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DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

ASPECTOS A CONSIDERAR SOBRE DESENHOS DE


PROJECTO
1. OBSERVAÇÕES GERAIS
Os Desenhos do Projecto devem incluir desenhos de
dimensionamento e desenhos de pormenorização de armaduras

 Os Desenhos de Dimensionamento são usados em obra para


a implantação da estrutura, definição geométrica dos vários
elementos e para execução das cofragens. Devem incluir:
 Plantas,
 Cortes,
 Alçados, e
 Indicação de todas as cotas em planta e altimetria.
 Tal como o nome diz, os Desenhos de Pormenorização dão
mais detalhe aos desenhos de dimensionamento, devendo ser
claros e completos, de forma a permitir o fabrico e aplicação
em obra de acordo com o cálculo.

 Nos desenhos de projecto é importante indicar os


comprimentos de amarração e de emenda a respeitar.

 A representação usual das armaduras é nøX/Y ou nøX//Y que


significa n varões de diâmetro X que devem ser dispostos
afastados de Y m. Outra notação usada é øX@Y ou øX//Y, que
significa varões de diâmetro X afastados de Y m. Quando o
número de varões e reduzido indica-se apenas nøX. O símbolo
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#øX//Y significa que se deverá colocar varões de diâmetro X


afastados de Y m nas duas direções ortogonais.

 Há toda conveniência em pormenorizar as armaduras


individualmente, tarefa necessária para realizar as medições e
a preparação em obra.
 Uma preocupação permanente devera ser evitar
congestionamento de armaduras que dificultam a
betonagem, podendo mesmo reduzir a eficácia dessas
armaduras.
 No caso de vigas e pilares (ou estruturas porticadas), as
emendas por sobreposição devem ser afastadas entre si e
afastadas das zonas de esforços elevados (zonas críticas – ver
fig. 1):
 NÃO devem ser feitas emendas nas zonas de ligação das
vigas aos pilares por aí surgirem os máximos esforços
transversos e momentos negativos, e elevados esforços
sísmicos (acções cíclicas); nem nas zonas de meio vão das
vigas onde surgem os momentos positivos máximos.
 NÃO devem ser feitas efectuadas emendas nos pilares
nas zonas dos nós de ligação às vigas, por ser nas
extremidades dos pilares onde ocorrem os máximos
momentos e surgem forças cíclicas elevadas durante a
acção dos sismos.
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Figura 1 - Zonas críticas em estruturas porticadas

2. DESENHOS DE BETÃO ARMADO DE PROJECTO DE EDIFÍCIOS

2.1. Lajes Vigadas


 As armaduras das lajes devem ser representadas em planta e
em corte. Nos desenhos em planta, frequentemente se separa
o desenho da armadura inferior do desenho da armadura
superior, conforme se mostra nas figuras 2 e 3.
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 Quando um varão é dobrado e devera ser colocado junto as


duas faces, pode se indicar em planta a armadura rebatida em
90° para mostrar a sua geometria, conforme indicado na fig.2
para as armaduras da face superior junto ao bordo da laje.

 Quando no mesmo desenho se apresentarem as armaduras


superiores e inferiores, estas deverão ser referenciadas por
linha a cheio (____) ou a traço interrompido (-----),
respetivamente.

 Nos desenhos de corte da laje é usual não se indicar as


armaduras da viga, como ilustrado na fig.4.

 As plantas de armaduras das lajes são usualmente realizadas


à escala 1:50 (ou 1:20) e os cortes à escala 1:20 (ou 1:10).

 Para alem da quantidade de armaduras obtidas no cálculo, há


que respeitar os requisitos de armaduras mínimas e de
distâncias máximas, de acordo com o regulamento.
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Figura 2 - Laje vigada - armadura superior


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Figura 3 - Laje vigada - armadura inferior


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Figura 4 - Laje vigada - Cortes


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2.2. Vigas
 As armaduras das vigas devem ser representadas em cortes
longitudinais e em cortes transversais.

 Nos cortes longitudinais é usual não se representar as


armaduras da laje (ver fig.5); enquanto que nos cortes
transversais é conveniente representar todas armaduras, da
viga e da laje (ver fig.5).

 Para além da quantidade de armaduras obtidas no cálculo, há


que respeitar os requisitos de armaduras mínimas e de
distâncias máximas, de acordo com o regulamento.

