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ESTUDO DAS VIGAS

Pela definição da NBR 6118/03 (item 14.4.1.1), vigas “são elementos lineares em que a flexão é preponderante”. As vigas são clas
retas e horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de outras vigas, de paredes de alvenaria, e eventualmente de pilares, et
vãos e transmitir as ações nelas atuantes para os apoios, geralmente os pilares, Figura, Viga reta de concreto.

As ações são geralmente perpendicularmente ao seu eixo longitudinal, podendo ser concentradas ou distribuídas. Podem ainda rec
tração, na direção do eixo longitudinal. As vigas, assim como as lajes e os pilares, também fazem parte da estrutura de contraven
estabilidade global dos edifícios às ações verticais e horizontais.

As armaduras das vigas são geralmente compostas por estribos, chamados “armadura transversal”, e por barras longitudinais, cha
indicadas nas Figura, Exemplo de armação de uma viga contínua
Trecho da armadura da viga VS 1
Exemplo de vigas de edifícios de múltiplos pavimentos
Exemplos de vigas em sobrado residencial

Posicionamento
A estruturação segue com o posicionamento das vigas nos diversos pavimentos. Além daquelas que ligam os pilares, formando pó
seja para dividir um painel de laje com grandes dimensões, seja para suportar uma parede divisória e evitar que ela se apóie diret

É comum, por questões estéticas e com vistas às facilidades no acabamento e ao melhor aproveitamento dos espaços, adotar larg
alvenarias. As alturas das vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaços livres para aberturas de portas e de janelas.

Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas disposições devem levar em consideração o valor econômico do menor vão das la
3,5 m a 5,0 m. O posicionamento das lajes fica, então, praticamente definido pelo arranjo das vigas.

COMPORTAMENTO RESISTENTE DE VIGAS SUBMETIDAS À FLEXÃO E À FORÇA C


Considere uma viga de concreto armado biapoiada, ilustrada na Figura (Viga biapoiada e diagramas de esforços solicitantes), subm
crescentes e de igual intensidade. A armadura é composta por armadura longitudinal, resistente às tensões de tração provenientes
dimensionada para resistir aos esforços cortantes, composta por estribos verticais no lado esquerdo da viga e estribos e barras do
A Figura mostra as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão da viga ainda no estádio I. Observe que no trecho
compressão e de tração são paralelas ao eixo longitudinal da viga. Nos demais trechos as trajetórias das tensões são inclinadas de

Enquanto a resistência à tração do concreto é superior às tensões principais de tração, não surgem fissuras na viga. As primeiras f
máximos momentos fletores, no instante que as tensões de tração atuantes igualam e superam a resistência do concreto à tração
carregamento a viga apresenta trechos fissurados, no estádio II, e trechos não fissurados, no estádio I. Note que a direção ou incl
perpendicular à direção das tensões principais de tração, ou seja, a inclinação das fissuras depende da inclinação das tensões prin

Por esta razão, na região de flexão pura, as fissuras são verticais.

A Figura mostra os diagramas de deformações e de tensões nas seções a e b da viga, nos estádios I e II, respectivamente. No est
ainda pode ser avaliada de acordo com a lei de Hooke, o mesmo não valendo para o estádio II.
Com o carregamento num patamar superior começam a surgir fissuras inclinadas nas proximidades dos apoios, por influência das
momentos fletores. Essas fissuras inclinadas são chamadas de fissuras de cisalhamento (Figura), que não é um termo adequado p
por ação exclusiva de força cortante. Sugerimos fissura de “flexão com cortante”.

Com carga elevada, a viga, em quase toda a sua extensão, apresenta-se no estádio II. Apenas nas proximidades dos apoios a viga

No caso de uma viga bi-apoiada sob carregamento uniformemente distribuído, no estádio I, as tensões principais na altura da linh
inclinação de 45° (ou 135°) em relação ao eixo longitudinal da viga, como mostrado na Figura (Trajetória das tensões principais d
carregamento uniformemente distribuído).
Observe que nas regiões próximas aos apoios as trajetórias das tensões principais inclinam-se por influência das forças cortantes,
entre as trajetórias.

O carregamento induz o surgimento de diferentes estados de tensão nos infinitos pontos que compõem a viga, e que podem ser re
componentes, em função da orientação do sistema de eixos considerados. Como exemplo, a Figura (Componentes de tensão segu
principais e aos eixos nas direções x e y) mostra a representação dos estados de tensão em dois pontos da viga, conforme os eixo
O estado de tensão segundo os eixos x-y define as tensões normais σx, as tensões σy e as tensões de cisalhamento txy e tyx. O es
definem as tensões principais de tração σI e de compressão σII.

A tensão σy pode ser em geral desprezada, tendo importância apenas nos trechos próximos à introdução de cargas. O dimensiona
toma como base normalmente as tensões σx e txy .

COMPARAÇÃO DOS DOMÍNIOS 2, 3 E 4


As deformações nos materiais componentes das vigas de concreto armado submetidas à flexão simples encontram-se nos domínio
definidos na NBR 6118/03 (item 17.2.2). A análise das Figura (Diagrama de deformações dos domínios 2, 3 e 4) e Figura (Zonas d
deformação no aço) permite fazer as seguintes considerações das vigas na flexão simples em relação aos domínios 2, 3 e 4:

Diagrama de deformações dos domínios 2, 3 e 4

Domínio 2

No domínio 2 a deformação de alongamento na armadura tracionada (εsd) é fixa e igual a 10 ‰, e a deformação de encurtamento
varia entre zero e 3,5 ‰ (0 ≤ εcd ≤ 3,5 ‰). Sob a deformação de 10 ‰ a tensão na armadura corresponde à máxima permitida
diagrama σ x ε do aço mostrado na Figura (Zonas de dimensionamento em função da deformação no aço).
No domínio 2, portanto, a armadura tracionada é econômica, isto é, a máxima tensão possível no aço pode ser implementada ness

Na questão relativa à segurança, a ruptura, se vier a ocorrer, será chamada com “aviso prévio”, isto é, como a armadura continuar
viga será intensa e ocorrerá antes de uma possível ruptura por esmagamento do concreto na região comprimida. A intensa fissura
aos usuários do comportamento inadequado da viga, alertando-os, de modo que sejam tomadas medidas visando a evacuação da
possa vir a ocorrer.

