diâmetro das
armaduras ordinárias (ou ao diâmetro equivalente
dos seus agrupamentos).
Distâncias entre armaduras
Espaçamento máximo da armadura
A imposição do espaçamento máximo da armadura tem por
objectivo o controlo da fendilhação e a garantia de uma
resistência local mínima, nomeadamente se existirem
cargas concentradas aplicada

Armadura principal

S ≤ min (1.5 h; 0.35 m)

Em geral, não é aconselhável utilizar espaçamentos


superiores a 0.25 m.

Armadura de distribuição

s ≤ 0.35 m
Distâncias entre armaduras
Distância livre mínima entre armaduras

A distância livre entre armaduras deve ser suficiente para


permitir realizar a betonagem em boas condições,
assegurando-lhes um bom envolvimento pelo betão e as
necessárias condições de aderência.
No caso de armaduras ordinárias,
Smin = max{φmaior, φeq maior, dg+5mm; 2 cm}
Na prática, para situações correntes, não é recomendável
adoptar espaçamentos inferiores a 10 cm de modo a criar
as condições para uma adequada colocação e
compactação do betão.
Quantidades mínima e máxima de armadura
A quantidade mínima de armadura a adoptar
numa laje na direcção principal pode ser
calculada através da expressão seguinte:

onde bt representa a largura média da zona


traccionada.
A quantidade máxima de armadura a adoptar,
fora das secções de emenda, é dada por:
As,máx = 0.04 Ac
(onde Ac representa a área da secção de betão.)
Posicionamento das armaduras

O posicionamento das armaduras, antes da betonagem, é


assegurado pelos seguintes elementos:
 Espaçadores – para posicionamento da
armadura inferior
A distância a adoptar entre espaçadores
varia em função do diâmetro da armadura
a posicionar:
ϕarmadura ≤ 12 mm, s = 0.50 m
ϕarmadura > 12 mm, s = 0.70 m

Você também pode gostar