 Em relação aos estribos, os requisitos de distâncias mínimas a


satisfazer dependem da classe de ductilidade adoptada no
projecto, devendo se consultar bibliografia adequada (Euro
códigos) para sua determinação em cada caso. Em geral,
pode-se adoptar as distâncias mínimas e máximas que
constam no REBAP, que correspondem a estruturas de
ductilidade melhorada (DCM).

 As emendas de armadura devem ser realizadas em zonas onde


o esforço não é máximo. Se o diâmetro das armaduras e
ø≥20mm ou se a % de emendas numa mesma secção é
superior a 25% da área total das armaduras longitudinais, na
zona da emenda deverá ser colocada uma armadura
transversal com uma secção superior à de um varão que é
emendado nessa região.
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Figura 5 - Vigas: cortes longitudinais e transversais


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2.3. Lajes Fungiformes


 Também para este tipo de lajes é conveniente representar em
desenhos distintos as armaduras superiores e inferiores das
lajes.

 No caso de lajes fungiformes aligeiradas (fig. 6), as armaduras


das nervuras (em geral 2 ou 3 varões) deverão ser indicadas
para cada nervura (ou conjunto de nervuras) separadas da
planta como indicado na figura. Para facilitar a identificação
em obra das armaduras, as nervuras devem ser numeradas.

 Para o mesmo caso, a pormenorização da armadura da zona


maciça em torno do pilar (inferior e superior) assim como as
armaduras das bandas maciças entre pilares e da face superior
da laje, apresentam-se (em planta) no mesmo desenho,
conforme se mostra na fig.7.

 Nas zonas maciças deve se ter cuidado na pormenorização da


armadura, para evitar grandes concentrações e duplicação da
armadura. No exemplo da fig.7, na zona maciça so se
acrescentaram armaduras ø12 entre as duas bandas.

 Para complementar as plantas e identificar as armaduras,


necessário mostrar os cortes transversais (fig.8). Nas
nervuras, e por razoes construtivas, deve se colocar alguns
estribos.
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Figura 6 - Lajes Fungiforme Aligeirada - Armaduras Superiores e Armaduras


Inferiores nas nervuras
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Figura 7 - Laje fungiforme - Armadura da zona do capitel e nas bandas maciças


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Figura 8 - Lajes Fungiformes - Cortes


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2.4. Pilares
 Nos projectos de edifícios, as armaduras dos pilares são
frequentemente apresentadas em quadros de secções (ou
quadro de pilares), por pisos, já que em geral as armaduras
num piso são em geral constantes (ver fig.9).

 Convém indicar no quadro dos pilares os alinhamentos


considerados nos desenhos de dimensionamento e que
definem a posição de cada pilar. O eixo das vigas não devera
apresentar grande excentricidade em relação ao eixo dos
pilares.

 A posição do pilar no quadro deve estar coerente com a sua


posição nas plantas de dimensionamento.

 Também é importante desenhar os cortes verticais para


representar o reforço das cintas nos nós, a localização das
emendas e amarração das armaduras (conforme fig.10) e
pormenores de zonas de transição da secção transversal do
pilar (conforme fig.11).

 Quando a variação da secção e significativa (a evitar nas zonas


de maior sismicidade), a transferência de forças e
pormenorização de armaduras devera ser objecto de estudo
específico pelo modelo de escoras e tirantes.

 A extremidade da cinta deve terminar com um gancho


(incluindo patilha com 10ø dobrada para o interior da secção
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(e não com cotovelos (dobragem a 90°)), conforme consta na


fig.11.

 As emendas das armaduras longitudinais não devem ser


realizadas junto aos nós e devem incluir o reforço de
armaduras transversais referido nas vigas.

 A distância entre as cintas ao longo do pilar deve ser menor


na zona critica (junto ao nó) por forma a garantir a necessária
ductilidade nessas zonas, onde os esforços de flexão são mais
elevados.