As vigas dimensionadas no domínio 2 são, por vezes, chamadas subarmadas. Embora esse termo conste na NBR 6118/03 ele não
dando a falsa idéia de que a seção tem armadura insuficiente. Na verdade, a seção no domínio 2 tem a área de armadura necessá

Conforme definido na Eq. 31 do item 9.9 da apostila de “Fundamentos do Concreto Armado” (BASTOS, 2006), o valor de x2lim é f

Domínio 3

No domínio 3 a deformação de encurtamento na fibra mais comprimida corresponde ao valor último ou máximo, de 3,5 ‰. A defo
tracionada varia entre εyd (deformação de início de escoamento do aço) e 10 ‰, o que significa que a armadura escoa de um cer
na armadura é a máxima permitida, igual a fyd, pois qualquer que seja a deformação entre εyd e 10 ‰ (zona útil), a tensão será
2, a armadura também é econômica no domínio 3.

Neste domínio, portanto, tanto o concreto como o aço são aproveitados ao máximo, ao contrário do domínio 2, onde o concreto te
3,5 ‰.

A ruptura no domínio 3 é também chamada com “aviso prévio”, pois a armadura, ao escoar, acarretará fissuras visíveis na viga, an
esmagamento.

Quando a viga tem as deformações últimas de 3,5 ‰ no concreto e 10 ‰ na armadura alcançadas simultaneamente, costuma-se
A linha neutra coincide com o x2lim, e a seção está no limite entre os domínios 2 e 3.

Na Tabela constam os valores da deformação de início de escoamento do aço (εyd), o limite da posição da linha neutra entre os do
diferentes tipos de aço existentes para concreto armado.

Domínio 4

No domínio 4 a deformação de encurtamento na fibra mais comprimida está com o valor máximo de 3,5 ‰, e a armadura tracion
deformação é menor que εyd. Neste caso, conforme se pode notar no diagrama σ x ε do aço mostrado na Figura (Zonas de dimen
aço), a tensão na armadura é menor que a máxima permitida. A armadura resulta, portanto, anti-econômica, pois não aproveita a
a armadura está “folgada” e a seção é chamada superarmada, como mostrado nas Figura (Diagrama de deformações dos domínios
dimensionamento em função da deformação no aço).
O projeto das vigas no domínio 4 deve ser evitado, pois além da questão da economia a ruptura será do tipo “frágil”, ou “sem avis
compressão (εcd > 3,5 ‰), causando o colapso da estrutura antes da intensa fissuração provocada pelo aumento do alongamento

Como conclusão pode-se afirmar: “Não se deve projetar as vigas à flexão simples no domínio 4, e sim nos domínios 2 e 3, com pr
econômico”.

HIPÓTESES DE CÁLCULO
Na determinação dos esforços resistentes de elementos fletidos, como vigas, lajes e pilares, são admitidas as seguintes hipóteses

1. As seções transversais permanecem planas até a ruptura, com distribuição linear das deformações na seção;
2. A deformação em cada barra de aço é a mesma do concreto no seu entorno. Essa propriedade ocorre desde que haja aderênc
3. No estado limite último (ELU) despreza-se obrigatoriamente a resistência do concreto à tração;
4. O encurtamento de ruptura convencional do concreto nas seções não inteiramente comprimidas é de 3,5 ‰ (domínios 3, 4 e
5. O alongamento máximo permitido ao longo da armadura de tração é de 10 ‰, a fim de prevenir deformações plásticas exce
6. A distribuição das tensões de compressão no concreto ocorre segundo o diagrama tensão deformação parábola-retângulo. Po
diagrama pelo retangular simplificado, com altura y = 0,8x, e a mesma tensão de compressão σcd, como mostrado na Figura
retangular simplificado para distribuição de tensões de compressão no concreto)

A tensão de compressão no concreto (σcd) é definida como:

a. No caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir da linha neutra em direção à borda comprim

EQ 1

Seções com tensão de compressão igual a 0,85 fcd

b. em caso contrário, isto é, quando a seção diminui Figura, a tensão é:

EQ 2

Seções com tensão de compressão igual a 0,8 fcd


7. A tensão nas armaduras é a correspondente à deformação determinada de acordo com as hipóteses anteriores e obtida nos dia

PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Uma estimativa grosseira para a altura das vigas é dada por:

Tramos internos:

EQ 3

Tramos externos ou vigas biapoiadas:

EQ 4

Balanços:

EQ 5

Num tabuleiro de edifício, não é recomendável utilizar muitos valores diferentes para altura das vigas, de modo a facilitar e otimiza
adotam-se, no máximo, duas alturas diferentes. Tal procedimento pode, eventualmente, gerar a necessidade de armadura dupla e

Os tramos mais críticos, em termos de vãos excessivos ou de grandes carregamentos, devem ter suas flechas verificadas posterio

Para armadura longitudinal em uma única camada, a relação entre a altura total e a altura útil é dada pela expressão

EQ 6

c → cobrimento

Øt → diâmetro dos estribos

Øl → diâmetro das barras longitudinais

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