 A zona critica indicada na fig.10 tem desenvolvimento lcr:


lcr = máx {h; lcl/6; 0,45m}, onde:
 h = maior dimensão da secção transversal;
 lcl = comprimento livre do pilar (ver fig.1).
 Na zona critica a distância entre cintas na direcção
longitudinal do pilar Sc, tem os seguintes limites:
 Em estruturas de baixa ductilidade (DCL):

Sc = min {0,18m; 9øL; 0,6b}

 Em estruturas de ductilidade media (DCM):

Sc = min {0,175m; 8 øL; 0,5b0}, em que:

o øL = diâmetro de varões da armadura longitudinal


o b = menor dimensão do pilar;
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o b0 = menor dimensão do núcleo cintado do betão do


pilar;
 Entre as zonas críticas a distância entre as cintas Sc, tem os
seguintes limites:

Sc = min {0,30m; 15øL; b}


No entanto, se os varões têm diâmetro superior a 14mm ou
em zonas de emenda deverão se adoptar as mesmas
distâncias indicadas para as zonas críticas.
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Figura 9 - Quadro de secções de pilares (Quadro de Pilares)


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Figura 10 - Corte Transversal e nos de ligação Viga/pilar


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Figura 11 - Pormenorização de armaduras em zonas de alteração da secção do


pilar
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2.5. Paredes
 Consideram-se paredes elementos em que o comprimento da
secção transversal e pelo menos 4 vezes a espessura.

 As paredes de betão armado representam um papel


fundamental nas estruturas de edifícios devendo, nas zonas
de maior sismicidade, ser consideradas como paredes dúcteis.

 As paredes devem ter um confinamento nas extremidades


através de cintas como indicado nos pilares. Este
confinamento e particularmente necessário nas extremidades
que não estão interligadas a um banzo (parede
perpendicular). Também a regulamentação obriga tal
confinamento nas zonas onde a área da secção das armaduras
longitudinais for superior a 0,02 da secção de betão
respectiva.

 Para alem da armadura horizontal, deverão colocar-se nas


paredes armaduras construtivas interligando as duas malhas
da armadura, conforme representado na fig.12. Essas
armaduras podem ter forma de cinta, varão U ou ganchos.
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Figura 12 - Parede de betão armado - secção transversal


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2.6. Sapatas de Fundações


 Nos edifícios as sapatas são, em geral, interligadas por vigas
de travamento. As sapatas requerem uma armadura de
calculo junto a face inferior e é recomendável utilizar uma
armadura de pele junto a face superior (tem a função de
controlar a fendilhação que pode ocorrer no betão
principalmente devido a retração), conforme mostrado na
fig.13.

 Em sapatas de dimensão media (ate 5m, dimensão corrente


em edifícios) as armaduras são, em geral, uniformemente
distribuídas em cada direcção, sem dispensas.

 As sapatas devem, em geral, ser executadas sobre betão de


limpeza podendo, nas faces laterais, ser betonadas contra o
terreno ou com cofragens.
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Figura 13 - Sapata de Fundação - Planta e Corte


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2.7. Fundações por Estacas


 Tal como as sapatas, as suas armaduras são frequentemente
apresentadas em quadros de secções de fundações (ou
quadro de fundações), devendo se pormenorizar tanto a
amadura das estacas como a outra dos maciços de
encabeçamento.

 No maciço de estacas, sendo as acções transmitidas a estas, é


no alinhamento das estacas que se tem de concentrar a
armadura dos tirantes obtida nos modelos de cálculo. Se os
maciços de estacas estão interligados por vigas ou laje de
fundação as armaduras de cálculo desses maciços são apenas
as da face inferior.

 Entre as armaduras de cálculo há que dispor de uma malha de


armaduras que não há interesse em sobrepor com as
armaduras principais dos alinhamentos das estacas, para
evitar congestionamento de armaduras, como ilustrado no
desenho da figura 14.

 No que se refere às armaduras das estacas salienta-se que se


utilizam cintas em forma helicoidal aproveitando assim a
totalidade do comprimento corrente dos varões (12 m ou 18
m ou o comprimento total necessário quando os varões são
fornecidos em bobine) evitando numerosas amarrações. É
usual soldar as armaduras transversais aos varões
longitudinais para rigidificar essas ligações, evitando-se assim
o movimento das cintas quando da sua colocação no molde
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ou terreno (nessa altura é inevitável que ocorra atrito entre as


armaduras e o molde).

 Para as armaduras longitudinais (verticais em geral) utilizam-


se com alguma frequência amarrações mecânicas quando os
varões são de grande diâmetro e em quantidade elevada,
evitando assim congestionamento de armaduras.

 A pormenorização das armaduras das estacas indicada no


desenho da figura 14, é adequada, quando as estacas estão
sempre comprimidas. Se as estacas estiverem traccionadas
para uma determinada combinação de acções há que dar
continuidade a essas forças até ao topo do maciço.
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Figura 14a - Fundações por Estacas. maciço sobre 4 Estacas.


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Figura 15b - Fundações por Estacas. Maciço sobre 3 Estacas.

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